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I. JUSNATURALISMO
De forma genérica pode-se afirmar que as escolas “moralistas” entendem que o Direito é predeterminado por “leis naturais” não
escritas. Contudo, considerando esse grande campo que denomina de “escolas moralistas” ou “jusnaturalistas”, pontua-se uma
divisão binária em dois outros campos que encerram tipos de jusnaturalismo:
1. JUSNATURALISMO ANTIGO
Na visão dessa primeira modalidade de jusnaturalismo, a concepção de Direito Natural se funda nas “leis da natureza”,
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(leis do universo, seres vivos, fauna, flora) determinando que estas regem a realidade e conseqüentemente, ato normativo escrito
nenhum terá validade se contrariar algumas dessas leis.
Exemplo: A mãe é a única que pode engravidar. Somente ela possui leite materno. Trata-se assim de uma regra natural da
natureza completamente irremediável.
2. JUSNATURALISMO MODERNO
Parte da idéia comum da existência de direitos naturais anteriores às leis dos homens;
Contudo nessa perspectiva, se apresentam como Direito Ideal definido como “conjunto de normas justas e corretas que
devem fazer parte do Direito Positivo”;ou seja, oriundas do aspecto moral, seja religioso ou baseado na razão (racional), algo
relacionado à natureza do homem, da humanidade e não à “natureza cosmológica”.
Como se percebe, o ideal seria que os homens nascessem livres, mas em regimes escravistas esta poderia não ser a regra
legal. Tais preceitos são utilizados em busca de uma “justiça universal” que pertence à humanidade, a partir de uma compreensão
do direito natural que busca uma natureza ideal para o homem.
A diferença está no critério de análise: a primeira modalidade parte de algo considerado natural que pode ser
supostamente constatado pela observação da “natureza externa” ao homem.
Na segunda modalidade, o que é atribuído como natural é algo idealizado e centrado exclusivamente no campo de valores,
uma natureza interna do homem.
3. JUSNATURALISMO GREGO
Como se sabe, apesar de diversas, todas essas visões possuíam como ponto comum a “pré-concepção de uma natureza bem
organizada”- a conhecer, que é regida por determinada ordem.
Os Direitos naturais eram assim o corpo de normas invariável, de validade geral (universal), tendo como fundamento a
justiça e a razão e os limites impostos pela própria natureza.
Para os gregos o Direito natural é anterior à “comunidade política”, e a própria sociedade, tendo como fundamento uma
ORDEM que é o COSMOS, que é o mundo das regras naturais/universais.
Exemplo 1: Na Grécia, a mulher era considerada inferior na legislação sob a justificação de sua “notória” vulnerabilidade
física perante um homem.
Exemplo 2: O Escravo na Grécia era naturalmente uma pessoa incapaz de se conduzir sem ajuda de um senhor, aí
estando sua natureza inferior.
A escola medieval representa uma ruptura com a primeira modalidade de jusnaturalismo (grego). De forma didática se
apresenta as principais diferenças na tabela abaixo:
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COSMOLOGIA ANTIGA COSMOLOGIA CRISTÃ
Os homens são mortais. O mundo é imortal. Em O homem é o centro e é imortal: o mundo é finito.
razão disso o homem deve explorar os prazeres. O homem transcende o mundo. Dessa forma de
negar os prazeres.
O período foi regido pelo heliocentrismo O período foi regido pelo teocentrismo.
Reconhecida a importância das análises, adentra-se em correntes ideológicas do “jusnaturalismo moderno”. Neste sentido,
para a corrente jusnaturalista, os direitos são anteriores mesmo ao surgimento do Estado, tendo acompanhado o homem desde o
seu surgimento. Assim existiriam normas anteriores e superiores em relação ao Direito estatal posto.
Em sua obra, ANDRÉ DE CARVALHO RAMOS, faz análise de duas correntes do Jusnaturalismo: a do Direito Natural de
inspiração divina e Direito Natural de inspiração racional. A Escola medieval se insere nessa primeira corrente:
A grande referência dessa visão são os estudos de responsabilidade do teólogo SÃO TOMÁS DE AQUINO.
Para este, “[...] a lex humana deve obedecer a lex naturalis, que era fruto da “razão divina”, mas perceptível (observável)
pelos homens”. Assim, pode-se dizer que o fundamento do Direito seria a natureza dos homens e o que há de natural, “comum”
entre os homens é o fato de que todos são “filhos de Deus”.
Existiu entre o Século XVI até o Século XVIII, movimento denominado “jusnaturalismo racionalista”, florescido em um
contexto social, político e econômico da queda do regime monárquico e implementação do capitalismo. Neste período surgiam as
ciências exatas e biológicas a partir do método empírico. Para tais pensadores, o Direito é uma ordem pré-estabelecida decorrente
da natureza do homem e da sociedade.
A razão humana é o meio adequado para descobrir os fundamentos que devem nortear as regras na sociedade. Neste
pensamento pode-se dizer que a razão substitui a divindade. Na literatura esse período ficou conhecido como o da “morte de Deus”.
Trata-se do período do surgimento do jusnaturalismo racionalista nos séculos XVI à XVIII responsável pela ruptura como a religião
enquanto ordem social.
Com a chegada do Antropocentrismo foi natural a transição das fontes do Direito que eram oriundas da religião e
estipuladas pelo próprio Deus à um novo paradigma em que a fonte de obtenção dessas regras passa a ser a razão e sua criação é
orientada pela natureza humana. Tendo como precursor HUGO GRÓCIO, apontado como um dos fundadores do Direito
Internacional moderno, o racionalismo sustentou no decorrer do Século XVI, a existência de um conjunto de “normas ideais” que
são frutos da “razão humana”.
Assim esse Direito Natural seria revelado pela própria razão e por isso, o direito dos legisladores humanos encontrava
como obstáculo, a lei imutável e eterna que é a razão. HUGO GRÓCIO é apontado como o fundador do jusnaturalismo moderno,
rompendo com a visão teológica de “natureza”. A partir de sua proposta, o natural é o racional. Segundo sua célebre visão: “Mesmo
que se dissesse que Deus não existe, os fundamentos valorativos continuariam válidos, pois decorrem do homem e da própria
sociedade”.
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II.CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
A sociologia no contexto do conhecimento científico surge como corpo de idéias que se preocupou desde sempre com o
processo de constituição e desenvolvimento do sistema capitalista. Sendo assim, é fruto da revolução industrial, buscando dar
respostas aos problemas trazidos por essa revolução, esta que teve como objeto, primeiramente a Europa e posteriormente o mundo
todo.
É necessário compreender que a Sociologia não surge “do nada” como obra de um autor iluminista específico: ela é
resultado de uma série de conhecimentos sobre sociedade e natureza discutidos a partir do Século XV em função de uma série de
transformações significativas que alcançaram a dissolução da sociedade feudal.
1) Expansão marítima;
2) Reformas protestantes;
3) Formação dos Estados Nacionais;
4) Grandes navegações e comércio ultramarino;
5) Desenvolvimento científico e tecnológico;
Nos séculos XV e XVI o conhecimento racional do universo e da vida dos homens em sociedade passa a ser uma regra
implementada em meio a uma mudança lenta de embates contra o dogmatismo da igreja. Essas novas formas ficaram registradas
na forma do pensamento dos autores modernos das ciências naturais e biológicas e comentários sobre a sociedade, afinal,
oficialmente não havia ainda uma sociologia.
Nos Séculos XVII e XVIII, com o crescimento da demanda pelos manufaturados, os organizadores da produção passam a
se interessar cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas, visando produzir mais com menos gente, alcançando mais lucro.
Esse período foi marcado pelo aparecimento de diferentes máquinas, inicialmente à vapor, responsáveis por fazer o
trabalho que as pessoas faziam, promovendo alterações no processo produtivo, concentrando-se cada vez mais no trabalho
assalariado, imprescindível no sistema fabril, inclusive o da mulher, ao passo que na América, o trabalho continuava escravo ou
servil. A transformação na produção e também as decorrentes da Revolução americana, e Francesa, bem como a emergência de
novas formas de organização política firmas as características desse século.
No século XIX com a consolidação do capitalismo mundial é que surge a sociologia como ciência, no pensamento de Saint
Simon (1760-1830) e de Hegel (1770-1830) e David Ricardo (1772-1823), elo necessário para Auguste Comte e Marx desenvolverem
suas teses.
Abaixo se inicia o estudo dos fundadores da Sociologia Moderna de grande utilização pela Sociologia Jurídica.
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1.AUGUSTE COMTE
Período: Século XVIII-XIX. Foi um sociólogo francês influenciado pelas ciências naturais-biológicas.
Alterou a visão da sociologia que era uma visão analítica e passa a propor uma visão sintética. Dessa forma determina uma
nova concepção do estudo da sociedade a partir de uma modelo de ciência sintética. Isso significa que a forma de análise utilizada
pela Sociologia deixa de verificar fatos específicos e passa a analisa a sociedade como um todo. Contudo surgiu uma primeira
dificuldade metodológica relacionada ao objeto de tal ciência que seria toda a sociedade (em todos os períodos históricos).
Visão teleológica evolucionista – influenciado pelo eurocentrismo, COMTE determina um ponto de maior desenvolvimento e
de menor desenvolvimento na história das sociedades. Os modelos de sociedade que não se enquadrassem no modelo europeu de
sociedade não poderia ser considerada evoluída. Assim, o maior exemplo de sociedade desenvolvida era a Europa Industrial do
século XIX. Esse entendimento foi muito difundido pela Europa para justificar o imperialismo, a intolerância e o racismo com os
povos não europeus que foram objeto do imperialismo e do neocolonialismo.
EXEMPLO: Quando a Inglaterra ou alguma potência da Europa ocidental investia contra a soberania de algum país (no caso
da Inglaterra pode ser mencionada CHINA e ÍNDIA), a justificativa, por incrível que pareça foi o ALTRUÍSMO. Ou seja, na
justificativa dos imperialistas europeus, era o sentimento de pena que norteava as intervenções com a finalidade de transformar
países menores em colônia dependentes. Pela intervenção seria possível civiliza-los.
Os modelos históricos de sociedade que não possuísse as características da sociedade europeia não seria considerada
“evoluída”. Assim esta era a “ordem natural” de toda sociedade: caminhar para as características da sociedade europeia do Século
XIX.
Toda sociedade deveria considerar essa “ordem natural” e tentar acelerar esse percurso mediante o “progresso”, que seria a
evolução de um ponto “menos desenvolvido” para o “mais desenvolvido” em alguma sociedade.
Dessa forma, o autor em questão não concorda com a visão que consente que os conflitos sociais ou mudanças sociais são algo
natural, pois trabalha com o conceito de ordem.
Foi o primeiro professor de Sociologia da França. Considerado por muitos como o “continuador” do trabalho de COMTE, se
situando dentro do Positivismo. Ainda na proposta positivista inaugurada por COMTE, procurou equiparar a Sociologia às Ciências
Naturais substituindo “evolucionismo” por “funcionalismo”. Assim, parte da observação e exame de dados objetivos, buscando
assim a OBJETIVIDADE.
Em sua visão, o sociólogo não pode aferir o caráter psicológico, individual, subjetivo, mas sim, os dados objetivos (que não
comportam questionamento). Em sua visão teórica a compreensão da sociedade parte da análise das suas influências sobre o
homem e como isso funciona.
Apesar de se situar no positivismo, aderiu ao Funcionalismo, abandonando o “evolucionismo” trabalhado por COMTE.
Seguindo o método funcionalista. Apesar de não haver em sua obra previsão explícita ao “modelo organicista” por se situar no
funcionalismo é possível conceber as característica de sua teorização sobre a sociedade, a partir de tal critério (modelo organicista). 5
MODELO ORGANICISTA :
Apesar de não ter mencionado de forma explícita, a lógica funcionalista pode ser compreendida a partir do modelo
organicista:
CONCEITOS BÁSICOS
FATOS SOCIAIS
Para DURKHEIM, o principal objeto de estudo da Sociologia são os FATOS SOCIAIS (maneiras de agir e pensar que
influenciam o indivíduo apesar de serem externos aos indivíduos). Fatos sociais são instituições, responsáveis por fazer com que
determinados comportamentos sejam conservados, mantidos em acordo com as exigências sócias. Institui-se assim o
comportamento adequado nas pessoas.
a. Coercitividade - A coerção é a força que os fatos possuem: ela nos obriga a nos conformar com as regras impostas pela
sociedade, como foi dito nos exemplos citados. A coerção existe através das sanções (punições) impostas aos que se
rebelam. Essas sanções podem ser leves (exemplo: desobedecer aos pais/ficar de castigo), ou graves (cometer um
crime/ser preso),
A coercitividade é considerada ruim para quem a sofre, mas é uma das ações humanas mais importantes para o
progresso da humanidade: sem ela, a maioria da população seria analfabeta, ignorante, violenta, etc. Sem ela, os filhos
não respeitariam os pais, nem os pais educariam os filhos, a produtividade do trabalho seria baixíssima, a preguiça, a
violência e a ignorância grassariam no meio do povo.
b. Exterioridade - são exteriores e superiores às pessoas. Podemos exemplificar com atos normativos ou religião, mídias ,
partidos, propagandas;
c. Generalidade - Os fatos sociais se manifestam através da natureza ou consciência coletiva ou um estado comum ao
grupo, a exemplo, os sentimentos e a moral. "É social todo fato que é geral." A generalidade de um fato social, ou seja,
sua unanimidade é garantia de normalidade na medida em que representa o “consenso social”, a “vontade coletiva”, ou o
acordo de um grupo a respeito de determinada questão.
O normal é aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a
consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de ter uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade
sobre o indivíduo deve permitir a realização deste, desde que consiga integrar-se a essa estrutura.
Assim, se todas as sociedades possuem os fatos sociais se questiona o que determina a diferenciação entre
elas, já que as sociedades nunca foram idênticas?
CONCIENCIA COLETIVA
Segundo DURKHEIM, o que determina a distinção entre as sociedades é a consciência coletiva. Seria uma espécie de elo,
tecido necessário que se forma entre os fatos sociais e lhe dá um sentido. É decifrando a consciência coletiva que se decifra uma
sociedade.
Não há como decifrar uma sociedade se o sociólogo a ler a sociedade mediante somente as instituições, é necessário decifrar o
consciente coletivo. A consciência coletiva represente um consenso sobre “certo e errado” , “bom e mal” o moral e o imoral, o lícito e
o que é considerado criminoso em uma sociedade, representando a essência moral da mesma.
SOLIDARIEDADE
Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o desenvolvimento de uma solidariedade entre seus
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membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral acaba definindo a
norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam
do trabalho coletivo.
A partir do normal, Durkheim analisa o patológico. As sociedades modernas são doentes porque sofrem de anomia. Estão
submetidas a mudanças tão bruscas e marcantes que o conhecimento coletivo não estabelece um corpo de regulamentação
adequado. Ante a imensa massa de homens que uma nação moderna representa, o indivíduo só pode sentir-se solitário: o suicídio
procede de causas sociais e não individuais. Segundo DURKHEIM, a solidariedade acontece quando as várias partes da sociedade
trabalham em conjunto buscando a harmonia social.
Solidariedade mecânica
As funções são intercambiáveis entre si, pois há baixa diversidade entre as funções que podem ser desenvolvidas pelos
indivíduos nesta sociedade. Em razão dessa baixa diversidade, diz-se que facilmente pessoas poderiam ser substituídas por outras,
para a realização de alguma função.
Em razão disso, DURKHEIM defende que as pessoas se sentiam mais “parte”, mais integradas na sociedade, nestes períodos.
Solidariedade orgânica
Trata-se de uma sociedade marcada pelo racionalismo. Nessa sociedade há um aumento na diversidade das funções sociais;
O indivíduo não se sente parte do todo. A sociedade exigia mais do que a sociedade pode ofertar. Fato anômico/patológico.
ANOMIA
É a sensação de ausência de norma, orientação social. As pessoas não conseguem identificar que norma social seguir.
Normalmente ocorre antecedendo uma mudança social. Os fatos sociais são anormais quando conduzem à anomia, ou seja, quando
abalam o consciente coletivo, a harmonia, o consenso. A anomia é uma doença social, uma patologia. Exemplo: situação na
Alemanha ao término da segunda guerra mundial.
SUICÍDIO
Apesar de violar a consenso social sobre o que é considerado certo, justo, o crime é uma fato social normal quando ocorre
dentro dos limites normais. Certa quantidade de criminalidade é normal em uma sociedade e até importante, pois permite a re-
afirmação dos valores morais tidos como corretos, justos. Neste sentido pode inclusive trazer uma atualização ou aperfeiçoamento
para o Direito. Contudo, se for em grandes escalas, a conduta considerada crime pode abalar o consciente coletivo conduzindo a
anomia, momento em que o crime deixará de ser normal.
Diferente da visão de Beccaria, para Durkheim, a pena não tem como fundamento a retribuição (com o mal pagar o mal que
fez à sociedade) nem a prevenção geral (prevenir pelo exemplo que outros cometam tal conduta), mas sim é uma reação pré
determinada de reprovação à conduta que ofende os valores mais importantes. Pode ser meramente moral ou realizada por
instituições jurídicas como o sistema penal.
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3.MAX WEBER (1864-1920)
O Sociólogo alemão encontrou a Alemanha em um contexto atribulado – unificação alemã até o período da 1ª Guerra
Mundial. Inicialmente pode-se dizer rompeu com o modelo positivismo e voltado para a OBJETIVA proposto por COMTE e
DURKHEIM. Para WEBER, a ciência humana é uma ciência que trabalha com a noção de SUBJETIVIDADE.
Assim o sociólogo deve trabalhar com a OBJETIVIDADE POSSÍVEL e não total. A segunda ruptura se relacionou à
metodologia evolucionista/teleológica, pois para ele não linha evolutiva – isso é impossível. Rompe assim com a visão positivista
“reificadora”. Com isso surge a SOCIOLOGIA COMPREENSIVA.
Para compreender a sociedade é necessário compreender a conduta do indivíduo, o que os motiva a se comportar de
determinada forma, o sentido social da conduta. Por isso dizem que o mesmo lançou mão do “individualismo metodológico”. É o
indivíduo que cria o padrão social.
Contudo a responsável por conceder os “sentidos sociais” em cada sociedade é ética ou espírito que mudou em cada época.
Atualmente vivemos a ética ou espírito do capitalismo.
SOCIOLOGIA COMPREENSIVA
A partir dessa visão, a realidade social comporta um universo de aspectos diferentes. Trata-se a realidade de um “feixe
inesgotável de fatos” infinitos e varias possiblidades de análise. Assim, um determinado entendimento de uma pesquisa ou de um
sociólogo nada mais é do que um recorte, uma análise pontual que se utiliza para se explicara algo. Corresponde somente à um
determinado aspecto da realidade, não havendo “explicações totais”.
Para facilitar a compreensão da sociedade e partindo da metodologia compreensiva criou os “tipos ideais”, recortes da
realidade que permitem compreender o sentido social que motiva as condutas.
CONCEITOS BÁSICOS
AÇÃO SOCIAL
A ação social é um conceito weberiano. Trata-se de um ação dentro do contexto social, entretanto, de um indivíduo à outro e
tem como objetivo um resultado, embora este não tenha qualquer certeza na previsibilidade.
RELAÇÃO SOCIAL
São práticas reciprocamente aceitas entre vários indivíduos ativando um contexto coletivo e recíproco.
A relação social é composta de ação social. O que muda ão os calores coletivos ou individuais.
TIPO IDEAL
O tipo ideal é a leitura de um determinado aspecto da sociedade e conceitua em um tipo “idealizado”. Trata-se assim de um
recorte conceitual que o sociólogo faz para compreender a realidade. Trata-se assim de um instrumento para compreender a
realidade – esta que é composta por diversos fenômenos sociais (sociologia compreensiva).
Sobre a interação entre Ciência e política entende que nenhuma das duas está mais certa, nem mais próxima da realidade.
Cada uma tem sua prática. Neste sentido, o cientista estuda o ser e o político o dever ser. Tanto a política quanto a ciência são tipos
ideais.
a. Aos fins – é compreender uma ação em relação a finalidade que se busca com ela. Ex: fazer a faculdade para se tornar
um profissional. Fazer um cursinho para passar em um concurso.
b. Afetividade – Compreende um ação a partir de motivos que estão no campo das emoções. Ex: Crime passional. 8
Sacrificar algo por outra pessoa. Professor que dá aula por sentir prazer;
c. Tradição – Quando a motivação está relacionada a um costume, tradição. Exemplo: Um profissional que escolhe
trabalhar em uma área específica porque sua família também trabalha; Casar na igreja.
d. Valores – quando a motivação está relacionada ao valores que uma pessoas entende como importante. Exemplo:
político que luta pela liberdade ou democracia. Professor que leciona por admirar a educação.
PODER E DOMINAÇÃO
Para WEBER, o poder é a possibilidade de determinar a conduta de outros. Para se exercer o poder deve ser ter uma
“qualidade”, um “algo a mais” que convence as pessoas a observar. Isso ocorre mesmo em uma situação do dia-a-dia como por
exemplo em uma conversa. Quem usa a palavra submete os outros a escutá-la. Mas quando outra pessoa toma a palavra o poder é
passado de mão. A dominação ocorre quando se consegue efetivamente a obediência das pessoas.
A dominação é realizada nas sociedades e atualmente exercida pelos Estados modernos que trouxeram uma dominação sem
precedentes. WEBER destaca tipos de dominação:
a. Dominação carismática – aquela que é efetivada a partir das qualidades carismáticas de líderes. Como por exemplo
pastores ou celebridades. Ocorreu no período da igreja.
b. Dominação tradicional – A que se fundamenta na tradição como por exemplo a dominação no período da monarquia.
c. Dominação Legal, burocrática – É a realizada pelos Estados modernos que utilizam um direito mais racionalizado, mais
sistemático que se impõe (direito positivo) também com o auxilio da burocracia.
A burocracia é o poder de escritório, ou seja, organizações racionalizadas e hierárquicas que buscam otimizar o exercício de poder.
Um exemplo disso é a própria administração pública.
5. MARX /ENGELS
Marx inovou nas ciências sociais propondo o materialismo histórico enquanto metodologia. A partir de tal método, se opôs
ao idealismo de Hegel que propunha que a realidade é fruto das idéias e sua dialética (troca). Para Hegel, é pela troca de idéias
que as sociedades evoluem.
Já Marx partiu do materialismo: no sentido de que a realidade é explicada pela luta pelos bens e pelas coisas, bem como dos
meios de produção. Analisando historicamente, percebeu que o aumento da produção na sociedade moderna e aliado a isso, o
surgimento do direito de propriedade colocou os meios de produção em mãos de somente uma parcela da sociedade, levando a
uma luta de classes; Sua dialética propõe assim classes hegemônicas e classes dominadas.
CRÍTICA À ECONOMIA POLÍTICA
Um dos trabalhos mais importantes e reconhecidos de Marx foi a crítica a economia política.
Marx percebeu que houve uma substituição de fundamento na sociedade. Antes era o contrato e depois passa a ser a
economia política;
Na sociedade com base no contrato social todos são livres e iguais em uma sociedade baseada em normas jurídicas. Todos
abrem mão de exercer certas liberdades para que a sociedade possa ser harmônica. Fundamento nas teorias contratualistas.
CRÍTICA
Com base nessas premissas MARX propôs que não havia igualdade pois nem todos eram proprietários, e sim os burgueses.
Além disso não havia liberdade pois todos estavam condenados a trabalhar para sobreviver, não havendo uma opção. Todas as
comportamento é hetorômico, não havendo espaço para inovação.
Com isso Marx conclui que há desigualdade social, estabelecida como saldo de uma luta de classes. A exploração se dá com a
“mais valia” – Segundo essa visão, o valor produzido pela força de trabalho, pela mão de obra é apropriado somente pelos
detentores dos meios de produção. A princípio o proletário vende sua capacidade de trabalho à burguesia. Entra aí o conceito de
mais valia ou sobre valor. O sobre valor acontece porque o trabalhador não recebe pelo total que produziu ao vender seu trabalho.
Assim o dono dos meios de produção enriquece. Ao final quem paga essa diferença é o próprio trabalhador para adquirir os serviços
conduzindo o proletário a um condição de escravidão.
Burguês são os que são donos dos meios de produção. Proletário é o que vende a mão de obra. Dominação – acontece
mediante a luta de classes (que sempre existiu, sendo que a que ocorre entre burguês e proletário é a última.
A análise da sociedade em MARX começa pela INFRAESTRUTURA ou seja a base econômica. Essa estrutura ideológica
imediata é a SUPERESTRUTURA que deriva da ECONOMIA. Não se pode dizer que é um determinismo econômico pois a
interação e as influências são recíprocas entre SUPER e INFRAESTRUTURAS.
A partir desses pressupostos conceituais MARX passa a estudar as características do capitalismo criticando-o. Para isso,
insere em seu trabalho uma análise científica de como se formou o capitalismo.
MARX INVERTE A DIÁLETICA DE HEGEL – Marx entende que o “progresso” das sociedade, o apogeu represente o
momento de maior dominação na sociedade. Os êxitos sociais do progresso em uma sociedade estão diretamente relacionados aos
tipos de dominação relacionados. Assimo que há na sociedade é uma luta de classes em que a burguesia domina o proletariado.
DIALÉTICA MARXISTA:
Sem a desigualdade – derivada do fato da burguesia ser dona dos meios de produção – é possível viver sem uma luta de
classes.
ÚLTIMA ETAPA: COMUNISMO – Um Estado não será necessário, pois não haverá classes, sendo esta a plena liberdade: A
propriedade e o Direito não existirá.
OBSERVAÇÃO: Para MARX o Direito não seria muito aprofundado no comunismo, pois sua tendência seria desaparecer.
No período do capitalismo MARX entendeu o Direito como um discurso que assegura a dominação, uma vez que este é
fruto do Estado e o Estado é burguês.
Dessa forma o Direito existe para garantir a manutenção do status quo, ou seja, a dominação burguesa.
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