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Study of maximum grant flows in Brazilian Laws and determination of and for a subwatershed in Campo Bom-RS
Alex Kipper¹
¹Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria-RS, Brazil
alexkipper23@gmail.com
RESUMO:
O estudo traz uma breve revisão dos critérios para determinação da vazão máxima outorgável nos Estados brasileiros. Como os Estados tomam
as vazões (como a vazão que é igualada ou superada em 90 % do tempo na bacia) ou (média das mínimas vazões de sete dias
consecutivos em dez anos de recorrência), como vazão de referência, foi feito o cálculo de ambas as vazões em uma sub-bacia na cidade de Campo
Bom-RS, com os dados obtidos pelo programa Hidroweb, no site oficial da Agência Nacional de Águas – ANA em uma série de dados de vinte
anos. Além do cálculo da anual na série, também são calculados os valores de para cada mês, pelas respectivas curvas de permanência.
Os valores de foram calculados diretamente pela distribuição empírica de frequência dentro da série, e também considerando duas diferentes
distribuições estatísticas para extrapolação de dados, a Normal Padronizada e a de Gumbel. A distribuição que apresentou o resultado mais
desfavorável para foi a distribuição empírica de frequências, e a que apresentou melhor ajuste a mesma, dentro das medidas para
extrapolação foi a distribuição Normal Padronizada. Por fim, conclui-se que é mais segura a adoção de como vazão de referência na bacia
em questão, pois considera as situações mais desfavoráveis ao longo do ano, e apresentou valores variando de 1,599m³/s a 2,665m³/s para vazão
máxima outorgável de acordo com as legislações estaduais, já com os valores baseados na , a variação foi de 5,184m³/s a 15,552m²/s e de
4,32m³/s a 16,42m³/s para casos específicos.
ABSTRACT:
The study brigns a short review about the criteria to determine the maximum grants flow in the Brazilian States. Since the States take (flow
that is equaled or exceeded 90 % of the time in the watershed) and (average minimum flow of seven consecutive days in ten years of
recurrence) as reference flows, each flow was calculated for a subwatershed in Campo Bom-RS, with data obtained by the Hidroweb, in ANA’s
official web page in a data serie of twenty years. Besides the annual for the serie, the for each month was also determined, by the
respective duration curves. The values of were calculated directly for empirical distribution of frequency inside the series, and also using two
different statistical distributions to data extrapolating, Standard Normal Distribution and Gumbel distribution. The distribution that showed the
most unfavorable result for was the empirical distribution of frequency, and the one which was better adjusted to it was the Standard
Normal Distribution. To conclude, it’s safer to adopt as reference flow in the basin of the study, because it considers the most unfavorable
situations along the year, and showed values of 1,599m³/s to 2,665m³/s to maximum grant flow according to the States laws, and using as
reference flow, the variation was from 5,184m³/s to 15,552m²/s, and from 4,32m³/s to 16,42m³/s in specific cases.
1
̅
: (5)
∫ (7)
√
Onde m é a posição da vazão após o
ordenamento crescente dos valores da série, e N é o Para , - , sendo
número de anos com dados da série. O tempo de retorno um parâmetro de escale e um parâmetro de posição.
(Tr) considerado é dado pela equação 2: A função densidade da distribuição é:
∫ (8)
√
De acordo com Silveira, et al (2006), a análise pela Os valores de podem ser obtidos através
distribuição de frequência direta permite estimar o valor do das equações 8 e 9, que os relacionam com a média e a
evento esperado para um período de retorno inferior ao da variância da amostra:
série observada. Como no estudo em questão queremos
determinar o valor esperado para um período de retorno (9)
de 10 anos, e temos um banco de dados de 20 anos, o
método é adequado.
(10)
Para extrapolação dos dados, forem verificados os
ajustes da série a duas distribuições estatísticas, a
distribuição normal padronizada e a distribuição de Sendo a variância o quadrado do desvio padrão.
Gumbel para mínimos. O coeficiente de assimetria é negativo e constante, dado
A distribuição normal ou curva de Gauss é uma por .
distribuição simétrica, e é mais comumente empregada Pela inversa da função acumulada de
para valores médios anuais, do que para valores de probabilidade, ou função de quantis, podemos obter a
máximos e mínimos, que podem ter distribuição mais relação de um valor estimado y(t) com seu tempo de
assimétrica. “x” é uma variável aleatória contínua com retorno Tr, da seguinte maneira:
distribuição normal se sua função densidade de
probabilidade é dada por: ( ) (11)
̅
(3)
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Sendo ̅ a média e o desvio padrão. A
probabilidade P(x) é a integral da função f(x), ficando. e Curvas de Permanência:
∫ (4) A figura 1 apresenta a curva de permanência
anual para a série em análise, já as figuras 2 a 13
Os valores para P(x), no entanto são tabelados em apresentam as curvas de permanência para cada mês. A
função da média e do desvio-padrão, relacionados numa partir das curvas de permanência foram obtidos os valores
distribuição normal padronizada pelo coeficiente Z, onde: de e na tabela 1 é feita uma comparação dos mesmos.
2
Curva de Permanência Anual 20 anos Curva de Permanência Março
800.00 250.00
700.00
200.00
600.00
Vazão (m³/s)
Vazão (m³/s)
500.00 150.00
400.00
300.00 100.00
200.00
50.00
100.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação
Figura 1 – Curva de Permanência Anual Série Histórica Figura 4 – Curva de Permanência para o mês de Março
Vazão (m³/s)
400.00
200.00
300.00
150.00
200.00
100.00
50.00 100.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação
Figura 2 – Curva de Permanência para o mês de Janeiro Figura 5 – Curva de Permanência para o mês de Abril
Vazão (m³/s)
200.00 300.00
150.00 200.00
100.00
100.00
50.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação
Figura 3 – Curva de Permanência para o mês de Fevereiro Figura 6 – Curva de Permanência para o mês de Maio
3
Curva de Permanência Junho Curva de Permanência Setembro
700.00 800.00
600.00 700.00
500.00 600.00
Vazão (m³/s)
Vazão (m³/s)
500.00
400.00
400.00
300.00
300.00
200.00 200.00
100.00 100.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação
Figura 7 – Curva de Permanência para o mês de Junho Figura 10 – Curva de Permanência para o mês de Setembro
Vazão (m³/s)
400.00 400.00
300.00 300.00
200.00 200.00
100.00 100.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação
Figura 8 – Curva de Permanência para o mês de Julho Figura 11 – Curva de Permanência para o mês de Outubro
Vazão (m³/s)
400.00 250.00
300.00 200.00
200.00 150.00
100.00
100.00 50.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação
Figura 9 – Curva de Permanência para o mês de Agosto Figura 12 – Curva de Permanência para o mês de Novembro
4
de Gumbel os valores de puderam ser estimados
Curva de Permanência Dezembro
diretamente. Além dos valores de , também foi
estimado o para cada tempo de retorno apresentado
500.00 pelo método empírico da distribuição de frequências,
apresentados nas tabelas 4 para a distribuição Normal
400.00 Padronizada e na tabela 5 para Gumbel. Na figura 14, é
Vazão (m³/s)
5
18 21.87 85.71% 1.17 1.24 18.67
19 23.34 90.48% 1.11 1.17 19.39
20 27.24 95.24% 1.05 1.11 20.24
Q7,10 = 5.33 1.05 21.41
Q7,10 = 6.23
Tabela 4 – Valores estimados pela distribuição Normal
Padronizada
Frequência Normal Gumbel
Distribuição Normal
TR Q7 30.00
21.00 4.12
10.50 6.20 25.00
7.00 7.59
20.00
Q7 (m³/s)
5.25 8.72
4.20 9.67 15.00
3.50 10.51
3.00 11.29 10.00
2.63 12.04
5.00
2.33 12.74
2.10 13.43 -
1.91 14.13 - 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00
1.75 14.36
Tempo de Retorno (anos)
1.62 15.52
1.50 16.27
1.40 17.05 Figura 14 – Relação dos valores estimados com o Tempo de
1.31 17.89 Retorno para as diferentes distribuições
1.24 18.84
1.17 19.97 Analisando as tabelas de 3 a 5, percebe-se que
1.11 21.36 ambas as distribuições normal padronizada e de Gumbel
1.05 23.45 apresentaram valores semelhantes para , (6,32m³/s e
Q7,10 = 6.32 6,23m³/s) e um pouco superior ao valor apresentado pelo
método empírico (5,33 m³/s).
De Almeida, et al (2014) aplicaram as
Tabela 5 – Valores estimados pela distribuição de Gumbel distribuições Normal Padronizada e de Gumbel, dentre
outras, em uma série de dados de 38 anos de vazões
Distribuição de Gumbel mínimas da estação fluviométrica Aquidauana, e também
perceberam uma resposta semelhante para as duas
TR Q7 distribuições.
21.00 2.76
10.50 6.00 Legislação:
7.00 7.95
5.25 9.37 Os estados brasileiros possuem diferentes
4.20 10.51 critérios para determinação da vazão máxima outorgável,
sendo um resumo mostrado no anexo 2, apresentado por
3.50 11.47
Farias (2006). Na região Sul e Sudeste é comum a adoção
3.00 12.31 de 50 % da como vazão máxima outorgável (PR, SP
2.63 13.07 e RJ), já o estado de Minas Gerais adota 30 % da .
2.33 13.77 No Norte e Nordeste do país é mais comum a adoção de
2.10 14.42 como vazão de referência, com a vazão máxima
1.91 15.04 outorgável variando de 30 % em Sergipe até 90 % em
1.75 15.64 Alagoas. Em alguns casos específicos, como rios
1.62 16.23 intermitentes no Tocantins valor chegar a 95 %, no mesmo
estado, para usuários únicos, o valor é de apenas 25 %.
1.50 16.81 Tomando como exemplo os métodos baseados
1.40 17.40 na , e adotando a situação mais desfavorável calculada
1.31 18.02 pela distribuição empírica de frequências, a vazão máxima
6
outorgável na sub-bacia em questão variaria de 1,599m³/s Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte-
a 2,665m³/s. Já com os valores baseados na , variaria MG, 2007.
de 5,184m³/s a 15,552m²/s e de 4,32m³/s a 16,42m³/s
para casos específicos. FARIAS, J. E. F. Análise de metodologias utilizadas para a
determinação da Vazão ecológica. Estudo de caso: Rio
CONCLUSÃO: Coruripe/al e rio Solimões/AM. 2006. 150 p. Dissertação
(Mestrado em Ciências em Engenharia Civil) –
A utilização da vazão como vazão de Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro-RJ,
referência pode ser prejudicial em locais com muita 2006.
variação temporal de vazões, como no local analisado,
onde a vazão anual da série foi de 17,28m³/s, 63,33 % NAGHETINNI, M. e PINTO, E. J. A. Hidrologia
Estatística. Belo Horizonte: CPRM, 2007. 600 p.
maior que a vazão observada no em março, de 10,58
m³/s, ficando este mês mais exposto a um quadro de BACCHI, C. G. V.; DE ALMEIDA, I. K.; DOS
escassez hídrica. SANTOS, B. B.; SOBRINHO, T. A.; STEFFEN, J. L.
Já a utilização de como vazão de referência Métodos estatísticos na determinação de vazão de
considera um quadro mais desfavorável ao longo do ano, e referência. Comunicata Scientiae, 5(1): P. 11-17, 2014.
resultou em valores menores para vazão máxima
outorgável de acordo com as diferentes legislações DE ANDRADE N. L. R.; DE MOURA, R. M. P.;
analisadas, deixando uma vazão ecológica remanescente SILVEIRA, A. Determinação da Q7,10 para o Rio Cuiabá,
maior na bacia, e consequentemente menores riscos de Mato Grosso, Brasil e comparação com a vazão
escassez hídrica. regularizada após a implantação do reservatório de
Quanto às distribuições estatísticas analisadas aproveitamento múltiplo de manso. XXX Congreso
para as vazões mínimas, tanto a distribuição Normal Interamericano de Ingeniería Sanitaria y Ambiental - Punta
Padronizada quanto a de Gumbel superestimaram o valor del Este – Uruguay. 26 a 30 de novembro de 2006.
da quando comparadas com a distribuição empírica
de frequência, porém ao longo da série de 20 anos a
distribuição Normal Padronizada apresentou maior
concordância com a distribuição empírica de frequência,
sendo a mais adequada inicialmente. Cabe a análise de uma
série maior de dados e de outras distribuições estatísticas,
como Weibull, Log-Gumbel ou Log-normal para uma
maior clareza sobre qual é mais adequada na bacia em
questão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
7
ANEXO 1 – Critérios para determinação da vazão máxima outorgável de acordo com as diferentes
legislações estaduais (Fonte: FARIAS, 2006):
8
ANEXO 2 – Caracterização da área de estudo (Fonte: ANA, 2016):