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Curso Intensivo em Avaliação e Intervenção no Processo do Luto

12ª edição (Porto) e Live Streaming

Professora Doutora Daniela Nogueira


Curso Intensivo em Avaliação e Intervenção no Processo do Luto
PROGRAMA
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
1. Terminologia relacionada com as perdas e o processo de luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto
2.1. Condições especiais que rodeiam a morte

3. Fatores moderadores do impacto do luto na saúde mental


4. Principais conceptualizações teóricas: perspectivas construtivistas sobre o luto
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
1. Avaliação das necessidades de encaminhamento/intervenção em contexto escolar
2. Programas de prevenção de comportamentos suicidários na comunidade educativa
3. A comunicação de más notícias: a importância da comunicação assertiva
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Módulo 3: Avaliação e Intervenção Psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1.1. Critérios de avaliação das perturbações de luto de acordo com DSM-V
1.2. Entrevista clínica e instrumentos de avaliação
1.3. Discussão de casos

2. Estratégias de intervenção psicoterapêuticas


2.1. Discussão de casos

3. Estratégias de intervenção em contexto educativo


Apresentação

Sou a/o única/o nesta


sala….

Expectativas sobre a
formação…
Módulo 1:

Reflexão em torno das perdas e do luto

CURSO INTENSIVO EM AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO NO PROCESSO DO LUTO


Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
1. Terminologia relacionada com as perdas e o luto

Luto

Mourning Processo de
luto 
Bereavement

Dor
emocional 
Grief
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
1. Terminologia relacionada com as perdas e o luto

Luto enquanto experiência universal

“Processo de elaboração psíquica após a perda do objeto


relacional” (Freud, s.d.)

“Ficamos em luto porque estamos biologicamente predispostos


para nos vincular” (Bowlby, 1973)

“Enfrentar a morte significa encarar a questão última do sentido


da vida. Se nós realmente queremos viver temos de ter a coragem
para reconhecer que a vida é, em última análise, muito curta
(Kubler-Ross, 1975)
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto

Atividade 1:

«Inventário das nossas perdas»


Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
As perdas do próprio terapeuta

Pensar e refletir nas nossas próprias perdas, tornar-nos-á mais eficientes enquanto
profissionais de ajuda (Worden, 2001)

1. A primeira morte que me lembro foi a 5. Das pessoas mais importantes da minha
perda de: vida que estão vivas, a morte mais difícil
- Tinha a idade: de imaginar será a de:
- Os sentimentos que me lembro nessa
altura:
- Será mais difícil porque:

2. O primeiro funeral (ou outro ritual


fúnebre) que assisti foi de: 6. O meu estilo primário de coping para
- Tinha a idade: lidar com a morte é:
- O que mais recordo dessa experiência:

7. Eu sei que o meu processo de luto está


3. A minha perda por morte mais recente resolvido quando:
foi (pessoa, tempo e circunstâncias):
- Como lidei com a perda:
8. É para mim apropriado partilhar a
minha própria experiência de luto com
4. A morte mais difícil que enfrentei até um cliente quando:
hoje foi:
- Foi difícil porque:
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto

Doença
Compreender o significado

Provocadas pela
morte
Incapacidades
(Neimeyer, 2012)
da perda

Dissolução de
Divórcio, amizades
relações

Perder a
casa/catástrofes
Destruição ou ruína
Carreira profissional
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto

Perdas ambíguas (Boss, 1999, in Betz & Thorngren, 2006)


Pessoa está fisicamente ausente mas Pessoa está fisicamente presente
psicologicamente presente mas ausente psicologicamente

- Criança dada para adoção


-Doença crónica (Alzheimer) ou handicap
- Infertilidade/Abortos/IVG/Morte fetal físico ou mental
- Pessoa desaparecida
- Desemprego (perda estatuto social)
-Progenitor divorciado que não vive com os
filhos - Familiar de paciente alcoólico
- Emigração - Abuso sexual
- Saída dos filhos de casa

Processo de luto torna-se


Incerteza Ambivalência
complicado
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto

“Todos os indivíduos num qualquer momento das suas vidas vão


experienciar a perda de alguém significativo, como a morte dos pais, dos cônjuges,
irmãos e amigos, e alguns também dos próprios filhos.”(Neimeyer, Burke, Mackay, & Stringer, 2009 , p.1)

Reações a estas perdas podem ser intensas

Humor depressivo
Independentemente da intensidade
Ansiedade

Falta de interesse Maior parte dos indivíduos lidam com sucesso com a perda,
conseguindo retomar os padrões normais de funcionamento
Incapacidade em durante o processo de luto
estabelecer novas
relações

Luto Normal
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto

Atividade 2: Leitura do folheto

«Quando devo procurar ajuda»

CICLO DO LUTO
Folheto Informativo

Quando devo procurar ajuda?

Apesar da dor, da saudade e dos transtornos que acompanham o processo de luto não
tenham nada de «anormal», existem alguns sintomas que justificam que nós procuremos um
profissional ou a alguma pessoa do nosso meio que nos possa ajudar: médicos, guia espiritual,
responsáveis por grupos de apoio, ou profissionais de saúde mental. Embora cada pessoa deva
tomar esta decisão livremente, deve pensar seriamente em falar com alguém sobre o seu
processo de luto se apresentar algum destes sintomas:

- Intensos sentimentos de culpa, provocados por coisas diferentes das que fez ou
deixou de fazer no momento da morte do seu ente querido.

- Pensamentos de suicídio que vão mais além do desejo passivo de «estar morto» ou
de poder reunir-se com o seu ente querido.

- Desespero extremo; a sensação de que por muito que tente nunca vai poder
recuperar uma vida que valha a pena viver.

- Inquietude ou depressão prolongada, a sensação de estar «preso» ou «desacelerado»


ao longo de vários meses.

- Sintomas físicos, como a sensação de ter uma faca cravada no peito ou uma perda
substancial de peso, que possam representar uma ameaça para o seu bem-estar físico.

- Ira incontrolável, que faz com que os seus amigos e familiares se distanciem de si o
que o leva a «planear uma vingança» da sua perda.

- Dificuldades continuadas de funcionamento que se podem manifestar na sua


incapacidade para manter o seu trabalho ou realizar as tarefas domésticas necessárias para a
sua vida quotidiana.

- Abuso de substâncias, confiando demasiado nas drogas ou no álcool para suprimir a


dor da perda.

Pese embora qualquer um destes sintomas possa ser uma característica passageira de
um processo normal de luto, a sua presença continuada deve ser causa de preocupação e
merece a atenção de uma pessoa diferente das figuras de apoio informal que estão presentes
na vida de cada um.
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto

Fatores de risco que podem complicar o processo de luto (Prigerson, et al., 2009)

História de
Grau de
ansiedade de Pais Abuso ou morte
parentesco com
separação na controladores parental
o falecido
infância

Padrões de Falta de
Dependência
vinculação preparação para Tipo de morte*
conjugal
inseguros a morte

Vulnerabilidade para desenvolver


luto complicado
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto
2.1. Condições especiais que rodeiam a morte

Fatores de risco que podem complicar o processo de luto (Neimeyer et al., 2009)

Tipo de morte*

Mortes violentas Mortes inesperadas Mortes antecipadas


(homicídio) (acidentes viação) (morte de um filho)

Vulnerabilidade para desenvolver


luto complicado
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto
2.1.1. Condições especiais que rodeiam a morte nas crianças e adolescentes

Condições especiais que rodeiam a morte nas crianças e adolescentes


(Melvin & Lukeman, 2000)

Mortes repentinas

Súbitas ou
Suicídio Morte parental
traumáticas

Aumentar a vulnerabilidade da Necessidade de


criança intervenção especializada
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto
2.1.1. Condições especiais que rodeiam a morte nas crianças e adolescentes

Súbitas ou traumáticas
Guerras, terrorismo, acidentes,
Suicídio* Morte Parental
homicídios, etc.

Principal figura de
Estratégias de vinculação +
Envolvimento com
coping inibidas:
a morte Luto do cônjuge
culpa e angústia
sobrevivente

Perturbação
Procedimentos Secretismo e
mental prévia do
legais estigma = Raiva
falecido
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto
2.1.1. Condições especiais que rodeiam a morte nas crianças e adolescentes
2. 1.1.1.- Considerações sobre o suicídio na adolescência

Suicídio* na adolescência corresponde à 2ª causa de morte (WHO, 2009),


representando também em Portugal, um grupo de elevada vulnerabilidade

Implicações do suicídio adolescente nos pares


sobreviventes

Sentimentos de culpa,
Cicatrizes emocionais Estigma e secretismo confusão, vergonha,
ressentimento

(Mauk & Weber, 1991)


Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
2. Tipos de perdas e fatores de risco no processo de luto
2.1.1. Condições especiais que rodeiam a morte nas crianças e adolescentes
2. 1.1.1.- Considerações sobre o suicídio na adolescência

Moldura temporal do processo de luto entre sobreviventes de suicídio na


adolescência (Mauk & Weber, 1991)

Tempo Possíveis sentimentos Possíveis reações


1ªs horas até 2 semanas após a Agitação, choque, descrença, Como se nada tivesse
morte entorpecimento acontecido, negação; choro;
agitação; Comportamento
automatizado
2 aos 6 meses após a morte Culpa, raiva, mistura de Autorrecriminação: «E se?»
confusão e alívio, recriminação «O que é que eu fiz?»
Sonhos e pensamentos com o
morto muito frequentes
3 meses até 1 ou 2 anos após a Ataques de confusão Lidar com a própria
morte emocional, raiva, tristeza, mortalidade; consciência que
medo, solidão realmente o amigo
desapareceu, necessidade de se
despedir
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Fatores moderadores do impacto do luto na saúde mental

O que os profissionais das escolas precisam de saber…


(Melvin & Lukeman, 2000)

Disponibilidade e apoio (efetivo) do suporte Restabelecimento das


social rotinas

Desenvolvimento de
Vinculação emocional
novos Intervenção em crise
segura
relacionamentos
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Fatores moderadores do impacto do luto na saúde mental
Fatores moderadores protetores (Melvin & Lukeman, 2000)

Criança

• Capacidade para formar uma representação mental da pessoa morta


• Manter a ligação através da memória
• Facilidade em expressar as suas emoções (Raparigas)

Parentais

• Figura de substituição que possa assegurar o papel do prestador de cuidado (caso da morte da
principal figura de vinculação)
• Progenitor sobrevivente assumir esse papel, facilita se a relação entre ambos for boa ,e se
este não se encontrar assoberbado pela sua perda

Família
• Flexibilidade nos papeis parentais e comunicação familiar aberta
• Não existência de outras transições ou mudanças no estilo de vida familiar
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Fatores moderadores do impacto do luto na saúde mental
Fatores moderadores protetores (Melvin & Lukeman, 2000)

Amigos

• Manutenção do contato com outras crianças (luto parental)


• Para os adolescentes, estes são normalmente a principal fonte de apoio

Escola

• Propiciar discussões abertas acerca da vida e da morte em geral


• Assegurar apoio individual perante uma morte
• Acesso facilitado à terapia para todos os elementos da comunidade educativa, em particular,
se a morte tiver sido traumática

Comunidade

• Acesso a exemplos culturalmente apropriados sobre os comportamentos e rituais


• Falar abertamente sobre a morte
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas

«Luto Complicado»
«Luto Normal»
luto prolongado
 luto traumático

Processo dinâmico Natureza não resolvida

Choque, dor Sintomas interferem


emocional e alguns com o normal
sintomas somáticos funcionamento

(Lichtenthal, Cruess, & Prigerson, 2004)


Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas

Impacto do luto traumático nas crianças (Cohen, Mannarino, & Deblinger , 2006)

Luto não complicado = processo normal de luto pela perda de um


relacionamento importante

Luto traumático assemelha-se à perturbação depressiva e não se


diagnostica antes dos 2 meses (a seguir a uma perda), a não ser que:

1. Culpa por coisas ou ações feitas (ou não) pelo sobrevivente na altura da
morte;
2. Pensamentos de morte para além do sentimento do sobrevivente de que
deveria ter sido ele a morrer, ou que deveria ter morrido com ele;
3. Preocupação mórbida com depreciação;
4. Retardação psicomotora marcada;
5. Comprometimento funcional marcado ou prolongado
6. Experiências alucinatórias para além da sensação de ouvir ou ver imagem
do falecido.
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas
Mitos acerca do processo de luto nas crianças

MITO REALIDADE
1. Crianças não 1. Crianças pequenas podem não verbalizar os seus
experienciam o luto sentimentos acerca da morte. Frequentemente
expressam através do comportamento e jogo.
2. Crianças 2. Perdas diárias: amigos na escola, animais de
experienciam poucas estimação, e membros de familia pela morte.
perdas

3. Adultos podem não ter energia ou conhecimento para


3. Os adultos querem
proteger as crianças ajudar a criança a lidar com a perda.

4. Crianças recuperam 4. O processo de luto das crianças está dependente do


rapidamente das seu nível de desenvolvimento
perdas

(Kirwin & Hamrin, 2005)


Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas
Mitos acerca do processo de luto nas crianças

MITO REALIDADE
5. Existem algumas 5. Não existem duas crianças iguais.
fases/etapas previsíveis
durante o processo de luto
da criança

6. As crianças que 6. A criança que receba cuidado e compaixão na


experienciam perdas vão-se intervenção precoce podem curar a ferida e
tornar adultos desajustados crescer através da sua experiência de luto

7. Crianças não devem


participar em cerimónias 7. Os funerais providenciam a estrutura para todas
fúnebres as pessoas obterem o conforto e apoio dos
outros, para expressarem os seus sentimentos e
homenagear a pessoa que morreu
(Kirwin & Hamrin, 2005)
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas
Evolução do conceito de trabalho de luto

Modelos clássicos de estádios (Kubler-Ross, 1969; Bowlby, 1980)

• Kubler-Ross: Negação; Revolta; Negociação; Depressão; Aceitação


• Bowlby: Choque e Negação; Protesto; Desespero e Desorganização; Reorganização

Modelos de stress e coping - Processo Dual (Stroebe & Shut ,1999)

• O enlutado vai oscilando entre duas formas de funcionamento: Processo orientado para a
perda vs processo orientado para reconstrução

Modelos de Processamento de Informação – Luto traumático


(Horowitz , 1986)

Acontecimento vai desencadear: protesto, negação, intrusão, «trabalhar através de» e


finalização (pessoa retorna ao estado semelhante antes da perda)
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas
Evolução do conceito de trabalho de luto

Modelos com perspectiva psicodinâmica

• Foco é «trabalhar através» dos laços com o falecido


• Sentido: «deixar ir» e «seguir em frente»

Modelos cognitivo-comportamentais

• Psicoeducação sobre as principais reações do processo de luto e/ou trauma, bem


como estratégias de coping práticas

Modelos de Reconstrução de Significado para o luto*

• Técnicas narrativas para promover o recontar a perda para que esta seja
integrada na sua história de vida
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas:
Modelos de Reconstrução de Significado para o luto (Neimeyer, 2012)

Processo de luto numa perspetiva construtivista*

Crenças centrais servem de esqueleto às nossas auto narrativas

«O mundo é
«Somos merecedores de «Temos algum controlo
genericamente
desfechos positivos» sobre as nossas vidas»
benevolente e justo»

Sensação generalizada de procura de significado que dá


coerência às nossasCICLO DO LUTO
auto narrativas, para além do papel de
autoria, com esperança no ser humano
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas:
Modelos de Reconstrução de Significado para o luto (Neimeyer, 2012)

Perda numa perspetiva construtivista*

Pode desafiar a validade das crenças centrais e debilitar a coerência das auto
narrativas

Mundo perigoso Imprevisível Injusto

Relembrar sobre a mortalidade humana, levantando questões


existenciais
CICLO sobre o pós-vida
DO LUTO

Incongruência resolvida pela criação de significado


Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas:
Modelos de Reconstrução de Significado para o luto (Neimeyer, 2012)

EVITAMENTO ASSIMILAÇÃO ACOMODAÇÃO

CICLO DO LUTO
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas:
Modelos de Reconstrução de Significado para o luto (Neimeyer, 2012)

Níveis de funcionamento durante o luto

Afetado por ocasiões com


Impacto temporal
significado simbólico

CICLO DO LUTO
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas:
Modelos de Reconstrução de Significado para o luto (Neimeyer, 2012)

Atividade de luto
Processo ativo, repleto de decisões e escolhas entre caminhos e possibilidades:
«voltar a aprender como é o mundo»

Worden e Rando (in Neimeyer, 2012)


Desafios Compete ao individuo:
do luto
1) Reconhecer a realidade da perda
Tipo de
perda 2) Abrir-se à dor
3) Rever o nosso mundo de significados
CICLO DO LUTO
4) Reconstruir a relação com o que
Recursos
perdemos
5) Reinventarmo-nos
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais concetualizações teóricas
Dimensões do crescimento pós-traumático

Como a perda de alguém significativo pode resultar na experiência de crescimento


pessoal

Relações
interpessoais

Mudanças
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas

Tarefas típicas para o luto não complicado em crianças


Worden (1996) e Wolfet (1991)

Experienciar dor Aceitar a permanência Relembrar o falecido


profunda da morte (perda)* aceitando-o por inteiro

Incorporar aspectos
Relação baseada na Comprometer-se em
importantes na
memória novos relacionamentos
identidade da criança

CICLO DO LUTO
Restabelecer uma
trajectória
desenvolvimental
saudável
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas

Capacidade de compreensão da criança do conceito de morte*


(Kane, 1979, in Melvin & Lukeman, 2000)

Idade Conceito Explicação


(anos)

3 Realização Considera que a morte pode acontecer a qualquer um

5 Separação A morte é localizada noutro lugar;


Imobilidade A morte é inativa, não se move

6 Irrevogabilidade Morte é permanente


Disfuncionalidade Funções corporais terminaram
Universalidade Mortalidade: todas as pessoas morrem

7 Causalidade Devido a causa interna ou externa

CICLO DO LUTO
8 Insensibilidade Cessação do sentir
(aliar o pensamento às sensações)

12 Aparência Aparência diferente de quando viviam


Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas:
Modelos de Reconstrução de Significado para o luto (Neimeyer, 2012)

Quando estamos com uma pessoa que perdeu alguém…

O que não devemos dizer… O que devemos dizer…


Obrigar a pessoa enlutada a assumir um papel, Abrir as portas à comunicação. Se não sabe o que
dizendo-lhe: «Estás a fazer tudo muito bem». dizer, pergunte: «Como estás hoje?» ou «Pensei em
ti. Como tens estado?»

Dizer à pessoa enlutada o que tem que fazer. No


melhor dos cenários, isto reforçará a sensação de Escutar 80% do tempo e falar 20%. Há poucas
incapacidade da pessoa, e no pior, o nosso conselho pessoas capazes de escutar as preocupações mais
pode ser contraproducente. profundas de outro individuo. Seja uma delas.

Dizer-lhe «liga-me se precisares de alguma coisa». Este Oferecer ajuda concreta e tomar a iniciativa de ligar
tipo de ajuda indefinida tende a ser recusada e a à pessoa enlutada. Embora respeitemos a intimidade
pessoa enlutada capta a ideia que o nosso desejo da pessoa, este valorizará a nossa ajuda nas tarefas
implícito é que não nos contactem. cotidianas.

Sugerir que o tempo cura todas as feridas. As feridas Esperar por «momentos difíceis» no futuro, com
da perda nunca se curam por completo e o processo de tentativas ativas de lidar com sentimentos e decisões
luto é mais activo do que denuncia esta frase. difíceis nos meses a seguir à perda
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto
3. Principais conceptualizações teóricas:
Modelos de Reconstrução de Significado para o luto (Neimeyer, 2012)

Quando estamos com uma pessoa que perdeu alguém…

O que não devemos dizer… O que devemos dizer…


Fazer com que sejam os outros a prestar ajuda. A «Estar lá», acompanhando a pessoa. Existem
nossa presença e preocupação pessoal é o que poucas normas para ajudar, mas o cuidado e a
marca a diferença. autenticidade serão as mais importantes.

Dizer: «Sei como te sentes». Cada pessoa Falar das nossas próprias perdas e de como nos
experimenta a sua dor de uma forma única, o adaptamos a elas. Apesar do seu estilo de coping
melhor que podemos fazer é convidar o enlutado a poder ser diferente, este tipo de revelações pode
compartilhar os seus sentimentos connosco. servir de ajuda.

Utilizar frases feitas de consolo, como: «Há mais Estabelecer contato físico adequado, pondo o
peixe no mar» ou «Deus é que sabe». Isto apenas braço sobre o seu ombro ou dando um abraço
convencerá a pessoa que não nos preocupamos quando faltam as palavras. Aprenda a sentir-se
suficientemente para a entender. confortável com o silêncio partilhado, em vez de
tentar animar a pessoa.

Tentar que a pessoa se apresse em superar a sua


dor, incentivando-a a ocupar o seu tempo, a Ser paciente com a história da pessoa que sofreu a
oferecer as coisas do defunto, etc. O trabalho de perda e permitir-lhe compartilhar as suas
luto requere tempo e paciência. recordações. Isto fomenta uma continuidade
saudável para a orientação da pessoa a um futuro
que ficou transformado pela perda.
Módulo 1: Reflexões em torno das perdas e do luto

Atividade 3:

«Marcas da nossa vida»


«MARCAS DA NOSSA VIDA»

A pessoa cujo exemplo quero seguir é: ___________________________________________

_____________________________________________________________________________

Esta pessoa teve o seguinte impato em mim:

nos meus gestos e particularidades: _________________________________________

_______________________________________________________________________

na minha forma de falar e comunicar: ________________________________________

_______________________________________________________________________

nas minhas actividades profissionais e de tempos livres: _________________________

_______________________________________________________________________

na minha personalidade: __________________________________________________

_______________________________________________________________________

nos meus valores e crenças: _______________________________________________

______________________________________________________________________

As marcas (pegadas/exemplos) que mais gostaria de reter são: __________________________

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

As marcas que mais gostaria de renunciar ou que mais gostaria de alterar, são: _____________

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Módulo 2:

Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto

CURSO INTENSIVO EM AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO NO PROCESSO DO LUTO


Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
1. Avaliação das necessidades de encaminhamento/intervenção em contexto escolar

Avaliação das crianças em processo de luto


Modelo Tripartido de Webb (2010):

Fatores

Relacionados com a Familiares, sociais e


Individuais
morte religiosos/culturais
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
1. Avaliação das necessidades de encaminhamento/intervenção em contexto escolar

Modelo tripartido de avaliação de Webb (2010)

Fatores Individuais Fatores relacionados com a morte

Idade Tipo de morte

 Estádio desenvolvimental  Antecipada/súbita


 Nível cognitivo  Grau de sofrimento
 Caraterísticas de temperamento  Presença de violência/trauma
Historial de ajustamento (coping)  Estigmatização

 Casa Contato com o falecido


 Escola
 Relações interpessoais/pares  Presente no momento da morte
 Hobbies/interesses  Viu o corpo morto
 Presente no funeral
Avaliação do funcionamento global
 Visitou a campa
 DSM IV (eixo V)
Teve oportunidade de se despedir
História médica
Relação com o falecido: Significado da
Experiências prévias de morte perda

Fatores familiares, sociais e religiosos/culturais

Família nuclear

 Reações de luto

Família alargada

 Reações de luto

Escola

 Reconhecimento do luto

Pares

 Resposta ao luto

Afiliação religiosa e cultural

 Participação
 Crenças acerca da morte
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
1. Avaliação das necessidades de encaminhamento/intervenção em contexto escolar

Indicações para avaliação de um profissional especializado

Não ao nível da
Diferenças entre o «luto normal» e «reações de luto
sintomatologia mas sim ao
distorcido» nível da intensidade

Negação contínua da
Distress corporal prolongada Pânico persistente
realidade da morte

Apatia e ansiedade
Culpa excessiva Idealização infinita
persistente
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
1. Avaliação das necessidades de encaminhamento/intervenção em contexto escolar

Indicações para avaliação de um profissional especializado

Risco de suicídio* ou
envolvimento com a morte

1. Crianças em perigo de 2. Perturbação emocional


vida (doença terminal) prévia
Outras situações
especiais:
3. Doença mental com
4. Permanência num
dificuldades em
estado de choque
compreender o sucedido
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
1. Avaliação das necessidades de encaminhamento/intervenção em contexto escolar

* Avaliação do Risco de suicídio:


5 Questões a explorar com crianças a partir dos 8/9anos e adolescentes
(Webb, 2010)

1. Estás tão aborrecido/incomodado ao ponto de já teres 2. Já pensaste num plano?


pensado em te matar? Num método? [Grau de
[Fala-me mais sobre isso] perigosidade] Quando?

4. Consomes álcool? Em que


5. O que te impede de
3. Já fizeste alguma tentativa quantidade? E Algum tipo de
concretizar o teu desejo de
em te matares? droga? Estás a tomar alguma
morrer?
medicação?
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
2. Programas de prevenção de comportamentos suicidários na comunidade educativa
Programas de intervenção portugueses: Pósvenção do suicídio nas escolas

NES – Núcleo de estudos do Suicídio

+ Contigo Feliz Mente

Aventura Social Encontrar-se


Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
2. Programas de prevenção de comportamentos suicidários na comunidade educativa
Sinais de alarme, fatores precipitantes e risco iminente (+Contigo, 2014)

SINAIS DE ALARME PRECIPITANTES RISCO IMINENTE

- Desesperança intensa - Expressão da intenção de


- Sensação de encurralamento - Rutura amorosa morrer (frases, desenhos,
- Ausência de razões para - Discussão com pais atitudes)
viver, - Dificuldades académicas - Possuir um plano
vida sem sentido - Perda inesperada de - Acesso a métodos letais
- Aumento consumo álcool ou pessoa significativa - Desenvolver capacidade de
drogas - Suicídio de amigo ou fazer mal a si próprio
- Isolamento de amigos e familiar - Comportamento impulsivo
família - Suicídio de alguém antissocial e agressivo
- Comportamentos auto famoso (ídolo) - Sensação de súbita calma e
lesivos e/ou - Vitima de abuso ou paz
tentativa suicídio prévia bullying - Oferecer objetos de valor
- Ausência de crítica para o sentimental
comportamento
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
2. Programas de prevenção de comportamentos suicidários na comunidade educativa
Programas de intervenção portugueses: Guidelines da OMS (2006)
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
2. Programas de prevenção de comportamentos suicidários na comunidade educativa
Desenvolvendo programas de pósvenção (Mauk & Weber, 1991)

Perante uma morte por suicídio na escola

Aceder/avaliar o impato do acontecimento no sistema Necessidades dos


educativo adolescentes
*Preocupações de contágio sobreviventes

Plano de
Programas de Resposta de
intervenção a
Pósvenção crise imediata
longo prazo
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
2. Programas de prevenção de comportamentos suicidários na comunidade educativa
Desenvolvendo programas de pósvenção (Mauk & Weber, 1991)

*Preocupações de contágio do suicídio


Silêncio para evitar a modelagem

Falar e discutir abertamente o assunto: estabilizar a situação

Suicídio não deve ser disfarçado nem mascarado


comportamental

Conjugação de múltiplos fatores e


Enfatizando-se as acontecimentos de vida
dimensões
particulares do
funcionamento da
vítima Identificação com a Aumenta a possibilidade
vítima mais difícil de apoio e suporte
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
2. Programas de prevenção de comportamentos suicidários na comunidade educativa
Desenvolvendo programas de pósvenção (Mauk & Weber, 1991)

Programas deverão ser elaborados antes da crise

1) Partilha de informação adequada


“Autópsia psicológica do
2) Rastreio de indivíduos de elevado risco suicídio”
3) Triagem e encaminhamento

Rumores e mitos acerca Discutir os sentimentos


do suicídio dos sobreviventes
Conselheiro da
turma
Encontrar compreensão
Identificar alunos
para os eventos
vulneráveis
stressantes da vítima
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
3. A comunicação de más notícias: a importância da comunicação assertiva
Como informar as crianças do falecimento dos seus familiares/amigos (Fernández, 2006)

Se não sabemos o
que dizer, Não usar
Não mentir
eufemismos
expressá-lo

Não dar falsas Não relacionar a Expressar emoções


esperanças morte com o sono (pesar)

Não demorar a dar


a notícia
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
3. A comunicação de más notícias: a importância da comunicação assertiva
Técnicas de comunicação (Fernández, 2006)

Escuta ativa

Empatizar

Resumir/Sumariar

Obter acordo parcial

Dar informação útil

Ajudar a pensar

Eleger o lugar e o momento apropriado e preparar a


situação
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
3. A comunicação de más notícias: a importância da comunicação assertiva
Técnicas de comunicação (Fernández, 2006)

Dicas para desenvolver escuta ativa

Não avaliar, nem emitir juízos de valor

Observar o que se diz e como o diz

Assumir uma postura ativa

Acenar a cabeça e utilizar encorajadores verbais

Resistir às distrações externas e internas

Não interromper

Não rejeitar os sentimentos do outro

Não «oferecer» soluções


Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Modelos de Intervenção no processo de luto (Neimeyer, 2007)

SUPORTE ACONSELHAMENTO PSICOTERAPEUTICO

Apoio informal em grupo


Psicoterapeuta
(igrejas ou comunidade) Serviço prestado por um
profissional

Material psicoeducativo
Simpósios luto/trauma Indivíduos que estejam a
Rituais anuais ter uma reação
Programas que se focam problemática em relação
Visitas a casa na prevenção de futuros à perda
problemas de saúde (Depressão, ou Luto
mental complicado)
Minimizar a estigmatização
e monitorizar os recursos

«Dar palavras à tristeza»


Shakespeare
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Fortalecer o suporte Aumentar o


Ajudar a guiar os
emocional na sala envolvimento dos
psicólogos escolares
de aula professores

(Heath & Cole, 2011)


Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Estratégias
• Reassegurar: Estamos aqui para ti. Não estás sozinho(a).
• Encorajar um sentimento de comunidade: propor atividades em pequeno
Sentimento de grupo, que fomentem a sua expressão de sentimentos.
isolamento • Memoriais na sala de aula: providenciam aos colegas oportunidades de
mostrar a sua compaixão (espaço onde possam deixar cartões, flores, poemas, desenhos,
etc.) .
• Encorajar conversas que fortaleçam a conexão com o falecido. Reassegurar
que o falecido permanecerá na nossa memória.
• Falar com o progenitor sobrevivente sobre as crenças espirituais da familia
Expressar a e promover na sua abordagem ao luto a evocação e memória do falecido.
perda da • Partilhar a analogia «Vidro do mar»
esperança • Partilhar citações e pinturas/quadros positivos.
• Plantar arvores de flores.
• Reassegurar que os sentimentos de culpa são frequentes. Porém, assegurar
Culpabilização e reiterar: A criança não tem culpa.
do self ou dos • Culpa prende a criança ao papel improdutivo de vítima.
outros • Pratique o reenquadramento das afirmações negativas em conversações
positivas.
(Heath & Cole, 2011)
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

(Heath & Cole, 2011)


Estratégias
• Precaução: embora devam ser dadas oportunidades à criança para
Evitar conversas expressar os seus sentimentos, não force nunca a criança a falar.
sobre a morte • Selecione um livro, histórias que modelem as estratégias de coping para o
processo de luto.
• Com crianças pequenas (4-8 anos) faça perguntas sobre a morte, e
Fazer perguntas responda com sensibilidade e honestidade às suas perguntas «O Sapo e o
difíceis Canto do Melro» de Max Velthuiss; «Quando alguém muito especial
morre» de Marge Heegaard
• Crianças de 9 a 12 anos «Estar Triste Não é Mau - Um guia para crianças
que sofrem com a perda de alguém» de Michaelene Mundy; «Brincos de
penas» de Maria Teresa Gonzalez
• Demonstrar paciência extra, e ouvir a criança.
Acting out e • Ensinar e encorajar técnicas de relaxamento. Pratique o relaxamento com
regressão a turma e a respiração diafragmática.
comportamental • Consoante as necessidade, reduza as exigências académicas e providencie
alguma flexibilidade nas rotinas escolares.
• Discuta as preocupações comportamentais com o psicólogo da escola.
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um
familiar

4 aos 8 anos 9 aos 12 anos


Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Apoio emocional dos professores às necessidades emocionais das crianças


(Heath & Cole, 2011)

Reconhecer a vivência extra de stress Ajudá-los a negociar nesta etapa de


pelo membro sobrevivente transição dolorosa

Auxiliar os professores e funcionários a utilizarem


Psicólogo intervenções efetivas e eficientes que promovam
as estratégias de coping adaptativas
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Promover e facilitar o processo de luto na sala de aula


(Heath & Cole, 2011)

Num espaço de confiança e emocionalmente seguro


Diminuir a
sensação de
isolamento e
alienação
Crianças aprendem ao observarem os professores e
Risco de
colegas a expressarem as suas emoções
críticas e
marginalizada
por expressar a
«Luto
dor Produtividade emocional
privado»
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Principais estratégias facilitadoras


(Heath & Cole, 2011)

Rituais de despedida CBT na sala de aula

Biblioterapia
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Principais estratégias facilitadoras (Heath & Cole, 2011)

Rituais de despedida:
Memoriais em sala de aula

Escolher um espaço na
Dar oportunidade aos colegas para expressarem sala de aula
o seu pesar/compaixão
(um canto, uma parede)

Cartões Desenhos/
Flores/peluches
personalizados poesia
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Principais estratégias facilitadoras (Heath & Cole, 2011)

Terapia Cognitivo Comportamental na sala de aula

Estratégias de
Estratégias alinhadas com o psicólogo escolar,
pais e psicólogos clínicos relaxamento e
visualização imagética

Metáfora que compara a


Partilhar histórias ou transformação do «vidro
metáforas do mar»* ao processo
de luto
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Principais estratégias facilitadoras (Heath & Cole, 2011, p.253)


A transformação do «vidro do mar»* e o processo de luto

Partilhar a história e oferecer o vidro do mar

Alguém sabe o que é o vidro do mar? Se caminharem pela praia ao pé do mar irão encontrar vidro do
mar. A água do oceano e a areia trabalham em conjunto, gradualmente vão suavizando as pontas
fortes e cortantes do vidro partido. Ao longo do tempo, o vidro vai se tornando suave e arredondado.
O vidro continua lá, mas as suas extremidades já não cortam. Algumas vezes más coisas acontecem.
Que fazem com que os nossos corações fiquem tristes. E magoados. Podemos até ficar zangados. Estes
são sentimentos muito fortes. Por vezes até te questionas se alguma vez eles irão desaparecer. Os
vidros partidos são como os teus sentimentos. Logo após o vidro partir, as suas pontas afiadas podem
cortar-te e magoar-te. Os teus sentimentos magoam. Eles são fortes e cortantes. Ao longo do tempo,
com a ajuda e suporte dos outros, os limites dos teus sentimentos tornam-se mais suaves e
arredondados. Apesar das memórias permanecerem no teu coração, elas tornar-se-ão mais macias.
No futuro, serás capaz de pensar no que aconteceu e não magoará tanto como agora.
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Principais estratégias facilitadoras (Heath & Cole, 2011)

Biblioterapia na sala de aula (CBT)

Histórias partilhadas

Facilitam a comunicação Reduzem sentimentos de Modelam comportamentos


sobre os temas da morte isolamento ajustados
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Principais estratégias facilitadoras (Heath & Cole, 2011)

Biblioterapia na sala de aula (CBT)


Principais linhas orientadoras

Adaptar às
Ajudar a identificar os livros que podem ajudar
ao processo de luto necessidades da
população-alvo

Desafios habitualmente
Coping adaptativo presentes no processo
de luto
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Principais estratégias facilitadoras (Heath & Cole, 2011)

Biblioterapia na sala de aula (CBT)


Principais linhas orientadoras

Após a leitura, fazer perguntas que promovam a


discussão sobre as principais ideias e enfatizar os
pontos críticos

Envolver os alunos em 1) Fazer a ligação da 2) Elaborar um plano de


atividades*: história para a vida real aula
Módulo 2: Avaliação das necessidades de intervenção no processo de luto
4. Da intervenção psicológica à prática psicoterapêutica em contextos de luto
Como fortalecer o apoio emocional na sala de aula a uma criança que perdeu um familiar

Principais estratégias facilitadoras (Heath & Cole, 2011)

Biblioterapia na sala de aula (CBT)


Principais linhas orientadoras

Envolver os alunos em atividades*:

Estudantes devem:

Relacionar-se com a Envolver-se Transferir a mensagem da


história emocionalmente pela história para as interações
intensidade da história do dia a dia

Fase de identificação Fase Catártica Fase de integração


Módulo 3:

Avaliação e Intervenção Psicológica no processo de luto

CURSO INTENSIVO EM AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO NO PROCESSO DO LUTO


Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto

Depressão

Luto
Complicado

É ou não
perturbação
mental?
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto
Proposta para diagnóstico do DSM-V (Prigerson et al., 2009)

Proposta para Perturbação de Luto Prolongado


• Critério A. Evento. Angústia persistente provocada pela morte de um ente querido
• Critério B. Distress de separação: o enlutado experiencia diariamente e a um nível intenso e
disruptivo saudades, dor emocional, tristeza e pesar pela ausência da pessoa desaparecida
• Critério C. Sintomas cognitivos, emocionais e comportamentais: a pessoa experiencia
diariamente ou a um nível disruptivo pelo menos 5 dos seguintes sintomas:
1. Confusão em relação ao próprio papel na vida, sensação de que já não sabe quem é (percepção que
parte de si morreu)
2. Dificuldade em aceitar a perda
3. Evitar lembrar a realidade da perda
4. Incapacidade para confiar nos outros depois da perda
5. Sentimentos de amargura e revolta relacionados com a perda
6. Dificuldade em continuar com a vida (e.g. fazer novos amigos, ter novos interesses, etc.)
7. Perceção de estar emocionalmente entorpecido
8. Sentir que a vida é insatisfatória, vazia ou sem significado desde a perda
9. Sentimento de choque, atordoamento e confusão pela perda
• Critério D. Tempo: os sintomas anteriores devem ter pelo menos 6 meses de duração
• Critério E. Disfunção social e ocupacional ou em outras áreas importantes no funcionamento.
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto DSM-V (American Psychiatric Association, 2014)

Secção III: «Condições que Necessitam de Estudo»:


Perturbação de Luto Complicado Persistente
Critérios propostos
A. O indivíduo vivenciou a morte de alguém com quem tinha uma relação próxima.
B. Desde a morte, pelo menos um dos seguintes sintomas é experienciado na maior
parte dos dias num grau clinicamente significativo, e persistente no caso de
adultos em luto, por pelo menos 12 meses após a morte e, no caso de crianças
em luto, por pelo menos 6 meses.
1. Saudade persistente do falecido. Em crianças pequenas, a saudade, incluindo
comportamentos que refletem estar separado de, e também voltar a reunir-se com,
um cuidador ou outra figura de vinculação.
2. Mágoa intensa e dor emocional em resposta à morte (Choro frequente).
3. Preocupação com o falecido.
4. Preocupação com as circunstâncias da morte. Em crianças esta preocupação com o
falecido pode ser expressa através de brincadeiras e comportamentos e pode
estender-se à preocupação com a possível morte de outras pessoas próxima.
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto DSM-V ( APA, 2014)

Secção III: «Condições que Necessitam de Estudo»:


Perturbação de Luto Complicado Persistente (Cont.)

Critérios propostos
C. Desde a morte, pelo menos 6 dos seguintes sintomas são experienciados na maior parte dos
dias e num grau clinicamente significativo, e persistem, no caso de adultos em luto, por pelo
menos 12m após a morte e, no caso de crianças em luto, por pelo menos 6 m.
Mal-estar relativo à morte
1. Dificuldade marcada em aceitar a morte. Em crianças isto está dependente da capacidade em
compreender a permanência da morte.
2. Experienciar incredulidade ou entorpecimento emocional relativamente à perda.
3. Dificuldade em relembrar positivamente o falecido.
4. Amargura ou raiva relacionada com a perda.
5. Avaliações desadaptativas sobre o próprio em relação ao falecido ou à morte (sentimentos de culpa).
CICLO DO LUTO
6. Evitamento excessivo de lembranças da perda.
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto DSM-V ( APA, 2014)

Secção III: «Condições que Necessitam de Estudo»:


Perturbação de Luto Complicado Persistente (Cont.)
Critérios propostos
C. Desde a morte, pelo menos 6 dos seguintes sintomas
Disrupção social/de identidade
7. Desejo de morrer de forma a estar com o falecido.
8. Dificuldade em confiar nos outros indivíduos desde a morte.
9. Sentir-se só ou desligado dos outros desde a morte.
10. Sentir que a vida não tem significado, ou que é vazia sem o falecido, ou a crença de que não consegue
funcionar sem o falecido.
11. Confusão acerca do seu próprio papel na vida ou um sentido diminuído da sua própria identidade (por
exemplo, sentir que uma parte de si morreu com o falecido).
12. Dificuldade ou relutância em perseguir interesses desde a perda ou em planear o futuro (amizades,
atividades, etc.) CICLO DO LUTO
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto DSM-V ( APA, 2014)

Secção III: «Condições que Necessitam de Estudo»:


Perturbação de Luto Complicado Persistente (Cont.)
Critérios propostos
D. A perturbação causa mal-estar clinicamente significativo ou défice social, ocupacional
ou noutras áreas importantes do funcionamento.
E. A reação de luto é desproporcional ou inconsistente com as normas culturais, religiosas
ou apropriadas à idade.

Especificar se:
Com Luto Traumático. Luto devido a homicídio ou suicídio com preocupação geradoras de
mal-estar persistentes relativas à natureza traumática da morte (muitas vezes em resposta a
lembranças da perda), incluindo os últimos momentos do falecido, grau de sofrimento e lesões
de mutilação, ou à natureza maliciosa ou intencional da morte.
Caraterísticas associadas que suportam o diagnóstico:
CICLO DO LUTO
Alucinações (auditivas e visuais) do falecido, nas quais temporariamente percepciona a
presença do falecido.
Também podem experienciar sintomas/queixas somáticas.
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto
Diagnóstico diferencial: Porque não é Perturbação Depressiva Major?

Considerar o diagnóstico de Perturbação Depressiva Major (DSM-V, 2014)

Se pessoa perdeu alguém através da


morte com quem mantinha uma relação
próxima
Retirou-se a exclusão do critério do
processo de luto após os 2 meses, pois o
luto normal pode durar um a dois anos
Individuo vulnerável, em particular a
seguir à perda, e pode ser um fator de
risco para o sofrimento, os sentimentos
de menos-valia, ideação suicida,
agravamento da saúde física, e piorar o
funcionamento interpessoal e
profissional
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto
Diagnóstico diferencial: Porque não é Perturbação Depressiva Major?

Depressão Luto Complicado


Percepção do self como Self Auto-estima preservada
não tendo valor
Anedonia Sentimentos Solidão existencial

Ruminação em eventos Memória Procurar conforto no


negativos passado
Memórias disruptivas Memoria hiperactiva
(memória episódica)

(Lichtenthal, Cruess, & Prigerson, 2004)


Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto
Diagnóstico diferencial: Porque não é Perturbação Pós-Traumática de Stress?

PTSD Luto Complicado


Acontecimentos atuais do Perda da ligação com o falecido
trauma têm impacto no afeta o enlutado
sobrevivente
Recuperação

Reestabelecer a segurança no Reconstruir a vida sem o ente


mundo querido
Medo/desamparo/horror Sintomas Desamparo

Intrusões envolvem as Reexperiência Intrusão de pensamentos


memórias do acontecimento acerca do falecido,
traumático e reexperienciação normalmente positivas e
das emoções: incontroláveis e reconfortantes
negativas CICLO DO LUTO
Evitam as recordações e Evitamento Recordações do falecido,
lembranças ameaçadoras evitam lembranças da ausência
Tendem a isolar-se socialmente Entorpecimento Desde a morte, vão procurando
falar com outros sobre a perda
(Lichtenthal, Cruess, & Prigerson, 2004)
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. Avaliação psicológica
1. 1. Critérios de avaliação das perturbações de luto
Diagnóstico diferencial: Porque não é Perturbação Pós-Traumática de Stress?

PTSD Luto Complicado


Ansiosos pela ameaça
relacionada com o evento Ansiedade Ansiedade de separação
traumático
Pode não se manifestar Mais significativa
Depressão Saudade e enfraquecimento
geral

Processar os eventos Reorientar-se no mundo sem o


relacionados com a morte Coping falecido

Sensação de segurança é Segurança Não é significativamente


frequentemente desafiada afectada
Rede de suporte sem dano Rede de suporte Impato na rede primária de
suporte
(Lichtenthal, Cruess, & Prigerson, 2004)
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1.2) Entrevista clínica e instrumentos de avaliação
Avaliar o Luto complicado (Neimeyer, 2006)

Questões abertas que facilitem a partilha da


história da perda
• «O que significa esta perda para si? Como me poderia descrever o que
sente?»

Demonstrar interesse nas partes mais difíceis da


história
• «Qual a parte mais dolorosa para si? Que partes raramente partilha com
os outros?»

Impacto da perda na percepção do mundo

• Como esta perda alterou a sua forma de encarar o mundo? Como se


posiciona nele agora?
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1.2) Entrevista clínica e instrumentos de avaliação
Avaliar o Luto complicado (Neimeyer, 2006)

Impacto no funcionamento social

• «Até que ponto esta experiência tem afectado as suas relações com as
outras pessoas? Que preocupações os outros têm relativamente a si?

Gerir a procura de informação relevante com a


necessidade de construção da aliança terapêutica
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. 2) Entrevista clínica
Meaning Reconstruction Interview (Neimeyer, 2006)

1. Perguntas de entrada
• Quem era você na altura da perda, em termos de sentimentos, de crenças?
• O que recorda da forma como reagiu à perda?
• Como é que os outros reagiram à sua reação? O que tem sido mais doloroso desde
então?
2. Perguntas (exercícios) experienciais
• Feche os olhos e visualize a cena relacionada com a sua perda. (Deixe-se estar por uns
momentos até encontrar uma imagem). Quem ou o quê está no seu foco de atenção?
Quem está na periferia? O que está a acontecer? Se está na cena, onde está localizada?
• Quais os sentimentos presentes no seu corpo enquanto revisita esta perda? Que forma
eles assumem? Têm movimento? Se sim, em que direcção? Se não, há alguma coisa a
bloquear este movimento?
• Qual a parte da experiencia mais emocionalmente significativa para si?
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. 2) Entrevista clínica
Meaning Reconstruction Interview (Neimeyer, 2006)

3. Perguntas de exploração
• Que sentido deu à perda naquele momento?
• E hoje, que sentido lhe dá?
• Que crenças ou ideias espirituais (existenciais ou filosóficas) contribuíram para o seu
ajustamento a esta perda?
• Estas crenças alteraram-se após esta experiência?

4. Perguntas de elaboração
• Até que ponto esta experiência alterou o seu sentido de prioridades?
• Que ensinamentos de vida, de amor, guarda dessa relação, dessa pessoa, de
viver esta experiência de perda?
• Que passos imagina que poderia dar, neste momento, para lidar com esta
perda de forma menos dolorosa para si?
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1. 2) Entrevista clínica aplicada a contextos de Infertilidade
(Lee, Neimeyer, & Chan, 2012)

1. Quando olha para trás para os últimos anos, como passou ao lidar com
infertilidade? Como descreveria este período de tempo? Qual o significado que
atribui?

2. Passando por este acontecimento de vida, quais são as mudanças que encontra
como resultado, mudanças individuais e enquanto casal?

3. Existem outros assuntos significativos que pense que mereçam atenção e que
ainda não foram falados?
Modulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto

Atividade 1:

«Role play com aplicação da entrevista


clínica»
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1.2. Entrevista clínica e instrumentos de avaliação Adultos
Prolonged Grief Disorder (PG – 13) Delalibera et al., 2010
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1.2) Entrevista clínica e instrumentos de avaliação - Adultos
Inventário de Crescimento Pós-traumático (CPT, Tedeschi , & Calhoun, 1996, adaptado Resende et al., 2008) e
Escala de Mudanças Negativas após o trauma ( Costa, 2008)
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1.2) Entrevista clínica e instrumentos de avaliação - Adultos
Inventário de Crescimento Pós-traumático (CPT, Tedeschi & Calhoun, 1996, adaptado Resende et al., 2008) e Escala de
Mudanças Negativas após o trauma ( Costa, 2008)
Módulo 3: Avaliação e intervenção psicológica no processo de luto
1.2) Entrevista clínica e instrumentos de avaliação - Adultos
Escala de Vinculação do Adulto ( Collins, & Read, 1990, adaptado Canavarro et al., 2006)
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas

Intervenção com crianças e adolescentes (Ayyash-Abdo, 2001; Kroen, 2011)

Promoção dos vínculos de Dar significado para


segurança compreender a perda e
(lidando com a sua falta) expressá-la

Ajudar os possíveis Forma mais


desajustamentos apropriada de apoio
prolongados é o da família
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas
Terapia de luto construtivista: Proposições da teoria (Neimeyer, 1999)

A morte como acontecimento pode validar ou invalidar as construções que orientam as nossas
vidas ou podem constituir uma nova experiência à qual não possamos aplicar nenhuma das
nossas construções

• Exemplo:
• Aceitar a morte de um soldado em missão se acreditarmos na via militar
• Dificuldade em aceitar a morte inesperada (suicídio) de alguém de quem gostamos muito

O processo de luto é um processo pessoal caracterizado pela idiossincrasia, intimidade e


emaranhamento da nossa identidade

• Critica à concepção por etapas do processo de luto

O processo de luto é algo que nós próprios fazemos e não algo que nos fizeram

• Período de processo acelerado de decisões (práticas e existenciais)


Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas
Terapia de luto construtivista: Proposições da teoria (Neimeyer, 1999)

O processo de luto dá-nos a oportunidade de reafirmar ou reconstruir um mundo


pessoal de significados
• Processo de assimilação:
• Ex. Pessoa que integra a morte do seu cônjuge pelo destino divino
• Processo de acomodação:
• Ex. Abandonar as trivialidades e mudar as prioridades

Cada sentimento cumpre uma função e deve entender-se como um indicador dos
resultados dos esforços que fazemos para elaborar o nosso mundo de significados
através do questionamento das nossas crenças

Construímos e reconstruímos a nossa identidade como sobreviventes à perda


negociando com os outros

• Processo de luto em três dimensões: em si mesmo, na família e na sociedade


Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista
(Neimeyer, 1999; 2012)

1) Fomentar uma atitude colaborativa

2) Respeitar a resistência do cliente

3) Respeitar a privacidade do cliente

4) Integrar as tarefas nas sessões

5) Reconhecer o valor do «ser» em vez do «fazer»


Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

Terapia teoricamente consistente que é tecnicamente ecléctica


Neimeyer, 2012

a) Estratégias b) Recontar a c) Escrita


discursivas narrativa da perda terapêutica

d) Atenção à
e) Visualização
linguagem e
evocativa
metáforas
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

a) Estratégias discursivas (Neimeyer, 2012)

Corresponda o estilo
Persiga as nuances de processamento Atenda aos “termos
do discurso do com o nível de de qualidade”
cliente aprofundamento vividos do cliente
emocional

Aplique metáforas Focalize nos Procure ligações


frias para as significados entre os sintomas e
experiências vagas implícitos significados

Estabeleça um foco
progressivo que vai
evoluindo
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

Atividade 4

«Leitura e reflexão do exercício das


declarações explicitas
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

b) Recontar a narrativa da perda

Re-experienciar a perda

Focalizar especificamente nas partes mais dolorosas da


experiência

Espaço Promove a mestria para encarar o material


Permanecer
seguro difícil
Ajuda a identificar
Contraria o coping
Menos áreas de
de evitamento
angústia intervenção

Neimeyer, 2012
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

c) Escrita terapêutica

«Medicina narrativa»
Continuing bonding

Fomentar a continuidade da ligação com o


falecido, mantendo-o como um recurso interno
Expressão e
partilha de Podem assumir muitas formas…
emoções
Cartas
Poesia, Livros de Histórias
Monitorizar por Diários memórias metafóricas
Epitáfios
os recursos enviar

Neimeyer, 2012
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

c) Escrita terapêutica (cont.)

«Cartas por enviar»

Objectivo: Indicação:
Abrir o diálogo e partilha de assuntos Culpa ou ressentimento indizível
que ficaram por dizer

Orientações:
Escreva uma carta a alguém que ama e perdeu
Variações:
Escreva para dizer “Olá novamente” em vez do
“adeus” Iniciar uma troca de correspondência 
Fale de forma profunda/sentida diálogo de duas cadeiras
Considere o que essa pessoa lhe proporcionou
Dê atenção ao que ficou por dizer

(Neimeyer, 2012)
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

c) Escrita terapêutica (cont.)

«Diários»

Objectivo: Indicação:
Narrar o acontecimento traumático para Perdas traumáticas, divórcio, abandono ou
aliviar o sofrimento maus-tratos, humilhação, perda de emprego,
abuso sexual, etc.

Precauções:
Assegurar a privacidade do diário
Recordar que a audiência privilegiada é o Variações:
próprio Registo e interpretação de sonhos
Sugerir depois de estabelecida uma boa significativos
aliança terapêutica Desenhos e imagens
Planear uma actividade relaxante após a
escrita
Neimeyer, 2012
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

d e e) Metáforas e Visualização evocativa

Ajudar o cliente na co-construção de mudanças metafóricas, quando o


material está no limiar de desenvolvimento

São extraordinariamente poderosas e contribuem para as


«Growing edges»

sessões transformadoras
Facilitar os

Encorajar a Recriar a metáfora, re-experienciando-a


fechar os
olhos

Estar atento às Encontrar o rótulo


Aumentar a
vivacidade
alterações corporais que encaixe

Neimeyer, 2012
Módulo 3: Intervenção psicológica no processo de luto
2) Estratégias de intervenção psicoterapêuticas baseadas no modelo construtivista

Atividade 5

«Leitura e reflexão do exercício


«É ok estar ok»
Referências

Ayyash-Abdo, H. (2001). Childood bereavement. What school psychologists need to know. School
Psychology International, 22, 4, 417-433.
American Psychiatric Association. (2014). Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais. (5ª Ed.). Washington, DC: APA.
Betz, G., & Thorngren, J. (2006). Ambiguous loss and the family grieving process. The Family
Journal: Counseling and Therapy for Couples and Families, 14, 4, 359-365.
Cohen, J., & Mannarino, A. (2011). Supporting children with traumatic grief: what educators need
to know. School Psychology International, 32, 2, 117-131. doi:10.1177/0743034311400827.
Fernández, J. (2006). Apoyo psicologico en situaciones de emergencia. Madrid: Pirámide.
Health, M., & Cole, B. (2011). Strengthening classroom emotional support for children following a
family member´s death. School Psychology International, 33, 3, 243-262. doi:
10.1177/0143034311415800.
Lichtenthal, W., & Cruess, D. (2010). Effects of directed written disclosure on grief and distress
symptoms among bereaved individuals. Death Studies, 34, 475-499.
Lichtenthal, W., Cruess. D., & Prigerson, H. (2004). A case for establishing complicated grief as a
distinct mental disorder in DSM-V. Clinical Psychology Review, 24, 637-662.
Referências

Kroen, W. (2011). Como ajudar as crianças a enfrentar a perda de um ente querido. Um guia para
adultos. Lisboa: Planeta.
Kubler-Ross, E. (1996). Conferencias. Morir es de vital importância. Barcelona: Luciérnaga.
Mauk, G., & Weber, C. (1991). Peer survivors of adolescent suicide: perspectives on grieving and
postvention. Journal of Adolescent Research, 6, 1, 113-131.
Melvin, D., & Lukeman, D. (2000). Bereavement: a framework for those working with children.
Clinical Child Psychology and Psychiatry, 5, 4, 521-539.
Neimeyer, R. (1999). Narrative strategies in grief therapy. Journal of Constructivist Psychology, 12,
65-85.
Neimeyer, R. (2005). Re-storying loss: fostering growth in the posttraumatic narrative. Hamilton
Printing Company, 1, 68-80.
Neimeyer, R., Burke, L., Mackay, M., & Stringer, J. (2009). Grief therapy and the reconstruction of
meaning: from principles to practice. J. Contemp Psychother. doi:10.1007/510879-009-9135-
3.
Neimeyer, R. (2012). Aprender de la pérdida. Una guia para afrontar el duelo. Barcelona: Paidós.
Priegerson, H., Horowitz, M., Jacobs, S. Parkes, C., Aslan, M., Goodkin, K., et al. (2009). Prolonged
Grief Disorder: Psychometric validation of criteria proposed for DSM-V and ICD-11. PLos
Medicine, 6, 8, 2-12.
Módulo 3

Contactos úteis

Daniela Nogueira
danielaanogueira@gmail.com

Livros recomendados:
Módulo 3

Contatos úteis

• Speil – Sociedade Portuguesa de estudo e intervenção no


luto: OLP – Observatório do Luto em Portugal

• APELO - Associação de pessoas que sofreram perdas


significativas e/ou solidárias com as perdas dos outros
www.apelo.web.pt

• Consulta de Luto ONLINE Universidade do Minho


http://www.consultaluto.com

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