nome do Senhor no século 19 representariam a "Fil adélfia" de Apocalipse 3. Este é um assunto não fá cil de ser tratado, pois hoje existem até denomina ções que emprestaram para si o nome "Filadélfia" c onsiderando-se aquele exemplo de fidelidade descri to em Apocalipse 3:7-13.
Para entender quem é quem nas sete cartas de Apoca
lipse, é preciso perceber que existe uma progressã o cronológica histórica nas cartas às sete igrejas , algo que obviamente os que viveram nesses períod os não teriam condições de perceber. Mas também fo ram cartas a igrejas que estavam passando por esse s problemas localmente, mas hoje podemos perceber que o contexto era muito mais amplo. Você fará mel hor proveito do que vou dizer se acompanhar em sua Bíblia nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse.
Éfeso revela um estado de apatia da igreja por ter
deixado seu primeiro amor, Jesus. Cronologicament e ela representa a igreja do primeiro século, e se us desvios já apareciam nas epístolas da época.
Esmirna mostra que ela não recebeu reprovação, mas
consolo por ter sido perseguida. Ela representa o período do primeiro ao quarto séculos, quando os cristãos foram duramente perseguidos e martirizado s pelos imperadores romanos.
Pérgamo representa a cristandade comprometendo-se
com as instituições seculares e colocando-se à som bra do poder civil. Os cristãos se acomodaram ao m undo e passaram a habitar onde está o trono de seu príncipe, Satanás. Ali vemos pessoas com o espíri to de Balaão, buscando lucrar com as coisas de Deu s e levando o povo a tropeçar na idolatria. A dout rina dos nicolaítas podia ser um embrião do cleric alismo. Pérgamo representa o quarto e quinto sécul os, quando o imperador Constantino fez do cristian ismo a religião do império, oficializou o clero e tornando Roma a cidade referência dos cristãos.
Tiatira é a primeira carta na qual Jesus faz mençã
o de sua vinda, ao dizer “até que eu venha” (Ap 2: 25). Nas três cartas seguintes ele diz “Virei como um ladrão”, “Venho em breve” e “Estou à porta” (A p 3:3, 11, 20), dando a entender que estas quatro fases do testemunho cristão permaneceriam até sua vinda.
Tiatira é elogiada por ter muito amor, boas obras,
fé e paciência. Porém é repreendida por promover a idolatria e se prostituir, isto é, comprometer-s e com o mundo na busca de vantagens seculares. Voc ê não precisa ser grande conhecedor de história pa ra perceber que a descrição serve como uma luva ao sistema católico romano. Tiatira também admite qu e uma mulher ensine, a qual é chamada de Jezabel. Foi com o catolicismo romano que se introduziu a i deia de que a igreja ensina, o que contraria a Pal avra de Deus que proíbe a mulher de ensinar. A igr eja é feminina, é a noiva de Cristo; ela não ensin a (veja 1 Tm 2:12), ela aprende dos dons em seu me io. Jezabel continua viva e ativa como um sistema agindo nos bastidores do catolicismo e até os papa s estão sujeitos a ela.
Tiatira teve seu apogeu do sexto ao décimo quinto
século, quando veio a reforma protestante. Mas nes ta carta Jesus fala de sua vinda, dando a entender que este sistema permanecerá até o fim. É dele qu e sai o protestantismo do período seguinte, repres entado pela carta à igreja de Sardes, talvez menci onado na carta a Tiatira na expressão: "E ferirei de morte a seus filhos" (Ap 2:23), indicando que T iatira se ramificaria em igrejas que nasceriam dela.
Sardes representa o período do protestantismo e é
caracterizada como tendo nome de que vive, porém e stá morta. Apesar de ter boas coisas, como o resga te da doutrina da justificação pela fé, acabou se afastando daquilo que recebeu e ouviu. Por não ans iar pela volta do Senhor a qualquer momento, mas a creditar que o mundo precisaria antes ser cristian izado e dominado, ela será surpreendida pela vinda do Senhor como se fosse um ladrão inesperado. Est e período vai do século 16 ao 19, quando empresta alguns elementos do período seguinte, representado aqui por Filadélfia.
Filadélfia não recebe palavras de reprovação, mas
de consolo e é assegurada de ter diante de si uma porta aberta. Suas características, nem sempre adm iradas pelos homens, são elogiadas pelo Senhor. El a surge como um remanescente fraco, porém não de i niciativa de homens que se propunham a "fundar" al guma religião, mas como uma realização daquele "qu e é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave d e Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ni nguém abre" e que garante sua subsistência com "um a porta aberta, e ninguém a pode fechar" (Ap 3:7-8 ). Filadélfia tem pouca força, guarda a Palavra de Deus e está comprometida com o nome de Jesus.
Algo que caracteriza Filadélfia é seu apego à graç
a em contraste com a salvação por obras da Lei, do s chamados judaizantes que já assolavam os gálatas pregando "outro evangelho". O Senhor diz: "Eis qu e eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu fa rei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo." (Ap 3:9). Estes são os mesm os que aparecem em Esmirna, "que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás" (Ef 2: 9). Você já deve ter conhecido algum assim, que nã o prega o evangelho da graça, mas a guarda da Lei e boas obras como meio de salvação. No fim adorarã o o Senhor como todas as criaturas farão quando to do joelho se dobrará, mas não creio que aqui estej a falando de salvos, e sim dos perdidos e meros pr ofessos, que hoje são em grande número no testemun ho cristão no mundo. A passagem não está dizendo q ue irão adorar Filadélfia, mas ao Senhor. Filadélfia surge na sequência de Sardes, na virada do século 18 para o 19, como uma reação à tendênc ia da cristandade de buscar força política, descon siderar a literalidade da Palavra de Deus e dar po uca importância ao nome de Jesus como o único cent ro de reunião. Se no período da reforma protestant e Deus havia usado Sardes para resgatar a verdade da justificação pela fé, escondida debaixo de sécu los de romanismo, no século 19 muitas verdades for am trazidas à tona por Filadélfia, em especial as que dizem respeito à doutrina da igreja revelada a o apóstolo Paulo, à imutabilidade das promessas fe itas por Deus a Israel, o povo terreno de Deus tem porariamente deixado de lado, ao Nome de Jesus com o centro de reunião dos crentes, e à origem e voca ção celestial da Igreja.
Não há como negar que o período do século 19 corre
sponde a irmãos que recuperaram algumas das verdad es que estavam entulhadas em séculos de catolicism o e protestantismo. Até mesmo a proliferação do ev angelismo se deu nessa época, que também foi quand o muitos cristãos passaram a simpatizar com o povo terreno de Deus, Israel, até então perseguido, es poliado e morto por católicos e protestantes. A in fluência dos ensinos dos irmãos do século 19 podem ser percebidas na mudança de tratamento dado pelo s britânicos à questão sionista que culminou na cr iação do Estado de Israel em 1948.
Em seu livro "Planet Earth - Final Chapter" Hal Li
ndsay escreve a respeito da "Declaração de Balfour " de 1917, assinada pelo então secretário britânic o dos Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, que seria o ponto de partida para o restabelecime nto dos judeus em sua própria terra:
"Lord Balfour havia se tornado um ávido crente na
interpretação literal da profecia bíblica, através da influência do extensivo ministério de John Dar by. Como consequência ele cria que Deus não iria m entir ao povo judeu quando prometeu que iria levá- los de volta à sua própria terra e restabelecer a nação de Israel. Lord Balfour, com a assistência d e outro membro do Parlamento chamado Lord Lindsay, que também cria nas promessas literais da profeci a bíblica, havia exercido uma influência considerá vel sobre seus colegas no sentido de procurar ajud ar a estabelecer um lar para os judeus".
Obviamente, por maior que fosse a boa vontade dess
es homens, ainda não seria na fundação do Estado d e Israel em 1948 que Deus iria concretizar sua pro messa de levar o povo de volta à terra. Darby deix ou claro em seus escritos que a real volta de Isra el à terra seria quando estivessem arrependidos e convertidos ao seu Messias e Rei Jesus.
Portanto, se a influência daqueles irmãos do sécul
o 19 não é muito popular hoje isso decorre do fato de terem erguido bandeiras que na época também nã o eram nem um pouco populares entre católicos e pr otestantes. Essas bandeiras incluíam o amor por Is rael e proteção dos judeus, como também a da verda de de que todo crente em Cristo é um sacerdote, o que joga para escanteio qualquer pretensão clerical.
Mas repare que não é Filadélfia que diz de si mesm
a ser alguma coisa, e sim o Senhor que diz isso de la. Então não creio que algum irmão no século 19 i ria, de sã consciência, afirmar-se como tal, e jam ais passaria pela cabeça deles criar uma "igreja" denominada "Igreja Filadélfia", como há muitas por aí. Das sete igrejas de Apocalipse a única que di z ser alguma coisa é Laodiceia, e isso não é nem u m pouco bem visto pelo Senhor.
É sempre abominável alguém dizer que é isso ou aqu
ilo nas coisas de Deus, porque se somos ou temos a lguma coisa é por pura graça. Gabar-se de ser, faz er e acontecer é o espírito de Laodiceia. Devemos sempre caminhar em humildade, nos considerando com o aquele servo inútil dos evangelhos que não fez n ada mais do que lhe tinha sido designado. Um funci onário que cumpre seu dever todos os dias não faz mais que sua obrigação.
O erro da cristandade como um todo (e hoje somos t
odos Laodiceia, sem exceção) foi o mesmo dos judeu s. A posição de privilégio que tinham recebido de Deus no passado era deles unicamente por graça, e não por merecimento. Mas eles se acharam os tais, e Deus precisou discipliná-los por isso. A cristan dade não deixou por menos e acabou se achando a do na do mundo, e no que diz respeito ao seu testemun ho na terra será totalmente repudiada pelo Senhor, que tirará de seu meio os verdadeiros salvos no a rrebatamento, e deixará o restante aqui na forma d a Grande Meretriz, a Babilônia de Apocalipse. A di ferença é que para Israel haverá restauração, e pa ra a cristandade não.