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Faculdade Batista Brasileira (FBB)

Curso: Bacharelado em Teologia


Período: 3º semestre
Turno: noturno
Disciplina: Introdução ao Antigo Testamento
Assunto: Resenha do texto: “ARREBATADOS POR IAHWEH: Anunciadores da
Palavra. História e estrutura do profetismo em Israel.”
Profª: Marli
Aluno: Robson da Silva
Data: 26 de abril de 2017

RESENHA

Deus suscitou profetas em Israel desde seus primórdios, sua mensagem, entretanto, é
muitas vezes interpretada de maneira incompleta e vista sob um único aspecto, como
por exemplo, atribuir somente o fator futuro ou visões de acontecimentos escatológicos
às suas mensagens e escritos. Com esse entendimento estaremos limitando o papel e a
gama de importância histórico-social e de renovação constante da palavra de Deus a
cerca do ministério profético em Israel. Diante dessas considerações e da necessidade de
conhecermos melhor o papel do profetismo, faremos uma análise do texto de Notker
Fuglister, a fim de encontrarmos uma melhor compreensão da profecia em Israel através
das suas principais características e seu principal papel mediador perante o próprio Deus
e o povo.
Ao estudarmos o livro do profeta Amós, por exemplo, verificamos que há a
preocupação de situar a mensagem nas dimensões do tempo-espaço (Amós nos fornece
informações sobre o local da mensagem, para quem foi direcionada e o período da
história de Israel que a mensagem foi pregada), esse aspecto também é verificado nos
outros escritos proféticos, indicando que a profecia tem a característica de ser histórica,
ou seja, ela foi dirigida dentro de um contexto histórico-social para pessoas que estavam
vivenciando aquele momento, isso remete ao fato de que a própria mensagem estava
condicionada pelo contexto que se encontrava o profeta. Dessa forma, cresce de
importância o conhecimento, por parte do leitor dos escritos proféticos, do contexto e
momento histórico de origem da mensagem, a fim de que se extraia a partir daquele,
uma compreensão mais real da sua pregação e das suas intensões.
Outra característica da profecia deve-se ao fato dela ter passado de tradição oral a
escrito sagrado, para que gerações futuras pudessem ter acesso a tais documentos, o que
aumenta a importância dessas mensagens a fim de justificar sua conservação escrita.
Os profetas, segundo as escrituras, foram homens que receberam um dom de IAHWEH
em prol de Israel, mostrando o amor e o zelo de Deus para com seu povo. Entretanto,
eles não eram bem recebidos pelos seus ouvintes, sendo muitas vezes recusadas, pois
suas palavras tornavam-se muito “duras” aos que andavam longe da aliança com
IAHWEH. Essa mesma palavra só foi sua importância nos momentos de “silêncio
profético”, tornando-se rara, até o momento do aparecimento do messias, que nos selou
com uma nova Aliança no Espírito.
A vocação profética, como dom de Deus, é melhor compreendida seguindo as
descrições daqueles que atenderam o chamado, pois a experiência do encontro com
IAHWEH surge na vida do que foi escolhido como algo irresistível, assim como
descrito por Amós: “IAHWEH me arrebatou”, Deus surpreende o homem e o chama a
profetizar. assim, o profeta experimenta uma relação íntima e de confiança com
IAHWEH, isso lhe proporciona ter uma “visão dos planos divinos”, com isso, o profeta
se acha como uma espécie de intercessor entre IAHWEH e Israel. A imediateza com
Deus é uma característica da profecia que surge dessa proximidade com IAHWEH, pois
o profeta recebe a mensagem atualizada para ser empregada no contexto atual dos seus
ouvintes, de forma que o profeta age como atualizador da tradição (o que difere dos
sacerdotes que apenas transmitem e ensinam a doutrina contida na tradição), trazendo
ao povo uma mensagem sempre renovada, viva e edificante.
Na história de Israel havia os “profetas por vocação” (Amós, Isaías, Jeremias, entre
outros) que foram chamados por IAHWEH (para não dizer: “arrebatados por
IAHWEH”) para profetizar ao povo no seu tempo, a serviço exclusivo de Deus. Havia,
ainda, os “profetas profissionais”, os quais estavam ligados ao Estado (como um
funcionário) e principalmente ao Templo, eram também conhecidos por profetas
cultuais, no NT o louvor cultual é identificado como vindo desse tipo de profeta do
Templo, tal louvor era chamado de louvor extático (remetia o profeta a uma situação de
transe). Outro elemento que encontramos no estudo do AT, que deve ser diferenciado do
papel de profeta de IAHWEH, é a figura do “vidente”, que era solicitado por
interessados quando se queria obter alguma informação, a qual poderia ser cobrada ou
não. Os “profetas clássicos ou por vocação”, se diferem desses videntes, pelo fato de
que a visão se apresenta a eles sem sua vontade (Deus vem ao profeta) e tem um
propósito definido que é o trabalho em prol dos planos de Deus para Israel.
O profeta é visto como mensageiro de Deus, pois tem o dever de transmitir a palavra
recebida de IAHWEH para o seu povo, porém, o profeta também é pregador da palavra
e para isso pode expressar suas convicções e emoções enquanto anuncia a visão que
recebeu, utilizando-se de introduções ou desfechos de censura ou advertência a quem
está dirigindo a mensagem, demonstrando sua preocupação com a situação que estava
passando o povo e total dedicação para com a mensagem de Deus. Dessa forma, os
profetas ao anunciarem os desígnios de IAHWEH, utilizam-se de uma linguagem de
protesto contra os que deturpam a verdade, as instituições e a Aliança com IAHWEH.
Eles condenavam sacerdotes, reis, os ricos, e todos que contrariavam o direito de Israel
instituído por Deus. Todavia, é bom ressaltar que as acusações não eram contra a liturgia
em si, nem contra o papel do rei ou contra a aquisição de bens, mas eram direcionadas
àquelas pessoas, naquele momento histórico-político e social vivenciado pelo profeta,
que se utilizando de suas posições não cumpriam com a aliança e o direito que
IAHWEH instituiu para o seu povo. Além disso, a visão profética retratava a realidade
de cada época e sua missão era defender às Leis e Instituições das influências contrárias
a palavra de Deus, bem como, reavivá-las, pela atualização da mensagem de IAHWEH
ao seu povo. Com relação ao culto, o profeta diante sua intimidade com Deus, sabia que
o homem deveria cultuar IAHWEH de uma forma pessoal, espontânea, “em espírito e
em verdade”, através do amor e conhecimento de Deus, pela fé confiante, por isso o
culto não poderia ser algo mecânico e dominado pelo formalismo frio e distante, ou
seja, para os profetas o culto deve ser uma busca de intimidade com IAHWEH e deve
ser renovado pela pregação profética.
O profeta também é um crítico social, uma vez que se importava com as várias causas
que os oprimidos e rejeitados de sua época enfrentavam, ele censurava os religiosos,
reis e ricos em favor daqueles excluídos e oprimidos, proclamavam uma mudança na
consciência e nas atitudes, ressaltando o amor ao próximo e ao Deus Verdadeiro.
Todavia, a atuação profética deve ser entendida como algo além de uma simples
empatia para com o povo ou cumprimento de um dever para com Deus, pois ele era o
guardião da Aliança mosaica (direito javista), a qual dependia a relação de IAHWEH
com Israel, por isso, crescia de importância às intervenções dos profetas, não somente
pelas causas sociais, mas pela manutenção da Aliança de Deus com o povo. Esse
trabalho dos profetas fez com que a ordem do direito em Israel se atualizasse a cada
momento histórico do povo.
Outra característica dos profetas era que eles se identificavam com o passado de Israel,
assim, utilizavam em suas pregações as promessas e as alianças de IAHWEH para seu
povo, a fim de trazer à lembrança dos seus ouvintes o amor e o zelo de Deus com Israel,
dessa forma, havia uma reflexão sobre as atitudes e falhas pessoais e coletivas em
relação ao Deus de Israel. A profecia também aborda um acontecimento, que segundo
Amós seria “o Dia de IAHWEH”, ou seja, uma futura intervenção divina a realizar-se
de forma iminente, seguida de um recomeço, uma restauração.
Diante de todas essas considerações, acha-se na figura do profeta aquele homem que
vivendo todas as influências do seu contexto histórico-social, foi irresistivelmente
“arrebatado por IAHWEH”, para servir de mediador entre Deus e o povo, intercedendo
por ele, mas chamando-o ao arrependimento através da palavra renovada e vivificada
constantemente por Deus, importando-se com as causas sociais do povo em seu
momento histórico presente, atuando ativamente pela preservação das Instituições e
aliança de Deus com Israel.

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