Professional Documents
Culture Documents
[STATE OF EXCEPTION:
GIORGIO AGAMBEN BETWEEN WALTER BENJAMIN
AND CARL SCHMITT]
DOI: http://dx.doi.org/10.21680/1983-2109.2018v25n47ID12733
Natal, v. 25, n. 47
Maio-Ago. 2018, p. 35-58
36
Estado de exceção
1
Ou teoria da decisão (Entscheidung).
2
Este posicionamento de Schmitt é claramente uma crítica aos liberais
defensores do Estado de Direito, no qual o grande soberano é o direito e não o
Estado. Em alguns momentos do artigo de Kirschbaum “Carl Schmitt e Walter
Benjamin” (2002) é desenvolvida uma interessante discussão sobre o tema.
Esse artigo é uma ótima fonte de exposição das preocupações de Schmitt e
Benjamin acerca do problema da política do século XX.
3
Como nos relembra Barbosa (2012, p. 93), Gewalt é um termo alemão de
significado polissêmico, que pode ser traduzindo tanto por violência como por
poder.
4
Especialmente “Crítica da violência: crítica do poder” (1922), publicada en-
tre as duas obras de Schmitt anteriormente citadas.
5
Cf. Zavala Hyde, 2008.
8
Em uma entrevista, Agamben assinala que “[o] conceito de ‘crise’ de fato
transformou-se em uma palavra de ordem da política moderna, e durante
muito tempo, ela era parte da normalidade em todos os segmentos da
sociedade. A palavra expressa duas raízes semânticas: uma médica, em
referência à evolução de uma doença e a outra teológica, do Juízo Final. Os
dois significados, no entanto, sofreram uma transformação atual, que elimi-
nou sua relação com o tempo. Na medicina antiga ‘crise’ significava um julga-
mento, quando o médico se referia ao momento determinante se o paciente
poderia sobreviver ou morrer. A compreensão atual da crise, por outro lado,
refere-se a um estado sustentável. Portanto, esta incerteza se estende indefi-
nidamente no futuro. Este é exatamente o mesmo que no sentido teológico, o
Juízo Final é inseparável do fim dos tempos. Hoje, no entanto, o julgamento
se divorciou da ideia de resolução e se apresenta em várias ocasiões. Assim, a
perspectiva de uma decisão é cada vez menor, e o processo infinito de decisão
nunca termina. Atualmente, a crise se transformou em um instrumento de
dominação. Serve para legitimar decisões políticas e econômicas que privam
os cidadãos de toda possibilidade de decisão”. A entrevista realizada por
Schümer (2013) pode ser encontrada no blog da Boitempo.
[...] nem prisioneiros, nem acusados, mas apenas detainees, são objetos
de uma pura dominação de fato, de uma detenção indeterminada não só
no sentido temporal, mas também quanto à sua própria natureza, porque
totalmente fora da lei e do controle judiciário. A única comparação
possível é com a situação jurídica dos judeus nos Lager nazistas: junta-
mente com a cidadania, haviam perdidos toda a identidade jurídica, mas
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Trad. Iraci D. Poleti. São Paulo:
Boitempo, 2004.
justice/article/2017/06/07/le-gouvernement-compte-faire-entrer-l-etat-
d-urgence-dans-le-droit-
commun_5140018_1653578.html#tm3VXfQ0ZZ8XEwI6.99>. Acesso
em: 25 ago. 2017.