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PR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS PONTA GROSSA

GERÊNCIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PPGEP

VIVIANE LEÃO SAAD

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO DO


PEDREIRO: O ASSENTAMENTO DE TIJOLOS

PONTA GROSSA

OUTUBRO - 2008
Livros Grátis
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VIVIANE LEÃO SAAD

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO DO


PEDREIRO: O ASSENTAMENTO DE TIJOLOS

Dissertação apresentada como requisito parcial


à obtenção do título de Mestre em Engenharia
de Produção, do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção, Área de
Concentração: Gestão Industrial, da Gerência
de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus
Ponta Grossa, da UTFPR.

Orientador: Prof. Antonio Augusto de Paula


Xavier, Dr.
Co-orientador: Prof. Ariel Orlei Michaloski, Ms.

PONTA GROSSA

OUTUBRO - 2008
S111 Saad, Viviane Leão
Análise ergonômica do trabalho do pedreiro: o assentamento de tijolos. / Viviane
Leão Saad. -- Ponta Grossa: [s.n.], 2008.
124 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier


Co-orientador: Prof. Ms. Ariel Orlei Michaloski

Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) - Universidade


Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Curso de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, 2008.

1.Construção civil. 2. Ergonomia. 3. Antropometria. I. Xavier, Antonio Augusto de


Paula. II. Michaloski, Ariel Orlei. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Ponta Grossa. IV. Título.

CDD 620.82

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


PPGEP – Gestão Industrial (2008)
i

Ao meu filho André, minha vida, meu amor, que


tão puramente me apoiou e aceitou tantos
momentos de ausência.
Aos meus pais, Johny e Rosemary Saad pela
ajuda, incentivo e carinho dados por toda a
vida.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e toda a felicidade que dela emana.

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná pela oportunidade de aprendizado e


crescimento pessoal.

Ao Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier pelo apoio, ensinamentos, orientações
e ajuda durante todo o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao Prof. Ms. Ariel Orlei Michaloski por toda a dedicação na co-orientação deste
trabalho.

A todos os professores do curso, pelos conhecimentos passados.

Aos colegas com os quais tive o prazer de conviver durante este período de
aprendizagem e aos meus amigos mais fiéis pelo incentivo diário e auxílio constante.

Às empresas pesquisadas por abrirem as portas e fornecerem todas as informações


solicitadas.

Aos trabalhadores, que revestidos de extrema compreensão e colaboração


viabilizaram a realização deste estudo.

A todos que direta ou indiretamente ajudaram para a realização deste trabalho de


dissertação.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


iii

"Somos feitos de carne, mas temos que viver como


se fossemos feitos de ferro." (Sigmund Freud)
iv

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

SUMÁRIO
RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

1 Introdução ......................................................................................................... 12
1.1 Objetivos...........................................................................................................................................13
1.2 Hipótese ...........................................................................................................................................14
1.3 Limitações da pesquisa....................................................................................................................14
1.4 Importância do tema........................................................................................................................14
1.5 Justificativa......................................................................................................................................15
1.6 Estrutura..........................................................................................................................................16
2 Referencial teórico ........................................................................................... 17
2.1 A indústria da construção civil..........................................................................................................17
2.2 O sistema produtivo .........................................................................................................................18
2.3 A busca pela produtividade ..............................................................................................................19
2.4 As doenças ocupacionais.................................................................................................................21
2.5 A dor e os distúrbios osteomusculares ............................................................................................24
2.6 Motivação dos DORT na tarefa do levantamento de paredes.........................................................27
2.7 Biomecânica ocupacional e ergonomia ...........................................................................................28
2.7.1 Trabalho muscular.........................................................................................................................30
2.7.2 Posturas do corpo .........................................................................................................................33
2.7.3 Posições de trabalho.....................................................................................................................35
2.7.4 O projeto do posto de trabalho......................................................................................................37
2.7.5 A antropometria.............................................................................................................................38
2.7.6 Dimensionamento do posto de trabalho .......................................................................................41
2.7.7 Posturas dos membros superiores ...............................................................................................44
2.8 Ergonomia na construção civil .........................................................................................................46
3 Metodologia ...................................................................................................... 50
3.1 Instrumentos de pesquisa ................................................................................................................52
3.2 Estudo piloto.....................................................................................................................................56
3.3 Definição amostra ............................................................................................................................58
3.4 Variáveis...........................................................................................................................................60
3.4.1 Variáveis independentes ...............................................................................................................60
3.4.2 Variável dependente .....................................................................................................................60

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


v

4 Resultados e discussão................................................................................... 61
4.1 A atividade do trabalhador durante o levantamento de paredes.....................................................61
4.2 O tempo das atividades...................................................................................................................66
4.3 O risco ergonômico..........................................................................................................................71
4.4 Relatos de dor.................................................................................................................................77
4.5 Distribuição espacial do posto de trabalho......................................................................................81
4.6 Antropometria dos trabalhadores da construção civil......................................................................87
4.7 Avaliação da adaptação dos postos de trabalho.............................................................................91
4.7.1 Pedreiro ao nível do solo (zonas 1 e 2 do levantamento)............................................................94
4.7.2 Pedreiro posicionado no andaime (zonas 3 e 4 do levantamento)...............................................98
4.8 Sugestões de adaptações dos postos de trabalho aos pedreiros da Construção Civil.................101
5 Conclusão ........................................................................................................ 101
5.1 Sugestões para trabalhos futuros..................................................................................................104
Referências .........................................................................................................................................106
Apêndice A – Fotos dos trabalhadores e canteiros de obras estudados......................................111
Apêndice B – Termo de consentimento livre e esclarecido ................................................ 118
Apêndice C – Formulário para coleta de dados ............................................................... 120
Anexo A – Diagrama de Corlett .................................................................................... 124

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de marcação dos componentes do posto, onde lê-se 53


“Pe” para pedreiro, “Pa” para parede, “A” para argamassa e “T”
53
para tijolos....................................................................................... 52

Figura 2 - Cronômetro utilizado na pesquisa................................................... 53


Figura 3 - Divisão das zonas da parede para análise das posturas 55
utilizadas.......................................................................................... 54
Figura 4 - Medições antropométricas do estudo piloto.................................... 57
Figura 5 - Trabalhador posicionado acima da viga baldrame no estudo 61
piloto................................................................................................ 57
Figura 6 - Distribuição dos tempos de pausas em comparação ao da 70
jornada laboral................................................................................. 68
Figura 7 - Colher de pedreiro e tijolos.............................................................. 70

Figura 8 - Atividade do trabalhador da construção civil durante o 72


levantamento de paredes................................................................ 70
Figura 9 - Classificação dos riscos para a tarefa nas zonas 1 e 3 do 73
levantamento................................................................................... 71
Figura 10 - Classificação geral do risco ergonômico geral das zonas 1 e 3 75
(fase 1) do levantamento de paredes.............................................. 73
Figura 11 - Posicionamento do pedreiro durante as zonas 1 e 3 do 76
levantamento de paredes................................................................ 74
Figura 12 - Classificação dos riscos para a tarefa nas zonas 2 e 4 do 76
levantamento................................................................................... 74
Figura 13 - Posicionamento do pedreiro nas zonas 2 e 4 do levantamento de 77
paredes............................................................................................ 75
Figura 14 - Classificação geral do risco ergonômico das zonas 2 e 4 (fase 2) 78
do levantamento de paredes........................................................... 76
Figura 15 - Flexões de coluna associadas a rotação de tronco nas zonas 2 e 78
4 do levantamento de paredes........................................................ 76
Figura 16 - Porcentagem de obreiros com e sem relatos de dor....................... 77
Figura 17 - Número de relatos de dor x regiões corporais................................. 79
Figura 18 - Intensidade média das queixas de dor pó região corpórea............. 80
Figura 19 - Relatos de dor por regiões corpóreas agrupadas........................... 81
Figura 20 - Medidas médias da disposição espacial do posto nas zonas 1 e 85
2....................................................................................................... 83
Figura 21 - Posto de trabalho das zonas 1 e 2.................................................. 84

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


vii

Figura 22 - Medidas médias da disposição espacial do posto nas zonas 3 e 88


4....................................................................................................... 86
Figura 23 - Posto de trabalho das zonas 3 e 4.................................................. 87
Figura 24 - Distribuição normal da variável “108”.............................................. 88
Figura 25 - Distribuição da variável “151”.......................................................... 89
Figura 26 - Distribuição da variável “148”.......................................................... 89
Figura 27 - Distribuição da variável “pega de maior conforto”........................... 89

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


viii

LISTA DE TABELAS33

Tabela 1 - Classificação das posturas pelo sistema 33


WinOWAS....................................................................................
Tabela 2 - Localização das dores provocadas por posturas 343
inadequadas.................................................................................
Tabela 3 - Posturas de trabalho, vantagens e 36
desvantagens...............................................................................
Tabela 4 - Variáveis corpóreas 56
Tabela 5 - Tempo dos ciclos de trabalho por fases do levantamento de 633
paredes......................................................................................... 61
Tabela 6 - Seqüência de ações técnicas no ciclo e situações 62
ergonomicamente inadequadas nas zonas 1 e 3.........................
Tabela 7 - Seqüência de ações técnicas no ciclo e situações 666
ergonomicamente inadequadas nas zonas 2 e 4......................... 64
Tabela 8 - Distribuição do tempo no ciclo de trabalho................................... 66
Tabela 9 - Média do tempo gasto em atividades laborais com pausas 699
disfarçadas associadas................................................................ 67
Tabela 10 - Média do tempo gasto em atividades laborais com pausas 700
espontâneas................................................................................. 68
Tabela 11 - Distribuição do tempo das atividades com relação ao tempo 711
efetivo de produção...................................................................... 69
Tabela 12 - Categoria de risco obtida através do software WinOWAS das 747
atividades do obreiro durante as zonas 1 e 3 do levantamento 474
de paredes.................................................................................... 72
Tabela 13 - Categoria de risco obtida através do software WinOWAS das 777
atividades do obreiro durante as zonas 2 e 4 do levantamento 777
de paredes.................................................................................... 75
Tabela 14 - Tempo de serviço X relatos de dor............................................... 78
Tabela 15 - Distribuição do posicionamento espacial nos postos de trabalho 848
das zonas 1 e 2............................................................................ 82
Tabela 16 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação das zonas 1 e 855
2.................................................................................................... 83
Tabela 17 - Distribuição do posicionamento espacial nos postos de trabalho 877
das zonas 3 e 4............................................................................ 85
Tabela 18 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação das zonas 3 e 888
4.................................................................................................... 86
Tabela 19 - Análise estatística das variáveis antropométricas........................ 90
Tabela 20 - Situações encontradas, análise e providências recomendadas 94

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


ix

nas zonas 1 e 2............................................................................


Tabela 21 - Situações encontradas, análise e providências recomendadas
nas zonas 3 e 4............................................................................ 98

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


x

RESUMO

A Indústria da construção civil requer grande quantidade de mão de obra para a


realização de diversas tarefas. As tarefas desempenhadas na construção civil são
em grande maioria realizadas manualmente e requerem diversos graus de esforço.
O esforço quando aplicado de modo contínuo, repetitivo, com materiais inadequados
e postos de trabalho não adaptados ao trabalhador, geram os distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Este estudo tem como objetivo
geral apontar adaptações ergonômicas para o posto de trabalho da tarefa do
levantamento de paredes da construção civil. Do ponto de vista de sua natureza esta
pesquisa será aplicada, sendo predominantemente quantitativa na abordagem de
seus resultados. Em relação a seus objetivos é descritiva, pois visa descrever as
características do trabalho e dos trabalhadores da construção civil, sendo
apresentada segundo seus procedimentos na forma de levantamento. Realizou-se a
observação simples e direta do trabalhador durante a tarefa do levantamento de
paredes associada a fotos e filmagens. Utilizou-se o método WinOWAS para
classificação das posturas utilizadas e avaliação do risco ergonômico. Aplicou-se o
Diagrama Corlett e realizaram-se as medições antropométricas de 91 trabalhadores
da construção civil. Constatou-se que os riscos ergonômicos do trabalhador da
construção civil durante o levantamento de paredes de alvenaria são acentuados,
variando conforme a região anatômica estudada e a altura da parede. Verificou-se
que 68,13% dos trabalhadores apresentavam relatos de dor. Percebeu-se
precariedade dos postos de trabalho com relação a adaptações aos trabalhadores.
Muitas das medidas dos postos de trabalho não estavam adaptadas as medidas
corporais dos trabalhadores. A partir das avaliações biomecânicas e antropométricas
pode-se sugerir adaptações dos postos de trabalho do levantamento de paredes aos
pedreiros da Construção Civil.

Palavras-chave: Construção civil; ergonomia; antropometria; risco ergonômico.

PPGEP – Área de Concentração (Ano)


xi

ABSTRACT

The Industry of the civil engineering requires a great amount of workforce for the
accomplishment of diverse tasks. The tasks developed in the civil engineering are in
great majority carried out manually and require diverse degrees of effort. The effort
when applied in a continuous, repetitive way, with inadequate materials and not
adapted work position, generates the Work-related osteomuscular disturbances
(WRMD). This study has as its general objective to point ergonomic adaptations
concerning the work position of the walls constructing task of the civil engineering.
From the point of view of its nature this research will be applied, being predominantly
quantitative in the approach of its results. In relation to its objectives it is descriptive,
therefore it aims to describe the characteristics of the work and the workers from the
civil engineering, being presented according to its procedures in survey form. It was
carried out simple and direct observation of the worker during the walls constructing
task associated to photos and filmings. The WinOWAS method was used to classify
the used positions and evaluate the ergonomic risk. The Corlett Diagram was applied
and anthropometric measurements of 91 workers from the civil engineering were
carried out. It was evidenced that the ergonomic risks of the worker from the civil
engineering during the construction of masonry walls are high, varying according to
the studied anatomical region and the height of the wall. It was verified that 68.13%
of the workers presented pain reports. Precariousness of the work positions in
relation to adaptations to the workers was perceived. Many of the measures of the
work positions were not adapted to the corporal measures of the workers. From the
biomechanic and anthropometric evaluations it can be suggested adaptations of the
bricklayers wall constructing work positions from the Civil Engineering.

Key words: Civil Engineering, ergonomics; anthropometry, ergonomic risk.

PPGEP – Área de Concentração (Ano)


Capítulo 1 Introdução 12

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil é uma das atividades que gera maior número
de empregos no Brasil, impulsionando grande parte de sua economia e gerando
empregos. Devido às características sócio-culturais brasileiras, a grande maioria da
população apresenta baixo nível de escolaridade tendo que empregar-se em setores
onde não existam muitas cobranças de qualificação profissional. Segundo Iida
(2005, p.21),

a construção civil apresenta uma ampla capacidade de empregabilidade por


necessitar de um grande contingente de trabalhadores, e principalmente
nas pequenas e médias empresas, não ter exigências quanto ao grau de
instrução mínimo para as ocupações de pedreiro e servente.
Como relataram Oliveira, Adissi e Araújo (2004), “o fator humano está
presente em todos os níveis do processo produtivo e sem ele, os demais se tornam
inoperantes. A qualificação, o interesse e a motivação desse fator são fundamentais
para o crescimento de uma organização”.

A atividade no canteiro de obras exige constantemente movimentos


repetitivos e manuseio de cargas, caracterizando-a como trabalho pesado,
dificultando padrões posturais corretos, ocasionando o uso excessivo da
musculatura e desencadeando doenças ocupacionais. Conforme Iida (2005 p. 550),
os postos de trabalho na construção civil são móveis, pouco estruturados e grande
parte das tarefas é executada ao ar livre, sob calor e chuvas. Ainda segundo o
mesmo autor, os pedreiros inclinam-se mais de 1000 vezes ao dia para pegar tijolo,
pegar argamassa com a colher e fazer os assentamentos.

O nível de atividade exagerada devido a extensas jornadas em busca de uma


produtividade cada vez maior, associadas a uma atividade com grandes exigências
ergonômicas, coloca os trabalhadores da construção civil em uma posição
extremamente vulnerável ao aparecimento de doenças ocupacionais. É preocupante
dentro da construção civil, o grande número de trabalhadores que sofrem de
distúrbios músculoesqueléticos oriundos da atividade neste setor.

A aplicação da ergonomia pode contribuir para a minimização da demanda


muscular gerada pelo trabalho pouco estruturado na construção civil. Esta ciência
traz grande auxílio para a prevenção dos distúrbios osteomusculares relacionados

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 1 Introdução 13

ao trabalho, melhorando a qualidade de vida no trabalho e diminuindo a exposição


do trabalhador aos agentes comprometedores da saúde. A ergonomia apresenta
diversas faces de aplicação para diminuição dos riscos inerentes ao trabalho. Uma
delas é o dimensionamento dos postos de trabalho adaptando-os as medidas do
corpo humano obtidas pela antropometria.

Existem tabelas antropométricas pré-concebidas que dispõem de medidas


corporais, porém há dificuldade na utilização destas quando analisada a validade
para outras populações. Segundo Dul (2004, p. 11) “as tabelas antropométricas
referem-se sempre a uma determinada população e nem sempre devem ser
aplicadas para outras populações”.

Os padrões antropométricos dos trabalhadores da construção civil no Brasil


apresentam-se pobremente definidos, e para adaptação do posto de trabalho do
levantamento de paredes, entre outros, existe a necessidade do estabelecimento
dos padrões próprios e satisfatórios para esta população.

Dentro deste contexto pergunta-se, Quais posicionamentos e adaptações


podem ser utilizados pelo trabalhador da construção civil durante o levantamento de
paredes?

1.1 Objetivos

Inserido dentro do contexto já mencionado, o foco deste estudo concentra-se


no trabalhador da construção civil, mais especificamente no pedreiro, responsável
pela tarefa do levantamento de paredes.
Este estudo tem como objetivo geral apontar adaptações ergonômicas para o
posto de trabalho da tarefa do levantamento de paredes da construção civil.
Em função do objetivo geral apresentam-se então os seguintes objetivos específicos:

a) Analisar a atividade do trabalhador da construção civil durante a tarefa do


levantamento de paredes;

b) verificar a existência de risco postural do trabalhador da construção durante a


tarefa do levantamento de paredes;

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 1 Introdução 14

c) verificar a existência de relatos de dores osteomusculares;

d) verificar se os postos de trabalho da tarefa do levantamento de paredes da


construção civil da região de Ponta Grossa estão adaptados aos padrões
antropométricos dos trabalhadores.

1.2 Hipótese

Os postos de trabalho dos pedreiros na tarefa do assentamento de tijolos não


estão adaptados aos trabalhadores, necessitando de adequações
antropométricas e biomecânicas.

1.3 Limitações da pesquisa

As medições antropométricas deste estudo limitam-se as variáveis necessárias


para as adaptações ergonômicas do posto de trabalho do levantamento de paredes,
não contemplando outras medidas que talvez fossem necessárias para adaptações
de outras tarefas.

Outra limitação, podendo considerar-se uma das mais preocupantes é relativa


aos surveys de forma geral, ou seja, a subjetividade da percepção do indivíduo
sobre si mesmo.

Tentando uma minimização da subjetividade da percepção dos indivíduos a


respeito de si mesmos, utilizou-se, além dos relatos dos próprios indivíduos, a
medição direta dos parâmetros corporais destes e a observação direta destes
trabalhadores durante a realização da tarefa.

1.4 Importância do tema

Salienta-se a relevância deste estudo, considerando que este pretende


contribuir para que os trabalhadores da construção civil na tarefa do levantamento
de paredes possam desenvolver suas atividades de modo seguro, sem incidência de
doenças ocupacionais. Isso é possibilitado pelas adaptações ergonômicas dos
postos de trabalho, de acordo com seus próprios parâmetros antropométricos e

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 1 Introdução 15

biomecânicos. Para as adaptações ergonômicas nos postos de trabalho além dos


padrões antropométricos e biomecânicos dos pedreiros da construção civil, devem
ser consideradas as queixas álgicas dos próprios usuários bem como o risco
ergonômico inerente a atividade desenvolvida.

Uma maneira de colaborar para equacionar os problemas ergonômicos que


afetam os trabalhadores da construção civil é compreender o comportamento dos
problemas laborais dentro do contexto da Gestão Industrial a partir das
necessidades locais e segundo as exigências legais.

1.5 Justificativa

A construção civil por sua própria natureza requer de seus colaboradores


grandes índices de esforço físico e prática de tarefas árduas para realização de
muitas de suas atividades. O canteiro de obras é um inóspito local de trabalho
devido à fadiga física, gerada por uma grande quantidade de trabalhos manuais, o
estresse, causado pela constante necessidade de altos índices produtivos, e
ambientes hostis de trabalho com vários riscos ambientais.

Segundo Oliveira, Adissi e Araújo (2004), na construção civil existe uma


multiplicidade de fatores que predispõe o operário às condições de trabalho
desfavoráveis, tais como instalações inadequadas, falta de uso de equipamentos de
proteção, falta de treinamentos, má organização do ambiente de trabalho, dentre
outros. Pontes, Xavier e Kovaleski (2004) descrevem que identificar e dar o
tratamento adequado aos riscos ambientais na organização é evitar incalculáveis
prejuízos que afetam centenas de empresas e incapacitam milhares de
trabalhadores todos os anos no Brasil.

Em suas pesquisas, Goldshevder et al (2002), relatam que 82% dos


encarregados da construção relataram pelo menos um sintoma músculo-esquelético.
A dor lombar foi o sintoma mais frequentemente relatado com 65% dos casos. O
mesmo autor descreve que 12% dos trabalhadores faltaram ao trabalho como
conseqüência da dor e 18% procuraram um médico também por causa da dor.

Assim, com a crescente preocupação quanto aos impactos negativos causados


pelo setor da construção civil e especialmente em relação às doenças ocupacionais

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 1 Introdução 16

relacionadas ao sistema de produção, observa-se a necessidade de uma avaliação


mais completa de dados antropométricos e biomecânicos referentes aos
trabalhadores da construção civil, para que possam ser realizadas adaptações
ergonômicas mais precisas dos postos de trabalho.

1.6 Estrutura

No capítulo 1 é apresentado o tema, os objetivos, a hipótese e as limitações


da pesquisa.
No capítulo 2 encontram-se o referencial teórico onde é abordada a indústria
da construção civil e algumas particularidades desta, os distúrbios osteomusculares
relacionado ao trabalho em contexto geral e também de modo específico ao
levantamento de paredes, a antropometria, a biomecânica ocupacional e a
ergonomia.
O capítulo 3 destina-se a metodologia utilizada para a realização da pesquisa.
No capítulo 4 são apresentados os resultados e a discussão.
O capítulo 5 contém as conclusões do autor e as sugestões para trabalhos
futuros.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A indústria e o trabalho na construção civil

A cada dia aumenta a competitividade no setor da construção civil, as


empresas prestadoras de serviços não são mais escolhidas exclusivamente por seus
produtos, pois existem outros fatores relevantes durante a escolha de uma empresa
para realizar determinado serviço. A imagem de responsabilidade social de uma
empresa está intimamente relacionada à qualidade de vida de seus colaboradores.
Segundo Cruz e Oliveira (1997) é improvável que uma organização alcance
excelência em seus produtos negligenciando a qualidade de vida daqueles que os
produzem. O resultado deste descaso mostra-se na baixa produtividade, altos
índices de acidentes de trabalho e absenteísmo.

A atividade da construção civil caracteriza-se pela utilização de trabalho braçal,


pouco mecanizado, e nela existem tarefas árduas e complexas, realizadas por
trabalhadores com pouco ou nenhum treinamento prévio (IIDA,1990). O aprendizado
ocorre com a inserção direta do trabalhador no canteiro de obras, onde aprende a
função de servente através da observação dos colegas de trabalho. Nesse
processo, acaba adquirindo todos os vícios de trabalho que o trabalhador observado
possuía. Conforme Cassarotto; Gontijo e Milito (1997) a formalização dos
procedimentos nas diversas tarefas que constituem as atividades em um canteiro é
basicamente inexistente, pois os operários mantém o controle sobre as ferramentas,
sobre o aprendizado dos novatos, sobre a produtividade o ritmo e a qualidade do
trabalho.

Além da identificação e tratamento dos riscos ambientais deve-se alertar e


conscientizar os trabalhadores a respeito destes riscos. É comum ocorrem rejeições
a utilização de EPIs (equipamentos de proteção individual) por parte dos
trabalhadores. Este fato é compreensível quando se analisa como estes
equipamentos são introduzidos no canteiro. É fato corriqueiro haver o depósito deles
no ambiente laboral, sem que existam treinamentos e esclarecimentos que
esclareçam aos operários que aqueles itens estão lá para resguardar sua saúde,

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 18

melhorar sua qualidade de vida no trabalho. Deve-se, explicar, treinar, orientar, para
que estes paradigmas possam ser realmente transformados.

2.2 O sistema produtivo

A terceirização da mão de obra é um sistema muito utilizado na construção


civil, principalmente pelas pequenas empresas. Neste sistema o obreiro é
responsável direto por sua remuneração. Utiliza-se o sistema de contratação por
etapas, de modo que quando uma parte for concluída, ocorre o pagamento
proporcional ao serviço realizado. Uma vez que esta é uma atividade precariamente
remunerada, o trabalhador se vê obrigado a manter altos índices de produtividade
para que ocorra uma remuneração satisfatória. Segundo Barros e Mendes (2003),
esta situação impõe um ritmo acelerado ao trabalhador, fazendo com que ele
ultrapasse seus próprios limites, o que pode levar ao comprometimento de sua
saúde.

O sistema terceirizado de produção caracteriza-se pela contratação de


trabalhadores, para a realização de uma tarefa específica, sem a certeza de
recontratação após esta encerrar-se. Este sistema de produção acaba sendo um
método que algumas empresas utilizam para negar o vínculo empregatício dos
trabalhadores e, com este, os direitos a seguridade social dos obreiros. Segundo
Barros e Mendes (2003), este modelo de produção negligencia direitos como
aposentadoria, INSS, FGTS, plano de saúde, entre outros, submetendo o
trabalhador à exclusão social. Franco et al (1997) enfatizam que, no trabalho
terceirizado na construção civil, há um ambiente insalubre, ausência de estrutura
para atendimento das necessidades básicas dos operadores, inadequação e
ausência de manutenção em equipamentos e a não utilização de EPIs.

Outra face deste sistema que afeta enormemente à saúde do trabalhador é a


busca incessante por produtividade. Quanto maior a produtividade, maior será o
recebimento pelas tarefas prestadas. Este evento força, de certa maneira, os
trabalhadores a aumentarem sua produtividade, muitas vezes aumentando sua
jornada laboral. Lembra-se que o aumento se dá por tempo limitado, pois riscos de
desenvolvimento de lesões ocupacionais ocorrem proporcionalmente às elevações

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 19

da quantidade de trabalho. Kroemer e Grandjean (2005) relataram que o excesso de


horas trabalhadas reduz a produtividade por hora, mas também provoca um
aumento característico de faltas devido às doenças ou acidentes.

Conforme Barros e Mendes (2003), a terceirização dos serviços pautada por


produção, tem-se constituído em uma das formas de remuneração geradoras de
sofrimento, na medida em que coloca toda a responsabilidade da produção e de sua
remuneração sobre o trabalhador. O trabalhador autônomo sendo remunerado pelo
serviço prestado, e não precisando cumprir horário, pode ter uma carga semanal
superior a do assalariado, dependendo apenas da sua disponibilidade
(CASSAROTTO; GONTIJO E MILITO,1997). Os mesmos autores relatam que os
baixos níveis de remuneração na construção, aliam-se a jornadas de trabalho mais
extensas que nos demais setores da indústria de transformação.

A oferta de mão de obra para a construção civil é abundante, pois, como já foi
citado, normalmente não requerer elevado grau de escolaridade. Os trabalhadores
que não conseguem se adaptar a este modelo de produção são substituídos.
Sabendo deste fato, os obreiros acabam realizando as tarefas recebidas sem
grandes questionamentos ou exigências. Eles sofrem a pressão constante do
desemprego, da substituição rápida, sem garantias, e acabam por aceitar esta forma
de realização do trabalho e suas exigências produtivas.

2.3 A busca pela produtividade

Em algumas empresas do setor da construção civil, são cortados gastos que


seriam utilizados para a manutenção da saúde do trabalhador para se reduzir
custos. Segundo Melo Junior e Rodrigues (2005), a organização do trabalho,
atualmente, está estruturada de maneira a se conseguir altos índices de
produtividade, otimização nos sistemas de produção, diminuição dos custos, e por
fim uma integração cada vez maior do homem com o seu trabalho, tudo isso em prol
de um desenvolvimento, o qual não se sabe aonde levará nem quais conseqüências
trarão ao homem.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 20

As boas condições ambientais por vezes são esquecidas, deixando-se de lado


acomodações como refeitório, lugar apropriado para descanso, banheiros com pelo
menos as mínimas condições de utilização necessárias. Os trabalhadores por sua
vez, conheceram esta única realidade de trabalho, não tendo parâmetros
comparativos necessários para julgarem se estas condições são adequadas ou não
para um ambiente laboral. Cabe aos gestores da construção civil proporcionar
condições adequadas de trabalho nos canteiros de obras, tanto em sua
macroestrutura, quanto nos postos de trabalho, proporcionando melhores índices de
qualidade de vida no trabalho e menor número de doenças ocupacionais.

Os trabalhadores apontam fatores organizacionais como um dos principais


responsáveis pelo desenvolvimento das DORT (distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho) (GHISLENI E MERLO, 2005). Eles não têm liberdade para
gerenciar suas atividades e foram levados a:

- Submeterem-se a horas extras, provocando jornadas extensas de trabalho;

- a realizarem atividades repetitivas, com ritmos produtivos acelerados;

- a trabalharem em postos de trabalho sem dispositivos facilitadores;

- permanecerem em ambientes de trabalho inadequados;

- realizarem esforços excessivos;

- manterem as mesmas posições corporais por períodos demasiadamente longos;

- a sofrerem acúmulo de funções;

- a dedicarem-se ao trabalho de forma abusiva na busca pelo reconhecimento.

Somam-se a estes fatores o transporte de cargas, a repetitividade do laboro,


as características estáticas e dinâmicas inadequadas dos movimentos, a ausência
de ergonomia no posto de trabalho, a baixa preocupação das empresas com os
trabalhadores terceirizados. Estes fatores associados entre si, fazem com que o
trabalho na construção civil torne-se bastante desgastante, onde constantemente
existe estresse, depressão, desmotivação e fadiga muscular que podem trazer
predisposição a uma série de doenças ocupacionais. A busca por produtividade
realizada de forma pouco estruturada acaba por ter um efeito reverso. A saúde do
trabalhador é colocada em risco o que conseqüentemente resulta em trabalhadores

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 21

incapacitados parcial ou totalmente, pois estes acabam sendo acometidos, por


doenças ocupacionais.

2.4 As doenças ocupacionais

A atividade no canteiro de obras exige constantemente movimentos repetitivos


e manuseio de cargas, caracterizando-a, como já citado anteriormente, como
trabalho pesado, dificultando padrões posturais corretos, ocasionando o uso
excessivo da musculatura e desencadeando doenças ocupacionais. Segundo
Kroemer e Grandjean (2005), trabalho pesado é toda atividade que exige grande
esforço físico e é caracterizado por um alto consumo de energia e grandes
exigências do coração e pulmões. Neste contexto, Couto (1995), afirma que o
trabalho físico pesado sem racionalidade pode gerar situações nocivas e ter como
conseqüência básica a fadiga por sobrecarga metabólica, aguda ou crônica. O
próprio Couto, já citado, descreve que a fadiga por sobrecarga metabólica crônica,
age como catalisador e aumenta a propensão para distúrbios músculo-ligamentares,
como distensão, tenossinovites e tendinites. Estes distúrbios, quando relacionados
ao trabalho são chamados de distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho
(DORT). Lianza (2001) define DORT, como um conjunto de afecções relacionadas
com as atividades laborativas e que acometem músculos, fáscias musculares,
tendões, ligamentos, articulações, nervos, vasos sanguíneos e tegumento. Diversos
fatores são associados para o surgimento das DORT, físicos e psicológicos, que em
grande maioria acabam culminando na perda da funcionalidade do membro afetado,
gerando incapacidade laboral e deterioração da vida social.

Filus (2006) a respeito das DORT ressalta:

Como elementos predisponentes, ressaltamos a importância da organização


do trabalho, caracterizada por manter uma exigência de ritmo intenso de
trabalho, sem as devidas pausas para recuperação psicofisiológicas,
conteúdo das tarefas, existência de pressão por resultados, autoritarismo
das chefias e mecanismos de avaliação de desempenho baseados em
produtividades.

As lesões ocupacionais afetam a saúde física e mental do trabalhador,


reduzindo sensivelmente sua capacidade funcional, interferindo diretamente na
produtividade e na qualidade de vida do trabalhador.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 22

Merlo et al (2003) expondo a respeito dos DORT relata que:

A perspectiva é de que se assista a um crescimento ainda maior nos


próximos anos, já que o essencial do trabalho produtivo, apesar das
propostas de reestruturação produtiva, continua sendo feito sem muitas
alterações, mantendo-se, basicamente, dentro das propostas de gestão da
produção taylorizadas e com grande intensificação na realização das
tarefas.

Couto (2006) relata cinco motivos pelos quais os DORT têm aumentado em
todo mundo nas últimas décadas:

- Pelo desequilíbrio entre a prescrição de trabalho e a possibilidade de cumprimento;

- pela anulação dos mecanismos de regulação;

- pela complexidade cada vez maior do trabalho a ser feito pelas pessoas;

- pela realidade social favorecedora das lesões, principalmente pelo fracasso dos
mecanismos da própria empresa;

- pela intensificação dos fatores biomecânicos da tarefa.

Ghisleni e Merlo (2005) relatam que os DORT tornaram-se uma epidemia a


partir da entrada dos processos produtivos do modelo de acumulação flexível, da
reestruturação produtiva e da terceirização. Kroemer e Grandjean (2005) descrevem
que, o excesso de horas trabalhadas não só reduz a produtividade por hora, mas
também é acompanhada por um aumento característico de faltas, por doença ou
acidentes.

Neste setor produtivo, diversos motivos somam-se para o aparecimento dos


DORT. Ghisleni e Merlo (2005) descrevem que os distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (DORT), abrangem quadros clínicos do sistema músculo
esquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de
trabalho e que não há causa única para sua ocorrência. Fatores físicos e
psicológicos somam-se e na grande maioria acabam culminando na perda da
funcionalidade do membro afetado. Larroyd (1997), por sua vez, acrescenta que o
conservadorismo dos equipamentos e ferramentas, aliado à improvisação acabam
determinando uma carga física ao trabalhador, que poderia ser reduzida,
preservando assim a sua saúde e aumentando sua produtividade.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 23

Skare (1999) relatou como fatores de risco para os DORT a repetição, o alto
grau de força, a vibração, a pressão direta, a postura articular inadequada, e a
postura inalterada por tempo prolongado. Estas patologias, independente de sua
origem anatômica, apresentam como sintomatologia comum à dor.

Na indústria da construção civil pode-se citar dois principais focos de


aparecimento de dor e consequentemente de distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho: a coluna e os membros superiores.

Reconhece-se que a dor no ombro relacionada ao trabalho é grandemente


representada nos trabalhadores da construção quando comparados a outras
ocupações (SPORRONG et al, 1999). Corroborando com esta afirmação Schneider
(2004) descreve que o risco de ferimento músculo esquelético nos trabalhadores da
construção civil é muito mais elevado que o risco de outros trabalhadores com
trabalhos menos pesados, sendo o risco na construção civil 50 % mais elevado que
em outras categorias.

Percebe-se que a queixa de dor em membros superiores é uma realidade


antiga na ocupação do trabalhador da construção e que causa sofrimento ao
trabalhador. Inserido neste contexto o fator que mais contribuiu para o crescimento
de uma realidade social favorecedora de DORT foi a incapacidade da empresa de
lidar com a gestão de pessoas que apresentam dores nos membros superiores.
(COUTO, 2000).

Outro foco anatômico que frequentemente encontra-se em relatos entre os


pedreiros na construção civil é a coluna, mais especificadamente a coluna lombar.
Stürmer et al (1997) relatam que a tensão repetitiva em posições forçadas durante
longos períodos de tempo foi relatada como um fator de risco para doenças
lombares e entre todos os trabalhadores da construção, os pedreiros são expostos
predominantemente a estas circunstâncias. A respeito de posições forçadas
Przysiezny (2003), relata que a torção do tronco, é lesiva para as estruturas da
coluna vertebral e tem efeito cumulativo e, em geral, este é um fator de risco para os
aspectos físicos do trabalho, tanto no sentido de causar como de agravar uma ampla
gama de distúrbios osteomusculares.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 24

A dor lombar parece ser epidêmica na construção civil, independente da


atividade realizada, devido a grande quantidade de suas atividades serem realizadas
com grande esforço físico e sem preparo para sua realização.

Segundo Goldshevder et al (2002) a dor lombar constitui o principal problema


da construção, sendo que as demandas físicas intensas no trabalho contribuem para
um risco, aumentado as doenças da coluna lombar para estes trabalhadores.

O mesmo trabalhador exerce diferentes atividades com o decorrer da


construção. Algumas categorias como carpinteiros, pintores e eletricistas excluem-se
deste movimento de troca de atividades durante o decorrer da obra devido à
natureza de sua atividade ser mais específica, porém os pedreiros e serventes
enquadram-se perfeitamente neste “rodízio” de postos de trabalho, exercendo
diversas atividades em um mesmo canteiro.

Do ponto de vista da prevenção de distúrbios osteomusculares este “rodízio”


nas tarefas não tem se mostrado eficaz. No canteiro de obras a porcentagem de
tarefas desgastantes é elevada. A atividade desgastante exercida anteriormente é
modificada por outra atividade desgastante, não proporcionando tempo para a
recuperação muscular e das estruturas anatômicas que haviam sido solicitadas
anteriormente.

2.5 A dor e os distúrbios osteomusculares

A dor é uma sensação perceptiva e subjetiva, de etiologia variada, que cria


impotência funcional, medo, comprometimento psicológico e que se traduz na
diminuição da qualidade de vida do ser humano (GABRIEL ET AL, 2001).

A dor precede a incapacidade funcional. Apresenta-se como um aviso ao


trabalhador de que existe algo afetando negativamente seu organismo. Portanto,
convém lembrar as palavras de Lianza (2001 p. 420), quando nos diz:

As várias formas clínicas de manifestações dos DORT têm como aspecto


comum a dor e as incapacidades funcionais e freqüentemente são causas
de incapacidade laborativa temporária ou permanente. Representam
enorme custo econômico para o trabalhador, para os órgãos de assistência
à saúde e para a sociedade.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 25

Segundo Kauffman (2001) a dor é a percepção de uma experiência sensorial


e emocional desagradável associada à lesão tecidual real ou potencial.

Na construção civil, como já citado, existe grande solicitação dos membros


superiores (MMSS) e coluna para realização das atividades laborativas. Estas
solicitações incluem a realização de diversas atividades repetitivas, transporte de
cargas, utilização de movimentos estáticos. Esta utilização dos MMSS e coluna,
quando não estruturada e planejada é nociva à saúde do trabalhador, pois são
grandes geradores de fadiga. Jorgensen, Jensen e Kato (1991) verificaram que o
desgaste dos músculos paravertebrais lombares durante o dia de trabalho do
pedreiro durante o revestimento de paredes conduz a fadiga muscular durante a
jornada.

Independente da definição, as síndromes dolorosas interferem diretamente na


produtividade do trabalhador, na qualidade do serviço prestado, aumentam o índice
de absenteísmo, diminuem o nível de concentração durante o trabalho, aumentando
o risco de acidentes graves durante a jornada laboral.

Iida (2005, p. 550) relatou que,

muitas tarefas da construção civil exigem trabalhos físicos pesados, como


levantar e transportar cargas. Existem posturas incomodas como aquelas
que exigem os dois braços para cima. Estas posturas e movimentos muitas
vezes tornam-se nocivos à saúde do trabalhador.
Ainda segundo Iida (2005, p. 550), “as posturas incômodas e o excesso de
cargas musculares provocam desordens músculo-esqueléticas, que afetam 46% das
profissões envolvidas na construção e 60%, em trabalhos de reparo nas
edificações”.

Priori Junior e Barkokébas Junior (2006) apresentando dados a respeito de


trabalhadores da construção civil do estado de Pernambuco, relataram que as
queixas mais freqüentes dos trabalhadores estudados foram o estresse e as dores
nas articulações. Marçal et al (2006) concluíram em seus estudos com serventes de
pedreiro que existe uma grande incidência de lombalgias entre estes trabalhadores,
destacando como principais fatores de risco o manuseio de carga, adoção de
posturas estáticas de flexão de tronco por longos períodos de tempo e movimentos
repetitivos de flexão associada a rotação de tronco. O mesmo autor relata que outro
dado importante que constatou-se foi a presença de queixas de dor em membros

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 26

superiores e pescoço. Larroyd (1997) citou que em sua pesquisa com pedreiros de
reboco que a carga física de trabalho do operário que reboca paredes internas na
construção civil, pelo método utilizado para avaliação, demonstrou ser uma carga
física moderada para um dia de trabalho, porém relata que deve-se considerar que
essas posturas são assumidas todos os dias de trabalho, durante anos. Isso fa-
talmente vai acarretar algum prejuízo para a saúde do trabalhador. Santana e
Oliveira (2004) estudaram as condições de saúde e trabalho de 1947 trabalhadores
da construção civil, onde relata ter encontrado uma alta prevalência de sintomas
músculo-esqueléticos nesta indústria.

Couto (2006) relata que não pode ser considerada normal a incidência de
queixas ou afastamentos em um grande número de trabalhadores e apresenta
fatores que podem estar levando a estes acontecimentos:

- Trabalhadores mais vulneráveis exercendo atividades de alta exigência


ergonômica;

- anulação dos mecanismos de regulação;

- existência de sobrecarga decorrente da realidade psicossocial problemática,


especialmente o alto nível de pressão;

- existência de sobrecarga ao trabalhador decorrente de fatores ligados a gestão da


área;

- existência de fatores biomecânicos bem evidentes.

O mesmo autor ressalta que se este último fator não estiver presente não há o que
pensar que uma queixa tenha sua origem no trabalho.

Portanto, deve-se partir do pressuposto de que havendo adequação


biomecânica do posto de trabalho, se este estiver adaptado ao trabalhador, se as
exigências da demanda forem organizadas e estruturadas e os mecanismos de
regulação estiverem presentes, não há motivo para que ocorra dor, fadiga e a
instalação dos DORT.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 27

2.6 Motivação dos DORT na tarefa do levantamento de paredes

Os índices acentuados de DORT na construção civil, como exposto


anteriormente, podem ser originados pela demanda acentuada exigida dos
trabalhadores durante a jornada laboral. Fatores de risco estão associados a estas
atividades, segundo Entzel; Albers e Welch (2006) os fatores de risco identificados
para ferimentos em coluna entre os pedreiros são o peso dos tijolos ou blocos, a
freqüência de levantar, a altura em que é colocado, a altura da plataforma, a
distância do bloco e do trabalhador, o grau e a freqüência da torção, e a elevação
das taxas de produção.

Segundo Iida (2005) a equação do NIOSH (National Institute for Occupational


Safety and Health) foi desenvolvida para calcular o peso limite recomendável em
tarefas repetitivas de levantamento de cargas. Refere-se a tarefa de apanhar uma
carga e desloca-la para depositá-la. A equação de NIOSH é expressa pela fórmula:

PRL= 23 x (25/H) x (1- 0,003/[v-75]) x (0,82 + 4,5/D) x (1-0,0032 x A) x F x C

Fonte: IIda (2005, p. 183).

Onde:

PRL = peso limite recomendável


H = distância horizontal entre o indivíduo e a carga (posição das mãos) em cm.
V = distância vertical na origem da carga (posição das mãos) em cm.
D = deslocamento vertical, entre a origem e o destino em cm.
A = ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital em graus.
F = freqüência média de levantamentos em levantamentos/min.
C = qualidade da pega.
A constatação da atividade do trabalhador durante o assentamento de tijolos
para verificar-se a presença ou inexistência de fatores de risco associados a esta
atividade pode ser elucidativa. Looze et al (2001) relatam que o trabalho dos
pedreiros é pegar os tijolos que são entregues por seus assistentes e colocá-los na
parede, onde uma mão segura os tijolos enquanto a colher de pedreiro é segurada
na outra. Descreve ainda que o pedreiro assenta aproximadamente 800 tijolos por
dia, sendo posicionado para a realização desta atividade entre os tijolos e a parede,

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 28

tendo frequentemente posturas de flexão de tronco associadas a rotação de coluna.


Estas posições associadas colocam a coluna em uma postura de fragilidade,
podendo ocorrer mais facilmente lesões neste seguimento corpóreo.

A respeito da atividade do assentamento de tijolos Looze et al (1996) relataram


que colocar tijolos por um período fixo de 47 minutos ocasiona perdas médias da
estatura de 2,0 a 3,6 milímetros. A jornada de trabalho dos pedreiros no Brasil é
elevada podendo consequentemente ser geradora de distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho e demonstrando a necessidade de ser estudada com maior
atenção e sistemática. Outra problemática verificada diz respeito a variação da altura
da parede a ser construída e as conseqüentes mudanças de posicionamento do
trabalhador com o aumento da altura da parede.

Luttmann, Jäger e Laurig (1991) em estudos com esta tarefa verificaram que
para paredes baixas os pedreiros gastam até 75% da duração total da atividade em
uma postura inclinada, esta porcentagem diminui com a altura da parede de 20 a
25% . Onde os níveis da parede estão abaixo de 100 cm a carga (tijolo) é prendida
em uma mão por 30% do tempo e a carga é prendida em ambas as mãos (tijolo,
colher e argamassa) por 13% do tempo. Segundo os mesmos autores as
porcentagens aumentam para paredes elevadas a 45 e 30% do tempo
respectivamente. Neste estudo o número de tijolos colocados por unidade de tempo
teve uma diminuição com a altura da parede, aproximadamente 2,7 tijolos por minuto
para uma altura de 20 cm e 2,0 tijolos por minuto para uma parede de 160 cm.
Luttmann, Jäger e Laurig (1991) concluem relatando que investigações
eletromiográficas revelaram que com a altura crescente da parede as atividades
mioelétricas das musculaturas da coluna e do bíceps esquerdo multiplicam-se em
comparação com as atividades das paredes baixas.

2.7 Biomecânica ocupacional e ergonomia

A biomecânica, segundo Lippert (2003, p. 52), “envolve agregar os princípios


e métodos da mecânica e aplicá-los a estrutura e função do corpo humano”. Quando
estes conceitos relacionam-se ao ambiente laboral enquadram-se, então, na
biomecânica ocupacional. Segundo Iida (2005, p. 159), “a biomecânica ocupacional

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Capítulo 2 Referencial Teórico 29

preocupa-se com as interações físicas do trabalhador, com seu posto de trabalho,


máquinas, ferramentas e materiais, visando reduzir os riscos de distúrbios músculo-
esqueléticos”. Existem diversos princípios utilizados para a redução do aparecimento
destas lesões. Dul e Weerdmeester (2004, p. 6) relatam os 10 princípios mais
importantes para reduzir as tensões que ocorrem em músculos e articulações
durante uma postura ou um movimento, as quais estão descritas abaixo:

- As articulações devem ocupar uma posição neutra;

- conservar os pesos próximos ao corpo;

- evitar curvar-se para frente;

- evitar inclinar a cabeça;

- evitar torções de tronco;

- evitar movimentos bruscos que produzem picos de pressão;

- alternar posturas e movimentos;

- restringir a duração do esforço muscular contínuo;

- prevenir a exaustão muscular;

- pausas curtas e freqüentes são melhores.

Para utilização destes princípios, há a necessidade de que seja feita uma


análise de todos os fatores envolvidos entre o trabalhador e sua tarefa. Devem-se
avaliar as diversas interações existentes entre o posto de trabalho, as ferramentas
utilizadas e a maneira com que a atividade é realizada pelo obreiro, com o fim de
proporcionar, através da ergonomia, a melhor adaptação possível do trabalho ao
homem.

Segundo Dul e Weerdmeester (2004) a ergonomia é uma ciência aplicada ao


projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar
a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho. Para que este conceito possa
ser amplamente utilizado, torna-se imprescindível a realização da análise da tarefa,
de como ela está sendo realizada pelos obreiros e sobre quais circunstâncias de
trabalho.

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Capítulo 2 Referencial Teórico 30

Segundo Entzel; Albers e Welch (2006) pedreiros e encarregados de pedreiro


apresentam um elevado número de distúrbios músculo-esqueléticos relacionados ao
trabalho, muitos destes que poderiam ser evitados com mudanças nos materiais,
nos equipamentos ou nas práticas de trabalho.

Conforme Ribeiro et al (2004) um dos problemas que ocorre entre


trabalhadores da construção civil é o fato dos mesmos subestimarem os riscos
existentes no ambiente de trabalho, fato esse que ocasiona uma necessidade de
treinamento e conscientização quanto aos riscos existentes em cada situação de
trabalho bem como a forma correta de prevenção de acidentes do trabalho. Quando
um trabalho é realizado de maneira inadequada, pouco programada, sabe-se que
este afeta diretamente a saúde do trabalhador, através de diversas patologias
músculo esqueléticas. Couto (2006) relata que não existem lesões se não houver
fatores da condição antiergonômica do posto de trabalho e da atividade. Através
desta colocação, o autor demonstra as características lesivas que um trabalho pouco
adaptado ao homem tem sobre este.

Cabe a ergonomia, através de suas diferentes faces, proporcionar melhores


adaptações e aos gestores e trabalhadores diminuir as resistências a estas
mudanças diminuindo os fatores de risco ao desenvolvimento dos distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho.

2.7.1 Trabalho muscular

O trabalho muscular pode ser dividido em dois grupos: o trabalho muscular


estático e o trabalho muscular dinâmico. O trabalho muscular estático é aquele que
não possui movimentos articulares, ou seja, aquele que produz contrações
isométricas. No trabalho muscular dinâmico existe movimentação articular durante
sua realização. Segundo Kroemer e Grandjean (2005, p. 15) “o trabalho dinâmico
caracteriza-se pela alternância de contração e extensão, portanto, por tensão e
relaxamento. Há mudança no comprimento do músculo, geralmente de forma
rítmica”. Ainda segundo Kroemer e Grandjean (2005, p. 15) “o trabalho estático
caracteriza-se por um estado de contração prolongada da musculatura, o que
geralmente implica um trabalho de manutenção de postura”. Iida (2005) relata que o

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 31

trabalho estático é altamente fatigante, pois nele ocorre a diminuição da irrigação


sanguínea para os músculos. “Em oposição o trabalho muscular dinâmico funciona
como bomba hidráulica, ativando a circulação” (IIDA, 2005, p. 162).

Deve-se analisar, porém, que o trabalho muscular dinâmico quando usado de


forma repetitiva, desmedida e sem ferramentas adequadas pode ser extremamente
desgastante a saúde do trabalhador quando este realiza a mesma atividade por
horas, dias e semanas consecutivamente.

Em canteiros de obras encontram-se movimentos estáticos e dinâmicos


associados nas mais diversas formas de combinação. Kroemer e Grandjean (2005,
p. 17) descrevem que podemos considerar a existência de trabalho estático
significativo quando:

- Um esforço grande é mantido por 10 s ou mais;

- um esforço moderado persistir por 1 min ou mais;

- um esforço leve (cerca de 1/3 da força máxima) dura 5 min ou mais.

Percebemos então que o trabalho muscular estático é nocivo ao trabalhador.


Iida (2005, p. 163) descreve que “quando não for possível de ser evitado o uso do
trabalho muscular estático ele deve ser aliviado através das mudanças de posturas,
da melhora do posicionamento das peças e ferramentas ou providenciando apoios
para partes do corpo”.

São necessárias avaliações a respeito dos tipos de posturas que os


trabalhadores utilizam para realização de uma determinada atividade, para análise
dos movimentos estáticos e dinâmicos que estes realizam e adequação destes para
diminuição dos riscos de comprometimento da saúde. Iida (2005, p. 169) relata que
“uma simples observação visual não é suficiente para analisar essas posturas
detalhadamente, sendo necessário empregar técnicas especiais de registro e
análise destas posturas”.

Para uma melhor visualização do risco ergonômico, dispomos de diversos


métodos que auxiliam a descrição das posturas utilizadas para realização de
determinadas tarefas e qual o risco ergonômico inerente a elas. São exemplos

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 32

destes o software RULA, o Strain Index e o WinOWAS, sendo todos de grande


auxílio aos ergonomistas para análise e correção de más posturas.

O sistema RULA (rapid upper limb assessment), descrito por Mc Atamney e


Corlett (1993) é um método utilizado para investigações ergonômicas em locais de
trabalho onde existam queixas de desordens dos membros superiores, pois
proporciona uma análise com maior detalhamento da atividade dessas
extremidades. Ao final da análise é indicado o nível da intervenção necessitada para
diminuição dos riscos inerentes ao trabalho.

Segundo Moore e Garg (1995), o Strain Index é um método para análise do


risco de aparecimento de enfermidades músculo-tendinosas das extremidades
distais dos membros superiores. Envolve a mensuração ou estimativa de seis
variáveis:

- Intensidade do esforço;

- duração do esforço por ciclo;

- esforço por minuto;

- postura do punho e mão;

- velocidade do esforço;

- duração da tarefa por dia.

O mesmo autor relata que a intensidade do esforço é uma estimativa da força


necessitada para a realização da tarefa, refletindo a magnitude do esforço muscular
exigido, classificando-os como leve, ligeiramente pesado, pesado, muito pesado e
nível máximo. A duração do esforço por ciclo reflete o estresse fisiológico e
biomecânico relacionado ao tempo que o esforço é mantido durante o ciclo. É
medida a duração do esforço durante o período de observação. O número de
esforços por minuto é sinônimo de freqüência e calcula-se medindo o número de
esforços durante o período de observação. Outros parâmetros que, segundo Moore
e Garg (1995), devem ser avaliados são: a posição da mão e punho durante o
trabalho em relação à posição neutra, graduando sua angulação em flexão,
extensão e desvio cubital, a velocidade com que os esforços são executados,

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 33

demonstrando quanto rápida é a atividade de trabalhador e a duração da tarefa por


dia.
O sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System), segundo Iida
(2005, p. 169) foi desenvolvido por pesquisadores finlandeses em 1977, Karku,
Kansi e Kuorinka. Este método avalia a postura do dorso, braços, pernas e a carga
manipulada pelo trabalhador em cada fase de trabalho, com um total de 72 posturas.
As posturas utilizadas pelos trabalhadores são classificadas em quatro categorias,
como apresentadas na tabela 1.

Tabela 1 Classificação das posturas pelo sistema WinOWAS.


Classe Postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais.
1
Classe Postura que deve ser revisada durante a próxima revisão rotineira dos métodos de
2 trabalho.
Classe Postura que deve merecer atenção a curto prazo.
3
Classe Postura que deve merecer atenção imediata.
4
Fonte: Iida (2005, p. 171).

Segundo Iida (2005, p. 171) as classes dependem do tempo de duração das


posturas, em percentagens da jornada de trabalho, ou da combinação de quatro
variáveis (dorso, braços pernas e carga).

2.7.2 Posturas do corpo

Grande parte da vida passa-se no ambiente laboral. Deve-se visualizar que


este tempo é intimamente relacionado com nossa saúde. A postura que se utiliza
para realização das diversas atividades envolvidas no processo produtivo está
estreitamente ligada ao aparecimento de diversas patologias que reduzem ou
comprometem a qualidade de vida laboral e social.

Para minimizarem-se estas situações objetiva-se no meio produtivo uma


postura ideal. Segundo Kendall (1990, p. 316) “a postura padrão deve ser o tipo de
postura que envolve uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga e conduz a
eficiência máxima do uso do corpo”.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 34

Com freqüência a atividade desenvolvida interfere na tentativa do indivíduo de


manter um bom alinhamento postural. Segundo Iida (2005, p. 165) “muitas vezes, o
trabalhador assume posturas inadequadas devido ao projeto ineficiente das
máquinas, equipamentos, postos de trabalho e também, às exigências da tarefa”.

Conforme Dias de Paula (2003) nenhuma postura é suficientemente adequada


para ser mantida confortavelmente por longos períodos. Qualquer postura
prolongada pode ocasionar a sobrecarga estática sobre os músculos e outros
tecidos e, conseqüentemente, causar dor e desconforto.

As posturas inadequadas a biomecânica humana consequentemente levam


ao estresse, fadiga e dor. Iida (2005, p. 166) apresenta a localização das dores no
corpo provocadas por posturas inadequadas, conforme descrito na tabela 2 abaixo.

Tabela 2 Localização das dores no corpo provocadas por posturas inadequadas.

Postura inadequada Risco de dores


Em pé Pés e pernas (varizes)
Sentado sem encosto Músculos extensores do dorso
Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e pés
Assento muito baixo Dorso e pescoço
Braços esticados Ombros e braços
Pegas inadequadas em ferramentas Antebraços
Punhos em posições não neutras Punhos
Rotações de tronco Coluna vertebral
Ângulo inadequado assento/encosto Músculos dorsais
Superfícies de trabalho muito baixas ou Coluna vertebral, cintura escapular
muito altas
Fonte: Adaptado de Iida (2005, p. 166).

Inúmeras vezes durante as atividades cotidianas as posturas inadequadas


são utilizadas. Porém quando aborda-se o ambiente produtivo deve-se pensar que
estas posturas inadequadas a biomecânica humana estarão sendo utilizadas
repetidas vezes durante a jornada laboral, causando problemas músculo-
esqueléticos. Segundo Paquet; Punett e Buchholz (2001) problemas músculo-

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 35

esqueléticos são comuns entre trabalhadores da indústria da construção. Porém,


ainda segundo Paquet; Punett e Buchholz (2001) mesmo com os trabalhadores
sendo titulados de uma mesma forma, eles tem diferentes níveis de exposição aos
estressores físicos devido a distribuição das tarefas individuais variar entre os
trabalhadores e de dia para dia.

Para realização de muitas das atividades relacionadas à construção civil, são


associados diversos movimentos corporais. Exemplificando esta situação, temos o
trabalhador da construção civil que para realização de sua tarefa se vê frente a uma
carga a ser levantada ao nível do solo, a qual está lateralizada em relação ao seu
corpo. Este colaborador, se pouco instruído quanto as melhores posturas de
trabalho, será levado a realizar uma flexão de tronco associada à rotação de tronco
com extensão de membros superiores para levantar o peso descrito. Uma postura
inadequada leva a movimentos compensatórios também inadequados de outras
estruturas corporais.

2.7.3 Posições de trabalho

Existem diversas posições que podem ser assumidas para a realização de


determinada tarefa, porém ressaltam-se três posições fundamentais: sentada,
deitada e de pé. Abaixo estão apresentadas as principais posturas, suas vantagens
e desvantagens.

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Capítulo 2 Referencial Teórico 36

Tabela 3 Posturas de trabalho, vantagens e desvantagens.

Posição Vantagem Desvantagem


Posição - não há concentração de tensão - Não se recomenda esta postura para o trabalho
deitada em nenhuma parte do corpo. porque os movimentos tornam-se difíceis e fica
muito cansativo elevar a cabeça, braços e mãos.
- O consumo energético assume
um valor mínimo aproximando-se
de seu metabolismo basal.
- É a posição mais recomendada
para o repouso.
Posição - proporciona grande mobilidade - A posição parada em pé é altamente fatigante
de pé corporal. porque exige muito trabalho estático da
musculatura envolvida para manter esta posição.
- Facilita o uso dinâmico de
pernas, braços e troncos. - O corpo não fica totalmente estático, mas
oscilando, exigindo freqüentes reposicionamentos,
dificultando a realização de movimentos precisos.
- O coração encontra maiores resistências para
bombear o sangue para os extremos do corpo, e o
consumo de energia torna-se elevado.
- Difícil fixar um ponto de referencia.
Posição - O assento proporciona um ponto - Exige atividade do dorso e do ventre para
sentada de referência relativamente fixo. manutenção desta posição.
- Permite grande mobilidade das - Praticamente todo peso é suportado pela pele que
pernas. cobre o osso do ísquio, nas nádegas.
- Permite o uso simultâneo dos - O consumo de energia é 3 a 10% maior que na
pés e mãos. posição horizontal.
- Consome menos energia, em - aumento da pressão sobre as nádegas.
relação a posição em pé,
- Pode provocar estrangulamento da circulação
reduzindo a fadiga.
sanguínea nas coxas e pernas.
- Reduz a pressão mecânica
- Restrição dos alcances.
sobre membros inferiores.
- Flacidez dos músculos abdominais.
- Reduz a pressão hidrostática da
circulação nas extremidades e - Desfavorável par os órgãos da digestão e
alivia o trabalho do coração. respiração.

Fonte: Adaptado de Iida (2005 p. 148 -167) e Kroemer e Grandjean (2005, p. 60).

Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 12) a postura é frequentemente,


determinada pela natureza da tarefa ou do posto de trabalho. As posturas
prolongadas podem prejudicar músculos e articulações. Para a realização do
trabalho são usadas na maior parte das tarefas as posições sentadas e de pé,
ocorrendo também grandes variações quanto ao projeto de posto e a presença de
intervenções da ergonomia. Estas parecem ser de extrema importância quando

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Capítulo 2 Referencial Teórico 37

vislumbrado o aparecimento das DORT, elevando o projeto do posto de trabalho a


um fator primordial.

2.7.4 O projeto do posto de trabalho

“Posto de trabalho é a configuração física do sistema homem-máquina-


ambiente é uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele
utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda” (IIDA, 2005, p.
189). Todo ambiente de trabalho deve proporcionar saúde e segurança ao
trabalhador. Estes são dois imperativos que podem assegurar o bem-estar, a
satisfação, a redução do risco de acidentes e de doenças ocupacionais (AGNELLI et
al, 2004).

O trabalhador passa a maior parte de jornada laboral em seu posto de


trabalho. Este por sua vez deve ser merecedor de atenção por parte dos
ergonomistas para objetivar uma melhor qualidade de vida no trabalho, com um
menor índice de sobrecarga muscular.

Segundo Iida (2005, p. 196-200) para o projeto adequado do posto de


trabalho, é necessário obter informações sobre a natureza da tarefa, equipamento,
posturas e ambiente. Para a realização do projeto de um posto de trabalho é
necessário fazer a análise da tarefa, sendo esta dividida em três fases:

Fase 1 – descrição da tarefa: abrange os aspectos principais da tarefa e as


condições que ela é executada.

Fase 2 – descrição das ações: devem se descritas em um nível mais detalhado que
a tarefa, concentrando-se mais nas características que influem no projeto da
interface homem-máquina e se classificam em informações e controles.

Fase 3 – revisão crítica: visa principalmente avaliar as condições que poderiam


provocar dores e lesões osteomusculares nos postos de trabalho, levando-se em
consideração principalmente as tarefas altamente repetitivas (com ciclos menores
que 90 s) e as ações estáticas. Após a análise da tarefa deve-se identificar o grupo
de usuários para realizar-se as medidas antropométricas relevantes.

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Capítulo 2 Referencial Teórico 38

2.7.5 A antropometria

A antropometria diz respeito às medidas do corpo humano. Sua utilização tem


sido crescente devido a necessidade de adaptar produtos, espaços e ambientes de
trabalho as medidas humanas. Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 10) a
antropometria ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano.

Muito embora a antropometria tenha sua sustentação feita modernamente, a


história mostra ser antiga a preocupação do homem em mensurar o corpo e, ao
longo do tempo as proporções do corpo foram estudadas por filósofos, artistas,
teóricos, e arquitetos (MELO e SANTOS, 2000).

No ambiente de trabalho a antropometria tem sido grandemente utilizada para


a adaptação dos postos de trabalho. A adaptação do posto para os padrões do
trabalhador que vai utilizá-lo minimiza os riscos ocupacionais inerentes à tarefa.

O levantamento antropométrico de determinada população, segundo Silva et


al (2006) é um instrumento importante em estudos ergonômicos, fornecendo
subsídios para dimensionar e avaliar máquinas, equipamentos, ferramentas e postos
de trabalho, ainda sendo utilizada para verificar a adequação deles às
características antropométricas dos trabalhadores, dentro de critérios ergonômicos
adequados para que a atividade realizada não se torne fator de danos à saúde e
desconforto ao trabalhador. Neste mesmo contexto, Minetti et al (2002) descrevem
que as medidas antropométricas são dados de bases essenciais para a concepção
de um posto que satisfaça ergonomicamente os trabalhadores, pois só a partir das
dimensões dos indivíduos é que se pode definir o dimensionamento adequado,
tanto da máquina de trabalho como da atividade envolvida, visando à segurança, à
eficiência e o conforto do trabalhador.

Pilon e Xavier (2006) relatam que,

a obtenção de medidas físicas do corpo humano por meios de métodos


diretos ou indiretos é de vital importância para as empresas, pois
proporciona a melhoria dos postos de trabalho e o desenvolvimento de
novos produtos, adaptando-os à anatomia dos usuários, permitindo maior
conforto, menores riscos de acidentes e de doenças ocupacionais.

Conforme Silva et al (2006) o ideal seria que o dimensionamento dos postos


de trabalho, ferramentas e equipamentos fossem desenvolvidos individualmente

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Capítulo 2 Referencial Teórico 39

para atender as características de cada trabalhador, porém isto seria inviável tanto
na prática como economicamente. Os mesmos autores relatam que os
levantamentos antropométricos são realizados para atender às faixas da população,
podendo ser realizados para o tipo médio, indivíduos extremos e um indivíduo
especificamente.

Minetti et al (2002) relatam que as medidas antropométricas são


estabelecidas em várias faixas entre o mínimo e o máximo, sendo que o uso destes
critérios depende do tipo de projeto, das aplicações e da finalidade destas medidas.
Percebendo-se a relevância da antropometria para a saúde ocupacional, diversos
estudos nas mais variadas tarefas, foram realizados utilizando as medições
humanas para a adaptação de postos de trabalho no Brasil. Minetti et al (2002)
utilizaram a antropometria para adaptação do trabalho a operadores de motossera.
Silva et al (2006) a utilizaram para adaptação dos postos de trabalho no pólo
moveleiro. Costa Neto e Santos (2002) realizaram adaptações ergonômicas através
da antropometria em um projeto de carro de metrô. Calado et al (2006)
dimensionaram o mobiliário de cozinhas industriais com um enfoque antropométrico.
Schlosser et al (2002) realizaram estudo em antropometria aplicada a operadores de
tratores agrícolas.

Na adaptação de postos de trabalho na construção civil, a antropometria tem


sido escassamente utilizada a níveis nacionais. Porém não pode deixar de ser
notado que, também nesta área de abrangência, pode-se utiliza-la vislumbrando o
resguardo da saúde ocupacional.

Kroemer e Grandjean (2005, p. 35) relatam que,

considerando que posturas naturais do corpo – posturas de tronco, braços e


pernas que não envolvem o trabalho estático – e movimentos naturais são
condições necessárias para um trabalho eficiente , é imprescindível a
adaptação do local de trabalho às medidas do corpo e a mobilidade do
operador.

Conforme Dul e Weerdmeester (2004, p. 11) os princípios antropométricos


que interessam a ergonomia são:

- Considere as diferenças individuais do corpo;

- use tabelas antropométricas adequadas.

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Capítulo 2 Referencial Teórico 40

A respeito do segundo princípio o mesmo autor relata que as tabelas


antropométricas que apresentam dimensões do corpo, pesos e alcances dos
movimentos, referem-se sempre a uma determinada população e nem sempre
podem ser aplicadas a outras populações.

Através desta afirmação pode-se perceber que as populações não se


apresentam de forma homogênea, necessitando-se de medições específicas
conforme a população estudada. As medidas do corpo humano podem variar
segundo a raça, sexo, idade, cor, classe social, condições ambientais e natureza do
trabalho.

Expondo sobre este assunto Iida (2005, p. 109) descreve “que sempre que for
possível e economicamente justificável, as medições antropométricas devem ser
realizadas diretamente, tomando-se uma amostra significativa dos sujeitos que serão
usuários ou consumidores do objeto a ser projetado”.

Segundo Minetti et al (2002) na ergonomia são encontrados dois tipos de


medidas antropométricas, a estática e a dinâmica, sendo que as dimensões
estáticas são relacionadas com as medidas físicas do corpo parado, enquanto as
dinâmicas se relacionam com as medidas do corpo em movimento. Iida (2005) cita
ainda a antropometria funcional que são aquelas relacionadas com a execução de
tarefas específicas, sendo que cada parte do corpo não se move isoladamente, mas
há uma conjunção de diversos movimentos para realizar uma função. A respeito da
antropometria estática Iida (2005, p. 110), descreve que “é aquela em que as
medidas referem-se ao corpo parado, ou com poucos movimentos e as medições
realizam-se entre pontos anatômicos claramente identificados”. Com relação a
antropometria dinâmica, Iida (2005, p. 110) cita que “ela mede os alcances dos
movimentos, onde os movimentos de cada parte do corpo são medidos mantendo-se
o resto do corpo estático”.

Percebe-se que a partir da atividade desenvolvida ou dos objetivos que


queiramos alcançar, devem-se utilizar formas específicas de medições
antropométricas para a população a ser estudada e para o tipo de atividade
desenvolvida.

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Capítulo 2 Referencial Teórico 41

2.7.6 Dimensionamento do posto de trabalho

O dimensionamento dos postos de trabalho mostra-se ser de característica


primordial para a boa qualidade de vida no trabalho. Segundo Calado et al (2006)
produtos e postos de trabalho inadequados podem provocar tensões musculares,
dores e fadiga aos seus usuários, sendo que dispositivos de ajustes seria uma
solução para acomodar com conforto e segurança um número maior de usuários.

Para se dimensionar o posto de trabalho vários aspectos devem ser levados


em consideração, como o tipo de tarefa que será desenvolvida, as medidas dos
trabalhadores que irão ocupar o posto, os riscos de lesão inerentes à tarefa, as
queixas de dor relatadas pelos trabalhadores e a melhor postura para o
desenvolvimento da tarefa.

a) O trabalho sentado

O trabalho sentado, conforme apresentado anteriormente, possui certas


vantagens e desvantagens. Segundo Dul e Weerdmeester (2004) a posição sentada
apresenta vantagens sobre a posição ereta, sendo menos cansativa, pois o corpo
fica apoiado em diversas superfícies como piso, assentos, encosto, braços da
cadeira, mesa.

Durante este tipo de postura no trabalho um fator de fundamental importância é


o assento. Conforme Iida (2005) assentos muito duros geram aumento da
concentração da pressão ao nível das tuberosidades isquiáticas gerando fadiga e
dores na região das nádegas. Por outro lado, o mesmo autor relata que
estofamentos muito macios não proporcionam um bom suporte porque não permitem
um equilíbrio adequado do corpo, porém uma situação intermediária, com uma leve
camada de estofamento de 2 a 3 cm mostrou-se benéfica. Esta situação, conforme
Iida (2005) reduz a pressão em cerca de 400% e aumenta a área de contato de 900
cm² para 1050 cm², sem prejudicar a postura, mas para que isto aconteça este
estofamento deve ser moldado a uma base rígida para suportar o peso do corpo.

Dul e Weerdmeester (2004, p. 13) descrevem as características que um


assento deve ter:

- A altura do assento deve ser regulável com movimentos contínuos e suaves;

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Capítulo 2 Referencial Teórico 42

- a altura do assento deve ser considerada boa quando a coxa está bem apoiada no
assento, sem esmagamento em sua parte inferior (em contato com as bordas do
assento) e os pés apóiam no chão;

- o encosto deve proporcionar apoio para a região lombar (na altura do abdômen),
devendo-se deixar um vão livre de 10 a 20 cm entre o assento e o encosto e o
encosto deve ter uma altura de 30 cm;

- a parte inferior do encosto deve ser convexa para acomodar a curvatura das
nádegas ou ser vazada.

Outra questão a abordada quanto ao assento é que este para ser ajustado ao
trabalhador poderá obedecer aos parâmetros antropométricos da população a qual
irá servir e segundo Iida (2005, p. 151) “a dimensão antropométrica crítica é a altura
poplítea (da parte inferior da coxa a sola do pé), que determina a altura do assento”.

Apesar de todas as especificações e cuidados a respeito da postura sentada


pode-se levar em consideração que a manutenção de posturas por tempo
prolongado é nociva, sendo também fator predisponente para uma grande
quantidade de doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho.

b) O trabalho em pé e superfícies de trabalho

Na indústria da construção civil, frequentemente é utilizada a postura em pé


para a realização das atividades, principalmente por grande parte delas necessitar
constantemente de deslocamentos para acompanhar o objeto que está sendo
construído.

A respeito do trabalho em pé, Dul e Weerdmeester (2004) recomendam que


ocorra a alternância de posturas devido a fadiga muscular que a manutenção desta
postura implica. Segundo este mesmo autor a posição em pé deve ser alternada
com as posições sentada e andando. Este autor descreve 4 meios para aliviar
problemas causados por posturas prolongadas:

- Proporcionar variações das tarefas e atividades;

- introduzir o trabalho com posturas alternadas: se uma tarefa tiver longa duração o
posto de trabalho pode ser projetado para que as atividades possam ser exercidas
tanto na posição sentada como na posição em pé. Para isso, a superfície de

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 43

trabalho é projetada para o trabalho em pé e em seguida providencia-se uma


cadeira alta, que permita realizar o trabalho sentado;

- alterne as posições sentadas usando diferentes tipos de cadeiras;

- usar selim para apoiar o corpo na posição em pé.

Outro aspecto de extrema importância durante o trabalho em pé refere-se a


altura da superfície de trabalho.

Iida (2005, p. 147) relata que a altura da bancada para trabalho em pé


depende da altura do cotovelo e do tipo de trabalho que se executa. Descrevendo
sobre o mesmo assunto, Silva et al (2006) citam que “a altura das bancadas pode
ser determinada utilizando-se as medidas antropométricas de acordo com as
características da atividade em questão”.

A respeito da altura da superfície da bancada Dul e Weerdmeester (2004, p.


16) descrevem que para trabalhos com muita utilização dos olhos, mãos e braços,
esta deve variar de 0 a 15 cm acima da altura dos cotovelos e para atividades que
requeiram pouco dos olhos para sua realização e muito das mãos e braças a altura
da superfície de trabalho deve ser de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Iida
(2005, p.147) abordando sobre a altura da superfície de trabalho diz que para
trabalhos mais grosseiros e que exijam pressão para baixo devem ser utilizadas
superfícies mais baixas, até 30 cm abaixo do cotovelo.

Quando os princípios de altura da superfície de trabalho não são seguidos,


iniciam-se os relatos de dores musculares e ocorre consequentemente o
comprometimento da saúde através dos distúrbios osteomusculares.

Kroemer e Grandjean (2005, p. 47) citam que:

Se a área de trabalho é muito alta, frequentemente os ombros são erguidos


para compensar o que leva a contrações musculares dolorosas na altura da
nuca e das costas. Se a área de trabalho é muito baixa, as costas são
sobrecarregadas pelo excesso de curvatura do tronco, o que dá
frequentemente margem a queixas de dores nas costas. Por isso, a altura
das mesas de trabalho deve estar de acordo com as medidas
antropométricas do trabalhador, tanto para o trabalho em pé quanto para o
trabalho sentado.

Nas superfícies de trabalho todos os itens necessários para realização da


tarefa devem estar localizados dentro da área de alcance dos braços. Segundo Dul

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 44

e Weerdmeester (2004, p. 17) as manipulações fora de alcance dos braços exigem


movimentos do tronco e para evitar isto os controles e peças devem situar-se dentro
de um envoltório tridimensional de alcance dos braços. O mesmo autor relata que as
operações mais importantes devem situar-se dentro de um raio aproximado de 50
cm a partir da articulação entre os braços e o ombro, sendo este valor aplicado tanto
para o trabalhador sentado quanto para o trabalhador em pé.

Conforme Iida (2005, p. 146) as tarefas mais importantes, de maior freqüência


ou com maiores exigências de precisão, devem ser executadas dentro de uma área
ótima. A faixa situada entre a área ótima e aquela de alcance máximo deve ser
usada para colocação das peças, ou tarefas menos freqüentes e que exijam menos
precisão. Segundo este mesmo autor, a área de alcance ótimo pode traçada,
girando-se os antebraços em torno dos cotovelos com os braços caídos
normalmente ao lado do tronco e estes descreverão um raio de 35 a 45 cm. A área
de alcance máximo será obtida girando-se os braços estendidos em torno do ombro
e estes descreverão arcos de 55 a 65 cm de raio.

Pode-se através das áreas dos alcances verificarem-se quais as melhores


localizações dos materiais para a realização de uma tarefa, com menor demanda do
membro superior e tronco.

2.7.7 Posturas dos membros superiores

Os membros superiores são compostos por: ombros, cotovelos, punhos e


mãos. Existem nestas localizações anatômicas diversas estruturas que podem ser
sítios patológicos de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Segundo
Dul e Weerdmeester (2004, p. 23) “o trabalho por longos períodos usando as mãos e
braços em posturas inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e
ombros. Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver infiltração dos
nervos, resultando em dores e sensações de formigamento nos dedos”. O mesmo
autor noz diz que esses problemas ocorrem principalmente com o uso de
ferramentas manuais.

A utilização das ferramentas e manipulação de materiais na tarefa do


levantamento de paredes é uma realidade induzida pela especificação da própria

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 45

tarefa. São utilizados como ferramentas o nível, fio de prumo e principalmente a


colher de pedreiro. Esses instrumentos de trabalho parecem impor, quando não
aprimorados com modificações ergonômicas, a constantes desvios de punho e
movimentos compensatórios dos ombros, gerando dores. Dul e Weerdmeester
(2004, p. 23) descrevem que,

as dores se agravam quando há aplicação de forças ou se realizam


movimentos repetitivos com as mãos. Em casos mais graves podem surgir
lesões por traumas repetitivos, conhecidos como LER – lesões por esforços
repetitivos, também chamadas de DORT – doenças osteomusculares
relacionadas ao trabalho. Podem-se conseguir posturas melhores com o
posicionamento correto para a altura das mãos e uso de ferramentas
adequadas.

Existem varias formas de manipulação de objetos através das pegas


manuais, proporcionando o agravamento ou apaziguamento da situação relatada
acima. Lippert (2003, p. 132), ainda demonstra os tipos de pegas executados pelas
mãos, subdividindo-as em pinça de precisão e pegas de força. O mesmo autor
classifica as pegas de força em pega cilíndrica, pega esférica e pega em gancho. No
ambiente laboral do canteiro de obras são basicamente utilizadas as pegas de força.
No levantamento de paredes é utilizada a pega cilíndrica para segurar a colher de
pedreiro, a pega esférica para pegar os tijolos e a paga em gancho para carregar os
baldes com massa.

Para o melhor posicionamento as mãos e melhor utilização das ferramentas


Dul e Weerdmeester (2004, p. 23-26) descrevem algumas orientações:

- Selecione a ferramenta correta: selecione o melhor modelo que se adapte à


tarefa e à postura, de modo que as articulações possam ser mantidas na posição
neutra.

- Use ferramentas com empunhaduras curvas para não torcer o punho: em


vez de torcer o punho, usando ferramentas com cabos retos, é melhor usar
ferramentas com empunhaduras curvas, que permitam conservar o punho reto;

- Alivie o peso das ferramentas manuais: as ferramentas manuais não devem


exceder 2 Kg.

- Faça manutenção periódica nas ferramentas: a manutenção periódica nas


ferramentas pode contribuir para reduzir a carga de trabalho.

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Capítulo 2 Referencial Teórico 46

- Preste atenção na forma da pega: a forma e a localização da pega devem


possibilitar uma boa postura para mãos e braços. A pega deve ter um diâmetro de 3
cm e um comprimento de 10 cm para que possa exercer maior força com a palma
das mãos. Ela deve ser um pouco convexa para aumentar seu contato com as
mãos.

- Evite ações acima do nível dos ombros: as mãos e cotovelos devem


permanecer abaixo do nível dos ombros e ter duração limitada.

- Evite trabalhar com as mãos para trás: deve-se evitar o trabalho com as
mãos para trás do corpo.

As medidas para minimizar o estresse dos membros superiores durante o


trabalho auxiliam na redução dos distúrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho. Porém se a atividade desenvolvida pelos membros superiores incidir em
uma demanda acentuada, com a realização de atividades repetitivas associadas ao
levantamento de cargas, essas considerações apresentam caráter paliativo a
prevenção destes distúrbios, devendo-se também diminuir o número destes esforços
durante a jornada laboral.

2.8 Ergonomia na construção civil

A ergonomia dentro do contexto da construção civil a nível nacional é uma


ciência pouco utilizada quando comparada a outros países. Vêem-se poucas
tentativas de ergonomização em canteiros de obras. Muito deste fato deve-se a
maior dificuldade de adaptação ergonômica em postos de trabalho não fixos. As
adaptações ergonômicas em canteiros de obras devem ser feitas de modo com que
possam ser transferidas, quando a tarefa em um posto de trabalho é terminada.
Desta forma, assim como os postos de trabalho as adaptações ergonômicas devem
ser dotadas de mobilidade, para que assim exista a possibilidade de acompanharem
o obreiro.

Na tarefa propriamente do levantamento de paredes, pode-se considerar duas


formas de mobilidade do posto. A primeira refere-se ao aumento progressivo da
altura da parede levantada e o segundo ocorre quando a elevação de determinada

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 47

parede é terminada. O trabalhador tem, então, que deslocar-se para o local onde irá
ser elevada a próxima parede, e assim decorrendo sucessivamente até que a fase
da alvenaria seja terminada. Luttmann, Jäger e Laurig (1991) relatam que para o
posto de trabalho durante o assentamento de tijolos o andaime deve ser
constantemente adaptado a altura da parede, excluindo os níveis mais baixos e
elevados da parede. O tijolo e a argamassa devem ser arrumados de modo que os
pedreiros agarrem-nos sem dobrar-se para baixo.

Looze et al (2001) com abordagem semelhante aos autores citados


anteriormente, descrevem casos onde adaptações ergonômicas foram realizadas
com diversos trabalhadores e tarefas da construção civil, entre eles o pedreiro
durante o assentamento de tijolos. Os autores relatam o desenvolvimento de
consoles, que são extensões conectadas ao andaime tradicional. Essas extensões
podem ser usadas de duas maneiras, para elevar os materiais ou abaixar os
pedreiros. Na primeira forma o console é posicionado a 0,50 m acima do assoalho
no local externo do andaime. O pedreiro está no assoalho quando os materiais
forem levantados no console. Na segunda possibilidade o console é posicionado
0,50 m abaixo do assoalho entre o andaime e o edifício. Nesta situação o pedreiro
está no console quando os materiais estão no assoalho.

Outra recomendação de Looze et al (2001) diz respeito a levantar os consoles


mais frequentemente, conforme o crescimento do edifício, para eliminar o estresse
das atividades do assentamento de paredes abaixo do joelho e acima do nível dos
ombros. Através destas modificações houve uma redução significativa das posturas
estressantes nos trabalhadores que usavam as recomendações mais
frequentemente. Os pedreiros encontraram menos desconforto ao final do dia após
trabalharem com os consoles, pois com a diminuição da flexão de tronco obtiveram
uma redução da compressão espinhal de 2,3 KN (tradicional) para 1,6 KN (com
consoles).

Luttmann, Jäger e Laurig (1991) a respeito da altura da pilha de tijolos relatam


que, quando esta está a uma altura de 50 cm existe a necessidade do trabalho
seletivo, treinamento cuidadoso e de pausas de descanso. Se a pilha do tijolo
fornecido estiver a 90 cm, os limites de carga lombar não estarão excedidos para
homens e mulheres de até 55 anos. Para assegurar que a carga lombar predita

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Capítulo 2 Referencial Teórico 48

durante o levantamento de paredes permaneça abaixo dos limites a pilha de tijolos


deve estar acima de 50 cm. Verifica-se através deste estudo a variação das
adaptações do posto de trabalho conforme as características individuais dos
trabalhadores analisados.

Outras abordagens relativas ao assentamento de tijolos contemplam a


repetitividade da tarefa, o número de tijolos assentados por minuto, a freqüência com
que assentamento é realizado e o peso dos tijolos. Segundo Looze et al (1996) uma
das principais estratégias ergonômicas para reduzir a dor na coluna lombar é reduzir
o pico das cargas mecânicas em tarefas ocupacionais modificando o trabalho ou o
local de trabalho. Os autores estudaram o efeito do peso e da freqüência em tarefas
da alvenaria, onde os trabalhadores colocavam tijolos com pesos e freqüências
variadas, e concluíram que não é a diminuição do peso do tijolo que irá reduzir a
carga espinhal. Através de seu estudo constataram que na prática o peso reduzido
torna-se motivo para o incremento da manipulação, ou seja, ocorre um aumento da
freqüência de manipulação.

Pode-se citar que as adaptações referentes à ergonomia na construção civil


começam a se desenhar de novas formas que associadas a ergonomização do
posto de trabalho melhoram as condições de saúde destes trabalhadores. Holmströn
e Ahlborg (2005) descrevem que exercícios pela manhã podem ser benéficos para
aumentar e manter a flexibilidade do músculo e sua resistência para trabalhadores
da construção que se expõem a manipulação manual de materiais e posições
forçadas de trabalho.

A realidade dos trabalhadores brasileiros é ainda distante destas


intervenções. A não obrigatoriedade das adaptações ergonômicas nos postos de
trabalho aliada a uma busca desregrada por produtividade, afasta os trabalhadores
da construção de uma constante favorecedora da saúde. Cruz (2005) relata a
dificuldade da implantação de modelos de saúde e segurança no trabalho na
indústria da construção civil e ainda descreve que o gerenciamento do processo de
produção pode ser apontado como uma das causas desta situação.

Métodos participativos também têm sido abordados na construção civil para a


melhoria do local de trabalho. Kogi (2006) relata que os programas aplicam
treinamento em curto prazo focalizado em bons exemplos locais e sessões técnicas

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 2 Referencial Teórico 49

para o aprendizado de ergonomia e higiene ocupacional, onde atividades


continuadas são conduzidas por instrutores para melhorar locais de trabalho em
pequena escala.

As concretizações das intervenções que abordou-se requerem esforços


mútuos. Os gestores por vezes vêem a fácil substituição dos trabalhadores da
construção civil como um escape as preocupações com a saúde laboral. O
trabalhador vitimado por uma realidade social não favorecedora da educação, é
compelido ao trabalho braçal, sendo este seu único recurso para o estabelecimento
do rendimento e da sobrevivência. A união destes colaboradores é necessária para
o aumento da riqueza das intervenções ergonômicas. A obrigatoriedade do
resguardo à saúde é necessária. A percepção de que as medidas ergonômicas
trazem apenas ganhadores precisa ser esclarecida e incorporada pelos gestores e
trabalhadores.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 50

3 METODOLOGIA

O objeto deste estudo é o pedreiro da construção civil detentor da tarefa do


levantamento de paredes. Apresenta como tema contextualizador a atividade nesta
tarefa específica da construção civil e os resultados nocivos ao sistema
musculoesquelético do trabalhador que a atividade desta tarefa desencadeia. São
abordados como subtemas os parâmetros antropométricos dos pedreiros da
construção civil, o posto de trabalho da tarefa do levantamento de paredes, as
queixas álgicas dos trabalhadores, a maneira com que este exerce a atividade e o
risco ergonômico inerente a atividade.

Do ponto de vista de sua natureza esta pesquisa é aplicada, pois gera


conhecimentos sobre o melhor posicionamento para o trabalhador da construção
civil durante a tarefa do levantamento de paredes, levando-se em consideração a
minimização do aparecimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho.

Esta pesquisa é predominantemente quantitativa com inferências qualitativas


na abordagem de seus resultados. Segundo Barros e Reis (2003 p. 5) a estatística
compreende um conjunto de técnicas metódicas através das quais se pode
uniformizar a coleta, organização, descrição e análise de observações.

A estatística pode ser subdividida em descritiva e indutiva, porém conforme


Barros e Reis (2003) é importante lembrar que esta subdivisão exprime um sentido
de complementaridade e não de oposição, pois em geral, a análise de dados
compreende a utilização tanto de procedimentos descritivos como indutivos.

A análise dos dados desta pesquisa utiliza em sua maioria a estatística


descritiva. A estatística descritiva reúne procedimentos visando à coleta, tabulação e
descrição de conjuntos de observações sejam elas quantitativas ou qualitativas
(BARROS & REIS, 2003 p. 5).

Em relação a seus objetivos é descritiva, pois descreve as características do


trabalho e dos trabalhadores da construção civil. São descritas inicialmente as
atividades que os trabalhadores da construção civil realizam para efetivar o
levantamento de paredes. Consequentemente apresenta-se, segundo a observação

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 51

destes, as posturas e posicionamentos críticos, classificando-os e descrevendo seu


risco ergonômico. São avaliadas as queixas álgicas dos pedreiros da construção civil
e expostos os principais sítios anatômicos de seu aparecimento e intensidades das
queixas. Descrevem-se também as características físicas, antropométricas dos
pedreiros da construção civil. São apresentadas as características da população dos
pedreiros da construção civil da região de Ponta Grossa com ênfase na tarefa do
levantamento de paredes, proporcionando maior conhecimento dos ocupantes desta
atividade.

Apresenta-se segundo seus procedimentos na forma de levantamento, pois


se realizou diretamente com a população dos pedreiros da construção civil. Segundo
Gil (1999, p. 70) as pesquisas deste tipo se caracterizam pela interrogação direta
das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Para sua abordagem esta
pesquisa utiliza o método indutivo para sua realização, pois segundo Gil (1999, p.
28) este método de pesquisa parte do particular e coloca a generalização como um
produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. Conforme Lakatos e
Marconi (1991) o método indutivo apresenta três etapas, a observação dos
fenômenos, a descoberta da relação entre eles e a generalização da relação.

Partindo-se da primeira etapa, citada por Lakatos e Marconi (1991), realizou-


se a observação e coleta de dados diretamente nos canteiros de obras. Após
verificou-se a relação existente entre a forma de trabalho, queixas álgicas e os
postos de trabalho. A terceira etapa foi composta da análise estatística para
proporcionar a generalização dos resultados encontrados em situações similares.

Para validação do protocolo experimental utilizado neste trabalho realizou-se


um estudo piloto. As informações obtidas diretamente pelos trabalhadores da
construção civil são de aspecto prioritário para este estudo. Analisando-se que as
queixas álgicas podem demonstrar comprometimentos osteomusculares, de nada
adiantaria colhe-las de outra forma que não diretamente com as pessoas que podem
sofrer do problema dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. A
avaliação do risco ergonômico foi realizada mediante a observação direta dos
trabalhadores da construção civil inseridos em seu ambiente laboral. As medições
antropométricas foram realizadas nos trabalhadores atuantes nos canteiros de obras
e formalizados na ocupação de pedreiro.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 52

3.1 Instrumentos de pesquisa

Foi realizada a observação simples, direta dos trabalhadores. Segundo Gil


(1999, p. 111) a observação simples é aquela em que o pesquisador permanece
alheio a comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira
espontânea os fatos que aí ocorrem. A observação foi associada a fotos (apêndice
A) e filmagens para caracterização da atividade desenvolvida durante o
levantamento de paredes e a análise dos movimentos e posturas utilizadas por
estes. Partindo do princípio que os movimentos utilizados por estes trabalhadores
serão dificilmente analisados sem a utilização de fotos ou filmagens, pois estas
possibilitam de nova observação ou posterior observação. Para a realização das
fotos e filmagens será utilizada uma Kodak Easy Share Cx 7300.

Visualizou-se a localização do trabalhador, dos tijolos e da argamassa em


relação a parede também através da observação direta. A altura dos tijolos e do
local de oferta da argamassa será medido como apresentado na figura 1.

Pa

“X” cm

T Pe A
“Y” cm “Z” cm

Figura 1 Exemplo de marcação dos componentes do posto, onde lê-se “Pe” para pedreiro,
“Pa” para parede, “A” para argamassa e “T” para tijolos.

Foi também empregado um cronômetro para marcação do tempo do ciclo de


trabalho, sendo utilizado um Kadio KD-1069 (figura 2).

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 53

Figura 2 Cronômetro utilizado na pesquisa

Com relação às ferramentas de trabalho, verificou-se a adequação destas ao


trabalhador, tendo em vista que o diâmetro inadequado do cabo da colher de
pedreiro ou a não adaptação ergonômica deste, pode interferir negativamente para o
aparecimento de doenças ocupacionais de mão e punho, com possível
comprometimento de ombros pela compensação que pode ocorrer nesta região.

Para uma análise ergonômica mais completa e classificação das posturas


inadequadas e consequentemente dos riscos ergonômicos, além da observação
direta, utilizou-se o software WinOWAS, versão computadorizada do sistema OWAS
(Ovako Working Posture Analysing System). Este método avalia a postura do dorso,
braços, pernas e a carga manipulada pelo trabalhador em cada fase de trabalho,
com um total de 72 posturas. As posturas utilizadas pelos trabalhadores são
classificadas em quatro classes (IIDA, 2005):

- Classe 1: postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos


excepcionais;
- classe 2: postura que deve ser revisada durante a próxima revisão rotineira dos
métodos de trabalho;
- classe 3: postura que deve merecer atenção a curto prazo;
- classe 4: postura que deve merecer atenção imediata.
Segundo Iida (2005, p. 171) as classes dependem do tempo de duração das
posturas, em porcentagens da jornada de trabalho, ou da combinação de quatro
variáveis (dorso, braços pernas e carga).

Para melhor avaliação das posturas e posicionamentos utilizou-se uma


divisão fictícia de 4 zonas de trabalho, demonstrada na figura 3, devido as

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 54

mudanças de posicionamento do trabalhador que provavelmente ocorrem conforme


o aumento progressivo da altura da parede.

Zona 4
( 65 cm)

Zona 3
(70 cm)
2,70 m

Zona 2
(65 cm)

Zona 1
(70 cm)

Nível do solo ///\\\///\\\///\\\///\\\///\\\///\\\///\\\///\\\

Figura 3 Divisão das zonas da parede para análise das posturas utilizadas.

O posicionamento do obreiro, durante a realização da tarefa, varia nas zonas


1 e 2, e nas zonas 3 e 4, com possibilidade de serem semelhantes nas zonas 1 e 3
(pedreiro ajoelhado, inicialmente no nível do solo e posteriormente acima do
andaime) e, 2 e 4 (pedreiro em pé, inicialmente ao nível do solo e posteriormente
acima do andaime). Tendo como parâmetro inicial o nível do solo (lastro de
concreto), a zona 1, encontra-se entre 0 cm a 70 cm de altura, a zona 2 encontra-se
entre 70 cm a 1,35 m de altura, a zona 3 entre de 1,35 a 2,05 e a zona 4 entre 2,05
a 2,70, que é o nível máximo de altura do levantamento de paredes que estudou-se,
por esta ser extremamente usual em construções.

Partindo das divisões da parede já descritas, utilizou-se o software WinOWAS


para avaliação do risco ergonômico, nas zonas com posicionamento semelhante, ou
seja, conjuntamente nas zonas 1 e 3 e nas zonas 2 e 4.

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Capítulo 4 Resultados e discussão 55

Para avaliação das zonas dolorosas e da intensidade da dor utilizou-se o


Diagrama de Corlett (CORLETT e MANENICA, 1980) (anexo A) por ser um
instrumento de fácil utilização e poder oferecer respostas com relação a existência
de dor, sua localização e sua intensidade.

Explicou-se o Diagrama de Corlett aos pedreiros estudados e este foi


distribuído juntamente com prancheta e caneta para os trabalhadores. Devido a
incidência do analfabetismo entre a classe de trabalhadores estudados, em alguns
casos necessitou-se de auxílio para leitura do diagrama, esta sendo disponibilizada
pela pesquisadora e colaboradores.

Realizaram-se as medições antropométricas para verificação dos parâmetros


próprios da amostra estudada, evitando a utilização de escalas pré-concebidas, por
estas não abordarem com fidedignidade os parâmetros antropométricos dos
pedreiros da construção civil da região de Ponta Grossa.

Explicou-se o procedimento ao trabalhador a ser medido, bem como a


finalidade do estudo, dando-lhes a opção de concordar ou não em participar do
estudo. Apresentou-se o termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice B)
aos trabalhadores que demonstrarem sua vontade em participar do estudo.

Para a medição das partes anatômicas, utilizou-se fita métrica e trena, a partir
das marcas anatômicas adequadas para cada uma das variáveis. Utilizou-se
também “kits” de pega retangular de tamanhos variados para a medição da variável
de número 151 descrita no quadro 4. Para a variável de número 148 (quadro 4)
utilizou-se um objeto em forma de cone, o qual possibilita pegas em diferentes
medidas de circunferências.

Posicionaram-se os trabalhadores acima da viga baldrame, com a postura


ereta, pés unidos e os braços deverão estar pendentes ao lado do corpo. Os dados
aferidos foram marcados e colocados juntamente com os outros dados e
informações, recolhidas e observados de cada trabalhador estudado.

Para localização das estruturas e parâmetros anatômicos medidos utilizou-se


10 variáveis corporais das 294 variáveis de medidas corporais apresentadas no
Adult Data (PEEBLES e NORRIS, 1998), por estas serem necessárias para
ergonomização do posto de trabalho do levantamento de paredes. As variáveis

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 56

antropométricas que foram analisados são descritas pelos autores citados acima
pelos números 2, 30, 119, 131, 60, 90, 146, 108, 151, 148 e estão apresentados na
tabela 4.

Tabela 4 Variáveis corporais.

Numeração Descrição
2 Altura total dos trabalhadores
30 Altura dos olhos a base com o trabalhador em pé
119 Altura do cotovelo a base com o trabalhador em pé
131 Altura do punho a base com o trabalhador em pé
60 Altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé
90 Altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé
146 Altura da articulação dos dedos (metacarpofalangeana) a base com o trabalhador em

108 Ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”), com o membro superior
na horizontal anteriorizado
151 Pega máxima (garra), polegar indicador, medida com bloco
148 Circunferência da pega cilíndrica
Fonte: adaptado de Peebles e Norris (1998)

Utilizou-se um formulário pelos pesquisadores para o agrupamento dos dados


obtidos e organização da coleta de dados (apêndice C).

3.2 Estudo piloto

O estudo piloto foi realizado com o objetivo de verificar a adequação dos


instrumentos de pesquisa para a proposta deste estudo, constatando limitações e
dificuldades e de conseguir dados numéricos para o cálculo da amostra. O
formulário para coleta de dados foi seguido para obtenção dos dados. O estudo foi
realizado pela pesquisadora e auxiliares.

O Diagrama de Corlett foi explicado aos pedreiros do canteiro, e solicitada a


sua marcação. Notou-se facilidade por parte dos mesmos para proceder a
marcação, contrariando as expectativas iniciais, porém um deles solicitou para que o
colaborador realiza-se a marcação. Ao final obteve-se 35 diagramas de Corlett.

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Capítulo 4 Resultados e discussão 57

Foram realizadas 5 medições antropométricas (figura 4), onde notou-se a


primeira dificuldade, achar um terreno plano e sem grandes irregularidades para
posicionar-se o trabalhador sem que houvessem grandes desníveis (deve-se
lembrar que trata-se de um terreno sem contra-piso, ou seja o chão era de terra
batida e não aprumado) . Como solução, optou-se então por posicioná-los acima da
viga baldrame (figura 5). Durante as medições não houve outras intercorrências.

Figura 4 Medições antropométricas do estudo piloto

Figura 5 Trabalhador posicionado acima da viga baldrame no estudo piloto

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 58

Os instrumentos de pesquisa mostraram-se adequados a proposta deste


estudo, porém notou-se a necessidade de além da mensuração da circunferência da
pega cilíndrica, apurar qual seria a pega cilíndrica mais confortável ao trabalhador,
por constatar-se que este dado poderia oferecer informações importantes.

Os dados colhidos através de imagem foram lançados no software


WinOWAS, e este mostrou-se também adequado as proposições do estudo.

Pode-se través do estudo piloto conseguir a margem de erro e o desvio


padrão do grupo avaliado para que se realizassem os cálculos da amostra.

A versão final dos instrumentos de pesquisa manteve-se com as propostas


iniciais, anexando-se então o posicionamento do obreiro acima da viga baldrame e a
medição também da pega cilíndrica mais confortável ao obreiro, sem outras
modificações.

3.3 Definição da amostra

Utilizou-se o sistema de amostragem da população, pela impossibilidade da


verificação de todos os elementos da população estudada. Conforme Gil (1999, p.
70) “na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da
população estudada”.

A população de pedreiros da construção civil é predominantemente


masculina. Portanto as amostras serão colhidas em homens, com idades variando
entre 18 e 55, evitando assim alteração das medidas antropométricas por estes
ainda estarem em crescimento ou de já estarem sofrendo alterações deletérias
decorrentes do envelhecimento. Outro fator que interfere diretamente na escolha da
faixa de idade da amostra é por esta ser a faixa etária da maioria dos pedreiros da
construção civil. Ainda a respeito da amostra, foram incluídos os trabalhadores que
apresentam dominância em membro superior direito, por entender-se que, conforme
o lado dominante do trabalhador ter-se-á provavelmente, maior número de relatos de
dor devido a maior demanda no lado dominante.

A amostragem englobou diversas empresas da construção civil, pois os


padrões de escolha para o ingresso dos trabalhadores nestas empresas, podem não

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 59

ser iguais. Pensando nesta possibilidade, realizou-se a coleta dos dados em quatro
empresas da construção civil.

Além dos padrões de seleção dos funcionários poderem divergir conforme a


empresa, as práticas de trabalho durante a tarefa do levantamento de paredes
também podem variar conforme a cultura organizacional da empresa. Com a
estratificação da amostra pode-se caracterizar com maior fidedignidade as
atividades de trabalho, riscos ergonômicos e padrões antropométricos dos
trabalhadores da região.

Foram necessárias informações a respeito do número de trabalhadores


formalizados como pedreiros, e atuantes na construção civil na região de Ponta
Grossa para o cálculo da amostra. Segundo dados obtidos do Sindicato dos
Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Ponta Grossa, existem 900
pedreiros formais na região de Ponta Grossa, porém a classe apresenta números
variáveis conforme a demanda da construção se altera.

Para o cálculo do tamanho da amostra das medidas antropométricas será


utilizada a equação 1, descrita abaixo, para cada uma das variáveis antropométricas,
sendo extraído então o valor mais expressivo para a utilização nesta pesquisa.

N σ ²[ Z α/2]²
n= _____________________ (1)

(N-1) E² + σ ² [ Z α/2]²

Fonte: Triola (1998, p. 151)

Onde:

n= tamanho da amostra
N (tamanho da população)= 900 trabalhadores
σ= desvio padrão (próprio de cada variável em cm)
Z α/2 (confiança de 95%) = 1,96
E (margem de erro)= 0,01 cm

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 60

Após a utilização da equação 1 para todas as variáveis antropométricas


propostas, pode-se concluir que a variável antropométrica que necessitava de uma
amostra de maior expressão foi à altura do trocanter maior a base com o trabalhador
em pé. Verificou-se a necessidade de medir 43 trabalhadores para esta variável,
portanto este número de 43 indivíduos também foi utilizado como amostra para
todas as outras variáveis antropométricas. Porém, como houve a necessidade da
estratificação da amostra, para evitar que poucos trabalhadores de cada empresa
fossem pesquisados, optou-se por uma amostra de tamanho aproximado de 10% do
tamanho população total de pedreiros formais da região de Ponta Grossa. Por este
motivo pesquisou-se 97,84% dos trabalhadores das empresas estudadas, sendo
que dois trabalhadores de um total de 93 não aceitaram participar da pesquisa.

3.4 Variáveis

A pesquisa em questão utilizou 5 variáveis independentes entre si e 1 variável


dependente. Abaixo apresentam-se as variáveis trabalhadas.

3.4.1 Variáveis independentes

- Atividade do trabalhador da construção civil durante a tarefa do


levantamento de paredes.

- Risco ergonômico (posturas antiergonômicas) do trabalhador da construção


civil durante a atividade do levantamento de paredes.

- Tempo do ciclo de trabalho.

- Postos de trabalho atuais da tarefa do levantamento de paredes (disposição


dos materiais e trabalhador durante a realização da atividade).

- Antropometria dos pedreiros da construção civil.

3.4.2 Variável dependente

- Existência de dores osteomusculares.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 61

4 Resultados e discussão

4.1 A atividade do trabalhador durante o levantamento de paredes

Na atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes cada tijolo


assentado corresponde a um ciclo de trabalho. Nas fases 1 e 2 do levantamento de
paredes, cada ciclo de trabalho tem duração média de 24,6 segundos, perfazendo
um total de 2,439 ciclos por minuto, com desvio padrão de 1,075 e coeficiente de
variação de 0,044 (tabela 5). Nas fases 3 e 4 do levantamento de paredes
constatou-se um tempo médio por ciclo de trabalho de 24,5 segundos, perfazendo
um total de 2,448 ciclos por minuto, com desvio padrão de 0,905 e coeficiente de
variação de 0,037(tabela 5).

Tabela 5 Tempo dos ciclos de trabalho por fases do levantamento de paredes

Fases Duração ciclos Nº Ciclos/min Desvio padrão Coeficiente de


(s) variação

1e2 24,6 s 2,439 1,075 0,044

3e4 24,5 s 2,448 0,905 0,037

A atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes consiste em:

- O funcionário pega a massa do balde com a colher de pedreiro colocando-a sobre


o tijolo anteriormente assentado, repetindo esta tarefa três vezes;

- retira o tijolo do chão com a mão não dominante;

- coloca o tijolo no local do assentamento, apoiando-o com as duas mãos;

- bate por três vezes com a colher de pedreiro em cima do tijolo;

- retira o excesso de massa ao redor do tijolo assentado;

- devolve o excesso de massa ao balde;

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 62

- confere visualmente o tijolo assentado;

- verifica o prumo;

Para a realização da tarefa notou-se o desenvolvimento de uma vasta série de


posicionamentos durante a atividade. Notou-se também que estas variavam
conforme a zona de trabalho (altura da parede em levantamento). Nas zonas 1 e 3
os posicionamentos e posturas assumidas se assemelhavam, sendo que o mesmo
acontecia nas zonas 2 e 4 do levantamento.

Nas zonas 1 e 3 o trabalhador encontra-se na grande parte do tempo


ajoelhado, e desenvolve posicionamentos e posturas adaptadas a realidade vigente.

Na tabela 6 apresenta a seqüência de ações técnicas do ciclo e situações


ergonomicamente inadequadas que estas ações acabam desencadeando.

Tabela 6 Seqüência de ações técnicas no ciclo e situações ergonomicamente inadequadas nas


zonas 1 e 3

Seqüência de passos do
Exigência Ergonômica Partes do Corpo
trabalho

Pegar a massa Movimentos repetitivos Mão, punho, cotovelo, ombro


dominantes.

Flexão leve de tronco Coluna lombar


Postura em tripla flexão de
Movimentos estáticos
membros inferiores
Músculos dos membros
Semi-ajoelhado
inferiores
Rotação lateral de tronco Músculos do tronco e coluna

Mão punho, cotovelo e ombro


Pegar tijolo do chão Movimentos repetitivos
não dominantes.
Flexão de tronco com flexão de
Coluna lombar
membros inferiores.

Postura em tripla flexão de


Movimentos estáticos membros inferiores

Rotação lateral de tronco Músculos do tronco e coluna


Semi-ajoelhado Músculos dos membros

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 63

inferiores
Mão punho, cotovelo e ombro
Colocar o tijolo no local Movimentos repetitivos
não dominantes e dominantes.
Postura em tripla flexão de
Movimentos estáticos
membros inferiores
Músculos dos membros
Semi-ajoelhado
inferiores
Mão, punho, cotovelo,
Bater em cima do tijolo Movimentos repetitivos
dominantes.
Mão punho, cotovelo e ombro
não dominantes e ombro
Movimentos estáticos dominante.
Postura em tripla flexão de
membros inferiores
Músculos dos membros
Semi-ajoelhado
inferiores
Mão, punho, cotovelo,
Bater na extremidade de tijolo Movimentos repetitivos
dominantes.
Mão punho, cotovelo e ombro
não dominantes e ombro
Movimentos estáticos dominante.
Postura em tripla flexão de
membros inferiores.
Músculos dos membros
Semi-ajoelhado
inferiores
Mão, punho, cotovelo, ombro
Retirar excessos de massa Movimentos repetitivos
dominantes.
Músculos dos membros
Semi-ajoelhado
inferiores
Postura em tripla flexão de
Movimentos estáticos
membros inferiores.
Conferir visualmente Flexão de cervical Coluna cervical
Músculos dos membros
Semi-ajoelhado
inferiores
Postura em tripla flexão de
Movimentos estáticos
membros inferiores.

Verificou-se a presença de uma vasta quantidade de movimentos estáticos,


extremamente relacionados a postura em tripla flexão de membros inferiores,
movimentos repetitivos, associados principalmente as extremidades dos membros
superiores, flexões de cervical inadequadas, flexões puras de tronco e flexões de
tronco associadas a rotações laterais de tronco.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 64

Nas zonas 2 e 4 o trabalhador encontra-se na grande maioria do tempo em pé


e desenvolve posicionamentos e posturas adaptadas a esta realidade.

A tabela 7 apresenta a seqüência de ações técnicas do ciclo nas zonas 2 e 4 e


situações ergonomicamente inadequadas que estas ações acabam desencadeando.

Tabela 7 Seqüência de ações técnicas no ciclo e situações ergonomicamente inadequadas nas


zonas 2 e 4

Seqüência de passos do
Exigência Ergonômica Partes do Corpo
trabalho

Pegar a massa Movimentos repetitivos Mão, punho, cotovelo, ombro


dominantes.

Acentuada flexão de tronco


com extensão de membros Coluna lombar
inferiores.
Músculos dos membros
Parado em pé
inferiores e eretores da coluna
Mão punho, cotovelo e ombro
Pegar tijolo do chão Movimentos repetitivos
não dominantes.
Acentuada flexão de tronco
com extensão de membros Coluna lombar
inferiores.

Músculos dos membros


Parado em pé
inferiores e eretores da coluna
Mão punho, cotovelo e ombro
Colocar o tijolo no local Movimentos repetitivos não dominantes e
dominantes.
Músculos dos membros
Parado em pé
inferiores e eretores da coluna
Mão, punho, cotovelo,
Bater em cima do tijolo Movimentos repetitivos
dominantes.
Mão punho, cotovelo e ombro
Movimentos estáticos não dominantes e ombro
dominante.
Músculos dos membros
Parado em pé
inferiores e eretores da coluna
Mão, punho, cotovelo,
Bater na extremidade de tijolo Movimentos repetitivos
dominantes.
Mão punho, cotovelo e ombro
Movimentos estáticos não dominantes e ombro
dominante.

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Capítulo 4 Resultados e discussão 65

Músculos dos membros


Parado em pé
inferiores e eretores da coluna
Mão, punho, cotovelo, ombro
Retirar excessos de massa Movimentos repetitivos
dominantes.
Músculos dos membros
Parado em pé
inferiores e eretores da coluna
Conferir visualmente Flexão de cervical Coluna cervical
Músculos dos membros
Parado em pé
inferiores e eretores da coluna

Verificou-se a presença de uma vasta quantidade de movimentos estáticos,


movimentos repetitivos, flexões de cervical, flexões e rotações laterais acentuadas
de tronco, sempre com o posicionamento ortostático associado. A postura em pé,
conforme Iida (2005, p. 166) é altamente fatigante, pois exige muito trabalho
estático. Na atividade avaliada, a musculatura dos membros inferiores e eretores da
coluna acabam sendo demasiadamente utilizados devido à atividade estática
relacionada ao posicionamento em pé. Ainda conforme Iida (2005, p.166) neste
posicionamento o coração encontra maiores resistências para bombear o sangue
para os extremos do corpo. Outro dano associado a este posicionamento diz
respeito ao aparecimento de estase venosa e dificuldade de retorno venoso do
sangue, aumentando o risco do aparecimento de varizes em membros inferiores.

A jornada de trabalho nos canteiros estudados foi de nove horas, iniciando às


oito horas, terminando às dezessete horas, com pausa de uma hora para almoço e
trinta minutos para lanche. Não existem pausas de descanso regular, além do
período de almoço e lanche. Segundo Couto (2006) a anulação dos mecanismos de
regulação, pode estar aumentando a incidência de queixas e afastamento de um
grande número de trabalhadores.

Após ter-se verificado a atividade do trabalhador da construção civil durante a


tarefa do levantamento de paredes observou-se a presença de diversos fatores que
segundo estudos de Ghisleni e Merlo (2005) são responsáveis pelo desenvolvimento
das DORT.

Baseando-se nos fatores descritos por Ghisleni e Merlo (2005), onde os


trabalhadores apontam fatores organizacionais como um dos principais responsáveis
pelo desenvolvimento das DORT, podemos observar que 2 destes fatores

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 66

organizacionais predisponentes para DORT, estavam presentes nos canteiros


estudados. Observou-se uma extensa jornada laboral e a presença de atividades
repetitivas durante toda esta jornada laboral. Os trabalhadores estão alocados em
postos de trabalho sem dispositivos facilitadores, permanecendo nestes ambientes
de trabalho inadequados por toda a jornada laboral. Para a realização da atividade
os trabalhadores mantêm as mesmas posições corporais por períodos de tempo
demasiadamente longos, sendo este também um fator que segundo Ghisleni e Merlo
(2005), é responsável pelo aparecimento das DORT.

4.2 O tempo das atividades

Verificaram-se os tempos gastos em cada atividade da tarefa estudada com


relação ao tempo de ciclo de trabalho, apresentados na tabela 8 abaixo.

Tabela 8 Distribuição do tempo no ciclo de trabalho.

Atividade Tempo (s) Porcentagem

Pegar massa 8 32%

Pegar e colocar o tijolo 4 16%

Bater no tijolo 3 12%

Retirar o excesso de massa 10 40%

Após esta apresentação dos tempos gastos nas atividades executadas de


forma contínua, através do estudo pode-se apresentar os tempos gastos nestas
atividades com relação ao tempo da jornada laboral. Para esta análise inicialmente
deve-se subtrair do tempo total da jornada laboral todas as pausas realizadas
durante o laboro. Estas, segundo Kroemer (2005) dividem-se em pausas
espontâneas, pausas disfarçadas, pausas que fazem parte da natureza do trabalho
e pausas prescritas pela gerência.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 67

A jornada de trabalho nos canteiros estudados, como descrito anteriormente,


é de nove horas, iniciando às oito horas, terminando às dezessete horas, com
pausas prescritas de uma hora para almoço e trinta minutos para lanche equivalente
a 17 % da jornada, restando então 7,5 horas para a realização das tarefas. Não
existem pausas de descanso regular, além do período de almoço e lanche. Verificou-
se a existência de pausas disfarçadas, durante as atividades de verificar o projeto,
medições com a trena, verificação do prumo, colocação de linha de nível e
transporte de tijolos, onde em todas estas atividades eram computados tempos
excessivos e realizadas conjuntamente a outras atividades que não se relacionavam
com as exigências laborativas, perfazendo um total de146 minutos gastos (tabela 9).

Tabela 9 Média do tempo gasto em atividades laborais com pausas disfarçadas associadas.

Atividade Duração média em Nº de vezes por Tempo total gasto em minutos


minutos jornada na jornada laboral
Verificar o projeto 1 5 5

Medir com a 1 7 7
trena

Verificar o prumo 5 4 20

Colocar linha de 15 6 90
nível

Transporte de 4 6 24
tijolos

146
Total de tempo
gasto

Constatou-se também a presença de pausas espontâneas, porém em menor


quantidade. Estas se apresentavam principalmente na forma de usar o banheiro,
tomar água ou perguntar algo para os colegas (tabela 10).

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 68

Tabela 10 Média do tempo gasto em atividades laborais com pausas espontâneas.

Atividade Duração média em Nº de vezes Tempo total gasto em minutos


minutos por turno na jornada laboral
Banheiro 4 4 16

Tomar água 3 8 24

Conversar 2 5 10

Total do tempo 50
gasto

Não houve pausas originadas por interrupções secundárias no trabalho.


Somando-se o tempo gasto nas formas de pausa não prescritas, ou seja, as pausas
disfarçadas e pausas espontâneas obtiveram 196 minutos, proporcionalmente aos
540 minutos de trabalho, estas correspondem a 36,29% do tempo de jornada
laboral, restando 47% do período para o exercício da tarefa específica (figura 6).

17%

Pausas prescritas

47% Pausas não


prescritas
Realização da
tarefa específica
36%

Figura 6 Distribuição dos tempos de pausas em comparação ao da jornada laboral.

Em média foram levantados 6 m² de parede durante a jornada laboral e para


sua construção foram colocados 252 tijolos. Com relação a produtividade, este
número de 6 m² de parede apresentou-se baixo quando comparado a “800
tijolos/dia”, citado por Looze et al (2001) em seus estudos.

O tempo de assentamento de cada tijolo foi cronometrado e constatou-se ser


de 25 s em média. Partindo deste princípio o tempo necessário para levantar

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 69

continuamente 6 m² de parede seria de 105 minutos se não houvessem pausas,


porém estes trabalhadores levaram 254 minutos da jornada laboral para realizar o
levantamento dos 6 m² de parede. Se o tempo do ciclo de trabalho fosse levado em
consideração durante toda a realização da tarefa seriam levantados
aproximadamente 14 m² de parede ao invés de 6 m², mesmo mantendo as pausas
não prescritas de trabalho. Este fato sugere que além das pausas prescritas pelos
gestores, das pausas disfarçadas e das pausas espontâneas, existe também um
aumento do tempo do ciclo de trabalho, não se mantendo em 25 s durante todo o
período laboral, sugerindo a necessidade de diminuição do ritmo de trabalho para
recuperação do trabalhador e a baixa efetividade das pausas disfarçadas.

Fazendo-se a relação entre as porcentagens das atividades dentro do ciclo de


trabalho e o tempo efetivo de produção encontrado (254 min) realizou-se a
quantificação do tempo gasto em cada atividade contínua da jornada laboral,
apresentados na tabela 11.

Tabela 11 Distribuição do tempo das atividades com relação ao tempo efetivo de produção.

Atividade Tempo (min) Porcentagem

Pegar massa 81,28 32%

Pegar e colocar o tijolo 40,64 16%

Bater no tijolo 30,48 12%

Retirar o excesso de massa 101,6 40%

No estudo constatou-se também as dimensões dos tijolos manipulados (figura


7). Suas dimensões eram de 9x14x9 cm, e a pega deste material ocorria na região
de menor dimensão, ou seja, 9 cm. No estudo a ferramenta utilizada para o
levantamento de paredes foi a colher de pedreiro. Constatou-se que o diâmetro do
local da pega desta ferramenta é de 2,8 cm, equivalendo a uma circunferência de
aproximadamente 8,8 cm, com desvio padrão de 0,0 sendo este também o
coeficiente de variação. O comprimento do seu cabo é de aproximadamente 13 cm

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 70

(figura 7), apresentando um desvio padrão de 0,333 e coeficiente de variação


de2,59.

a
Figura 7 Colher de pedreiro e tijolos

A atividade do trabalhador durante o levantamento de paredes (figura 8) na


observação direta demonstrou ter também demanda acentuada nos membros
superiores e em suas extremidades distais. A colher de pedreiro não apresentava o
cabo reto (figura 7, seta a), fato que deveria facilitar sua adaptação ao trabalhador.
Porém, notou-se que as atividades associadas a manipulação desta ferramenta
eram repletas de desvios de punho, fato que intensificava a demanda muscular e
originava movimentos compensatórios das articulações vizinhas.

a
b

Figura 8 Atividade do trabalhador da construção civil durante o levantamento de paredes.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 71

Visualiza-se na seta “a” da figura acima a flexão exacerbada de punho com


conseqüente movimento compensatório dos ombros e na seta “b” a colher de
pedreiro pouco adaptada ao trabalhador aumentando a necessidade de flexão de
punho. Ambas demonstram-se ser nocivas e adicionam demanda na atividade em
questão.

4.3 O risco ergonômico

Foi realizada a avaliação das posturas utilizadas pelos obreiros em duas


fases, através do software WinOWAS. A fase denominada 1, corresponde as
posturas utilizadas pelos trabalhadores nas zonas 1 e 3 do levantamento de paredes
e a fase denominada 2, corresponde as posturas utilizadas nas zonas 2 e 4 do
levantamento de paredes.

Na fase 1 da análise, as categorias de risco avaliados pelo software


WinOWAS classificaram-se em 75% com risco 4 e 25% com risco 2. A figura 9
apresenta a interface do software utilizado com a classificação geral da tarefa
estudada.

Figura 9 Classificação dos riscos para a tarefa nas zonas 1 e 3 do levantamento

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Capítulo 4 Resultados e discussão 72

Onde a postura 2161 diz respeito a atividade de bater no tijolo e a postura 4161
e relativa as atividades de pegar massa, pegar e colocar tijolos e retirar o excesso
de massa.

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se que


as fases de pegar massa, pegar e colocar os tijolos e retirar o excesso de massa
apresentam o máximo risco ergonômico, ou seja risco 4 (tabela 12).

Tabela 12 Categoria de risco obtida através do software WinOWAS das atividades do obreiro
durante as zonas 1 e 3 do levantamento de paredes

Coluna Braços Pernas Carga Categoria Geral


Pegar massa Risco 4 Risco 1 Risco 3 Risco 1 4
Pegar e colocar tijolos Risco 4 Risco 1 Risco 3 Risco 1 4
Bater no tijolo Risco 3 Risco 1 Risco 3 Risco 1 2
Retirar o excesso de Risco 4 Risco 1 Risco 3 Risco 1 4
massa

Verificou-se um maior risco durante estas atividades devido principalmente as


posições de flexão e rotação realizadas pela coluna vertebral. A figura 10 apresenta
a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus enquadramentos
gerais dentro das categorias de risco.

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Capítulo 4 Resultados e discussão 73

Figura 10 Classificação geral do risco ergonômico geral das zonas 1 e 3 (fase 1) do


levantamento de paredes

Durante estas atividades, o trabalhador realiza constantemente movimentos


de tronco com torção e inclinação da coluna para conseguir pegar a massa e os
tijolos, pois estes ficam posicionados com freqüência em paralelo ao corpo e ao nível
do solo ou diretamente em cima do andaime no mesmo nível do trabalhador. Outro
ponto crítico que constatou-se, diz respeito ao posicionamento dos membros
inferiores. O trabalhador para conseguir realizar o levantamento da parede até 70 cm
de altura (zona 1) e também na zona 3, necessita ficar ajoelhado (figura 11).

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Capítulo 4 Resultados e discussão 74

Figura 11 Posicionamento do pedreiro durante as zonas 1 e 3 do levantamento de paredes

Principalmente nestas três atividades citadas, são necessárias correções


imediatas para os posicionamentos de coluna e membros inferiores, diminuindo
assim a demanda destas estruturas.

Na fase 2 da análise, zonas 2 e 4 do levantamento, as categorias de risco


avaliados pelo software WinOWAS classificaram-se em 25% com risco 1 e 75% com
risco 2. A figura 12 apresenta a interface do software utilizado com a classificação
geral da tarefa estudada.

Figura 12 Classificação dos riscos para a tarefa nas zonas 2 e 4 do levantamento

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Capítulo 4 Resultados e discussão 75

Onde a postura 1121 diz respeito a atividade de bater no tijolo, a postura 2121
é relativa a retirar o excesso de massa, e a postura 4121 diz respeito as atividades
de pegar massa e pegar e colocar os tijolos.

Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se que


as fases de pegar massa, pegar e colocar os tijolos e retirar o excesso de massa
apresentam risco 2 segundo o software, porém este fato deve-se principalmente as
posturas da coluna vertebral (tabela 13).

Tabela 13 Categoria de risco obtida através do software WinOWAS das atividades do obreiro
durante as zonas 2 e 4 do levantamento de paredes.

Coluna Braços Pernas Carga Categoria


Geral
Pegar massa Risco 4 Risco 1 Risco 2 Risco 1 2
Pegar e colocar tijolos Risco 4 Risco 1 Risco 2 Risco 1 2
Bater no tijolo Risco 1 Risco 1 Risco 2 Risco 1 1
Retirar o excesso de massa Risco 3 Risco 1 Risco 2 Risco 1 2

Verificou-se que, o risco para os membros inferiores diminuiu nestas fases


devido a postura do obreiro ser em pé (figura 13) e enquadrou-se com uma postura
que deve ser revista durante a próxima revisão dos métodos de trabalho.

Figura 13 Posicionamento do pedreiro nas zonas 2 e 4 do levantamento de paredes.

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Capítulo 4 Resultados e discussão 76

A figura 14 apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas,
seus enquadramentos dentro das categorias de risco e sugestões para ações.

Figura 14 Classificação geral do risco ergonômico das zonas 2 e 4 (fase 2) do levantamento de


paredes

Notou-se ser demasiadamente alto o risco para a coluna nas atividades de


pegar a massa e pegar e colocar os tijolos. Nesta fase cabe ressaltar que o motivo
deste risco são as grandes flexões de coluna associadas a rotação de tronco (figura
15), para pegar os materiais.

Figura 15 Flexões de coluna associadas a rotação de tronco nas zonas 2 e 4 do levantamento


de paredes.

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Capítulo 4 Resultados e discussão 77

Encontrou-se maior risco ergonômico segundo o software WinOwas na fase 1


da atividade (zonas 1 e 3) necessitando de correções com urgência. Porém deve-se
ressaltar que as atividades realizadas na fase 2 da análise (zonas 2 e 4) requerem
flexões de coluna mais acentuadas que na fase 1 da análise (zonas 1 e 3) e também
que estas atividades são realizadas de forma contínua e pouco estruturada por anos
pelo trabalhador. Este fato por si, gera preocupações por vezes não descritas ou
apresentadas através do risco ergonômico proposto pelo software, porém este fator
não deve ser esquecido ou subjugado.

Em relação a carga manipulada, como esta é inferior a 10 Kg, o software a


classifica com um risco mínimo. A equação de NIOSH estabelece um valor de
referência de 23 KG que corresponde à capacidade de levantamento no plano
sagital de uma altura de 75 cm de solo, para um deslocamento vertical de 25 cm do
corpo (IIDA, 2005, p. 182). O peso manipulado pelos trabalhadores no
assentamento de tijolos não excede 1,750 Kg, valor que impõem um pequeno risco
aos trabalhadores.

4.4 Relatos de dor

Sendo o objeto deste estudo o trabalhador da construção civil, avaliou-se 91


pedreiros para a coleta dos dados. Verificou-se que estes tinham idades variando
entre 18 e 55 anos, com idade média de 33,53, desvio padrão de 9,61 e coeficiente
de variação de 28,65. Do total de trabalhadores, 29 ou 31,86% não apresentavam
dor osteomuscular de qualquer espécie. Porém dos 91 trabalhadores pesquisados,
em 62 ou 68,13% destes obteve-se relatos positivos para dor osteomuscular,
apresentados na figura 16.

Obreiros com e sem relatos de


dor

80,00% 68,13%
60,00%
31,86% Com dor
40,00%
Sem dor
20,00%
0,00%
100,00%

Figura 16 Porcentagem de obreiros com e sem relatos de dor

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 78

Entre os trabalhadores com relatos de dor, nota-se que a partir de 5 anos de


tempo de serviço os relatos de dor positivos crescem significativamente, passando
de 42,85% para 82,60%, permanecendo relativamente estáveis nesta porcentagem
nos anos subseqüentes, conforme demonstrou-se na tabela 14.

Tabela 14 Tempo de serviço X relatos de dor

Tempo de serviço Total de trabalhadores Obreiros sem dor Obreiros com dor

1 dia a 5 anos 28 16 – 57,14% 12 – 42,85%

5 anos e 1 dia a 10 anos 23 4 – 17,39% 19 – 82,60%

10 anos e 1 dia a 15 anos 17 4 – 23,52% 13 – 76,47%

15 anos e 1 dia a 20 anos 10 2 – 20% 8 – 80%

Mais de 20 anos e 1 dia 13 3 – 23,07% 10 – 76,92%

Total 91 29 – 31,86% 62 – 68,13%

Nota-se grande elevação nos relatos álgicos a partir de 5 anos de serviço,


demonstrando-se os efeitos cumulativos e nocivos que o trabalho na construção
civil gera no sistema osteomuscular dos trabalhadores. Do total de relatos álgicos,
pode-se obter através do Diagrama de Corlett, as localizações anatômicas e
intensidades das queixas álgicas relatadas pelos trabalhadores. Com relação as
queixas de dor constatou-se 141 relatos de dor em 62 trabalhadores, pois muitos
apresentaram-se poliqueixosos, ou seja, relatando queixas álgicas em mais de uma
região corporal.

As queixas álgicas apresentaram-se em diversas regiões corporais, podendo


ser distribuídas conforme o Diagrama de Corlett em 22 localizações anatômicas,
sendo elas: pescoço, cervical, costas superior, costas média, costas inferior, bacia,
ombro esquerdo e direito, braço esquerdo e direito, cotovelo esquerdo e direito,
antebraços esquerdo e direito, punho esquerdo e direito, mão esquerda e direita,
coxa esquerda e direita, perna esquerda e direita.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 79

Entre todas as regiões corporais, as costas inferiores destacaram-se como a


com maior número de relatos de dor, com 37 relatos ou 26,24% do número total de
relatos e 59,67% dos trabalhadores que relataram dor, seguindo-se da perna
esquerda com 16 relatos, e posteriormente da perna D e do ombro D, ambos com 14
relatos álgicos. Estas demonstrarem-se como sendo as regiões de demanda mais
acentuada ao sistema músculo-esquelético, tendo em vista o seu maior
comprometimento álgico. A figura 17 apresenta a distribuição das queixas álgicas
por todas as regiões corporais descritas pelo Diagrama de Corlett.

Nº de relatos de dor X regiões corporais

Pescoço
Nº de relatos de dor cervical
40 Costas sup.
Costas méd.
35 costas inf.
Bacia
30 Ombro E
Ombro D
25
Braço E
Braço D
20
Cotovelo E
15 Cotovelo D
Antebraço E
10 Antebraço D
Punho E
5 Punhpo D
Mão E
0 Mão D
Coxa E
Regiões corporais Coxa D
Perna E
Perna D

Figura 17 Número de relatos de dor x regiões corporais

Com relação a intensidade da dor, o Diagrama de Corlett a classifica em cinco


graus variando de 1 (sem dor) a cinco (dor máxima). As região onde constatou-se
maior intensidade média foi a da bacia e a da mão D, ambas com intensidade álgica
de 5. Porém, o número de relatos álgicos nestas localização foi extremamente baixo,
onde constatou-se apenas 2 relatos na região da bacia e 1 na região da mão D. A
região que figurou em 3º ,onde obteve-se também alta intensidade, com média de

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 80

4,054 foi a das costas inferior. Esta região mais uma vez apresenta-se com grande
relevância para as queixas musculares, pois além da intensidade álgica alta,
apresentou-se com o maior número dos relatos de dor. A figura 18 apresenta as
localizações anatômicas e suas respectivas intensidades álgicas médias.

Intensidade média dos relatos álgicos


Pescoço
cervical
Cost. sup.
Cost. Média
cost. inf.
5 Bacia
Ombro E
Ombro D
4 Braço E
Intensidade da dor Braço D
3 Cotovelo E
Cotovelo D
Anteb. E
2 Anteb. D
Punho E
Punho D
1 Mão E
Mão D
0 Coxa E
Coxa D
Perna E
Localização anatômica Perna D

Figura 18 Intensidade média das queixas de dor pó região corpórea

Visualizando a figura acima pode-se notar as intensidades máximas que


relatou-se anteriormente. Pode-se também notar a ausência de intensidade na mão
esquerda e no antebraço esquerdo, fato que se deve a ausência de relatos de dor
nestas regiões corpóreas.

Os relatos álgicos quando agrupados por região apresentaram o maior número


de queixas na região da coluna com 62 queixas. Porém em segundo lugar
encontrou-se a região dos membros superiores com 43 relatos, e em último lugar
com 36 relatos encontrou-se a região dos membros inferiores (figura 19).

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 81

Relatos de dor por regiões

80 62

nº de relatos
60 43 Coluna
36
40
20 Membros
0 inferiores
1 Membros
superiores
regiões anatômicas

Figura 19 Relatos de dor por regiões corpóreas agrupadas

Verificou-se que apesar do risco ergonômico ser maior para os membros


inferiores em comparação aos membros superiores, o número de queixas em
membros superiores tornou-se mais expressiva que a de membros inferiores.
Notou-se com este fato que também existe demanda acentuada para os membros
superiores durante a atividade do levantamento de paredes.

4.5 Distribuição espacial do posto de trabalho

Observou-se a distribuição espacial dos componentes do posto de trabalho do


levantamento de paredes. Para análise mediu-se as distâncias entre o pedreiro e a
parede, o pedreiro e os tijolos, o pedreiro e a argamassa, a parede e a argamassa, a
altura dos tijolos, e a altura da argamassa.

Nas zonas 1 e 2 do levantamento de paredes onde o trabalhador encontra-se


posicionado ao nível do solo analisou-se 10 postos de trabalho , obtendo-se as
medidas da distribuição espacial (tabela 15).

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 82

Tabela 15 Distribuição do posicionamento espacial nos postos de trabalho das zonas 1 e 2

Posicionamento dos materiais

Fases 1 e 2 em cm

*Trab. Ped/par. Ped/Tij. Ped/arg. Par/arg. Altura tij. Altura Arg.

1 55 50 60 55 35 35

8 45 50 55 75 36 25

21 50 60 55 50 9 25

26 45 50 60 65 10 45

27 60 55 55 60 35 35

29 45 40 55 65 35 30

47 50 50 50 60 9 35

61 45 50 50 60 40 30

79 40 50 54 58 38 20

83 50 50 60 70 10 39

média 48,50 50,50 55,40 61,80 25,70 31,90

*Os números utilizados nesta coluna dizem respeito a numeração utilizada para
denominação dos trabalhadores durante a coleta de dados

Legenda: Trab. - trabalhador


Ped/par. - distância entre o pedreiro e a parede
Ped/Tij. - distância entre o pedreiro e os tijolos
Ped/arg. - distância entre o pedreiro e a argamassa
Par/arg. - distância entre a parede e a argamassa
Altura tij. - altura dos tijolos
Altura Arg. - altura da argamassa

Após a constatação das medidas verificou-se se normalidade dos valores é


plausível. Para a localização de outliers foi utilizado o Box-plot. Os outliers
localizados foram excluídos do conjunto. Nestas fases notou-se a existência de 3
medidas avaliadas como outliers. Após a retirada destes observaram-se as médias
da distância entre as variáveis descritas acima, seus desvios padrão e coeficientes
de variação (tabela 16).

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 83

Tabela 16 Média, desvio padrão e coeficiente de variação das zonas 1 e 2

Trab. Ped/par. Ped/Tij. Ped/arg. Par/arg. Altura Altura


tij. Arg.

média 48,50 48,75 55,40 61,80 25,70 31,90

desv. 5,8 3,54 3,72 7,24 14,03 7,42


Pad.

coef. 11,95 7,25 6,71 11,71 54,59 23,25


Variação

Partindo-se das médias dos valores da distribuição espacial do posto para as


zonas 1 e 2 do levantamento de paredes, elaborou-se visualmente esta distribuição,
conforme a figura 20 abaixo.

Pa

Pe – pedreiro

Pa – parede
48,50 cm 61,80 cm
A – argamassa

T – tijolo
T Pe

48,75cm 55,4 cm A
A
Figura 20 Medidas médias da disposição espacial do posto nas zonas 1 e 2

Para melhor visualização do posto de trabalho a figura 21 representa a


distribuição espacial em 1 dos postos que avaliou-se.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 84

Figura 21 Posto de trabalho das zonas 1 e 2.

Nota-se o posicionamento dos tijolos ao nível do solo, a argamassa


posicionada a cima do carrinho de mão e mais posteriormente em relação aos
tijolos. Notou-se que durante esta distribuição de posto de trabalho na fase 1 o
trabalhador permanece por longos períodos ajoelhado tendo que realizar
constantemente movimentos nocivos a sua saúde. Na fase 2 do levantamento, com
esta distribuição de posto de trabalho (figura 6) o trabalhador vê-se forçado a realizar
flexões acentuadas de coluna para realizar o alcance dos materiais e permanece por
longos períodos em pé.

Para análise das zonas 3 e 4 também mediu-se as distâncias entre o pedreiro


e a parede, o pedreiro e os tijolos, o pedreiro e a argamassa, a parede e a
argamassa, a altura dos tijolos, e a altura da argamassa, porém mediu-se também a
altura do andaime, que é colocado para a realização do levantamento nestas zonas.

Nas zonas 3 e 4 do levantamento de paredes onde o trabalhador encontra-se


posicionado acima do andaime analisou-se 12 postos de trabalho , obtendo-se as
medidas da distribuição espacial (tabela 17).

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 85

Tabela 17 Distribuição do posicionamento espacial nos postos de trabalho das zonas 3 e 4

Posicionamento dos materiais

Fases 3 e 4 em cm

*Trab. Ped/par. Ped/Tijolo Ped/arg. Par/arg. Altura Altura Altura


tij. Arg. And.

10 45 60 55 45 10 20 140

15 45 40 50 45 9 20 130

16 55 50 50 55 15 35 140

17 50 60 60 50 10 30 140

18 45 50 60 55 14 25 140

19 50 40 55 50 16 30 140

48 45 60 55 45 9 20 130

70 40 50 40 80 16 50 74

62 50 45 40 50 14 15 74

73 40 43 45 66 15 13 74

83 50 60 60 50 17 23 140

84 50 60 60 50 10 20 140

média 47,08 51,50 52,50 53,42 12,91 25,08 121,83

*Os números utilizados nesta coluna dizem respeito a numeração utilizada para denominação dos
trabalhadores durante a coleta de dados
Legenda: Trab. - trabalhador
Ped/par. - distância entre o pedreiro e a parede
Ped/Tij. - distância entre o pedreiro e os tijolos
Ped/arg. - distância entre o pedreiro e a argamassa
Par/arg. - distância entre a parede e a argamassa
Altura tij. - altura dos tijolos
Altura Arg. - altura da argamassa
Altura And. - altura do andaime

Após a constatação das medidas verificou-se se normalidade dos valores é


plausível. Para a localização de outliers foi utilizado o Box-plot. Os outliers
localizados foram excluídos do conjunto. Nestas fases notou-se a existência de 2
medidas avaliadas como outliers. Após a retirada destes observaram-se as médias

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 86

da distância entre as variáveis descritas acima, seus desvios padrão e coeficientes


de variação (tabela 18).

Tabela 18 Média, desvio padrão e coeficiente de variação das zonas 3 e 4

Trab. Ped/par. Ped/Tij. Ped/arg. Par/arg. Altura Altura Altura


Tij. arg. and.

média 47,08 51,50 52,50 53,42 12,91 22,82 121,83

desv. 4,50 8,24 7,54 10,18 3,05 6,68 29,09


pad.

coef. 9,56 16,00 14,36 19,07 23,68 29,26 23,88

Partindo-se das médias dos valores da distribuição espacial do posto para as


zonas 3 e 4 do levantamento de paredes, elaborou-se visualmente esta distribuição,
conforme a figura 22 abaixo.

Pa Pe – pedreiro

Pa – parede

53,42 cm 47,80 cm A – argamassa

T – tijolo

T 51,50 cm Pe 52,50 cm A

Figura 22 Medidas médias da disposição espacial do posto nas zonas 3 e 4

Para melhor visualização do posto de trabalho a figura 23 representa a


distribuição espacial em 1 dos postos que avaliou-se.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 87

Figura 23 Posto de trabalho das zonas 3 e 4.

Nota-se o posicionamento dos tijolos ao nível do andaime, a argamassa


posicionada em cima do andaime. Com relação ao andaime notou-se 2 alturas que
prevaleceram, 140 cm e 74 cm.

O posicionamento em série dos tijolos, pedreiros e argamassa faz com que


durante a realização da atividade o trabalhador realize constantemente as rotações
de tronco para ambos os lados com o fim de alcançar o material na zona 3 e flexões
acentuadas de coluna com rotações de tronco na zona 4. O trabalhador vê-se
obrigado a manter o mesmo posicionamento corporal por longos períodos, pois o
mesmo fica retido entre os tijolos e a argamassa.

A distribuição espacial dos postos de trabalho da atividade do levantamento de


paredes da construção civil apresenta inicialmente diversos pontos passíveis de
modificação, alguns com extrema necessidade de mudanças e adaptações ao perfil
do trabalhador, conforme o item 4.7.

4.6 Antropometria dos trabalhadores da construção civil

Neste estudo aferiram-se 11 variáveis antropométricas (10 retiradas do “Adult


Data” e a 11 denominada “pega cilíndrica de maior conforto”) de 91 trabalhadores,
pedreiros da construção civil da região de Ponta Grossa. As variáveis que se
verificaram são: altura total dos trabalhadores (denominada “2”), altura dos olhos a
base com o trabalhador em pé (denominada “30”), altura do cotovelo a base com o

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 88

trabalhador em pé (denominada “119”), altura do punho a base com o trabalhador


em pé (denominada“131”), altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé
(denominada “60”), altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé
(denominada “90”), altura da articulação dos dedos (metacarpofalangianas) a base
com o trabalhador em pé (denominada “146”), ombro (acrômio) a mão em posição
de agarrar (“princh-grip”) com o membro superior na horizontal anteriorizado
(denominada “108”), pega máxima (garra) polegar/indicado (denominada “151”),
circunferência da pega cilíndrica (denominada “148”) e a pega cilíndrica de maior
conforto.

Inicialmente, após a coleta dos dados, verificou-se se estas obedeciam a uma


distribuição normal através do teste de normalidade de Kolmogorov Smirnov.
Obteve-se que 4 das variáveis antropométricas aferidas não apresentavam uma
distribuição normal, sendo estas as denominadas “108”, “151”, “148” e “pega
cilíndrica de maior conforto”.

Porém verificou-se que a variável “108”, após eliminar-se dois dados


apresentados como outliers torna-se plausível para esta variável a distribuição
normal (Figura 24).

Figura 24 Distribuição normal da variável “108”

Probability Plot of C1
Normal
99,9
Mean 63,44
StDev 3,811
99 N 89
AD 0,504
95 P-Value 0,199
90
80
70
Percent

60
50
40
30
20
10
5

0,1
50 55 60 65 70 75
C1

Nas variáveis denominadas como “151”, “148” e pega cilíndrica de maior


conforto a ausência de normalidade deu-se ao fato de que os valores obtidos nas
medições são extremamente semelhantes entre si, igualando-se em muitos casos
(gráficos 25, 26 e 27).

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 89

Figura 25 Distribuição da variável “151”.

Normalidade 151
Normal
99,9
Mean 13,88
StDev 1,200
99
N 91
AD 6,863
95 P-Value <0,005
90
80
70

Percent
60
50
40
30
20
10
5

0,1
10 11 12 13 14 15 16 17 18
151

Figura 26 Distribuição da variável “148”.


Normalidade 148
Normal
99,9
Mean 13,08
StDev 1,231
99 N 91
AD 2,894
95 P-Value <0,005
90
80
70
Percent

60
50
40
30
20
10
5

0,1
9 10 11 12 13 14 15 16 17
148

Figura 27 Distribuição da variável “pega de maior conforto”.

Normalidade PEGA DE CONF.


Normal
99,9
Mean 10,59
StDev 1,414
99 N 91
AD 2,159
95 P-Value <0,005
90
80
70
Percent

60
50
40
30
20
10
5

0,1
5,0 7,5 10,0 12,5 15,0
pega conf.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 90

Após verificar-se a distribuição dos dados, avaliou-se a existência de outliers,


ou seja, dados que conforme a análise do box plot deveriam ser retirados da análise
de resultados, para evitar-se a constatação de resultados errôneos. Do total de 1001
medidas realizadas, 9 medidas foram excluídas da análise de resultados, ou 0,89 %
das medidas que aferiu-se.

Seguindo-se a exclusão dos outliers, prosseguiu-se com a análise (tabela 19).

Tabela 19 Média e variação das variáveis antropométricas

Variáveis (* Descrição das variáveis apresentada na legenda abaixo)

“2” “30” “119” “131” “60” “90” “146” “108” “151” “148” “pega
de maior
conforto”

Média (em 170,17 158,72 108,99 84,154 138,51 88,382 75,300 63,438 13,879 13,077 10,593
cm)

Desvio 6,89 6,96 5,81 4,521 6,51 4,435 4,004 3,811 1,200 1,231 1,414
padrão

Coeficiente 4,05 4,38 5,33 5,37 4,70 5,02 5,32 6,01 8,65 9,42 13,35
de
variação

Legenda:

2 Altura total dos trabalhadores


30 Altura dos olhos a base com o trabalhador em pé
119 Altura do cotovelo a base com o trabalhador em pé
131 Altura do punho a base com o trabalhador em pé
60 Altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé
90 Altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé
146 Altura da articulação dos dedos (metacarpofalangeana) a base com o trabalhador em pé
108 Ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”), com o membro superior na
horizontal anteriorizado
151 Pega máxima (garra), polegar indicador, medida com bloco
148 Circunferência da pega cilíndrica

Conforme mostrado na tabela 19 a variável “2” apresentou-se com média de


170,17 cm, desvio padrão de 6,89 e coeficiente de variação de 4,05. A variável “30”
apresentou média de 158,72 cm, desvio padrão de 6,96 e coeficiente de variação de
4,38. A variável “119” apresentou média de 108,99 cm, desvio padrão de 5,81 e
coeficiente de variação de 5,33. A variável “131” apresentou média de 84,154 cm,
desvio padrão de 4,521 e coeficiente de variação de 5,37. A variável “60” apresentou

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 91

média de 138,51 cm, desvio padrão de 6,51 e coeficiente de variação de 4,70. A


variável “90” apresentou média de 88,382 cm, desvio padrão de 4,435 e coeficiente
de variação de 5,02. A variável “146” apresentou média de 75,300 cm, desvio
padrão de 4,004 e coeficiente de variação de 5,32. A variável “108” apresentou
média de 63,438 cm, desvio padrão de 3,811 e coeficiente de variação de 6,01. A
variável “151” apresentou média de 13,879 cm, desvio padrão de 1,200 e coeficiente
de variação de 8,65. A variável “148” apresentou média de 13,077 cm, desvio
padrão de 1,231 e coeficiente de variação de 9,42. A variável “pega de maior
conforto” apresentou média de 10,593 cm, desvio padrão de 1,414 e coeficiente de
variação de 13,35.

4.7 Avaliação da adaptação dos postos de trabalho

Após realizar-se as medições antropométricas e da distribuição espacial dos


componentes do posto de trabalho do levantamento de paredes deu-se a avaliação
por contraste dos resultados métricos encontrados em ambas as situações. As
medidas antropométricas compararam-se com o trabalhador ao nível do solo e com
o trabalhador posicionado em cima do andaime.

4.7.1 Pedreiro ao nível do solo (zonas 1 e 2 do levantamento)

A medida que encontrou-se quando aferida a distância entre o pedreiro e a


parede resultou em 48,5 cm. A distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição
de agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado
(variável “108”), seria a medida máxima aceitável, pois este seria o posicionamento
para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga
da coluna com flexões. Porém o posicionamento de trabalho com menor risco
postural seria com membro superior do trabalhador com flexão de cotovelo de
aproximadamente 30 graus. Diminuindo-se o valor da variável “60” (meio do ombro a
base com o trabalhador em pé) pelo da variável “131” (punho a base com o
trabalhador em pé) obteve-se o valor da medida do ombro ao punho. Encontrou-se o
valor de 54,51 cm para o comprimento do meio do ombro ao punho. Portanto a

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 92

distância para a realização da atividade com menor risco ao trabalhador seria inferior
a 54,51 cm, enquadrando o valor que encontrou-se de 48,5 cm como aceitável.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e os


tijolos foi de 48,75 cm. Porém para que o trabalhador possa pegar os tijolos a
medida máxima seria próximo a 63,438 cm (variável”108”). Neste caso encontrou-se
12,938 cm “de sobra”, classificando este posicionamento como dentro dos padrões
antropométricos, pois possibilita que o pedreiro trabalhe com leve flexão de cotovelo.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e a


argamassa resultou em 55,4 cm. A medida máxima aceitável para este
posicionamento seria a distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição de
agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado (variável
“108”). Esta distância seria a máxima aceitável, pois este seria o posicionamento
para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga
da coluna com flexões. A medida da variável “108” resultou em 63,438 cm,
ocasionando uma diferença de 8,035 cm. Neste caso classificou-se a medida entre o
pedreiro e a argamassa como dentro dos parâmetros antropométricos, pois não
excede o valor da variável “108”.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre a parede e a


argamassa foi em média de 61,8 cm. A distância entre o pedreiro e a parede é de
48,5 cm em média, então, subtraindo-se as medidas, obteve-se que a argamassa
esta posicionada13,3 cm atrás (porém na diagonal) do trabalhador. Isto faz com que
haja aumento da rotação de tronco, movimento muitas vezes lesivo para a coluna
vertebral.

A altura dos tijolos que estavam sendo utilizados para realizar o levantamento
resultou em uma média de 25,7 cm. Se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável
“146”, altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em
pé) e os tijolos a 25,7 cm, existe uma diferença de 49,6 cm em média, diferença esta
que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir
alcançar os tijolos. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo Dul e
Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de atividade
deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém subtraindo-se a
altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”), equivalente a

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 93

108,99 cm, da altura média dos tijolos equivalente a 25,70 cm, encontra-se um
resultado de 83,29 cm. Este valor indica que no mínimo a superfície dos tijolos
utilizados está a 53,29 cm abaixo do que deveria, incrementando enormemente as
flexões de coluna utilizadas para esta atividade em determinados momentos.

A altura do posicionamento da argamassa utilizada durante o assentamento


de tijolos foi em média de 31,9 cm. Utilizando-se o mesmo pensamento
anteriormente relatado, se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável “146”, altura
das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em pé) e a
argamassa a 31,9 cm do solo, existe uma diferença de 43,4 cm em média, diferença
esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir
alcançar a argamassa. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo Dul e
Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de atividade
deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém subtraindo-se a
altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”) da altura média
do posicionamento da argamassa, encontra-se um resultado de 77,09 cm ,
indicando que a superfície dos tijolos utilizados está a pelo menos 47,09 cm abaixo
do indicado, incrementando novamente as flexões de coluna utilizadas para a
atividade.

A tabela 20 apresenta de forma sucinta as situações encontradas, a análise e


as providências recomendadas para as zonas 1 e 2 do levantamento.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 94

Tabela 20 Situações encontradas, análise e providências recomendadas nas zonas 1 e 2

Situações encontradas Análise Providências recomendadas


Distância entre o pedreiro e a Medida aceitável Manter distância inferior a
parede resultou em 48,5 cm 54,51 cm
Distância entre o pedreiro e os Medida aceitável Manter distância máxima
tijolos resultou em 48,75 cm inferior a 63,438 cm
Distância entre o pedreiro e a Medida aceitável Manter distância máxima
argamassa resultou em 55,4 inferior a 63,438 cm
cm
Distância entre a parede e a Pouco adaptada gerando Manter distância máxima
argamassa resultou em 61,8 aumento da rotação de tronco inferior a 48,5 cm
cm
Altura dos tijolos que estavam Pouco adaptada compensando Manter altura mínima de 75,3
sendo utilizados para realizar o com flexões de tronco para cm do solo
levantamento resultou em uma conseguir alcançar os tijolos
média de 25,7 cm
Altura do posicionamento da Pouco adaptada compensando Manter altura mínima de 75,3
argamassa resultou em uma com flexões de tronco para cm do solo
média de 31,9 cm conseguir alcançar a
argamassa

4.7.2 Pedreiro posicionado no andaime (zonas 3 e 4 do levantamento)

À medida que se encontrou quando aferida a distância entre o pedreiro e a


parede resultou em 47,083 cm. A distância entre o ombro (acrômio) a mão em
posição de agarrar (“princh-grip”), com o membro superior na horizontal
anteriorizado (variável “108”), seria a medida máxima aceitável, pois este seria o
posicionamento para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem
realizar sobrecarga da coluna com flexões. Porém o posicionamento de trabalho
com menor risco postural seria com membro superior do trabalhador com flexão de
cotovelo de aproximadamente 30 graus. Diminuindo-se o valor da variável “60” (meio
do ombro a base com o trabalhador em pé) pelo da variável “131” (punho a base
com o trabalhador em pé) obteve-se o valor da medida do ombro ao punho.
Encontrou-se o valor de 54,51 cm para o comprimento do meio do ombro ao punho.
Portanto a distância para a realização da atividade com menor risco ao trabalhador
seria inferior a 54,51 cm, enquadrando o valor que encontrou-se de 47,083 cm como
aceitável.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 95

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e os


tijolos foi de 51,5 cm. Porém para que o trabalhador possa pegar os tijolos a medida
máxima seria próximo a 63,438 cm (variável”108”). Neste caso encontrou-se 11,938
cm “de sobra”, classificando este posicionamento como dentro dos padrões
antropométricos, pois possibilita que o pedreiro trabalhe com leve flexão de cotovelo.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e a


argamassa resultou em 52,5 cm. A medida máxima aceitável para este
posicionamento seria a distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição de
agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado (variável
“108”). Esta distância seria a máxima aceitável, pois este seria o posicionamento
para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga
da coluna com flexões. A medida da variável “108” resultou em 63,438 cm,
ocasionando uma diferença de 10,938 cm. Neste caso classificou-se a medida entre
o pedreiro e a argamassa como dentro dos parâmetros antropométricos, pois não
excede o valor da variável “108”.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre a parede e a


argamassa foi em média de 53,416 cm. A distância entre o pedreiro e a parede é de
47,083cm em média, então, subtraindo-se as medidas, obteve-se que a argamassa
está posicionada 6,333 cm atrás (porém na diagonal) do trabalhador. Isto faz com
que haja aumento da rotação de tronco, movimento muitas vezes lesivo para a
coluna vertebral.

A altura dos tijolos que estavam sendo utilizados para realizar o levantamento
resultou em uma média de 12,916 cm. Se os dedos estão a 75,3 cm do solo
(variável “146”, altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o
trabalhador em pé) e os tijolos a 12,916 cm, existe uma diferença de 62,384 cm em
média, diferença esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de coluna
para conseguir alcançar os tijolos. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo
Dul e Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de
atividade deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém
subtraindo-se a altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”)
da altura média dos tijolos, encontra-se um resultado de 95,574 cm , indicando que
no mínimo a superfície dos tijolos utilizados está a 65,574 cm abaixo do que deveria,

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 96

incrementando enormemente as flexões de coluna utilizadas para esta atividade em


determinados momentos.

A altura do posicionamento da argamassa utilizada durante o assentamento


de tijolos foi em média de 25,083 cm. Utilizando-se o mesmo pensamento
anteriormente relatado, se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável “146”, altura
das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em pé) e a
argamassa a 25,083 cm, existe uma diferença de 50,217 cm em média, diferença
esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir
alcançar a argamassa. Subtraindo-se a altura dos cotovelos a base com o
trabalhador em pé (variável “119”) da altura média do posicionamento da
argamassa, encontra-se um resultado de 83,907 cm, indicando que a superfície dos
tijolos utilizados está a pelo menos 53,907 cm abaixo do máximo indicado por Dul e
Weerdmeester (2004), incrementando novamente as flexões de coluna utilizadas
para a atividade.

Outro valor que se avaliou quando o posicionamento do obreiro encontrava-se


acima do andaime é a altura que este andaime estava posicionado em relação ao
solo. A altura média dos andaimes foi de 121,83 cm. Porém deve-se considerar que
a altura média do ombro ao chão foi de 138,51 cm. A média da altura do andaime
está adequada, tendo em vista que não irá ocorrer flexão de ombro acima de 90°, o
que seria extremamente nocivo. Um fato preocupante em relação a altura dos
andaimes concentrou-se nas variações das medidas destes, que subdividiram-se
em três medidas básicas, 140 cm, 130 cm e 74 cm. Quando o andaime estiver
posicionado a 140 cm do solo este adaptava-se antropometricamente às medidas
médias meio do ombro/chão dos trabalhadores pesquisados, sendo que estes não
precisariam em nenhum momento realizar flexão de ombro acima de 90°. Quando o
andaime estiver posicionado a 130 cm, do solo, o trabalhador quando estiver
posicionado acima deste terá que realizar uma flexão de ombro ligeiramente acima
de 90°, pois a parede construída tem 270 cm de altu ra. Irão sobrar 1,49 cm de
parede acima da altura ombro/chão dos trabalhadores pesquisados. Quando o
andaime estiver posicionado a 74 cm, do solo, o trabalhador terá, após subir ao
andaime, que levantar ainda 196 cm de parede, o que fará o trabalhador realizar

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 97

flexão de ombro acima de 90° para compensar 57,49 c m acima da altura do meio de
seu ombro.

Avaliou-se a circunferência da pega da colher de pedreiro para verificar sua


adaptação aos padrões do trabalhador. A média da circunferência da colher de
pedreiro resultou em 8,7606 cm, porém o valor da circunferência da pega mais
confortável para os trabalhadores foi de 10,593 cm ou 34 mm, o que apresenta uma
diferença de 1,8324 cm de circunferência entre o confortável e o real. Porém
ressalta-se um ponto positivo que, sendo o valor da circunferência média da pega da
colher de pedreiro menor que o da pega cilíndrica máxima, seu risco fica reduzido,
pois a maior demanda será imposta na palma da mão ao invés dos dedos.

Verificou-se que 50% das medidas dos postos de trabalho apresentam-se não
adaptadas ou pouco adaptadas aos obreiros. Avaliou-se que das 14 medidas que
verificou-se nos postos de trabalho ao nível do solo e acima do andaime, 7 foram
insatisfatórias, quando comparadas a antropometria dos trabalhadores da
construção civil. Sendo a construção civil um grande pólo empregador e a tarefa do
levantamento de paredes indispensável em grande parte das edificações realizadas,
os postos de trabalho do levantamento de paredes devem ser revistos, para enfim,
torná-los mais seguros e adaptados a grande massa de trabalhadores ocupantes
desta função.

A tabela 21 apresenta de forma sucinta as situações encontradas, a análise e


as providências recomendadas para as zonas 3 e 4 do levantamento.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 98

Tabela 21 Situações encontradas, análise e providências recomendadas nas zonas 3 e 4

Situações encontradas Análise Providências recomendadas


Distância entre o pedreiro e a Medida aceitável Manter distância inferior a
parede resultou em 47,083 cm 54,51 cm
Distância entre o pedreiro e os Medida aceitável Manter distância máxima
tijolos resultou em 51,5 cm inferior a 63,438 cm
Distância entre o pedreiro e a Medida aceitável Manter distância máxima
argamassa resultou em 52,5 inferior a 63,438 cm
cm
Distância entre a parede e a Pouco adaptada gerando Manter distância máxima
argamassa resultou em 53,416 aumento da rotação de tronco inferior a 47,083cm
cm
Altura dos tijolos que estavam Pouco adaptada compensando Manter altura mínima de 75,3
sendo utilizados para realizar o com flexões de tronco para cm do solo
levantamento resultou em uma conseguir alcançar os tijolos
média de 12,916 cm
Altura do posicionamento da Pouco adaptada compensando Manter altura mínima de 75,3
argamassa resultou em uma com flexões de tronco para cm do solo
média de 25,083 cm conseguir alcançar a
argamassa
Altura do andaime em relação Em alguns momentos flexão de Que o andaime se eleve
ao solo resultou em 121,83 cm ombro acima de 90° juntamente com a elevação da
parede a ser construída ou a
opção de 2 andaimes de
alturas, 90 cm e 180 cm

Circunferência da pega da Medida aceitável Porém, o valor da pega de


colher de pedreiro resultou em maior conforto para os
8,7606 cm trabalhadores foi de 10,593

4.8 Sugestões de adaptações dos postos de trabalho aos pedreiros da


Construção Civil

Nas zonas 1, 2, 3 e 4 do levantamento de paredes, com o trabalhador na


zona 1 posicionado ajoelhado ao nível do solo, na zona 2 posicionado em pé ao
nível do solo, na zona 3 posicionado ajoelhado acima do andaime e na zona 4 com o
trabalhador posicionado em pé acima do andaime, a medida do posicionamento
mais próximo do ideal seria que o trabalhador estivesse a uma distância menor que
54,51 cm da parede. De forma geral este trabalhador deverá posicionar-se de modo
que a distância entre ele e a parede seja inferior a distância entre o meio do ombro

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 99

ao punho. Este posicionamento permitirá que o trabalhador realize sua tarefa com
flexão de cotovelo e sem flexões de coluna.

Para proporcionar uma melhor adaptação, o trabalhador pode posicionar-se a


aproximadamente 24,84 cm da parede, pois esta medida é a diferença entre as
variáveis 119 e 131 e equivale a medida do comprimento do antebraço. Desta forma
o trabalhador não realizará flexões de ombro de qualquer espécie, mantendo o
braço constantemente encostado ao tronco.

A distância máxima entre o pedreiro e os tijolos, e também a distância máxima


entre o pedreiro e a argamassa, deveria ser inferior a 63,438 cm de cada lado, ou
seja, inferior a distância do ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-
grip”). Ambos os materiais devem posicionar-se levemente a frente dos
trabalhadores para que se evitem as torções de tronco, com o fim de alcançar estes
materiais.

Nas zonas 1 e 3 do levantamento de paredes o trabalhador encontra-se em


grande parte do tempo ajoelhado, posição esta que não deve ser mantida por longos
períodos. A utilização de uma pequena banqueta, mesmo estando longe do ideal,
pode auxiliar para que se alternem os posicionamentos.

Os tijolos e argamassa devem estar posicionados pelo menos a 75,3 cm do


solo (altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em
pé), para que o trabalhador não seja obrigado a realizar flexões de tronco
aumentando a demanda da coluna, quando estiver realizando o levantamento de
paredes nas zonas 2 e 4.

Outro ponto passível de adaptação diz respeito a altura do andaime. O ideal é


que o andaime se eleve juntamente com a elevação da parede a ser construída
(LUTTMANN, JÄGER E LAURIG, 1991), para que se evitem elevações de ombro
desnecessárias. Deve-se lembrar que segundo Dul e Weerdmeester (2004) o ideal é
que a superfície de trabalho, que no caso do levantamento de paredes é a própria
parede a ser levantada, deve estar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos do
trabalhador o que para os trabalhadores estudados equivale a 108,99 cm.

Existe também como segunda opção a possibilidade de utilizar-se 2 andaimes


de alturas, 90 cm e 180 cm, evitando-se também a demanda excessiva dos

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 4 Resultados e discussão 100

membros superiores, principalmente dos ombros durante o levantamento de


paredes.

Com relação à colher de pedreiro sugere-se que sua circunferência seja


adaptada a pega de maior conforto aos trabalhadores, ou seja, aproximadamente
10,593 cm.

Deve-se lembrar que além da adaptação do posto de trabalho aos


trabalhadores, fatores organizacionais das empresas podem ser melhorados com o
intuito de diminuir o risco de DORT. Segundo Looze et al (1996) não é indicada a
redução do peso dos tijolos, pois ocorre a intensificação dos ciclos de trabalho.
Porém a diminuição dos ciclos de trabalho deve ser realizada para diminuir a
repetitividade da tarefa.

A instalação de pausas regulares de trabalho, associadas a alongamentos


principalmente de coluna lombar e membros superiores e ginástica laboral, também
são ferramentas úteis para a diminuição do risco a saúde dos trabalhadores.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 5 Conclusões 101

5 CONCLUSÕES

A atividade na construção civil apresenta-se como uma forma de trabalho com


grandes exigências físicas para realização de suas tarefas. A utilização da mão de
obra humana é extremamente necessária para sua realização, sendo solicitada em
todos os tipos de atividades desenvolvidas.

Na tarefa do levantamento de paredes a tecnologia como aliada dos


trabalhadores não se apresenta muito presente, havendo então uma maior
solicitação física dos trabalhadores para realização das atividades. Fatores
agregados como o sistema terceirizado de produção, também utilizado por algumas
empresas, favorecem a displicência com a saúde incrementando o aparecimento de
distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.

Durante a análise da atividade do trabalhador da construção civil durante a


tarefa do levantamento de paredes nos canteiros estudados, notou-se a utilização de
movimentos por vezes estáticos e por vezes repetitivos corroborando com Marçal et
al (2006) quando estes verificaram a presença da adoção de posturas estáticas e
movimentos repetitivos também nos trabalhadores da construção civil.

Pela análise visual da atividade houve demanda acentuada em coluna


lombar, membros superiores e membros inferiores, e a atividade mostrou-se
extremamente desgastante. Os trabalhadores realizavam com freqüência flexões e
rotações de coluna. Mantinham-se ajoelhados por longos períodos ou permaneciam
em pé também por longos períodos. Em grande parte do tempo do ciclo de trabalho
realizava-se a retirada do excesso de massa ou pegava-se massa, realizando-se
constantemente flexões acentuadas de tronco.

Os trabalhadores, além das pausas prescritas do trabalho, realizavam


constantemente pausas não prescritas, fato que sugere quanto fatigante é a
atividade este fato também foi encontrado nos estudos de Jorgensen, Jensen e Kato
(1991), onde constatou-se a presença de fadiga muscular durante o dia de trabalho
do pedreiro, porém durante o revestimento de paredes.

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 5 Conclusões 102

Constatou-se que os riscos ergonômicos do trabalhador da construção civil


durante o levantamento de paredes de alvenaria são acentuados, variando conforme
a região anatômica estudada e a altura da parede.

Na fase 1 da análise (zonas 1 e 3), as categorias de risco avaliados pelo


software WinOWAS classificaram-se em 75% com risco 4 e 25% com risco 2. O
risco acentuado e em grande porcentagem da análise da fase 1 foi principalmente
pela demanda mais acentuada dos membros inferiores e da coluna. Verificou-se que
as atividades de pegar a massa, pegar e colocar tijolos e retirar o excesso de massa
necessitam de modificações imediatas devido ao alto risco associado.

Utilizando-se ainda o software WinOWAS, porém na fase 2 da análise (zonas


2 e 4), as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS classificaram-se
em 25% com risco 1 e 75% com risco 2. Nota-se a discrepância entre os resultados
da fase 1 da análise com os resultados da fase 2. Este fato ocorreu devido ao
trabalhador estar posicionado ortostaticamente, diminuindo o risco inerente aos
membros inferiores, porém permanecendo alto o risco inerente a coluna (risco 4),
nas atividades de pegar a massa e pegar e colocar os tijolos.

Através da análise do software WinOWAS encontrou-se a coluna como a


região corporal com maior risco de desenvolvimento de DORT nos trabalhadores
estudados, fato que concorda com Stürmer et al (1997) e Goldshevder et al (2002)
onde estes descrevem a região da coluna lombar como a de maior risco de
aparecimento de DORT entre os trabalhadores da construção civil.

Durante a avaliação das localizações das zonas álgicas através do Diagrama


de Corlett, verificou-se que dos 68,13% dos trabalhadores com relatos de dor,
59,67% apresentaram dor em coluna lombar (costas inferior). Na mesma região
encontrou-se a terceira maior média de intensidade álgica dos relatos de dor no
valor de 4,054 (de um total de cinco). Estes fatos corroboram com os estudos de
Stürmer et al (1997) e Goldshevder et al (2002) em relação a maior facilidade de
aparecimento de DORT em coluna lombar.

Em ambas as fases da análise e para todas as atividades o risco para os


braços, segundo o software, resultou em 1. Este resultado indicaria que a postura é
normal e dispensaria cuidados a não ser em casos excepcionais. Este fato foi

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Capítulo 5 Conclusões 103

controverso a observação direta que realizou-se no canteiro, porém concorda com


os estudos de Sporrong et al (1999), onde estes relataram que os ombros também
representam um local comum de aparecimento de dor em trabalhadores da
construção civil. Este fato entra em contraste com o risco ergonômico encontrado
pelo software WinOWAS para estas estruturas.

Notou-se que havia solicitação constante dos membros superiores durante


todas as fases estudadas, demonstrando repetitividade associada ao levantamento
constante de carga referentes ao peso de cada tijolo colocado, durante grande parte
da jornada laboral.

Encontrou-se 14 relatos de dor em ombro direito entre os trabalhadores da


construção civis estudados, corroborando com Sporrong et al (1999). Quando
agrupadas as queixas dos membros superiores encontrou-se 43 relatos de dor nesta
região corporal, inferior apenas a região da coluna.

Portanto, encontraram-se relatos de dor e verificou-se visualmente demanda


também acentuada na região dos membros superiores. Neste caso sugere-se que
apesar do baixo risco para membros superiores que se avaliou através do software
WinOWAS, também sejam tomados cuidados e realizadas melhoras com relação a
esta região, sendo indicado outros tipos de ferramentas de avaliação.

A precariedade dos postos de trabalho com relação a adaptações aos


trabalhadores exibe explicações para o grande número de relatos de dor
encontrados. Durante a montagem de um posto de trabalho não existem
preocupação quanto a diminuição de demanda ou utilizações de padrões posturais
menos debilitantes. Das 14 medidas que verificaram-se nos postos de trabalho ao
nível do solo e acima do andaime, 57,15 % encontraram-se não adaptadas aos
padrões antropométricos dos pedreiros da construção civil.

Analisando-se o objetivo geral desta pesquisa verificou-se que este foi


atingido. Através da realização de todos os objetivos específicos inicialmente
idealizados pode-se apontar adaptações ergonômicas para o posto de trabalho da
tarefa do levantamento de paredes da construção civil, de modo que se minimiza-se
o risco de aparecimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.

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Capítulo 5 Conclusões 104

À hipótese inicialmente formulada “Os postos de trabalho dos pedreiros na


tarefa do assentamento de tijolos não estão adaptados aos trabalhadores,
necessitando de adequações antropométricas e biomecânicas” mostrou-se
verdadeira.

A atividade durante a tarefa do levantamento de paredes é repetitiva e repleta


de posturas inadequadas a saúde, porém o risco ergonômico não mostrou-se
elevado em todo decorrer da atividade. O risco ergonômico resultou em números
mais acentuados na fase 1 da análise.

Mesmo com um risco ergonômico diminuído na fase 2 da análise, encontrou-


se o risco elevado na fase 1 da análise, relatos de dores osteomusculares em
grande número e demanda acentuada de diversas estruturas na avaliação visual
que obteve-se da atividade. Estes fatos corroboram com a afirmação da hipótese de
que as modificações a serem feitas dizem respeito a alterações biomecânicas.

Muitas das medidas dos postos de trabalho não estavam adaptadas as


medidas corporais dos trabalhadores. Este fato auxilia também na afirmação da
hipótese com relação a necessidade das adaptações antropométricas nos postos de
trabalho.

A atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes demonstrou ser


nociva a saúde quando não planejadas e adaptadas ao trabalhador. Correções
biomecânicas e antropométricas podem e devem ser feitas para a manutenção da
capacidade laborativa e qualidade de vida do obreiro minimizando a instalação dos
DORT e a incapacidade do trabalhador.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

1. Avaliar a existência de risco ergonômico inerente a tarefa do levantamento


de paredes após a adequação do posto aos padrões antropométricas dos
trabalhadores;

2. Análise ergonômica do trabalhador da construção civil durante tarefas


específicas da construção civil

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Capítulo 5 Conclusões 105

3. Interferência do sistema terceirizado de produção na saúde do trabalhador


da construção civil.

4. Aplicação do método RULA para avaliação do risco ergonômico referente a


tarefa do levantamento de paredes.

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Apêndices 111

APÊNDICE A – FOTOS DOS TRABALHADORES E CANTEIROS DE


OBRAS ESTUDADOS

Figura 1 Trabalhador na fase 2 do levantamento de paredes

Figura 2 Posto de trabalho do levantamento de paredes na fase 1

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Apêndices 112

Figura 3 Medição da altura da argamassa

Figura 4 Trabalhador durante o assentamento de tijolos

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Apêndices 113

Figura 5 Trabalhador durante o assentamento de tijolos

Figura 6 Trabalhador durante o assentamento de tijolos

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Apêndices 114

Figura 7 Trabalhadores desempenhando outras funções

Figura 8 Trabalhador lendo o termo de consentimento

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Apêndices 115

Figura 9 Medida da pega máxima

Figura 10 Canteiro de obras

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Apêndices 116

Figura 11 Medição antropométrica

Figura 12 Canteiro de obras

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Apêndices 117

Figura 13 Trabalhador preenchendo o Diagrama de Corlett

Figura 14 Canteiro de obras

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Apêndices 118

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E


ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


“O LEVANTAMENTO DE PAREDES NA CONSTRUÇÃO CIVIL: ADAPTAÇÃO
ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO SEGUNDO OS PARÂMETROS
ANTROPOMÉTRICOS DOS TRABALHADORES”

Nome do (a) Pesquisador (a): Viviane Leão Saad


Nome do (a) Orientador (a): Antonio Augusto de Paula Xavier
O Sr. está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa que tem como finalidade apontar
adaptações ergonômicas para o posto de trabalho da tarefa do levantamento de paredes da
construção civil, de modo que se minimize o risco de aparecimento de distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho.
Ao participar deste estudo a Sr. permitirá que os pesquisadores:
1. Fotografem e filmem o Sr. em suas atividades de trabalho;
2. Divulguem fotos e os resultados da pesquisa, mantendo seu nome e o nome da empresa em
sigilo;
2. Meçam partes de seu corpo e os locais de seu posto de trabalho;
3. Lhe entreguem um questionário para ser completado;
O Sr. tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em
qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo.
Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através dos telefones dos
pesquisadores.
A participação nesta pesquisa não traz complicações legais ou desconfortos físicos.
Ao participar desta pesquisa o Sr. não terá nenhum benefício direto. Entretanto, esperamos
que este estudo traga informações sobre possíveis melhoras que possam ser feitas em seu
posto de trabalho. Não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem como
nada será pago por sua participação.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar
desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem:

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Apêndices 119

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto
meu consentimento em participar da pesquisa.

_____________________________
Nome do Participante da Pesquisa

____________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa

__________________________
Assinatura do Pesquisador (telefone: 9104-4849)

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Apêndices 120

APÊNDICE C – FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS

FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS

Formulário para coleta de dados

Empresa:

1 - Posicionamento dos materiais:

a) Fase 1 e 2 (no chão):

Pe – pedreiro
Pa – parede
A – argamassa
T – tijolo

b) altura dos tijolos:

c) altura da argamassa:

b) Fases 3 e 4 (no andaime)

Pe – pedreiro
Pa – parede
A – argamassa
T – tijolo

b) altura dos tijolos:

c) altura da argamassa:

d) altura do andaime:

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Apêndices 121

2. MEDIDAS DAS FERRAMENTAS E MATERIAIS DE TRABALHO:

a) diâmetro do cabo da colher de pedreiro:

b) comprimento do cabo:

ergonômico ( )

reto ( )

c) peso da colher de pedreiro:

d) largura do tijolo (onde ocorre a pega):

e) peso do tijolo:

3. ANTROPOMETRIA

Numeração Descrição Medida


2 Altura total dos trabalhadores
30 Altura dos olhos a base com o trabalhador em

119 Altura do cotovelo a base com o trabalhador em

131 Altura do punho a base com o trabalhador em

60 Altura do meio do ombro a base com o
trabalhador em pé
90 Altura do trocanter maior a base com o
trabalhador em pé
146 Altura da articulação dos dedos
(metacarpofalangeana) a base com o
trabalhador em pé
108 Ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar
(“princh-grip”), com o membro superior na
horizontal anteriorizado
151 Pega máxima (garra), polegar indicador, medida
com bloco
148 Circunferência da pega cilíndrica

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Apêndices 122

4. FOTOS E FILMAGEM

5. CRONOMETRO:

Tempo de ciclo de trabalho:

6 . ATIVIDADE DESENVOLVIDA:

7. RISCO WinOWAS

a)Fases 1 e 3:

Coluna Braços Pernas Carga Categoria


Geral
Buscar tijolos
Pegar massa
Pegar tijolos
Colocar tijolos
Bater no tijolo
Retirar o excesso
de massa
Verificar o prumo

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Apêndices 123

b) Fases 2 e 4:

Coluna Braços Pernas Carga Categoria


Geral
Buscar tijolos
Pegar massa
Pegar tijolos
Colocar tijolos
Bater no tijolo
Retirar o excesso de
massa
Verificar o prumo

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


Anexo A Diagrama de Corlett 124

ANEXO A – DIAGRAMA DE CORLETT

Fonte: adaptado de Corlett e Manenica (1980).

PPGEP – Gestão Industrial (2008)


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