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José Henrique Mota

Pré-projeto de pesquisa de Doutorado submetido ao PPGSP-UENF

MAPEAMENTO DAS FAMÍLIAS INTELECTUAIS DA SINGULARIDADE


CULTURAL BRASILEIRA
Definição do tema e justificativa da pesquisa
O trabalho terá como dois grandes pressupostos 1) um viés crítico à uma história das
ideias que trata do advento da modernidade tendo em si certa dicotomia centro-periferia –
concepção que traz a predominância de entendimento sobre os países do Atlântico Norte como
culturalmente superiores em sua formação social e, por conseguinte, institucional, em
contraposição a uma interpretação de atraso, atavismo e tradicionalismo no modo de enxergar
as nações do Sul Global; 2) um parecer crítico a esta mesma história das ideias em um segundo
momento transplantada para certa família intelectual de interpretadores de Brasil que teria a)
reproduzido a ótica dicotômica de países centrais perante periféricos ou de modernidade tardia,
b) chegado a um entendimento da história da formação social e institucional do Brasil pela
noção de ‘singularidade cultural’, com base na influência colonial de Portugal e Espanha que
será aqui caracterizada como ‘iberismo’.
O tema se justifica com o parecer de que é possível preencher uma lacuna na produção
bibliográfica contemporânea que mapeie o que parece ser uma das grandes temáticas da
interpretação social mais presente no senso comum: a interpretação depreciativa sobre as
relações e instituições sociais e políticas. Neste sentido, fortalecer a crítica a uma família
intelectual que se utiliza da sociologia da cultura para conceber um país que tem uma
psicogênese1 e, consequentemente, uma sociogênese tradicional e predominantemente emotiva
se torna mais urgente para o debate contemporâneo e a formação de uma sociologia crítica.
Objetivos gerais, específicos e metodologia de pesquisa
O projeto de pesquisa tem como grande objetivo mapear a(s) família(s) intelectuai(s)
que se categoriza(m) por uma análise social e institucional com o viés da singularidade cultural
brasileira dentro de um entendimento dos clássicos do pensamento político e social brasileiro.
Dentre os objetivos específicos:
(1) Mapear os clássicos do pensamento social e político brasileiro por meio de critérios
que busquem um equilíbrio entre importância ou relevância institucional (portanto
política e histórica) e persistência na contemporaneidade acadêmica.
(2) Sintetizar critérios para codificar as análises psicogenéticas – da origem do pensamento
e comportamento individual brasileiro – destas famílias intelectuais.
(3) Codificar as análises psicogenéticas destas famílias intelectuais.

1
Ver WAIZBORT, 2011 e SCHLEGEL, 2017.
(4) Produzir categorizações, por meio de um cruzamento com os elementos
psicogenéticos, a partir dos critérios que levem em consideração aspectos: a)sócio-
estruturais; b)econômicos; c)culturais; d)geofísicos; e)psicológicos; f)metafísicos.
A metodologia utilizada dará preferência para a revisão bibliográfica manual do
conteúdo dos clássicos. Todavia, o projeto tem a intenção de desenvolver o uso de softwares
de análises textuais para o mapeamento dos assuntos tratados nos objetivos.
Enquadramento nas linhas de pesquisa e áreas de concentração do programa
O projeto se enquadra na linha de pesquisa denominada “Linha 2 – Cultura,
Territorialidades e Poder”, pois almeja trabalhar o desenvolvimento do pensamento social
brasileiro através de uma perspectiva crítica ao à leitura cultural da formação social. Deste
modo, pode ser inserido no contexto desta área de concentração, pois dialoga com suas
problematizações acerca das expressões intelectuais e conflitos nos espaços públicos
decorrentes da formação psicossocial brasileira.
Sobre algumas tentativas de indexação do pensamento social brasileiro e o conceito de
famílias intelectuais
Brandão (2005, 2007) aponta que certos autores do pensamento social e político
brasileiro, de acordo com revisões das mais variadas sobre os grandes baluartes do campo no
século XX, foram entendidos como “clássicos” das ciências sociais brasileiras, mesmo antes
de uma recente institucionalização e especialização do campo. Clássicos estes que, através de
seus ensaios, por mais que interpretações concebidas antes da especificação metológica e
desenvolvimento das técnicas de análise, são sempre revisitados por grande soma de
intelectuais contemporâneos. Por meio destas visitas, o estudo do pensamento político e social
foi capaz de formular na evolução política e ideológica brasileira a existência de “’estilos
determinados’, formas de pensar extraordinariamente persistentes no tempo, modos
intelectuais de se relacionar com a realidade que subsumem até mesmo os mais lídimos
produtos da ciência institucionalizada” (BRANDÃO, 2005:236, grifo do autor), capazes,
portanto, de estabelecer problemáticas e continuidades que se mostram pertinentes ainda para
a análise científica atual. Estes estilos são conceituados como “famílias intelectuais” e contam
com um campo rico de interpretadores.
Já para Wanderley Guilherme dos Santos (1978), a situação geral das obras do
pensamento social brasileiro se configura por obras de aproximadamente cem estudiosos,
excluindo autores que começaram a produzir a partir da década de 40 (após um primeiro salto
institucional e metodológico na produção científica nacional) e podem ser divididas em certas
tipologias de acordo com suas aproximações teóricas. Primeiro, a “matriz institucional”,
marcada pela organização, classificação e avaliação do pensamento social brasileiro seguindo
marcos organizacionais e institucionais; segundamente a “matriz sociológica”, que toma como
parâmetros de análise características da estrutura econômico-social para explicar variações
ocorridas no âmbito das questões sociais; e a “matriz ideológica” caracterizada pela
preocupação de entender os textos brasileiros de reflexão social tendo um objetivo de buscar
critérios conceituais próprios, independentemente da conjuntura em que se insere a análise.
No tratamento de Werneck Vianna (1991), interessado na predominância de certas
interpretações de Brasil em longos períodos de evolução teórica a ponto de alcançar tempos
hodiernos, entende que há uma certa recorrência de duas veias interpretativas que entendem o
lugar da nação em um plano periférico, mas que contam com diagnósticos e análises diferentes.
Estas duas correntes se distanciam de maneira concomitante da complexidade da formação
social do Sul global: americanistas e iberistas.
A tradição iberista, trazida especialmente pela teorização de Richard Morse (1988),
dita que países de capitalismo tardio se originam de uma espécie peculiar do Ocidente
denominada “opção ibérica” (VIANNA, 145, grifo do autor), a qual teria provocado a
interdição das possibilidades de um caminho progressista e libertário como encontrado na
região norte-americana, por livre deliberação. Em um contexto de subordinação às relações
coloniais e posteriormente dependendo do mundo europeu capitalista desenvolvido, os países
do Novo Mundo – antigas colônias latino-americanas e africanas –, teriam se estabelecido
elaborando formas próprias de cultura e tipos sociais, exaltando peculiaridades alheias à
modernização do Norte, ainda que tão importantes quanto tal para suas formações sociais.
Já na leitura da tradição americanista, a tese iberista das vantagens comparativas cai
por terra. Nesta linha interpretativa, Raymundo Faoro (2001) irá entender, pela perspectiva
cultural, certa versão histórica do Brasil como um “contínuo reiterar, através dos tempos da
cultura da fundação [do Estado português]”. Versão esta que, segundo Vianna, contém um viés
essencialista com base na formação psico e sociogenética portuguesa e espanhola e, somando-
se a outros pensadores latinos, entende que o moderno e o desenvolvimento racional não
alcançaram a América Ibérica, caracterizada por forças contrárias à “matriz do individualismo
racional anglo-saxão”. (VIANNA:146).
Aspectos sobre a problemática centro-periferia
Lynch (2013) tenta responder o porquê de haver uma predominante diferenciação entre
os termo ‘teoria’ – utilizado para categorizar grandes autores clássicos da formação ocidental
– e ‘pensamento’ – trazido para categorizações das interpretações sociais e políticas brasileiras
– na história das ideias de maneira geral. Desta forma, o autor tenta responder a) como a
filosofia, a história e as ciências sociais europeias pensaram a natureza, e a finalidade de uma
história das ideias ou uma história intelectual; b) como a intelectualidade ibero-americana
recepcionou estas categorizações, assim como os brasileiros, antes mesmo de uma
institucionalização das ciências sociais. Nesta linha, a história do pensamento político
brasileiro é entendida como periférica em consequência da grande predominância de uma
historicidade eurocêntrica e evolucionista, como sugerem as críticas de Koselleck, Hartog e
Gumbretch (LYNCH, 2013: 731) jamais superada.
Nesta perspectiva, houve uma percepção difusa de tempo sobre o país, vinculada a uma
ideia de atraso, em decorrência de seu lugar periférico no mundo. As próprias elites ibero-
americanas veem-se excluídas do centro decisório do globo, entendido como superior e mais
importante, localizado em torno do Atlântico Norte. Este ‘centro’ interferiu na definição das
identidades nacionais de maneira indiscriminada, trazendo aos países do eixo-Sul uma ideia
de inferioridade inerente que viria mais tarde a ser internalizada, gerando uma autopercepção
de exclusão do “mundo civilizado”: uma inserção subalterna. (LYNCH, 2013)
Dentre alguns de seus efeitos: pouco caso das elites intelectuais dos países periféricos
com a formação social, se comparada sua produção científica com a dos países europeus;
dependência em relação a modelos culturais europeus; distribuição de papeis e lugares das
nações do mundo partindo dos países centrais; diferenças quantitativas objetivas entre países
de centro e periferia (em termos de tecnologia ou poder militar) se convertem automaticamente
em diferenças no plano qualitativo da existência – se antes apenas um juízo de fato (a
assimetria militar e econômica), agora conta com “juízo de valor” (ibidem, 734, grifo meu)– a
inferioridade no plano da existência e da cultura.
Uma matriz filosófico-histórica teve grande papel para estabelecer tais distinções
qualitativas das nações em um grupo binômico que contrapunha teoria cêntrica, universal e
original a uma teoria periférica, local, bárbara, copiada ou deformada: a filosofia da história,
ou cronosofia. Foi criada na passagem do século XVIII para o XIX e renovada nas mais
diferentes versões, podendo ser considerada uma interpretação sistemática da história
universal com base em acontecimentos sucessivos da história que tem como um horizonte um
mesmo sentido final. Em termos ontológicos, entende a natureza humana como mutável,
podendo se aperfeiçoar, em um sistema de ordem e sentido progressivos, num sentido
organizador das nações ao longo do tempo. (ibidem)
Esta mesma filosofia da história recebe versões de Condorcet, Hegel, Comte, Spencer
e Marx, que tentam explicar o papel dos diversos povos e as funções de suas culturas dentro
deste já delimitado processo de evolução global. Pressupunham um futuro de paz, liberdade e
igualdade universais, com um entendimento de que havia nações mais a frente e outras mais
atrasadas neste processo. Dentro de seus critérios, um maior ou menor esclarecimento –
difusão das luzes, razão e conhecimento, valores iluministas universalistas – e maior ou menor
desenvolvimento material, quase sempre vinculado ao progresso industrial. Em suma, quanto
mais desenvolvida a nação no plano intelectual e material, mais situada ao centro decisório do
globo e, em posição oposta, situada na periferia. Como conseguinte, mais ou menos próximas
de atingir o futuro da perfeição social idealizada por estes autores. Se as nações do centro estão
mais avançadas no tempo neste sentido, as periféricas são consideradas em uma situação de
atraso anormal, onde impera o “exótico”, com nenhum produto cultural a contribuir para o
avanço da civilização. (ibidem, 734)
Neste viés, as elites intelectuais periféricas se veem como civilizadas europeias, ou
como administradores de uma realidade totalmente diferente do velho mundo, com a qual
teriam mais familiaridade. Os intelectuais periféricos após as independências dos países
hispânicos na América Latina se viam em uma ambiguidade que Nabuco nomeou “dilema do
mazombo” (ibidem, 738): a coexistência da pátria geográfica periférica, jovem, e voltada para
a natureza – uma visão otimista, caso não acompanhada de seu polo oposto – e do
pertencimento à velha nação europeia, com suas camadas já estratificadas, inteligência,
civilização e como pátria espiritual da colônia. O dilema é que em algum momento o país
deveria assumir um posicionamento dentre ambas, desde que se entendia que teríamos a
‘menor cultura’, e isso traria o predomínio do natural sobre o civilizado. (ibidem)
Em termos práticos, da recepção do modelo cronosófico unilinear pelos primeiros
grandes intérpretes da formação social nacional, uma série de intelectuais não negavam que
houvesse um Estado, mas não viam a formação de um verdadeiro povo, distinto de uma
simples população. (ibidem)
A filosofia história unilinear no Brasil – advento do iberismo
Para Louis Couty, em 1881: “O Brasil não tem povo”; Manuel Bonfim em 1905:
“Pouco importa o que está inscrito nas Constituições [...]. Como estamos, não somos nem
nações, nem repúblicas, nem democracias. ”; o então deputado já citado Nabuco, sobre porque
não substituir monarquia por república, em 1889: “É que ainda não temos povo”. Para Alberto
Torres, em 1914, o Estado não era uma nacionalidade ou país, longe de uma sociedade; e para
Gilberto Amado, em 1916, que não éramos povo propriamente, e não havia população culta,
portanto politicamente não existíamos. (ibidem, 734)
No entender de Tavolaro (2014), os impactos da filosofia da história linear para os
intelectuais da formação social do país não poderiam ser menos irascíveis, levando-se em
consideração as famílias intelectuais que tomaram as maiores proporções como grandes
intérpretes de uma visão mais próxima do real. Em sua tese da “singularidade brasileira”, o
autor tenta mapear pensadores que buscaram uma interpretação única acerca da formação
social e institucional do país, conquanto totalmente alheia ao processo de desenvolvimento que
teria ocorrido nos países ditos cêntricos, pioneiros da modernidade. Tavolaro argumenta que a
“peculiaridade brasileira” é um dos grandes efeitos da teoria universalista da história das
ideias, com a dicotomia centro-periferia.
De maneira mais arguta, acredita que uma breve apreciação é capaz de revelar a sua
força e persistência em diferentes momentos do grande universo intelectual, logrando
“circunscrever e orientar a agenda de reflexão, pesquisa e elucubração acerca da experiência
social brasileira” (2014:633). Sem ignorar os aspectos irredutíveis de autores em
epistemologias específicas associadas a contextos históricos e razões políticas, o autor se usa
de Brandão (2007:58) para reforçar uma ideia de se “enxergar sempre no novo o antigo”, não
para idealizar um universo intelectual imune a mudanças, mas que a tese da singularidade
brasileira alimenta uma certa regularidade, por mais que dispersa ao longo da história.
Neste sentido, a sua tese da singularidade nacional (2005, 2011, 2013) entende que há
uma sociologia da herança patriarcal-patrimonial (FREYRE, 1996, 2000; BUARQUE, 2016;
FAORO, 2001; Da MATTA, 1980, 1995, 2000) e uma sociologia da dependência econômica
capitalista (PRADO Jr, 1970, 1971; CARDOSO, 1972, 1980; IANNI, 1971, 1978) que, dentro
de suas limitações analíticas, predominaram nos campos mais reconhecidos acerca das
interpretações psicossociais e institucionais brasileiras, porém jamais escapando de uma
tonalidade
[...] essencialista, aspectos num primeiro momento vistos como historicamente
constituídos [que] são somente deslocados dos contextos dinâmicos e
multidimensionais em que se originaram e transformados em “variáveis
independentes” pretensamente capazes de explicar, em qualquer momento da
história brasileira, o tipo de sociabilidade que aqui se consolidou. (TAVOLARO,
2015:6).

Neste sentido, Souza (2000a) vem reforçar esta tese com a sua teoria da “sociologia
brasileira da inautenticidade”, procurando avaliar, como próximo do intuito do trabalho,
entender como o conjunto de produção intelectual supracitado da herança patriarcal-
patrimonial, superenfatizando a suposta herança luso-ibérica, estes autores teriam dado
importância para além dos limites comuns para supostos traços de sociabilidade pré-modernos,
mais especificamente o personalismo e o patrimonialismo, como se, ainda nos dias atuais,
fossem predominantes para entender uma certa peculiaridade brasileira.
A tese da singularidade cultural brasileira é também endossada por Teixeira (2015),
que entende que a construção do pensamento científico acerca da sociabilidade no Brasil
contém três grandes perspectivas explicativas: 1) o estruturalismo sociológico; 2) o
construtivismo institucional e 3) o liberalismo culturalista. Este último, também entendido
como culturalismo, ou culturalismo conservador, conversa diretamente com o conceito de
singularidade cultural, além de contar com seguidas publicações contemplantes de Souza
(2000a, 2003, 2006, 2009, 2015) para o entendimento da família intelectual que predominaria
nos principais círculos midiáticos e no entendimento da elaboração imediata hodierna do
cidadão comum.
Esta corrente de pensamento teria dois enfoques analíticos: uma psicossocial e a outra
institucional. A primeira defende a tese de que o personalismo, oriundo do patriarcalismo, é
elemento fundamental da nossa ordem social, instituindo que a psicogênese de nosso
comportamento é predominantemente voltada para o afloramento do lado emocional por sobre
o pensamento lógico ou impessoal. O segundo, o institucional, sustentando que o maior
problema a ser enfrentado no país é a sua característica patrimonialista endêmica. Este
patrimonialismo se dá através de um estamento burocrático que se forma ao redor do Estado e
adquire controle sobre este, minando as possibilidades de livre desenvolvimento do mercado
entre nós, os indivíduos, visto que o capitalismo passa a ser politicamente orientado para
interesses de uma camada isolada neste estamento. De acordo com esta corrente, o livre
desenvolvimento do mercado teria ocorrido em países desenvolvidos que não contariam com
a característica patrimonialista do Estado, como por exemplo, os Estados Unidos.
Elementos para uma teoria patriarcal-patrimonial-personalista de singularidade
cultural
Para Souza (2015), Da Matta (1980, 1995, 2000) julga que existe um sistema dual que
estrutura e orienta o Brasil em sua contemporaneidade: um código pessoal em coexistência a
um sistema legal individualizante com raízes na ideologia liberal burguesa. O sistema se
expressa nas posições que “casa” e “rua” ocupariam na gramática social brasileira: a “casa”,
domínio privado por excelência, território do íntimo, do familiar, das relações pessoais,
parentesco, afeição e descanso; enquanto a “rua”, domínio público por excelência, é entendida
como um ambiente rígido e tenso, a “dura realidade”, da esfera do trabalho, da luta pela
sobrevivência e da punição. Se “em casa” os brasileiros
são “pessoas” submissas a uma normatividade de conduta estabelecida nos códigos do amor e
do parentesco, na “rua” seriam meros indivíduos, sujeito a regras impessoais, geralmente vistas
como injustas e imprevisíveis. O que torna o Brasil contemporâneo “semitradicional” seria o
fato de que “casa” e “rua” estariam em um processo constante de interconexão, uma
característica de sociedades que não alcançaram a modernidade – a dissociação entre o privado
e o público. (SOUZA, 2015)
Souza (2015) entende que, por mais que DaMatta traga uma perspectiva que se diga
crítica através da antropologia estruturalista baseada em Louis Dumont e Lévi-Strauss, porta
em sua teoria uma perspectiva que se pretende científica, mas não critica seus pressupostos
basilares, fadada a truísmos e senso comum. O autor incorporaria a tese psicossocial herdada
por Freyre e Buarque – os quais analisaremos mais abaixo – porém, dando sinal negativo a
elementos característicos à singularidade cultural brasileira, visto que herdados de Portugal e
seu personalismo pré-moderno – “mesmo depois que o país se urbaniza, se moderniza e se
industrializa” (ibidem, 53). Estas transformações radicais de todas as sociedades do planeta
não teriam alterado a essência pré-moderna do Brasil. DaMatta vê o indivíduo brasileiro como
pré-moderno pois haveria a predominância das relações de compadrio, família, amizade e troca
de interesses e favores. A primeira crítica de Souza (2015) ao
antropólogo é que a gramática social profunda a que se propõe só seria possível através da
mensuração da hierarquia material e valorativa que dá origem a institucionalização de
estímulos seletivos para a conduta dos indivíduos que a compõem. Seria preciso, para uma
análise sociológica estrutural como se pretende, uma concepção mais minuciosa do que a
dualidade “casa” x “rua” despida de esforço valorativo acerca do sistema valorativo que as
separa, entendendo a influência mútua do espaço da rua (aqui entendido como instituições
impessoais do Estado e do mercado capitalista) e da casa (família, afetos, relações amorosas e
tudo o mais que traz a perspectiva tradicionalista moderna)2.
Raymundo Faoro traz a interpretação iberista para o plano da construção institucional,
e entende que o patrimonialismo como mal essencial presente nas relações entre o indivíduo e
as instituições. Barreto (1995) entende que a tese de Donos do Poder argumenta que abaixo
do rei não há uma nobreza autônoma, mas súditos subordinados e dependentes dos cargos,
incluindo o serviço militar pago pela coroa. Uma gênese institucional advinda de Portugal, que
teria não só permeado a implantação do Império no Brasil, como se estende até os séculos
seguintes em uma lógica contínua e a-histórica.
Tendo origem no sistema político de Portugal, a sua interpretação sobre formação
institucional brasileira se baseia na categoria weberiana3 de dominação patrimonial. Deste
modo, há, na configuração do Estado, uma dominação patrimonial-estamental, configurado
por um estrato social que respira independente das outras camadas, o controla e o orienta
politicamente em prol de suas vontades econômicas. O estado patrimonial português,
originando o brasileiro, tem em sua essência a marca do capitalismo politicamente orientado
pelo estamento burocrático. Logo, a predominância institucional é de indistinção do público e
do privado, e por mais que o Estado se racionalize e se burocratize ao longo das eras – como
quer a marcha da modernização – ele o faz em prol dos interesses do estamento, através da
ação de juristas (burocracia legalista), mantendo o status-quo da dominação que ele irá nomear
patrimonial-estamental-legal. (BARRETO, 1995).
Se Souza (2006) pontua que Faoro já se utilizava da tese patrimonialista mesmo para
casos em que não havia sequer concepção moderna de corrupção proveniente do conceito de
soberania popular, como no caso do Império, isto é, o entendimento eticamente negativo da

2
Souza entende que autores clássicos da sociologia que trabalharam com a questão da institucionalização de
valores e concepções de mundo, como Weber, Norbert Elias e Bordieu, levantaram como pontos de partida a
hierarquia de valores que comandam as sociedades específicas, sempre em articulação com a estratificação
social. Entendendo que a articulaão entre domínio material e ideológico é essencial para uma mensuração da
posição do indivíduo na hierarquia social.
3
RAMOS, 2006.
apropriação do bem público pelo privado, José Murilo de Carvalho (2008) aponta para um
lapso da percepção faoriana do estamento sob um ponto de vista estático, não especificando
sua composição. Preenchendo esta lacuna, o historiador aponta que não existe um estamento
que se corporifica e se renova constantemente ao longo dos séculos, mas sim elites políticas
formadas ao longo de processos de treinamento (especialização e profissionalização da
burocracia), como por exemplo a graduação pela magistratura, ou profissões liberais como
advocacia e medicina. Analisando a elite imperial, o grande “segredo” de sua duração era, para
Carvalho, justamente o fato de não ter uma estrutura rígida, pois dava ilusão de acessibilidade
a sua posição política, aumentando a sua capacidade de cooptação de inimigos potenciais.
(CARVALHO, 2008)
Para Souza (ibidem), Sergio Buarque de Holanda teria sido um dos grandes precursores
do liberalismo culturalista na década de 30, momento deveras oportuno para uma análise
cultural mais profunda, visto que o tema do caráter nacional4 e a busca pelo entendimento das
bases da formação social brasileira estavam em voga. Raízes do Brasil entendia que a
sociedade brasileira constituía uma cópia mais ou menos perfeita de Portugal, como assim
seria tudo derivado de sua obra a tempos mais tardios. Em um primeiro momento, uma
concepção ibérica entendendo Portugal e Espanha como países que não teriam sofrido as
consequências da Reforma Protestante, nem adquirido em sua sociedade o caráter universalista
do iluminismo e da razão, refletindo diretamente no estabelecimento da colônia – visto que o
Brasil é basicamente uma continuidade da metrópole.
Buarque, num segundo momento, iria depreciar ainda mais a psicogênese e a
sociogênese5 diferenciando o povo e o governo espanhol como racionais, planejados, e com
pensamento prospectivo, em oposição ao cidadão e colonizador português, aventureiro,
impulsivo, relaxado quanto a planejamentos e, claro, extremamente personalista.6 Se Souza
avalia a obra – elevada a cânone do pensamento social brasileiro – como sendo um dos ensaios
mais marcantes quanto à presença da teoria da singularidade cultural, o autor no qual teria se
baseado Buarque de Holanda tem grande zelo pela análise da formação das mentes no país,
ainda que dentro de uma perspectiva cultural: Gilberto Freyre.
Segundo Souza (2000b) e Tavolaro (2014), a teoria freyreana tem uma grande
contribuição para a ciência social brasileira: o abandono da perspectiva do racismo biológico
que até então prevalecera nas teorias sociais do Ocidente, em prol de um olhar que passa a
exaltar o fenômeno da miscigenação. Através de uma perspectiva radicalmente entendida
como neolamarckiana, compreendia-se o elemento cultural como uma arena de influências
mútuas da geografia e da cultura, “enquanto elemento adaptador capaz de incorporar,

4
Ver SCHLEGEL, 2017; FELDMAN, 2013; VAINFAS, 2016
5
Ver Waizbort, 2011.
6
AVELINO FILHO, 1990; CARDOSO, 1993. SALLUM Jr, 1999.
transmitir e herdar características culturais. Assim, a ‘raça’ seria antes de tudo um ‘produto’,
um ‘efeito’ do que causa da combinação entre meio e cultura.” (ARAÚJO, 1993 apud SOUZA,
2000b).
A problemática, segundo os autores supracitados, é a inversão especular7 que, se por
um lado faz decair o racismo biológico, exalta o racismo científico (SOUZA, 2013). Isto é, ao
sobrepor o elemento racial pelo cultural, a lógica racista da ciência não entende mais que há
uma justificativa biológica para superioridades de sociedades perante outras. Entretanto, ainda
permanece implícita a intenção da lógica centro-periferia de análise acerca da psicologia social
dos indivíduos: a noção de estoque cultural passa a trazer a ideia de que as sociedades do
Atlântico Norte contariam com intelecto e moral superiores ao atrasado eixo Sul, o que conflui
com o trabalho de Lynch (2013) abordado anteriormente com a crítica à filosofia unilinear da
história.
Vejamos, como havia sido levantado no tópico anterior, Buarque de Holanda e sua tese
emotivista da psicogênese brasileira conta com o personalismo no trato das relações sociais e
o elemento do ‘homem cordial’ como intrinsecamente entregue às emoções (positivas ou
negativas) e incapaz de conceber relações impessoais, objetivas e, consequentemente, ter um
entendimento coletivista de sociedade – no trato da sociogênese. Se está explícito que o autor
se baseia no iberismo, mais especificamente do português, implícita fica o alicerce de seu
argumento: a quase que impecável tese do patriarcalismo de Freyre.
Na semente da formação social brasileira, Casa Grande e Senzala¸ Freyre chega à
conclusão de que, em termos econômicos, a monocultura agrária com o trabalho escravo foi
algo que condicionou a formação dos grandes latifúndios, passando estes a se caracterizar por
famílias patriarcais e tendo como seu chefe o senhor de terras e escravos. Com autoridade
própria sob seus domínios, em contraposição ao Estado legal, o patriarcalismo teria sido o álfa
e o ômega da formação social brasileira. E o notável elemento da singularidade cultural
identificado está na justificativa da formação social patriarcal-personalista explanado pelo
estilo de escravidão portuguesa herdada pelos elementos de contatos com povos maometanos
e o traço sadomasoquista de escravização. (SOUZA, 2000b).
Por meio de uma relação escravista que pressupõe certa macieza se comparada a outras
colônias extremamente violentas devido ao imediato usufruto da mão-de-obra para o
desenvolvimento industrial8, o monocultor português das feitorias africanas, e mais tardar o
latifundiário, tratavam o escravo em dois polos peculiares. De um lado era violento e
autoritário, de outro, a influência maometana trouxera à psique portuguesa o elemento erótico
da proximidade: além de fazer-lhe cumprir tarefas domésticas lhe aproximando de sua família

7
Suposta inversão teórica sem alteração de seus pressupostos científicos.
8
Por exemplo os Estados Unidos escravistas das colônias do Sul.
e filhos, o elemento maometano poligâmico também o fez se relacionar de maneira íntima não-
violenta com os não-brancos para um mais rápido povoamento das colônias a fim de manter o
controle econômico por sobre estas.
A argumentação freyreana é a que mais consegue esclarecer um certo elemento cultural
comportamental do país em um certo momento de sua formação, com bases estruturais
sociológicas muito bem desenvolvidas. Entretanto, para Tavolaro e Souza, Freyre parte de
princípios inequívocos: em Sobrados e mucambos, ao transpor o elemento do patriarcalismo
para a construção social das cidades sobre o campo, Freyre se dirige como “orientais” todo o
conjunto de valores africanos, portugueses e rurais da vida colonial brasileira, pressupondo
mais elementos comuns à interpretação culturalista do legado ibérico.
No caminho de uma categorização efetiva da família intelectual entendida como
culturalista, ou singularista cultural, o entendimento de Tavolaro, conformando-se a Lidke
(2005), Brandão (2007), Botelho e Schwarcz (2009) e Lynch (2013) no trato imediato sobre
os clássicos da tradição intelectual brasileira, temos um universo vastíssimo e heterogêneo:
Tavares Bastos, André Rebouças, Joaquim Nabuco, Silvio Romero, Tobias Barreto, Nina
Rodrigues, Alberto Torres, Oliveira Vianna, Paulo Prado, Mário de Andrade, Gilberto Freyre,
Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., Florestan Fernandes, Celso Furtado, Raymundo
Faoro, Guerreiro Ramos, entre outros.
É indiscutível que a singularidade ou peculiaridade brasileira ganha diversas
conotações distintas entre estes diferentes autores, seções e momentos do pensamento. Neste
caminho, sigo a linha de interesse de Tavolaro a buscar um certo denominador que se mostre
persistente no tempo, reforçando o que Carvalho Franco teria entendido como “pressuposto de
uma diferença essencial” entre “nações metropolitanas” e “povos coloniais” (FRANCO, 1976:
61, apud TAVOLARO, 2014: 642) reforçando recorrências de estereótipos deterministas sob
a ótica cultural no montante da imagem brasileira como jamais associável a experiências
sociais registradas nos modelos basilares e pioneiros da formação ocidental.
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