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O termo empatia tem sua origem no vocábulo alemão Einfülung e, sua utilização inicial

estava pautada na descrição de uma forma de experiência estética, onde o indivíduo se


projetava imaginativamente sobre determinada obra de arte. Porém, a partir da segunda
metade do século XIX, Theodor Lipps amplia a utilização de tal conceito, aplicando
esse, de dessa forma, para o âmbito das relações pessoais, levando, portanto, sua
utilização para a esfera epistemológica. Concebia-se a ideia de empatia no campo das
relações pessoais, como uma reprodução ou imitação interna da situação do indivíduo,
no intuito de adquiri uma experiência que, ao mesmo tempo em que fosse original,
permitia conhecer a consciência alheia.

A empatia concebida dessa maneira, não pode por sua vez ser confundida com simpatia,
ou seja, como forma de participação e ou contagio emocional do padecimento do outro.

o termo alemão Einfühlung1 é de proveniência (origem) mais recente. O filósofo e


psicólogo de Munique Theodor Lipps é geralmente creditado com a citação (por cunhar
a partir) da empatéia grega, literalmente: "Sentir-se". Assim, Ëinfühlung se refere ao
fenômeno de sentir (ou pensar) o caminho para a vida experiencial de outro. O conceito
recebeu atenção considerável do psicólogo alemão, por exemplo Hugo, que continuou a
usar o antigo termo simpatia - embora algumas vezes reservado (por Lipps e Scheler) à
resposta ética - ao lado de mitgefühl (sentimento de colega) e Nachgefühl (sentimento
imitativo). Husserl emprestou o termo Einfühlung da Lipss, mas ficou claramente
desconfortável ao notar que "empatia é uma expressão falsa" (, na medida em que não
deixa claro se estou projetando o meu próprio eu em um corpo extrangeiro ou realmente
encontrando na verdade o eu estrangeiro através de seu corpo. Edith Stein também se
contentou em manter o termo Einfühlung, "independentemente de todas as tradições
históricas ligadas à palavra", já que ela acredita que há um fenômeno único com uma
essência distinta subjacente às diversas formas sensoriais, afetivas e emotivas de
empatia. Para complicar as coisas, ao lado de Einfühlung, muitas outras expressões
foram empregadas, como Miterleben (coexperiência), Nacherlaben (revivendo)

1
A empatia é formada a partir do prefixo grego em, uma tradução de en (antes de p) que significa "in" e
phatos ("sentimento"). Em alemão, sich einfühlen é um verbo reflexivo que literalmente significa "sentir
em". Steinbock, home e Beyond: Generative Phenomenology after Husserl, sugere a tradução
"intropathy", que, de maneira útil, dissocia o termo da grande literatura psicológica da empatia como uma
preocupação benevolente pelos estados de sofrimento dos outros.
Einempfindung (sensoriamento) Hineinversetzen (projeção / introjeção) sich
hineinphantasieren (imaginativa auto-inserção) sich hineindenken (pensamento
descrever em geral a capacidade de compreender (erfassen), compreender (verstehen),
adquirir conhecimento (wissen) e, de modo especial, experimentar (erfahren) a vida
consciente de outra pessoa, seu "fluxo consciente" (Erlebnisstrom), "estado" psíquico
(Zustände), "experiência" ou "processos mentais" (Erlebnisse) e "atitudes"
(Einstellungen).2 Para empregar a linguagem da fenomenologia madura de Husserl, o
problema é: como eu constituo outra pessoa como o alter ego, como outro ego (ich),
com seu próprio "centro" e "pólo" (ichpol) da experiência psíquica, afecções e
desempenho? Na tradição fenomenológica, essa problemática inclui não apenas a
questão de ser capaz de compreender os estados afetivos ou emocionais do outro, mas
também os estados cognitivos da pessoa, e o que em alemão é chamado de geistiges
Leben, "vida espiritual". A fenomenologia quer acrescentar toda a questão da
experiência e do encontro com "outros sujeitos" (Fremdsubjekten) em todo o seu
aspecto, um domínio do conhecimento que foi batizado recentemente de "alterologia"
por Natelie Depraz.

Segundo o Dicionário de filosofia Abbagnano (2007, p.325) o termo empatia (Einfülung


em alemão) é inicialmente encontrado em Herder (1744-1803) e Novalis (1772-1801).
Segundo o referido dicionário, Lipps foi quem propagou esse termo utilizando-o para o
entendimento da experiência estética, e também para o modo como conhecemos outros
“eus”. A empatia em Lipps opera em dois atos: imitação (instinto de imitação) de outros
seres humanos e da projeção (imaginação) de nosso eu como se estivesse vivendo em
um outro eu. Geneticamente o primeiro ato causa o segundo, ou seja, da imitação de
outros seres humanos passamos a projeção de nós mesmo como estando no “lugar
vivencial” de outro ser humano.
Ales Bello esclarece acerca da etimologia e o uso das palavras empatia e entropatia: “A
palavra alemã utilizada por Husserl (Einfühlung) é composta por três partes, o núcleo

2
To complicate matters, alongside Einfühlung, many other expression were employed, such as
Miterleben (co-experiencing), Nacherlaben (reliving) Einempfindung (sensing-in) Hineinversetzen
(projection / introjection) sich hineinphantasieren (imaginative self-insertion) sich hineindenken (thinking
oneself into), to describe generally one's ability to grasp (erfassen), comprehend (verstehen), gain
knowledge of (wissen),and, in a special way, experience (erfahren) the conscious life of another person,
their "conscious stream" (Erlebnisstrom), psychic "state" (Zustände), "experience" or "mental processes"
(Erlebnisse), and "attitudes" (Einstellungen).
fühl significa ‘sentir’. Há na língua grega uma palavra que poderia corresponder a fühl
(e a feeling, derivada da língua latina): pathos, que significa ‘sofrer’ e ‘estar perto’. A
palavra empatia é uma tentativa de tradução desse sentir em termos lingüísticos
espontâneos do ser humano, para sentir o outro. Uma tradução poderia ser entropatia.
[...] A entropatia é um ato específico, não pode ser confundido com a reação psíquica de
simpatia. Usamos entropatia para dizer que, imediatamente, captamos que estamos
diante de seres viventes como nós” (2006, p. 64-65).
A esse tipo de intencionalidade especial (“aí-para-mim” do outro) Husserl chama de
empatia (Einfühlung). É por meio dela que constituímos o sentido alter ego.

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