Professional Documents
Culture Documents
Este sentimento ilustra bem toda esta problemática vivida por nós, pois
daí percebemos o quanto estamos imóveis diante de tanta carga simbólica
trazida e manipulada para um fim específico, que é o consumo, sendo ele
também um veículo de narcisismos, por meio dos seus estímulos estéticos,
morais, sócias que aparece como o grande fundamentalismo do nosso tempo,
porque alcança e envolve toda gente. Por isso, o entendimento dos elementos
que compõe a nossa contemporaneidade, passa pelo consumo e pela
competitividade, ambos fundados no mesmo sistema ideológico.
Trazendo um pensamento de Sponville). A felicidade desesperadamente. (E.
Brandão, Trad.) São Paulo: Martins Fontes. 2001 que acredita da verdade na
filosofia, e a felicidade sendo uma consequência desta verdade e Santos
(Santos, M. (2010). Por uma outra globalização: do pensamento único á consciência
universal. Rio de Janeiro: Record. que recorre ao mesmo raciocínio, quando afirma
que antes se discutia a respeito da oposição entre o que era real e o que não
era; entre o erro e o acerto; o erro e a verdade; a essência e aparência. Hoje,
essa discussão talvez não tenha sequer cabimento, porque a ideologia se torna
real e está presente como realidade, sobretudo por meio dos objetos. Os
objetos são coisas, são reais. Eles se apresentam diante de nós não apenas
como um discurso, mas como um discurso ideológico.
onde ele fala sobre felicidade sendo representada pela fruição da beleza.
Simbolizamos aqui esta beleza, através do prazer, o estado de bem estar, a
sensação de estarmos diante de algo que nos remeta a sentidos de plenitude.
Esta sensação pode vir de caminhos diversos.
Porém vamos nos ater aqui; a beleza da criação, pois partindo do princípio que
a arte nos causa sentimentos de prazer, encantamento, ou mesmo de
estranhamento, onde diante de determinados trabalhos, vivenciamos
sensações positivas ou negativas, o princípio da beleza estará sempre
embutido dentro dos elementos que formam o sistema da criação.
Para corroborar, com estas colocações, vejamos onde está a arte e sua
significação diante de todo este quadro. Partindo do princípio que a arte é um
dos termômetros de cada época histórica e de toda movimentação do homem,
diante da sua realidade, tangível e não tangível. Segundo Danto (2006, p.15)
Read (Read Herbert. Arte e alienação/O papel do artista na sociedade trad. Waltensir
Dutra. Rio de janeiro: Zahar,1967) sempre coloca a arte como meio para podermos
interpretar o fenômeno social, sendo ela um fator positivo na solução imediata
dos problemas da sociedade. Mesmo com afirmações contrárias como as dos
críticos marxistas, que a arte é um “epifenômeno, alguma coisa que surge’’, em
consequência de uma economia predominante.
p310) ele sita o poeta Paul Valéry*, onde ele dizia: ‘’ Do mesmo modo como a
água, o gás e a eletricidade chegam até as nossas casas, vindos de longe,
para satisfazer as nossas necessidades de seguir o princípio do mínimo
esforço, assim também seremos supridos de imagens visuais ou atividades
que vão aparecer e desaparecer a um simples movimento de mão.’’
Vejamos um anuncio extraído da revista on line Canal Contemporânea,( site
acessado22/07/2010
http://www.canalcontemporaneo.art.br/cursoseseminarios/archives/2010_03.htmlonde ele diz:
Público alvo:
Pois estamos diante de dogmas que foram redirecionados para um bem maior
que é a generalização, e esta, é ligada diretamente a generalização do desejo,
da vontade e da felicidade. Onde o objeto é colocado como algo de
endeusamento, não que isto não acontecesse em outros períodos históricos,
porém o que se observa, é justamente a fabricação deste objeto como algo
universal. Que leva o individuo a um raciocínio compactado, e passível a
normas dos grandes aglomerados econômicos. Portanto, o sentido de bem
estar e da felicidade, de certa forma esta sendo atrelado a este pensamento, o
pensamento do geral, da tirania da unanimidade, fabricada pela ideologia da
globalização. A filosofia nos mostra que nossa busca pelo sentido principal da
vida é a felicidade, vistas de vários ângulos, como Freud, em seu sentimento
oceânico, Sponville (A felicidade desesperadamente. (E. Brandão, Trad.) São
Paulo: Martins Fontes. 20012001 p.), A felicidade em ato, onde ele faz a relação
da felicidade com o desejo, com algo que possamos alcançar, e portanto nos
furtarmos de frustrações. Em outras palavras, gozar e regozijar-se. Mas esta
felicidade em ato é ao mesmo tempo desesperada, pelo menos em certo
sentido: é uma felicidade que não espera nada. Só deseja ser feliz naquele
instante. O que traz esta felicidade desesperada? Ela é real e de certa forma,
poderíamos dizer que este é um bom caminho para se viver feliz, pelo menos
de ato em ato. A questão que se abre aqui, não esta atrelada, a se dizer qual é
a melhor forma de sermos felizes, ela esta no sentido de que o que se
apresenta dentro de nosso período contemporâneo e dentro da realidade
econômica e social da globalização, nos leva a crer que somos fruto deste
distanciamento da razão com a emoção, em literatura poderíamos dizer: entre
a poesia e o prosaico, deixamos de fazer a poesia do cotidiano, pois a
velocidade nos deixa inertes. E se uma das formas de felicidade é esta do
desejo em atos, o problema reside justamente na velocidade que se criam e
recriam estes atos, estes desejos, pois os apelos ao ‘’objeto’’ da felicidade em
nosso momento tem a duração de segundos, pois logo em seguida, o objeto é
substituído por outro, causando assim, uma ânsia, pelo próximo. Pelo
próximo estado de felicidade. Não temos o tempo do regozijo.
A obrigatoriedade do entendimento, nós leva a entrarmos no
mesmo jogo, a que estamos questionando. E a rapidez das respostas leva aos
historiadores, intelectuais, filósofos, a entrar no mundo da ansiedade, no
mundo da agonia das respostas imediatas. Como bem exige a dinâmica do
nosso tempo.