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1 – Objetivo
Emitir parecer sobre Nota Técnica nº5/2016-CNPASA, a qual trata da possível criação
da tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) em tanques redes nos reservatórios do
Estado do Tocantins.
2 – Contextualização
Foi encaminhada a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos a Nota Técnica,
em epígrafe, a qual traz informações ambientais e econômicas quanto a criação de
tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus), em sistemas de tanque-rede, bem como sua
posição de destaque na produção da aquicultura nacional.
A Embrapa Pesca e Aquicultura, ao final da referida nota, se posiciona favorável ao
cultivo de tilápia-do-nilo em sistema de tanque-rede nos reservatórios do Estado do
Tocantins, mostrando-se propícia a uma articulação com vistas à atualização da
legislação estadual vigente, uma vez que a mesma não permite o cultivo da tilápia-do-
nilo em tanque rede. Cabe ressaltar que em reunião realizada pela plenária do COEMA,
em dezembro de 2016, foi apresentada pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura do Estado do Tocantins a mesma proposta
emanada pela Embrapa.
Diante de tais solicitações a Diretoria de Instrumentos e Gestão Ambiental da Secretaria
de Meio Ambiente e Recursos Hídricos encaminhou, em 23 de janeiro de 2017, para
análise da Câmara Técnica Permanente de Licenciamneto e Qualidade Ambiental a
Nota Técnica nº5/2016-CNPASA.
A Câmara Técnica Permanente de Licenciamento e Qualidade Ambiental possui
membros do (i) Ministério Público Estadual, (ii) Instituto Natureza do Tocantins, (iii)
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (FAET), (iv) Instituto
Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA
Câmara Técnica Permanente de Licenciamento e Qualidade Ambiental - CTPLQA
1Unidade Geográfica Referencial (UGR): consiste na área abrangida por uma bacia hidrográfica ou, no
caso das águas marinhas e estuarias, faixas de águas litorâneas compreendidas entre dois pontos da costa
brasileira.
Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA
Câmara Técnica Permanente de Licenciamento e Qualidade Ambiental - CTPLQA
3.2-Legislações Estaduais
Estado de Goiás
A Nota Técnica nº. 5/2016-CNPASA faz menção ao processo de criação de tilápia-do-
nilo, nos reservatórios de Serra da Mesa e Cana Brava (Goiás), contudo, a referida nota
não traz dados mais detalhados de como tal atividade vem sendo desenvolvida.
Assim, objetivando maiores esclarecimentos de como vem sendo executado o cultivo de
tilápia-do-nilo nos reservatórios de Serra da Mesa e Cana Brava foi realizada no período
de 13 a 15 de março de 2017, visita técnica aos projetos de piscicultura Vereda e a
Empresa Lak’s Fish.
Os procedimentos para o licenciamento datilápia-do-nilo em tanque-rede nos
reservatórios de Serra da Mesa e Cana Brava pautam-se no decreto nº 7.862, de 22 de
abril de 2013.
Estado do Pará
O Estado do Pará representa 30% da Bacia Tocantins-Araguaia. A lei que dispõe sobre
a Política Pesqueira e Aqüícola, regulando as atividades de fomento, desenvolvimento e
gestão ambiental dos recursos pesqueiros e da aqüicultura no estado do Pará, trata-se da
Lei nº. 6.713, de 25 de janeiro de 2005, a qual traz a seguinte redação no seu art. 29,
inciso II:
Art. 29. Para todas as classes aqüícolas considera- se como atividade ilegal:
II – cultivo de espécies exóticas em sistemas abertos;
Assim, tendo em vista o disposto no inciso II do art. 29 da Lei nº. 6.713/2005 a
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Câmara Técnica Permanente de Licenciamento e Qualidade Ambiental - CTPLQA
Estado do Maranhão
Atualmente, o Maranhão não possui legislação estadual específica que regule a criação
de tilápia-do-nilo em tanque rede, por exemplo, seguindo, dessa forma, o que dispõe a
legislação federal (Resoluções CONAMA nº. 413/2009 e nº. 459/2013, Portaria nº. 027-
N/2003).
Ressalta-se que a obra da UHE-Estreito, empreendimento citado na Nota Técnica nº.
5/2016-CNPASA, foi licenciada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, e conforme prevê a Lei complementar nº.
140, aquele que concedeu a licença para a instalação do empreendimento é que fará sua
fiscalização. É importante, todavia, mencionar que até o presente momento não
houveram licenças emitidas, por parte do IBAMA no tocante a utilização do lago da
UHE citada.
jurídica, que por ação ou omissão, degradar o meio ambiente, não exclui a sua
obrigação de reparar o dano causado.
Os dispostos nos incisos I e II da Lei n°. 8.464/2006 tratam da proibição quanto à
introdução de espécies que possam afetar a bacia hidrográfica, a exemplo de espécies
exóticas como a tilápia-do-nilo.
Welcomme (1988), afirma que espécies exóticas podem diminuir os estoques de
espécies nativas ou até mesmo resultar em extinções locais por meio de alterações no
habitat, competição por recursos, predação, transmissão de patógenos e parasitas, e
degradação genética de espécies nativas.
Estado do Tocantins
No que tange o ordenamento legal para as atividades de pesca e aquicultura, o Estado do
Tocantins possui a Lei Complementar nº. 13, de 18 de julho de 1997 e a Resolução
COEMA nº. 27, de 22 de novembro de 2011. Essa última dispõe sobre o licenciamento
Ambiental para a atividade aquícola, no Estado do Tocantins, sendo que seu art. 14 traz
a seguinte redação:
Art 14. As atividades e empreendimentos de aquicultura em sistemas de tanques redes
somente serão permitidos quando houver a utilização de espécies autóctones ou espécies
alóctone introduzidas.
Mesmo na ausência de evidências negativas decorrentes da introdução de espécies
exóticas, a exemplo da tilápia-do-nilo, a prudência deve prevalecer (princípio da
precaução), em razão das dificuldades e custos associados à remoção de uma espécie
indesejável.
tanque rede no reservatório de Serra da Mesa, este primeiro licenciamento ambiental foi
realizado para uma unidade experimental voltada para capacitação de mão de obra junto
aos pescadores e agricultores familiares no municipio de Uruaçu – GO. Após esse
primeiro licenciamento, outros processos de licenciamento ambiental para a produção
de tilápia em tanque-rede nos reservatórios de Serra da Mesa e Cana Brava foram
autorizados pelo órgão ambiental do estado, para os municipios de Colinas do Sul,
Niquelândia e Minaçu.
Para a renovação das licenças já emitidas ocorreram alguns problemas junto aos
produtores tendo em vista que orgão ambiental estadual não concordava em liberar o
cultivo da tilápia no reservatório, apesar de já haver emitido outras licenças como já
relatado, o mesmo alegava que o IBAMA deveria emitir um parecer quanto ao cultivo
da espécie nos reservatórios.
No fim de 2015, após inúmeras reuniões com secretários de nível estadual, federal,
Ministério Público Estadual, conseguiu-se a regularização da espécie para o cultivo em
Tanques-rede, a qual tem como fundamento legal o Decreto da SECIMA – GO
7.862/2013, no qual se incluem as condicionantes para o cultivo da espécie em sistema
de Tanques-rede, no reservatório Serra da Mesa. Hoje a atividade de produção de peixes
em tanques-rede começa a se consolidar na região, com grandes empresários do ramo
agropecuário investindo na produção de proteína animal de pescado visando a grande
demanda pelos polos consumidores, os índices zootécnicos e a lucratividade
proporcionada pelo cultivo da espécie.
entre 2x2x1,8 (7,2 m³ de volume total) 3x3x1,8 (16,2 m³ de volume total) e tanques em
teste com volume 3x6x3 (54 m³ de volume total).
O empresário atua em quase todos os elos da cadeia produtiva da espécie, onde este
produz as formas jovens no município de Goianésia – GO, dos quais abastece sua
empresa e demais produtores da região, e também realiza o processamento do pescado
em um entreposto, realizando a retirada do filé para comercialização. Esse entreposto
tem a capacidade de processamento de até 20 toneladas/dia e hoje processa na faixa de 8
a 9 toneladas/dia. Essa ociosidade de produção segundo o empresário está relacionado
ao seu projeto não estar funcionando na capacidade máxima (1.000 tanques-rede) e pela
escassez de matéria-prima no presente momento. Hoje o reservatório de Serra da Mesa
está com o volume de 10% de sua capacidade hídrica.
Conforme relatos do proprietário hoje o custo operacional total por quilo de tilápia
produzida está variando entre R$3,70 a R$3,80/kg com um preço pago pelo frigorífico
de R$5,00 a R$5,50/kg em peixes de 800 gramas a cima. A piscicultura Veredas hoje
emprega diretamente 12 funcionários fixos e entorno de 12 empregos pontuais em
manejos pré-agendados como a despesca, vacinação, dentre outros. Calcula-se que é
necessário cerca de um funcionário para cuidar de cada 30 a 50 tanques-rede e que a
cada um emprego direto gerado pela atividade são gerados cercade 10 empregos
indiretos (dados dos técnicos da Secretaria da Agricultura de Niquelândia e
técnico da Aquaplan).
5.1.1-Descrição da produção
Segundo dados coletados com os funcionários da empresa, hoje o ciclo de cultivo da
tilápia na região varia entre seis a sete meses de cultivo, do alevino de três a quatro
gramas, até o tamanho de abate (média de 800 gramas).
As formas jovens (alevinos) vão para os tanques-rede menores e ficam alocados em
águas com menores problemas com ondas ocasionadas pelo vento (banzeiro) para que
se tenha um melhor desenvolvimento e redução de mortalidades nessa fase. Utilizam-se
os berçários dentro dos viveiros para evitar-se a fuga dos animais e proporcionar um
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hormonal para reversão sexual e dentre muitas outras medidas que precisariam ser
melhores estudadas.
Ressalta-se a preocupação do Naturatins, que como órgão executor da politica de meio
ambiente, avalia os projetos apresentados a fim de se manifestar quanto a liberação de
licenças, conforme legislação vigente e estudos ambientais elaborados pelos
Responsaveis Técnicos – RTs. Estes devem se embasar em informações cientificas e
conhecidas para fornecer propostas de mitigação de impactos que gerem segurança
técnica e juridica no caso da emissão dos atos e possam de fato servir ao propósito do
licenciamento ambiental que é o desenvolvimento de atividades com mínimo de
impacto ao meio natural.
Diante do cenário atual de falta de informações científicas sobre o real impacto da
criação de espécies exóticas e potencialmente invasoras, a exemplo da tilápia-do-nilo, a
prudência deve prevalecer pelo princípio da precaução, em razão das dificuldades
e custos associados à remoção de uma espécie indesejável.
7- Recomendações
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