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0 ee cantina sedis ee cage epetco de cnbecmeto as ine saa xe Ivo oct ame cn cntemores sok © sh ‘engi apsentand cnc eas aos ents Aut tor enon orien rep dpi, esces fees eadona ats dsiase tamengrines, 25 dresas dese ape sii Pree de sedges deni © lear er, les de uma ints es ‘cs pensar slg, 3 less abe persaet sl rsh tad gem una eta femadeinaghaiosal Ole zee ‘atin paises eo no Bas gansta ine pete mleamplsereosigne de a2 edad naps eco Tt dum tune nad rmagio apssdazger pirates ‘eae ue vena ocd ua ne ‘inp demino ory ~ £2 Fev gs , a we er Pensando com a Sociologia Joao Marcelo Ehlert Maia Luiz Fernando Almeida Pereira Capri © 20 ae Mand a Ni aie Se tae cian P tm si Cerio a c re A repo no aot dese peblicaci, mo tds on ‘Asociologla, suas origens eseus espagos 7 ra nies Objtvo 7 & ides neste Siro ro de inti responssblidude dos atoves Introdugao ? ico ia nm ot ode in ore Socolgise wolerridade o mundo datcoraclascs 10 Beeler bree Lael Sse a KB a Ainiaginagtosociogica no Beall 2 ae =a Cnn act Cy TE a alia eM Fences Eadanae dios er 1g a io Vn Objcve ” iota ne dtd, modcrndade e Bade-acs Fy eae fleet de eidadania: ques eas a Erin acon lsc dette a Giada so tal epublica: um perso acientadn 7 eaten cones Mine ae nas uc me Caturae sociedad ° fey ts as Objeve er re ip ‘soroapa clinica sedeum a Bik Sas utes argentina cura n 1 Spies 2 Sila, of. ea, a Fa asda cee % a UN ‘alguns ear lic ¢conlemporineos na scoloia exes areata , Iendedse parendot 2 capitulo Pesquisando em sociologia ‘Objetivo ‘Questdes bésicas de pesquisa em sociologia [As ferramentas do ola socioldgico: métodose téenicas Pesquisando o Brasil, Bibliografia selecionada e comentada Capitulo 1 A sociologia, stias origens e seus espacos Objetivo Neste cay lo discutiremos os difere contextos hist: ricos e geogriticos em que a sociologla pode ser (e fol) pratica dla, com destaque para o cenario europen e 0 caso brasileito Assim, examinaremos as origens sociais ¢ intelectuais dessa dliscipln .¢40 com 2 modernidade, uma breve histé- ria do pensamento socioldgico no Brasil e © papel dessa for mma de conhecimento na sociedade brasileira contemporsinea. Buscaremos tratar a sociologia no apenas como uma discipli. na académica, mas também como uma forma de imaginacio social que é utilizada pelos mais diversos atores. Introducio Fm seu conhecido livto sobre as formas de se fazer soci logia, 0 americano Wright Mills utilizou a expresso “ima- _lnacdo socioligica”. Segundo ele, essa imaginasio poderia ser aprendida e exercitada por qualquer pessoa educada que * Fovdesols0 se mostrasse curiosa a respeito das relagdes entre biogratia, «historia. Ou seja, a s0ciologia nio seria simplesmente un Aisciplina académica ou uma ciéncia ultrassofisticada, mas uma forma de argumento piblico eapaz de revelar as cone sxBes entre as transformacées na vida cotidiana e os processos: mais amplos de mudanca historica. Se levarmos a sugesti0 de Mills a sério, veremos que contar a histérla da sociologia € mals do que simplesmente inventariar autores, escolas de pensamento e institulgdes. Temos que estar a'eatos as distin- {as formas pelas quais esse tipo de imaginagio se consolidos: na Europa © encontrou acolhida no Brasil. Essa abordager nos permite destacar a especificidade do vocabulivio utiliza do pela soctologia, os distintos modelos de imaginagio socio- logica existentes no Velho Continente e as singularidades do. pensamento social no Brasil. Isso nos permitira comproender ‘como a sociologia se imiscuin nos mais diferentes debates atualmente travados em nosso pais sobre temas e questies que nos afligem, Sociologia ¢ luminismo: antecedentes intelectual= # dificil identificar a data de nascimento da sociologia, ainda mais sea tomarmos como uma forma de argumentasio, Entretanto, é consenso entre os historiadores que o Huminis- mo representou a grande mudanga intelectual que abriu as, pportas para uma reflexdo sobre o mundo social. Até entio, a ‘vida cotidiana dos homens parecia regida por uma seguranca ontoldgica, como se todas as dimensoes dessa vida, tais como trabalho, familia ¢ lazer, estivessem organicamente integra- fdas ¢ fossem explicadas por costumes, tradigdes ¢ habitos in- questionveis. Nao existia propriamente tim peasamento au {Gnomo sobre o que chamamos hoje de social, pois arcligito Ponsand cam 3 Sociologia ° prodwzia uma visto global do mundo e de seus processos. De certa maneira, no se concebla que as relagées entre os ho- ‘mens pudessem ser destacadas como objeto de conhecimento cientifico, © que conhecemos hoje por Tuminismo produziu uma significativa alteragio dessa maneira de pensar. Como afrrma (© pensador alemio Ernst Cassirer, a reflexio lluminista dis- cernia claramente entre um sujeito pensante ¢ um mando (0 “objeto”) regido por mecanisinos e pracessos objetivos que deveriam ser conhecidos ¢ traduzides em hipéteses e les. Embora seja impossivel falar apenas de “am” tluminismo, Jé que existiriam distintas tradigdes intelectuais associadas ‘20 fermo, Cassirer acredita que pode discernie certa atitude ‘mental comum. E é essa atitude que nos interessa para com- tarmos nosse histiria da sociologia, ‘Tome-se como exemplo a obra de Charles-Louis de Secon- dat (1689-1755), o bario de Montesquieu. Ao escrever sua ‘mais famosa obra, ititulada O espirito das leis, Montesquieu ‘mostrou ser possivel identificar ndo apenas as lels que orde- znam a politica ¢ 0 Estado, como também os costumes e hibi- tos sociais que condicionam a existéncia © o sucesso dessas, lets. Ao identificar relagdes causais necessérias que explica- iam, ao menos parcialmente, a diversidade de regimes poli- ticos existentes, o pensador francés abria a possibilidade de identificar 0 social como uma esters especifica da vida hu- ‘mana, regids por processos e crusas que nao dependeriam totalmente do livre-arbiteio dos homens, Como se vé, o espirito cientifice animado pelo que se com veacionou chatnar de Iluminismo esteve na raiz da produgao. de uma visto mais secularizada e reflexiva sobre as formas de vida dos homens. A medida que ficava evidente a histo- ricldade e continggncia dessas formas, tornava-se necessirio Favde Bots construir argumentos especificos que dessem conta desse novo objeto. F foi exatamente essa autonomia do objeto que permitia 4 sociologia consolidat-se como ramo especializado do saber, distinto da biologia eda psicologia. Assim, pode-se dizer que a sociologia foi impulsionada pela descoberta de ‘um novo espago da existéncia humana —a sociedade. Sociologia e modernidade: 0 mundo da teora classica Mas que sociedade era essa que inguietava os primeiros socilogos? Em primeito lugar, pode-se dizer que era uma sociedade industrial, marcada por novas formas de produ- (Go material e pela intensa divisto do trabalho social entre ‘os homens. E sobre esse assunto, por exemplo, que Auguste ‘Comte (1798-1857) se debrugou. Comte é tido como um dos pensadores que consolidou a palavra “sociologia” no vocabu- Jirio intelectual de seu tempo, mas sua notoriedade ao longo, do séeulo XIX foi conseguida gracas a uma gigantesca obra za qual apresenta sua perspectiva positivista. Segundo cle, ‘a humanidade passaria por trés estagies de conhecimento: teolégico, em que os homens atribuiriam aos deuses as causas dos fenamenos objetivos; 0 metafisico, no qual os homens recorteriam a conceitos abstratos para entender 0 mundo; ¢ co estigio positivo, caracterizado pela organizacao racional do trabalho, em que os homens aplicariam métodos cientificos para compreender as causas dos fendmenos. ‘Sendo o principal intérprete do estigio positivo, Comte acceditava que a sociologia — ou fisica social — estaria rela- cionada a uma hierarquia de ciéncias, partilhando com outros ramos do conhecimento humano o mesmo espitito positive {que marcarla a modernidade industrial, mas diferenclando-se pela singularidade de seu objeto de estudo, que nde poderia Peneando com a Sociologia 0 ser explicado por aspectos biologicos, psicolégicos ete, As- sim, a0 olharmos para a sociedade, deveriamos buscar as leis socials que determinariam o curso de evolugao da humanida- de. Essa perspectiva implicava deslocar 0 sujito do centro da analise, jé que os fendmenos do mundo s6 seriam compreen- Jidos s¢ no os encarissemos como resultados aleatéries da asdo humana. Como se percebe, 0 filésofo francés defendia a autonomia relativa do objeto socioldgico, criando as bases para a defi- nigdo de um universo especifico para a atuacao do cientista social. Pode-se dizer, portanto, que Comte legou & imaginasio socioldgica uma visio grandiosa dos poderes da diseiplina, destacando a possibilidade de se usar o conhecimento das leis da sociedade para organizé-la de forma técnica, na diresio do progresso pacifico dos homens. Vé-se que, na versio comtia- 1a, a sociologla funciona como uma ciéncia de conhecimento organizacdo da sociedade industrial europela, Teagava-se af tum dos espacos eléssicns de investigagio da sociologia, Nio é dificil verificar os ecos dessa perspectiva no mundo contem- ppordneo, onde técnicos governamentais, burocratas ¢ Funcio- nirios graduados de grandes empresas valem-se de conhect- :mentos especializados sobre a vida social como forma de mais, bem organizar pessoas, relagdes © objetos. Asociologia ea dvisto do trabalho no mundo industrial © industrialismo moderno também fei investigado por mile Durkheim (1858-1917), pensador francés que se inspi- ‘ou no positivismo de Comte. Na sua famosa obra intitulada Da divisdo do trabalho secial, Durkbeim argumenton que a ivisio do trabalho, fendmeno caracteristico da moderni- dade, teria uma fangio moral: integrar fangées diferentes © 2 Fav de Bolsa complementares. Assim, em vee de eulpar a especializagio funcional pela anulagio da personalidade dos homens e pela pperéa dos lacos comunitérios, Durkheim viu a pessibilida- dle de a modernidade industrial produzir uma nova forma de solidariedade social entre eles —~ a solidariedade orginica. Segundo ele, esse tipo de solidariedade devia de forma sig- nifcativa da solidariedade tpica de sociedades mais simples, nas quais os homens partibariam crengase valores comuns € haveria pouco espace para diferenciagio. Na linguagem uti- lizada pelo socidlogo francés essa forma mais rudimentar de integrasio seria clasificada como solidariedade mecinica, Quando as fungoes (comercais, industrais, educacio- nas etc) no estivessem integradas de forma interdependen- te, Durkheim acreditava tratar-se de uma situagio anduaica. ‘A anonia se caracterieava pela ausénela de regras moras ef- cazes, capazes de ordenar as relagdes funcionais na sociedade industrial moderna, © que impedia que os interesses de gru- pos individuas fossem diseipinadas. Durkheim nao acted tava que a divisio do tabalho produtisse esse maleficio por sua propria natureza; portanto, nao se deveria combaté-la ‘como um mal em si. Tratava-se de reorganizar novos expagos ‘de assocasio e socabilidade entre os homens, como forma de supir esa nccessidade de comunicagio e interdependéna. Ele acreditava que as corporagbes proisionais poderiam su pri essa fungio no século XX, agregando interesses¢ prod indo sentimentos de pertencimento entre of individos. Como se vé, Durkheim acreditava que a sociedade era ras do que uma simples colesio de individuos movidos pot interesses particulars: constitui-se num corpo moral cor regras ¢ uma conscitneia coletiva, Mesmo numa sociedade rnais diferenciada © com forte presenga do individualism seria possivel identifica a presenga de regras — explicitas Pensando com a Sacclogia » ‘ou costumeiras — que obrigavam os homens a terem certos modos de agir certas relades com outros. Na sociologia durkheimiana, a propria valorizagio do individualismo seria ‘explicada como resultado de um consenso moral que seria extraindividual. Bssa orientas20 para uma visio dos pro- ‘cessos coletivos e estruturais que determinariam as ages ¢ as relagdes entre os homens fez com que muitos intérpretes classificassem Durkheim como 0 fundador do “coletivismo metodolégico’ © socidlogo francés também acreditava que a sociologia deveria adotar procedimentos cientificos préprios ao mando da cigncia, investigando 0s fatos sociais de forma objetiva, afastando-se de pré-nogdes e preconceitos que impediriam uma apreciagio positiva do mundo. Fssas recomendasées cestavam presentes no livro As regras do método sociolégico, langado em 1895. Nele Durkheim listava uma série de pro- ‘cedimentos que 0 investigador da sociedade deveria seguir para tratar de forma adequada os fatos sociais, que seriam rmanelras coletivas de agie, pensar e sentir. Uma das regras ais famosas e polémicas dizia que o socidlogo deveria tratar cesses fatos como coisas, ou seja, 8 sentimentos e opinides de fordem coletiva no seriam produtos de mentes individuals fu de especulagies solitérias, mas objetos criados pela forca da coletividade, cristalizados em instituigbes sociais (como a ‘escola ¢ impostos aos homens de forma coercitiva e obrigaté- Pa, Por exemplo, trataro patriotisma como tum fato social im- pplica estudé-le como umm sentimento social que se manifesta de forma objetiva em certas priticas e regras e é ensinado aos individuos por meio de processos de soclalizagio nas familias eescolas ‘Além disso, Durkheim sustentava que seria necessirio en- tender 0s fatos sociais a partir das fungbes que exerceriam 4“ Fav de Bose no sistema social. Esse tipo de explicagio sociolégica ficou comhecido como funcionalismo, pois implica conceber a socie- dade como um sistema integrado por unidades e cujo funcio- nnamento esté associado ao atendimento de certas necessida~ des sistémicas. Por exemplo, ao estudar a religiio, osoci6logo deveria atentar para quais necessidades de integragao social esse ferdmeno contribs Asociologia ocapitaismo eaandlisediaética Mas que outras caracteristicas da moderaidade chama- ram a atengio dos precursores da imaginacio sociolégica? E que outros tipos de explicagio foram produzidos para ccompreender 9 mundo europet em transformagia? O car pitalismo foi cectamente uma das dimensdes cruciais dessa experiencia histérica. Para Karl Marx (1818-83), fisofo © nilitante politico alemao, o fato Fundamental que marcava mundo curopeu do século XIX era a expansio das relagSes de produsao capitalist, baseadas na separagio entre teaba- Ihadores ¢ meios de prodlusio e na disseminagio da proprie- dade privada, Segundo Marx, os homens, 20 longo de sua histira, teriam se organizado dos mais diferentes manciras para produzir materlalmente suas existéncias, 0 que teria configurado diferentes relasBes de producSo (formas assu- midas pela interagao dos homens na produto) e distintos niveis de desenvolvimento das suas Torcas produtivas (0 conjunto de técnicas, saberes e objetos empregados pelos hhomens na produgéo). Assim, o eapitalismo seria marcado pela concentragio dos meoios de produsao {terras,fabricas, ferramentas etc.) nas mis de uma classe social especifica, a burguesia, enguanto o restante dos homens cada vez mais Inia se transformar em proletariado, uma classe que vive da Pensando com aSeciologia 6 ‘roca de sua fora de trabalho por salirio. Ou seja, 0 capi- talismo seria um modo de produsdo historico; afinal, nem sempre os homens trabalharam em troca de salrios para um patrio que controlava os instrumentos de produgao.e 0 tem po de trabalho. ‘Marx acreditava que 0 capitalismo era inteinsecamente contraditério. Ao mesmo tempo que auumentava de forma ex- pponeneial a riqueza humana e a tecnologia, era um sistema baseado na expleragae de uma vasta maioria por uma classe restrta: a burguesia. Além disso, o trabalho humano trans- formava-se numa mercadoria, algo que era vendido “livre- mente” pelos homens, mas que nio era por eles controlado de forma aut6noma. Assim, a divisio do trabalho no capitalismo fazia com que os trabalhadores nio tivessem nenhur poder sobre o que produziam, como produziam ¢ para quem pro- ‘duziam, Simplesmente vendiam seu esforgo para outros. A sso Marx chamava aliena¢do, uma condigdo humana que 56 _poderia ser superada por uma revolugio comunista que supe- rasse a propriedade privada e permitisse aos homens realiza- rem plenamente sua capacidade criativa ¢ produtiva, Como se percebe, Marx dava muita importincia 20 estu- o da existéncia concreta dos homens em sociedade. Como cles produziam e se relacionavam na esfera econémica eram firores fundamentais para entender de que modo pensavam ce se organizavam juridica ¢ politicamente. Isso se chama ma- terialiemo histérico, Ao mesmo tempo, Marx acreditava que ‘0 fendmenos sociais estavam sempre em transformagiio que ‘raziam dentro de si mesmos os indicios de sua superagao. Por ‘exemplo, 0 crescimento do capitalismo aumentava a riqueza ea produtividade do trabalho humano, mas ao mesmo tempo ‘ransformava os homens em proletirios € 0s unia em fabbricas, Essa contradigao entre forgas produtivas (riqueza ¢ tecnolo- ® Fovdesolso gla) e relagdes de producto (a desigualdade entre as classes) fazia com que o capitalismo gerasse dentro da proprio sis- tema as condigées para sua superago por uma ordem mais livre e racional. Por isso Marx sustentava que 0 comunistao no era uma utopia, mas um movimento real da historia. Essa forma de raciocinar chama-se dialética, Sociologia, copitaisma eracionalizacdo ‘Mas Marx nilo fol 0 inico socidlogo a explorar os signi- feados do capitalismo no moderno mundo europe, O tai- bém alemiio Max Weber (1864-1920) dedicou a esse tema uma de suas mais importantes obras. Bm A ética protestante e 0 cespirito do capitalismo, Weber argumentava que a dimensio, ccaltural era fundamental para entender © desenvolvimento, do capitalismo ocidental europeu. Segundo ele, 0 socislo- go deveria atentar para 0 que singularizava ¢ diferenciava ‘esse capitalismo de outras formas de acumulagio de capital anteriotes, ¢ esse fator era 0 espirito racional que movia os primeicos capitaistas europeus. A. racionalizago econdmica significava que esses homens trabalhavam de forma eficiente e sistemitica, como se a aquisi¢io de capital fosse um dever moral a ser exercitado de maneira regular e metédica. Isso era bem diferente do espirito avencureito ou tradicional que mo- via os homens até entdo € 0s fazia ver a acumulagia de capital apenas como um meio para satisfazer cortas necessidades ha- bituais. Mas de onde vinhsa esse novo espirito? ‘Segundo Weber, uma das origens desse modo de proce- der pode ser encontrada na religio puritana, Para os fis dlessareligido, « salvagio dos pecadores 6 uma eterna divvida na cabega dos homens, que no conseguem saber a0 certo seu destino final. A tinica forma de ter alguma certeza da Pensanda com Soxoingia| ” _graga recebida seria seguir de forma apaixonada a vocagso Gue Deus teria dado a cada um e exercitar essa vocagio na Vide cotidiana, Essa mensagem retigiosa transformava o tra- batho dos homens numa ferramenta pela qual o fiel deve- ria provar sua condigdo de instramento de Deus no mundo, produzindo uma massa de homens disciplinados, metédicos fe voltados para a acumulagio sistemstica. Ao contrério dos catdlicos, que viam com desconfianga a riqueza mundana, os puritanos acreditavam que os frutos da vocaciy cram sagrados e deveriam ser cuidados de forma racional pelos homens, Essa moral religiosa, quando internalizada por um conjunto grande de individuos, teria produzido uma massa ‘de homens orientados para a acumalagio regular de capital «para a poupanca disciplinada dos hucros, uma condigao es- piritual bésica que tinha grande semelhanga com o espirito do capitalismo moderno. Weber acreditava que havia uma grande afinidade eletiva entre o espirito do capitalismo e a rie protestante. ‘Mas, segundo o autor, capitalismo do século XX ji nao era marcado por essa combinasio de racionalidade econdmi- ca com agio religiosamente orientada. Ei vez disso, viamos © predominio de um tipo de ayao puramente econémica € instrumental, empreendida por homens que apenas se adap- tavam ao mercado © aos imperativos capitalstas, sem dar {grande significado ético ao que fasiam. Weber temia que © Predominio dessa légica burocrética da ago produziria um ‘mundo totalmente desencantado, sem lugar para homens criativos e potentes, capazes de produzir grandes visdes éti- cas do mundo. Ele usava a imagem literiria de uma “crosta de ago” para caracterizar essa possivel situacio que seria tipica da modernidade capitalista europeia, Nesse mundo, 0s valores humanos seriam autonomizados ¢ perderiam sta ® Fv de Bolsa conexiio integral, fazendo com que economia, diteito e poli- tica fossem apenas esferas de aco profissionais, sem grandes signiticados ‘Como se percebe, Weber dava grande importancia ao es- ‘tudo das ideias e das formas pelas quais elas se associavam a Interesses materiais. Ao contraio de Marx, que acceditava na primazia da existéncia material sobre a consciéncia e condu- Zia suas explicagdes sociol6gicas de maneira estritamente ma- terialista, Weber sustentava que o universo social era por de- ‘mais complexo e plural para ser reduzido a essa narrativa, Em ‘muitos casos, setia fundamental entender 0 papel das ideias na vida material, embora isso no devesse ser tomado como regra absoluta, pois Weber nao acreditava na monocausalida- de, Fol essa mesma desconfianga diante de macroexplicasdes definitivas que fez 0 socidlogo alemao éesenvolver uma me- todologia espectfica para a sociologia, que deveria respeitar a ddimensio singular do mundo da cultura, Assim, a melhor for- rma de investigar 0 mundo seria por meio dos tipos ideais, isto , conceitos abstratos construidos a partir de recortes feitos pelo socislogo, Ou seja, quando Weber esereve sobre a “étiea protestante”, cle nio esta deserevendo o protestantismo em eral, em todas as suas dimenséies, mas apenas caracterizando ‘que Ihe parece ser 0 mais tipico e relevante daquele fend ‘meno histdrico, Nao existe uma ética protestante no mando real que seja urna cépia exata do conceito usado pelo autor, ja ‘que esse conceito apenas cria uma aproximacio com © muit- do, Bsta seria 2 melhor forma de entender o sentido que as agdes e priticas humanas tinham para os agentes envolvides, if que Weber acreditava que a sociologia deverla explicar 0 significado subjetivo das ages humanas, endo aperias pos- ‘ular eis e regras supostamente universais ¢ objetivas —~ tal ‘como faziam os positivistas. ensando.com a Socloogla » iagnésticos comparados: o legado cléssico Como se percebe, Marx € Weber fazlam previsdes som- bias sobre a modernidade europela, embora trilhassem ca- minhos socloligicos diferentes, por vezes. Ambos viam o capitalismo como uma ordem social que transformava todas as priticas anteriores dos homens e produzia trabalhadores ‘sob controle de imperativos de mercado. Em lugar do mundo, comianitério¢ integrado que marcava os tipos tradicionais de cexisténcia social, o capitalismo implicava a erosio de antigos ‘valores e a reprodugio ampliada de capital. Entretanto, di- verglam nfo apenas com relagio aos métodos que emprega- ‘vam, mas também quanto aos significados dessas profundas radangas histéricas. Marx acreditava que a histéria tinka um sentido e que a ag20 revolucionsria do proletariado poderia realizar o potencial humano emperrado pelas contradies do capitalism, O comunismo significaria um novo momento da hhumanidade, em que a alienacio ¢ as desigualdacles geradas pelocapitalismo poderiam ser superadas. Weber, por sua vez, cera mais cético quanto a essas afirmagies e sustentava que a ciologia deveria separar claramente os juizos de fato dos {juizas de valor, Ou seja, © socidlogo deveria se contentar em cexplicar€ clarificar as relagdes humanas no mundo, mas no teria como fornecer bases cientificas para a escolha de uma forma de vida politica. Nesse sentido, a dimensio sombria do pprocesso de racionalizago analisada na sociologia weberiana info seria redimida com um processo revolucionztio final, que atenderia a uma suposta necessidade historica, ‘Ji Durkheim via a modernidade caracterizada prineipal- mente pelo industeialismo e pela nova forma de integraclo social por ele gerada. A anomia era tida pelo autor como um fenémeno que nio era historicamente necessitio ¢ que pode- » Fovdetoko tia ser regulado pela agio coletiva dos homens. Interessante notar que 0 tema da divisto do trabatho também fol tratado. por Marx, que tinha uma visio bem mais critica desse pro- cesso. Enquanto Durkheim sustentava que a especializago funcional produzia uma interdependéncia social e incremen- tava o individualismo moderno, Marx via nela um momento histérico do processo de alienaso dos homens no trabalho, condigio que s6 poderia ser superada no contexto de outro modo de producio. Percebe-se assim que os trés pais fundadores da sociologia nos legaram um repertério de conceites, teorias e narrativas sobre a sociedade moderna ¢ seus dilemas. Industralismo, ‘apitalismo, racionalizagio, divisio do trabalho e revolucao so alguns dos conceitos que delimitam essa sociedade e Ihe conferem substincia, unos léssicos? A definigdo do que seja a sociologia clissica varia histori ‘camente. Em meados do século XX, muitos nao considersvara ‘Marx um sociélogo “fundador", por exemplo. Assim, & de se esperar que haja uma constante releitura de autores ¢ a inclusio de novos nomes nesse pantedo, processo que pode ser ativado pelos mais variados fatores,tais como mudancas politicas, transformagies no censrio intelectual, emergéncia de novas quest6es © problemas ete. Foi assim que a obra de Georg Simmel (1858-1918) retornou a sociologia nas iltimas décadas, consolidando-se como uma referéncia cada vez mais inescapavel para os estudiosos da area. ‘Simmel foi um socidlogo alemio com uma conturbada trt- Jetoria, Devido a sua ascendéncia judaica, enfrentou sérias dificuldades no cenério universitirio alemao e vit suas chan- Pensand coma Soislogia a” ces de obter uma boa colacagao serem sistematicamente abs- faudas pelo antissemitismo velado ou explicito. Além disso, ‘seu catilo intelectual valorizava trabalhos de corte ensaistico, Sem o uso da terminologia cientifica positiva que suposta- mente daria respeitabilidade publica ao intelectual. Diante da fragmentagdo social e da perda de vigor das grandes macro- cexplicagdes, fenémenos tipicos das tltimas décadas do sécu- qo XX, as fragmentadas e incisivas andlises de Simmel vem sendo recuperadas e atualizadas, ‘Pode-se dizer que a obra simmeliana oferece interessan- te alternativa a dicotomia entre individuo ¢ sociedade. Ao cleger como foco a interagao, Simmel destaca que 0 social se~ ria antes o resultado de formas emergentes que agrupariam (os individuos nos mais variados arranjos. Assim, sua teoria ‘sempre procurot ressaltar que a sociedade seria formada pelo conjunto plural e contingente dessas formas, que poderiam ‘ser mais ou menos estaveis e abrigar os mals diversos conteti- dos de vida. Por exemplo, os homens podem ser motivados pelos mais varlados interesses econémicos (os conteiidas de Suas vivencias, como ambigio, prostigio, acumulagio de di- rpheiro etc.), mas a forma pela qual esses contetidos se socia- lizam pode variar: os homens podem cooperar ow competir ‘uns com os outros, Cooperacio e competicio sdo duas formas sociais distintas, com logicas de interagao proprias, mas po- ‘det abrigar diversos conteiidos. ‘Simmel também produziu um relevante diagnéstico sobre a modernidade, Num sofisticado estudo sobre 0 dinheiro, ar- ‘gumentou que 2 mercadoria e outras formas sociais teriam se ‘autonamizado diante dos individuos, exercendo efeito simi- lar ao que Marx classificou pelo conceito de “alienasao". Ao analisar 0 homei na meteopole, mostrou que os estimulos da ‘vida moderna produziam um ipdividuo calculista, racional © Es Fev de Bolso impesoa,sompre proponto a trata os fendmenos sua volta come objets qu poderiam ser medides on equa pela sinneiro nto &, Simmel angumentava que na modermtdede ( atrbutos formas dos process humanos se sobreporiam tos conteddospatclarseeopectas das wivéncin O het sera grande expresso dss tendénca acenuada pla vito do trabalho pela especazagto de tanto Sue fariam os homens perdarem » expacidade de procoat ‘Mlequadamente« mulpicidade de bens Infomayds que compe seu mando, Um bom eres & refer sobre os ftores que nos er nite falar om seclgosclissiees.Serd que esqecemes tts prsonagente textos tale motvade por quests Po las ou hitéricas? Onde esto os sotloges nfo europeus no rol dos pensadres fundamentals da imilaugae sole. sin? Nove tamben qe esse obras que estarlamos entao Intrinseamonte liga 0 contexte histrico gegen em 4ue foram produsidas. Embora nso no invade suas obras ora outros contexios,é evidente que devemos tata com fuidado da acothide dese corpo de conheciment en ugues periliricos 3 moderidade europea, como eo ease do ea stipe de qusiommon ve ant co tesa je cada vez malor ens leva ditamente& questo sequin ve signin fazer socologis em nosso pals? ‘A imaginagio sociolégica no Brasil Se adotarmos uma perspectiva institucionalista a respeito dia historia da sociologia, devemos comesar nossa cronologia apenas nos anos 1930, quando os primeltos cursos universi- tatios se consolidam em Sio Paulo. Mas, se seguirmos a pers- Pensando coma Sociologia » ectva de Wright Mila respto da imap oil Petes ques sta come Det anes erp text sobre a histrla do pensamento s0- cal isa o cent politea caioes Wanderley Gulher Gat earns eseeve qu os iter dere plticos a io bast costunavarn daca a sociedad wsan- go emetes mals poxinos de ura era acon da gio se eau sj, pra ese nomen, o mundo soda poderia idem ean concoct ee Ptspats prvonagens do drama historic, Barta, ve ek discerns auto fpo de argoentaio emergindo Fog da dnd de 1870, als pron do que conc tos como selelogia Lopensamenta social brasileiro cléssico ‘ns chamada“geraio de 1870 ea compost por eseitores, politics ntlestais que buscavar investiga o problemas Pelbicnoe propor nors Kelas para ose enanbament Aen uo smpregiam oe «cco ve comeyatam «se cornat populares no mundo europe, casa desenvolvimento dat ginay2 soil, Hn fs ped emp pss, les or er ms extodar os liters yeogecos, ria eeseutorais (patria produridoo Dra tal conn ca conbecido eno, Frpecvismo de Comte fol muito popular ene divers se- tere a inteligecio rail, especialmente entre litares ‘Sfemenslgado oo conkelment cents. Alem dss, a8 Tans do bislogo ingle Cares Darwin ham grande reper Caio cote os meres da elt ileal brasileira, que frocurgam emender as dlndmicaseveutvas da socedade Pease eo lugar do pis no contexto dis lags mun- * Fav de olso dlinis. Entre esses autores que combinavam diversas teorias de forma niio muito rigorosa poder/amos citar Silvio Romero (1851-1914), autor de obras como Histéria da literatura bra. sileira, na qual buscava utilizar um grande repertério de teo- ras geogrificas,climaticas,raciaise culturais para explicar 3 genese © a evolugio da literatura brasileira Nio foram poucos 0s criticos contemporineos que apon- taram as simplifcagoes tebricas produzidas por esses autores, 4 auséncia de rigor metodologico e os pressupostos racistay {que informavam 0 manejo de teorias evolucionistas. Silvio Romero, por exemplo, acreditava que o pais evoluiria por um, proceso intenso de mestigagem que iria embranquecer a po- Pulagio e nos levar a estigios civilizatdrios mais clevados, Entretanto, essa geraydo foi importante para divulger mo- dos de argumentagio sociolégica que alimentariam iadmeras obras € escolas de pensamento no século XX. Bm 1902, 0 entao engenheiro Fuclides da Cunha (1866- 1909) langava um livro chamado Os sertées, no qual se de- dicava a explicar as razdes ¢ as caracteristicas da guerra de Canudos (1896/97). confronto ocorrido no serto baiano entre © Exército republicano ¢ um grupo de sertanejos liderados pelo beato Antonio Conselheieo, Ao trasar meticulosos perfis Psicoldgicos dos sertanejos e seus lidervs e esmalugar o meio geogritico onde os fatos ocorreram, Cunha utilizava tim re Pertério de conceitos¢ discursos sociolégicos que eram pro- duzidos no século XIX, na Europa, © chogue entce im Unie verso periférico, atheio ao mundo industrial europeu, ¢ uma linguagem clentfica produzida em outro contexto social € ‘um das prineipais catacteristicas dessa abra, tida como uma ‘das mals importantes da nossa imaginagio social. Assim, Eu clides acreditava que 0 mestigo sertanejo, criado isolado nos ‘tandes sertdes do Nordeste, era a “cocha viva da nacional. Ponsand coma Sodolgia = seiscamemet a ac ‘oma caneos eres de ums conde eins Como conciar essas imagens? O uso de tcorias tactalisas eas cen er fl oma se con att rc a a eet a ee eel epee era rete ee eee ae Parlamento, ¢ a realidade precitia de nossa sociedade. Vian- ra produzia assim uma influente visio do interior brasileiro ‘como uma geografia insolldiria, violenta e atrasada, matcada ppelo predominio do latifundio e do poder privado local. Sé.a ‘centralizasao politica estatal paderia combater essa distorgao, «foi com essa conviceao que o autor trabalhow em importan. tes postos do Fstado Novo de Getilio Vargas. Note-se, entretanto, que o mesmo Oliveira Vianna que cri~ ticava a importagio desenfreada de modelos politicos exdge- ‘nos era um entusiasta das teoriasxacialistas europeias, Assim, fem obras como Rasa ¢ assimilaeao, Vianna adotava uma lit guagem cientifiea sobre as ragas e suas caracteristicas fisico- bioldgicas que o levava a adotar certas posigdes tidas hoje como racistas, Como se vé, nao era facil livrar-se das contra- digdes que assolavam a imaginagao saciolégica brasileira nas primeiras décadas do século passado. ‘Mas o pensamento social brasileiro nfo se esgotava nos paradigmas geogrificose raciais. As obras de Gilberto Preyre (1900-87) e Sérgio Buarque de Holanda (1902-62) sio exem- plares de perspectives calcadas em varidvels culturais, Casa grande & senzala, a obra maxima de Freyre, langada em 1933, {foi tida como uma das primeiras grandes anilises do Brasil que combateram de forma decidida as teorias racialistas ¢ cenfatizaram a novidade cultural represeatada pela coloniza- 40 portuguesa nos trépicos, marcada pela acomodacio de diferentes ragas muma soviedade fortemente miscigenada. Ja © dlissico de Holands, Raizes do Brasil, foi langado em 1936 € conquistou grande repercussio gragas a sua anilise cultu- ralista do “homem cordial” brasileiro, tide como antipoda do moderno homem racional burgués. A obra de Holanda bus- «ava analisar a sociabilidade do brasileito por meio de uma anilise da heranga ibérica transplantada para 0 pais. Tanto Pensande cm Sosilooia » a obra de Freyte quanto na obra de Holanda pereebe-se 0 (hed singulridade brasileira diante do mung ovidentl pasondo tds os grandes problemas dscutidos. Perino cenvio europe, que extudamos anteriormente, t= nas como dvisio do tabalo, indusriaimo e capitalism fngultavam os prncrs soctlogos nas primeras décadas Gnneuto XKa grande questo que orientava 0 pensimento foal ballet era construsto de ina ago moderna, fora So exo ceatral da civilizagao ocidental, Assim, as prandes feos produzidas na Europa moderna eram adaptadas nun ub ainda maciamente rural onde a economia ea socedade Fareclam bet dstintas do cendrio verifiado no Velho Con- nent, De Buclides da Cunha a Olvera Vianna, prssndo por Alberto Torres xa comum a percepo de qu 0 Bras Carecia de oma vida cviea semelbante 4 observada nos P= tes conta, © que demandava a ciagio de novis estate fies de ag ceital como forms de superar nose condigio Peraada’ Ao arse tempo que iso parcia ser una “con denago', nos dav a posslilidade de cle sda polo. fnotclonas moves, que afrmasse una nova fora de er rnoderno, De crta ancy essa ambigudades persist tho decade subsoquentes com + socblogia institucional zada nas universidades Ainstitucionalizagde da sociotogia No final da década de 1920 e comegos dos anos 1930, al _gumas iniciativas buscaram institucionalizar 0 conhecimen- 1 socioldgico em universidades e centros de pesquisa. Data ‘desse period, mais exatamente de 1935, a criagao da Univer- sidade do Distrito Federal, empreendimento realizado pelo centio prefeito carioca Pedro Ernesto. Para a UDF convoca~ » Fv de Bolo ram-se pesquisadores e pensadores reconhecidos no cenario intelectual brasileiro, como Artur Ramos, Josué de Castro, Gilberto Freyre, Heitor Villa-Lobos e outros tantes. Tnfeliz. ‘mente, 0 projeto foi vitimado pelo eliza politico do period ¢ pelo intervencionismo do governo federal, que via em Pedro Emesto no apenas um possivel competidor eleitoral, como também um perigoso esquerdista. J em 1935, Anisio Teixei. a, importante educador renovador na década de 1920, era afastado por pressdes politicas, Lago a instituigdo fol encamn. pada no projeto autoriticio do Estado Novo, mum compro mnisso com grupos catdlicos que renegavam o projeto original dda UDE. As cigncias sociaisficaram sob abrigo da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi). no imbita da Universidade do Brasil (atual UFRJ}. ‘Na década de 1950 surgem outras iniciativas, como 0 Cen {ro Latino-americano de Pesquisa em Ciéncias Sociais (Clapes), ‘indo em 1957 com patrocinio da Unesco. Concentrando-se na temética do desenvolvimento maderno, o centro abrigou luma importante revista — a América Latina — e talentosos sociclogos, como Luis de Aguiar Costa Pinto, mas suas ativi dades encerraram-se em 1976, apds um periodo de grande produtividade nos anos 1960. . Pode-se dizer queas cléncias sociais no Rio se caracteriza- vam pela dissemina;io do argumento socioldgico nas varia. das agéncias puiblicas que entao se constituiam, mas nfo na Forma de universidades dedicadas 3 pesquise regular. Pode- ‘ios mencionar 0 Instituto Brasileiro de Geogralia c Hstatiti- 2 {IBGR), eriado em 1938, e 0 Instituto Nacional de Estudos Pedagdgicos (Inep}, eriado em 1937, como exemplos de ny. titulgdes estatais que usavarn recursos modernos dle pesquisa social (estaistica, questionérios, entrevistas cte.) como meca- nismos para racionalizar a administrasi da sociedade, ensando com Sociologia » ssa ambiguidade entre cigncia e politica foi evidente na fundagio do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (seb),

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