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A ansiedade da simultaneidade.

Um pretexto para falar de arte.

Maria Fachini (Maria da Penha Nascimento)

Este trabalho está baseado na análise do homem contemporâneo


diante da personificação da felicidade, vista através da lente da globalização.
Sabendo que a simultaneidade é uma das características que marcam nossa
época, nosso cotidiano, e sendo ela parte do corpo que estrutura este
sistema. Vemos que: é esta simultaneidade, que ganha contorno de elemento
principal do espaço, na construção da cultura. Desta forma a necessidade de
buscarmos uma leitura dessas transformações nos causam sentimentos que
hora se alternam entre o conforto e o desconforto nos levando a estados de
perplexidade e ao mesmo tempo em que nos da subsídios para descobrirmos
toda esta engrenagem, nos conduz a um estado de inércia diante de tantas
perguntas e repostas feitas em fração de segundos. Gerando um grande
sentimento oceânico* de vazio.
Esta felicidade aqui descrita é uma síntese das sensações deste
individuo que busca ansiosamente, estes pontos de saídas. Ela funciona
como reflexo de todos os sentidos possíveis e desejáveis do humano, e nela,
esta contido todas as ações e reações que espelham nossas imagens,
nossas representações. Recorrendo ao Houaiss Felicidade qualidade ou
estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação,
contentamento, bem-estar boa fortuna; sorte. Freud (1930, p.12) dizia que A
felicidade na vida é predominantemente buscada na fruição da beleza, onde
quer que esta se apresente a nossos sentidos e a nosso julgamento – a
beleza das formas e a dos gestos humanos, a dos objetos naturais e das
paisagens e a das criações artísticas e mesmo as científicas. Apesar de
sabermos que a felicidade pode seguir parâmetros distintos, dependendo dos
fatores culturais, vemos que este é um sentimento segundo Sponville (2001,
p.1)

para quem “a felicidade, quase por definição, interessa a


todo o mundo”. Lembremo-nos de Pascal que afirma que
“todos os homens procuram ser felizes; isso não tem
exceção. É esse o motivo de todas as ações de todos os
homens, inclusive dos que vão se enforcar”.

A busca da felicidade é a coisa mais bem distribuída do mundo.( Sponville, A.


(2001). A felicidade desesperadamente. (E. Brandão, Trad.) São Paulo: Martins
Fontes p2)

Maria da Penha Nascimento (Maria Fachini) Artista Plástica. Graduada em História,


Especialização em Literatura e Artes - Universidade Salgado de Oliveira.
Vemos que a globalização, dentro da sua simultaneidade, estabelece este
sentimento de uma forma bem peculiar, pois o que se vê é um processo de se
formalizar esta busca, esta sensação.
Buscaremos aqui uma breve reflexão para contextualizar –nos

A globalização e a exclusão social


Entrando pelo mundo da Globalização, por outras vias, temos a primeira
impressão de que nós estamos cercados por tantos elementos, que a saída se
faz por um pequeno túnel, cabe centrarmos toda a energia neste caminho.
Como bem diz o texto de Milton Santos (Santos, M. (2010). Por uma outra
globalização: do pensamento único á consciência universal. Rio de Janeiro:
Record. P, p.80)

hoje, política, mercado e mídias são tão integrados que


pode-se afirmar que eles formam um único sistema: o
meio técnico científico informacional. A chamada
unicidade técnica permite o inter relacionamento de
diversos modos de produção, a mídia a convergência de
momentos e o capitalismo global o motor único. A
convergência entre esses elementos se dá em cima do
capital (do dinheiro) produzindo a chamada “tirania do
dinheiro” que também é uma tirania da informação. O
capital regrando, confabulando e se mesclando com toda
a sociedade tanto em termos materiais quanto em termos
ideológicos. É esta integração profunda do cerne da
sociedade com o capitalismo que tem gerado a chamada
competitividade.1

A competitividade não se dá apenas com empresas e com comércio em


geral, mas por ser ideológica, ela passa a se dar com as pessoas também.

As pessoas se tornam competitivas entre si quebrando os princípios sociais da


solidariedade e os princípios éticos que permitem uma convivência social. Esta
áurea de competitividade acirrada gera a chamada “violência estrutural” que
tem como base o fato de todos serem chamados a competir sob a lógica global
da reprodução capitalista. “Num mundo globalizado, regiões e cidades são
1
chamadas a competir e diante de tais regras atuais de produção e dos
imperativos atuais de consumo, a competitividade se torna também uma regra
de convivência entre as pessoas” (,Santos, M. (2010). Por uma outra
globalização: do pensamento único á consciência universal. Rio de Janeiro:
Record. P p.57).

A globalização tem levado as pessoas a se comprometerem


ideologicamente com o capital gerando uma competitividade excessiva
destruindo toda a solidariedade social.

Novas formas de exclusão estão sendo gestadas na sociedade pelas


próprias pessoas. Uma delas, a exclusão de consumo, é aquela em que o
individuo pobre passou rapidamente ao indivíduo marginalizado e agora temos
o excluído que passa a ser um produto “natural” de uma sociedade altamente
competitiva selada na expressão “se você não se atualizar, estará fora do
mercado”. O mesmo tem ocorrido com os países que não se integram a grande
ciranda do capital globalizado.

Os que não se atualizam abrindo mão de sua soberania são


considerados “cartas” fora do baralho internacional da globalização. No
entanto, na medida em que as nações adotam a ciranda global, seus territórios
são destrocados, pois o capital globaliza apenas parte dele e não o todo. O
mesmo se da com as pessoas, parte delas é globalizada e outra parte é
colocada no caminho da exclusão social.

Quando abordamos todos estes pensamentos sobre a felicidade, vemos


que ela nos remete a reflexões e nos leva á aprofundar o nosso espaço diante
destas afirmações, e questionar onde nos encontramos dentro de tantos apelos
para chegarmos a esta sensação.

Para tratarmos da relação existente entre felicidade e globalização, se


percebe ainda um vácuo, pois não temos ainda a exata amplitude desta
representação. Pois o que temos e percebemos são as sensações e
inquietações, e são tantas, que faltam ainda nomearmos algumas mil. O que
nos cabe aqui é justamente repassar estas sensações, para que a partir delas,
possamos obter respostas mais precisas, e consequentemente agir de forma
consciente diante de tantos embates.

Porém, diante tantas características abstratas da globalização (digo


abstratas, pelo fato de algumas por conseqüência da velocidade das suas
ações, terem sua forma indefinida; Temos uma concreta que se chama
competitividade.

Segundo Santos (,Santos, M. (2010). Por uma


outra globalização: do pensamento único á consciência
universal. Rio de Janeiro: Record. p.39), estamos diante
de um novo “encantamento do mundo, no qual o discurso
e a retórica são insidiosos, já que a informação atual tem
dois rostos, um pelo qual ela busca instruir, e outro, pelo
qual ela busca convencer. Este é o trabalho da
publicidade.”

Observamos que o lado do convencimento está muito mais acentuado, e


constante em nossas vidas, pois a publicidade se tornou algo inerente, da
grande maioria dos indivíduos. Temos exemplos em quase tudo que nos cerca.
A publicidade atua como um legislador de costumes, em que vemos regras do
vestir, falar, consumir que são estabelecidas a partir dela.

Falsificam-se os eventos, já que não é propriamente o


fato o que a mídia nos dá, mas uma interpretação, isto é,
a notícia. Pierre Nora (1974), em um bonito texto, cujo
título é ‘’ O retorno do fato’’ (in História: Novos problemas
1974 Santos, M. (2010). Por uma outra globalização: do
pensamento único á consciência universal. Rio de
Janeiro: Record. P.40

lembra que, “na aldeia, o testemunho das pessoas que


veiculam o que aconteceu pode ser cortejado com o
testemunho do vizinho. Numa sociedade complexa como
a nossa, somente vamos saber o que houve na rua ao
lado dois dias depois, mediante uma interpretação
marcada pelos humores, visões, preconceitos e
interesses das agências.” O evento já é entregue
maquiado ao leitor, ao ouvinte, ao telespectador, e é
também por isso que se produzem no mundo de hoje,
simultaneamente, fábulas e mitos.

Um bom exemplo é o mito do 1º Lugar, do vencer, chegar à frente. Um


bom exemplo que invade o nosso cotidiano são os Reality Shows, de todas as
linhas como: os Big Bhothers, os que oferecem empregos com bordões bem
“sensíveis” como: você esta demitido! Ou você é um vitorioso! Cultua o vencer
a superação de forma bem peculiar com um foco nos objetivos da grande
recompensa citando um destes bordões; célebres, onde o suposto chefe diz:
“Aqui, só existe um pódio, e nele só um vencedor, pois os derrotados eu mando
trabalhar no concorrente!”

Desta forma, percebemos o quanto esta mensagem vem carregada de


símbolos autoritários e discriminatórios. Recorrendo novamente a Santos
(Santos, M. (2010). Por uma outra globalização: do pensamento único á
consciência universal. Rio de Janeiro: Record. P..46) que afirma:

neste mundo globalizado, a competitividade, o consumo,


a confusão dos espíritos constituem baluartes do presente
estado de coisas. A competitividade comanda nossas
formas de ação. O consumo comanda nossas formas de
inação. E a confusão dos espíritos impede o nosso
entendimento do mundo, do país, do lugar, da sociedade
e de cada um de nós mesmos.

Este sentimento ilustra bem toda esta problemática vivida por nós, pois
daí percebemos o quanto estamos imóveis diante de tanta carga simbólica
trazida e manipulada para um fim específico, que é o consumo, sendo ele
também um veículo de narcisismos, por meio dos seus estímulos estéticos,
morais, sócias que aparece como o grande fundamentalismo do nosso tempo,
porque alcança e envolve toda gente. Por isso, o entendimento dos elementos
que compõe a nossa contemporaneidade, passa pelo consumo e pela
competitividade, ambos fundados no mesmo sistema ideológico.
Trazendo um pensamento de Sponville). A felicidade desesperadamente. (E.
Brandão, Trad.) São Paulo: Martins Fontes. 2001 que acredita da verdade na
filosofia, e a felicidade sendo uma consequência desta verdade e Santos
(Santos, M. (2010). Por uma outra globalização: do pensamento único á consciência
universal. Rio de Janeiro: Record. que recorre ao mesmo raciocínio, quando afirma
que antes se discutia a respeito da oposição entre o que era real e o que não
era; entre o erro e o acerto; o erro e a verdade; a essência e aparência. Hoje,
essa discussão talvez não tenha sequer cabimento, porque a ideologia se torna
real e está presente como realidade, sobretudo por meio dos objetos. Os
objetos são coisas, são reais. Eles se apresentam diante de nós não apenas
como um discurso, mas como um discurso ideológico.

E esse império dos objetos tem um papel relevante na produção da


consciência do homem contemporâneo, estamos de certa forma subordinados
a ele, como se os objetos nos dessem a vida, e não nós a ele.

Refletindo sobre a colocação de Freud*, Freud, S. (2001). A interpretação dos


sonhos - O mal estar da civilização. (W. I. Oliveira, Trad.) Rio de Janeiro: Imago.

onde ele fala sobre felicidade sendo representada pela fruição da beleza.
Simbolizamos aqui esta beleza, através do prazer, o estado de bem estar, a
sensação de estarmos diante de algo que nos remeta a sentidos de plenitude.
Esta sensação pode vir de caminhos diversos.

Porém vamos nos ater aqui; a beleza da criação, pois partindo do princípio que
a arte nos causa sentimentos de prazer, encantamento, ou mesmo de
estranhamento, onde diante de determinados trabalhos, vivenciamos
sensações positivas ou negativas, o princípio da beleza estará sempre
embutido dentro dos elementos que formam o sistema da criação.

Para corroborar, com estas colocações, vejamos onde está a arte e sua
significação diante de todo este quadro. Partindo do princípio que a arte é um
dos termômetros de cada época histórica e de toda movimentação do homem,
diante da sua realidade, tangível e não tangível. Segundo Danto (2006, p.15)

“toda sociedade não passa de uma tendência ao


equilíbrio das moléculas vivas que constituem, e toda
dor ou todo prazer, que são rupturas de equilíbrio em
um ponto, tende essencialmente a se propagar.”

Read (Read Herbert. Arte e alienação/O papel do artista na sociedade trad. Waltensir
Dutra. Rio de janeiro: Zahar,1967) sempre coloca a arte como meio para podermos
interpretar o fenômeno social, sendo ela um fator positivo na solução imediata
dos problemas da sociedade. Mesmo com afirmações contrárias como as dos
críticos marxistas, que a arte é um “epifenômeno, alguma coisa que surge’’, em
consequência de uma economia predominante.

A atividade estética é, pelo menos contrária, ela deve ser um processo


formativo com um efeito direto tanto sobre a psicologia individual como sobre a
organização social. A possibilidade de alienação existe sempre que a evolução
social e política criando sentimentos de ansiedade e desespero, de falta de
raízes e insegurança, de isolamento e apatia.

Vemos, segundo Read, que a função do artista é instrumental.

Ele transmite ou manifesta aquilo que lhe vem das


profundezas da sua psique, e no processo de
transmissão ocorre uma transformação. Ele não transmite
uma experiência excepcional – transmite isso, sim, uma
experiência comum e dá a ela uma definição e precisão
que não existiam antes.*

A sua contribuição está numa certa margem de


disciplina pessoal, de concentração e introspecção, que
serve para liberar, e ao mesmo tempo canalizar e
transformar em objetos belos as energias que fluem de
um inconsciente impessoal.

Desta forma, o que podemos esperar da arte hoje? Os debates se acirram e se


proliferam por toda parte, nas grandes discussões sobre a arte contemporânea.
Bienais, e mostras paralelas são abertas com temas que vão da desconstrução
a construção do objeto, onde o conceito se sobrepõe a transcendência.
No livro: Condição pós-moderna de David Harvey (HARVEY, David. Condição pós –
moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral – Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2010.

p310) ele sita o poeta Paul Valéry*, onde ele dizia: ‘’ Do mesmo modo como a
água, o gás e a eletricidade chegam até as nossas casas, vindos de longe,
para satisfazer as nossas necessidades de seguir o princípio do mínimo
esforço, assim também seremos supridos de imagens visuais ou atividades
que vão aparecer e desaparecer a um simples movimento de mão.’’
Vejamos um anuncio extraído da revista on line Canal Contemporânea,( site
acessado22/07/2010
http://www.canalcontemporaneo.art.br/cursoseseminarios/archives/2010_03.htmlonde ele diz:

Curso: O Processo Criativo

Público alvo:

O Workshop é dirigido a todos que se interessam pelo processo criativo e para


quem a geração de novas idéias se tornou fundamental, seja em nível
profissional ou simplesmente pessoal.

Neste anuncio, já percebemos o reflexo de nosso momento, de tudo que


Valéry antecipou, da exigência de leituras imediatas que por vezes são feitas
com um olhar, e não com o ver, o enxergar. Forçando o homem a se inventar e
reinventar a cada segundo, com isso, as imagens se tornaram a demonstração
deste ambiente repleto de certezas incertas.

Poderíamos analisar todo este aspecto, como uma grande explosão de


criatividade, fato este, que não é retirado o mérito, pois não resta dúvida que o
a criatividade não se esvaziou com todos estes contemporâneos instrumentos.

A questão reside nas sensações; é como se nós estivéssemos sendo


induzidos a pensar que estamos sem olfato, audição, visão, tato; pelo efeito da
velocidade. Porém na afirmação de Fabio Cypriano (professor assistente
doutor da PUC-SP, crítico de arte da Folha de S. Paulo). Vemos que: o virtual,
nós leva a ter uma nostalgia destes sentidos, como bem ele coloca, ‘‘A arte
aponta para urgência do corpo”. Só esperamos que este corpo tenha alma.

Outra afirmação vem do professor de história da arte Duarte ( Paulo Sérgio


Duarte é crítico, professor de História da Arte e pesquisador do Centro de Estudos
Sociais Aplicados da Universidade Candido Mendes) onde ele busca na
incompletude a definição da função da arte: Estou cheio de vazios e a obra
está lá para mostrá-los. A graça da arte é apontar para nossas incompletudes
e isso independe do meio: pode ser uma estátua de mármore grega ou um
jogo de videogame. Se tiver força poética, a obra vai permitir essa experiência.
Este vazio pode ser traduzido como dúvidas, onde cabe aqui a pergunta de
Newman faz: ‘’ Terá a velocidade da mudança recente sido tão grande que não
saibamos como traçar suas linhas de força, que nenhuma sensibilidade, muito
menos narrativa, tenha sido capaz de articulá-las?”

Estas indagações, nós prova que: a arte seguindo estas inquietações


transfigura o que é estar no século XXI, portanto nada mais atual do que este
sentimento de vazio e da ânsia do não estar.

Portanto, acredito que os alguns conceitos, de que a arte contemporânea é


uma grande piada e que seus códigos não são entendidos ou processados
(para usar um vocabulário bem contemporâneo), pelas pessoas. É um
equivoco, pois esta falta de respiração do mundo é transplantada para os
elementos que compõe a sua criação. Onde o artista, também é refém dos
mesmos sintomas de vazio e incompletude, pois qualquer coisa que eles
possam representar vai ser fruto desta superficialidade traçada pela
simultaneidade.

Como podemos traçar aqui uma linha de raciocínio entre a sociedade


Globalizada e suas ânsias sócias, vemos que o pensamento segue de acordo
com o sentimento que nos colocam reféns de uma economia que incorpora o
papel de várias estruturas da sociedade. Onde podemos notar que, a
educação, a arte, e até a filosofia é invadida, dentro do seu aspecto de
estabelecer a verdade como base da sabedoria.

Pois estamos diante de dogmas que foram redirecionados para um bem maior
que é a generalização, e esta, é ligada diretamente a generalização do desejo,
da vontade e da felicidade. Onde o objeto é colocado como algo de
endeusamento, não que isto não acontecesse em outros períodos históricos,
porém o que se observa, é justamente a fabricação deste objeto como algo
universal. Que leva o individuo a um raciocínio compactado, e passível a
normas dos grandes aglomerados econômicos. Portanto, o sentido de bem
estar e da felicidade, de certa forma esta sendo atrelado a este pensamento, o
pensamento do geral, da tirania da unanimidade, fabricada pela ideologia da
globalização. A filosofia nos mostra que nossa busca pelo sentido principal da
vida é a felicidade, vistas de vários ângulos, como Freud, em seu sentimento
oceânico, Sponville (A felicidade desesperadamente. (E. Brandão, Trad.) São
Paulo: Martins Fontes. 20012001 p.), A felicidade em ato, onde ele faz a relação
da felicidade com o desejo, com algo que possamos alcançar, e portanto nos
furtarmos de frustrações. Em outras palavras, gozar e regozijar-se. Mas esta
felicidade em ato é ao mesmo tempo desesperada, pelo menos em certo
sentido: é uma felicidade que não espera nada. Só deseja ser feliz naquele
instante. O que traz esta felicidade desesperada? Ela é real e de certa forma,
poderíamos dizer que este é um bom caminho para se viver feliz, pelo menos
de ato em ato. A questão que se abre aqui, não esta atrelada, a se dizer qual é
a melhor forma de sermos felizes, ela esta no sentido de que o que se
apresenta dentro de nosso período contemporâneo e dentro da realidade
econômica e social da globalização, nos leva a crer que somos fruto deste
distanciamento da razão com a emoção, em literatura poderíamos dizer: entre
a poesia e o prosaico, deixamos de fazer a poesia do cotidiano, pois a
velocidade nos deixa inertes. E se uma das formas de felicidade é esta do
desejo em atos, o problema reside justamente na velocidade que se criam e
recriam estes atos, estes desejos, pois os apelos ao ‘’objeto’’ da felicidade em
nosso momento tem a duração de segundos, pois logo em seguida, o objeto é
substituído por outro, causando assim, uma ânsia, pelo próximo. Pelo
próximo estado de felicidade. Não temos o tempo do regozijo.
A obrigatoriedade do entendimento, nós leva a entrarmos no
mesmo jogo, a que estamos questionando. E a rapidez das respostas leva aos
historiadores, intelectuais, filósofos, a entrar no mundo da ansiedade, no
mundo da agonia das respostas imediatas. Como bem exige a dinâmica do
nosso tempo.

O pretexto para falar de arte, como diz o subtítulo deste artigo.

Advém da necessidade de um descanso das imagens; é como se


precisássemos, e precisamos de férias para nossos sentidos. Pois eles estão
trabalhando com horas extras e sem remuneração. Acredito que: todas estas
imagens que vem como velocidade de um flash é reagrupada, de forma que ela
perde vida no decorrer do processo da criação, até sua finalização. Onde a
obra finalizada, não vai deixar de ser verdadeira, pois ela esta sendo elaborada
com elementos que estão a nossa volta, sendo assim, cumprindo com uma
finalidade da arte; que é refletir o que se passa no seu tempo. O tempo da
busca. Da busca das perguntas com respostas imediatas; respostas estas que
se esvaziam, na vinda de outras perguntas. O tempo se esvazia, e a arte,
cumprido seu caráter social segue o caminho e o objetivo de ser verdadeira, se
esvaziando.

Paulo Sergio Duarte,

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