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A arte da convivência

“ Nós precisamos uns dos outros. Esse tipo de interdependência é o maior desafio
imposto à maturidade do indivíduo e do funcionamento do grupo” – Kurt Lewin

É impossível falar de aprendizagem, sem falar de convivência, pois o ser humano é


formado pelo que ele vive, sente e aprende. E para aprender é sempre necessário um guia, um
mestre, uma figura de “espelho”. Há pensadores que dizem que somos as pessoas que
conhecemos no trajeto da vida, os choros que enfrentamos e as alegrias que jamais
esquecemos. Para F. Perls, “Nós” não existe, mas é composto de EU e TU; é uma fronteira
sempre móvel onde duas pessoas se encontram. E quando há encontro, então eu me transformo
e você também se transforma.

Para iniciar o assunto sobre convivência, é necessário entender que a palavra


convivência expressa a ação de conviver, ou seja, viver com alguém / em companhia do outro.
Portanto, nossa existência sempre dependerá de alguma coisa ou de alguém. Quanto mais
“aparecemos” para a vida, quanto mais visibilidade temos, mais existimos para o mundo, mais
vivos somos.

A criança, ao nascer, para satisfazer suas necessidades básicas, já cria um vínculo de


dependência com seus pais. Um gesto, um som, uma expressão já causa uma reação em outra
pessoa. Um “tete” do bebê já faz com que a mãe lhe dê mamá.

A mãe conhece cada choro da criança. Cada gesto e faz de tudo para realizar suas
necessidades essenciais da existência: o leite, o afeto, o carinho e calor humano. E nesse
processo de convivência na primeira fase da vida, a criança vai desenvolvendo seus
comportamentos, afetos e modos de “encarar o mundo”.

Neste contexto é fácil aprender que a vida é feita de relações humanas, de estruturas
emocionais. A vida é feita de pessoas, da coletividade, da união de ideias e, inclusive, de opiniões
diferentes, que tira a consciência de seu repouso e desperta a mente de ideias lógicas.

A concepção que parte do pressuposto de que todo homem social interage e


interdepende de outros indivíduos, chama-se ALTERIDADE. Vivemos em um sistema de
interdependências, ou seja, um estado ou qualidade de duas pessoas ligadas entre si por uma
recíproca dependência. Quando olhamos para as outras pessoas, estamos olhando para nós
mesmo. Os julgamentos que fazemos nos outros são baseados em nossas aprendizagens e
vivência. O outro acaba sendo a extensão de nós. Agimos e reagimos conforme a nossa evolução
e não a do outro.

O filósofo Sartre explicava que quando maltratamos um ser humano, estamos


maltratando ao nosso “eu” profundo. Quando ficamos irritados com a atitude dos outros, essa
irritação atinge apenas a pessoa que dela é empossada.

A conclusão desta reflexão toda, é que o que torna a convivência difícil entre as pessoas,
nunca é a outra pessoa, mas sim, o comportamento, o costume e as ideias das outras pessoas,
ou seja, a diferença.

Para vencer os desafios e encarar a arte da convivência a receita básica é: Tolerância,


Empatia e Sabedoria.

Tolerância vem do latim “tolerare” – suportar/sustentar. É saber ouvir uma ideia


contraria e não querer atingir a pessoa por pensar diferente. Afinal, todos nós temos um motivo
para pensar como pensamos. Tolerar é aceitar que o mundo é feito de diferenças e que neste
contraste de ideias é que vai nascendo a evolução.

Empatia é a capacidade psicológica de sentir o que sente a outra pessoa. Se colocar no


lugar dela e entender que o jeito que ela pensa é resultado de sua história, assim como as nossas
convicções são baseadas por tudo que passamos.

Sabedoria é aprender com a vida em todos os aspectos, é saber que com as pedras que
aparecem no nosso caminho, podemos construir nossos castelos e escadas para subir cada vez
mais a Escada de Jacob, cujo símbolo é do progresso moral e intelectual.

Então meus amigos, desejo-lhes que a vivam suas intensidades da vida, aprendam com
os opostos e sejam sempre sábios para entender quando deve tolerar e ter empatia pelo
próximo. Que a vida forneça muitas escadas de Jacob e que a cada degrau, possam sonhar mais,
respeitar mais e realizar mais. Um abraço

Allan Göpfert – Colunista

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