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Acessibilidade Digital no Ensino de IHC

Simone Bacellar Leal Ferreira¹ Carolina Sacramento¹,²


¹Universidade Federal do Estado do ²Fundação Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro (UNIRIO) Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro, Brasil carolina.sacramento@fiocruz.br
simone@uniriotec.br
RESUMO muita dificuldade, informações de qualidade. Essa
A inserção da temática acessibilidade em currículos dos necessidade de qualidade na informação foi tornando a
cursos da grande área Ciência da Computação pode interface com o usuário uma parte fundamental dos sistemas
contribuir para a formação de profissionais e pesquisadores de informação. Por constituírem um veículo de comunicação
mais conscientes da importância de desenvolver tecnologia com a Internet, através do qual uma variedade de informação
inclusiva. Este artigo apresenta uma breve reflexão sobre a é transmitida a pessoas espalhadas por diversas regiões do
relevância desta incorporação, além de apresentar a trajetória mundo, as interfaces com o usuário devem possibilitar o
do Núcleo de Acessibilidade e Usabilidade (NAU) da acesso de qualquer pessoa, independentemente de suas
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) capacidades físico-motoras e perceptivas, culturais e sociais.
na formação de profissionais e pesquisadores conscientes da Ou seja, devem ser projetadas em conformidade com as
diversidade de pessoas que interagem com a tecnologia, e a diretrizes de acessibilidade e com foco na usabilidade.
experiência do NAU na disponibilização de conteúdo
científico acessível na web. Obter interfaces que atendam a muitos usuários não é trivial,
uma vez que existe uma diversidade de pessoas com
Palavras-chave expectativas e necessidades distintas. No final dos anos 90,
Tecnologia inclusiva; Ensino; Acessibilidade. esforços começaram a ser conduzidos para promover a
ACM Classification Keywords acessibilidade na web. Surgiram leis em diversos países,
H.5.m. Information interfaces and presentation: como Portugal [12] e Estados Unidos [9], e também no
Miscellaneous. Brasil [1,2,3], determinando que todo conteúdo eletrônico
fosse oferecido em formato acessível para pessoas com
INTRODUÇÃO deficiências ou pessoas que acessam em condições
Com a abertura da Internet comercial, na década de 90, o uso peculiares de uso, como baixa conexão. Essas leis têm como
dos computadores se popularizou. Com a Internet comercial, objetivo eliminar barreiras de acesso a qualquer pessoa e
o número de usuários cresceu vertiginosamente; os encorajar o desenvolvimento de tecnologias acessíveis,
problemas de usabilidade passaram a ser tantos que as assim como de soluções adaptáveis para tecnologias não-
pessoas não sabiam identificar se os obstáculos encontrados acessíveis.
ao interagirem com os computadores eram dificuldades
naturais decorrentes de uma nova tecnologia ou se eram Para orientar os projetistas na elaboração de sistemas
consequências de maus projetos de interfaces. As acessíveis foram criadas recomendações e diretrizes, como
dificuldades causadas por novas tecnologias sempre as “Diretrizes para a Acessibilidade de Conteúdo na Web”
existirão, mas as provenientes de maus projetos de interfaces (WCAG 2.0- Web Content Accessibility Guidelines),
podem ser minimizadas se forem considerados os aspectos propostas pelo comitê internacional W3C, que regula os
da interação das pessoas com os sistemas e orientando-se assuntos ligados à internet [36]. No âmbito nacional, foi
esses projetos à usabilidade e acessibilidade [8]. realizado um estudo comparativo das normas internacionais
de acessibilidade, o que resultou no “Modelo de
Com a web, as pessoas passaram a procurar todos os tipos de Acessibilidade do Governo Eletrônico” (e-MAG) [10].
informação; sendo que com o decorrer do tempo, elas foram
ficando exigentes e desejando cada vez mais, encontrar, sem Contudo, mesmo com leis e recomendações direcionadas ao
tema, ainda há uma grande lacuna na produção de conteúdo
Permission to make digital or hard copies of all or part of this work for web acessível. Diversas pesquisas comprovam este cenário
personal or classroom use is granted without fee provided that copies are
not made or distributed for profit or commercial advantage and that
no contexto brasileiro [5,7,16].
copies bear this notice and the full citation on the first page. To copy A dificuldade de entendimento das recomendações por
otherwise, or republish, to post on servers or to redistribute to lists,
requires prior specific permission and/or a fee. IHC'17, Extended desenvolvedores e produtores de conteúdo, bem como sua
Proceedings of the 16th Brazilian Symposium on Human Factors in complexidade, são fatores que podem contribuir para a baixa
Computing Systems. October 23-27, 2017, Joinville, SC, Brazil. adesão de sites e sistemas web a padrões de acessibilidade
Copyright 2017 SBC. ISBN 978-85-7669-406-9 (online). [4]. Essas dificuldades podem estar relacionadas a ausência
de tópicos relacionados à acessibilidade nas disciplinas de
Interação Humano-Computador (IHC) em currículos de

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cursos de graduação e pós-graduação da grande área da abordagens mais sistemáticas e proativas para a provisão de
Ciência da Computação. A inserção desses tópicos permitiria acessibilidade levou ao conceito de design para todos, um
que os estudantes fossem orientados sobre a importância de esforço consciente e sistemático de desenvolver tecnologia
considerar a diversidade de usuários e formas de interação acessível e utilizável por todos os cidadãos, evitando a
no desenvolvimento de software. necessidade de adaptação a posteriori, ou design
especializado [28].
O objetivo deste artigo é propor uma reflexão sobre a
importância que a temática da acessibilidade tem na ENSINO DE ACESSIBILIDADE: TRABALHOS
formação de profissionais e pesquisadores de Ciência da RELACIONADOS E IMPORTÂNCIA DO TEMA
Computação, apresentando a trajetória do Núcleo de A importância da incorporação do tema acessibilidade em
Acessibilidade e Usabilidade (NAU) da Universidade currículos de cursos na área de Ciência da Computação tem
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) na formação sido explorada em pesquisas da área.
de profissionais e pesquisadores de sistemas de informação, Nos primórdios da computação, a comunicação do homem
com foco em IHC e acessibilidade e a experiência do NAU com a máquina era puramente textual, realizada por meio de
na disponibilização de conteúdo científico acessível, que comandos e de respostas a perguntas geradas pelo próprio
resultou na conquista do Prêmio Todos@Web em 2016. sistema. Com o tempo, foram surgindo interfaces menos
INTERAÇÃO HUMANO-COMPUTADOR E hostis, dotadas de menus e submenus que apresentavam uma
ACESSIBILIDADE série de opções [8].
IHC é a disciplina que estuda os aspectos e problemas Com o desenvolvimento do hardware e com o maior
envolvidos no projeto, avaliação e implementação e uso de conhecimento sobre os fatores humanos e seus impactos no
interfaces de sistemas computacionais. Seu objetivo é
projeto de sistemas, as interfaces evoluíram, passaram a
compreender como as pessoas, independentemente de suas
incluir mecanismos gráficos e se tornaram mais fáceis de
capacidades físico-motoras e perceptivas, culturais e sociais,
serem usadas. Embora fáceis de usar, se tornaram bem mais
interagem com computadores, estudando-se para isso as complexas. Toda essa sofisticação implica projeto, produção
formas, meios e processos envolvidos no uso de sistemas e manutenção inerentemente difíceis, posto que, quanto mais
computacionais em computadores e demais artefatos como
detalhadas, maior a riqueza de layout de tela e de técnicas de
equipamentos eletrônicos, automóveis, prédios, roupas etc
interação. Por essa razão, o desenvolvimento de interfaces
[26]. Logo, a acessibilidade de sistemas faz parte de IHC.
vem se tornando uma das tarefas mais complicadas e caras
Como um dos objetivos de IHC é compreender como as do processo de desenvolvimento de sistemas interativos
pessoas interagem com a tecnologia, deve-se considerar a Este fato, aliado a grande quantidade de pessoas com
diversidade de usuários nas ementas de disciplinas de IHC, deficiências no mundo e a existência de leis, em diversos
dando oportunidade aos alunos de aprender sobre países, que visam a inclusão deste público, inclusive em
acessibilidade e design para inclusão [21]. meio digital, amplia a relevância desta temática nos
Além dos aspectos técnicos envolvidos na interação das currículos de computação, dado a atuação direta desses
pessoas com a máquina, vários outros fatores devem ser profissionais no desenvolvimento de software e tecnologia
estudados. Logo, a disciplina IHC é multidisciplinar envolve assistiva [14,21].
as áreas de Ergonomia e Design, Psicologia, Comunicação Em 2002, Lazar [15] já mencionava a responsabilidade dos
Social e muitas outras [27], mas o seu ensino deve ter cursos de sistemas de informação em sensibilizar alunos
orientações específicas para cada tipo de curso. quanto as necessidades dos usuários com deficiência na
Acessibilidade é a possibilidade de qualquer pessoa usufruir interação com sistemas, sugerindo a inserção da temática
dos benefícios de uma vida em sociedade, [18], incluindo o acessibilidade em disciplinas como Análise e Design de
uso de tecnologias da informação e comunicação. Sistemas, Web Design, e-Commerce, Interação Homem-
Usabilidade, por sua vez, é a característica que determina se Computador e Ética na Computação, comuns em cursos de
o manuseio de um produto é fácil e rapidamente aprendido, sistemas de informação [15].
dificilmente esquecido, não provoca erros operacionais, Posteriormente, Rosmaita [23] propôs uma abordagem
satisfaz seus usuários, e eficientemente resolve as tarefas pedagógica, denominada acessibilidade primeiro
para as quais ele foi projetado [19]. Acessibilidade é um pré- (accessibility first), para uma disciplina de web design dentro
requisito fundamental da usabilidade, uma vez que não pode do curso de computação de sua universidade. A disciplina foi
haver uma interação ideal se não houver possibilidade de organizada em torno da exigência de implementar páginas
interação em primeiro lugar [28]. web acessíveis para usuários com deficiência visual [23].
Nos esforços tradicionais para melhorar a acessibilidade, o Em 2009, pesquisadores da Escola de Computação da
direcionamento era permitir que os usuários com deficiência Universidade de Dundee, na Escócia, propuseram que a
utilizassem interfaces desenvolvidas originalmente para acessibilidade estivesse completamente integrada ao
usuários sem deficiência, com apoio de tecnologias de currículo de Ciência da Computação de forma que a temática
assistência (ou tecnologia assistiva). A necessidade de não fosse considerada como um tópico separado, mas como

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parte integrante do projeto e desenvolvimento proposto ao para melhorar o desempenho dos trabalhadores de uma
aluno em quatro anos do curso de graduação [38]. forma mais produtiva e mais natural. O objetivo de incluir o
estudo específico de IHC nos programas de sistema de
A inserção de acessibilidade em cursos de computação se
informação é formar estudantes capazes de participar do
tornou prática comum em universidades norte-americanas,
desenvolvimento de sistemas através da especialização em
contudo eram iniciativas isoladas, até que Putnam et al. [21]
projetos e avaliação de interfaces com o usuário.
investigaram e divulgaram as diferentes abordagens para o
ensino de acessibilidade, a partir de entrevistas com Ensino e pesquisa
pesquisadores de quatorze universidades norte-americanas Em 2007, com a criação do mestrado de Informática na
de alto padrão [21]. UNIRIO, surgiram diversas linhas de pesquisa com o
objetivo de oferecer a seus alunos a oportunidade de
Uma outra ação norte-americana que merece destaque é a realizarem pesquisas em áreas de ponta da Computação.
AccessComputing. Trata-se de iniciativa financiada pela Dessas linhas surgiu o Núcleo de Acessibilidade e
National Science Foundation (NSF), que ampliou seus Usabilidade (NAU).
objetivos iniciais (relacionados formação e inserção de
alunos com deficiência no mercado, mais especificamente, O NAU é um grupo de pesquisa científica em IHC com foco
na área de computação) para uma perspectiva de mudança nos aspectos de usabilidade e acessibilidade de sistemas de
curricular dos cursos de computação. Há a intenção de apoiar informação. Seu objetivo é, através de suas pesquisas, formar
instrutores de Ciência da Computação, de todos os níveis e pesquisadores e profissionais de TI preocupados em projetar
em todo o país, na incorporação de acessibilidade e design sistemas fáceis de usar e acessíveis.
universal em seus cursos [14]. O NAU foi criado em 2006 com uma pesquisa sobre
Embora não exista um levantamento similar ao de Putnam et facilitação do acesso de deficientes visuais às informações na
al. (2016) [21] no Brasil, trabalhos publicados no Workshop web. Hoje as pesquisas englobam novas deficiências como
de Ensino de Interação Humano-Computador (WEIHC) do motoras, cognitivas e auditivas, além de aspectos
Simpósio IHC, demonstram uma tendência do tema relacionados ao analfabetismo e ao envelhecimento. O
acessibilidade fazer parte do conteúdo da disciplina de IHC núcleo possui inúmeros trabalhos publicados, já formou
[6,17,20,22,24]. dezenas de mestres e já faz parte de um programa de
doutorado. Trata-se de uma longa jornada no caminho de
Revisões sistemáticas de literatura feitas sob anais de uma tecnologia verdadeiramente inclusiva.
conferências nacionais, como o Simpósio Brasileiro sobre
Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (Simpósio Graduação
IHC), demonstraram um aumento no número de trabalhos Interação Humano-Computador começou a ser ministrada
publicados sobre acessibilidade, o que aponta para uma em 2006, mas não com este nome, e sim como parte de outra
preocupação crescente sobre a temática por grupos de disciplina. O conteúdo de “Produtividade Pessoal em
pesquisa no Brasil [11,41]. Sistemas” foi adaptado para que incluísse IHC. Foi só em
2007, com a mudança de curriculum, que passou a ser uma
Grandes empresas de tecnologia da informação também têm disciplina obrigatória para o bacharelado de sistemas de
demandado por profissionais com conhecimento em informação. Desde os primórdios, IHC contemplou
acessibilidade [14,38]. Empresas como Yahoo, Adobe, acessibilidade em sua ementa. Mais de dez bacharéis fizeram
Facebook e Microsoft têm indicado acessibilidade como pré- seu trabalho de conclusão de curso em acessibilidade
requisito de contratação [14,38]. Mesmo em empresas
brasileiras de desenvolvimento de software, pode-se Mestrado e Doutorado
observar ofertas de emprego que valorizam profissionais que Desde a criação do mestrado, IHC faz parte do curriculum e
conhecem acessibilidade. Uma busca informal e rápida no aborda acessibilidade. Em 2008 foi criada também uma
Portal Vagas.com, retornou uma oportunidade para disciplina específica para acessibilidade, porém como sendo
“Desenvolvedor Java Pleno” no Rio de Janeiro, indicando um tópico especial.
ser desejável conhecimento em acessibilidade [33]. O curso cresceu e hoje já conta com 21 mestres em
TRAJETÓRIA DA UNIRIO NO ENSINO DE IHC E acessibilidade além de cinco doutorandos e cinco
ACESSIBILIDADE mestrandos.
Os cursos de graduação e pós-graduação da UNIRIO
destacam-se pelo fato de apresentarem como área de Site do NAU
concentração a pesquisa em Sistemas de Informação (SI). Em 2016, por iniciativa da coordenadora do grupo e de
alunos de pós-graduação, foi criado o site do NAU com o
Os cursos de SI visam, entre outros aspectos, formar objetivo de disponibilizar para a comunidade científica todas
profissionais capazes de desenvolver e gerenciar sistemas de as publicações e trabalhos desenvolvidos pelo grupo de
informação que colaborem para organização atingir seus forma acessível.
objetivos, criando melhores condições para a instituição em
termos de competitividade e contribuindo significativamente O NAU possui diversas publicações, dentre livros, capítulos
de livros, artigos de revistas científicas e periódicos, artigos

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de congressos ou conferências, relatórios técnicos, A navegação por teclado também foi realizada nos diferentes
dissertações de mestrado e trabalhos de conclusão de curso templates do site, para garantir que nenhum conteúdo
de graduação. Embora muitos desses trabalhos estejam estivesse restrito ao uso do mouse.
disponíveis na Internet, a maioria dos
Premiação do NAU no Todos@Web
repositórios/eventos/revistas científicas nos quais estes As ações empreendidas no site do NAU foram reconhecidas
trabalhos foram publicados possuem conteúdos não com a premiação do site no Prêmio Todos@Web, na segunda
acessíveis. colocação da categoria “Projetos Web – Governamental”
Para garantir o objetivo principal de disponibilizar para a [30].
comunidade todos os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de O prêmio é uma iniciativa do Centro de Estudos sobre
forma acessível, foi criado um guia com instruções de como Tecnologias Web (Ceweb.br), do Núcleo de Informação e
acessibilizar documentos do Microsoft Word para apoiar o Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e do Comitê Gestor da
processo de acessibilização das publicações [25]. Internet no Brasil (CGI.br) em parceria com o escritório
O processo de acessibilização do passivo de publicações foi brasileiro do W3C. O objetivo é conscientizar os
realizado pelos autores e voluntários (integrantes do NAU), desenvolvedores sobre a importância de criar páginas
convocados por e-mail a participar de um mutirão de acessíveis a todos, homenagear e reconhecer publicamente
acessibilização. as ações e autores que tornam a experiência de navegar na
internet mais inclusiva [31].
Orientados pelo tutorial, os autores e realizaram
modificações necessárias para garantir que a versão do autor, O site passou por três importantes momentos, até o anúncio
de distribuição permitida, estivesse acessível no site. final do Prêmio. No primeiro momento, o site foi analisado
por ferramentas automatizadas que verificaram a correta
Durante o processo, uma aluna de doutorado ficou à codificação do site, no que diz respeito às linguagens HTML,
disposição dos autores e voluntários para esclarecer dúvidas CSS e aspectos de acessibilidade; no segundo momento,
sobre o procedimento. Após o procedimento acessibilização especialistas em acessibilidade web, incluindo pessoas com
no Microsoft Word, as publicações foram exportadas para deficiência, avaliam a acessibilidade e a usabilidade do site.
formato PDF e disponibilizadas no site. Neste momento, os jurados indicaram aspectos que poderiam
Atualmente, estão disponíveis no site cerca de 130 melhorar ainda mais a acessibilidade do site, dando o prazo
publicações Novos trabalhos científicos escritos pelos de 10 dias para ajustes. No terceiro e último momento, os
membros do núcleo devem, obrigatoriamente, incorporar as finalistas fizeram a defesa presencial do projeto aos jurados,
boas práticas sugeridas no guia, como um pré-requisito do um dia antes da cerimônia de premiação.
grupo de pesquisa, de maneira que as novas incorporações A Figura 1 ilustra o troféu recebido e a Figura 2 o grupo, no
no site sejam nativamente acessíveis. dia da premiação, após o anúncio final do júri.
O desenvolvimento do site foi norteado pelas recomendações
de acessibilidade para o conteúdo web (WCAG 2.0) do W3C
e teve todos os templates (conjuntos semelhantes de páginas)
que compõem o site validados por ferramentas
automatizadas como: validadores de HTML [34] e CSS [35]
do W3C; validadores de acessibilidade Access Monitor [32]
e WAVE [39] e validadores de contraste Luminosity Colour
Contrast Ratio Analyser [13] e Colour Contrast Analyser
[29].
Em complemento à validação automatizada, foram
empreendidas validações manuais, utilizando o checklist de
acessibilidade WCAG 2.0 do WebAIM [40] por um
especialista em acessibilidade. As validações (automatizada
e manual) consideraram um exemplo de página para cada
template.
Além disso, a visualização do site foi testada em dispositivos
móveis (smartphones: LG com Android, iPhone e Windows Figura 1 Troféu 2° lugar. Prêmio Todos@Web
Phone e tablet iPAD) e em diferentes navegadores,
considerando os mais populares (Microsoft Internet
Explorer, Google Chrome, Mozilla Firefox, Safari e Opera)
[37].

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2018/2015/lei/l13146.htm, acesso 30 Agosto 2017.
4. Rocio Calvo, Faezeh Seyedarabi, e Andreas Savva.
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Figura 2 Componentes do NAU na premiação http://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/cgibr-
nicbr-censoweb-govbr-2010.pdf, acesso 30 Agosto
CONCLUSÃO
2017.
Este artigo propôs uma reflexão sobre a importância que a
temática da acessibilidade tem na formação de profissionais 6. Thiago Adriano Coleti, Renata Miranda França, e
e pesquisadores da grande área Ciência da Computação e Marcelo Morandini. 2014. Relato do ensino de IHC no
apresentou a trajetória do NAU da UNIRIO na formação de curso de Técnico em Informática do SENAI. Anais do V
profissionais e pesquisadores de sistemas de informação, Workshop sobre Ensino de IHC - XIII Simpósio
com foco em IHC e acessibilidade. Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas
Computacionais, 30–33.
Dentre as contribuições do NAU para a comunidade
científica e para as pessoas com deficiência ou necessidades 7. Simone Bacellar Leal Ferreira, Marie Agnes Chauvel, e
específicas de interação destacam-se sua experiência e Marcos Gurgel do Amaral Leal Ferreira. 2006. e-
pioneirismo na criação de um site construído sob os padrões Acessibilidade: Tornando Visível o Invisível. Anais do
de acessibilidade do W3C e principalmente, na XXX Encontro Nacional dos Programas de Pós-
disponibilização integral de pesquisa científica acessível. Graduação em Administração.
Além disso, o NAU atua diretamente na formação de 8. Simone Bacellar Leal Ferreira e Ricardo Rodrigues
profissionais de sistemas de informação (em níveis de Nunes. 2008. e-Usabilidade. LTC, Rio de Janeiro.
graduação, mestrado e doutorado) que se transformam em 9. General Services Administration. Section508.gov.
multiplicadores de acessibilidade web nos meios Disponível em: https://www.section508.gov/, acesso 30
profissionais e acadêmicos onde convivem. Agosto 2017.
Discutir acessibilidade web na comunidade de IHC, 10. Governo Eletrônico. 2014. eMAG - Modelo de
enriquece e enfatiza a importância da temática em pesquisas Acessibilidade em Governo Eletrônico. Disponível em:
científicas, que muitas vezes são utilizadas como referência http://emag.governoeletronico.gov.br, acesso 30 Agosto
na construção de produtos e serviços web. 2017.
É fundamental que a comunidade de IHC seja unânime ao 11. Cleusa F. Granatto, Marynea A. P. Pallaro, e Sílvia A.
reconhecer a importância que a temática tem na formação Bim. 2016. Acessibilidade Digital: Revisão Sistemática
dos alunos. Indo mais além, é relevante reivindicar que a dos Artigos do Simpósio Brasileiro sobre Fatores
Sociedade Brasileira de Computação considere a inserção da Humanos em Sistemas Computacionais. Anais do XV
acessibilidade como conteúdo obrigatório nos cursos da Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em
grande área Ciência da Computação. A formação de Sistemas Computacionais.
profissionais conscientes da diversidade da população 12. Instituto Nacional para Reabilitação. Decreto-Lei n°
brasileira e suas demandas, contribui para a constituição de 163/2016. Disponível em:
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