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DISTRIBUÍDA NO BRASIL
Victor Luiz Simas1
Danieli Aparecida From2
RESUMO
ABSTRACT
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A utilização de combustíveis fósseis na geração de energia elétrica, por gerar
grandes impactos ambientais, torna necessário nos dias atuais o desenvolvimento de
um novo modelo energético que se baseie em fontes sustentáveis e renováveis
(RAMPINELLI, et al., 2013) como a energia solar fotovoltaica.
Entende-se por energias renováveis aquelas provenientes de recursos naturais
(radiação solar, força eólica e hídrica) (CABRAL & VIEIRA, 2012).
A energia fotovoltaica se dá pela utilização de material semicondutor, como o
silício, por exemplo, em forma de estruturas cristalinas instaladas em painéis,
convertendo a irradiação solar em energia elétrica (CABRAL & VIEIRA, 2012).
No caso do Brasil, a matriz energética foi constituída principalmente baseada
em fontes hidrelétricas (RIBEIRO E VASCONCELOS, 2016). Estas usinas
correspondem a aproximadamente 65% da geração elétrica brasileira (RAMPINELLI,
et al., 2013 apud ANEEL, 2013) e, apesar de ser renovável, causa grandes impactos
sobre a biodiversidade local, impactos sociais decorrentes da realocação de pessoas
além da emissão de metano (CASTRO, 2015) devido à necessidade da criação do
reservatório, inundando vastas áreas.
Outro fator a ser considerado a respeito das grandes usinas geradoras, é que
as mesmas costumam se localizar a longas distâncias dos centros de consumo; que,
apesar de proporcionar um ganho em escala se comparado a sistemas menores,
exige a criação de longas linhas de transmissão para transportar a energia gerada
(CASTRO, 2015; NAKABAYASHI, 2014).
Os sistemas fotovoltaicos começaram a se consolidar na microgeração de
energia na década de 90 (CASTRO, 2015; NAKABAYASHI, 2014) a princípio em
sistemas isolados, como meio alternativo, em locais remotos e de baixa densidade de
carga.Na década seguinte, seu uso passa a ser predominantemente interligado à rede
das concessionárias (NAKABAYASHI, 2014).
O primeiro programa federal implantado no país foi em 1994 com foco na
eletrificação do setor rural (CASTRO, 2015). Os incentivos continuaram durante os
anos de 1996 a 2001 com a instalação de aproximadamente nove mil conjuntos de
geração, na sua maioria no semiárido nordestino e região amazônica (CASTRO,
2015). Já na década de 2000, outro programa governamental, chamado “Luz para
Todos” foi lançado pelo governo federal, tendo como meta o abastecimento de
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refrigeradores, bombas de água, iluminação em áreas até então não atendidas pela
rede convencional (CASTRO, 2015).
O Brasil está localizado em uma faixa de irradiação solar privilegiada. Segundo
Rosa & Gasparin (2016), o menor índice de irradiação solar médio registrado em
território brasileiro está no litoral norte de Santa Catarina, com valores na ordem de
1.500 kWh/m² de irradiação global anual. Para se ter uma ideia de comparação, os
níveis na Alemanha, país mais avançado no uso da geração distribuída, através de
painéis fotovoltaicos, estão entre 900 a 1.250 kWh/m² (ROSA & GASPARIN, 2016),
de forma que a região com menor capacidade no Brasil, aindapossui níveis superiores
às regiões mais produtivas na Alemanha. A região brasileira que apresenta melhores
índices é o norte da Bahia, com valores na faixa de 2350 kWh/m² (ROSA &
GASPARIN, 2016).
Como principal incentivo à adoção de sistemas de geração distribuída, o Brasil
adotou, através da Resolução Normativa, de Nº 482/2012, o sistema de compensação
chamado de net metering. Este sistema consiste na forma de compensação de
créditos onde a energia sobressalente gerada pelo sistema em horários de pico de
geração é injetada na rede elétrica da concessionária e disponibilizada para a mesma
– gerando assim um crédito de energia em kWh. Esses créditos são deduzidos então
da fatura de energia quando o consumidor precisa utilizar energia da rede, em
momentos em que a geração própria é insuficiente para suprir a demanda própria. No
Brasil, o prazo para utilização dos créditos é de 36 meses (BAJAY et al. 2017;
SOCCOL et al., 2016; ROSA & GASPARIN, 2016; KONZEN & ANDRADE, 2016;
RIBEIRO & VASCONCELOS, 2016; CASTRO, 2015; FREITAS & HOLLANDA, 2015;
NETO et al. 2014; NAKABAYASHI, 2014; RAMPINELLI et al., 2013).
No início da vigência desta norma, a instalação de painéis fotovoltaicos
apresentou um crescimento discreto, aumentando a partir de 2014, onde foram
contabilizadas 8818 unidades com micro ou minigeração fotovoltaica. Apesar deste
aumento, o potencial técnico brasileiro ainda está aquém de seu potencial,
principalmente se comparado com outros países (NASCIMENTO, 2017).
A título de comparação, outro método bastante difundido, sobretudo em países
europeus para incentivar a adoção da geração distribuída é o sistema Feed-in Tariff
(FiT). Este sistema contempla que a energia elétrica gerada por consumidores em
unidades distribuídas tem maior valor (denominada tarifa-prêmio) do que a energia
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gerada e comercializada pela concessionária local. De fato, sob o ponto de vista dos
microgeradores, é um modelo mais atrativo que o sistema net metering, adotado no
Brasil e Estados Unidos. Contudo, para remunerar esses usuários, os consumidores
convencionaistiveram um aumento expressivo na tarifa –no caso da Alemanha, este
aumento chegou a 20% (KONZEN & ANDRADE, 2016).
Há algumas críticas em relação ao sistema de compensação e a possibilidade
de o subsídio gerar aumento na tarifa para os consumidores não geradores. Konzen
& Andrade (2016) afirmam que caso haja a adoção do sistema por grande parcela da
população em um curto prazo, os consumidores que não aderirem ao sistema
arcariam com uma parcela de custo aos clientes geradores. Entretanto os autores
também afirmam que, mesmo em um caso bastante otimista, de se ter um grande
número de novos usuários geradores, o aumento na tarifa seria de pouco mais de 1%
ao longo de 10 anos.
Outros benefícios aplicados no Brasil são o desconto na Tarifa de Uso dos
Sistemas de Distribuição (TUSD), desconto na Tarifa de Uso do Sistema de
Transmissão (TUST) – ambos para instalações cuja potência injetada seja inferior a
30kW; isenção de ICMS sobre equipamentos para geração de eletricidade por
sistemas eólicos e fotovoltaicos – todavia não engloba todos os equipamentos
necessários; redução no imposto de renda para projetos implantados nas áreas de
atuação da SUDENE, SUDAM e SUDECO (Nordeste, Norte e Centro-Oeste); entre
outros (ROSA & GASPARIN, 2016).
Apesar dos incentivos, o custo de implantação de tais sistemas ainda é
restritivo, sobretudo para a população de baixa renda. Segundo Rampinelli et al.
(2013) o custo da instalação de um sistema residencial oscilava à época entre R$
38.000,00 e R$ 69.000,00.
A produção brasileira de equipamentos para a geração fotovoltaica ainda é
insuficiente, mesmo sendo o país detentor da maior reserva mundial de quartzo de
silício, porém o produto produzido é exportado in natura e retorna como células
fotovoltaicas (FREITAS & HOLLANDA, 2015), aumentando o custo devido a seu valor
agregado.
O Projeto de Lei Nº 317/2013, tramitado no Senado Federal, isenta a cobrança
de impostos sobre a importação de produtos destinados a geração de energia elétrica
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solar (HENRIQUES et al., 2015), projeto este atualmente remetido à Câmara dos
Deputados.
Existem alguns entraves tributários, como o caso do Convênio ICMS 6, que
determinava a cobrança do ICMS sobre o consumo bruto de energia, isto é, o total
consumido da concessionária, independente do montante produzido, ao invés de
incidir apenas sobre a diferença entre o que foi gerado e consumido – o montante
devido à distribuidora (FREITAS & HOLLANDA, 2015). Todavia, em 2015, o CONFAZ
revogou tal convênio, indicando a cobrança sobre o montante líquido (KONZEN &
ANDRADE, 2016), ou seja, apenas sobre o que foi efetivamente comprado e utilizado
da rede pública.
Ribeiro & Vasconcelos (2016) também apontam problemas para a implantação
no contexto urbano como o próprio desconhecimento do sistema e a falta de incentivos
públicos. A complexidade na análise de viabilidade, apontada por Freitas & Hollanda
(2015) é outro entrave à ampliação da geração distribuída. Segundo os autores, os
elementos que devem ser contabilizados são inúmeros, podendo assim afastar o
interesse de potenciais utilizadores da tecnologia. Da mesma forma, a atual regulação
não incentiva às concessionárias a promoverem este tipo de geração, pois privilegia
apenas os ganhos em escala (FREITAS & HOLLANDA, 2015).
Ainda do ponto de vista das concessionárias, a utilização massiva da
microgeração leva à preocupação de uma possível redução da receita com a venda
da energia e a um aumento na complexidade da rede (FREITAS & HOLLANDA, 2015),
inicialmente projetada para atuar de maneira unidirecional.
Castro (2015) considera que, até aquele momento os sistemas fotovoltaicos
ainda não eram viáveis do ponto de vista econômico no Brasil, apesar do potencial de
irradiação solar.
Vale ressaltar que o consumo residencial brasileiro vem aumentando nos
últimos anos. Entre 2009 e 2010 houve um aumento de 6,3% no consumo do
segmento. Há a previsão de que o consumo residencial médio no país salte de 154
kWh/mês em 2010 para 191 kWh/mês em 2020 (CABRAL & VIEIRA, 2012).
De acordo com Cabral & Vieira (2012), o consumo de energia elétrica
doméstico está relacionado com a renda e com o produto interno bruto – PIB. Quanto
maior o poder aquisitivo da população, maior é a demanda por energia.
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Apoiando a tendência de alta no consumo elétrico nas cidades, existe também
o forte incentivo à eletrificação do transporte público urbano e a introdução dos
veículos elétricos de transporte individual (BAJAY et al., 2017).
Paralelo ao aumento do consumo de energia elétrica existe uma crise de
abastecimento, primariamente devido à estiagem que atingiu, principalmente, o
sudeste brasileiro, afetando a produção nas usinas hidrelétricas, fortemente
dependentes de fatores sazonais como as chuvas (RIBEIRO & VASCONCELOS,
2016). A diversificação da matriz elétrica brasileira, agregando fontes renováveis ao
sistema trará mais segurança à mesma (RAMPINELLI et al., 2013).
Entre os benefícios alcançados com a geração fotovoltaica, pode-se citar, de
acordo com Viana (2017), uma menor participação de fontes geradoras poluentes; a
redução da conta de energia elétrica dos consumidores geradores e o aumento na
confiabilidade energética.
Diante do exposto, ressalta-se um aumento da discussão de questões
ambientais – questões estas que vem se consolidando com o tempo, resultando na
promoção de fontes renováveis de energia (CABRAL & VIEIRA, 2012).
Será necessário proporcionar meios para que a energia solar tenha maior
permeabilidade no setor elétrico, sendo investimentos públicos (CABRAL & VIEIRA,
2012), isenções tributárias como IPI, PIS-COFINS, responsáveis por até um quinto o
custo do sistema e linhas de crédito com condições mais atrativas (RIBEIRO &
VASCONCELOS, 2016), ou mesmo a inclusão da microgeração no Sistema
Financeiro de Habitação (SFH), incluindo a mesma em contratos de financiamentos
habitacionais e a inclusão do sistema em programas de habitação como o Minha Casa
Minha Vida (ROSA & GASPARIN, 2016).
O crescimento do uso da energia solar fotovoltaica trará benefícios tanto do
ponto de vista ambiental quanto do operador do sistema, reduzindo a necessidade do
investimento em transmissão de energia (BAJAY et al., 2017).
Porém, para que a energia fotovoltaica seja representativa frente à matriz
energética, é necessário um conjunto de ações que proporcionem um
desenvolvimento ordenado. Todavia, além do aspecto energético, cabe ressaltar aqui
a importância também do desenvolvimento tecnológico que, além da sua relevância
no tocante à sustentabilidade e geração de energia limpa, possui importância na
geração de riquezas e conhecimento para o país (RELLA, 2017).
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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CASTRO, R. D. Energia solar térmica e fotovoltaica em residências: estudo
comparativo em diversas localidades do Brasil. 2015. 101f. Dissertação de
Mestrado-Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.
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