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Geografia

Brasil: estrutura econômica e social

Brasil: grandeza, diversidade e complexidade da economia


O Brasil apresenta-se atualmente como um grande, diversificado e complexo
país. Destaca-se como um dos mais importantes países não desenvolvidos indus-
trializados, não só pela sua extensão, sua população e sua potencialidade, mas pe-
los números de sua economia, que o colocam entre as dez maiores do mundo.
A grandeza, a diversidade e a complexidade da economia brasileira podem ser
percebidas pelos dados do quadro 1, que mostram a participação dos principais seto-
res e ramos de atividade econômica no país, segundo números do IBGE.
O quadro 1 mostra o crescente peso do setor industrial na estrutura da econo-
mia. Em contrapartida, observa-se a sensível redução da participação relativa da agri-
cultura. Esta, no entanto, contribuiu muito durante esse período de expansão
industrial, não só transformando renda para o setor industrial, como gerando a maior
parte das divisas, graças à exportação dos produtos agrícolas.

Quadro 1

RENDA INTERNA SEGUNDO RAMOS DE ATIVIDADE

1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Agropecuária 24,9 19,2 10,1 13,2 11,6 7,8 6,1

Indústria 26,0 32,6 35,9 33,4 41,9 37,1 25,4

Serviços 49,1 48,2 53,9 53,7 46,5 55,1 68,5

Fonte: Fundação IBGE.


A agricultura também perde participação relativa no setor externo da economia
a partir dos fins da década de 1960. Desde então, nota-se uma grande diversidade na
pauta de exportações do país, com o aumento da exportação de produtos industriali-
zados, como indica o quadro 2.
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Quadro 2

COMPOSIÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS POR SEUS PRINCIPAIS


PRODUTOS (PORCENTAGENS) 1970-2010
1970 1980 2000 2010
Produtos básicos 75,7 43,5 25,6 44
Produtos industrializados 24,3 56,5 74,4 56
Fonte: Dados básicos do Banco Central do Brasil e do MDIC.

Brasil: país não desenvolvido industrializado


O Brasil destaca-se entre os países não desenvolvidos que tiveram um rápido pro-
cesso de industrialização após a Segunda Guerra, período marcado por intenso cresci-
mento da produção, do comércio e dos investimentos internacionais. Essa dinâmica de
internacionalização de mercados e de capitais foi comandada pelas grandes corpora-
ções multinacionais, as empresas transnacionais que, na sua expansão para o mundo
subdesenvolvido, constituíram uma economia de alcance cada vez maior, bem como en-
gendraram o que se convencionou chamar de Nova Divisão Internacional do Trabalho.
Nesse contexto, avança e intensifica-se a industrialização brasileira, marcada pe-
las presenças dominantes do Estado e das corporações multinacionais, que aprofun-
dam a vinculação do processo industrial do país ao mercado financeiro internacional,
com os investimentos transnacionais e padrões tecnológicos sofisticados.
A importação de insumos e de tecnologia para a expansão das indústrias de
bens de consumo duráveis controladas pelas multinacionais, como, por exemplo, a
indústria automobilística, chamada “o carro-chefe da indústria”, levou o país a uma
grande dependência financeira e tecnológica estrangeira.
Um mercado interno de reduzido poder aquisitivo (para poucos privilegiados) e
a necessidade de captar recursos para pagar os déficits crescentes das balanças de pa-
gamentos forçaram a busca desesperada do mercado externo, do “exportar é que im-
porta”.
Isso resultou, em síntese, no que se chamou de modelo de subdesenvolvimento
industrializado maduro. Subdesenvolvido por apresentar grande parte da população
não participando dos frutos do grande crescimento econômico, ocorrendo altos índi-
ces de subconsumo, subemprego, enfim, baixo padrão de vida. Maduro por ter o país
uma estrutura industrial, embora sem plena autonomia tecnológica, já bastante volu-
mosa, diversificada, complexa e crescentemente oligopolizada.

— A grande concentração de renda e o baixo padrão de vida


O Brasil, situado entre os dez países mais industrializados, com um grande, di-
versificado e complexo parque industrial, continua apresentando indicadores econô-
micos e sociais típicos da situação da maior parte dos países considerados não
desenvolvidos, marcados pela má distribuição da riqueza. O processo de industrializa-
ção e de modernização da economia, a partir da segunda metade do século XX, mante-
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ve o país entre as maiores concentrações de renda do mundo e manteve excluída parcela


considerável da população do mercado consumidor, devido aos baixos salários e ao bai-
xo padrão de vida.
Observe os quadros 3 e 4.

Quadro 3

DISTRIBUIÇÃO DOS RENDIMENTOS DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE


ATIVA COM RENDIMENTOS
(A participação percentual no total dos rendimentos
obtidos pela PEA)
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Percentis
Total (%) Total (%) Total (%) Total (%) Total (%) Total (%)
Os 50% mais
17,4 14,9 12,6 11,2 13,9 15,8
pobres
Os 40%
43 38,4 36,5 37,3 39,3 41,2
intermediários
Os 10%
39,6 46,7 50,9 51,5 46,8 43
mais ricos
Total 100 100 100 100 100 100
O 1% mais
11,9 14,7 16,9 17,3 13,1 13,1
rico
Fonte: Fundação IBGE, Censos demográficos.
Quadro 4

BRASIL: DISTRIBUIÇÃO DOS SALÁRIOS DA POPULAÇÃO ATIVA


Rendimento mensal nº de pessoas ocupadas
(em salário mínimo) (com 10 anos ou mais) %
até 1 50,4
mais de 1 a 2 24,8
mais de 2 a 3 8,3
mais de 3 a 5 6,0
mais de 5 5,1
sem rendimento 2,3
sem declaração 3,0
Fonte: IBGE.
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Linha de Apoio 3

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— Uma análise da dívida externa brasileira


Como vimos nos itens anteriores, o modelo econômico brasileiro baseou-se em
uma forte dependência de fluxos de capitais e de tecnologia externos.
Desde a segunda metade da década de 1950 até meados da década de 1970, a nos-
sa dívida externa total era de 17 bilhões de dólares, um número relativamente baixo em
vista do crescimento econômico alcançado (crescimento do PIB) e do superávit da balança
comercial no mesmo período. Tal situação explicava-se pelo fato de que nessa época a
maior parte dos capitais internacionais que entraram no país eram predominantemente in-
vestimentos produtivos diretos, ou seja, na forma de abertura de filiais de empresas estran-
geiras.
Com a crise do petróleo (1973-1983) e a elevação dos juros internacionais (pas-
sando de fixos para flutuantes), o Brasil perdeu o controle sobre o seu endividamento
externo, que saltou de 17 bilhões em 1974 para 91 bilhões em 1984. Nesse período, os
capitais que ingressaram no país vieram na forma de empréstimos concedidos por ins-
tituições financeiras e bancos privados internacionais.
Na década de 1980, o estoque da dívida externa cresceu rapidamente, saltando
de 54 bilhões em 1981 para mais de 120 bilhões em 1990. Tal aumento não foi ocasio-
nado por novos empréstimos, mas sim pela elevação das taxas de juros internacionais.
Nos anos 1990, a dívida externa cresceu mais de 100 bilhões de dólares. Na pri-
meira década do século XXI, o país saldou parte de seu endividamento com o FMI e
tornou o serviço da dívida administrável.
A evolução da dívida externa nacional demonstrou o grau de dependência e de
fragilidade da economia do país em relação aos capitais internacionais; tornou o país um
exportador líquido de capital para o pagamento do serviço da dívida externa (juros e par-
celas), fazendo com que os investimentos na área social e na infraestrutura fossem escas-
sos ou inexistentes, o que determinou o agravamento da desigualdade e da exclusão
social e o sucateamento da estrutura produtiva nacional no período de 1974 a 1994.
Em 2011, a reserva cambial brasileira superou a dívida externa pública e privada,
mostrando ao mercado internacional que o Brasil apresenta condições econômicas in-
ternas mais favoráveis, “tornando-se menos vulnerável ao impacto de eventos exter-
nos adversos”, segundo o Banco Central.

— O Brasil a partir da década de 1990

1. O perfil interno
No final do século XX e início do século XXI, o mercado de trabalho brasileiro
passa por uma série de transformações em decorrência de fatores conjunturais (baixas
taxas de crescimento econômico, abertura da economia nacional) e de mudanças nas
estruturas produtivas. O aumento do desemprego, do trabalho informal e/ou autôno-
mo e o crescimento da participação das mulheres são algumas dessas mudanças. Se-
gundo o IBGE, o Brasil apresentou nas últimas décadas uma elevada percentagem de
desempregados. Vários fatores contribuíram para essa situação: o baixo ritmo de cres-
cimento econômico no período de 1991 a 2005 (taxa média anual de 2,4% de incre-
mento do PIB); abertura comercial iniciada no governo Collor, que eliminou setores
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pouco competitivos da economia brasileira; modernização das empresas, que adota-


ram novas tecnologias, reduziram custos e racionalizaram a produção; e as crises exter-
nas do México, em 1994, Ásia, em 1997, Rússia, em 1998, Brasil, em 1999, e Argentina,
em 2001/2002.
São ainda elevados a participação do trabalho informal no total de empregos do
Brasil e o número de trabalhadores desempregados. O crescimento da economia infor-
mal tem impacto negativo direto nas contribuições para a Previdência Social.
Outra mudança significativa foi o aumento da participação das mulheres na
PEA. A presença feminina cresce, principalmente, nos serviços básicos e nas funções de
direção e de nível superior. As mulheres também superam os homens no preenchi-
mento de novas vagas do mercado de trabalho, no nível de instrução e no ingresso na
universidade, porém, em relação ao aspecto salarial, continuam recebendo menos que
os homens.
Outro aspecto importante a ser analisado, em relação ao mercado de trabalho no
Brasil, diz respeito à terciarização e à terceirização. No primeiro caso, o setor de serviços
vem apresentando um aumento contínuo de sua participação na população economica-
mente ativa e na formação do PIB nacional, representando o setor que mais emprega e
em que mais cresce a oferta de novos postos de trabalho (formais e/ou informais). Em re-
lação à terceirização, assim como nas economias mais desenvolvidas, há no Brasil grande
expansão dos serviços intermediários voltados para a produção industrial. Tal tendência
acentua-se com a Revolução Técnico-Científica e com o acirramento da competição in-
ternacional, que levam as empresas a reduzirem custos e aumentarem a produtividade.
Isso faz crescer a necessidade de novos serviços especializados e de atividades acessó-
rias, que não são mais incorporados e realizados pelas próprias empresas, e sim por ou-
tras firmas prestadoras de serviços, ou seja, por terceiros.

2. O perfil externo

a. A política e o comércio externos


A política externa brasileira, em escala global, baseia-se na defesa dos princípios
colocados a seguir: da soberania nacional, da igualdade entre os estados, da coopera-
ção e da autodeterminação dos povos, da defesa da paz e da solução pacífica dos con-
flitos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo e da prevalência dos direitos humanos.
Na escala regional, além dos pontos anteriormente citados, busca maior inte-
gração política, econômica, social e cultural entre os países latino-americanos.
Assim, a partir desses princípios, o país vem desenvolvendo sua política e co-
mércio externos, buscando aumentar as exportações para diminuir a dependência da
economia nacional em relação ao seu financiamento externo.
Para isso, ampliou o leque de acordos bilaterais com outros países “emergentes”:
China, Índia, Federação Russa, Chile, México, Arábia Saudita, Irã, África do Sul e Egito, entre
outros, aumentando seus laços comerciais com regiões como Ásia, África e América Latina.
Ajudou a criar dois grupos: o G-20, formado para contrapor-se ao G-8 na
OMC, ampliando o poder de negociação entre os países desenvolvidos, principal-
mente, em relação às questões dos subsídios agrícolas praticados por EUA e UE; e o G-3
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ou IBAS (Índia, Brasil, África do Sul), que busca fortalecer as relações entre os “países
do Sul”.
O Brasil também pressiona por uma reforma no Conselho de Segurança (CS) da
ONU, que tornou-se obsoleto e anacrônico com as transformações geopolíticas ocorridas
com o fim da Guerra Fria; assim, países como Brasil, Alemanha, Japão e Índia, entre outros,
pleiteiam uma cadeira permanente na CS, na condição de potências regionais.

b. O Brasil e a regionalização da economia


Dentro do processo de globalização econômica e financeira, que vem se proces-
sando desde as duas últimas décadas do século XX, temos na formação dos blocos eco-
nômicos regionais uma de suas maiores expressões, ou seja, diversos países se reúnem
em blocos para se fortalecerem política e economicamente diante da competitividade
que o mundo global impõe.
Nesse contexto, devemos analisar, em relação ao Brasil, dois projetos importan-
tes: o Mercosul e o Unasul.

Mercosul
O Mercosul foi constituído em 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, e
admitiu a Venezuela como quinto membro integrante em julho de 2006. Forma uma
zona de livre comércio cujo objetivo é utilizar políticas de integração aduaneira para
construir um bloco econômico sul-americano que possa ter maior relevância nas rela-
ções internacionais com os países da Europa, da Ásia e da América do Norte. Chile, Bolí-
via, Peru, Equador e Colômbia são membros associados e assinam tratados para a
formação de uma zona de livre comércio, mas optam por não entrar efetivamente na
união aduaneira.

Unasul
A União das Nações Sul-Americanas foi criada pela declaração de Cuzco em
08.12.2004 e efetivada em 23.05.2008. Composta por 12 países sul-americanos, será
uma zona de livre comércio continental que unirá países de duas organizações, o Mer-
cosul e a Comunidade Andina das Nações, além do Chile, Guiana e Suriname, nos mol-
des da União Europeia.
Visa ao desenvolvimento de um futuro mercado comum, cooperação em proje-
tos de desenvolvimento da infraestrutura (transporte e energia), livre circulação de pes-
soas (facilitando o trânsito de turistas dos países-membros), um conselho sul-americano
de defesa e uma política monetária (o Banco do Sul e uma futura união monetária).

— O papel do Estado e os planos econômicos


A participação do Estado, não só como orientador das atividades econômicas,
mas também como produtor, foi uma constante a partir da década de 1930, aprofun-
dando tal participação após a Segunda Guerra Mundial.
Ao Estado coube a orientação da política econômica por meio de mecanismos
políticos institucionais: política fiscal, tributária, trabalhista, de distribuição, ou melhor,
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de concentração de rendas. Como empresário, o Estado também tratou de participar


do processo produtivo: por meio de suas empresas ou novas empresas de economia
mista, passou a investir e a controlar os setores de infraestrutura, de indústrias de base
como siderúrgicas, petroquímicas e hidrelétricas, enfim, criando condições estruturais
para a expansão capitalista no país. O instrumento utilizado pelo Estado para intervir
na infraestrutura e na dinâmica econômica e social do país foi o planejamento.
No pós-guerra surgiram os primeiros planos visando a um planejamento global
das atividades econômicas no país. Entre 1946 e 1947, no governo Dutra (1946-1951),
foi preparado o Plano Salte (saúde, alimentos, transportes e energia), que não chegou a
ser totalmente executado.
No ano de 1950, a “Comissão Mista Brasil-Estados Unidos” inicia uma série de es-
tudos que propõem programas de reaparelhamento de setores ligados à infraestrutura
(energia, transportes, indústria e agropecuária). Baseado nas propostas da Comissão e
em estudos do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) e Cepal (Comis-
são Econômica para a América Latina), foi preparado e executado no governo Juscelino
Kubitschek o Plano de Metas (1956-1960). Ainda no fim do seu governo foi apresentado
um plano de estabilização monetária (1958), visando a combater o forte processo infla-
cionário que acompanhou e recrudesceu durante a realização do Plano de Metas.
No governo Jânio Quadros (de janeiro a agosto de 1961), foi criada a Coplan
(Comissão de Planejamento), encarregada de elaborar o plano de governo.
No governo João Goulart, surge o Plano Trienal, que destacava, ao contrário do
Plano de Metas, um planejamento macroeconômico que propunha “Reformas de
Base”.
A partir de 1964, a formulação e execução da política econômico-financeira pas-
sa a ser realizada pelo Ministério do Planejamento, que foi instituído para dar as diretri-
zes, apoiado pelos técnicos do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
Nesse contexto, surge, durante a gestão de Castelo Branco (1964-1966), o Paeg (Pro-
grama de Ação Econômica do Governo), visando prioritariamente a combater a infla-
ção com a contenção dos gastos públicos, dos créditos, dos salários, reforma fiscal, etc.
No governo Costa e Silva (1967-1969), aparece o Plano Decenal, Programa Estra-
tégico de Desenvolvimento.
No governo Médici (1969-1974), o programa de governo denomina-se Metas e
Bases para Ação do Governo, complementado pelo I PND (Plano Nacional de Desenvol-
vimento – 1972-1974).
O período foi marcado por intenso crescimento econômico, chamado de “mila-
gre econômico”. Foram feitos grandes investimentos, baseados em empréstimos inter-
nacionais, que garantiram altas taxas de crescimento do PIB.
No governo Geisel (1974-1979), é elaborado o II PND. No período, são feitos
grandes investimentos nas indústrias de bens de produção e na ampliação de insumos
básicos (aço, petróleo, energia elétrica). É instituído o Proálcool (Programa Nacional do
Álcool), assinado o acordo nuclear Brasil-Alemanha e iniciada a Ferrovia do Aço. A dívi-
da externa triplica, aumentam muito os déficits da balança comercial e de pagamentos.
No contexto mundial da crise do petróleo, houve uma forte aceleração inflacionária e
uma enorme elevação dos juros internacionais.
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No governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985), último dos go-


vernos militares, tem-se o III PND, que não chegou a sair do papel. A crise econômi-
ca, a dívida externa e interna e a explosão inflacionária levaram a uma forte
diminuição da atividade econômica.
O governo José Sarney (1985-1990) foi marcado pelo plano de estabilização
econômica, chamado de Plano Cruzado, que tentou acabar, por decreto, com a infla-
ção estrutural e crônica do país. Foi uma tentativa de escamoteamento dos problemas
estruturais da economia brasileira, que levou a um forte descompasso entre produção
e custos de produção e o preço final de mercadorias, bens e serviços ao consumidor fi-
nal, levando a um grande desabastecimento. Para remendar e tentar adiar o colapso do
Plano Cruzado, criou-se ainda o Plano Bresser e o Plano Verão, ou Cruzado Novo. Os
cinco anos do governo Sarney foram marcados pela demagogia populista, pelo agra-
vamento dos déficits públicos, pelo impressionante inchaço da já enorme máquina go-
vernamental e pelas elevadas taxas de inflação.
O governo Fernando Collor (1990-1992) foi iniciado com o chamado Plano Collor,
marcado, provavelmente, pela mais abusiva e desastrosa intervenção do governo, con-
tradizendo, na prática, a principal proposta do candidato: a diminuição do papel do
Estado na economia. Por decreto, congelaram-se preços e salários, bloqueou-se o di-
nheiro de contas bancárias (da conta-corrente à poupança), acabou-se com o Cruzado
Novo, voltando o Cruzeiro, baixou-se um forte tarifaço, iniciou-se uma não criteriosa
privatização de estatais, reduziram-se ministérios e algumas autarquias, sem critérios
foram dispensados funcionários e extintos subsídios. Conduzido com extrema incom-
petência, o plano falhou e negou muitas das propostas concretas do então candidato.
O que restou foi não só muita frustração, como também um enorme desajuste em toda
a economia, além da montagem de um ambicioso e desmedido esquema de corrup-
ção comandado pelo presidente.
Nos anos 1990, torna-se cada vez mais evidente o esgotamento de um padrão
de desenvolvimento baseado na grande presença do Estado, não só como regulador e
provedor, mas, sobretudo, como empresário-produtor. O chamado modelo do Estado
nacional-desenvolvimentista, que lançou as bases da industrialização do país, com for-
te estatização da economia, está falido e esgotado.
A desregulamentação da economia, sua abertura e o programa nacional de pri-
vatizações se inserem nesse contexto de crise e caracterizam a inserção do Brasil no
modelo neoliberal de economia.
Nesse contexto, é lançado o Plano Real (1994) e eleito presidente Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
O Plano Real, plano da estabilização econômica, é lançado em julho de 1994, pelo
então Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso.
A moeda muda de Cruzeiro Real para Real e não há congelamentos de preços.
Há medidas para conter os gastos públicos, acelerar as privatizações (CVRD, telefonia,
cabotagem) e a quebra de monopólios (como da Petrobras), reprimir consumo e pre-
ços, por meio de aumento de juros e da abertura econômica. Em 1999, devido à pane
cambial, o governo permite a livre flutuação do câmbio.
Em 2002, é eleito presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010). O go-
verno Lula mantém a política macroeconômica de FHC, conservando a estabilidade
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econômica. No setor social, melhora o poder aquisitivo da população de baixa renda e


estimula a demanda interna por meio de programas assistencialistas (Fome Zero, Bolsa
Família, Pronaf, ProUni, microcrédito, ou Banco do Povo) e pelo aumento real (acima da
inflação) do salário mínimo. Em termos externos, a condição favorável da economia
mundial e o bom preço das commodities levaram a saldos favoráveis da balança comer-
cial, ao aumento das reservas cambiais e a um crescimento econômico contínuo e sus-
tentável.
Há gargalos, tais como: infraestrutura (transporte e energia), burocracia, dese-
quilíbrio de contas públicas, que precisam ser solucionados. Para tal empreitada, ne-
cessita-se de reformas estruturais (tributária, administrativa, previdenciária) e de
investimentos públicos e privados, por meio de parcerias, privatização e pelos investi-
mentos e obras do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).

O modelo econômico neoliberal e as reformas estruturais do Estado


A partir de 1990, o Brasil adota o chamado modelo neoliberal, que defende a
ideia de um mercado livre e global e enfatiza a necessidade da abertura da economia
por meio da liberalização financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos inves-
timentos estrangeiros diretos, além da diminuição da participação do Estado na eco-
nomia, ocorrida por meio dos programas de privatização, da desregulamentação dos
bens e serviços e da flexibilização das leis trabalhistas. No neoliberalismo, o papel do
Estado restringe-se a disciplinar o mercado, combatendo os seus excessos, tais como a
formação de “cartéis”.
Dentro dessa realidade, reconhece-se de forma cada vez mais consensual a ne-
cessidade de um Estado regulador mais forte, no sentido de mais eficiente, marcado
por uma maior racionalidade administrativa e como um efetivo representante do inte-
resse público. Um Estado a serviço da sociedade como um todo, e não mais o contrário.
Um Estado regulador no sentido de ajustar as políticas de crescimento e melhor
distribuir as riquezas, nortear políticas de investimentos, combater a disfuncionalidade
e disparidades setoriais e regionais, administrar conflitos, criar condições para uma maior
igualdade de oportunidades para valorizar os recursos materiais e humanos, desburo-
cratizar e flexibilizar as funções e serviços públicos, fazer concessões de serviços públi-
cos ao setor privado, privatizar empresas estatais, proteger os setores menos
privilegiados da sociedade, à margem da economia de mercado, atender a saúde e
educação básicas, cuidar da segurança e da proteção ambiental. O Estado como guar-
dião das instituições, como agente econômico eficaz e complementar ao setor priva-
do, como estimulador de atividades multiplicadoras de desenvolvimento. Tudo isso
sem as intervenções contraproducentes e perturbadoras no mercado e nos sistemas
de preços, mas sem descuidar do controle de desequilíbrios socioeconômicos, de abu-
sos e privilégios.
A crise e a falência, cada vez mais generalizadas, dos estados despertam a consciência
para a necessidade de desprivatizar o Estado, isto é, torná-lo realmente público, de combater
o corporativismo, o clientelismo, o empreguismo, o cartorialismo e a corrupção crônica
como os principais subprodutos de privilégios de grupos que tomaram conta dos aparelhos
de Estado em todas as esferas e níveis hierárquicos.
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As reformas saneadoras não tendem na direção de um “Estado mínimo”, mas


sim de um “Estado social de mercado”, que visa limitar sua participação onde há “Esta-
do de mais” e ampliar sua presença e atuação efetiva onde há “Estado de menos”.
Está cada vez mais evidente o esgotamento do modelo de intervenção direta do
Estado sobre a economia, isto é, da necessidade da presença estatal em todas as etapas –
da definição de leis à operação de setores produtivos, da indústria aos serviços. A ne-
cessidade econômica de privatizações nos setores produtivos coloca vários desafios e
destaca a urgência de se deslocar a importância do Estado produtor-operador para o
papel imprescindível do Estado como agente regulador eficaz, definindo normas, in-
duzindo ações do setor e fiscalizando sua implementação.
As alternativas Estado ou mercado ou sociedade são redutoras e falaciosas. É
preciso um Estado com controle público e social, um mercado e uma sociedade
cada vez mais responsáveis por seus interesses particulares e pelo respeito aos inte-
resses e bens públicos.
Entre as reformas estruturais do Estado no Brasil, destacam-se a tributária, a pre-
videnciária, a administrativa, a do Judiciário e a trabalhista-sindical. Todas visam à mo-
dernização e maior eficiência da “máquina estatal” e à melhoria quantitativa e
qualitativa dos serviços públicos.

REFORMAS ESTRUTURAIS DO ESTADO


Para quê? Quais?
♦ Equilibrar e sanear as contas públicas a fim de ♦ Reforma política.
tornar o Estado moderno, eficiente e verdadei- ♦ Reforma previdenciária.
ramente público. ♦ Reforma tributária.
♦ Reformas trabalhista e sindical.

REFORMA POLÍTICA
Motivos
♦ Escândalos de corrupção.
♦ Pouca produtividade dos parlamentares.
♦ Loteamento de cargos.
♦ Distanciamento entre a população e seus representantes.
♦ Influência do poder econômico nas eleições.
♦ Fortalecimento dos partidos.
Propostas
♦ Adoção de lista fechada para as eleições proporcionais.
♦ Financiamento das campanhas com dinheiro público.
♦ Coincidência de todas as eleições e cinco anos de mandato para todos os cargos

eletivos, extinguindo a reeleição.


♦ Fidelidade partidária.
♦ Criação do voto distrital.
♦ Voto facultativo.
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REFORMA PREVIDENCIÁRIA
Motivos Por que há déficit?
♦ Reduzir o déficit da Previ- ♦ Constituição de 1988 estendeu os direitos previ-
dência. denciários a pessoas que nunca contribuíram.
♦ Corrupção e sonegação de empresas.
♦ Aumento da expectativa de vida.
♦ Ampliação do número de trabalhadores informais.

Propostas
♦ Combate à sonegação.
♦ Aumento do emprego formal.
♦ Recadastramento dos beneficiários.
♦ Aumento do tempo de serviço e contribuição.
♦ Teto limite e mesmo sistema para os setores público e privado.
♦ Estímulo à complementação previdenciária por planos privados.
♦ Passar do sistema de repartição para o de capitalização.

REFORMA TRIBUTÁRIA
Motivos
♦ Ampliar a arrecadação com impostos socialmente justos e que favoreçam a ativi-
dade produtiva.
Propostas
♦ Ampliar a base de arrecadação.
♦ Combater a sonegação.
♦ Simplificar a estrutura tributária.
♦ Desonerar a produção e o consumo.
♦ Predominar a carga tributária sobre a renda e o patrimônio.

REFORMAS TRABALHISTA E SINDICAL


Motivos
♦ O Custo Brasil (encargos pagos pela empresa sobre o salário acertado no contrato)

desestimula as contratações formais e amplia o desemprego.


♦ A unicidade sindical restringe a liberdade da organização dos trabalhadores, se-

gundo a OIT.
Propostas
♦ Atualizar a CLT, dando mais espaço para a livre negociação.
♦ Salário mínimo regional e isenção de impostos para empresas que investem na

área social.
♦ Contrato de trabalho temporário.
♦ Maior liberdade e autonomia sindical.
♦ Fim do imposto sindical para quem não é sindicalizado.
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