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2017­6­9 Direito a saber Direito.

: Suspensão do Processo

Suspensão do Processo

SUSPENSÃO DO PROCESSO

CONCEITO

        Ocorre a suspensão do processo quando um acontecimento voluntário
ou  não  provoca,  temporariamente,  a  paralisação  da  marcha  dos  atos
processuais.

        Ao contrário dos fatos extintivos, no caso de simples suspensão, tão
logo  cesse  o  efeito  do  evento  extraordinário  que  deu  causa  a  suspensão,  a
movimentação do processo se restabelece normalmente.

        A suspensão inibe o andamento do feito, mas não elimina o vínculo
jurídico  emanado  da  relação  processual,  que  mesmo  inerte  continua  a
subsistir com toda sua eficácia.
 
                Assim,  nenhum  prejuízo  sofrem  os  atos  processuais  anteriormente
praticados  que  permanecem  íntegros  e  válidos  à  espera  da  superação
dacrise.

                Destarte,  os  prazos  iniciados  antes  da  suspensão  não  ficam


prejudicados  na  parte  já  transcorrida.  Sua  fluência  se  restabelece,  após
cessada a paralisação do feito, apenas pelo restante necessário a completar o
lapso legal.
Art. 180 – CPC:

“Suspende­se  também  o  curso  do  prazo  por  obstáculo  criado


pela  parte  ou  ocorrendo  qualquer  das  hipóteses  do  art. 265,  I  e
III; casos em que o prazo será restituído por tempo igual ao que
faltava para a sua complementação”.

                São  previstas  no  art.  265,  I  e  III  –  CPC,  como  causas  que
motivam  a  suspensão  do  processo,  a  morte  ou  perda  da  capacidade
processual  de  qualquer  das  partes,  de  seu  representante  legal  ou
procurador, bem como quando for oposta exceção de incompetência do

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juízo,  da  câmara  ou  do  tribunal,  assim  como  de  suspeição  ou
impedimento do juiz.

         Durante  a  suspensão,  em  regra,  nenhum  ato  processual  é  permitido


(art.  266  ­  CPC)  e  o  desrespeito  a  essa  proibição  legal  leva  à  inexistência
jurídica do ato praticado.

                Permite  o  Código  de  Processo  Civil,  no  entanto,  que  o  juiz


excepcionalmente  possa,  ainda  no  prazo  da  suspensão,  determinar  a
realização  de  atos  urgentes,  a  fim  de  evitar  dano  irreparável  (art.  266,
segunda  parte),  como  a  citação  na  iminência  de  prescrição  ou  decadência,
ou a antecipação de prova em risco de se perder.

CASOS DE SUSPENSÃO DO PROCESSO

        O art. 265 – CPC, prevê causas de ordem física, lógica e jurídica para
a suspensão do processo:

        I ­ morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, do
seu representante legal ou de seu procurador.

        II ­ a convenção das partes.

        III ­ a oposição de exceção de incompetência do juízo, da câmara ou
do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz.

        IV ­ quando a sentença de mérito:

                a)  depender  do  julgamento  de  outra  causa,  ou  da  declaração  da
existência  ou  inexistência  da  relação  jurídica,  que  constitua  o  objeto
principal de outro processo pendente.

                b)  não  puder  ser  proferida  senão  depois  de  verificado  determinado
fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo.

        c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido
como declaração incidente.

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        V ­ motivo de força maior.

        VI ­ demais casos regulados pelo código.

        A suspensão sempre depende de uma decisão judicial  que  a  ordene,


pois  o  comando  do  processo,  todavia,  para  todos  os  efeitos,  considera­se
suspenso o processo desde o momento em que ocorreu o fato que a motivou
e não apenas a partir de seu reconhecimento nos autos.

        O término da suspensão é automático, naqueles casos em que haja um
momento  preciso,  fixado  na  própria  lei,  como  na  hipótese  de  exceção  de
incompetência, ou no ato judicial que a decretou, como no caso em que se
defere a paralisação do feito por prazo determinado.

        Sendo, porém, impreciso o termo da suspensão, tal como se passa em
situação  de  motivo  de  força  maior,  a  retomada  da  marcha  e  dos  prazos
processuais  dependerá  de  uma  nova  deliberação  judicial  e  da  consequente
intimação das partes.

SUSPENSÃO  POR  MORTE  OU  PERDA  DE  CAPACIDADE


PROCESSUAL

        A suspensão, seja por morte, seja por incapacidade da parte ou de seu
representante  legal,  não  é  automática.  É  ato  do  juiz,  que  só  é  praticado
quando  apresentada,  nos  autos,  a  prova  do  óbito  ou  da  incapacidade  (art.
265, § 1º).

                Com  a  morte  da  parte  desaparece  um  dos  sujeitos  da  relação
processual,  que,  não  podendo  o  processo  prosseguir  enquanto  não  houver
sua substituição pelo respectivo espólio ou sucessores (art. 43 ­ CPC).

        Nos casos de  direito  intransmissível,  a  morte  da  parte  ocasiona  não


apenas  a  suspensão,  mas  a  extinção  do  processo  pendente  (art.  267,  IX  ­
CPC), como por exemplo, em ações de separação conjugal, alimentos.

        Nas demais hipóteses, morta a parte (autor ou réu), o juiz determinará
a suspensão do processo, sem prazo determinado, até que os sucessores se
habilitem, na forma do disposto nos arts. 1.055 a 1.062 ­ CPC.
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Art. 1.055 – CPC:

“A  habilitação  tem  lugar  quando,  por  falecimento  de  qualquer


das  partes,  os  interessados  houverem  de  suceder­lhe  no
processo”.

        A longa inércia dos interessados, todavia, poderá conduzirá extinção
do
processo por abandono da causa (art. 267, II ­ CPC).

        A capacidade civil de exercício é pressuposto de validade da relação
processual. Daí a necessidade de suspender o processo quando uma parte se
torna interdito, para que o curador se habilite a representá­la nos autos.

                Se  não  houver  curador  investido  regularmente  na  representação  do


interdito,  o  juiz  terá  de  nomear  um  curador  especial,  para  que  o  processo
possa retomar seu curso.

        Ocorrendo semelhante situação quando o representante legal da parte
(pai, tutor ou curador) se torna incapaz. O processo só poderá ter andamento
depois da respectiva substituição.

        Na hipótese de morte do advogado de qualquer das partes, o processo,
mesmo depois de iniciada a audiência, não pode prosseguir. Imediatamente,
o juiz suspenderá o processo e promoverá, a requerimento de interessado ou
ex officio, a intimação pessoal da parte para constituir novo mandatário em
20  dias.  Outorgado  mandato  a  outro  causídico,  cessará  a  suspensão.  (art.
265, § 2º ­ CPC)

        Se, o morto era procurador do autor e este não nomear outro advogado
no  prazo  legal,  o  processo  será  declarado  extinto,  sem  julgamento  de
mérito.  Arcando  a  parte  omissa  com  as  despesas  processuais  e  honorários
advocatícios. (art. 265, § 2º ­ CPC)

                Se  entretanto,  a  inércia  for  do  réu,  em  substituir  seu  advogado
falecido,  mandará  o  juiz  que,  após  o  prazo  da  lei,  o  processo  tenha
prosseguimento à sua revelia (art. 265, § 2º).

        Embora o código não tenha previsto expressamente o procedimento a
observar na eventualidade de perda de capacidade do advogado, a solução,
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por analogia, deve ser a mesma do óbito, isto é, do art. 265, § 2º ­ CPC.

        A dissolução ou a extinção de pessoa jurídica não se equipara à morte
da  pessoa  natural,  para  efeito  de  suspensão  do  processo,  porque  sempre
haverá  alguém  encarregado  de  representá­la,  legalmente,  até  final
liquidação de seus direitos e obrigações.

SUSPENSÃO POR CONVENÇÃO DAS PARTES

        Permite o art. 265 – CPC, que as partes convencionem a suspensão do
processo,  que  para  produzir  efeito  depende  de  ato  subseqüente  do  juiz,
posto que, no sistema do código, o impulso do procedimento é oficial, isto
é,  o  andamento  do  processo  não  fica  na  dependência  da  vontade  ou
colaboração das partes (art. 262 – CPC).

        As partes devem comunicar o acordo ao juiz, para que este decrete a
suspensão ajustada. A decisão do juiz é ato vinculado e não discricionário,
de  sorte  que,  na  hipótese  do  art.  265,  II,  não  é  dado  ao  juiz  vetar  a
suspensão.

        A suspensão convencional não pode ultrapassar o prazo de seis meses
(art. 265, § 3º ­ CPC), findo o prazo convencionado, a retomada do curso do
processo  não  depende  de  provocação  da  parte:  "o  escrivão  fará  os  autos
conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo", ex officio
(art. 265, § 3º ­ CPC).

SUSPENSÃO EM RAZÃO DE EXCEÇÃO

                Interposta  a  exceção  de  incompetência  do  juízo,  da  câmara  ou  do


tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz (arts. 112 e 304 a
314 – CPC), o órgão judicante fica inabilitado a continuar no exercício de
sua  função  jurisdicional  no  processo,  pelo  menos  enquanto  não  for
solucionado o incidente.

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        Na dúvida sobre a legitimidade de sua atuação, prescreve o código a
abstenção da prática dos atos processuais até que a situação se defina pelos
meios  adequados.  Sendo  lícito  a  qualquer  das  partes  arguir,  por  meio  de
exceção,  a  incompetência  (art.  112),  o  impedimento  (art.  134)  ou
asuspeição (art. 135).

                A  parte  oferecerá  a  exceção  de  impedimento  ou  de  suspeição,


especificando o motivo da recusa (arts.  134  e  135).  A  petição,  dirigida  ao
juiz  da  causa,  poderá  ser  instruída  com  documentos  em  que  o  excipiente
fundar a alegação e conterá o rol de testemunhas. (art. 312 – CPC)

SUSPENSÃO POR PREJUDICIALIDADE

        O  inciso  IV  do  art.  265  –  CPC,  determina  a  suspensão  do  processo
sempre que a sentença de mérito estiver na dependência de solução de uma
“questão prejudicial” que é objeto de outro processo, ou de ato processual a
ser  praticado  fora  dos  autos,  como  as  diligências  deprecadas  a  juízes  de
outras comarcas ou seções judiciárias.

        Prejudiciais são as questões de mérito que antecedem, logicamente, à
solução  do  litígio  e  nela  forçosamente  haverão  de  influir;  são  questões
ligadas ao próprio mérito e que por si só podem ser objeto autônomo de um
outro processo.

        A prejudicial é interna quando submetida à apreciação do mesmo juiz
que vai julgar a causa principal.

        É externa quando objeto de outro processo pendente.

                Se  a  prejudicial  é  interna,  não  há  suspensão  do  processo,  pois  seu
julgamento será apenas um capítulo da sentença da causa.

        Diferenciando­se  das  questões  preliminares,  pois  estas  são  questões


geralmente de natureza processual que condicionam a apreciação do mérito.

        Só há razão para a suspensão do processo, de que cogita o art. 265, IV,
a  –  CPC,  quando  a  questão  prejudicial  for  objeto  principal  de  outro
processo pendente, sendo então, questão prejudicial externa.
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        Mesmo no caso da letra c do citado dispositivo legal, a declaratória
incidental sobre questão de estado, que causa a suspensão do processo, não
é  a  proposta  ao  juiz  da  causa  a  ser  suspensa;  mas  aquela  ajuizada  como
incidente  de  outro  processo,  mas  que  também  será  prejudicial  da  primeira
causa

        A suspensão, em todos os casos do inciso IV, do art. 265, perdura até
que  a  questão  prejudicial  ou  preliminar  seja  solucionada.  Mas  esse  prazo
não  pode  ultrapassar  um  ano,  hipótese  em  que  o  processo  retomará  seu
curso normal e será julgado independentemente da diligência que provocara
sua paralisação (art. 265, § 5º).

PREJUDICIALIDADE E CONEXÃO

                Não  há  contradição  entre  a  regra  do  art.  265,  IV,  a,  que  manda
suspender a causa prejudicada, e a do art. 106, que manda reunir as causas
conexas, para julgamento simultâneo.

        Quase sempre a prejudicialidade gera conexão de causas em virtude da
causa  comum  ou  da  identidade  de  objeto  que  se  apura  entre  a  causa
prejudicial e a prejudicada.

                Em  tal  situação,  e  sendo  a  questão  prejudicial  da  competência  do


mesmo  juiz  da  causa  prejudicada,  o  processo  não  se  suspenderá  e,  ao
contrário,  sendo  comum  nos  dois  feitos  o  objeto  ou  a  causa  de  pedir,  a
regra a observar será a da reunião dos processos para julgamento comum,
numa  só  sentença,  onde  a  questão  prejudicial  será,  obviamente,  apreciada
em primeiro lugar (art. 106 ­ CPC).

                Muitas  vezes,  porém,  a  prejudicialidade  externa  não  enseja


oportunidade de reunir os dois processos, na forma do art. 106 – CPC, pois
poderá ocorrer que:

        a) a competência seja diferente em caráter  absoluto,  como  se  passa


entre ação penal e a civil, ou entre feitos afetos à justiça comum e à especial
etc.

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        b) as fases em que se encontram as duas causas sejam inconciliáveis, o
feito  prejudicado  está  em  primeiro  grau  de  jurisdição  e  o  prejudicial  em
segundo.

        c) os procedimentos são diversos e inteiramente incompatíveis.

        d) a causa petendi na ação prejudicial seja totalmente diversa da que
fundamenta a causa prejudicada.

SUSPENSÃO POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR

        O motivo de força maior é uma razão física que toma impossível o
funcionamento do órgão jurisdicional e, consequentemente, o andamento do
feito, como um incêndio que destruísse o edifício do Fórum, ou o tornasse
inacessível,  ainda  exemplificando,  um  alagamento  provocado  por  chuvas
torrenciais,  impossibilitando  o  deslocamento  e  acesso  das  partes  e  do
próprio juiz ao edifício do Fórum.

        Sendo, como é, uma impossibilidade de ordem física, ou natural, seus
efeitos perduram enquanto não desaparece a respectiva causa.

FÉRIAS E SUSPENSÃO DO PROCESSO

                Durante  as  férias  forenses  não  correm  prazos  processuais,  mas  o


processo  não  fica,  realmente,  suspenso,  embora  durante  elas  não  se  deva
praticar  atos  processuais  (art.  173,  caput),  salvo  as  exceções  legais  (arts.
173, nos I e II, e 174 ­ CPC).

        O art. 179 ­ CPC, expressa que a superveniência de férias suspende o
curso do prazo e não do processo, que recomeçará a correr do primeiro dia
útil seguinte ao término das férias.

                Assim,  se  algum  ato  processual  for  praticado  durante  o  recesso


forense, não será nulo, visto que terá eficácia a partir do momento em que
as férias ou o feriado se encerrarem. (art. 173 – CPC)

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        O Código de Processo Civil distingue bem entre férias e feriados, e
apenas  à  superveniência  de  férias  é  que  atribui  o  “efeito  suspensivo”  do
prazo processual (art. 179 – CPC).

        No caso de dias feriados, se neles cair o vencimento de algum prazo,
apenas ficará este prorrogado para o primeiro dia útil seguinte (art. 184, §
1º).  Assim,  a  intercalação  desses  dias  não­úteis  no  curso  do  prazo  é
irrelevante e não afeta, de maneira nenhuma, o seu cômputo final.

Art. 46 da Lei 9.610/98:
 
 
 
“Não constitui ofensa aos direitos autorais:
 
(...)
 
III  ­  a  citação  em  livros,  jornais,  revistas  ou  qualquer  outro  meio  de
comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica
ou  polêmica,  na  medida  justificada  para  o  fim  a  atingir,  indicando­se  o
nome do autor e a origem da obra”.

Referências bibliográficas:

Theodoro Jr., Humberto. Teoria Geral do Direito Processual Civil I. 53. ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2012. 822 p.

Alvim, J. E. Carreira. Teoria Geral do Processo. 13. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2010. 315p.

Silva, De Plácido e. Dicionário Jurídico Conciso. 1. ed. Rio de janeiro: Editora Forense, 2008. 749p.

Pinto, Antônio Luiz de Toledo e outros. Vade Mecum. 11. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. 2003p.

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