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Resumo do trabalho Cap.

2 do Livro de Juan Ignácio Pozo – “Aprendizes e


Mestres”

1. Introdução
Nesta apresentação temos como objetivo principal apresentar a origem do
conhecimento, segundo o autor Juan Ignácio Pozo em sua obra “Aprendizes e Mestres”.
Para Pozo as principais teorias psicológicas da aprendizagem sobre a aquisição do
conhecimento formuladas durante o século XX, tem seus pilares na Grécia Clássica. Para
ele há três grandes enfoques sobre a origem do conhecimento: o Racionalismo, o
Empirismo e o Construtivismo. Sendo que só os dois últimos proporcionam verdadeiras
teorias psicológicas da aprendizagem.

2. O Racionalismo ou a irrelevância da aprendizagem


A primeira teoria sobre aprendizagem de que se tem notícia, pertence a Platão,
em sua obra -A República- (Século IV a.C.). Nesta obra, Platão nos expõe ao mito da
caverna, segundo o qual, acorrentados como estamos a nossos sentidos, só podemos ver
as sombras dos objetos projetados nas paredes da caverna, porque nossas correntes nos
impedem de ver diretamente os objetos, ou seja, as ideias Puras que todos temos
internamente desde o nosso nascimento e que constituem a origem de todo conhecimento.
Dessa forma no Racionalismo clássico de Platão, o conhecimento é sempre sombra, o
reflexo de algumas ideias inatas que constituem nossa racionalidade humana. O
racionalismo Platônico nega relevância à aprendizagem.
As posições racionalistas contemporâneas em Psicologia como as de Chomsky
(1980) ou Fodor (1983) vêm insistir na irrelevância da aprendizagem como processo
psicológico. Fodor é o mais radical quando afirma categórico que “não só não existe
nenhuma aprendizagem, como que, num certo sentido, nem poderia existir nenhuma.”
Pra ele é impossível gerar conhecimento novo, já que todo saber novo está pré-formado,
em estado embrionário, num saber precedente.
Essa teoria é refutada por Pozo. Ele diz que o próprio Piaget considerava a
evolução do conhecimento científico ao longo da história como uma refutação do
paradoxo de Fodor, segundo o qual só aprendemos o que já sabemos. Se surgem novos
modelos e teorias a partir das anteriores, por que não vai acontecer a mesma coisa na
aprendizagem pessoal?
3. O Empirismo: As Teorias da aprendizagem por Associação
Aristóteles aluno destacado da escola de Platão é quem dá início a tradição
empirista. Aristóteles muito estudioso e observador da natureza, começou a aprender
sobre anatomia animal, botânica, física etc., concluiu que a origem do conhecimento
estava na experiência sensorial que nos permite formar ideias a partir da associação entre
as imagens proporcionadas pelos sentidos. Ao contrário de Platão, Aristóteles achava que
ao nascermos somo uma “tábula rasa” e é nossa experiência que vai criando impressões
que constituem o verdadeiro conhecimento. Para conseguirmos conhecimento a partir
dessas sensação primordiais eram necessários alguns processos como: Contiguidade (o
que acontece junto tende a produzir uma marca comum na “tábula”); Similitude (o
semelhante tende a se associar) e o Contraste (o diferente também se associa).
As leis de aprendizagem associativas sofreram algumas mudança no decorrer do
tempo. Filósofos como os britânicos empiristas Locke e Hume (séculos XVII- XVIII) e
principalmente no século XX, com as teorias da aprendizagem do Behaviorismo,
trouxeram algumas mudanças nos paradigmas empiristas, porém o processo associativo
perdura até os dias atuais:

No Behaviorismo há dois princípios básicos que constituem o núcleo não só de


todos os modelos comportamentalista, mas também de todas as teorias da aprendizagem
por associação:
a) Princípio da Correspondência
Por esse princípio acredita-se que que tudo que conhecemos é um fiel reflexo da
estrutura do ambiente, e corresponde fielmente à realidade. Portanto, a instrução se
baseará em apresentar da melhor maneira possível a realidade, para que seja copiada e
reproduzida pelo aprendiz. Para Skinner (1968) “uma boa gradação de objetivos e tarefas,
apoiadas em certas técnicas de aprendizagem específica e acompanhada de um programa
de reforços, levará a uma aprendizagem eficaz.”

(Cena do filme Laranja Mecânica)

b) Princípio da Equipotencialidade
Este princípio diz que os processo de aprendizagem são universais, são os mesmos
em todas as tarefas, em todas as pessoas e inclusive em todas as espécies. Embora nem
sempre se apliquem igualmente a todas as tarefas s processos de aprendizagem são sempre
os mesmos. Segundo os comportamentalistas toda a aprendizagem, animal e humana,
podia se reduzir a umas poucas leis objetivas e universais.
Pozo refuta essa ideia dizendo que diversos animais possuem diferentes tipos de
aprendizagem, embora possuam processos comuns. Mairos ainda são as diferenças na
aprendizagem humana. Os processos de aprendizagem humana não são apenas produto
da evolução da espécie, mas também da cultura. Muitos são os processos que nos
diferenciam claramente dos outros animais, tais como: uso de linguagem simbólica,
desejos e intenções, humor, ironia, criação artística e científica etc.
A ideia de que nosso conhecimento é sempre um reflexo da realidade também já
não é sustentável, segundo Pozo. Para refutar tal ideia ele propõe um exercício:
Imagine que alguém tem uma bola de metal presa na ponta de uma corda e a está
girando muito depressa por cima de sua cabeça. No desenho, se vê a bola de cima. A
circunferência indica o caminho seguido pela bola, e as flechas, a direção que se move.
A linha do centro é a corda que prende a bola. Suponhamos que a corda se rompe quando
a bola está no ponto indicado no desenho. Qual caminho que a bola seguirá?
A maior parte das pessoas dá a resposta a ou b, refletindo não o que realmente
acontece, mas um modelo ou teoria implícita sobre o movimento dos objetos muito
arraigado em nossa mente, que elaboramos a partir de nossa experiência com os objetos,
baseado na indiferenciação entre força e movimento. Esse modelo intuitivo é uma
verdadeira construção intelectual. Não podemos tê-lo tirado da realidade, porque, de
fato, os objetos não se movem assim nessa situação. Trata-se portanto de um modelo
construído ou elaborado a partir de nossa experiência com a realidade, mas não tirado
diretamente dela. É o que dizem as teorias construtivistas da aprendizagem, que
veremos a seguir.

4. O Construtivismo: As Teorias da Aprendizagem por Restruturação


O conhecimento para os construtivistas é a interação entre a nova informação que
nos é apresentada e o que já sabíamos, e aprender é construir modelos para interpretar a
informação que recebemos.
As origens filosóficas do construtivismo na teoria do conhecimento é
normalmente vinculada a Kant (Sec. XVIII), especificamente em seu conceito a priori,
que constituiu categorias (tempo, espaço, causalidades, etc.) que impomos à realidade em
vez de extraí-las dela.
Com o passar dos anos muitas teorias psicológicas estão vinculadas às tradições
construtivistas:

Jean Piaget, considerado por muitos como expoente máximo do enfoque


construtivista, gostava de posicionar tal teoria entre as teorias Racionalista e Empirista.
Piaget dizia que a estrutura psicológica não estaria já determinada como uma herança
racional do ser humano, como dizia Fodor (Racionalista). Ao contrário, assume-se o papel
essencial da aprendizagem, como produto da experiência, na natureza humana. Apesar de
parecer com as ideias do Empirismo, não o era, pois defendia que essa aprendizagem é
sempre uma construção e não uma mera réplica da realidade.
Pozo neste momento refletindo sobre o Construtivismo diferenciou dois processos
de conhecimento que são difundidos nos meios educacionais: É a construção estática do
conhecimento e a construção dinâmica do conhecimento.

 Construção Estática do Conhecimento


Por esse prisma entende-se que há construção de conhecimento quando o que se
aprende se deve não só a informação apresentada, mas também como aos conhecimentos
prévios dos alunos. Muito próximo ao que Piaget chamava de assimilação. O conteúdo
de um livro será assimilado de forma distinta conforme os interesses, as motivações e os
conhecimentos prévios de quem o leia. O que aprendemos depende em boa parte do que
já sabíamos.
Essa afirmação apesar de importante, não permite gerar uma verdadeira teoria da
aprendizagem construtivista. Dá-nos uma foto estática, mas não nos diz como mudam
esses conhecimentos anteriores como consequência dessa tentativa de assimilar nova
informação. Nesse sentido estático, todos os organismos, e inclusive os sistemas
mecânicos (computadores), constroem conhecimentos, com a condição de ter um sistema
de memória onde armazenar seus programas e suas experiências anteriores.

 Construção Dinâmica do Conhecimento


Não é a existência de conhecimentos prévios influindo na aprendizagem o que
define em um modelo construtivista. É a própria natureza dos processos mediante os quais
esses conhecimentos prévios mudam, a acomodação das estruturas de conhecimento à
nova formação, segundo Piaget.
As teorias construtivistas de aprendizagem assumem que este consiste
basicamente numa restruturação dos conhecimentos anteriores e não na substituição
dos conhecimentos anteriores por outros.

5. Associar e Construir: Duas formas complementares de aprender


Embora em diferentes situações, dependendo das demandas de aprendizagem
concretas que se coloquem, predomine um ou outro tipo de aprendizagem, é provável que
em toda situação de aprendizagem complexa, ocorram tanto processos associativos como
de restruturação cognitiva. Na maior parte das situações de aprendizagem ambos os
processos atuam de forma complementar.
Embora jogar xadrez, por exemplo, necessite de um notável esforço construtivo,
este se vê muito facilitado se memorizamos séries completas de movimentos,
normalmente as aberturas. Igualmente, embora deixar de fumar seja principalmente uma
tarefa de aprendizagem associativa (de comportamento), pode ajudar que
compreendamos os efeitos do tabaco sobre nossa saúde ou o conhecimento e controle que
tenhamos de nós mesmo, aspectos ligados à aprendizagem construtivista.

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