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Linguística
Jouberto Uchôa de Mendonça
Reitor
Prezado(a) estudante,
Ementa
Objetivos
Geral
Específicos
Sofrendo a gramática
(MÁRIO PERINI, 2002) [Com base
no avanço da Linguística e na
sua contribuição para o ensino-
aprendizagem de línguas, Perini
reflete sobre algumas questões
referentes à linguagem e ao ensino
de gramática no Brasil.]
Fonte: http://i.s8.com.br/images/books/
cover/img1/60651.jpg
14 Linguística
Fonte: http://user.img.todaoferta.uol.com.br/J/L/FU/
AEK0GM/1230990680336_bigPhoto_0.jpg#1
Tema I | Conceituação e cronologia dos estudos linguísticos 15
Estão curiosos para saber que ideias foram essas que cau-
saram tanto alvoroço (influenciando até outras ciências)?
No desenvolvimento dos conteúdos deste primeiro tema,
conheceremos, de modo geral, a visão de Saussure sobre a lin-
guagem. Contudo, as principais ideias saussureanas, apresenta-
das na célebre obra do linguista suíço, serão estudadas no Tema
2 de forma mais específica.
O que é a linguagem?
Nessa figura tenta-se ilustrar como os termos língua, linguagem estão in-
trinsecamente ligados no processamento da comunicação e que, por isso,
dão margem a discussões teóricas entre correntes linguísticas divergentes
quanto à concepção desses termos.
As funções da Linguagem
Texto complementar
Língua e Linguagem
Para Refletir
Com base nessa breve introdução aos estudos linguísticos, re-
flita sobre a seguinte questão: Filólogo, linguista e gramático é
tudo a mesma ‘coisa’?
Após refletir, organize suas ideias e discuta no AVA com seus
colegas.
Ex.:
pata e bata opõem-se pelos fonemas por um fonema /p/ e /b/.
Todas as aulas...
↑↑↑
Todos os alunos fizeram a prova.
↓
Sintagma
↓
Sintagma
nominal verbal
Texto complementar
Ataliba Castilho
Teoria é uma palavra grega que quer dizer “visão”, “ponto de
vista”. Lembre-se da fábula dos deficientes visuais e do elefante. Foi
mais ou menos assim. Três deficientes visuais rodearam um elefante.
Um pegou em seu rabo e disse que o elefante era um animal cilíndrico,
fininho e duro como uma corda, ocupando no espaço uma posição va-
riável. Outro apalpou uma das pernas e logo discordou do primeiro: o
elevante até pode ser cilíndrico, mas não é fininho, nem duro, e ocupa
no espaço uma posição fixa, vertical. Um terceiro conseguiu agarrar a
tromba e considerou que seus dois colegas estavam certos só até cer-
to ponto: cilíndrico, OK, posição variável, OK, mas nem fino nem duro.
Qual deles estava certo? Individualmente, nenhum. Coletiva-
mente, todos, ainda que sua visão do elefante fosse apenas aproxi-
mativa. Eles tiveram opiniões diferentes por que tiveram “pontos de
vista” diferentes – permitam-me usar respeitosamente essa expressão,
que é igualmente usada pelos deficientes visuais, visto que, como se
sabe, nossa fala é recheada de imagens. Isso sem mencionar que os
deficientes visuais desenvolvem bastante os outros sentidos. Então, se
um quarto deficiente subisse em seu lombo, e um quinto apalpasse
suas trombas, teriam surgido mais duas opiniões, pelo menos. Nossa
percepção sobre o elefante teria melhorado, mas ainda assim faltaria
32 Linguística
Para Refletir
Você já consegue definir qual é a melhor teoria para o estudo
da língua portuguesa? Busque mais informações e discuta com
seus colegas no fórum do AVA.
Tema I | Conceituação e cronologia dos estudos linguísticos 33
Behaviorista
Empirismo
Inatismo
A hipótese do Inatismo de
Relembrar as teorias de Chomsky no livro dizer que o ser humano
de Psicologia da Educação no tópico 2.2 é possuidor de uma gra-
Correntes teóricas do desenvolvimento: mática inata remonta a
Inatismo, Ambientalismo e Interacionismo. Chomsky (1965). Sua pro-
posta afirma que existe
uma gramática universal, que é uma matriz biológica responsá-
vel pela grande semelhança entre as línguas e pela rapidez com
que as crianças aprendem a falar.
Essa corrente dá maior importância ao organismo, à codifi-
cação genética, que traz muitas informações sobre o comporta-
mento humano, a personalidade, a capacidade de compreensão
de quantidades, a capacidade de distinção entre os sons da fala e
Tema I | Conceituação e cronologia dos estudos linguísticos 35
Cognitivismo construtivista
sua visão tem por base a Psicologia da Educação no tópico 2.2 Cor-
conhecimento ou estrutu-
ras cognitivas é feito pela interação entre ambiente e organismo.
Ou seja, não existe uma gramática independente de outros do-
mínios cognitivos.
O conhecimento linguístico não seria inato, mas sim, per-
mite que a experiência seja armazenada e recuperada na intera-
ção entre ambiente e organismo.
Interacionismo social
Proposta desenvolvi-
Relembrar as teorias de Vygotsky no livro de
da pelo psicólogo soviético
Psicologia da Educação no tópico 2.2 Cor-
Vygotsky (1996), explica
rentes teóricas do desenvolvimento: Inatis-
o desenvolvimento da lin-
mo, Ambientalismo e Interacionismo.
guagem e do pensamento
36 Linguística
Visão sociocognitiva
Para Refletir
Como vimos, a aquisição da linguagem por pessoas não-por-
tadoras de alguma deficiência já é complexa. Você já conheceu
alguém que tem dificuldades para falar determinadas palavras?
E os surdos-mudos, como será que eles adquirem a linguagem?
Ficou interessado sobre esse linha de pesquisa? Passe a obser-
var essas situações e compartilhe com seus colegas no AVA o
que você conseguiu perceber.
38 Linguística
A linguística moderna
Divisões da Linguística
Fonte: http://www.cefala.org/fonologia/imagens/img_divisoes_linguisti-
ca_PQ.jpg
Como se observa, os fenômenos linguísticos podem ser analisados à luz da
Psicolinguística, da Sociolinguística, Pragmática, etc. É importante ressaltar
que cada uma dessas áreas, principalmente as tradicionais, ainda se rami-
fica (a Fonética, por exemplo, divide-se em Fonética Articulatória, Fonética
Acústica, Fonética Auditiva e Fonética Instrumental).
42 Linguística
Texto complementar
Para Refletir
Linguística Histórica e História da Linguística têm o mesmo sig-
nificado? Reflita e compartilhe sua opinião no AVA com seus
colegas.
Tema I | Conceituação e cronologia dos estudos linguísticos 45
Resumo do Tema I
X
forma função
Funcionalismo ou Funcionalismos?
De acordo com Neves (1997), não há uma teoria monolítica
do funcionalismo. Este modelo apresenta vertentes bastante
diferentes que compartilham a ideia de que a linguagem é um
instrumento de comunicação e interação social e estabelecem
50 Linguística
A Gramática Funcional
Para Refletir
‘Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?’
Certamente você já ouviu essa pergunta, mas não relacionada
às teorias linguísticas. Então, tomando por base as abordagens
formal e funcional da língua(gem), discuta com seus colegas no
AVA como os representantes dessas correntes responderiam a
seguinte questão:
Quem veio antes, a forma (estrutura da língua determina o uso)
ou a função (o uso molda as estruturas linguísticas)?
Finalmente, chegou
a hora de conhecermos Ferdinand de Saussure (Genebra, 26 de no-
melhor as ideias que revo- vembro de 1857 - Morges, 22 de fevereiro
lucionaram os estudos lin- de 1913) foi um linguista suíço que contri-
guísticos e consolidaram buiu de forma significativa para o desen-
a ciência da língua(gem). volvimento da linguística enquanto ciência.
Como se sabe, pela apre- Suas teorias desencadearam o surgimento
sentação do Curso de Lin- do estruturalismo e estimularam muitos dos
güística Geral no Tema 1, questionamentos presentes na linguística
essas ideias foram herda- do século XX.
das de Saussure e publica-
das após a sua morte.
Língua e fala
Sincronia e diacronia
O signo linguístico
A Linguística pós-saussureana
Para Refletir
Um dos princípios básicos da visão estrutural da língua é a
arbitrariedade do signo. Você entende o que isto quer dizer?
Reflita e discuta com seus colegas no AVA.
60 Linguística
Conceito de Gramática
Gramática Universal
A Gramática Universal é o estágio inicial de um falante
que está adquirindo uma língua; é o conjunto das propriedades
gramaticais comuns compartilhadas por todas as línguas naturais.
A Gramática Universal se constitui de princípios e parâmetros,
porém os segundos sem valores fixados. À medida que os
parâmetros vão sendo fixados, (NEGRÃO; SCHER; VIOTI 2004,
p. 96), vão surgindo as gramáticas das línguas.
Vejamos algumas características da gramática na
perspectiva do gerativismo:
A metodologia gerativista
O gerativismo propõe-se a analisar a linguagem humana de
uma forma matemática e abstrata (formal), afastando-se bastante
do trabalho empírico que se baseia no estudo de um corpus de
fala. Não lhe interessam estes dados ou sua relação com fatores
extralinguísticos, por isso os gerativistas costumam usar como
dados para suas análises testes de gramaticalidade e a sua própria
intuição, visto que ele é um falante nativo de sua própria língua.
A primeira elaboração do modelo gerativista ficou
conhecida como gramática transformacional e foi desenvolvida
e reformulada diversas vezes durante as décadas de 1960 e 1970.
Nesta fase, tinham como objetivo descrever como os
constituintes das sentenças eram formados e como tais constituintes
transformavam-se em outros por meio de aplicação de regras.
Ainda nesta fase (da Teoria Padrão), para dar conta de
estruturas diferentes, mas relacionadas, como passivas e ativas, os
gerativistas formularam as regras transformacionais. Explicando
de forma breve, uma transformação forma uma estrutura a partir de
outra já existente. A estrutura primeiramente formada é chamada
Tema II | Principais teóricos/teorias da Linguística moderna 65
Década de 60 e 70 do século XX
Década de 80 e 90 do século XX
Para Refletir
Como você definiria a língua se adotasse a concepção
gerativista?
Texto complementar
SOCIOLINGUÍSTICA –
UMA ENTREVISTA COM WILLIAM LABOV
William Labov
Universidade da Pennsylvania
Fonte: http://i.s8.com.br/images/books/cover_tn/img3/pq292813.jpg
http://2.bp.blogspot.com/_PtYb0vq1NkI/Sv7yDEqFrSI/AAAAAAAAAOs/
Km8NamQYcdk/s400/Dante.gif
Para Refletir
O objeto de estudo da análise variacionista é a comunidade de
fala. De acordo com a definição do professor Gregory Guy, uma
comunidade de fala é formada por falantes que: compartilham
traços linguísticos que distinguem seus grupos de outros;
comunicam-se relativamente mais entre si do que com outros.
Comece a observar como as pessoas de sua comunidade falam,
depois compare com o modo de falar de outros lugares.
Tema II | Principais teóricos/teorias da Linguística moderna 75
Resumo do Tema 2
Ex.:
1) Transcrição de uma palavra
2) Transcrição de uma frase
Para Refletir
Antes dessa aula você já tinha percebido, por exemplo, quantos
“erres” você mesmo realiza (a depender do contexto fônico)?
Quando pronunciamos as palavras rato, cara, carreta, carta e
mar, é possível perceber que em cada contexto (inical, medial ou
final) ocorre um som difente, sem contar as variações regional
(ou diatópica). A partir de agora, fique atento às diferentes
realizações das consoantes e vogais e tente fazer a transcrição
dos diferentes sons que você identificar. Em seguida, discuta
com seus colegas no fórum do AVA.
Unidade mínima
Objetivo
Resumindo
Sílabas
Para Refletir
Sabemos que língua não é estática e que mudanças de or-
dem fonética e fonológica estão sempre em curso, de tal for-
ma que o sistema ortográfico, por muitas vezes, não consegue
acompanhá-las. Dessa forma fica uma pergunta para você que
acompanhou toda a discussão sobre fonética e fonologia. Para
as dificuldades ortográficas que os estudantes muitas vezes
apresentam não haveria também razões de caráter educacio-
nal, da própria política de ensino do país? Acreditar que se pos-
sa chegar a um sistema de escrita homogêneo e que reproduza
de forma biunívoca a fala, como solução para o problema dos
erros ortográficos, é ignorar a enorme variabilidade do com-
portamento linguístico e sociocultural.
94 Linguística
Processos Morfológicos
Morfema zero
Masculino
Mestre
Leitor
Feminino
Mestra /a/ morfema zero
Leitora /a/ morfema zero
100 Linguística
Morfologia Lexical
Composição
Substantivo+substantivo
Substantivo+adjetivo
Verbo+substantivo
Para Refletir
No que diz respeito à forma e, especificamente, à formação
das palavras, você já percebeu que, em geral, os falantes
criam novos verbos sempre terminando em –ar, ou seja, na
1ª conjugação? Pense num objeto e tente criar um verbo.
Compartilhe sua reflexão no fórum do AVA com seus colegas.
Como surgiu
Para Refletir
No que diz respeito à sintaxe do português, ou seja, a ordem
dos constituintes de uma sentença, é comum alguém dizer: Dê-
me um copo com água, por favor!
Como você diria? E seus colegas? Reflita e compartilhem suas
ideias no fórum do AVA.
Tema III | Conhecendo o sistema linguístico: níveis da gramática 111
Resumo do Tema 3
– simples – cavalo
– compostos – cavalo-marinho
– complexos – a olhos vistos, briga de foice no escuro (são
sintagmáticos)
– textuais – orações, pragas, hinos (são pragmáticos, não
entram nos dicionários de língua, a não ser por comodidade. O
conceito de gato não está contido em “à noite todos os gatos são
pardos”)
Para Refletir
Mudança de atitude
Para Refletir
Então, vale tudo?
Conforme estudamos até aqui, vimos que, em termos de língua,
tudo vale alguma coisa. É preciso, no entanto, observar a
adequabilidade e aceitabilidade do enunciado em determinado
contexto de fala. Nesse sentido, tudo vai depender de quem
diz o quê, a quem, como, quando, onde, por quê e com qual
finalidade/intenção.
130 Linguística
http://www.alib.ufba.br/index.asp
132 Linguística
Os tipos de variação
• Origem geográfica
• Status socioeconômico
• Grau de escolarização
• Idade
• Sexo
• Mercado de trabalho
• Redes sociais
Tema IV | A linguística em prática: norma x fala 135
Para Refletir
A respeito dessa propriedade mutável das línguas, é importante
ressaltar que as mudanças não ocorrem de uma hora para
outra, mas sim de forma lenta e gradual.
Por falar em mudança... vosmecê consegue se lembrar de
alguma palavra que mudou na Língua Portuguesa?
Sociolinguística e ensino
a norma padrão”.
Para que se compreenda o fosso entre o que ensinam
as gramáticas e o uso real da língua, não se pode perder de
vista como se deu a constituição da norma culta no país.
A alteração do panorama educacional brasileiro a partir da
década de 1960, quando o ensino passou a alcançar as
classes menos privilegiadas e antes excluídas desse pro-
cesso, fez com que a norma popular, característica daque-
las camadas, adentrasse os muros da escola, atingindo os
falantes ditos cultos. A escola, que se pretendia democrá-
tica, contudo, não oferecia a qualificação necessária para
os novos ingressos, uma vez que não havia como formar
profissionais para cobrir a demanda. No que tange ao ensi-
no da língua materna, isso se devia à impossibilidade dos
professores de português, cada vez mais provenientes das
chamadas classes sociais populares e com formação do-
cente precária, não terem como transmitir o padrão norma-
tivo-prescritivo lusitanizante, idealizado para o ensino da
matéria, desde a segunda metade do século XIX.
A partir de 1970 proliferam-se faculdades que pas-
saram a formar profissionais sem a devida qualificação.
Os cursos de Letras, cada vez mais deficientes, em vez de
promover uma reflexão refinada sobre as questões que en-
volvem a formação do português, seus aspectos variáveis,
acaba por tornar-se uma tentativa de recuperação das defi-
ciências do ensino fundamental e médio. O professor rece-
be assim uma formação deficiente e fragmentada.
De acordo com a formação do professor precisa ser
radicalmente modificada para promover uma mudança de
atitude diante das condições socioculturais e linguísticas
dos alunos. É necessário também rever conteúdos e pro-
cedimentos de ensino, a fim de que se possa ensinar a
modalidade culta sem estigmatização das variedades lin-
142 Linguística
Para Refletir
Observe a seguinte situação e pense qual deveria (ou deve) ser
a atitude do professor:
Resumo do Tema 4
Referências
A notações
Linguística 155
A notações
156 Linguística
A notações
Linguística 157
A notações
158 Linguística
A notações
Linguística 159
A notações
160 Linguística
A notações