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ESPELHO DA PROVA

1 – CAMPO DE INVESTIGAÇÃO ANTROPOLÓGICA

Antropologia significa etimologicamente “estudo do homem”, ou melhor,


da humanidade (ANTROPO: homem, LOGIA: estudo) e é de fato a ciência que
tem como objeto de observação os aspectos e estruturas da vida social em
culturas, comunidades, tribos, sociedades e quaisquer outros grupos distintos
de organização humana. O campo de investigação da Antropologia é
extremamente vasto, visto que essas organizações sociais humanas estão
espalhadas por todos os espaços geográficos habitáveis, basta apenas haver
um antropólogo pesquisador interessado em realizar seu trabalho com o grupo
social o qual se pretende analisar e um canal de comunicação baseado numa
relação recíproca com este tal grupo para que o trabalho antropológico seja
realizado.

2 – EVOLUCIONISMO CULTURAL

O Evolucionismo Cultural, entre outros aspectos, foi uma corrente


teórica da Antropologia que tentou explicar o fenômeno da diversidade cultural.
Seguindo uma perspectiva etnocêntrica, os autores evolucionistas em
Antropologia acreditavam que as culturas que divergiam da cultura europeia
estavam na verdade em um processo de evolução hierárquico e linear que se
completaria quando se adequassem ao modelo europeu de sociedade.
Desenvolvida mais ou menos no final do século XIX, a teoria evolucionista
propunha uma unidade psíquica da humanidade, o que significa dizer
basicamente que todos os povos passariam unilinearmente por estágios de
desenvolvimento sociocultural semelhantes, do mais primitivo modo de vida ao
mais complexo (o europeu).

O expansionismo colonial europeu provocou, entre as diversas


modificações no curso da história que já conhecemos, o principal
acontecimento para o reconhecimento da variabilidade cultural: o contato
interétnico. Esta diversidade cultural entretanto não foi tratada de maneira
positiva e ocasionou, violenta e gradativamente, um processo de dominação
por parte do europeu aos indivíduos nativos (tidos como “selvagens”) e essas
sociedades não ocidentais foram em sua maioria subjugadas e posteriormente
condicionadas à se reestruturarem sob molde da cultura europeia.

Este contato interétnico pressupôs não somente novas relações entre


grupos distintos, mas também uma espécie de emergência científica, pois as
diferenças culturais precisavam ser explicadas de maneira cabível. A partir
desta emergência, teóricos e intelectuais das já existentes ciências sociais
direcionaram seus estudos a este fenômeno cultural e nessa perspectiva a
cultura passou a ser concebida como instrumento diferenciador das
sociedades. O estudo do mundo social se aliou à concepções já aceitas pela
comunidade acadêmica da Europa, como por exemplo a teoria evolucionista da
biologia de Darwin, as ideias de progresso abarcadas pelo positivismo de
Comte e o método filosófico comparativo e a principal característica dos
ensaios evolucionistas em Antropologia era a tendência a reduzir as diferenças
culturais a estágios históricos de um mesmo caminho evolutivo (onde o grau
mais avançado seria a cultura europeia).

3 – LEVI-STRAUSS

A concepção de etnocentrismo segundo Lévi-Strauss é o sentimento de


superioridade e até mesmo aversão e desprezo a culturas diferentes. Em toda
história da humanidade, é fácil notar posturas etnocêntricas sendo adotadas
por muitos grupos e sociedades durante os contatos interétnicos que marcam
as relações de diversidade cultural, como bom exemplo, o contato dos
europeus com os nativos das Américas, onde existia uma relação de
dominação advinda de concepções eurocêntricas, classificando como
selvagens os que não partilhavam de valores ocidentais. Influenciados pelas
moções de evolucionismo, os ocidentais estabeleceram (de acordo com suas
concepções epistemológicas, construções tecnológicas e avanço industrial)
uma ideia de escala evolutiva que trata a diversidade cultural do mundo como
apenas um dos estágios de um desenvolvimento que tem por objetivo atingir o
padrão ocidental de cultura, assim nascendo o conceito de evolucionismo
social.

4 – LARAIA

Como bem ressaltado por Laraia, fazendo um apanhado do começo até


este tópico do livro, a cultura é um instrumento de identificação do sujeito
social. Através de todo um conjunto de símbolos, concepções morais,
costumes cotidianos e particularidades sistemáticas, a cultura é a
expressão da identidade de um indivíduo e seu povo.

Em “Como Opera A Cultura”, Laraia faz um recorte interessante a


respeito das principais questões de estrutura e particularidades da cultura,
abordando desde sua organicidade até à forma como é incorporada pelos
indivíduos. Duas características importantes sobre cultura dispostas nesta
segunda parte do livro serão ressaltadas em primeiro lugar, apesar de
estarem organizadas como os dois últimos tópicos: a cultura é dinâmica e
tem uma lógica própria em cada civilização.

Todo sistema cultural está propenso a modificações, internas e externas,


porque ele é composto por construções humanas (e seres humanos) que
estão em constante transformação. A dinâmica do próprio sistema cultural
já pressupõe subsídios para mudanças (mesmo que incorporadas em
ritmos lentos) e um outro condicionante forte para transformações dentro de
um sistema cultural é o contato com outros sistemas culturais (que tem um
caráter mais brusco e, historicamente, incisivo), contato este que de
maneira quase inevitável, acarreta mudanças fortes em determinadas
construções culturais. Ao afirmar que cada cultura funciona sob uma lógica
própria, Laraia quis dizer que cada sistema se estrutura através de uma
organização lógica de funcionamento por ele mesmo determinada, e que
tentar transferir a lógica de um sistema para outro é um indício primário de
etnocentrismo.

Partindo para a forma em como a cultura é incorporada pelos indivíduos


que nela estão inseridos, afirma-se primeiramente que, como uma lente, a
cultura condiciona a visão de mundo do indivíduo. Tudo aquilo que o ser
humano reproduz socialmente e como, por que e pra quê reproduz é
produto de herança cultural histórica. Um dialeto linguístico, um padrão
comportamental de gênero, uma tendência organizativa e as formas de
divisão de trabalho, por exemplo, são aspectos condicionados pela cultura
de determinada sociedade. Essa influencia é tão fortemente absorvida que
até na interpretação e execução de aspectos biológicos, como
necessidades fisiológicas (beber, comer, dormir, etc.) ou até mesmo em
fatores mais complexos (vida e morte), existe determinação cultural.

A cultura, portanto, além de ser conjunto principal da formação identitária


de um indivíduo e/ou de uma coletividade, é uma das maiores ferramentas
de socialização existentes, pois através do compartilhamento de costumes,
sistemas de valores e até mesmo a empatia e o sentimento de
pertencimento a “uma mesma raiz” se constrói mais facilmente um canal de
comunicação e interação entre membros de uma mesma sociedade.

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