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Sociedade
Amazonas
Após conflito com "isolados", índios Matis ocuparam sede da Funai em 2016 cobrando
diálogo com o órgão
O relatório do encontro, ao qual tive acesso, mostra que há uma mudança profunda em
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Indígenas lutam por uma nova política para isolados — CartaCapital https://www.cartacapital.com.br/sociedade/indigenas-lutam-por-uma-nov...
Nesse encontro na base Ituí, estiveram presentes lideranças ds povos do Javari e dos
movimentos sociais indígenas, como o presidente da Organização Geral Mayuruna,
Cesar Mayoruna, o vice-presidente da Associação Indígena Matis, Bini Matis e o
coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Paulo Kenampa
Marubo.
A Funai apenas foi a articuladora, enquanto os indígenas disseram que não queriam a
participação de uma ONG que trabalha na área (o Centro de Trabalho Indigenista, CTI),
nem de antropólogos, e nem de intervenção direta da Funai: apenas um encontro entre
indígenas para discutir os problemas comuns. “É só nos indígenas, o movimento
indígena, os Korubo e os Matis”, informou Kenampa da Univaja.
O conflito entre Matis e Korubo culminou na morte de dois Matis e de diversos Korubo
(pelo menos oito, segundo a Funai). A Funai, na época, atribuiu culpa aos Matis, os
acusando de invadirem o território dos Korubo e de tentar dominá-los.
Agora, os Matis demonstraram que a Funai estava errada. Tanto pelo fato da fundação
ter feito uma leitura errada do histórico da região, desconsiderando a violência da
própria Funai contra os Matis entre o final dos anos 1970 e o início dos 1980, quando
dois terços dos Matis foram mortos por epidemias espalhadas pela Funai, quando nas
intervenções erradas e omissões a partir dos anos 2011, sobretudo, em 2014.
Binan Wassu, dos Matis, fez uma fala em solidariedade aos Korubo e sobre a ocupação
deles no território do rio Coari: “trazer os Korubo da beira do Coari para a beira do Ituí é
ruim.” Na sua fala, ele se lembrou da época que a Funai os transferiu das cabeceiras dos
igarapés Jacurapá e Boeiro, para o rio Ituí. É melhor que não tirem o Korubo lá do Coari”.
Respeitar os Korubo aonde estão é uma resposta direta às falsas acusações que a Funai
fez na época de que os Matis promoviam um “conflito por terra”.
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poucos anos de contato, querem entender a luta do movimento indígena, “como forma
de fortalecer sua própria luta”. No encontro direto, indígenas descobriram que havia o
elemento “branco” provocador no meio.
Nesse encontro surgiu a informação inédita de que a Funai está planejando um novo
contato com um grupo Korubo que vive no rio Coari, remanescente do contato de 2015
e dos conflitos com os Matis. Foi discutida a participação dos Matis enquanto os
servidores da Funai apresentaram as dificuldades atuais: “Só em situações emergenciais
que a FUNAI iria se mexer. Exemplo foi o que aconteceu no rio Jandiatuba, com muita
exposição na mídia, com muita pressão.”
Eu não entendo Kanamari, Marubo, que trabalha na base. A língua dos Matis eu sei.
Matis trabalha na Base me ajuda”. “Era a Funai que colocava na cabeça dos Korubo que
Matis era ruim, que manipulava eles”, disse uma liderança dos Matis, o vereador Make
Turu.
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Hoje, é possível que cerca de 70 indígenas isolados tenham sido mortos nos últimos três
anos em ao menos três grandes massacres, chacinas ou conflitos. Lideranças kanamari
denunciaram um massacre promovido por madeireiros, em fevereiro de 2017,
enquanto ano passado pode ter acontecido mais um massacre, no rio Jandiatuba, cuja
base da Funai foi fechada, por decisão de gestão, em 2014.
Teve início a segunda-feira 15 uma reunião organizada pelo CTI, com recursos do Fundo
Amazônia para seu projeto em parceria com a Funai, para debater a situação dos índios
isolados no Brasil.
Hoje, a situação está indefinida. Mas os indígenas enxergam na crise da política dos
“brancos” uma possibilidade de ganharem autonomia. O CTI perdeu a influência que
tinha, ao mesmo tempo em que a diretoria da Funai de Proteção Territorial, então
ocupado por um filho do coordenador do projeto da parceria, está nas mãos de Azelene
Kaingang, indígena indicada por ruralistas.
Tradicionalmente ocupada por pessoal técnico dos quadros da Funai, a CGIIRC passou a
ser nomeada politicamente por influencia de Aloisio Mercadante, com a ascensão de
Carlos Travassos no poder, em 2011, seguido por Leila Sotto-Maior, ambos tendo
trabalhado ou prestado consultorias ao CTI.
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“sociedade civil” quer gere os recursos que se destinam a suas vidas e aos seus
territórios.
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