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Sociologia do Direito.

2.1. Apresentação da Disciplina. A Introdução ao Estudo do Direito é matéria de iniciação, que


fornece ao estudante as noções fundamentais para a compreensão do fenômeno jurídico.4 Apesar de se
Sumário: 1. A Necessidade de um Sistema de Ideias Gerais do Direito. 2. A Introdução ao Estudo do Direito. 3. Outros
referir a conceitos científicos, a Introdução não é, em si, uma ciência, mas um sistema de ideias gerais
Sistemas de Ideias Gerais do Direito. 4. A Introdução ao Estudo do Direito e os Currículos dos Cursos Jurídicos no estruturado para atender a finalidades pedagógicas. Considerando a sua condição de matéria do curso
Brasil. jurídico, deve ser entendida como disciplina autônoma, pois desempenha função exclusiva, que não se
confunde com a de qualquer outra. Sob este enfoque Luiz Luisi reconhece a autonomia, que “deriva de
seu fim específico: reduzir o Direito a unidade sistemática”.5 Se tomarmos, porém, a palavra disciplina
no sentido de ciência jurídica (v. item 5), devemos afirmar que a Introdução ao Estudo do Direito não
O Direito que se descortina aos estudantes, neste primeiro quartel de século, além de exigir
possui autonomia; ela não cria o saber, apenas recolhe das disciplinas jurídicas (Filosofia do Direito,
renovados métodos de aprendizado, encontra-se revigorado por princípios e normas, que tutelam os
Ciência do Direito, Sociologia Jurídica, História do Direito, Direito Comparado) as informações
direitos da personalidade, impõem a ética nas relações, dão prevalência ao social e atribuem aos juízes
necessárias para compor o quadro de conhecimentos a ser apresentado aos acadêmicos. A cada instante,
um papel ativo na busca de soluções equânimes. Em sua constante mutação, a fim de acompanhar a
na fundamentação dos elementos da vida jurídica, recorre aos conceitos filosóficos, sociológicos e
marcha da história e conectar-se aos avanços da ciência, o Direito pátrio, entretanto, por vários de seus
históricos, sem chegar, porém, a se confundir com a Filosofia do Direito, nem com a Sociologia do
institutos, requer adequação à modernidade, desafiando, além da classe política e, em primeiro plano, a
Direito, que são disciplinas autônomas. De caráter descritivo e pedagógico, não “consiste na elaboração
comunidade de juristas, a quem compete oferecer ao legislador os modelos alternativos de leis. É este,
científica do mundo jurídico”, como pretende Werner Goldschmidt, 6 pois o conteúdo que desenvolve não
em linhas gerais, o quadro que se apresenta aos iniciantes no aprendizado da Ciência Jurídica.
é de domínio próprio. O que possui de específico é a sistematização dos conhecimentos gerais. Em
Identificar o Direito, no universo das criações humanas, situando-o como ordem social dotada de semelhante equívoco incorre Bustamante y Montoro, que reconhece na disciplina uma “índole
coerção e, ao mesmo tempo, fórmula de garantia da liberdade, é a grande meta do conjunto de temas que normativa”.7 Embora de caráter descritivo, a disciplina deve estar infensa ao dogmatismo puro, que tolhe
se abrem à compreensão dos acadêmicos. Antes de iniciarmos a execução deste importante projeto, o raciocínio e a reflexão. O tratamento exageradamente crítico aos temas é também inconveniente, de um
impõe-se a abordagem do estatuto metodológico da Introdução ao Estudo do Direito. lado porque torna a matéria de estudo mais complexa e de difícil entendimento para os iniciantes e, de
O ensino do Direito pressupõe a organização de uma disciplina de base, introdutória à matéria, a outro lado, porque configura o objeto da Filosofia do Direito. Os temas que envolvem controvérsias e
quem cumpre definir o objeto de estudo, indicar os limites da área de conhecimento, apresentar as abrem divergências na doutrina, longe de constituírem fator negativo, habituam o estudante com a
características da ciência, seus fundamentos, valores e princípios cardiais. À medida que a ciência pluralidade de opiniões científicas, que é uma das tônicas da vida jurídica.8 As Institutas de Gaio, do séc.
evolui e cresce o seu campo de pesquisa, torna-se patente a necessidade da elaboração de uma disciplina II a.C., são citadas entre as primeiras obras do gênero Introdução ao Estudo do Direito.
estrutural, com o propósito de agrupar os conceitos e elementos comuns às novas especializações. No
dizer preciso de Benjamin de Oliveira Filho, a disciplina constitui um sistema de ideias gerais.1 Ao 2.2. Objeto da Introdução ao Estudo do Direito. A disciplina Introdução ao Estudo do Direito visa
mesmo tempo que revela o denominador comum dos diversos departamentos da ciência, ela se ocupa a fornecer ao iniciante uma visão global do Direito, que não pode ser obtida através do estudo isolado
igualmente com a visão global do objeto, na pretensão de oferecer ao iniciante a ideia do conjunto.2 dos diferentes ramos da árvore jurídica. As indagações de caráter geral, comuns às diversas áreas, são
O desenvolvimento alcançado pela Ciência do Direito, a partir da era da codificação, com a abordadas e analisadas nesta disciplina. Os conceitos gerais, como o de Direito, fato jurídico, relação
multiplicação dos institutos jurídicos, formação incessante de novos conceitos e permanente ampliação jurídica, lei, justiça, segurança jurídica, por serem aplicáveis a todos os ramos do Direito, fazem parte
da terminologia específica, exigiu a criação de um sistema de ideias gerais, capaz de revelar o Direito do objeto de estudo da Introdução. Os conceitos específicos, como o de crime, mar territorial, hipoteca,
como um todo e alinhar os seus elementos comuns. A árvore jurídica, a cada dia que passa, torna-se mais desapropriação, aviso prévio, fogem à finalidade da disciplina, porque são particulares de determinados
densa, com o surgimento de novos ramos que, em permanente adequação às transformações sociais, ramos, em cujas disciplinas deverão ser estudados. A técnica jurídica, vista em seus aspectos mais
especializam-se em sub-ramos. Em decorrência desse fenômeno de crescimento do Direito Positivo, de gerais, é também uma de suas unidades de estudo.
expansão dos códigos e leis, aumenta a dependência do ensino da Jurisprudência às disciplinas Para proporcionar a visão global do Direito, a Introdução examina o objeto de estudo dos principais
propedêuticas, que possuem a arte de centralizar os elementos necessários e universais do Direito, seus ramos, levando os alunos a se familiarizarem com a linguagem jurídica. O estudo que desenvolve não
conceitos fundamentais, em um foco de menor dimensão.3 versa sobre o teor das normas jurídicas; não se ocupa em definir o que se acha conforme ou não à lei,
Em função dessa necessidade, é imperioso proceder-se à escolha de uma disciplina, entre as várias pois é disciplina de natureza epistemológica, que expressa uma teoria da ciência jurídica. Concluindo,
sugeridas pela doutrina, capaz de atender, ao mesmo tempo, às exigências pedagógicas e científicas. podemos dizer que ela possui um tríplice objeto:
Antes de a Introdução ao Estudo do Direito ser reconhecida como a mais indicada, houve várias a) os conceitos gerais do Direito;
tentativas e experiências com a Enciclopédia Jurídica, Filosofia do Direito, Teoria Geral do Direito e
b) a visão de conjunto do Direito; versam sobre os fundamentos, valores e conteúdo fático do Direito. Daí por que essa disciplina, que
c) os lineamentos da técnica jurídica. constitui uma grande seção de estudo da Introdução, é insuficiente para revelar aos iniciantes da
Jurisprudentia as várias dimensões do fenômeno jurídico.
2.3. A Importância da Introdução. Os primeiros contatos do estudante com a Ciência do Direito se A Teoria Geral do Direito surgiu no século XIX e alcançou o seu maior desenvolvimento na
fazem através da Introdução ao Estudo do Direito, que funciona como um elo entre a cultura geral, obtida Alemanha, onde foi denominada Allgemeine Rechtslehre. Seus principais representantes foram Adolf
no curso médio, e a específica do Direito. O papel que desempenha é de grande relevância para o Merkel, Berbohm, Bierling, Binding e Felix Somló.
processo de adaptação cultural do iniciante.
Ao encetar os primeiros estudos de uma ciência, é comum ao estudante sentir-se atônito, com muitas 3.3. Sociologia do Direito. O estudo das relações entre a sociedade e o Direito, desenvolvido em
dificuldades, em face dos novos conceitos, métodos, terminologia e diante do próprio sistema que ampla extensão pela Sociologia do Direito, é um dos temas necessários a uma disciplina introdutória.
desconhece. É ilustrativo o depoimento de Edmond Picard, nas primeiras páginas de seu famoso livro O Esta, porém, não pode ter o seu conteúdo limitado ao problema da efetividade do Direito, nem
Direito Puro, obra introdutória ao estudo do Direito. Conta-nos o eminente jurista francês a angústia que empreender aquela pesquisa em profundidade, a nível de especialização. A Sociologia do Direito não
sentiu, ao início de seu curso de Direito, com a falta de uma disciplina propedêutica, diante da oferece a visão global do Direito, não estuda os elementos estruturais e constitutivos deste, nem cogita do
“abundância prodigiosa dos fatos” e da dificuldade em relacioná-los; “da ausência de clareza e de problema de sua fundamentação. Além desta série de lacunas, acresce ainda o fato de que o objeto da
harmonia na visão do Direito”.9 É através da Introdução ao Estudo do Direito que o estudante deverá Sociologia do Direito não está inteiramente definido e seus principais cultores procuram formar, entre si,
superar esses primeiros desafios e testar a sua vocação para a Ciência do Direito. um consenso a este respeito (v. item 6).12
A importância de nossa disciplina, entretanto, não decorre apenas do fato de propiciar aos estudantes
3.4. Enciclopédia Jurídica. A etimologia do vocábulo enciclopédia dá uma visão do que a presente
a adaptação ao curso, de vez que ministra também noções essenciais à formação de uma consciência
disciplina pretende objetivar: encyclios paidêia correspondia a um conjunto variado de conhecimentos
jurídica. Além de descortinar os horizontes do Direito pelo estudo dos conceitos jurídicos fundamentais,
indispensáveis à formação cultural do cidadão grego. A Enciclopédia Jurídica tem por objeto a
a Introdução lança no espírito dos estudantes, em época própria, os dados que tornarão possível, no
formulação da síntese de um determinado sistema jurídico, mediante a apresentação de conceitos,
futuro, o desenvolvimento do raciocínio jurídico a ser aplicado nos campos específicos do conhecimento
classificações, esquemas, acompanhados de numerosa terminologia. Sem conteúdo próprio, de vez que
jurídico.10
procura resumir as conclusões da Ciência do Direito, o que caracteriza a Enciclopédia Jurídica é o
método de exposição dos assuntos, ao dividi-los em títulos, categorias, rubricas, e a tentativa de reduzir
o saber jurídico a fórmulas e esquemas lógicos.
3.1. Filosofia do Direito. A Filosofia do Direito é uma reflexão sobre o Direito e seus postulados, Na prática a Enciclopédia Jurídica não se revelou uma disciplina pedagógica, porque conduz à
com o objetivo de formular o conceito do Jus e de analisar as instituições jurídicas no plano do dever memorização, tornando o seu estudo cansativo e sem atingir às finalidades de um sistema de ideias gerais
ser, levando-se em consideração a condição humana, a realidade objetiva e os valores justiça e do Direito. Estendendo o seu estudo aos conceitos específicos, peculiares a determinados ramos da
segurança. Pela profundidade de suas investigações e natural complexidade, os estudos filosóficos do árvore jurídica, a Enciclopédia Jurídica não evita a dispersão cultural. Querer enfeixar, por outro lado,
Direito requerem um conhecimento anterior tanto de filosofia quanto de Direito. Uma certa maturidade no todo o panorama da vida jurídica em uma disciplina é pretensão utópica e sem validade científica.13
saber jurídico é indispensável a quem pretende estudar a scientia altior do Direito. Este aspecto já Como obras mais antigas no gênero, citam-se a de Guilherme Duramti, de 1275, denominada
evidencia a impossibilidade de essa disciplina figurar nos currículos de Direito como matéria Speculum Juris, preparada para ser utilizada pelos causídicos perante os tribunais; a Methodica Juris
propedêutica. A importância de seu estudo é patente, mas a sua presença nos cursos jurídicos há de se Utriusque Traditio, de Lagus, em 1543; o Syntagma Juris Universi, de Gregório de Tolosa, de 1617 e a
fazer em um período mais avançado, quando os estudantes já se familiarizaram com os princípios gerais Encyclopoedia Juris Universi, de Hunnius, em 1638. A Enciclopedia Giuridica, de Filomusi Guelfi, do
de Direito (v. item 6). final do século XIX, revela a multiplicidade dos temas abordados na disciplina. Além de uma parte
introdutória e uma geral, onde desenvolve, respectivamente, sobre o conceito do Direito e suas relações
3.2. Teoria Geral do Direito. Como forma de reação ao caráter abstrato e metafísico da Filosofia com a Moral e aborda o tema da origem do Direito Positivo e o problema das fontes formais, a obra do
Jurídica, surgiu a Teoria Geral do Direito que, de índole positivista e adotando subsídios da Lógica, é notável mestre italiano apresenta uma parte especial, a mais extensa, dedicada aos institutos jurídicos
disciplina formal que apresenta conceitos úteis à compreensão de todos os ramos do Direito. A sua fundamentais, tanto de Direito Público como de Direito Privado. Nesta parte, o autor faz incursões
atenção não se acha voltada para os valores e fatos que integram a norma jurídica e por isso a sua tarefa demoradas em todos os ramos do Direito, analisando o sistema jurídico italiano. Não obstante o seu
não é descrever o conteúdo de leis ou formular a sua crítica. Seu objeto consiste na análise e grande valor, essa obra não deve ser catalogada como propedêutica, porque não se limita a analisar os
conceituação dos elementos estruturais e permanentes do Direito, como suposto e disposição da norma conceitos gerais do Direito.14
jurídica, coação, relação jurídica, fato jurídico, fontes formais. Na expressão de Haesaert, a Teoria
Geral do Direito “concerne ao estudo das condições intrínsecas do fenômeno jurídico”.11
Esta ordem de estudo é valiosa ao aprendizado jurídico, contudo carece de importantes unidades que
A primeira disciplina jurídica de caráter propedêutico, em nosso País, foi o Direito Natural – ____________
1 Benjamim de Oliveira Filho, Introdução à Ciência do Direito, 4a ed., José Konfino Editor, Rio de Janeiro, 1967, p. 86.
denominação antiga da Filosofia do Direito –, a partir de 11 de agosto de 1827, com a criação dos cursos
2 “... é oportuno, antes de baixar aos pormenores, abarcar num relance o conjunto, sob risco de deixar o todo pelos
jurídicos em São Paulo e em Olinda. Em 1891, com o advento da República, o currículo do curso pormenores, a floresta pelas árvores, a filosofia pelas filosofias. O espírito exige a posse de uma representação geral do
jurídico sofreu alterações e a disciplina Direito Natural foi substituída pela Filosofia e História do escopo e da finalidade do conjunto para saber a que deva consagrar-se” (Hegel, Introdução à História da Filosofia, Armênio
Direito, lecionada na primeira série. Em 1895, houve o desmembramento desta disciplina, figurando a Amado, Editor, Sucessor, 3a ed., Coimbra, 1974, p. 42). Em sua Carta aos Jovens, dirigida aos estudiosos de sua pátria, o
russo I. Pavlov aconselhouos: “... Aprendam o ABC da ciência antes de tentar galgar seu cume. Nunca acreditem no que se
Filosofia do Direito na primeira série e a História do Direito, que pouco tempo sobreviveu, na quinta segue sem assimilar o que vem antes. Nunca tentem dissimular sua falta de conhecimento, ainda que com suposições e
série. Já em 1877, Rui Barbosa reivindicava a substituição da disciplina Direito Natural pela Sociologia hipóteses audaciosas. Como se alegra nossa vista com o jogo de cores dessa bolha de sabão – no entanto, ela,
Jurídica, em sua “Reforma do Ensino Secundário e Superior”, conforme nos relata Luiz Fernando inevitavelmente, arrebenta e nada fica além da confusão...”
3 O termo jurisprudência está empregado no sentido romano, ou seja, de Ciência do Direito.
Coelho.15 4 “Introduzir é um termo composto de duas palavras latinas: um advérbio (intro) e um verbo (ducere). Introduzir é conduzir de
Em 1912, com a reforma Rivadávia Correia, foi instituída a Enciclopédia Jurídica, que permaneceu um lugar para outro, fazer penetrar num lugar novo” (Michel Miaille, Uma Introdução Crítica ao Direito, 1a ed., Moraes
Editores, Lisboa, 1979, p. 12).
como matéria de iniciação durante três anos, sendo posteriormente suprimida pela reforma Maximiliano.
5 Filosofia do Direito, Sérgio Antônio Fabris Editor, Porto Alegre, 1993, p. 161. O antigo professor da Faculdade de Direito de
A Filosofia do Direito passou então a ser estudada como disciplina introdutória, lecionada na primeira Santo Ângelo reproduziu o seu trabalho publicado na Revista Jurídica, vol. V, 1953, onde apresenta uma lúcida visão do
série até que, em 1931, com a chamada Reforma Francisco Campos, passou a ser ensinada na última série objeto da Introdução ao Estudo do Direito e de suas conexões com a Filosofia do Direito, Sociologia Jurídica e Teoria Geral
e nos cursos de pós-graduação. Em seu lugar, para a primeira série, foi criada a Introdução à Ciência do do Direito. Entre nós aquele estudo foi um dos pioneiros.
6 Introducción al Derecho, 1a ed., Aguilar, Buenos Aires, 1960, p. 32.
Direito. A Resolução n o 3, de 2 de fevereiro de 1972, do então Conselho Federal de Educação, alterou a 7 Introducción a la Ciência del Derecho, 3a ed., Cultural S.A., La Habana, 1945, p. 22.
sua nomenclatura para Introdução ao Estudo do Direito e a Portaria no 1.886, de 30 de dezembro de 8 Ainda sobre o objeto da disciplina, importante estudo subordinado à visão de autores brasileiros é apresentado por Paulo
1994, do Ministério da Educação e do Desporto, ao estabelecer novas diretrizes para o curso jurídico, Condorcet Barbosa Ferreira, em sua obra A Introdução ao Estudo do Direito no Pensamento de Seus Expositores, Editora
confirmou o caráter obrigatório da disciplina, passando a denominá-la Introdução ao Direito. Líber Juris Ltda., Rio de Janeiro, 1982.
9 Edmond Picard, O Direito Puro, Francisco Alves & Cia., Rio de Janeiro, s/d, pp. 5 e 6. A primeira edição francesa – Le Druit
Estão em vigor, a partir de 1o de outubro de 2004, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pur – data de 1899. O autor belga viveu no período de 1836 a 1924 e advogou nas Cortes de Apelação e de Cassação de
Graduação em Direito, instituídas pelo Conselho Nacional de Educação, com a Resolução CNE/CES no seu País.
10 A Introdução ao Estudo do Direito foi comparada, por Pepere, com o alto de um mirante, de onde o estrangeiro observa a
9, de 29 de setembro de 2004. A nova orientação pretende assegurar aos acadêmicos “ sólida formação extensão de um país, para fazer a sua análise. Mostrando a absoluta necessidade de uma disciplina de iniciação, Vareilles-
geral, humanística e axiológica, capacidade de análise, domínio de conceitos e da terminologia Sommières comentou que começar o curso de Direito sem uma disciplina introdutória é o mesmo que se pretender
jurídica, adequada argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais ...”. conhecer um grande edifício, entrando por uma porta lateral, percorrendo corredores e saindo por uma porta de serviço. O
observador não se aperceberá do conjunto e nem terá uma visão da harmonia e estética da obra. (Apud Benjamim de
Diferentemente das fórmulas anteriores, a atual não indica as disciplinas que devam integrar o chamado Oliveira Filho, op. cit., pp. 96 e 98.)
Eixo de Formação Fundamental, optando por assegurar aos estudos “conteúdos essenciais sobre 11 Théorie Générale du Droit, 1a ed., Établissements Émile Bruylant, Bruxelles, 1948, p. 19.
Antropologia, Ciência Política, Economia, Ética, Filosofia, História, Psicologia e Sociologia.” Cabe, 12 A obra Princípios de Sociologia Jurídica, publicada pelo brasileiro Queiroz Lima, destinada aos estudos preliminares de
assim, às coordenações de curso, a indicação das disciplinas capazes de atender aos objetivos propostos. Direito, obteve, na realidade, aprovação nos meios universitários, contudo, os capítulos nela desenvolvidos não são
próprios da Sociologia do Direito e configuram, antes, a temática da Introdução ao Estudo do Direito.
Inequivocamente, as disciplinas que se encaixam no perfil delineado do Eixo de Formação 13 Entre as críticas que Piragibe da Fonseca faz à denominação, destaca a circunstância de que “hoje pesa sobre o vocábulo
Fundamental, dado o atual nível de nossa cultura e experiência acadêmica, são: Introdução ao Estudo suspeição nada lisonjeira: enciclopedismo é sinônimo de superficialismo pretensioso e pedante, e “enciclopédico” é o
indivíduo que nada sabe, precisamente porque pretende saber tudo” (Introdução ao Estudo do Direito, 2a ed., Livraria Freitas
do Direito, Sociologia Jurídica, Filosofia do Direito, Introdução à Ciência Política, Economia Bastos, Rio de Janeiro, 1964, p. 36).
Aplicada ao Direito e História do Direito.16 14 Filomusi Guelfi, Enciclopedia Giuridica, 6a ed., Nicola Jovene & Cia. Editori, Napoli, 1910.
15 Luiz Fernando Coelho, Teoria da Ciência do Direito, 1a ed., Edição Saraiva, São Paulo, 1974, p. 2.
16 Louvável, por um lado, a preocupação do Conselho Nacional de Educação ao traçar o perfil do homo juridicus dentro de
uma perspectiva de sólido embasamento científico e filosófico, mas pecou pela falta de praticidade, ao deixar em aberto as
disciplinas que realizam tal ideário, correndo-se o risco de um recuo histórico à época em que não havia consenso sobre as
unidades de estudo. O bom-senso há de nortear as coordenações de curso, a fim de não se renunciar a experiência
Ordem do Sumário: acumulada.

1– Benjamim de Oliveira Filho, Introdução à Ciência do Direito; Miguel Reale, Lições Preliminares de Direito;
2– Miguel Reale, op. cit.; Mouchet e Becu, Introducción al Derecho;
3– Mouchet e Becu, op. cit.; Benjamim de Oliveira Filho, op. cit.;
4– Luiz Fernando Coelho, Teoria da Ciência do Direito.

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