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Uma conversa com Alexandra Soares a propósito do movimento
pela reintrodução da bolota numa alimentação humana saudável “ Em 23 de novembro de 2017 o Dia da Floresta Autóctone celebrou a conservação das flores- tas naturais da Península Ibérica e a promoção das espécies de ár- vores originárias do nosso territó- rio. Neste ano de seca e com vasta área ardida, aumentou o reconhe- cimento da importância da flores- ta autóctone, pela sociedade. No nosso país, a maior parte das florestas naturais desapare- ceu ou está já muito alterada. A preservação dos bosques reliqui- ais da nossa floresta autóctone é essencial e algumas espécies, mais raras e ameaçadas, devem ser alvo de legislação específica com vista à sua conservação. As espécies que compõem os nossos ecossistemas florestais au- tóctones tais como os carvalhais, os azinhais e os sobreirais desen- volvidos, são espécies adaptadas aos nossos solos e clima, e que se apresentam como bastante resis- tentes e resilientes aos incêndios florestais. E depois há que reintroduzir os produtos da floresta autóctone na nossa alimentação. Por exemplo, a farinha de bolo- ta, que antes da introdução da ba- tata vinda da América nos anos 1500, era uma das bases da nossa alimentação. Região de Rio Maior (Região) – castanha e para substituir também var. Por exemplo, há uma receita ção aos que são produzidos em mo- Foi precisamente com a confe- Dra. Alexandra Azevedo, porquê es- farinhas de vários tipos de cereais. tão boa que é o risotto com lenti- do de produção biológica – os ali- ção de pão de farinha de bolota e ta sensibilização para a reitrodu- A bolota não é um cereal, é um lhas, que há alunos que se recu- mentos silvestres são sempre mais de bolinhos de farinha de bolota e ção da bolota na alimentação hu- fruto e por isso não tem glúten, não sam provar mas que aqueles que ricos em vários minerais e antioxi- figo que a Escola Básica Marinhas mana? é particularmente rica em proteí- provam, regra geral gostam. dantes, os tais fatores que fazem do Sal assinalou o Dia da Floresta Alexandra Soares (AS) – Por- na mas tem mais proteína do que Região – Aqui em Rio Maior, no do alimento um medicamento –, se Autóctone, com a colaboração da que a bolota é a base do nosso ecos- a batata ou a castanha, por exem- seio da população estudantil, par- consumidos em pequenas quanti- Dra. Alexandra Azevedo, ambien- sistema e ainda por cima estamos plo. Conjugando-a com legumino- ticularmente na da Escola Superi- dades poderiam compensar as ca- talista e autora de dois livros sobre numa fase em que a natureza nos sas ou com algas... – nós temos or de Desporto, verifico que, quan- rências de uma alimentação de alimentação racional precisamen- está a dizer que estamos a fazer mui- uma costa tão vasta e no entanto do vão às grandes superfícies com- uma época de abundância ilusória te a partir de produtos há muito ar- tas coisas más e ao mesmo tempo. as algas nunca entraram na nos- prar géneros alimentares, geral- pois se é rica em proteína animal e redados da nossa alimentação e Portanto temos aqui vários proble- sa tradição alimentar a não ser nal- mente incluem brócolos nas suas calorias é pobre no que de facto faz que fazem imensa falta ao orga- mas, como a seca, a eucaliptiza- gumas populações mais costeiras opções. Por que será? mais falta ao organismo – e daí o nismo”, escreveu-se na edição n.º ção do país, os problemas de saú- – ... que são outro alimento a des- AS – Os brócolos são ricos em rol de doenças desde as demênci- 1521, de 1/12/2017, do jornal Região de pública enormes porque 86% cobrir e serão o tema do meu próxi- ferro. A bolota também é extrema- as aos AVC, cancros, etc. – e com- de Rio Maior, com a indicação de que das mortes dos portugueses são mo livro – eu já tenho dois publica- mente rica em ferro; a bolota é rica pensando essas carências evitari- se tratava de um assunto desenvol- causadas por doenças crónicas dos que são «Frutos Silvestres Co- em cálcio. Os brócolos também são am que recorrêssemos a suple- vido numa conversa com a referi- não transmissíveis. Conjugando is- mestíveis - Guia Prático» em que ricos em cálcio. E mais ricas em mentações alimentares. da ambientalista, na edição seguin- so tudo, nas minhas pesquisas fui se integra a bolota e «Ervas Sil- tudo isto, cerca de dez vezes mais Porque a verdade é que temos te, o que não foi possível dada a exi- chegando à conclusão de que pre- vestres Comestíveis - Guia Práti- ricas em minerais do que qualquer carência de uma série de antioxi- guidade de espaço disponível mas cisamos de recuperar o nosso bos- co», editados pela Quercus. planta terrestre são as algas mari- dantes e de alguns minerais como agora é. que e para isso temos que nos vol- Região – A senhora tem corrido nhas, também ricas em proteína, o selénio, o zinco, tudo substâncias tar a alimentar dele e a bolota é várias escolas. Qual é a aceitação sendo portanto um alimento que em em que uma produção mais inten- * que é o fruto que foi a base da ali- dos alunos para a (re)introdução poucas quantidades permite corri- siva foi empobrecendo os solos que mentação das primeiras popula- destes produtos na alimentação? gir as carências de alimentos ter- hoje em dia só não são pobres em Alexandra Azevedo dedica-se à ções humanas – e serviu de alimen- AS – Tem sido surpreendente- restres. nitratos, potássio, produtos quími- Educação Ambiental, à recupera- to às pessoas até há poucas déca- mente boa. Normalmente dizemos O que estes alimentos demons- cos que não propiciam de modo ção de alguns ecossistemas em pe- das atrás! que as gerações mais novas não tram é que apesar de a nossa soci- nenhum uma fertilização equilibra- quena escala, está muito ligada ao Região – Quer recordar às pes- gostam de alimentos saudáveis edade atual ser urbanizada, indus- da, embora faça as plantas cres- movimento que procura reintrodu- soas as propriedades que a bolota mas não é assim; têm é que ser trial, é que os alimentos silvestres cerem... É uma espécie de fast fo- zir a bolota nos hábitos alimenta- tem para a qualidade da alimenta- propostas bem confecionadas e de deviam continuar a fazer parte do od para as plantas e portanto nós res dos portugueses e foi durante ção? qualidade e esse é, também, um nosso leque de alimentos. É claro assistimos a um sistema de fast 10 anos dirigente nacional da Quer- AS – Com a bolota nós pode- grande desafio. que por si sós não serão suficien- food que abrange toda a cadeia de cus. Tem um canal no YouTube que mos fazer todo o tipo de receitas Lá aparece um caso ou outro tes nesta altura mas como são produção. é o «Natureza Comestível». que se fazem com batata ou com em que um aluno se recusa a pro- muito mais ricos, mesmo em rela- Carlos Manuel
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