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BRASILEIRA EM TEMPOS DO
GOLPE DE 2016
DJONI ROOS
DOUTOR EM GEOGRAFIA
PROF. CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE)
GRUPO DE PESQUISA DE GEOGRAFIA DAS LUTAS NO CAMPO E NA
CIDADE (GEOLUTAS)
ESTRUTURA
• Questão agrária;
• Preâmbulo do golpe;
• A face agrária do golpe;
• Os ataques aos direitos dos povos do campo;
• Ataques consolidados: os retrocessos;
• As consequências do Agrogolpe;
A QUESTÃO AGRÁRIA BRASILEIRA
COMPLEXIDADE DA QUESTÃO AGRÁRIA
Quase 50% têm
menos de 10 ha.
Ocupam 2,36%
da área.
Menos de 1%
têm área acima
de 1.000 ha
cada. Ocupam
44% das terras.
Gini/2014: 0,860
• Criminalização dos movimentos sociais (operação Castra – Lei de organizações criminosas, Projeto de
Lei (9.604/2018) que classifica o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o Movimento
dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) como grupos terroristas. De autoria de Jerônimo Goergen (PP-
RS), em março conseguiu assinaturas necessárias para protocolar a urgência do PL na Câmara);
• Exclusão da agricultura familiar camponesa, dos quilombolas, indígenas e demais populações tradicionais
do censo agropecuário de 2018;
• Ataques a CPT, a batalha dos números dos conflitos agrários. “Observatório de conflitos agrários
proposto por Alceu Moreira recebe aval de ministro da Segurança Raúl Jungmann”;
Pesquisa reducionista com os dados que interessam a eles? Se contrapor a CPT que tem revelado as
entranhas e as dores do Brasil profundo.
AS CONSEQUÊNCIAS DO AGROGOLPE
Famílias assentadas 2017 = 00
PARANÁ: FAMÍLIAS ASSENTADAS 1981-2017
2800
2640
2600
2392
2400
2200
2058
2000
1800
1600
1456 1403
1400
1227
1200
600 502
413 386
400 331 314 332
263 262
191 167 201 164
137 161
200
79 68 60
0 0 0 32 0 0 0 0
0
Fonte: DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela Terra, 2018. GEOLUTAS/NERA - Org.: ROOS, 2018
11.000 FAMÍLIAS SEM-
TERRA ACAMPADAS/PR
• Latifúndios e terras
griladas no estado;
• Araupel e a Zattar no
Centro-Sul;
• Grupo Atalla no Norte;
• Áreas indígenas demarcadas no PR desde 2016: 00
• Dados atuais da CPT indicam 4,8 milhões de famílias camponesas sem-
terra no Brasil;
• Violência contra camponeses sem-terra, indígenas, posseiros etc. é a regra;
• Aumento de expedientes para “liberar” as terras: expulsões de famílias
diretamente pelo agronegócio latifundiário, e despejos de outras milhares de
famílias, pelo Estado, em cumprimento a ações judiciais favoráveis a supostos
proprietários e/ou grileiros.
• Entre os anos de 2012 e 2016 foram despejadas 52.737 famílias no campo brasileiro,
segundos dados do CEDOC da CPT.
• Em 2018, já houveram o despejo, entre outros, de 800 famílias em Canguaretama
(RN), 400 em Iranduba, Manacapuru e Novo Airão (AM), 140 em Capitão Enéas
(MG).
Dos 70 assassinatos em 2017, 40% correspondem a massacres. Ou seja,
28 mortes. Colniza (MT), Pau D’Arco (PA), Vilhena (RO) e Lençois (BA).
Desde 1993 foram assassinados no Assassinatos de camponeses
estado do Paraná:
1-Diniz Bento da Silva (1993); sem-terra no Paraná 1985-2017:
37
2-Vanderlei das Neves (1997);
3-José Alves dos Santos (1997);
4-Sebastião Camargo (1998);
5-Sétimo Garibaldi (1998);
6-Eduardo Anghinoni (1999);
7-Sebastião da Maia (2000)
8-Antônio Tavares (2000);
9-Paulo Sérgio Brasil (2003);
10-Anarolino Vial (2003); A violência sempre foi praticada pelo
11-Dogival José Viana (2003); latifúndio, para manter seus privilégios.
12-Elias de Meura (2004); Isto começou com os capitães do mato,
13-Eduardo Moreira da Silva (2004);
14- Valmir Mota de Oliveira (2007); depois jagunços, pistoleiros, e quando
15- Eli Dallenol (2008); esses não funcionam usam o aparato do
16-Vilmar Bordim (2016); e Estado.
17-Leonir Orback (2016)
▪ RETOMADA DOS
DESPEJOS VIOLENTOS;
• Fazenda Santa Maria –
Santa Terezinha do Itaipu;
• Fazenda do grupo Atalla
norte do Paraná;
• Zattar em Pinhão.
▪ AÇÕES ANTI-
INDÍGENAS
▪ Guaíra, Terra Roxa, Santa
Helena;
DA INÉRCIA AO RETROCESSO
• Os conflitos sociais são resultados de uma sociedade extremamente desigual. O Brasil é uma
das sociedades mais injustas e desigual do mundo, onde apenas seis bilionários concentram
mais riqueza do que 104 milhões de brasileiros;
• Os camponeses e povos tradicionais tem se organizado para lutar pelo cumprimento da lei e
contra a desigualdade que se expressa na sociedade e na propriedade da terra. Ninguém em sã
consciência tem cem mil hectares, dizendo que foi fruto de seu trabalho.
• No Brasil temos, segundo cadastro do INCRA (2014), cerca de 370 latifundiários que são
proprietários de áreas superiores a cem mil hectares cada um, começando pelo ministro
da agricultura, (Blairo Maggi), ou pelo Presidente do senado (Eunício Oliveira). Eles controlam
138 milhões de hectares;
• Isso seria suficiente e sobraria terra para os quatro milhões de famílias sem terra. Ou seja, para
uma reforma agrária no Brasil bastaria desapropriar apenas 370 famílias com mais de cem mil
hectares;
A QUESTÃO AGRÁRIA É O PRÓPRIO GOLPE
É PARTE ESTRUTURANTE DO GOLPE
• A violência é uma potência econômica. A crise, o golpe de Estado e o poder do agronegócio
latifundiário anunciam que as formas criminais de reprodução do capital serão uma marca de
nosso tempo;
• O atual governo é um governo dos setores mais atrasados do campo brasileiro, atrasado e sem
nenhum compromisso com a soberania e o desenvolvimento nacional.
• Importância do debate sobre um problema social, econômico e político tão profundo como a
questão agrária. A questão agrária não está relacionada somente com a luta pela
terra e o desenvolvimento da agricultura, ela está relacionada com uma série de
outras questões.
MUITO OBRIGADO!