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1.

INTRODUÇÃO

Os alimentos transgênicos são aqueles cujas sementes foram alteradas com o


DNA (material genético localizado no interior das células) de outro ser vivo (como uma
bactéria ou fungo) para funcionarem como inseticidas naturais ou resistirem a um
determinado tipo de herbicida. Surgiram no início dos anos 80, quando cientistas
conseguiram transferir genes específicos de um ser vivo para outro.

A comercialização de transgênicos ainda é polêmica. Empresas, produtores e


cientistas que defendem a nova tecnologia dizem que ela vai aumentar a produtividade e
baratear o preço do produto, além de permitir a redução dos agrotóxicos utilizados. Os
que a atacam, como os ambientalistas e outra parcela de pesquisadores afirmam que o
produto é perigoso: ainda não se conhece nem os seus efeitos sobre a saúde humana nem
o impacto que pode causar ao meio ambiente.

Apesar de proibida a produção destes alimentos no Brasil, nada garante que o


consumidor já não esteja comendo produtos transgênicos sem saber. Eles podem estar
chegando a partir da importação de alimentos e matérias-primas de países como a
Argentina e os Estados Unidos, que já cultivam e comercializam os transgênicos há
alguns anos.

Apesar da proibição do cultivo para a comercialização de Organismos


Geneticamente Modificados (OGMs), existem no Brasil dois tipos de plantações
transgênicas: as clandestinas e as experimentais. As plantações clandestinas de
transgênicos se alastram por vários estados do Brasil, principalmente no Sul, através de
sementes contrabandeadas da Argentina e do Paraguai, onde o cultivo é liberado. O
Ministério da Agricultura não tem um levantamento do número de lavouras transgênicas
ilegais no Brasil, mas reconhece que elas existem.
2. Referencial teórico

2.1Histórico

A geração de transgénicos visa à obtenção de características específicas por um


organismo de interesse. Pelo que conseguimos apurar, a modificação genética não é tão
recente como se pensa. Há muito tempo que o homem altera a constituição genética das
plantas ao guardar as sementes para as culturas seguintes ou reproduzindo e cruzando as
variedades para obter as características desejadas, com maior durabilidade ou tamanho
dos alimentos entre outras características. DNA em 3D Contudo, a maior “revolução”
surgiu na década de 40 do século XX com a demonstração que o DNA é material
genético (demonstração feita por James Watson e Francis Crick).

Associando tudo o que tinha sido descoberto até à altura começaram a surgir as
primeiras experiências com OGM na década de 80, sendo a primeira delas a produção da
bactéria Escherichia Coli que recebeu um gene humano para a produção de insulina em
grande escala, substituindo a anterior utilização de insulina suína que provocava alguns
problemas à bactéria Escherichia Coli. Realizou-se em 1967 uma conferência em Roma,
que levou ao desenvolvimento da estrutura de DNA para melhorar os alimentos. Esta
conferência focou a sua atenção para a incapacidade mundial de produzir comida,
baseando-se nas projeções feitas pela FAO ( Food and Agriculture Organization
),empresários presentes começaram a agir realizando pesquisas para combater essa
incapacidade.

Os EUA concentraram-se em descobrir novas tecnologias para a produção de


alimentos, enquanto os países europeus investiam na química farmacêutica.

Houve uma evolução no desenvolvimento dos alimentos transgénicos, ou seja, na


sua concepção. Os primeiros transgénicos a serem produzidos não eram como os
transgénicos que atualmente se produzem. Podemos ver essa evolução no caso das
espécies vegetais. Em 2000, 99% dos OGM eram plantas que eram modificadas com o
intuito de tolerar um herbicida, ou então de produzirem um inseticida. Presentemente, a
maioria dessas plantas toleram dois herbicidas ou produzem dois inseticidas ou ainda,
conjugam a tolerância a dois herbicidas à produção de inseticidas.
“As empresas que vendem sementes modificadas garantem que os seus produtos
são fáceis de cultivar, requerem pouca aplicação de pesticidas e principalmente são mais
rentáveis. São a chave para saciar a fome que afecta mais de 800 milhões de pessoas no
mundo. “ Esta afirmação está longe de obter consenso.

As organizações não governamentais Food First, dos EUA, afirma que a fome no
mundo deve-se ao facto da má distribuição dos alimentos e não à ausência ou presença de
transgénicos. Bastaria uma distribuição adequada dos alimentos disponíveis hoje em dia
para que cada habitante recebesse uma dieta de 2,5 mil calorias por dia, afirma esta
organização.

Imagem do Google A história da origem e evolução dos OGM, é de esperar que


não acabe tão rapidamente, pelo contrário, pensamos que irá fazer parte do nosso
quotidiano, de uma forma ou de outra, queremos salientar a rapidez com que tudo se
desenvolve na engenharia genética, pois em pouco mais que duas décadas os cientistas já
conseguiram alterar geneticamente mais de uma centena de espécies comestíveis, 10% do
total existente.

Breve Histórico

1890 – Coelho nascido por transferência de embriões

1949 – Congelamento de esperma de touro

1953 – 1ª Inseminação Artificial Humana

1962 – Sapo clonado – Cels. Diferenciadas

1978 – 1º bébé de proveta

1983 – 1ª planta Transgénica

1985 – 1º suíno Transgénico

1994-1996 – libertadas comercialmente no planeta as sementes transgénicas, sector


controlado pela empresa Monsanto

1994 – 1ª fruta transgénica comercializável

1997 – DOLLY - 1º clone animal adulto


2002 – foram semeadas no mundo 58,7 milhões de hectares com sementes transgénicas
dos quais 13,5 milhões da Argentina e o restante em outros 15 países, sendo os EUA o
maior produtos de alimentos OGM.

2.2 Milho Transgênico

Milho transgênico é o milho geneticamente modificado. Após a descoberta da


estrutura da molécula básica da vida, o DNA – e a comprovação de que o código genético
correspondente é universal -, os melhoristas começaram a trabalhar, com a possibilidade
de adicionar características específicas por meio da transferência de genes de uma espécie
para outra.

Dessa forma tornou-se possível transferir ao milho genes estranhos ao mesmo


tempo, capazes de aprimorar sua qualidade nutritiva ou possibilitar adquirir resistência a
um inseto praga, à seca, ao frio, tolerância a um herbicida, etc.

Com isso, os programas de melhoramento vegetal de novas culturas ganham eficiência,


pois os cientistas podem introduzir apenas os genes de interesse que expressam uma
característica específica sem modificar os cerca de 50.000 genes existentes nas plantas de
milho receptoras do novo gene.

Até agora, a maior parte dos trabalhos com milho geneticamente modificado
envolve o controle de insetos e tolerância a herbicidas. No caso de insetos-praga, muitos
desses genes são provenientes do Bacillus thuringiensis (Bt), uma bactéria encontrada no
solo de várias regiões do Brasil. Esse microorganismo tem sido amplamente usado como
inseticida biológico na agricultura orgânica no Brasil, por meio da pulverização dos
esporos sobre a lavoura. Ela não é tóxica aos mamíferos e aves, mas apenas a insetos-
praga.

2.2.1 Vantagens

Um dos maiores objetivos e do aumento da produtividade e rendimento das colheitas;

Os alimentos podem ser enriquecidos com uma componente nutricional essencial;

Podem prevenir reduzir ou evitar riscos de doenças;


Tolerância a herbicidas, metais pesados no solo, entre outros;

Produtos mais resistentes a pragas;

Resistência a factores abióticos;

Ajuda na investigação e na compreensão de doenças e terapias e do material genético dos


seres vivos;

Criação de medicamentos através de microrganismos que não estão contaminados é


facilmente purificado, mais específico e podem ser produzidos em grande escala.

2.2.2 Desvantagens:

Descontrolo do consumo de transgénicos no mercado;

Desregulamento hormonal de outros seres vivos;

Interferência nas cadeias alimentares;

Contaminação de outras espécies silvestres;

Se o gene inserido no ser vivo não for controlado completamente, os genes da outra parte
do organismo podem ser afectados;

A engenharia genética não respeita a unanimidade de cada espécie, não assegurando a


integridade genética do futuro;

Desaparecimento de espécies (extinção);

Surgimento de super pragas (resistentes a herbicidas e insectisidas);

Possíveis casos de infertilidade;

Desconhece-se os efeitos a longo prazo;

Problemas económicos dos outros agricultores convencionais.


3. Produtos transgénicos e as suas aplicações

Os produtos transgênicos são implantados, depois da fase laboratorial, na agricultura,


pecuária e até na medicina, tendo várias aplicações para uso quotidiano e investigação.

3.1 Na agricultura:
3.1.1 Produtos resistentes a pragas e tolerância a herbicidas:

Do DNA do plasmideo TI foi retirado o gene BT (bacillus thuringiensis) e,


posteriormente, foi colocado no genoma do milho. Este gene, BT, destrói os
revestimentos estomacais das larvas e dos insetos, tal como acontece com os inseticidas
usuais. Deste modo, este milho transgénico é capaz de produzir o seu próprio pesticida,
sendo resistente a pragas. Pelo contrário, para o milho tradicional é necessário usar uma
elevada quantidade de pesticidas para combater as pragas. Esses químicos, além de
saturarem o solo, também contaminam os solos freáticos.

Também o mamão, a papaia, a batata, a soja e o algodão são fortalecidos contra


insetos que “devoram” as plantações.

A implantação de outros genes noutros organismos de espécie diferente, tem


como outra aplicação na agricultura, a tolerância a metais toxicos presentes no solo, a
geadas e outros fatores abióticos. Assim, diminui-se o risco de os alimentos serem
contaminados e, por exemplo, existir morangos no Inverno.

3.1.2 Produtos com atraso no seu amadurecimento:

São introduzidos genes à batata e ao tomate, por exemplo, que provocam o seu
amadurecimento retardado. Por exemplo, o tomate Longa Vida foi aprovado para
comercialização nos E.U.A. Esta variedade foi transformada para não amolecer durante o
amadurecimento, evitando perdas durante o transporte e o armazenamento. Esta
característica permite manter o tomate na planta até se tornar vermelho e saboroso, ao
contrário do tomate normal que é colhido verde e nunca chega a desenvolver o mesmo
sabor.

Contudo, este amadurecimento não é só um facto dos produtos transgénicos, pois também
é possível sem introdução de novos genes no DNA. Alguns agricultores utilizam os
“reguladores de crescimento” para prolongar a vida dos frutos. Esses reguladores de são
substancias quimicamente idênticas às fito hormonas e, portanto, com os mesmos efeitos
que elas.

3.1.3 Melhoria nas qualidades do produto cultivado:

Produto mais nutritivo para e saudáveis para a alimentação humana e animal;

Alimentos com melhor qualidade em fibras, sabor, aromas e no armazenamento


do amido e proteínas.

Foram implantados genes na cenoura e esta ficou mais doce, contendo doses
extras de beta caroteno.

3.1.4 aumentando o valor nutritivo dos alimentos .

Outro exemplo de melhor qualidade é o do arroz transgénico que estimula


produção de vitamina A no nosso organismo. Segundo a organização mundial de
saúde, nos países menos desenvolvidos, cerca de 500 mil crianças por ano ficam
cegas devido à escassez de vitamina A na sua dieta. O arroz desenvolvido pela
empresa Syngenta tem maior concentração de beta caroteno que faz aumentar a
produção da vitamina A no organismo de um individuo. Desta maneira, este arroz e
outros produtos podem salvar muitas crianças da cegueira. Outro produto com esta
propriedade é a soja com ômega 3, por exemplo, e a Kellog’s utiliza este grão nos
seus produtos.
4. Obtenção de plantas transgênicas
Para a obtenção de uma planta transgênica, primeiramente deve-se
identificar uma característica de interesse, presente em um organismo vivo
(planta, animal, bactéria, ...). Deve-se identificar também qual a proteína
responsável por essa característica. Em seguida, é necessário identificar e isolar o
gene responsável pela produção dessa proteína.

Características como a cor do


grão são determinadas por genes

Escolha do gene Isolamento do gene


Uma vez isolado o gene de interesse, passa-se à etapa de realização de
uma construção gênica que contém esse gene, além de algumas seqüências de DNA
(promotor, terminador) indispensáveis ao bom funcionamento da construção. Estas
seqüências são colocadas em um vetor, que geralmente é um plasmídio, o qual funciona
como suporte físico para o gene que se quer introduzir na planta.

A transferência do gene de interesse para a planta se dá em nível da


célula, e não em nível de planta inteira. A introdução ocorre no núcleo da célula,
por via assexual (ver Métodos de Transformação Genética). Posteriormente a
célula transformada dá origem a uma planta completa, durante uma fase de cultura
de tecidos vegetais in vitro, gerando uma planta transgênica, a qual contém o novo
gene em todas as suas células. Isso só é possível graças a uma particularidade da
célula vegetal, denominada totipotência, que é a capacidade de regenerar um
indivíduo completo a partir de uma única célula. Essa propriedade não é
constatada nas células animais.
5. Métodos de transferência

Existem vários métodos para a transferência de genes para plantas, como a


eletroporação de protoplastos, polietilenoglicol (PEG), microinjeção, embebição
de sementes e flores, etc. Entretanto, os métodos mais utilizados são a
transformação via Agrobacterium tumefaciens e o Bombardeamento de genes ou
Biobalística.

A escolha do método de transformaçao genética de plantas vai depender de


uma série de fatores, como a espécie (se é uma dicotiledônea ou monocotiledônea),
e sua capacidade de regeneração.

5.1 Transformação via Agrobacterium tumefaciens

A bactéria do solo Agrobacterium tumefaciens é conhecida por causar


galhas (semelhantes a tumores) em vegetais. Durante muitos anos, os cientistas
pensavam que essa doença era um tipo de "câncer vegetal" e se lançaram a
estudá-la, pensando em aproveitar os conhecimentos como um modelo para o
estudo do câncer humano. Através destes estudos, chegaram à conclusão de que
as galhas (ou tumores) eram provocadas pela transferência de genes
da Agrobacterium para as plantas, pois nas galhas passavam a ser produzidas
substâncias necessárias à sobrevivência da bactéria.
Galhas causadas por Agrobacterium tumefaciens

Assim, os cientistas começaram a utilizar este mecanismo natural para introduzir genes
de interesse nas plantas, através da utilização de cepas de Agrobacterium, das quais foram
retirados os genes responsáveis pela formação de tumores. Nessas cepas, ditas
"desarmadas", são introduzidos genes de interesse, por Engenharia Genética, para serem
posteriormente colocadas em contato com as plantas, e promover a transferência de genes
para as mesmas. Depois de entrar em contato com as bactérias, as plantas são regeneradas
por cultura de tecidos in vitro, sendo que a planta adulta contém o gene inserido em todas
as suas células.

As espécies mais utilizadas neste tipo de transformação são dicotiledôneas em geral,


como tomate, melão, batata, tabaco, cenoura, Arabidospis thaliana, entre outras.

Estratégia
5.2 Transformação por bombardeamento ou biobalística

O método de bombardeamento de genes, também conhecido como biobalística


ou aceleração de micropartículas, foi desenvolvido principalmente para a
transformação de plantas monocotiledôneas (gramíneas e cereais), as quais não são
normalmente infectadas por Agrobacterium. O DNA a ser transferido para a planta é
aderido a micropartículas de metal (ouro ou tungstênio) e estas partículas são
aceleradas, utilizando-se um equipamento chamado bombardeador ou acelerador de
partículas, e lançadas contra o tecido da planta a ser transformado. As partículas de
metal, penetram na célula levando o DNA para o interior do citoplasma, organelas e
núcleo, onde este deve se inserir no genoma da planta, resultando em uma
transformação estável.
Este é um sistema de transformação direto e mecânico; as partículas de metal são
inertes às células e qualquer tecido pode ser bombardeado. Estes tecidos são cultivados in
vitro para regenerarem uma planta completa e fértil. Milho, aveia, trigo, cana-de-açúcar,
arroz, cevada, batata, tomate e soja, são exemplos de plantas transformadas por este
método.

A integração do gene no DNA da planta é um processo complexo e não


totalmente compreendido, sendo o local da inserção do gene ao acaso e não dependente
de recombinação homóloga. Quando se utiliza o bombardeamento como método de
transferência, várias cópias do transgene podem ser inseridas no mesmo local do genoma.
O elevado número de cópias homólogas pode levar ao que se conhece como
silenciamento de gene (o gene está presente no genoma, mas é incapaz de se expressar e
produzir a proteína ou característica).
Resumo dos principais métodos

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