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PARANÁ
RECURSO DE APELAÇÃO
EMÉRITOS JULGADORES:
O autor ajuizou a presente ação pleiteando o recebimento de taxa de condomínio em atraso do mês
de dezembro de 2000.
Regularmente citado para a audiência o requerido contestou.
O MM. Juíz incorreu em erro "a quo" quando prolatou sentença nos presentes autos de ação de
cobrança pelo rito sumário, tendo em vista que julgou parcialmente procedente a ação, condenando
o requerido no pagamento da taxa de condomínio do mês de dezembro de 2000, com a incidência da
multa de 02% (dois por cento) de acordo com o Código de Defesa do Consumidor.
Ao prolatar a respeitável sentença o MM. Juiz condenou o requerido Paulo Francisco Kroeff, a
pagar a importância pleiteada com a incidência da multa de 02% (dois) porcento e juros de mora de
0,5% (mio) por cento, contrariando o que esta estabelecido no Regimento Interno do Condomínio
artigo 58 (doc. de fls. . em anexo)
A respeitável sentença agride frontalmente a Lei 4.591/64 artigo 12, parágrafo 3º, a Convenção, e o
Regimento Interno do Condomínio artigo 58, onde fixa a multa pelo atraso no pagamento da taxa
condominial o percentual de 20%, e juros de mora de 1% .
Desta forma, incorreu em erro o MM. Juiz “a quo” quando condenou o requerido ao pagamento do
principal com a aplicação da multa de 2% e juros moratórios de 0,5%.
A prova na presente ação é meramente documental, pois, os documentos juntados pelo autor com a
inicial, confirmam a multa de 20% e juros de mora de 1% ao mês, custas e honorários advocatícios.
Ao contrário do que entendeu o MM. Juiz " a quo" quando prolatou a respeitável sentença de fls.
Conforme se denota da ementa acima que não há nenhuma relação de consumo entre condômino e
condomínio, pois faz apenas o rateio das despesas mensais das unidades existentes, o que é
facilmente perscrutável que o requerido não adquiriu ou utilizou qualquer produto ou serviço do
Condomínio-apelante.
Cumpre-nos esclarecer que o Código de Defesa do Consumidor prevê, em seu artigo 52, parágrafo
1º, que as multas decorrentes do inadimplemento de obrigações não poderão ser superiores a dez
por cento da prestação. Este artigo, porém trata das relações de consumo, qual sejam, o
fornecimento de produtos ou serviços que envolvam outorga de crédito, e não podem ser aplicadas
na relação Condomínio e Condômino.
Ocorre que o Condomínio não representa relação de consumo, É baseado no rateio das despesas
entre os condôminos, conforme dispõe o artigo 12 da Lei 4.591/64.
“Cada condômino concorrerá nas despesas do condomínio, recolhendo, nos prazos previstos
na convenção, a quota-parte que lhe couber no rateio”.
Mesmo que assim não fosse diz a obra citada, que a jurisprudência já se vem pacificando com
relação a interpretação dada ao artigo 3º da Lei 4.591/64, admitindo a cobrança da multas aos
inadimplentes, mesmo inexistindo convenção.
“O condômino que não paga a sua contribuição no prazo fixado na convenção fica sujeito a
juros de mora de 1% ao mês, e multa de 20% sobre o débito, que será atualizado, com a
aplicação dos índices de correção monetária...”
Portanto, verifica-se que a Lei 4.591/64, que rege a matéria, autoriza a aplicação da multa de até
20% (vinte por cento) quando do atraso dos encargos condominiais, somando-se ao fato de o
Regimento Interno estabelecer claramente a aplicação desta multa, e considerando ainda que, a
obrigatoriedade no pagamento dos encargos condominiais não se confunde com relação de consumo,
a respeitável sentença “a quo” deve ser modificada, para ser aplicada a multa de 20% (vinte por
cento, sobre cada taxa ), custas processuais e honorários advocatícios.
POSTO ISTO, requer a V.Exas., que se dignem a conhecer do presente recurso e dar provimento
ao mesmo para REFORMAR a sentença de fls., a fim de condenar o apelado ao pagamento do
valor principal, acrescido de correção monetária a partir do vencimento de cada taxa de condomínio
em atraso e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês a partir do inadimplemento, com a
aplicação da multa de 20% (vinte por cento), conforme estabelece a Lei 4.591/64 e o Regimento
Interno do Condomínio.
N. Termos,
P. Deferimento.
Curitiba 06 de março de 2002.