Medição da gravidade por experimento do pêndulo simples

Stefanny Hellen Sampaio dos Santos, Taís Costa Cardoso

Física Experimental II, 5M23, Turma C

O relatório aborda a determinação da aceleração gravitacional por meio do experimento do

pêndulo simples, com base na medição de altura e oscilações. Foram realizadas 6 medições de
altura diferentes do fio inextensível preso a um corpo de massa, cada altura correspondente a
um movimento oscilatório, e os resultados serão obtidos por meio de regressão linear simples.
Foi encontrado um valor de gm = (9,6703 ±0,0940 m/s²) para a aceleração da gravidade no
laboratório.

Introdução

A força da atração gravitacional O modelo teórico utilizado no

exercida pela Terra sobre cada corpo é
denominada por força peso.
Considerando a Terra como uma esfera
homogênea de massa mt e de raio rt, a
força gravitacional com a qual um corpo
de massa m é atraído pela a Terra é
direcionada para o centro da Terra e tem
como intensidade:
experimento foi o do pêndulo simples,
que é composto por uma partícula de
massa m (chamada de peso do pêndulo)
suspensa por uma das extremidades de
um fio inextensível, de massa
desprezível e comprimento L, cuja outra
extremidade está fixa como mostra a
figura 1 abaixo:

𝑚 𝑇 𝑚2 𝑚 𝑇 𝑚2
𝐹=𝐺 2
= 𝐺
𝑟 (𝑟𝑇 + ℎ)²

(1)

Sendo G a constante de gravidade

universal, r é a distância do corpo do
centro da Terra, h é a altura do corpo
em relação a superfície da Terra.

Consequentemente, essa força gera o

peso mg do corpo, se considerarmos que
𝐹⃗ = 𝑚𝑔, obtemos a seguinte equação:

𝑚 𝑚
g (r)= 𝐺 (𝑟 𝑇+ℎ)²
2
𝑇

(2)

com r ≥ 𝑟𝑇 .

Figura 1 : Forças existentes em um pêndulo.
Uma das hipoteses fundamentais do
modelo é que todos os atritos sejam
despreziveis, com isso o ponto se
movimenta sob a ação exclusiva da
força peso. Ao atingir sua posição de
repouso e for solto, o pêndulo promove
oscilações sob seu eixo, sua única
influencia é a massa (m). Assim a
componente da força peso, que é dado
por P.cosθ. Chegamos, desta forma a
equação 3
𝐹𝑟 = - P. senθ
(3)
O sinal negativo significa que se trata
de uma força restauradora. Sendo a
força definida pela segunda Lei de
Newton 𝐹⃗ = 𝑚𝑎⃗ e o peso P= m.g,
chega-se a equação 4
𝑎⃗ = −𝑔. 𝑠𝑒𝑛 𝜃
(4)
Em termos de aceleração angular a
equação 4 torna-se a seguinte equação:
Lθ’ = - g, senθ
(5)
𝑔
Sendo, ѡ2 = e para pequenas
𝐿
oscilações, com um ângulo em radiano,
o seno do ângulo se aproxima do valor
do próprio ângulo (senθ ≈ θ), obtendo a
equação que evidencia o movimento
harmônico simples:
θ’ + ѡ2 θ = 0
(6)
Em um pêndulo simples, que realiza
movimento harmônico simples o
período é dado por:
4𝜋²
𝑇2 = L
𝑔
(7)
Reorganizando a formula chegamos à
equação na qual permite calcular a
aceleração da gravidade, a partir do
período do pêndulo e do comprimento
do fio:
4𝜋²
𝑔= L
𝑇²
(8)
METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Para a realização do experimento
foram utilizados:
• Uma trena (Δr = 0,01 m);
• Photogate (Δr = 0,0001 s);
• Suporte de pêndulo simples;
• Fio;
• Um peso.
Para realização do experimento foi
utilizado um pêndulo simples, preso num
suporte fixo na bancada, com um peso de
massa M pendurado em uma ponta do fio e
a outra extremidade presa no suporte. Em
seguida, foi medido o comprimento do fio
com a trena, até o centro de massa do peso.
O pêndulo simples foi posicionado a um
ângulo de aproximadamente 10° e solto
em seguida. Simultaneamente a soltura do
pêndulo, o photogate foi acionado e parava
ao terminar de marcar uma oscilação.
Foram realizadas 30 medições do período
de oscilação para um mesmo comprimento
do fio e anotados cada valor obtido. Depois
de completadas as medições para um
determinado comprimento do fio, este era
trocado e repetia-se a metodologia para o
novo comprimento. O experimento foi
realizado para 6 comprimentos de fio
diferentes.
Para a classificação das grandezas como
sendo uma incerteza tipo A ou tipo B, foi
utilizada sua flutuação (∆f), que consiste na
diferença do maior valor e o menor valor
obtido e compará-los com a resolução. A
incerteza é tipo A se
Para calcular a aceleração da gravidade
a partir dos dados obtidos no
experimento, foi utilizada regressão
linear para determinar a reta que mais se
aproxima dos pontos obtidos visto que
há uma relação linear entre o período do
pêndulo ao quadrado e o comprimento
do fio.
A equação da reta é genericamente
representada pela equação
𝑦 = 𝐴𝑥 + 𝐵
(9)
Sendo os coeficientes A e B calculados,
respectivamente, por
∑ 𝑥² ∑ 𝑦−∑ 𝑥 ∑ 𝑥𝑦
𝐴= ∆

𝑌𝑚á𝑥 −𝑌𝑚𝑖𝑛 𝑁 ∑ 𝑥𝑦−∑ 𝑦 ∑ 𝑥

∆𝑓 = ˃ ∆𝑅 𝐵=
2 ∆

𝑁 ∑ 𝑥𝑦−∑ 𝑦 ∑ 𝑥
Essa incerteza representa o período T 𝐵= ∆
sendo a incerteza (𝑢𝑇 ) e é denotada pelo
desvio padrão dividida pela raiz do Onde ∆ é calculado por
número n de medições realizadas:
∆ = N ∑ 𝐿² − ∑ 𝐿²
𝑆𝑥
𝑢𝑇 = Sendo a incerteza de T² calculada pela
√𝑛
incerteza de B, as incertezas de A e B
Por outro lado, a incerteza é tipo B se foram calculadas, respectivamente, por

∑ 𝑥²
𝑌𝑚á𝑥 −𝑌𝑚𝑖𝑛 𝜎𝐴 = 𝜎𝑦 √
∆𝑓 ≤ ∆
2
∆𝑅
𝑁
𝜎𝐵 = 𝜎 𝑇² √
Essa incerteza é associada ao ∆
comprimento l é representada e
calculada pela fórmula Onde
𝑁
1
∆𝑅 𝜎 𝑇² =√ ∑(𝑦𝑖 − 𝐴 − 𝐵𝑥𝑖 )²
𝑢𝑙 = 𝑁−2
𝑖=1
√3
A incerteza tipo c, sendo obtida por
Pela equação 07, o coeficiente angular B foi
𝜕𝑓 2 isolado em função de π e g e foi obtido a
𝑢𝑐 = √∑𝑛𝑖=1 (𝜕𝑥 ) 𝜎𝑥𝑖 2
equação abaixo.
 4𝜋² Já os resultados da trena não apresenta
𝐵=
𝑔 flutuações estatísticas e portanto,
(10) recebeu avaliação do Tipo B. Para
encontrar a gravidade, foi calculada o
Pela equação 09, o valor de A foi definido período ao quadrado em determinados
como 0. Assim, g foi isolado na equação 07
comprimentos L conforme discutido e
em função do coeficiente angular B e π. A
equação 11 representa a equação da os resultados obtidos desse experimento
gravidade relacionada com o coeficiente B são mostrados na Tabela I.
e a equação 12 sua incerteza tipo C.
4𝜋²
𝑔= 𝐵 i T² (s²) uT² L (m) uL
(11) (s²) (m)

𝜕𝑔 −4𝜋2 1 1,9326 0,0016 0,480 0,012

𝜎𝑔 = √( )² (𝜎𝐵)² = √( )²(𝜎𝐵 )²
𝜕𝐵 𝐵2
2 2,4415 0,0011 0,590 0,010
(12)
3 3,4726 0,0022 0,854 0,007

4 3,9491 0,0006 0,975 0,006

Foi realizado um teste de
compatibilidade para comparar o valor 5 4,5984 0,0008 1,135 0,005
teórico da gravidade g e entre o valor
prático medido no experimento. 6 5,5166 0,0008 1,352 0,004

|𝑔𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 −𝑔𝑝𝑟á𝑡𝑖𝑐𝑜| Tabela I. Resultados da medição do

≤𝑘
√(𝜎𝑔𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 )²+(𝜎𝑔𝑝𝑟á𝑡𝑖𝑐𝑜 )²
(13)
Por fim, foi obtido o resultado final para
aceleração da gravidade
𝑔 = 𝑔𝑚 = (𝑔̅ 𝑚 ± 𝜎𝑔𝑚 ) 𝑚/𝑠²
(14)
Onde foi considerando um intervalo de
confiança de 95,5%, ou seja, k = 2,5.
RESULTADOS
Com base nos valores medidos,
verificou-se para os dados do período
uma flutuação de f = 1,8 s, maior que a
resolução do photogate e, portanto,
recebeu avaliação do Tipo A.
período T² e do comprimento L com
suas respectivas incertezas.
Como existe uma relação linear entre T²
e L, foi realizada uma regressão linear
simples a fim de se obter o coeficiente
linear e angular. Como a incerteza
relativa ∆ de L é maior do que a de T²,
ele foi escolhido como o componente Y
e T² o componente X. Após encontrados
os componentes a e b através do cálculo
da regressão linear, foi calculado a
gravidade. Após encontrar o valor, foi
realizado um teste de compatibilidade.
Através dos dados do período T² e do
comprimento L, foi feito um gráfico que
está contido num anexo. A incerteza
tipo c ao lado do coeficiente angular
resultou no valor da gravidade abaixo.
𝑔 = 9,6703 ± 0,094 𝑚/𝑠²
DISCUSSÕES
Foi adotada como referência a
gravidade fornecida pelo Observatório
Nacional 𝑔 = (9,782028 ±
0; 000023). O valor prático da
gravidade é bem próximo desse valor.
Para verificar a compatibilidade entre os
valores, foi realizado um teste de
compatibilidade cujo resultado foi 1,2,
sendo consequentemente menor do que
2,5 e, portanto, o valor encontrado é
compatível. Através da equação do
período do pêndulo T² = 4π²L/g, ao
isolar o coeficiente angular B em função
de π e g obtivemos a seguinte equação
B= 4π²/g. Pela equação da reta o valor
de A foi definido como 0. Com o valor
de B isolamos g em função do
coeficiente angular B e π, usando g =
4π²/B. Com isso calcularam-se os
valores de g e sua incerteza, através da
lei de propagação das incertezas.
Encontramos um valor prático para a
gravidade por meio dos dados obtidos
pelo experimento realizado no
laboratório de gm = (9,6703 ± 0,094).
BIBLIOGRAFIA
[1]. Apostila Metodologia Científica –
Física Experimental. Universidade do
Vale do Paraíba, São José dos Campos,
2010. Disponível em:
[2]. Regressão Linear Simples. Aula 9.
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Disponível em:
<http://www.producao.ufrgs.br/arquivos
/disciplinas/489_estaind009_regsim.pdf
>. Acesso em 08 de maio de 2018.
[3]. Observatório Nacional.
<http://www.on.br/index.php/pt-br/>.
Acesso em 08 de maio de 2018.
CONCLUSÃO
Os resultados do experimento permitem
concluir que a medição da gravidade foi
compatível, o que era esperado, devido
a relação linear entre o período ao
quadrado com o comprimento do fio,
isto é, descreveu um movimento
oscilatório do tipo Movimento
Harmônico Simples. Assim, o pendulo
simples, por se movimentar livremente
e está sujeito a apenas a força da
gravidade, é um excelente método
experimental para medir a mesma. Os
instrumentos utilizados no experimento
por meio de oscilações mostraram-se
adequados e não apresentaram valores
inadequados durante o experimento, o
que resultou na ausência de erros
grosseiros que poderiam ser gerados
pelo operador ou instrumentos. O valor
encontrado para a gravidade no
laboratório foi gm = (9,6703 ± 0,094)
m/s², sendo compatível com um índice
de compatibilidade de 95,5 %.
<http://www1.univap.br/irapuan/files/A
postila_FisExpI.pdf>. Acesso em 08 de
maio de 2018.