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III Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança

Alimentar e Nutricional
Local: Curitiba (PR), 08 a 10 de Novembro de 2017.
UFPR/Campus Jardim Botânico, Av. Prefeito Lothario Meissner,
632

ALIMENTAÇÃO COMO CULTURA: O PIROGUE NA COMUNIDADE DE BARRA DA


CACHOEIRA, RIO AZUL- PARANÁ

Luzia Bucco Coelho - Doutoranda pelo PGDR/UFRGS


Angelita Bazotti - Doutora pelo PGDR/UFRGS. Pesquisadora do IPARDES
Objetivo:
• Pensar a comida (enquanto cultura) como memória e sua função na construção
identitária das comunidades rurais por meio da narrativa da receita do pirogue por
mulheres da Comunidade de Barra da Cachoeira, em Rio Azul, Paraná.
Justificativa:
• A importância destes rituais alimentares e de sua repetição no cotidiano para
preservação e (re) construção da memória cultural das comunidades;
Pesquisa de campo:
• Narrativas de mulheres da comunidade, como forma de reprodução da história e
memórias, da comunidade, do alimento e da cultura local.
Questão de pesquisa:
• Como a comida e as práticas alimentares podem resgatar a memória e cultura de
comunidades rurais e como determinados pratos tem se mantido no cotidiano das
famílias ao longo do tempo?
A comida como cultura e o papel fundamental das mulheres

Mesmo que se assista a homogeneização dos modelos alimentares cotidianos devido à


mundialização da economia alimentar, os estilos alimentares locais se mantém vigentes
e os produtos tradicionais continuam a ser elaborados (GARINE,1987).

Neste cotidiano invisível, neste grau de falta de reconhecimento cultural, coube, há


muito tempo, e ainda cabe, como direito fundamental, um lugar às mulheres, uma vez
que, em geral, não se dava atenção às suas ocupações cotidianas. (GIARD, 2002).

Esse processo de repasses (que vão além da geografia e que vão além da cultura) das
receitas e das tradições que a comida e as práticas da alimentação podem se constituir
como uma narrativa da memória social e da identidade de um povo (AMON;
MENASCHE, 2008).
A receita do pierogue

As identidades não se constroem a partir de um conjunto estável e objetivamente definível de


‘traços culturais’, mas, são produzidas e se modificam no quadro das relações, reações e
interações sociossituacionais, de onde emergem os sentimentos de pertencimento, de visões de
mundo identitária ou étnicas (CANDAU,2012).

Receita comum na região Centro Sul do Paraná, trazida por imigrantes europeus no inicio do
século XX, o relato da história dessa comida na voz de mulheres da comunidade, confunde-se
com a história de quem a conta e assim (re) constroem-se as memórias, (re) constrói-se
também a identidade e a história dessas comunidades.

Entre outros pratos da culinária dos imigrantes que vieram para o Paraná, o pirogue se
apresenta como um saber fazer que resistiu, em muitos casos, mais que a própria língua, o seu
preparo e consumo persiste passando pelas adaptações, fusões e inovações que são próprias da
dinâmica das tradições e dos processos históricos nas comunidades (TELEGINSKI,2014).
A narrativa das mulheres

Na minha família, da minha mãe a minha mãe sempre fazia quando nós se reunia todo
mundo junto, nos domingo, no natal páscoa era o dia de fazer a pirogada. Então, vinha
todos os filhos, os neto e ela fazia com frango [...] era uma comida também que era
preferida da família já vinha da mãe dela, a mãe dela o pai dela, que já tinha uma
história do pirogue, então já vinha da descendência passada e assim ela trouxe pra nóis
e agora ficou na nossa que cada vez que se reúne todo mundo já tem aquela historia
também do pirogue, que precisa ter pirogue que as crianças até dizem que Barra da
Cachoeira cheira pirogue [...] então a gente já tem esse costume de quando se reúne
fazer esse prato e todo mundo gosta. Dinorá 12/07/2016
A narrativa das mulheres
“O pirogue que é o piroguê né, e com as batatinhas para a maionese, e com o charuto
que é feito de repolho de carne moída de arroz né e deixa eu ver o que mais, o risoto
isso tudo pra festa no domingo né, todas essas comidas né...e a ai a gente se reúne uma
semana antes, faz um dia faz o piroguê , congela porque tudo no fim de semana não da
tempo de fazer [...] e assim a gente se reúne a mulherada ali uma ajuda de um lado
outra de outro”. Leca, 19/08/2017

“A receita outra mulher que fez, mas é eu aprendi com a minha mãe é do memo jeito
é, vai farinha, ovo sal o óleo e a agua morna né, aí nóis misturamo tudo e daí nóis
fazemo os recheio. Tem bastante gente que faz cum batata com requeijão, ou só de
requeijão ou bata com linguiça e repolho ai tem vários tipos [...] Mas, aqui a nossa
tradição é batata com repolho [...] aprendi com minha mãe então essa é a tradição da
família lá.” Vanessa, 19/08/2017
A Festa de Santo Antônio na Comunidade de Barra da Cachoeira
19/08/2017 e 20/08/2017
A Festa de Santo Antônio na Comunidade de Barra da Cachoeira
20/08/2017.
Considerações Finais:

• Importância do papel da mulher para preservação da cultura das


comunidades do meio rural;
• Valorização do seu papel enquanto protagonista na (re) construção da
memória coletiva por meio da narrativa oral da história e receita do
pirogue na Comunidade de Barra da Cachoeira, na cidade de Rio Azul,
Paraná.
• A preservação da cultura local, por meio das práticas culinárias e do
repasse das receitas entre as gerações.
Obrigada ☺

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