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Estudo das vazões máximas outorgáveis na legislação brasileira e determinação de para

sub-bacia na Cidade de Campo Bom – RS

Study of maximum grant flows in Brazilian Laws and determination of and for a subwatershed in Campo Bom-RS

Alex Kipper¹

¹Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria-RS, Brazil

alexkipper23@gmail.com

RESUMO:

O estudo traz uma breve revisão dos critérios para determinação da vazão máxima outorgável nos Estados brasileiros. Como os Estados tomam
as vazões (como a vazão que é igualada ou superada em 90 % do tempo na bacia) ou (média das mínimas vazões de sete dias
consecutivos em dez anos de recorrência), como vazão de referência, foi feito o cálculo de ambas as vazões em uma sub-bacia na cidade de Campo
Bom-RS, com os dados obtidos pelo programa Hidroweb, no site oficial da Agência Nacional de Águas – ANA em uma série de dados de vinte
anos. Além do cálculo da anual na série, também são calculados os valores de para cada mês, pelas respectivas curvas de permanência.
Os valores de foram calculados diretamente pela distribuição empírica de frequência dentro da série, e também considerando duas diferentes
distribuições estatísticas para extrapolação de dados, a Normal Padronizada e a de Gumbel. A distribuição que apresentou o resultado mais
desfavorável para foi a distribuição empírica de frequências, e a que apresentou melhor ajuste a mesma, dentro das medidas para
extrapolação foi a distribuição Normal Padronizada. Por fim, conclui-se que é mais segura a adoção de como vazão de referência na bacia
em questão, pois considera as situações mais desfavoráveis ao longo do ano, e apresentou valores variando de 1,599m³/s a 2,665m³/s para vazão
máxima outorgável de acordo com as legislações estaduais, já com os valores baseados na , a variação foi de 5,184m³/s a 15,552m²/s e de
4,32m³/s a 16,42m³/s para casos específicos.

Palavras-chave: Vazão de referência, , , curva de permanência, distribuição Normal Padronizada, Gumbel.

ABSTRACT:

The study brigns a short review about the criteria to determine the maximum grants flow in the Brazilian States. Since the States take (flow
that is equaled or exceeded 90 % of the time in the watershed) and (average minimum flow of seven consecutive days in ten years of
recurrence) as reference flows, each flow was calculated for a subwatershed in Campo Bom-RS, with data obtained by the Hidroweb, in ANA’s
official web page in a data serie of twenty years. Besides the annual for the serie, the for each month was also determined, by the
respective duration curves. The values of were calculated directly for empirical distribution of frequency inside the series, and also using two
different statistical distributions to data extrapolating, Standard Normal Distribution and Gumbel distribution. The distribution that showed the
most unfavorable result for was the empirical distribution of frequency, and the one which was better adjusted to it was the Standard
Normal Distribution. To conclude, it’s safer to adopt as reference flow in the basin of the study, because it considers the most unfavorable
situations along the year, and showed values of 1,599m³/s to 2,665m³/s to maximum grant flow according to the States laws, and using as
reference flow, the variation was from 5,184m³/s to 15,552m²/s, and from 4,32m³/s to 16,42m³/s in specific cases.

Keywords: Reference flow, , , duration curve, Standard Normal Distribution, Gumbel.


INTRODUÇÃO: obtidos considerando as distribuições normal e de Gumbel
para a série. Além da determinação da , também será
Um marco muito importante na gestão dos montada a curva de permanência para determinação de
recursos hídricos no Brasil é a instituição da Política e comparação das vazões outorgáveis de acordo com
Nacional dos Recursos Hídricos, pela Lei 9.433/97. Além as diferentes vazões de referência consideradas no país.
de importantes definições da água como bem de domínio Um problema dos métodos que adotam
público e dotado de valor econômico, da priorização do como valor fixo para vazão de referência, é que é
consumo humano e dessedentação animal em situações de geralmente é adotado apenas um valor anual,
escassez e da criação do Sistema Nacional de desconsiderando a variação temporal fluviométrica mensal
Gerenciamento de Recursos Hídricos, são definidos no na bacia, devido a isso, o presente estudo também fará a
artigo 5° define como instrumentos da Política Nacional de comparação das vazões de referência anuais adotadas
Recursos Hídricos os Planos de Recursos Hídricos; o com as vazões de cada mês dentro da série analisada.
enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os
usos preponderantes da água; a outorga dos direitos de uso
de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos MATERIAIS E MÉTODOS:
hídricos; a compensação a municípios e o Sistema de
Informações de Recursos Hídricos.
A outorga é o instrumento para assegurar o
Área de Estudo:
controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o
efetivo exercício de direito de uso da água, os critérios Os dados fluviométricos necessários ao estudo
gerais para sua definição são estabelecidos pelo Conselho foram obtidos da estação Campo Bom, pelo site oficial da
Nacional de Recursos Hídricos. ANA, pelo programa Hidroweb. A estação se localiza em
A definição de da vazão máxima outorgável, é uma sub-bacia do Rio dos Sinos, principal rio da região do
feita em cima de uma vazão de referência. A resolução Vale dos Sinos, e conta com uma área de
467/2006 da Agência Nacional de Águas – ANA define aproximadamente 2864 km². O anexo 2 apresenta um
em seu artigo 2° vazão de referência como a vazão que detalhamento do local escolhido para o estudo.
serve de referência para definição da vazão máxima A série de dados de vazão utilizada é de vinte
instantânea outorgável em um ponto da bacia, composta anos, entre janeiro de 1986 e dezembro de 2005.
por uma fração outorgável e uma fração que deve ser
mantida no rio para fins de usos múltiplos. Metodologia:
Essa vazão necessária a ser mantida no rio é
tratada muitas vezes como vazão ecológica ou ambiental, e a Curva de Permanência:
mas de acordo com Farias (2006) faltam no Brasil critérios
para determinação da vazão ecológica na legislação federal, é definida como a vazão que é igualada ou
o que faz os Estados estabelecerem recomendações através superada em 90 % do tempo na bacia, para sua
de leis ou decretos complementares para determinação da determinação, foram utilizadas as curvas de permanência, e
mesma, e as metodologias mais utilizadas são baseadas na como se visou uma análise da variação temporal da vazão
curva de permanência, ou em uma percentagem da , ao decorrer do ano, foram montadas treze curvas de
que é a vazão média mínima num período de sete dias permanência, uma para cada mês, e uma geral da série.
corridos com tempo de retorno de 10 anos. Alguns Naghetinni e Pinto (2007) definem curva de
autores, como de Paulo (2007), criticam essa definição por permanência como uma variação do diagrama de
ser de pouco significado biológico, visto que é baseada frequências relativas acumuladas, na qual a frequência de
apenas em métodos de hidrologia estatística. não superação é substituída pela porcentagem de um
O anexo 1 apresenta as critérios para o cálculo intervalo de tempo específico em que o valor da variável
das vazões máximas outorgáveis e suas respectivas leis para indicado em abscissas, foi igualado ao superado. Os
os estados brasileiros, de acordo com Farias (2006). autores ainda sugerem o seguinte roteiro para elaboração
Os métodos baseados na curva de permanência da curva, que foi seguido no presente estudo. (a) Ordene as
tomam no geral a como vazão de referência, que a vazões Q em ordem decrescente; (b) atribua a cada vazão
representa a vazão que é igualada ou superada em 90 % do ordenada Qm a sua respectiva ordem de classificação m;
tempo, ou um risco de escassez de água de 10 %. (c) associe a cada vazão ordenada Qm a sua respectiva
Para a região Sul do país é mais comum a adoção freqüência ou probabilidade empírica de ser igualada ou
da como vazão de referência, devido a isto, o superada P(Q Qm), a qual pode ser estimada pela razão
presente estudo tem como um dos objetivos avaliar (m/N), sendo N o número de elementos da amostra, e (d)
diferentes métodos estatísticos para cálculo de lance em um gráfico as vazões ordenadas e suas respectivas
extrapolação de valores de (vazões mínimas médias de porcentagens 100(m/N) de serem igualadas ou superadas
sete dias consecutivos). Para isto, serão determinados no intervalo de tempo considerado.
inicialmente valores de para cada ano, em uma série de Tendo as curva de permanência em mãos, éa
vinte anos, e o valor de com tempo de retorno de dez vazão ordenada com a respectiva porcentagem de 90 % de
anos ( ) será determinado inicialmente diretamente ser igualada ou superada.
dentro da série pela análise empírica de frequência.
Posteriormente seu valor será comparado com os valores

1
̅
: (5)

A resolução N° 20 do CONAMA, de 1986 e


estabelece como condição crítica de vazão, sendo a
média das mínimas de sete dias consecutivos em dez anos ∫ (6)
de recorrência de cada seção do campo receptor. √
No trabalho, foi escolhida uma série de dados de
vazão de vinte anos. A determinação da vazão mínima com
sete dias de duração para cada ano da série foi efetuada Para o cálculo da integral usam-se tabelas que
considerando a média móvel de sete dias consecutivos. fornecem o valor de P(z) em função da área sob a curva
Com os valores das menores médias móveis de sete dias normal de distribuição e o valor de Z. Assim sendo,
para cada ano, montou-se a série de dados sobre a qual conhecendo um tempo de retorno, e consequentemente a
foram feitas as análises estatísticas que permitem a probabilidade, podemos estimar um valor associado a
extrapolação dos valores para diferentes tempos de mesma, ou vice-versa.
retorno. De acordo com Naghetinni e Pinto (2007), a
Na distribuição empírica de frequência, a distribuição de Gumbel (mínimos) é uma distribuição
probabilidade (P) de uma vazão igual ou superior a extremal bastante usada na análise de frequência de
considerada é dada pela equação 1: eventos hidrológicos mínimos anuais.
A função de probabilidade acumulada é dada por:

∫ (7)

Onde m é a posição da vazão após o
ordenamento crescente dos valores da série, e N é o Para , - , sendo
número de anos com dados da série. O tempo de retorno um parâmetro de escale e um parâmetro de posição.
(Tr) considerado é dado pela equação 2: A função densidade da distribuição é:

∫ (8)

De acordo com Silveira, et al (2006), a análise pela Os valores de podem ser obtidos através
distribuição de frequência direta permite estimar o valor do das equações 8 e 9, que os relacionam com a média e a
evento esperado para um período de retorno inferior ao da variância da amostra:
série observada. Como no estudo em questão queremos
determinar o valor esperado para um período de retorno (9)
de 10 anos, e temos um banco de dados de 20 anos, o
método é adequado.
(10)
Para extrapolação dos dados, forem verificados os
ajustes da série a duas distribuições estatísticas, a
distribuição normal padronizada e a distribuição de Sendo a variância o quadrado do desvio padrão.
Gumbel para mínimos. O coeficiente de assimetria é negativo e constante, dado
A distribuição normal ou curva de Gauss é uma por .
distribuição simétrica, e é mais comumente empregada Pela inversa da função acumulada de
para valores médios anuais, do que para valores de probabilidade, ou função de quantis, podemos obter a
máximos e mínimos, que podem ter distribuição mais relação de um valor estimado y(t) com seu tempo de
assimétrica. “x” é uma variável aleatória contínua com retorno Tr, da seguinte maneira:
distribuição normal se sua função densidade de
probabilidade é dada por: ( ) (11)
̅
(3)
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Sendo ̅ a média e o desvio padrão. A
probabilidade P(x) é a integral da função f(x), ficando. e Curvas de Permanência:
∫ (4) A figura 1 apresenta a curva de permanência
anual para a série em análise, já as figuras 2 a 13
Os valores para P(x), no entanto são tabelados em apresentam as curvas de permanência para cada mês. A
função da média e do desvio-padrão, relacionados numa partir das curvas de permanência foram obtidos os valores
distribuição normal padronizada pelo coeficiente Z, onde: de e na tabela 1 é feita uma comparação dos mesmos.

2
Curva de Permanência Anual 20 anos Curva de Permanência Março
800.00 250.00
700.00
200.00
600.00
Vazão (m³/s)

Vazão (m³/s)
500.00 150.00
400.00
300.00 100.00
200.00
50.00
100.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação

Figura 1 – Curva de Permanência Anual Série Histórica Figura 4 – Curva de Permanência para o mês de Março

Curva de Permanência Janeiro Curva de Permanência Abril


350.00 600.00
300.00 500.00
250.00
Vazão (m³/s)

Vazão (m³/s)

400.00
200.00
300.00
150.00
200.00
100.00
50.00 100.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação

Figura 2 – Curva de Permanência para o mês de Janeiro Figura 5 – Curva de Permanência para o mês de Abril

Curva de Permanência Fevereiro Curva de Permanência Maio


350.00 500.00
300.00
400.00
250.00
Vazão (m³/s)

Vazão (m³/s)

200.00 300.00
150.00 200.00
100.00
100.00
50.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação

Figura 3 – Curva de Permanência para o mês de Fevereiro Figura 6 – Curva de Permanência para o mês de Maio

3
Curva de Permanência Junho Curva de Permanência Setembro
700.00 800.00
600.00 700.00
500.00 600.00
Vazão (m³/s)

Vazão (m³/s)
500.00
400.00
400.00
300.00
300.00
200.00 200.00
100.00 100.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação

Figura 7 – Curva de Permanência para o mês de Junho Figura 10 – Curva de Permanência para o mês de Setembro

Curva de Permanência Julho Curva de Permanência Outubro


700.00 700.00
600.00 600.00
500.00 500.00
Vazão (m³/s)

Vazão (m³/s)

400.00 400.00
300.00 300.00
200.00 200.00
100.00 100.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação

Figura 8 – Curva de Permanência para o mês de Julho Figura 11 – Curva de Permanência para o mês de Outubro

Curva de Permanência Agosto Curva de Permanência Novembro


600.00 400.00
500.00 350.00
300.00
Vazão (m³/s)

Vazão (m³/s)

400.00 250.00
300.00 200.00
200.00 150.00
100.00
100.00 50.00
- -
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Freq. de Ocorrência ou Superação Freq. de Ocorrência ou Superação

Figura 9 – Curva de Permanência para o mês de Agosto Figura 12 – Curva de Permanência para o mês de Novembro

4
de Gumbel os valores de puderam ser estimados
Curva de Permanência Dezembro
diretamente. Além dos valores de , também foi
estimado o para cada tempo de retorno apresentado
500.00 pelo método empírico da distribuição de frequências,
apresentados nas tabelas 4 para a distribuição Normal
400.00 Padronizada e na tabela 5 para Gumbel. Na figura 14, é
Vazão (m³/s)

feita uma comparação das 3 diferentes distribuições ao


300.00 longo dos diferentes tempos de retorno.
200.00
Tabela 2 – Valores de para cada ano da série
100.00
ANO Q7
- 1986 5.10
0% 20% 40% 60% 80% 100% 1987 13.80
Freq. de Ocorrência ou Superação 1988 12.49
1989 10.16
1990 16.03
Figura 13 – Curva de Permanência para o mês de Dezembro 1991 4.99
1992 13.86
Tabela 1 – Valores de analisados na série 1993 15.53
1994 14.91
SÉRIE Q90 (m³/s) 1995 11.70
ANUAL 17.28 1996 13.54
1997 9.35
JAN 13.94
1998 14.78
FEV 12.79
1999 10.70
MAR 10.58 2000 18.95
ABR 14.20 2001 27.24
MAI 15.80 2002 23.34
JUN 21.87 2003 21.87
2004 10.56
JUL 35.82
2005 6.72
AGO 24.82
SET 24.38 Tabela 3 – Valores estimados pela distribuição empírica de
frequência
OUT 33.80
NOV 24.82 Posição Q7 Probabilidade TR
DEZ 15.40 1 4.99 4.76% 21.00
2 5.10 9.52% 10.50
Analisando a tabela 1, percebe-se que os meses de 3 6.72 14.29% 7.00
dezembro a maio apresentaram valores de menores 4 9.35 19.05% 5.25
que o valor do anual da série, apresentando o menor 5 10.16 23.81% 4.20
valor para o mês de março com 10,58 m³/s, sendo o mês
6 10.56 28.57% 3.50
com maior risco de escassez hídrica. Vale ressaltar que o
anual foi calculado no período de janeiro de 1986 a 7 10.70 33.33% 3.00
dezembro de 2005, o que não considera os períodos do 8 11.70 38.10% 2.63
ano hidrológico. 9 12.49 42.86% 2.33
10 13.54 47.62% 2.10
: 11 13.80 52.38% 1.91
12 13.86 57.14% 1.75
Primeiramente, foram determinadas as menores 13 14.78 61.90% 1.62
médias móveis de cada ano da série num período de sete 14 14.91 66.67% 1.50
dias , apresentadas na tabela 2. A partir dos vinte valores
15 15.53 71.43% 1.40
mínimos, foi aplicada a distribuição empírica de
frequências (tabela 3) onde o resultado de foi obtido 16 16.03 76.19% 1.31
por interpolação. Pelas distribuições Normal Padronizada e 17 18.95 80.95% 1.24

5
18 21.87 85.71% 1.17 1.24 18.67
19 23.34 90.48% 1.11 1.17 19.39
20 27.24 95.24% 1.05 1.11 20.24
Q7,10 = 5.33 1.05 21.41
Q7,10 = 6.23
Tabela 4 – Valores estimados pela distribuição Normal
Padronizada
Frequência Normal Gumbel
Distribuição Normal
TR Q7 30.00
21.00 4.12
10.50 6.20 25.00
7.00 7.59
20.00

Q7 (m³/s)
5.25 8.72
4.20 9.67 15.00
3.50 10.51
3.00 11.29 10.00
2.63 12.04
5.00
2.33 12.74
2.10 13.43 -
1.91 14.13 - 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00
1.75 14.36
Tempo de Retorno (anos)
1.62 15.52
1.50 16.27
1.40 17.05 Figura 14 – Relação dos valores estimados com o Tempo de
1.31 17.89 Retorno para as diferentes distribuições
1.24 18.84
1.17 19.97 Analisando as tabelas de 3 a 5, percebe-se que
1.11 21.36 ambas as distribuições normal padronizada e de Gumbel
1.05 23.45 apresentaram valores semelhantes para , (6,32m³/s e
Q7,10 = 6.32 6,23m³/s) e um pouco superior ao valor apresentado pelo
método empírico (5,33 m³/s).
De Almeida, et al (2014) aplicaram as
Tabela 5 – Valores estimados pela distribuição de Gumbel distribuições Normal Padronizada e de Gumbel, dentre
outras, em uma série de dados de 38 anos de vazões
Distribuição de Gumbel mínimas da estação fluviométrica Aquidauana, e também
perceberam uma resposta semelhante para as duas
TR Q7 distribuições.
21.00 2.76
10.50 6.00 Legislação:
7.00 7.95
5.25 9.37 Os estados brasileiros possuem diferentes
4.20 10.51 critérios para determinação da vazão máxima outorgável,
sendo um resumo mostrado no anexo 2, apresentado por
3.50 11.47
Farias (2006). Na região Sul e Sudeste é comum a adoção
3.00 12.31 de 50 % da como vazão máxima outorgável (PR, SP
2.63 13.07 e RJ), já o estado de Minas Gerais adota 30 % da .
2.33 13.77 No Norte e Nordeste do país é mais comum a adoção de
2.10 14.42 como vazão de referência, com a vazão máxima
1.91 15.04 outorgável variando de 30 % em Sergipe até 90 % em
1.75 15.64 Alagoas. Em alguns casos específicos, como rios
1.62 16.23 intermitentes no Tocantins valor chegar a 95 %, no mesmo
estado, para usuários únicos, o valor é de apenas 25 %.
1.50 16.81 Tomando como exemplo os métodos baseados
1.40 17.40 na , e adotando a situação mais desfavorável calculada
1.31 18.02 pela distribuição empírica de frequências, a vazão máxima

6
outorgável na sub-bacia em questão variaria de 1,599m³/s Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte-
a 2,665m³/s. Já com os valores baseados na , variaria MG, 2007.
de 5,184m³/s a 15,552m²/s e de 4,32m³/s a 16,42m³/s
para casos específicos. FARIAS, J. E. F. Análise de metodologias utilizadas para a
determinação da Vazão ecológica. Estudo de caso: Rio
CONCLUSÃO: Coruripe/al e rio Solimões/AM. 2006. 150 p. Dissertação
(Mestrado em Ciências em Engenharia Civil) –
A utilização da vazão como vazão de Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro-RJ,
referência pode ser prejudicial em locais com muita 2006.
variação temporal de vazões, como no local analisado,
onde a vazão anual da série foi de 17,28m³/s, 63,33 % NAGHETINNI, M. e PINTO, E. J. A. Hidrologia
Estatística. Belo Horizonte: CPRM, 2007. 600 p.
maior que a vazão observada no em março, de 10,58
m³/s, ficando este mês mais exposto a um quadro de BACCHI, C. G. V.; DE ALMEIDA, I. K.; DOS
escassez hídrica. SANTOS, B. B.; SOBRINHO, T. A.; STEFFEN, J. L.
Já a utilização de como vazão de referência Métodos estatísticos na determinação de vazão de
considera um quadro mais desfavorável ao longo do ano, e referência. Comunicata Scientiae, 5(1): P. 11-17, 2014.
resultou em valores menores para vazão máxima
outorgável de acordo com as diferentes legislações DE ANDRADE N. L. R.; DE MOURA, R. M. P.;
analisadas, deixando uma vazão ecológica remanescente SILVEIRA, A. Determinação da Q7,10 para o Rio Cuiabá,
maior na bacia, e consequentemente menores riscos de Mato Grosso, Brasil e comparação com a vazão
escassez hídrica. regularizada após a implantação do reservatório de
Quanto às distribuições estatísticas analisadas aproveitamento múltiplo de manso. XXX Congreso
para as vazões mínimas, tanto a distribuição Normal Interamericano de Ingeniería Sanitaria y Ambiental - Punta
Padronizada quanto a de Gumbel superestimaram o valor del Este – Uruguay. 26 a 30 de novembro de 2006.
da quando comparadas com a distribuição empírica
de frequência, porém ao longo da série de 20 anos a
distribuição Normal Padronizada apresentou maior
concordância com a distribuição empírica de frequência,
sendo a mais adequada inicialmente. Cabe a análise de uma
série maior de dados e de outras distribuições estatísticas,
como Weibull, Log-Gumbel ou Log-normal para uma
maior clareza sobre qual é mais adequada na bacia em
questão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE


ÁGUAS. http://www.snirh.gov.br/hidroweb/ (consultado
em junho de 2016)

ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Resolução


n° 467/06. Dispõe sobre critérios técnicos a serem
observados na análise dos pedidos de outorga em lagos,
reservatórios e rios fronteiriços e transfronteiriços. Brasília,
DF, 30 out, 2006.

BRASIL, Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a


Política Nacional dos Recursos Hídricos. Diário Oficial da
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 8 jan 1996.

CONAMA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO


AMBIENTE. Resolução n° 20/86. Resolve estabelecer a
seguinte classificação das águas, doces, salobras e salinas
do Território Nacional. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 30 jun 1986.

DE PAULO, R. G. F. Ferramentas para a determinação de


vazões ecológicas em trechos de vazão reduzida: Destaque
para aplicação do método do perímetro molhado no caso
de capim branco I. 2007. 114 p. Dissertação (Mestrado em
Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) –

7
ANEXO 1 – Critérios para determinação da vazão máxima outorgável de acordo com as diferentes
legislações estaduais (Fonte: FARIAS, 2006):

8
ANEXO 2 – Caracterização da área de estudo (Fonte: ANA, 2016):

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