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00 Kwanzas // Sexta-feira, 11 Julho 2014 // Ano XVII // Número 881 // Director: Ramiro Aleixo

DESTAQUE
Negócio do marfim
17 anos
coloca Angola
na lista negra
do tráfico e do abate
de espécies protegidas.
// PÁGS. 2-3

MUNDIAL DE FUTEBOL
Alemanha e Argentina

TOM CARLOS
defrontam-se pela
terceira vez numa
final, enquanto o Brasil MUZONGUÉ
tenta reagir à goleada DA TRADIÇAO
histórica que sofreu no HOMENAGEM
último jogo, disputando AOS MORTOS
o 3.º lugar contra ‘QUE NÃO
a Holanda. // PÁGS. 36-37
MORRERAM’
DR
D

// PÁG. 40
Ondjaki. “Não Alerta terrorista Uíge volta
sinto que não sou na TAAG a produzir café
reconhecido pelo Autoridades em grande
país” escala
sem informações
ENTREVISTA. Distinguido com uma sobre suspeito ECONOMIA. Com um orçamento o
série de galardões literários inter-
nacionais, numa listagem onde se
de terrorismo de 60 mil milhões de kwanzas,
a província cafeícola destinou
destaca o prestigiado Prémio José capturado cerca de 30% para a revitalização
Saramago, o escritor Ondjaki garan- do sector agrícola, com destaque e
DUARTE VILLAS

te que não escreve para obter reco- na rota Lisboa- para a reabilitação dos cafezais
nhecimento, mas apenas para con-
tar uma história. // PÁGS. 24-27
Luanda. que já estão a dar sinais de recu-
peração. // PÁGS. 18-19
DR

// PÁG. 8
EDITORIAL
Não querem pôr os seus e
pensam que somos bombeiros
Americanos e europeus começam a pressionar,
para que Angola disponha também as suas
tropas na resolução de conflitos africanos. O
Executivo tem sabido contornar, privilegiando o
diálogo e financiamento. Apenas esta via
Ramiro Aleixo
ramiro.aleixo@agora.co.ao
Angola assume, sem qualquer
margem para dúvidas, lugar de
destaque no grande palco da
diplomacia internacional, parti-
cularmente no que toca à resolu-
ção de conflitos na região Centro
e Austral do continente, onde,
infelizmente, continua a pairar a
instabilidade, fruto, afinal, da tal
tendência genuína dos africanos
em não respeitar as regras de
jogo, por vezes até elementares,
que contribuem para a sã convi-
vência social e política. E quem
acaba por sofrer as consequên-
cias são sempre as populações.
Mas, este esforço, esta contribui-
ção para a pacificação do conti-
nente, incontornável para os
interesses da Nação e do mun-
do, têm, por vezes, como se pode
calcular, um preço extremamen-
te elevado, porque, mais do que
boa vontade, é necessário ter,
acima de tudo, recursos e meios,
uma vez que se gasta muito. Só
para aclarar, a vinda da maior
parte dos estadistas da região e
das suas delegações a Luanda
obedece à preparação de uma
logística que vai desde a trans-
portação em aviões nossos, ao
pagamento de combustível, do
estacionamento e tempo de
espera das aeronaves, etc... etc...
E quando lá fora, o país tem con-
tribuído até para a organização
de conferências e tudo mais.
Fruto do aproveitamento desta
nossa disponibilidade, pelo que
se pode depreender de recentes
declarações do ministro das
Relações Exteriores, Georges
Chicoti, começa por se efectivar
alguma pressão de algumas
potências europeias e da Admi-
nistração Obama, no sentido de
Angola se envolver também com
tropas, na resolução dos conflitos
no Congo e na República Centro
Africana. Aliás, terão sido tam-
bém estes os propósitos da visita
do secretário de Estado america-
no, Jonh Kerry, antecedida de
outras, envolvendo altos funcio-
2 a 11 Julho 2014
nários ligados aos assuntos afri-
canos.
Até ao momento, o país tem
sabido conter esta pressão,
pois, certamente, tal como nós
próprios demos exemplo,
embora a ajuda externa seja
necessária, a solução dos con-
flitos, salvo nos casos em que
está iminente um genocídio,
depende, em primeira instân-
cia, do diálogo, da vontade e do
engajamento das partes envol-
vidas e não propriamente da
entrada de actores estrangei-
ros impondo condições.
Não nos devemos esquecer do
passivo de outras experiências
que deixaram marcas, quer no
Congo, onde morreram solda-
dos cujos restos mortais não
foram entregues aos seus fami-
liares, quer no caso mais recen-
te da Guiné-Bissau, onde toda a
nossa contribuição simplesmen-
te foi para a sarjeta.
Nota-se que esta pressão esconde,
no fundo, a intenção legítima de
protecção de vidas de soldados
americanos e europeus, mas tam-
bém o evitar despesas orçamen-
tais que acarreta uma intervenção
do género. Mas, mesmo com cus-
tos mais baixos e o bom nível de
preparação das tropas angolanos,
também não parece justo que
tenhamos que aparecer na frente
ou ao lado de quem quer que seja,
servindo de carne de canhão para
resolver problemas dos outros.
Por outro lado, o contexto político
hoje é diferente. Para consumar
uma intervenção do género, o
Executivo, ao contrário do que
ocorreu, é obrigado a solicitar a
competente autorização do parla-
mento. E, neste caso, se não qui-
ser fazer parecer aos parceiros
americanos e europeus que a
questão não se prende propria-
mente com a falta de vontade do
Governo ou do Presidente da
República, basta utilizar os mes-
mos procedimentos que eles,
levando a questão para o crivo
dos deputados. E pela primeira
vez a votação unânime será o
‘NÃO’!
A guerra, salvo se para a defe-
sa da soberania de Angola,
não deve (e acreditamos que
não faz) fazer parte da estraté-
gia da nossa governação.
Como estamos a financiar, já
representa para todos um
grande contributo.
// Fauna – Abate de
A
Destaque
Venda livre de
objectos de marfim
evidencia que há
crime a sustentar
o negócio
Em pelo menos dois pontos da cidade de Luanda,
comercializam-se as mais distintas peças de arte em
marfim, o que, para organismos internacionais de
defesa da espécie, constitui um indicador de que a
mesma, em Angola, está seriamente ameaçada
GASPAR FAUSTINO blema muito sério e torna-se cada
vez mais complicado evitá-la devi-
O comércio ilegal de marfim pode do à escassez de segurança.
estar a contribuir para a iminente Sobre a invasão de populares às
extinção de elefantes e outras espé- áreas junto da costa que estão reser-
cies em Angola, o que leva algumas vadas para os animais, alertou para
organizações internacionais a con- o perigo que isso representa. Um
cluir que o país representa um pon- dos exemplos do que pode suceder A beleza das peças que escondem um
to-chave no tráfico intercontinen- ocorreu recentemente na Matala,
tal desta matéria, como confirma- província da Huíla, onde o admi- fantes, em algumas zonas, caso não
ram alguns ambientalistas, na nistrador de uma localidade aca- se estanque a comercialização ile-
sequência de uma denúncia da ONG bou trucidado por uma manada. gal desta matéria-prima.
‘Save The Elephants’, feita recente- “É necessário mais empenho para “Quando entrei no mercado do
mente. que a fauna e a flora não continuem Benfica, vi muitas esculturas em
No comunicado citado pela Lusa, a ser ameaçadas pela população, madeira, pinturas, tecidos colori-
Angola é tida por esta organização sobretudo por aqueles que vivem dos e outros produtos artesanais,
como o segundo maior mercado de próximo desta zona de conserva- mas o que mais me chocou foi a
comércio ilegal de marfim a reta- ção nacional”, disse. quantidade impressionante de mar-
lho em África, depois de Lagos, na O responsável pelo ambiente do fim vendido a preço de oferta, con-
Nigéria. parque acrescenta que a fiscaliza- finado a uma secção que contém
“Em Lagos, há mais peças de mar- ção do parque é composta apenas cerca de 30 mesas”, explicou.
fim à venda, mas o comércio é mais por 33 fiscais, um número que con- O pesquisador conta, igualmente,
dissimulado, com os vendedores sidera irrisório, tendo em conta a que viu exposta peles de vários ani-
mais conscientes das regras e mais sua dimensão. mais, incluindo alguns que se con-
receosos, enquanto os comercian- sideram em vias de extinção, cujos
tes em Luanda têm pouca preocu- VENDA LIVRE NO MERCADO DO BEN- vendedores penduraram em vigas,
pação sobre a possibilidade de serem FICA. Outro ambientalista contacta- ao lado da estrada movimentada.
apanhados a vender marfim ilegal”, do por este jornal defende que, devi- A mesma entidade considera que
diz a ‘Save The Elephants’, no comu- do à falta de fiscalização, o nosso o tamanho e a forma das presas
nicado. país é dos principais vendedores de encontradas no mercado do Benfi-
Contactado por este jornal, o marfim. ca alegam que a maioria das peças
ambientalista Paulo Wesson, res- O especialista, que preferiu falar de marfim comercializadas prova-
ponsável pelos serviços ambientais na condição de anonimato, avan- velmente tenham sido extraídas de
do Parque da Kissama, disse que a çou que Angola corre sérios riscos “elefantes das nossas florestas e não
caça furtiva continua a ser um pro- de perder a sua população de ele- de países circundantes”.
 elefantes
crime que envergonha a nação, caucionado pelo silêncio cúmplice de quem dirige as instituições que devem fiscalizar
Ainda segundo a fonte, há alguns
anos, o nosso país participava do “Sis-
tema de Informações sobre o Comér-
cio dos Elefantes”, órgão que monito-
ra o comércio global de marfim, em
parte, através da análise de dados sobre
a apreensões de países integrantes.
“Embora isso tenha acontecido no
passado, a verdade é que o nosso
país nunca foi capaz de apresentar
um relatório”, lamentou, sugerin-
do que não se faz sentir neste domí-
nio a aplicação das leis sobre a caça
ilegal e o tráfico.
Já no município de Cacuaco, mas,
concretamente, na conhecida Vila,
a realidade não foge do que se obser-
va no mercado do Benfica. João Mua-
mona é vendedor há mais de 10 anos
e disse à nossa reportagem que hoje
é mais fácil obter um dente de mar-
fim do que em anos anterior.
“Era difícil quando o nosso país
foi assolado pelo conflito armado.
Agora, as coisas estão mais fáceis”,
frisou o comerciante.
Por sua vez, Esmeralda Miguel,
também vendedeira de peças de
marfim, afirma que o comércio não
é exclusividade dos mercados tra-
dicionais, mas também existem lojas
especializadas na matéria em vários
pontos da cidade de Luanda e na
Ilha. “ É possível encontrarmos mar-
fim à venda também em hotéis de
três, quatro e cinco estrelas, muito
frequentados por turistas estran-
geiros”.
Os vendedores do mercado da Vila
recusaram-se a prestar qualquer infor-
mação sobre a origem da mercado-
ria, com receio de serem penalizados.
UMA AMEAÇA MUITO SÉRIA. Convi-
dado a comentar a denúncia, quer
da ONG, quer as questões que colo-
cámos, o ambientalista Mateus Tchi-
cale, que conhece a realidade da
fauna angolana, realça que “têm
um historial muito comum e estão,
neste momento, na mira da caça
furtiva”. Corrobora com o seu cole-
TOM CARLOS
Os ambientalistas -me às medidas mais duras e fir-
mes – daqui há alguns anos, e já
defendem que as não faltam muitos, vamos dizer
instituições do “adeus aos elefantes”, e não tere-
Governo devem mos o que mostrar, pelo menos cá
dentro, as futuras gerações”.
tomar medidas sérias
para impedir a JÁ FOI REFERÊNCIA INTERNACIONAL.
continuidade do O Parque Nacional da Quissama
abate de elefantes e possuiu, nos anos 70, uma popula-
ção de cerca de 800 elefantes e mais
que a venda de de 3000 pacaças (um dos símbolos)
marfim constitui uma e é considerada parte das zonas de
vergonha para o país protecção integral da natureza,
encravada entre a costa e os rios
Longa e Cuanza, numa extensão de
cerca de 120 Km. No parque, podem
ser encontrados, elefantes, girafas,
zebras, gnus, avestruzes e diversas
ga que o Governo deve tomar medi- espécies de antílopes.
das sérias e dar conta do seu posi- Possui, actualmente, melhores
cionamento no mundo no que toca estruturas para receber turistas,
ao tráfico ilegal de marfim. em comparação com os demais par-
“O país enfrenta uma ameaça mui- ques existentes em Angola.
to séria e, se nada for feito para tra- Criado a 16 de Abril de 1938, e ele-
var isso - quando digo nada, refiro- vado a nacional em 1957, median-
te declaração do Ministério do Ultra-
mar de Portugal, a 20 de Janeiro
de 1955.
ELEFANTES DÃO O TROCO. Novos
relatos de destruição de culturas
por manadas de elefantes, em Ango-
la, voltaram, em contrapartida, a
ocorrer no Norte, o que tem moti-
vado receios da população, face à
devastação provocada na agricul-
tura local.
O caso mais recente aconteceu no
início do mês no município de Golun-
go Alto, na província do Cuanza-
Norte, a cerca de 200 quilómetros
de Luanda.
Citados pela imprensa local, os
camponeses queixam-se de cultu-
ras destruídas por manadas cons-
tituídas por até 25 elefantes. Nem
meios artesanais para afastar os
animais, como a queima de pneus,
têm travado a devastação, naquele
município, de culturas como bana-
na, milho, feijão ou mandioca, entre
outras.
O administrador do município
do Golungo Alto, Cirilo Matias
Mateus, citado pela Angop, reco-
nheceu a situação como um pro-
blema grave e complexo, tendo em
conta que esta destruição aconte-
ce, precisamente, na época das
colheitas, aguardando-se a inter-
venção dos ministérios da Agri-
cultura e do Ambiente.
Situação semelhante foi relatada
na comuna de Canjala, província
de Benguela, com ataques por mana-
das de elefantes às culturas a um
ritmo praticamente diário.
Cada ataque envolve pelo menos
três elefantes e alguns camponeses
referiram, a 2 de Julho, que, em
poucos minutos, chegaram a per-
der mais de uma tonelada da pro-
dução, devorada pelos animais, entre
banana, cana e milho.
Além dos receios pela integridade
física, face aos ataques crescentes
dos últimos dias, os camponeses ape-
laram às autoridades nacionais para
a disponibilização de apoio, tendo
em conta a destruição das culturas.
Este tipo de ataques é recorrente
em Angola, nomeadamente quan-
do os animais procuram por ali-
mentação ou água, geralmente nas
suas rotas de transumância.
Estes casos terminam, frequente-
mente, com a morte de campone-
ses e ataques directos da popula-
ção às manadas.
Os ambientalistas defendem que
esta ‘invasão’ dos animais é resul-
tado não do aumento do número
de elefantes, mas da invasão que o
homem faz ao seu habitat. Do mes-
mo modo, esse tem sido outro argu-
mento para justificar a chacina.
11 Julho 2014 a 3
 A Destaque // Energia e Águas

DR

Programas e tarifas. RAMIRO ALEIXO

A constatação é do Ministério da Energia e

A subvenção é perniciosa Águas que, recentemente, por via do titular

da pasta, João Baptista Borges, reconheceu
que, actualmente, a electricidade “é ainda

e não induz o consumidor um privilégio para cerca de 33% da popula-

ção, 90% da qual vive em cidades ou grandes
aglomerados populacionais, contribuindo

à prática de hábitos de apenas para 0,14% do PIB”.

De acordo com esta entidade, até ao ano de
2025, o grande desafio e as premissas lança-

poupança das no programa do Executivo apontam para

a expansão do acesso à electricidade nas zonas
rurais e periferia das cidades.
Para alcançar esta meta, foi gizado um pla-
no de investimentos que, segundo se dá con-
ta, contempla um conjunto de projectos estru-
turantes nos segmentos da produção, trans-
porte e distribuição de electricidade,
O nosso país é rico em recursos energéticos naturais. Para além do petróleo e do gás natural, possui destacando-se a criação de 9.000 MW de capa-
um enorme potencial hídrico e outros recursos naturais renováveis. Tais fontes energéticas, se mais cidade de geração, até 2025, e a interligação
bem exploradas, proporcionarão desenvolvimento económico e social ao país e à região, bem como de todos os sistemas isolados e a criação da
contribuirão, consequentemente, para a redução dos níveis de pobreza Rede Eléctrica Nacional. Do mesmo modo,

4 a 11 Julho 2014
Soluções encontradas durante o período de guerra, o custo
médio de produção de electricidade está actualmente avaliado
em 220 USD/MW. Bateria de grupos geradores na Kileva, Lobito
está contemplada a expansão dos sistemas de
distribuição, incluindo as ligações domicilia-
res e a instalação de sistemas de contagem.
A pressão sobre o sector tem aumentado
consideravelmente, com particular realce
nos últimos 10 anos, como resultado do relan-
çamento, previsível da actividade industrial,
mas também da implantação de grandes pro-
jectos sociais, destacando-se a construção de
novas centralidades em quase todo o país. O
levantamento estatístico do sector aponta
que há um aumento da procura da electrici-
dade, com “taxas de crescimento médio anual
de 12,5%”.
Mas, além de se reconhecer a necessidade
da realização de avultados investimentos na
criação de novas capacidades para a produ-
ção, transporte e distribuição de electricida-
de, o Executivo entende que aumentar a taxa
de acesso à electricidade tem intrínseca liga-
ção com outros factores identificados já pelo
Ministério da Energia e Águas. São, por exem-
plo, os casos do “aumento da eficiência comer-
cial das empresas concessionárias; a fixação
de uma tarifa que coincida, gradualmente,
com os custos, libertando as empresas das
dotações do Estado; a necessidade de redu-
ção dos custos de produção e distribuição de
energia eléctrica, aproximando-os do que se
observa no resto da região”.
FRACA ACTIVIDADE ECONÓMICA NO INTERIOR.
Sobre o primeiro factor identificado, o Minis-
tério da Energia e Águas manifesta preocu-
pação pelas elevadas taxas de perdas comer-
ciais que as empresas públicas registam ain-
da, na ordem dos 40% e a fraca implantação
da actividade económica no interior do país.
A leitura que se faz é que “a incapacidade de
controlo e cobrança gera incumprimento e
incapacidade operacional para a prestação
de um bom serviço, num ciclo vicioso ou
doença que debilita as empresas públicas”.
Em relação ao segundo factor, a realidade
nacional indica que a tarifa “é ainda subsidia-
da em cerca de 88%, e está assim muito dis-
tante dos custos reais de produção, o que tor-
na a operação das empresas cada vez mais
dependente das dotações orçamentais do Tesou-
ro Nacional e afasta cada vez mais as empre-
sas da auto-sustentabilidade pretendida”.
Para o ministério, também aqui “se deve
considerar o efeito pernicioso que uma bai-
xa tarifa induz no comportamento dos con-
sumidores”.
O terceiro e último factor referenciado tem
sustentação por força das soluções encontra-
das durante o período de guerra que ‘forçou’
a compra e instalação de “centrais de produ-
ção de energia asseguradas com recurso ao
diesel e mesmo JET B, operando como cen-
trais de base. Para a instituição, resulta “dis-
so que o nosso custo médio de produção de
electricidade está, actualmente, avaliado em
220 USD/MW, significativamente elevado que
no resto da região”. Como é evidente, este
‘arrombo’ na capacidade financeira do país
“constitui outro factor que compromete a
auto-sustentabilidade do sector eléctrico”.
Sendo o objectivo do Executivo transformar
a electricidade num bem disponível para a
maioria dos angolanos e potenciar o desen-
volvimento económico, de acordo com o minis-
tro João Baptista Borges, com base na explo-
ração dos recursos energéticos endógenos
que o país possui, há três anos (2011) foi apro-
vada a Estratégia e Política de Segurança
Energética, a partir do qual foi definido um
programa de reforma do sector eléctrico, que
está em curso.
Esta reforma passou pela elaboração do Pla-
no de Investimentos que tem já uma cartei-
ra orçamental definida; do Plano de Trans-
formação do Sector Eléctrico, que compreen-
de a desverticalização ou umbundling do
sector e a criação de três novas empresas,
por cisão-fusão dos activos das empresas
actuais, bem como o fortalecimento do papel
da empresa reguladora; a adopção de um pro-
grama de actualização ou incremento tarifá-
rio que permita recuperar o valor erodido
pela inflação acumulada desde 2006, ano da
última actualização.
A adopção de um plano de modernização
dos sistemas de contagem e de gestão de
consumidores, com resultados a curto-pra-
zo na elevação das cobranças, é outra das
questões equacionadas pelo ministério, ten-
do por objectivo a instalação de cerca de
950 000 novos sistemas de contagem até
2017, em todo o país.
O programa de reforma do sector eléctrico
contempla, de igual modo, o “upgrade das
centrais térmicas mais importantes, desta-
cando-se o Cazenga, em Luanda, e Malem-
bo, em Cabinda, e a substituição do JET B e
diesel por gás natural”.
A formação de quadros nacionais, integra-
da no Plano Nacional, prevê o estabelecimen-
to de um plano de modernização e amplia-
ção dos centros, para a garantia de nível médio
de aptidão para o asseguramento das tare-
De acordo com vários
especialistas, o modelo
de subsidiação existente
tem contribuído para a
degradação do sector,
para o consumo
irracional de energia
eléctrica e de água e para
a ineficiência das
empresas
fas de operação e manutenção de plantas e
instalações eléctricas, bem como na possibi-
lidade de opções para níveis superiores de
técnicos com recurso a bolsas de estudo.
INTERVENÇÃO DO SECTOR PRIVADO. O Minis-
tério da Energia e Água considera que a actual
legislação permite já estabelecer, nos segmen-
tos da produção e distribuição de electricida-
de, concessões privadas, existindo regulamen-
tação que estabelece as modalidades para a
celebração dos contratos de compra e venda
e a sua regulamentação.
Numa fase inicial e, enquanto subsiste a
dificuldade de mitigação do risco económi-
co ligado à solução do Financiamento do Pro-
jecto, é intenção do ministério concentrar as
parcerias público-privadas em pequenas con-
cessões de produção de energia, com base
em sistemas isolados, o que proporcionará
soluções de electrificação para as zonas rurais.
REVERTER O QUADRO NAS ÁGUAS E REESTRU-
TURAR A EPAL. O Programa de Desenvolvimen-
to do Sector das Águas, como deu a conhecer
recentemente João Baptista Borges, tem basi-
camente três direcções: uma é a reabilitação
e expansão dos programas das sedes provin-
ciais, estando já 16 das 18 províncias do país
com projectos em curso, considerando que é
necessário avançar rapidamente para o Zai-
re e para Cabinda, que são as províncias que
não têm sistemas em fase de intervenção, mas
serão objecto dela a partir de 2015.
Outra direcção é o programa das 132 sedes
municipais, das 166 que o país tem, que até
2017 beneficiarão também de novos sistemas.
Neste momento, como deu conta o ministro,
decorre um processo de contratação das
empresas que executarão as obras. E depois,
há o programa ‘Água para Todos’ que, justi-
ficando, sustentou que tem um grau de exe-
cução satisfatório.
De acordo com o titular, estes três subpro-
gramas são aqueles que permitirão, no médio
prazo, reverter a difícil situação que se vive
ainda numa boa parte do país, relativamen-
te ao consumo de água potável.
Para o caso concreto de Luanda, especifi-
cou que o processo de reestruturação da EPAL
já teve início e ganhará maior dimensão no
próximo ano, tão logo estejam em curso as
acções de reforma previstas. O que se pre-
tende, disse, é que tenha capacidade de pres-
tar melhor serviço de abastecimento de água
a Luanda, que tem um consumo que repre-
senta mais de 70% da água que é produzida
no país. Há programas importantes para
aumentar a expansão do abastecimento de
água a curto e médio prazos, e, desde logo, a
construção de novos dois sistemas, o Bita e
o Kilonga, que vão duplicar a capacidade de
produção de água para Luanda. O que o Minis-
tério pretende é que a EPAL seja uma empre-
sa com dimensão e capacidade suficiente
para assegurar um bom serviço.
É preciso
evoluir para
a redução
progressiva
dos subsídios
O Estado não terá como,
por muito mais tempo,
manter a subvenção que se
faz à comercialização da
electricidade
Falando sobre os novos desafios do sec-
tor eléctrico em Angola, no decorrer
da 1.ª Conferência Internacional sobre
Energia e Águas, que decorreu em finais
de Setembro do ano transacto, em Luan-
da, Paulo Matos, consultor do Presiden-
te da República, considerou que, no
actual contexto, a “electricidade não
tem valor económico efectivo, não sen-
do possível às empresas obterem equi-
líbrio financeiro, apenas com base na
sua comercialização”.
Tendo em conta que este é um impor-
tante factor de peso, quer na utilização
de receitas do Estado que poderiam ser
canalizadas para outras áreas do sec-
tor, quer noutros domínios da econo-
mia, Paulo Matos defendeu a necessi-
dade de se transformar a electricidade
‘num bem económico’. Tem que adqui-
rir valor, disse, de forma gradual e efec-
tiva e sem resistência do consumidor
que deve perceber e aceitar que vale a
pena pagar para aceder ao serviço.
O pagamento tem influência na pres-
tação de um serviço de qualidade, “capaz
de satisfazer a procura e superar a escas-
sez. Para o efeito, é de opinião que deve
ser melhorado o modelo comercial para
garantia da sua eficácia e para ser pos-
sível a transferência de receitas gera-
das entre as empresas do sector.
Contudo, este consultor sugeriu que,
a manter-se a necessidade de um mode-
lo de subsidiação, deve ser aplicada
uma solução justa que evolua para a
redução progressiva dos subsídios, até
à eliminação, excepto para a popula-
ção com baixos rendimentos.
O consultor considera, igualmente,
que, com a percepção que se tem dos
problemas do sector e identificação
dos factores críticos, “não se preten-
de baixar as expectativas nem ser cép-
tico”. Há é sim, como ressalta, “neces-
sidade de maior realismo na avalia-
ção e devida consciência das limitações
existentes”.
Para o efeito, alerta para a necessida-
de de se fazer uma abordagem da ques-
tão diferente do que tem sido habitual
e ajustar os objectivos imediatos para,
de forma determinada, rompermos o
“ciclo vicioso” que existe.
11 Julho 2014 a 5
 // Política
G
País

FNLA. 2015 pode ser

o ano da verdadeira
reconciliação entre
‘Irmãos’ desavindos

Numa jogada para a inversão do actual quadro de fragilidade e

legitimidade, Lucas Ngonda reconcilia-se com Laís Eduardo que se
havia bandeado para outra frente, cria uma comissão ad-hoc e
promove uma reunião de reflexão sobre o futuro da FNLA; mas
não conta ainda com a adesão de outros dissidentes de peso, nem se
avançou nada sobre a reconciliação com quem foi expulso
ANA MARGOSO “Vamos realizar o fórum no sábado, é o pri-
ana.margoso@agora.co.ao meiro passo, para que se encontrem vias de
diálogo e soluções. Vamos conversar todos
A Frente Nacional de Libertação Nacional sem tabu. Foram todos convocados, portan-
(FNLA) vai realizar o seu congresso entre os to, aqui já não podemos falar de reconcilia-
dias 25 e 28 de Janeiro de 2015, anunciou, ção, nem de negociação, uma vez que a recon-
em conferência de imprensa, Laís Eduardo, ciliação foi feita em 2004. Agora, estamos
membro da comissão ad-hoc do grupo de num processo de juntar todas as forças, a fim
reflexão. de sairmos mais fortalecidos no congresso
Laís Eduardo, que está de regresso à FNLA, de 2015 e de nos prepararmos para os próxi- Ngola Kabango mantém-se irredutível TOM CARLOS

depois de ter “emigrado” para a Nova Demo-
cracia, aproveitou a ocasião para convidar a
imprensa a estar presente no encontro de
reflexão sobre o futuro da FNLA que se rea-
lizará amanhã, em Luanda, e que contará
com a envolvência de todos os militantes,
amigos e companheiros do partido dos “irmãos”.
“O fórum vai contar com a presença de mais
de 500 militantes, provenientes das 18 pro-
víncias do país, para tratar de assuntos liga-
dos aos desafios que se apresentam no actual
cenário político nacional”, fez saber na oca-
sião.
Em contrapartida, o porta-voz da FNLA,
Ndonda Nzinga, avançou que todas as par-
tes envolvidas no processo foram contacta-
das, no sentido de participarem no encontro
e, posteriormente, avançarem para o con-
gresso de 2015.
mos desafios”, esclareceu Ndonda Nzinga.
Questionado sobre a possibilidade de os últi-
mos acontecimentos internos do seu parti-
do, com a expulsão dos seis militantes da
direcção, poderem vir a manchar este pro-
cesso, o porta-voz avançou não haver perigo,
até porque o processo ainda não foi concluí-
do.
“Não existe este perigo, até porque aqui esta-
mos a falar de procedimentos legais, basea-
dos na lei, na própria Constituição e nos esta-
tutos internos do partido, e de decisões do
próprio Tribunal Constitucional que repôs a
verdade e sancionou o presidente que tinha
tomado decisões que não dependiam dele,
como, por exemplo, a expulsão destes qua-
dros da formação do Bureau Político e do
Comité Central, órgãos máximos do partido,
por ser uma decisão do Congresso. Mas, são
assuntos que serão levados a congresso e que,
segundo os estatutos, é ele que tem compe-
tência de decidir o futuro político destes diri-
gentes do partido”, acrescentou.
O Comité Central da FNLA, liderado por
Lucas Ngonda, voltou a afastar, recentemen-
te, cinco secretários nacionais e um director
para o Protocolo, nomeadamente, Augusto
Paulo, João do Nascimento Fernandes, Miguel
Pinto, Vicente Albino, Rosa Nicodemos e José
Boaventura, acusados de desvios de fundos.
Há cerca de dois meses, o Tribunal Consti-
tucional ordenou que fossem reconduzidos
nos seus cargos, depois de exonerados por
despacho de Lucas Ngonda, que, por sua vez,
apesar do acórdão do tribunal, manteve a sua
posição, afastando o grupo dos cargos que
ocupavam e do partido, como aconteceu com
secretário-geral, David Alberto Mavinga, e o
vice-presidente, Jorge Vunge Kiavembua, que
não foram reconduzidos às funções. Daí exi-
girem a convocação do congresso estatutá-
rio.
O Agora tentou, por duas vezes, contactar
Ngola Kabango, aquele que Holden Roberto
considerava o seu sucessor natural, mas este
esquivou-se (mostrando-se várias vezes indis-
ponível).
Em entrevista concedida recentemente a
este jornal, na sua edição n.º 877, de 13 de
Junho de 2014, Ngola Kabango afirmou que,
na FNLA “não existem alas. Houve sim, uma
tentativa de subverter a ordem interna de
atingir a identidade política e histórica des-
se partido”.
“Mas, eu falo e luto por uma FNLA coesa e

6 a 11 Julho 2014

Lucas Ngonda vê-se cada vez mais apertado na defesa da sua legitimidade como presidente
“É o primeiro passo para
que se encontrem vias de
diálogo e soluções. Vamos
conversar todos sem tabu,
foram todos convocados”
unida. Aliás, é nesse sentido, como militan-
te histórico, que estou a envidar todos os
esforços, através do diálogo, com todos aque-
les que respeitam os estatutos e os regula-
mentos internos do partido para revitaliza-
lo, recolocá-lo no seu devido lugar no cená-
rio político angolano”, disse.
Tal como os correligionários de Lucas Ngon-
da, Kabango também se recusa em aceitar a
derrocada da FNLA. “Há só uma FNLA. O
que é fundamental neste momento todos
serem escravos dos estatutos, dos regulamen-
tos, dos princípios, para podermos dar outra
imagem ao partido, revigorá-lo e prepará-lo
para os próximos desafios”, declarou o polí-
tico.
Kabango argumentou, durante a entrevis-
ta que temos vindo a citar, que o Tribunal
Constitucional (TC) errou quando ditou Lucas
Ngonda como presidente da FNLA.
“Respeito o TC e os venerandos juízes, que
lá estão, mas eles decidiram erradamente o
caso do nosso partido. Continuo a dizer que
não, vocês foram injustos. Na altura em que
eles legitimaram o senhor Lucas Ngonda, ele
já não era o primeiro vice-presidente da FNLA,
porque, em 2006, realizou um congresso uni-
lateral, com Holden Roberto. Mas, neste
DUARTE VILLAS
momento em que estamos aqui a falar, estou
mais preocupado com a unidade interna, com
a sua coesão, com a sua posição em todo o
espaço nacional”, atirou.
Respeito os estatutos internos da FNLA, é
a principal imposição daquele que já ocupou
o cadeirão máximo do partido dos ‘irmãos’.
“Para todo o diálogo aberto, frontal e sin-
cero, só tem uma coisa: que se respeitem os
estatutos, os regulamentos internos do par-
tido. Temos de acabar com a cultura de assal-
tar a direcção do partido; temos de devolver
a voz aos militantes e isso passa por um con-
gresso aberto e, sobretudo, democrático”.
Outra das vozes contactadas para se juntar
ao encontro de reflexão do futuro deste parti-
do é o sociólogo Carlinhos Zassala, que não se
sabe, ao certo, se aderirá ou não ao apelo.
UNITA investirá
em canal de TV
O maior partido na oposição poderá,
nos próximos anos, proceder à
abertura de um canal de televisão,
segundo fonte afecta à sua presidência.
A mesma avança que Isaías Samakuva
tomou esta decisão, depois de ter
concluído uma visita ao exterior do país.
Para o funcionamento do canal que
presumivelmente será a cabo, o partido
pretende recrutar profissionais internos
para levar a bom porto o projecto, tal
como salientou a fonte contactada.
“Também vamos precisar da ajuda
externa, mas quem levará adiante o
projecto serão quadros nacionais,
recrutados localmente”, concluiu.
Uma das principais queixas
apresentadas pelos ‘maninhos’ prende-
se com aquilo que consideram falta de
isenção por parte dos órgãos públicos,
tal como ficou patente no debate sobre
a comunicação social estatal.
Recorde-se de que a não-
regulamentação da Lei de Imprensa
impede que haja uma Lei de Televisão.
Fazendo fé à declaração apresentada
pela bancada parlamentar da UNITA
durante o debate, o argumento que
será utilizado para a obtenção da
competente autorização do Governo
deverá ser equiparado ao que justificou
a abertura da TV Zimbo, que já se
encontra no ar desde 2009.
De acordo com a comunicação lida na
Assembleia Nacional pelo deputado
Raul Danda, não se sabe, ao certo, em
que termos é que esta televisão foi
licenciada, na ausência de um
instrumento legal que oriente o
Executivo, numa clara violação ao
artigo 59.º da Lei de Imprensa.
Conforme ainda a nossa fonte afecta à
direcção da UNITA, este projecto tem
uma perspectiva mais ampla, para
contrapor os órgãos públicos e
privados ligados ao poder, e já numa
perspectiva das eleições legislativas e
autárquicas contornar o reduzido
espaço que tem sido atribuído ao
principal partido na oposição.
Em contrapartida, o projecto também é
visto com algumas reticências por parte
de alguns sectores da sociedade,
porque entendem que o ‘Galo Negro’,
tida no fundo como a proprietária da
Rádio Despertar, não tem demonstrado
um comportamento diferente do partido
no poder, no controlo editorial deste
órgão.
11 Julho 2014 a 7
 G País // Política
Polícia Nacional aguarda
informações de Portugal sobre
tentativa terrorista de
penetração no avião da TAAG
O Ministério do Interior e a Polícia Nacional estão apreensivos e
aguardam que, a qualquer momento, as autoridades portuguesas
façam a remessa para Angola do dossier que contém informações
precisas sobre o alegado atentado ‘terrorista’ ao avião das Linhas
Aéreas de Angola (TAAG), na semana passada, em Lisboa
Segundo fontes oficiais afectas ao Ministério do
Interior, até agora (quarta-feira) ainda não tinha
chegado a Luanda nenhum relatório das auto-
ridades portuguesas sobre o incidente, ocorrido
na quinta-feira da semana passada, mas acredi-
tam que, tão logo terminem as investigações que
estão a ser levadas a cabo pela ‘secreta’ daquele
país, o processo poderá chegar a Angola, isto é,
se ficar provado que o objectivo do alegado ter-
rorista era o de atentar contra o avião da TAAG.
Comentando sobre o assunto, Paulo David,
superintendente da Polícia Nacional, disse
Analistas dizem ser necessário aprimorar os mecanismos de segurança nos aviões das companhias nacionais
8 a 11 Julho 2014
ser preocupante, na medida que ainda não
se sabe, ao certo, quais foram as verdadei-
ras intenções do indivíduo, nem também se
por trás disso existe alguma organização que
pretenda atingir interesses e cidadãos ango-
lanos. Mas, considera que “é hora de fazer
estudos a nível das inteligências, para se apu-
rar se, de facto, há algum ou alguma organi-
zação que deseja atentar contra o Estado
Angolano. Aguardamos, a todo o momento,
que o processo chegue às mãos das autori-
dades angolanas e logo se verá”, disse.
Conforme a Lusa, que noticiou o facto, o indi-
víduo que tentou embarcar pelo trem de ater-
ragem do avião da TAAG, armado com uma
faca com 20 cm de lâmina, foi detido pelas
autoridades portuguesas e é procurado por
vários países, sob acusação de terrorismo.
O Departamento Central de Investigação e
Acção Penal (DCIAP) e a Unidade Nacional de
Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciá-
ria (PJ) que investigou o suspeito, depois de ser
detido, concluiu que o homem, de nacionalida-
de holandesa, mas nascido em Angola, passou
pelos campos de treinamento da Síria, sob égi-
de da Jihad. O suspeito estava referenciado
pelos serviços de segurança de outros países.
Em contrapartida, a Polícia Portuguesa ain-
da não sabe o que o suspeito estava a fazer
em Portugal, e muito menos as intenções que
o levariam a embarcar no voo da TAAG.
Esta situação está a precipitar comentários
da parte de alguns sectores que questionam
a segurança nos aeroportos, mas também
colocam a necessidade de se redobrar a vigi-
lância sobre os aviões da companhia aérea
angolana e não só...
De acordo com especialistas, um homem
armado com uma faca no interior de uma
aeronave pode provocar danos incalculáveis,
incluindo a própria queda. É por esta razão
que se apela ao reforço da segurança não só
na parte externa dos aeroportos, como tam-
bém no interior dos próprios aviões.
Sabe-se já que o suspeito esteve escondido
pelo menos 24 horas no interior do aeropor-
to, após uma estada de poucos dias numa pen-
são do centro da capital portuguesa, Lisboa.
Interrogado pela Unidade Nacional de Con-
traterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária,
terá confessado que esteve em campos de trei-
no dos islamitas que combatem o regime de
Bashar al-Assad na Síria. Ereneu Máquina
DR
Ministro apela à
segurança no trabalho
O ministro da Administração
Pública, Trabalho e Segurança
Social, Pitra Neto, assegurou, na
quarta-feira, que a segurança e
saúde no trabalho devem cons-
tituir o eixo fundamental das polí-
ticas públicas.
O governante, que falava na
abertura do atelier de seguran-
ça e saúde no trabalho, organi-
zado pelo Centro de Segurança
e Saúde no Trabalho, considerou
que a diminuição sustentada e
constante da sinistralidade nos
centros de trabalho é um objec-
tivo em relação à qual todos jun-
tos, instituições públicas, priva-
das, sindicatos, empregadores e
pessoas interessadas devem dar
o máximo de si.
Acrescentou que este esforço
tem sido feito não só no domínio
da legislação, em relação à qual
a futura Lei Geral do Trabalho
dá uma importância assinalável
aos aspectos de segurança e saú-
de no trabalho em benefício dos
trabalhadores, das empresas e
da economia, como também no
quadro da capacidade técnica e
humana.
“A agenda do Executivo, neste
domínio, é de constante empenho
para a busca de soluções com ima-
ginação, com realismo, de acor-
do com as nossas necessidades,
para que esta questão da sinistra-
lidade no trabalho seja um fenó-
meno em crescente diminuição”,
afirmou.
Reclusão de militares
em Malange
A Procuradoria Militar da Segun-
da Divisão de Infantaria da Região
Norte das Forças Armadas Angola-
nas (FAA), em Malange, realizou 22
visitas, das quais 16 de fiscalização
da legalidade e seis de inspecção,
às cadeias militares.
Segundo dados avançados no fim
da actividade, Malange não regista
casos de excesso de prisão preven-
tiva e as penitenciarias militares
não têm casos de sobrelotação.
A Angop referiu, num despacho,
que, durante o segundo trimestre
deste ano, deram entrada no Tri-
bunal Militar cerca de 30 proces-
sos-crime, entre os quais 20 já foram
julgados.
A fonte avançou, igualmente,
que a Penitenciária Militar de
Malange tem uma capacidade
para albergar 100 reclusos e que
estão sob custódia 33 detidos e 65
condenados.

Efectivos das extintas FALA durante um treino de preparação combativa, manuseando uma AK-47
Batalha do Cuito-Cuanavale.
Jorge Valentim atira-se contra
ex-colegas de trincheira
O ex-dirigente da UNITA e general das FALA, actualmente
activista político do MPLA, desmentiu, no município da Ganda,
informações dos seus antigos companheiros de trincheira,
segundo as quais as FAPLA foram vencidas na Batalha do
Cuito-Cuanavale
O também antigo ministro da Hotelaria e Turis-
mo do Governo de Reconciliação Nacional e
ex-deputado da bancada parlamentar da UNI-
TA afirmou, ao mesmo tempo, que, na Bata-
lha do Cuito-Cuanavale, morreram muitos
combatentes das FALA e os sul-africanos foram
completamente desmantelados pelas FAPLA.
“Esses, que andam aí a dizer o contrário, são
aqueles que estão interessados em fazer regre-
dir o país e não têm projecto de Estado que
não seja promover acções que retrocedem a
marcha progressista de Angola”, disse, acres-
centando ter reconhecido que, do lado da
FAPLA, também se perderam vidas. “Por todos
os lados, tombavam combatentes que lutavam
contra os inimigos na defesa da integridade
territorial”, recordou, para referir que, no com-
bate, o exército do então regime racista sul-
africano tentou tomar aquela região.
“Estou a falar alto, para que todos guardem
na memória, porque há aqueles que já não têm
objectivos e programas e querem desestabili-
zar Angola, com falsas promessas e difamação
sobre a liderança do Presidente da República,
José Eduardo dos Santos”, assinalou.
Valentim, que na altura pertencia à UNITA
e exercia o cargo de secretário para a infor-
mação, recordou que as tropas racistas sul-
africanas foram vencidas pelos gloriosos com-
batentes das extintas FAPLA, num combate
que qualificou de ‘extremamente terrível’.
“Como os soldados da elite sul-africana eram
brancos e começaram a morrer, tiveram de
recuar até à fronteira da Namíbia. É uma vitó-
ria importante, por causa das repercussões
nacionais e internacionais, uma vez que o
Ocidente e os americanos estavam à espera
do desfecho desta batalha”, fez saber.
Adiantou que, quando constataram que a
África do Sul, todo-poderosa, não conseguia
ganhar a guerra no Cuito-Cuanavale, em vir-
tude da resistência das FAPLA, a solução foi
a realização da Conferência de Nova-Iorque e
de outras, para se começar por discutir a inde-
pendência da Namíbia.
Jorge Valentim declarou, inclusive, ter sido
esta grande vitória dos combatentes angola-
nos que fez a opinião sul-africana questionar
sobre o poderio militar dos angolanos.
“Visto que os sul-africanos não conseguiam
DR
justificar a derrota, foi assim que começa-
ram por surgir as conferências de Genebra,
Egipto, Brazzaville e Nova-Iorque, com receio
de que as tropas angolanas invadissem a
África do Sul”, clarificou o político.
De igual modo, o político, agora no MPLA,
elogiou a trajectória política do Presiden-
te da República, José Eduardo dos Santos,
tendo-o considerado um dos nacionalistas
mais completos do país. “A trajectória his-
tórica e humanista de José Eduardo dos
Santos sobressaiu ao juntar-se aos nacio-
nalistas do MPLA, que já estavam em luta
contra o colonialismo português, durante
anos e em momentos muito difíceis”, refe-
riu, argumentando que, no seu “estudo
sobre a história do país, faz referência à
defesa da independência de Angola e da
soberania nacional”.
Valentim concluiu afirmando que era pre-
ciso movimentar e mobilizar nacionalistas e
patriotas, para a defesa da soberania nacio-
nal, pois o país estava a ser invadido por todos
os lados, principalmente pelas forças da Áfri-
ca do Sul”.
Sobre este domínio, falou também que a “reso-
lução dos problemas socioeconómicos, saben-
do que naquela altura as principais infra-estru-
turas como escolas, estradas, hospitais, se encon-
travam destruídas, principalmente pelas acções
levadas a cabo pela UNITA, ao rejeitar os resul-
tados das primeiras eleições multipartidárias
realizadas em Angola em 1992, constitui outra
referência”.
Sobre esta questão, segundo membros
afectos à direcção da UNITA, Jorge Valen-
tim “tornou uma boca de aluguer do regi-
me que dizia combater, rendeu-se e ven-
deu-se, e é natural que faça agora um dis-
curso de agradecimento ao chefe, mas
esqueceu-se de que os angolanos estão madu-
ros e sabem bem o que querem e que cami-
nho seguir”. Ereneu Máquina
Agenda
apertada para
os grupos
parlamentares
O MPLA pretende substituir quase todos
os seus quadros que integram a CNE na
Lunda-Sul e no Cunene, bem como das
comissões municipais do Cuvelai e Sauri-
mo, enquanto a UNITA propôs a substi-
tuição nas comissões eleitorais provinciais
e municipais das províncias de Luanda,
Lunda-Norte, Cuanza-Sul, Cuando-Cuban-
go, Huambo, Malange, Moxico, Uíge e Ben-
guela.
As remodelações serão antecedidas de
uma resolução a aprovar na sessão do dia
17 na Assembleia Nacional, orientada por
Fernando da Piedade dos Santos.
Os líderes dos grupos parlamentares já
definiram o conteúdo do documento de
base que sustentará a resolução.
Na mesma sessão, será abordado,
igualmente, o projecto de resolução
sobre a aprovação da concessão de
nacionalidade angolana ao cidadão
cubano Rafael Morásseis Lemonta,
solicitada por alegados bons serviços
prestados ao país.
Deputados da bancada parlamentar da
UNITA manifestaram já algum cepticis-
mo e deram conta que pretendem “saber
que serviços foram prestados a pátria,
para podermos olhar para este assunto
de forma diferente”.
A fonte a que nos sustentados conside-
ra que “é reconhecido que existem em
Angola cidadãos que têm dificuldades em
adquirir a nacionalidade, mas devemos
ter algum cuidado para estas atribuições”.
Enquanto isso, André Mendes de Car-
valho, da CASA-CE, revelou que esta for-
mação política voltará a incidir as suas
atenções sobre o ‘caso transmissões em
direito’ dos debates parlamentares.
“Apresentamos como preocupação, na
conferência de líderes, a transmissão
em directo dos debates da Assembleia
Nacional, porque esta matéria foi dis-
cutida apenas a nível da conferência dos
presidentes dos grupos parlamentares
e nunca foi debatida a nível da plená-
ria”, disse o deputado da CASA-CE, refe-
rindo que a coligação propôs também
que se levasse a debate a questão da
contratação de assistentes, com o objec-
tivo de auxiliar os deputados, bem como
de outros quadros complementares ao
exercício dos grupos parlamentares.
11 Julho 2014 a 9
 G País // Política
Conselho de Ministros. Governo
quer alterar lei da nacionalidade
Um dos objectivos específicos é o de adequar algumas das suas
disposições ao quadro jurídico-constitucional vigente no país. A
incidência será para normas e procedimentos inerentes à aquisição,
perda e reaquisição, que têm levantado alguma polémica
O Executivo pretende alterar a legislação
sobre a aquisição e perda de nacionalidade
nacional, de acordo com uma proposta dis-
cutida na passada sexta-feira em Conselho
de Ministros, a ser agora remetida à Assem-
bleia Nacional (AN) para debate e aprova-
ção, que poderá ocorrer já na plenária agen-
dada para o dia 17.
A proposta de alteração à denominada ‘Lei
da Nacionalidade’ foi analisada na primeira
reunião extraordinária de 2014 do Conselho
de Ministros, realizada em Luanda e dirigi-
da pelo Presidente da República, José Eduar-
do dos Santos.
Fazendo fé ao conteúdo de um comunica-
do distribuído no final da reunião, esta pro-
posta visa, entre outros “objectivos especí-
ficos”, “adequar algumas das suas disposi-
ções ao quadro jurídico-constitucional vigente
no país”.
O documento refere que as alterações terão
particular “incidência para aquelas normas
que consagram princípios e procedimentos
inerentes à aquisição, perda e reaquisição da
nacionalidade angolana”.
Esta proposta de Lei será remetida à AN,
não tendo o Governo adiantado mais porme-
nores sobre as alterações agora previstas.
A actual Lei n.º1/05, de 1 de Junho, estabe-
lece que a atribuição da nacionalidade ango-
lana produz efeitos desde o nascimento e não
prejudica a validade das relações jurídicas
anteriormente estabelecidas com fundamen-
to noutra nacionalidade. Do mesmo modo,
clarifica que “é cidadão angolano de origem
o filho de pai ou mãe de nacionalidade ango-
lana nascido em Angola” ou também “o filho
de pai ou mãe de nacionalidade angolana
nascido no estrangeiro.
A aquisição da nacionalidade pode, assim,
O Conselho de Ministros numa das suas reuniões (foto de arquivo)
10 a 11 Julho 2014
Xinguilamento
ocorrer por filiação, adopção, casamento,
nacionalidade por naturalização, mas tam-
bém por outros casos mediante solicitação,
como aconteceu já em vários casos.
CÓDIGO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Na reu-
nião, o Conselho de Ministros apreciou, tam-
bém, uma proposta de Lei sobre as Institui-
ções Financeiras, visando ‘regular’ o exercí-
cio da actividade, supervisão e o regime
sancionatório, que também terá encaminha-
mento para a análise a nível do Parlamento.
A lei, de acordo com o comunicado, “visa
também dotar o sistema financeiro de ins-
trumentos de regulação tecnicamente mais Alcides Gomes Cabral,
avançados que lhe assegurem uma maior
estabilidade e robustez, em linha com as reco-
Vice-governador do Namibe para a Área Económica
mendações das organizações internacionais,
bem como ajustar as normas em vigor ao
novo enquadramento legal e à dinâmica do
“Temos um fio condutor que
crescimento económico do país”.
Igualmente sobre matéria financeira, o Con-
nos levará até 2050, 2100 se nos
selho de Ministros apreciou uma outra pro-
posta legislativa sobre o novo Código de Valo- permitirem governar até lá.
res Mobiliários.
“Este diploma legal tem por finalidade
reformar o quadro legal básico do merca-
Trabalhamos para o povo, por
do de valores mobiliários e instrumentos
derivados, regulando o seu regime de fun-
isso é que somos um partido do
cionamento e de supervisão”, refere-se no
comunicado. povo. Não estamos
Entre outros assuntos, os membros do
Executivo aprovaram, inclusive, nessa ses-
são, o novo Regulamento da Lei do Mece-
preocupados com aquilo que os
nato, diploma que “identifica e desenvol-
ve os procedimentos” em matéria de incen-
outros falam, mas sim com o
tivos fiscais, projectos, actos inerentes ao
registo, candidatura, avaliação, acompa-
que temos de fazer para
nhamento e controlo dos agentes culturais
beneficiários. satisfazer as necessidades da
nossa população.
Normalmente, não tenho
perdido tempo em ouvir estas
emissoras lá de fora, porque o
nosso Governo tem canais
próprios para nos fazer chegar
as informações”
REACÇÃO ÀS ACUSAÇÕES DO SECRETÁRIO DA UNITA SOBRE A QUALIDA-
DE DA ÁGUA CONSUMIDA PELA POPULAÇÃO
DR
*Xinguilamento: entrar em transe (palavra do kimbundo)
 PUBLICIDADE

11 Julho 2014 a 11
 G País // Sociedade
Emprego.
Mulheres procuram
sobrevivência nas
novas centralidades
Centenas de mulheres dos 17 aos 35 anos de idade acorrem,
diariamente, nas Centralidades do Kilamba e Cacuaco, à procura
de emprego como doméstica, jardineira, cozinheira e educadora
infantil. Muitas delas são advindas de Viana, Cacuaco, Cazenga e
distritos do Kilamba Kiaxi
FRANCISCO BUSSULO
francisco.bussulo@agora.co.ao
Despertar às 4 horas da manhã, arrumar a
casa e fazer o pequeno-almoço para as crian-
ças se alimentarem tão logo acordem cons-
titui tarefa preliminar da vida laboral de Maria
Chivangue, de 30 anos de idade, empregada
doméstica numa das residências na Centra-
lidade do Kilamba.
Maria, moradora da comuna do Benfica,
é órfã de pai e mãe, tem três filhos e vive
separada do seu esposo há três anos, que a
expulsou de casa, quando ainda grávida do
terceiro filho. Diante das dificuldades finan-
ceiras e de saúde que os petizes apresenta-
vam, ela teve de procurar por um empre-
go, a fim de sustentar a família, como con-
tou ao Agora.
“A rotina da minha vida mudou drastica-
mente depois da separação com o meu anti-
go cônjuge, e a necessidade de alimentar os
meus filhos, que ficam fechados em casa,
12 a 11 Julho 2014
enquanto vou ao serviço, assumiu-se de segui-
da como a principal prioridade, porque são
as únicas pessoas com as quais me sinto feliz,
embora seja nesta fase em que me decidi a
correr atrás do prejuízo e procurar por um
trabalho como doméstica na Centralidade do
Kilamba”, revelou.
A fonte revela ter passado por humilhações
de familiares e responsáveis de empresas e
casas naquela centralidade, por diversas
razões, mas não esmoreceu as forças, até que
conseguiu um emprego.
“A minha família virou-me as costas, lutei
sozinha, criando os meus filhos, solicitei
emprego a várias empresas e residências.
Algumas acabaram por me humilhar e zom-
bar de mim, mas nem com isto me cansei,
fui até ao fim e hoje tenho um pouco de
dinheiro e comida para os meus filhos”, fez
saber.
“Tenho trancado os meus únicos filhos no
quintal, onde vivo sozinha e, para que não
estejam a perambular nas ruas, e para a sua
Muitas senhoras partem para as novas centralidades, onde há mais oportunidades de
diversão, deixo a TV ligada até ao período das “Os movimentos
17 horas, quando regresso a casa”, conclui.
migratórios internos,
VALORES IRRISÓRIOS, DESCONHECIMENTO DA espontâneos e
LEI E DESPEDIMENTOS. Domésticas ouvidas provocados introduzem
pelo Agora dizem desconhecer a Lei Geral
do Trabalho, e a existência do Comité Nacio-
alterações nas taxas de
nal da Mulher Sindical, órgão que defende desemprego rural e
as mulheres que efectuam serviços domés- urbano, em Luanda”
ticos em casos de despedimento arbitrário
por parte de entidades empregadoras, maus- “Mulheres fecham
-tratos, baixo salário e outros.
Os trabalhadores de serviço doméstico, que crianças nas residências
inclui empregados domiciliários, emprega- durante 11horas até
dos de limpeza, jardineiros e outros cuja acti-
vidade incide na prestação de serviços casei-
regressarem dos seus
ros, têm, desde 2011, um Sindicato das Tra- locais de serviço”
balhadoras Domésticas, direito a férias e com
os respectivos subsídios pagos e inscritos no
Instituto Nacional de Segurança Social. Em
contrapartida, esta realidade é totalmente
desconhecida pelas empregadas domésticas
das centralidades de Luanda.

emprego na área dos serviços domésticos.
As empregadas que engomam, lavam a rou-
pa, cuidam de crianças e, noutros casos, ocu-
pam-se pelas compras alimentares dos fami-
liares a quem prestam serviço doméstico
recebem, no final do mês, 25 a 30 mil Kwan-
zas, valores considerados ‘irrisórios’ e não
conseguem justificações jurídico-legais para
sustentar tal afirmação.
Cesaltina Madalena, que abandonou a famí-
lia em Benguela para procurar emprego em
Luanda, deixa, igualmente, os seus dois filhos
em casa e tem o salário de 25 mil Kwanzas
mensais, pois somente trabalha quatro dias
por semana, à excepção de sexta-feira, sába-
do e domingo; tem direito a transporte, ali-
mentação e férias, regalias concedidas pelos
responsáveis de família a quem presta servi-
ços na Centralidade do Kilamba.
Segundo estudo realizado em Luanda sobre
o Desemprego e a Crise Social no Mercado
de Trabalho, em 2001, pelo sociólogo e demó-
grafo angolano João Baptista Lukombo Nza-
tuzola, “a população feminina no sector
informal do mercado de trabalho corres-
ponde a 48,6%.
O estudo apresentado em 2003 à Universi-
dade de Genebra, na Suíça, analisou, tam-
bém, as causas dos movimentos migratórios
e as consequências do crescente número de
cidadãos desempregados.
Cesaltina paga cinco mil Kwanzas pelo arren-
damento da casa no Camama I, tem de sobra
20 mil, que reparte para a saúde familiar, ali-
mentação e o resto dos valores aplica no jogo
da ‘Kixikila’ e no negócio doméstico.
De acordo com ela, o jogo da ‘Kixikila’ con-
siste na junção de valores monetários, deter-
minados pelo grupo de mulheres que parti-
cipam durante a semana ou mês e, semanal-
mente, é premiada uma das integrantes,
processo rotativo, até que todas chegam a
receber.
“Normalmente, a guarda dos valores é
da responsabilidade das patroas ou de
uma das integrantes que demonstre com-
petência e maturidade financeira. Este
Maria Chivangue
FOTOGRAFIAS DR
Cesaltina Madalena
tipo de jogo está a ajudar muitas de nós
a comprar terreno e a sustentar famílias”,
fez saber.
Quem não teve a mesma sorte em se man-
ter no emprego como jardineira foi Júlia
Ricardo, de 35 anos, demitida e sem indem-
nização, em virtude de ter levado as tesou-
ras do relvado para a sua casa. A mesma, que
já se desculpou do acto, justificou aos res-
ponsáveis empregadores como um acto inten-
cional.
“Quando subi para devolver as tesouras, a
porta de casa já estava trancada e, logo, deci-
di-me a levar, porque não seria seguro dei-
xá-las no corredor”, disse.
Sem saber a quem se queixar, Júlia procu-
ra hoje por um novo emprego, e, enquanto
não surge, dedica-se à venda de hortícolas
no mercado do Kifica, no Benfica, para ali-
mentar os filhos.
A jurista Natália Felisberto considera neces-
sária a análise de um memorando sobre a
regulamentação do trabalho doméstico em
Dados
688.900
Cidadãos empregados
em Luanda
37%
Da população está ligada ao
sector formal
48,6%
É o nível da população
feminina concentrada no
sector informal
67%
Dos cidadãos do sexo
masculino encontram-se
concentrados no sector formal
do mercado de trabalho
Angola, devido aos movimentos migratórios
internos, espontâneos e provocados.
O Ministério da Administração Pública,
Emprego e Segurança Social, MAPESS, ana-
lisou, este mês, o Anteprojecto do Decreto
Presidencial sobre Regime Jurídico do Tra-
balho Doméstico em Angola, faltando reme-
tê-lo para a aprovação do Conselho de Minis-
tro e, posteriormente, para a do Executivo.
Jesus de Maiato, director do Gabinete Jurídi-
co do MAPESS, declarou à imprensa que o diplo-
ma poderá formalizar a actividade doméstica
no âmbito dos princípios estabelecidos pela Lei
Geral do Trabalho e pelo próprio regulamento.
“Vamos passar a ter um trabalho doméstico
formalizado e reconhecido e controlar quan-
tos trabalhadores exercem a actividade domés-
tica e garantir-lhes os seus direitos”, disse.
Outras tentativas que servem de impulso à
criação de uma lei que regule a actividade
doméstica tem sido feita através das inter-
venções do Comité Nacional da Mulher Sin-
dical em Luanda.
11 Julho 2014 a 13
 G País // Sociedade
VISÃO JURÍDICA
Seguros & responsabilidades
O seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel é que domina
a actualidade, merecedor de análise, de nossa parte, por uma questão
profissional, até porque tivemos a iniciativa de estar na génese de uma
entidade do ramo. Por último, por uma questão cívica
Inglês Pinto
Jurista
Uma sociedade digna deste nome, é aquela em que,
os seus membros, instituições e o seu Estado, este
último, com responsabilidades acrescidas, cumprem
as normas, desde as de natureza jurídica às morais
e éticas. Estas normas são instituídas e em regra aca-
tadas como garante da harmonia e realização mate-
rial espiritual, da estabilidade e paz social. As regras
jurídicas, ao serem promulgadas, deve ser seguidas
da criação das condições objectivas e subjectivas para
a sua eficácia. Acções pedagógicas e repressivas, devem
estar nas agendas políticas e mesmo cívicas. Assim
é, da Constituição à legislação ordinária, para o caso
em apreço, o Código de Estrada, provado pelo Decre-
to-Lei nº 5/08 de 28 de Setembro, a Lei de Bases dos
Transportes Terrestres – Lei nº 20/03 de 19 de Agos-
to e o Decreto nº 35/09 de 11 de Agosto que institui o
Seguro Obrigatório de Responsabilidade e o Decreto
Presidencial nº 82/11 de 25 de Abril Civil Automóvel.
A protecção da vida, da integração física e da pro-
priedade, compete, em primeiro lugar, aos titulares
destes direitos, vivendo em sociedade, aos seus pró-
ximos e em última instância aos Estados, fundamen-
talmente quando por razões naturais estamos físi-
ca e mentalmente incapacitados de o fazer. A soli-
dariedade, fundamentalmente face ao infortúnio, é
algo que caracteriza as sociedades civilizadas, daí o
seguro como instrumento social, meio de preven-
ção da ocorrência de danos, resultantes da acção
humana ou de situações de força maior. A preocu-
pação com a segurança, com o imprevisível deve
estar na agenda de todo o cidadão.
Como é sabido, o causador directo dos prejuízos
tem obrigação de indemnizar as vítimas, quer sejam
pessoas físicas, quer colectivas, privadas ou públicas,
sejam danos pessoais ou patrimoniais, podendo estas
serem ressarcidas por aqueles que, indirectamente,
tenham dado causa ao acidente, se for o caso.
Conforme está expresso no preâmbulo do Decre-
to nº 35/09, a frequência e a relevância que assume
a sinistralidade decorrente de acidentes de viação
não podem deixar de merecer uma cautela especial
de forma a assegurar a preservação do conforto dos
cidadãos e da sua qualidade de vida. Numa linha de
tomada de consciência mais forte dos direitos e dos
valores da pessoa humana e da protecção das víti-
mas, urge assegurar que todos aqueles cujos inte-
resses foram lesados pela conduta de outrem tenham
garantia de efectiva reparação, sem estarem depen-
dentes da capacidade do causador.
Uma das razões de ser dos seguros obrigatórios
é, precisamente, esta incapacidade, mesmo que
temporária, do causador do dano indemnizar a víti-
ma. Vejamos um exemplo simples: uma viatura
com 1393 cc pagará um total de Kz 28,748.19 pelo
14 a 11 Julho 2014
prémio, isto é a quantia entregue pelo tomador do
seguro (comprador) à seguradora que correspon-
de ao preço do contrato de seguro. A contraparti-
da da prestação de garantia da seguradora, pelo
período de duração do contrato, neste caso 12 meses,
tem um capital seguro de Kz 12,616, 000.00. Por-
tanto, a seguradora pagará como indemnização,
danos até este valor. Isto é o valor máximo da res-
ponsabilidade da seguradora.
Será que todos nós estaremos em condições finan-
ceiras e psicológicas para pagar valores do género,
de imediato, caso causemos um acidente e provo-
quemos danos pessoais e patrimoniais a terceiros?
E caso não consigamos pagar, num prazo razoável?
A pressão, o “terror psicológico” do lesado/credor?
Caso o processo siga para o tribunal? Custos com o
processo, pagamento aos advogados e outros quê…?
Com o seguro e o mutualismo que o caracteriza,
as pequenas contribuições de milhares, protegem
alguns, face aos infortúnios da vida, passando a res-
ponsabilidade pela indemnização a seguradora. Assim,
podemos levar uma vida mais tranquila, o que não
quer dizer que coloquemos em segundo plano o
dever de prevenir, agir com prudência, cumprir rigo-
rosamente com as regras de segurança e outras…
Há meses que, uma vez mais, as entidades compe-
tentes, da polícia às seguradoras, através da sua asso-
ciação – ASAN, têm vindo a apelar aos utentes de via-
turas para o cumprimentos desta obrigação – paga-
mento do seguro obrigatório. Não tem faltado
divulgação! Tanto quanto é do nosso conhecimen-
to, as seguradoras estão preparadas para tal, muitas
delas fizeram investimentos consideráveis, no que
toca ao capital humano, meios tecnológicos, bem
como instalações físicas. Por outro lado, a lei é clara
ao estabelecer a obrigatoriedade das seguradores
terem cobertura nacional, vide nº 2 do artigo 5º do
aludido Decreto, sob pena de incorrerem em trans-
gressão. Hoje, mais de uma dezena operam no mer-
cado e a concorrência, como é óbvio, é salutar, des-
de que seja leal. Como é evidente, ganha o consumi-
dor e a sociedade em geral.
Por uma questão de justiça, há que elogiar aque-
les cidadãos que nunca deixaram de assegurar os
seus meios, antes e depois da independência. O velho
hábito de cumprimos com as nossas obrigações,
quando bastante forçados e no último minuto, em
nada abona o normal funcionamento das institui-
ções e o bom nome de um povo. Portanto, populis-
mos, neste domínio não colhem e a expressão “o povo
não têm dinheiro para pagar seguros…” pelo contrá-
rio é em todo prejudicial para toda sociedade. Até
porque gente humilde, sem vacilações tem cum-
prindo com as suas obrigações, neste e em outros
domínio, cumprindo com seu dever cívico.
No que tange à segurança, a normalização da acti-
vidade rodoviária, a obrigatoriedade do seguro de res-
ponsabilidade civil automóvel deve, a curto prazo, ter
como outra sua companheira a obrigatoriedade das
inspecções técnicas periódicas das viaturas. Cumprir
e fazer cumprir o que está disposto no Código de Estra-
da, no que se refere as condições técnicas de todos veí-
culos - verificação periódica das suas características e
condições de segurança alínea d) do nº 1 do artigo 114º.
Trata-se de preservação da vida humana, da protec-
ção da integridade física dos cidadãos utentes das vias
públicas, da defesa de bens indispensáveis a realiza-
ção material. A respeito, vide o Decreto Presidencial
nº 168/10 de 4 de Agosto, DR nº 146 que aprova o Regu-
lamento das Inspecções a Veículos Automóveis e seus
Reboques, bem como o Regulamento dos Centros de
Inspecção, aprovado pelo Decreto Presidencial nº 167/10
de 3 de Agosto, publicado no DR nº 145 de 3 de Agos-
to. Face aos valores em causa, de entre os quais, o mais
sagrado - a vida humana, impõem-se o rigor na apli-
cação da lei. Argumentos de que a maioria dos cida-
dãos não tem recursos para pagar seguros, inspecções
técnicas regulares não tem suporte legal, nem são legi-
timamente atendíveis, já que muitos concidadãos gas-
tam parte considerável das suas parcas economias
com consumos supérfluos e prejudiciais, como o exces-
so de bebidas alcoólicas e outros…transportar cida-
dãos em viaturas com sistemas de travagem deficien-
tes, pneus “carecas”, fraca iluminação, sem seguro,
estamos a pôr em causa vidas humanas, criar condi-
ções para os aparatosos acidentes, para o aumento da
taxa de sinistralidade, para o crime, mesmo que seja
a título de negligência. “A luta pela sobrevivência não
passa pela negligência, pelo não cumprimento da lei,
pondo em causa vidas e propriedades”.
Trata-se não de um seguro de danos próprios, que
garante prejuízos, um vasto leque de riscos, prejuí-
zos sofridos pelo veículo segurado e danos a tercei-
ros – seguro facultativo. Este seguro é o obrigatório,
visando apenas a protecção de terceiros, conforme
estabelecido no artigo 7º do Decreto 35/09 e com
maior precisão no Decreto Presidencial nº 85/11 de
25 de Abril, diploma que deverá ser lido com a devi-
da atenção, com o fim de evitarmos situações de
conflito entre segurado e seguradora aquando das
indemnizações.
Como é claro, o não cumprimento do estipula-
do pela lei em sede do seguro obrigatório de res-
ponsabilidade civil automóvel leva a situações bas-
tante constrangedoras para o utente do veículo –
vide a alínea f) do nº 1 do artigo 162º do Código de
Estrada – apreensão pelas autoridades policiais.
Em conclusão, não existem razões políticas, sociais,
técnicas, económicas ou de outra índole para que
não se cumpra integralmente com o que está esta-
belecido. Pelo contrário, o cumprimento da obri-
gação inerente ao seguro de responsabilidade civil
automóvel, das inspecções técnicas, a prevenção
rodoviária, a melhoria das vias, no sentido mais
amplo, o cumprimento rigoroso das regras de trân-
sito inseridas no Código de Estrada, a condução
prudente e tecnicamente conforme as regras esta-
belecidas, o civismo na condução automóvel, a edu-
cação de todos os utentes da via pública é condi-
ção para a redução da taxa de sinistralidade com
as nefastas consequências presentes e futuras. Não
nos esqueçamos dos milhares de órfãos, dos inca-
pacitados, que juntando aos do conflito armado,
preenchem o quadro desolador, que infelizmente
ainda assistimos. A bem de toda a sociedade, temos
o dever de revertê-lo…
Mais um desafio…
Se eu fosse...
ADMINISTRADORA
DE CACUACO
Escrevo esse pequeno texto com
uma ponta de tristeza, porque
tenho cá comigo, que vivo num
dos mais bonitos municípios de
Angola, pelo menos do ponto de
vista físico. Abençoado geogra-
ficamente, Cacuaco é das vilas
mais bonitas que Angola tem,
essa é minha convicção e de
quem a visitar pela primeira vez.
Por isso escrevo essas linhas à
administradora, Rosa Janota com
uma ponta de tristeza, pois tenho
comigo, que não tem sido capaz
de fazer o melhor para os seus
munícipes.
Se por um dia me concedesse o
prazer de ocupar o seu lugar, tenho
cá comigo que faria maravilhas,
como por exemplo, arranjaria for-
mas de tornar a nossa pequena
marginal mais limpa, as nossas
belas praias mais atraentes, e lim-
pas, assim como prestar maior
atenção ao mercado do peixe, pois
o novo, inaugurado há coisa de
oito meses, é pequeno demais para
as nossas peixeiras. Pobres coita-
das, mantém-se confinadas num
espaço que nem lugar para a ven-
da dos micates que fazem as mara-
vilhas das nossas crianças há. Se
não acredita em mim, por favor,
não se faça rogada e brinde aque-
las valentes mulheres com uma
visita.
Cara administradora, ainda, que
por uns minutos de loucura, pre-
senteia-me com um dia de gover-
nação. Constituiria uma comis-
são a nível da educação que teria
a incumbência de fiscalizar todos
os colégios a nível do município,
inspeccionando os seus progra-
mas curriculares e o nível acadé-
mico dos seus professores.
Ah, antes que me esqueça, cara
administradora, gostava imenso
de lhe falar das nossas crianças.
Falta-lhes de tudo, desde boas
escolas, bons hospitais, e até lugar
para diversão. Se tivesse o tem-
po que lhe peço, teria todo o pra-
zer de colocar iluminação na
estrada principal, e pontes aéreas
para que Cacuaco deixa de cons-
tar das estatísticas. ANA MARGOSO
Cafunfo. Criminosos espalham
o terror na vila diamantífera
Activistas na zona afirmam que apesar da situação ser crítica, a
Polícia Nacional pouco tem feito para evitar que, meliantes e
segurança das empresas privadas fixadas na zona, voltem a causar
distúrbios que provocam o pânico entre a população
ANA MARGOSO
ana.margoso@agora.co.ao
A localidade diamantífera de Cafunfo, no
município do Cuango, província da Lunda
Norte, foi palco, no final de semana passado,
de tiroteios entre seguranças das empresas
privadas de segurança, sedeadas na vila, e
meliantes.
O clima de terror na pequena localidade
está a causar “medo entre a população”, tal
como diz, em exclusivo ao Agora, José Mateus
Zecamutchima, activista.
“As informações que nos chegam é que os
meliantes são oriundos de Luanda, e estão a
vir para essa localidade, onde assaltam as
casas dos populares e instituições aqui da
nossa vila”, conta.
Mateus Zecamutchima referiu também,
que devido ao clima de insegurança que se
regista na zona, a população vive com medo,
e sente-se “desprotegida”.
“Várias casas têm vindo a ser arrombadas
de madrugada, inclusive as dependências do
Banco de Desenvolvimento Africano (BAI) e
uma agência da UNITEL, nesta localidade,
já foram assaltadas, o que leva os guardas de
segurança a reagir”, explica.
O activista esclarece que “os populares
dizem que os meliantes, se fazem transpor-
tar em viatura VX com vidros fumados, e pas-
sam diante de efectivos da Policia Nacional,
que nada fazem”.
Mateus Zecamutchima disse-nos igualmen-
te que no domingo, dia 6, os assaltantes assas-
sinaram um segurança, que em vida se cha-
Efectivos das empresas de segurança privadas em Cafunfo são atacados e mortos
mou Nelito Felipe Saukaweni, 34 anos, natu-
ral da zona do Cuango, funcionário da empre-
sa SOCICLA.
O nosso entrevistado acusa que, desde que
foi anunciada uma manifestação naquela
localidade para os próximos dias, já se tor-
nou mais visível a presença de agentes da
Polícia Nacional no que têm considerado de
“patrulhamento de proximidade, baseado em
determinados pontos de maior visibilidade”.
“A Policia foi comunicada atempadamente
sobre os acontecimentos, chegou mesmo a
tempo de acompanhar o tiroteio, mas não
conseguiram parar a troca de tiros entre segu-
ranças e os bandidos”.
A nossa fonte acusa a empresa de seguran-
ça onde o malogrado trabalhava de estar a
faltar com a verdade junto dos familiares.
“Na segunda-feira, dia 8, a empresa onde o
malogrado trabalhava, a SOCICLA, disse aos
familiares que o suposto autor do crime é um
colega de trabalho conhecido por “Boaze Sozi-
nho” com quem mantinha rixas e desaven-
ças. Mas essas informações não correspon-
dem a verdade, até porque, os agentes da Polí-
cia no local, não se tenham apercebido de
nada, quando a 400 metros do local onde o
segurança foi abatido, existe uma unidade
móvel da PN, e do outro lado, uma unidade
das Forças Armadas Angolanas (FAA)”, ques-
tiona o activista José Mateus Zecamutchima.
A nossa fonte assegurou entretanto, que se
mantém de pé a ideia de realização de uma
manifestação para contestar a passividade
das autoridades locais no combate ao cres-
cendo da criminalidade.
TOM CARLOS
Benguela.
Estrutura
administrativa
funcionará nos
Navegantes
As direcções do Governo
serão transferidas para
infra-estruturas edificadas
no autódromo, que já foi
também um aterro sanitário
No centro da cidade ficará o governa-
dor, seus vices e os serviços de apoio
ao seu Gabinete. A partir de 2017, as
cerca de 20 direcções que compõem o
Governo Provincial passarão a funcio-
nar no bairro dos Navegantes, Zona “B”,
Casseque.
São cerca de 300 hectares que serão
requalificados e transformados em zona
administrativa, residencial e comercial.
O complexo administrativo albergará
também residências para funcionários
públicos, médicos e docentes expatria-
dos, bem como dois centros comerciais.
O projecto de implantação do com-
plexo já está concluído, mas não foram
revelados os orçamentos envolvidos.
“Temos projectos completos e vamos
lançar os concursos para as empresas
de construção civil interessadas na exe-
cução das obras”, declarou José Antó-
nio Rego, director das Obras Públicas.
Os termos de consignação do espaço
e Concurso Público foram assinados
pelo governador Isaac dos Anjos e pelos
directores do Gabinete de Estudos e
Planeamento, Sardinha Valónia, e das
Obras Públicas, José Rego.
“Vamos entregar a área que foi esco-
lhida. Será requalificada e incorpora-
da no crescimento da cidade”, susten-
tou o governador Isaac dos Anjos para
quem o futuro complexo administrati-
vo tem a vantagem de estar numa área
onde surgem duas grandes superfícies
comerciais.
A vedação do perímetro já começou.
Um moderno autódromo será entre-
tanto construído nas imediações da
Talamajamba (EN que liga Benguela
ao Cubal) para servir os projectos da
Associação Tuku-Tuku, legítima dona
do perímetro agora desapropriado.
Entretanto, o Governo de Isaac dos
Anjos procedeu recentemente a distri-
buição de lotes e materiais de constru-
ção a cidadãos do Lobito e procederá à
venda de talhões na Baía Azul, ao pre-
ço de um milhão de Kz, por se tratar de
área balnear nobre. Ao tempo da ges-
tão de Dumilde Rangel, a referida área
estava a ser preparada para um milio-
nário projecto imobiliário denominado
Ocean Blue. Lilas Orlov, em Benguela
Educação.
Inspecção
engaja-se
na melhoria
do ensino
no país
A inspectora Maria de Lemos
afirmou esta semana em Luan-
da, que o sector por si represen-
tado vai continuar a colaborar
com o Ministério da Educação
e os outros órgãos afins no sen-
tido de se introduzir medidas
de correcção para melhoria do
sistema de ensino no país.
Esta afirmação foi avançada
por Maria de Lemos, durante o
acto de abertura do primeiro
ciclo de formação destinado aos
inspectores das 18 províncias do
país.
“Por isso, é importante abrir
um ciclo de debates sobre a estru-
tura, organização e dimensão
do sistema inspectivo em todos
os âmbitos de sua intervenção
tais como escolas centrais e na
própria instituição” disse.
Referiu que o nível de profis-
sionalização dos inspectores que
o sector almeja está estreita-
mente vinculado com a moder-
nização do próprio sistema edu-
cativo em comparação com os
sistemas de inspecção de outros
países.
De acordo com a responsável,
o Ministério da Educação está
a realizar vários ciclos de for-
mação para que os profissionais
da área adquiram novas expe-
riências do sistema inspectivo
internacional.
O primeiro ciclo de formação
conta com a participação de uma
equipa de formadores angola-
nos, assistidos por uma equipa
de peritos da Unesco.
DR
Maria de Lemos
11 Julho 2014 a 15
G País // Sociedade
CRÓNICA
Os 50 anos do Ismael Mateus
Juntar gente saudável como o ‘soba’ Reginaldo Silva, Luísa
Rogério, Síria de Castro, Gustavo Silva, Regina Marques, Ângelo
da Veiga Tavares, Arlindo Isabel, Pedro Neto, BV, Ana Margoso e
tantos outros anónimos é um exercício logístico e social digno de
um Sebastião que, apesar de peixe-cão, é humano, justiceiro,
dominador que, mesmo depois de ‘expulso’ do Sambizanga, ainda
se mantêm lá o cordão umbilical e o coração em calda
Lilas Orlov
em Benguela
O bendito Sebastião (peixe-cão), aliás Ismael
Mateus, jornalista que é também escritor e
director-geral do IFAL, apagou 50 velas no
último domingo, 06/07.
Intimou os amigos. Não convidou, sublinhe-
-se. Intimou-os a estarem presentes para tes-
temunhar o fim de uma colina repleta de
emoções, sacrifícios, alegrias e venturas, de
ter alcançado tão elevado grau de madureza
e o início de uma descida existencial.
E a notificação era de que o jantar começaria
na noite de sábado para domingo. Fiz-me à estra-
da com a minha Osmara. Deixei a ‘República’
de Benguela no mesmo sábado para uma noite
num Solar algures em Camama, lindo, colori-
do, prazeroso, de um verdejante apelativo.
E lá estava o ‘bom’ Ismael e a Dr.ª Carla, sua
amada esposa, vendendo o melhor calor recep-
tivo a quem, como nós, calcorreou quase 600
Km para este reencontro festivo.
DR
Ismael Mateus, o aniversariante
16 a 11 Julho 2014
Mais do que um mero aniversário, o ‘bom
Ismael’ merece esta homenagem, pela longa
caminhada de 30 anos que nos une desde os
tempos de ‘A Patada’, um placard humorístico
que ele fazia no DINF/RNA para zombar com
os chefes e colegas: do Bwé de Bocas e do Reca-
do ao meu Chefe; das cruzadas por Lisboa em
formação e de um percurso cimentado no Sema-
nário Cruzeiro do Sul do qual foi director.
Apagar 50 velas e juntar gente saudável
como o ‘soba’ Reginaldo Silva, Luísa Rogério,
Síria de Castro, Gustavo Silva, Regina Mar-
ques, Ângelo da Veiga Tavares, Arlindo Isa-
bel, Pedro Neto, BV, Ana Margoso e tantos
outros anónimos é um exercício logístico e
social digno de um Sebastião que, apesar de
peixe-cão, é humano, justiceiro, dominador
que, mesmo depois de ‘expulso’ do Sambizan-
ga, ainda se mantêm lá o cordão umbilical e
o coração em calda. E o Sambizanga saiu em
peso em direcção à Camama.
Foi com este coração em calda que Nga
Madia, a mui amada mãe do intrépido Ismael,
deu lições de sabedoria ao aconselhar os pre-
sentes a seguirem princípios bíblicos, de não
multiplicar inimigos, mas transformá-los em
amigos como segredo da razão, de sobrevi-
vência social e de manter simpatias.
Simpatias que não faltam ao Ismael. Mes-
mo com as picadas de incitação de Pedro
Neto, o tal de voz açucareiro, de que os 50
são uma ocasião apropriada para se falar mal
do aniversariante, a provocação multiplicou
ternura, afabilidade e desabrochou sentimen-
tos de quem sempre viveu dos bons exem-
plos e juízos de Nga Madia.
Com a casa cheia e colorida, nem o jogo
Holanda/Costa Rica fez esmorecer a vonta-
de de um caloroso abraço a este irmão, ami-
go e conselheiro.
Num retorno aos bons costumes do mwan-
golé, o bom Ismael assumiu o centro da roda
com ‘xinguilamentos’ à moda sambila. No
domingo, o caldo não deu moleza. O trapo-
velho teve serventia suficiente para reani-
mar física e espiritualmente os noctívagos.
No Solar, por razões que desconhecemos,
só faltou mesmo os saudáveis João Melo, Luís
Fernando, Ramiro Aleixo, Carmo Neto, Salas
Neto, só para citar estes. Mas, fica a promes-
sa de cobrarmos nos 51. Aí sim, a cobrança
será dupla e coerciva. Mais pelo livro ‘O Mula-
to da Esquina’ que o aniversariante prome-
teu editar há anos, e que não sai pela justifi-
cação que só os kazumbis dele sabem.
Parabéns, comandante!
DR
Mais quadros formados serão lançados para o mercado de trabalho
Universidade Kimpa Vita lançará
primeira fornada de licenciados
A sétima região académica, que congrega as províncias do Uíge e
Cuanza-Norte, vai lançar, este ano, no mercado, os seus
primeiros 180 licenciados, revelou, recentemente, ao Agora o
reitor da Universidade Kimpa Vita, Carlos Diacanamwa
O magnífico reitor lembrou, na ocasião, que de saúde humanitária que vai dedicar-se
a instituição que dirige tem apenas 4 anos ao estudo de doenças tropicais e regionais,
e prevê lançar para o mercado os seus pri- combate à devastação florestal e contribuir
meiros 180 licenciados e conta, actualmen- para o desenvolvimento de pesquisas no
te, com 6 mil 350 estudantes divididos em ramo das energias renováveis”, aventou.
quatro cursos, em relação aos 1.700, com O reitor prometeu, também, que uma das
os quais havia arrancado em 2011. suas apostas enquanto responsável daque-
“Começámos a funcionar em 2011 com la região académica é levar o ensino supe-
apenas mil e 700 estudantes, mas, actual- rior a todos os municípios que compõem a
mente, temos inscritos mais de 6.000, pro- Universidade. Para o êxito do programa,
venientes de vários pontos do país, que todos os anos são inscritos estudantes da
frequentam os cursos de Enfermagem, região em diversos cursos.
Contabilidade e Gestão, Informática, Direi- “É nossa intenção levar o ensino superior
to, Economia e Agronomia”, salientou. em todos os municípios da região acadé-
O então vice-reitor da Universidade Agos- mica, por isso temos cá inscritos cerca de
tinho Neto disse contar com a parceria da 400 estudantes de diversos municípios que
Universidade de Dresden da Alemanha, se vão ocupar destes pólos futuramente e
cujos pesquisadores descobriram que a bor- fazer que os nossos quadros não saiam das
boleta é um indicador que permite distin- províncias”, prometeu.
guir a existência de água potável em deter- Carlos Diacanamwa defendeu a necessi-
minados rios e que a nfumbua é o prato dade de se apostar em cursos técnicos, pelo
típico mais saudável da região, porque com- factos de os mesmos serem prioritários na
bate o cancro. reconstrução e desenvolvimento do país,
Foram ainda descobertas larvas comes- mas não descartou a necessidade de se
tíveis com maior quantidade e qualidade implementar para breve os cursos ligados
de proteínas em relação a outros alimen- às ciências sociais e humanas.
tos. Quanto à multiplicação das espécies, a A falta de uma rubrica para o sector de
Universidade está a construir um Jardim investigação é outro factor que inibe os inves-
Botânico e uma fazenda experimental, cujas tigadores, sobretudo nacionais, que, pouco
obras decorrem a bom ritmo. a pouco vão mostrando interesse em ques-
“É uma fazenda experimental de plantas tões relativamente à investigação científi-
em construção no centro de investigação ca. Miguel Daniel
Propinas. AADIC leva
universidades à PGR
A Associação Angolana dos Direitos do Con-
sumidor (AADIC) apresentou, recentemen-
te, uma queixa-crime à Procuradoria-Geral
da República (PGR) contra quatro institui-
ções do ensino superior, por violação da deci-
são do Decreto Executivo n.º 420/13, de 17
de Dezembro, do Ministro da Educação, que
mescla o Calendário Curricular do ano cor-
rente, fazendo menção às actividades extra-
curriculares que despoletaram o conflito em
torno do não-pagamento da propina do mês
de Maio, por altura da realização do Censo,
e em defesa dos seus associados estudantes.
Trata-se do Instituto Superior Técnico de
Angola e das Universidades Metodista de Ango-
la, Gregório Semedo e Lusíadas, sediados em
Luanda, acusados de terem atropelado alguns
direitos fundamentais e mais sensíveis dos estu-
dantes e para os quais se pede à PGR que sejam
sancionados com multas nos termos do art.26.º,
em virtude de insistirem em práticas abusivas
dispostas no art.22, ambas da Lei n.º- 15/03 de
22 de Julho – Lei de Defesa do Consumidor.
A AADIC recorda que o recurso à PGR decor-
re do facto de ela ser responsável pela defe-
sa dos direitos de outras pessoas singulares
ou colectivas na defesa da legalidade e fisca-
lização.
TOM CARLOS
Zaire. Mecanização
da agricultura
A revitalização da actividade agrícola, com
recurso a meios mecanizados, foi defendida,
esta semana, em M’banza-Congo pelas repre-
sentantes das mulheres rurais dos seis muni-
cípios do Zaire, durante o encontro provin-
cial de auscultação a esta franja da socieda-
de. As 300 mulheres participantes neste
encontro defenderam a celeridade na reabi-
litação das vias rodoviárias secundárias e ter-
ciárias da região, a fim de tornar fácil o escoa-
mento de produtos agrícolas para os gran-
des mercados. O encontro analisou os
relatórios-sínteses das reuniões municipais
de auscultação da mulher rural, realizados
no âmbito do Programa Nacional lançado a
6 de Maio último.
Insucesso. Crianças acusadas
de feitiçaria
A psicóloga Bibiana Diamvutu afirmou, quar-
ta-feira, em Luanda, que o insucesso na vida
social e económica de alguns pais tem sido
a causa de algumas acusações de feitiçaria
aos seus filhos.
Falando à Angop sobre o tema ‘A criança e o
fenómeno feitiçaria’, a especialista referiu
que o facto é deplorável, lembrando que mui-
tos pais, por dificuldades financeiras, aban-
donam deliberadamente os filhos, acusando-
-os de feiticeiros.
“As acusações resultam, frequentemente,
em violência, maus-tratos, estigma, aban-
dono e práticas que constituem violações
graves dos direitos humanos das crianças”,
acrescentou.
A psicóloga reforçou que, depois de acu-
sadas, conforme um estudo, os menores
tendem a ser vítimas de discriminação e
estigmatização, dificultando a sua rein-
tegração plena na vida comunitária e
familiar.
Esclareceu que o fenómeno de feitiçaria
contra as crianças provoca crise na garan-
tia dos direitos fundamentais dos menores.
Apelou à sociedade e, em particular aos gru-
pos religiosos, a não pactuarem com isso e a
terem uma aproximação bíblica.
Educação. Cachiungo já tem
ensino superior
O município do Cachiungo, situado a 62 qui-
lómetros do Leste da sede provincial, conta,
no presente ano académico, com o Instituto
Superior Politécnico ‘Sol Nascente’ do Huam-
bo, facto que levou a juventude a permane-
cer na municipalidade para dar continuida-
de à formação, após a conclusão do ensino
médio.
A informação foi avançada hoje pelo admi-
nistrador municipal do Cachiungo, Frederi-
co Ucuetali, em declarações à Angop, quan-
do falava da situação do sector da educação
no município.
Cachiungo conta com 217 estudantes matri-
culados nos cursos de licenciatura em Direi-
to, Sociologia, Psicologia e História, 61 esco-
las do ensino primário, duas do I ciclo e qua-
tro do II do ensino secundário. Encontram-se
matriculados 48 mil e 440 alunos, em rela-
ção a 39.317 de 2013, incluindo 123 académi-
cos, que estão a frequentar o curso médico
de Saúde.
No domínio da alfabetização, o município
controla 6.312 alfabetizandos e 251 do méto-
do ‘Sim Eu Posso’.
Cachiungo tem uma extensão territorial de
dois mil e 947 quilómetros quadrados e 105.733
mil habitantes.
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11 Julho 2014 a 17
 G País // Economia
Fórum
Económico. Plano
de Desenvolvimento
do Uíge revitaliza
produção do café
O Plano de Desenvolvimento da Província do Uíge (PDPU),
apresentado recentemente, vai contemplar 314 projectos com
financiamento em parte do Estado e contará com a participação do
investimento privado
MIGUEL DANIEL
A informação foi avançada pelo governador
da província durante a realização do fórum
económico local que teve por objectivo dina-
mizar o sector primário da economia, iden-
tificar os factores que afectam negativamen-
te a agricultura e a pecuária, gizar estraté-
gias da produção local e mostrar aos investidores
as oportunidades de negócio que aquela cir-
cunscrição oferece.
Paulo Pombolo anunciou, igualmente, a
construção de 350 quilómetros de estrada que
vão ligar os municípios do Bembe, Ambuíla e
Buengas, com um orçamento de 400 mil milhões
de kwanzas e que facilitarão o escoamento de
produtos e as transacções comerciais.
Foram apresentados, ao mesmo tempo, os
projectos que visam a construção de um hotel
residencial com 100 quartos e um centro de
negócios avaliado em 22 mil milhões de kwan-
zas, um hipermercado da rede Shoprite, a
requalificação da Praça da Independência e
a criação de um centro de aquisição do café
em grande escala pelo grupo Angoalissar.
Como desafio, o governante fez saber que
a provincial que dirige está aberta aos inves-
tidores locais ou estrangeiros, apesar de não
existirem terrenos livres na zona periférica
que possam beneficiar de projectos.
“Para o ano em curso, o PDPU prevê um
orçamento superior a 60 mil milhões de kwan-
zas distribuídos em vários sectores”, disse.
UMA REDE DE LOGÍSTICA NACIONAL. Por sua
vez, o ministro da Economia, Abraão Gurgel,
informou, no Uíge, sobre a criação de uma
18 a 11 Julho 2014
rede de logística nacional de transportes públi-
cos interprovinciais, bem como a colocação
de um ramal ferroviário que possa ligar as
minas do Mavoio, com vista a reduzir as assi-
metrias regionais.
De acordo com o plasmado na Constituição
da República de Angola, no seu artigo 21.º e
89.º, “o Executivo prevê que uma das formas
de se acabar com as assimetrias é a constru-
ção da rede viária, desta forma propõe-se a
estratégia de industrialização da agricultu-
ra, com vista ao aproveitamento dos seus
recursos endógenos”.
Disse, inclusive, que a dotação financeira cabi-
mentada para a província permite desenvol-
ver o sector industrial, com realce para a pro-
dução de conservas de frutas e hortícolas, bebi-
das não-alcoólicas e derivados lácteos.
“Num horizonte de curto-prazo, vislumbrá-
mos um excelente potencial para a industria-
lização de tubérculos, raízes para a alimen-
tação humana e animal, produção e trans-
formação do arroz, óleo de palma, bem como
a transformação da madeira orientada para
a construção”, sustentou.
PÓLO INDUSTRIAL DO NEGAGE. Segundo as auto-
ridades da província, o empreendimento per-
mitirá o fabrico de material de construção,
como tijolo, telhas, prefabricados de betão,
estruturas metálicas e electro soldados, ten-
do o mercado da RDCongo como o principal
destino do futuro Pólo de Desenvolvimento.
Quanto à concretização dos projectos, o
ministro prometeu que, através do progra-
ma Angola Investe, os empreendedores que
têm projectos encalhados nos bancos devem
Kiala Gabriel, Abrahão Gourgel e Paulo Pombolo apresentaram no Uíge as linhas orientadoras
remetê-los ao cuidado do Governo Provin-
cial, que, por seu turno, os fará chegar ao
Ministério da Economia, para a avaliação e
possível financiamento.
“O mercado de capitais, através da Bolsa de
Valores de Mercado Secundário da Dívida
Pública, é outro instrumento de financiamen-
to que vai colmatar os problemas dos crédi-
tos bancários que têm sido até agora a princi-
pal fonte de financiamentos e que faz que mui-
tos projectos fiquem encalhados”, lembrou.
PRODUÇÃO DO CAFÉ. Um dos produtos mais
representativos da província volta a ser pro-
A província vai contar, em
breve, com um hotel
residencial, com 100
quartos e um centro de
negócios avaliados em 22
mil milhões de kwanzas
duzido em escala. A garantia é do director
provincial da Agricultura, Eriki Lussoqui.
Falando ao Agora, este reconheceu a neces-
sidade de se rever o preço do quilo do café
Mabuba, actualmente fixado em 50 kwanzas
e que tem sido um dos factores desincenti-
vadores aos camponeses, se comparado com
o de feijão ou de outro cereal.
O Uíge já foi o maior produtor do bago ver-
melho, mas a força do tempo fez desaparecer
as unidades de transformação daquele produ-
to, pelo que é fundamental a implementação
de projectos exequíveis que atendam às neces-
sidades da região em termos de produção de
café. Os municípios dos Buengas, Songo, Uíge
e Quitexe lideram, apesar de os cafezais serem
velhos, mas o Governo da Província tudo faz
para desenvolver mais projectos.
“O quilo de café comercial custa 150 kwan-
zas, mas a sua descasca é feita em Luanda,
porque aqui não temos máquinas; já o do
mabuba é vendido por 50 Kz e o do moído,
500”, referiu, manifestando a necessidade de
se montarem, com urgência, duas unidades de
descasque e transformação do mesmo produ-

para os novos investimentos
É preciso que se montem
com urgência duas
unidades de descasque e
transformação em cada
município potencialmente
produtor do Café
to, em cada um dos municípios produtores.
De realçar que, anualmente, a Pro-café, empre-
sa pública responsável pela comercialização
do café, compra mais de 100 mil toneladas aos
agricultores, mas o mercado é aberto para os
outros compradores, como é o caso da Ango-
nabeiro e um outro grupo americano.
José Carlos Beato, director do grupo Ango-
nabeiro, empresa de direito angolano, reve-
lou ao Agora que, anualmente, exporta cer-
ca de 350 toneladas de café e que trabalha,
igualmente, na revitalização da produção do
bago vermelho, através da formação e incen-
tivo aos agricultores, sendo a província do
Uíge o seu maior fornecedor.
“O Uíge ainda é o líder na produção do café
que nós compramos aos agricultores, e o Ins-
tituto do Café faz a certificação para depois
exportarmos e transformamos em produto
final em Portugal ou noutros países onde
temos estado, mas importa salientar que não
é vocação do grupo a agricultura, mas sim
o comércio e a sua transformação ao longo
dos últimos 53 anos”, explicou.
Defendeu, também, a necessidade do Execu-
tivo em criar as condições de subvencionar a
produção do café, se querem ver a província do
bago vermelho a voltar aos seus tempos áureos,
em que a economia nacional era suportada pelo
café, para concorrer com outras culturas.
“O café, sendo um produto cotado em bol-
sa, deve ser visto na perspectiva de que pode
servir de reserva de valor, uma vez que a sua
comercialização não depende dos preços
estabelecidos no mercado”, salientou, para
depois concluir que o actual preço do quilo
mabuba é baixo, mas, com uma produção
acentuada, pode colmatar-se o défice, sen-
do o café Amboim o mais cotado actualmen-
te, fixando-se em 65 a 70 kwanzas.
Citações
“É preciso acabar
com o hábito de
criticar e sem antes
propor, porque o
desenvolvimento só se
faz com trabalho”
Paulo Pombolo
GOVERNADOR DA PROVÍNCIA DO UÍGE
Dados
514
Mil milhões é quanto está
prevista a execução do Plano
de Desenvolvimento da
CÉSAR MAGALHÃES
Província do Uíge
50
Kwanzas é o valor comercial
EXPO-UÍGE. Cerca de 300 expositores nacio- do quilo de café mabuba, um
nais e estrangeiros, bem como agricultores factor inibidor aos agricultores
dos 16 municípios e 31 comunas que com-
põem a província participaram da Expo-Uíge,
uma organização entre a Feira Internacio-
nal de Luanda (FIL) e o Governo do Uíge.
100
Carlos Cala, representante da FIL, disse que Toneladas de café são
a participação da feira é gratuita, quer seja para compradas pela Pro-Café,
os expositores, quer para os visitantes, com empresa pública ligada à
realce para Portugal e a Itália como países con- compra e comercialização do
vidados, sendo que foram precisos aproxima- bago vermelho
damente 2000 metros quadrados para a aco-
modação de todos na Praça Independência.
“Está cá representada a banca, o comercio, o
sector das tecnologias, o ambiente, a constru-
350
ção e, como novidade, a presença de 10 empre- Toneladas de café são
sas da zona económica especial Luanda-Ben- exportadas anualmente pelo
go, a feira do livro e do disco, bem como a bol- grupo Angonabeiro, que
sa do café”, frisou. trabalha, igualmente, na
O Uíge celebrou, de 1 a 7 do corrente mês, revitalização da cultura do
97 anos, desde que ascendeu à categoria de mesmo produto
cidade. Durante as festividades, realizou-se
o terceiro fórum de oportunidades de negó-
cios e investimentos, a bolsa do café, a Expo-
-Uíge, entre outras as actividades.
11 Julho 2014 a 19
 G País // Economia
Empresários angolanos
informados sobre arbitragem
Empresários querem reduzir os litígios no seio da classe
A Associação Industrial de Angola (AIA) promoveu, recentemente,
em Luanda, um encontro que reuniu diferentes associações
empresariais, para reflectir sobre a resolução de litígios, mediação,
conciliação e arbitragem de conflitos empresariais
MARTINS CHAMBASSUCO
martins.chambassuco@agora.co.ao
O objectivo do fórum, segundo o presidente
da AIA, é informar os parceiros sobre a impor-
tância da criação dos centros de arbitragem
no país, particularmente entre os associados.
José Severino disse ao Agora que que o país
tem um centro de arbitragem criado pelo
Ministério da Justiça, mas é fundamental que
se criem outros ligados ao sector empresa-
rial, a fim de mediar os conflitos que possam
surgir no exercício da actividade.
“Esperamos que, até final do ano, tenhamos
um centro de arbitragem que resulte das
associações empresariais e continuemos a
contar com o que já foi criado pelo Ministé-
rio da Justiça”, disse, tendo reconhecido que
a resolução de litígios, a mediação, a conci-
liação e a arbitragem de conflitos podem ser
mais bem geridos geridos com uma política
forte que envolva todos os intervenientes,
particularmente os empresários que, muitas
vezes, sentem as injustiças da Justiça.
A conferência teve início com uma apresen-
tação por parte de Inglês Pinto, antigo basto-
20 a 11 Julho 2014
nário da Ordem dos Advogados de Angola,
sobre o centro em si que se vai dedicar à arbi-
tragem especializada de conflitos de ordem
nacional ou de conexão internacional, emer-
gentes de relações no domínio dos direitos
comercial, civil, administrativo, transportes,
seguros, financeiro, ambiente e de outros.
Elucidando os presentes, o jurista disse que
consiste nas características e aplicação, che-
gando, inclusive, a exemplificar casos em que
se vai processar a arbitragem em caso de con-
flitos de interesses, que se trata de um meca-
nismo importante para a atracção do inves-
O Governo está a apostar
na dinamização do sector,
pretendendo a diminuição
de conflitos que envolvam
questões contratuais e de
aquisição de terrenos
TOM CARLOS
timento nos mais diversos sectores de acti-
vidade económica.
Respondendo às inquietações dos presentes,
assegurou que “as decisões efectuadas por par-
te desta instituição têm vínculo jurídico, sendo
que as mesmas são expressivas perante a lei”.
Manuel Godinho, da Sociedade de Desen-
volvimento do Pólo Agro-Industrial de Capan-
da (SODEPAC), avançou, perante o serviço
de mediação, que se deve apostar na promo-
ção da resolução de conflitos, a maior difi-
culdade até à data, para que o mercado seja
atractivo para o investimento estrangeiro.
Rebatendo as questões, José Severino lem-
brou que “o Governo está a apostar na dina-
mização do sector, pretendendo a diminui-
ção de conflitos que envolvam questões con-
tratuais e de aquisição de terrenos.”
Está a ser implementado um centro de media-
ção e conciliação fora do Ministério Público,
mas, até à data, apenas um está totalmente
operacional, sendo que todas as decisões são
“obrigatoriamente submetidas à lei angolana”.
A Lei da Arbitragem Voluntária Angolana é
inspirada na portuguesa, e a obrigatória rege-
-se pelos artigos 1525-1528 do processo civil.
O país não é “signatária das convenções de
Nova Iorque ou de Genebra, nem de outra
ordem semelhante”, pois, como referido ante-
riormente, “a decisão arbitral ainda é depo-
sitada nos tribunais judiciais”.
Filda arranca
com 39
países
e muita
inovação
O Quénia e o
Zimbabwe são os países
estreantes na maior
bolsa de negócios do
país, onde se espera que
perto de 800 expositores
estejam presentes
Trinta e nove países, incluindo Ango-
la, estão inscritos na edição de 2014
da Feira Internacional de Luanda
(FILDA).
A informação foi avançada, nesta
terça-feira, em Luanda, pelo gestor
do certame, Francisco Coutinho.
Em declarações à Angop, destacou
a participação de países africanos,
com realce para o Quénia e Zimbabwe,
que participam pela primeira vez,
sendo que este último país contará
com o maior espaço de exposição,
com 108 metros quadrados e 10 empre-
sas, número igual ao do Quénia.
Francisco Coutinho disse ainda
que dois novos pavilhões estão a ser
erguidos nas instalações da FILDA
para responder à elevada procura
de espaço por parte dos expositores
que pretendem participar na maior
bolsa de negócios de Angola.
O primeiro pavilhão tem uma área
de cinco mil metros quadrados,
enquanto o segundo apresenta um
espaço de três mil metros quadra-
dos, elevando a área disponível para
o certame deste ano para 50 mil
metros quadrados.
A decorrer de 22 a 27 de Julho cor-
rente, a 31.ª edição da Filda tem por
lema ‘Os Desafios da Atracção de
Investimento – Estratégia, Legisla-
ção, Instituições, Infra-estruturas
e Recursos Humanos.’
A realização do evento, que data
desde 1983, visa, entre outros objec-
tivos, captar investimentos, promo-
ver o desenvolvimento dos diferen-
tes sectores de actividade no país e
contribuir para o estabelecimento
de parcerias e a criação de uma
indústria transformadora que res-
ponda às necessidades de consumo.
Tributação. Novo
pacote traz benefícios
O reajuste do Imposto Industrial, Imposto sobre o
Rendimento do Trabalho, Código Geral Tributário,
Código do Processo Tributário e o Código das
Execuções Fiscais compõe o pacote aprovado, há dias,
pela Assembleia Nacional
MIGUEL DANIEL
O Pacote Tributário está inserido
nas medidas da Reforma Tributá-
ria, de acordo com as Linhas Gerais
do Executivo para a Reforma Tri-
butária que visam corrigir as dis-
torções do sistema tributário, bem
como potenciar a arrecadação não
petrolífera.
Gilberto Luther esclareceu que as
alterações feitas ao pacote tributá-
rio não trazem implicações, antes
pelo contrário benefícios, porque se
pretende, em primeira instância,
promover e incentivar a competiti-
vidade das empresas angolanas, atra-
vés da redução da taxa de imposto,
de 35% para 30%.
“Com esta redução de 35% para
30%, Angola torna-se significativa-
mente mais competitiva no plano
internacional, passando a estar mais
alinhada com as taxas praticadas
pelos outros países da região e não
só...”, aclarou.
O responsável acautelou, igual-
mente, que estas alterações não têm
implicações nas taxas efectivas de
retenção na fonte, ao abrigo da Lei
n.º 7/97, que se mantêm em 3,5% e
5,25% para o ano de 2014, sendo
que a sua alteração está prevista
para 2015.
Novas regras de tributação irão trazer mais benefícios ao sector
Com a revisão do Imposto Indus-
trial, passam a estar abrangidas pelo
Imposto Industrial apenas pessoas
colectivas, divididas em dois gru-
pos de tributação, conforme o seu
nível de organização, enquanto as
pessoas singulares, que até agora
eram abrangidas pelo Grupo C do
imposto, passam a estar sujeitas
apenas ao Imposto de Rendimento
de Trabalho.
IMPOSTO DO TRABALHO. Foi alte-
rado o limite de isenção do IRT de
25.000, Kz para 34.450,00. Isto
significa que os contribuintes, cujo
rendimento mensal fique abaixo
do limite estabelecido, não paga-
rão IRT, assim o universo de con-
tribuintes isento de tributação
aumentou.
Para tal, a segmentação dos con-
tribuintes passa a ser feita por três
grupos (A, B e C), ficando confor-
me as alterações do Imposto Indus-
trial. Este imposto passa a incluir
as pessoas singulares que desenvol-
vam actividades comerciais ou indus-
triais e que estavam, até à data,
incluídas no Imposto Industrial.
“Os subsídios de férias e de Natal
que excedam a remuneração-base
passam, também, a ser tributados”,
sublinhou.
DR
ENSA promove seguro
obrigatório no Cubal
DUARTE VILLAS
A Empresa Nacional bém para massificar a prática do
de Seguros de Angola seguro em si”, disse.
(ENSA) está a levar a Em trabalho no município do
cabo uma campanha Cubal, avançou estar a receber
Sirius para de sensibilização que
visa alertar os
das autoridades administrati-
vas e dos automobilistas todo o
os melhores condutores sobre os
riscos na estrada
apoio necessário para avançar
com esta pretensão.
gestores De acordo com o gerente da
Carlos Bernardo Chombossi,
que não avançou o número de
ENSA em Benguela, Carlos Ber- clientes, deu a conhecer que a
nardo Chombossi, a prioridade ENSA, no mercado há mais de
recai sobre a comercialização de 36 anos, prima pela qualidade
seguro automóvel de responsa- de serviços que presta.
bilidade civil, pelo facto de esse
estar a vigorar desde o dia 1 de
A criação da categoria de melhor Rela- Julho do ano em curso, sob fis-
tório e Contas para os sectores finan- calização policial.
ceiro e não-financeiro é a grande novi- Em declarações à Angop, refe-
dade que o Prémio Sirius introduz na riu que, em função da actuação
edição de 2014, anunciou quarta-feira, da Polícia Nacional em relação
em Luanda, o presidente da Deloitte aos que ainda se abdicam do cum-
Angola, Rui Silva. primento desta regulamentação,
Ao fazer a apresentação de mais da os automobilistas, com particu-
4.ª edição do Prémio Sirius, uma ini- lar realce para os taxistas, vêm-
ciativa da Deloitte Angola, Rui Silva par- se dificultados em circular por
tilhou a satisfação da organização pela não terem pago o seguro.
receptividade da iniciativa junto dos “Daí a necessidade de esta agên-
agentes económicos. cia dinamizar a venda deste ser-
Por sua vez, o presidente do júri, viço aos municípios da Ganda,
Manuel Nunes Júnior, disse, na oca- Caimbambo, Chongoroi e Cubal,
sião, que a atribuição do prémio visa não só para facilitar a vida dos
homenagear as instituições e gestores utentes de viaturas, como tam-
DR
angolanos pela excelência e talento pro-
fissional, “constituindo, por isso, um
reconhecimento social por mérito e
empenho dos seus vencedores.” Município do Dala
A edição de 2013 contou com as cate-
gorias de melhor gestor do ano, melhor
sem serviços bancários
programa de responsabilidade social,
melhor programa de desenvolvimen- Os atrasos nas obras de construção da
to do capital humano, empreendedo- dependência do Banco de Poupança e
rismo e o melhor programa de educa- Crédito (BPC) na região agravaram a
ção financeira no sector bancário. situação, e, em consequência, a população
Manuel Nunes Júnior precisou que percorre por longas distâncias para fazer as
alguns dos requisitos para se concor- transacções financeiras
rer ao prémio são a competência, a res-
ponsabilidade, a disciplina e a atitude O administrador do município deslocar-se à sede capital da pro-
positiva da pessoa ou da empresa no da Dala, província da Lunda-Sul, víncia da Lunda-Sul (Saurimo)
serviço que prestam. Txiculo Martins, solicitou a aber- ou a Kamanongue (Moxico) e,
Por essa razão, continuou, são atri- tura de uma dependência ban- muitas vezes, deparam-se com
buídos vários prémios, como para a cária na localidade, para facili- situações como a falta de siste-
melhor empresa no sector financeiro tar o levantamento de ordena- ma que os leva a ficar mais dias
e não-financeiro, melhor empresário dos da função pública. do que os previstos, colocando-
do ano, o gestor do melhor relatório e Txiculo Martins afirmou que -os em litígio laboral com a enti-
contas da sua empresa e o troféu de a falta de serviços bancários cria dade empregadora”, justificou.
responsabilidade social. sérios constrangimentos aos O administrador disse ainda que
Explicou que, no sector financeiro, munícipes, uma vez que têm de os serviços bancários ajudam na
estão enquadrados os bancos e as com- percorrer longas distâncias até planificação da economia domés-
panhias de seguros, ao passo que, da Kamanongue (Moxico) ou Sau- tica, desde que os mesmos este-
área não-financeira, constam empre- rimo, a fim de efectuar transac- jam mais próximos dos cidadãos.
sas agrícolas, indústrias, entre outras. ções financeiras. Pediu à direcção do Banco de
A cerimónia de entrega dos prémios “Por falta de uma dependên- Poupança e Crédito (BPC) para
aos vencedores será realizada em Novem- cia bancária no município, os acelerar as obras da dependên-
bro deste ano. funcionários são obrigados a cia em construção desde 2013.
11 Julho 2014 a 21
 G País // Economia
DR
Banco Mundial assinala
diversificação da
economia angolana
O Banco Mundial informou no iní-
cio da semana a aparente retoma
da economia angolana, com o Pro-
duto Interno Bruto (PIB) a registar
um crescimento real de 4,4%, depois
da desaceleração sentida em 2013
devido à quebra das receitas com a
venda de petróleo.
Num documento com a actualiza-
ção económica de Angola, segunda-
-feira divulgado, aquela instituição
multilateral adiantou que o cresci-
mento económico que se está a regis-
tar é superior à média de 3,5% obser-
vado no período 2009/2011 mas, mes-
mo assim, inferior aos 5,2% de 2012.
A instituição disse ainda que o sec-
tor não-petrolífero do país expan-
diu-se em 2013, tendo atingido um
crescimento de 6,3% no ano passa-
do em resultado da maior produção
agrícola e de investimentos no sec-
tor da produção de electricidade.
A maior produção agrícola e pre-
ços mais baixos dos produtos ali-
mentares importados ajudaram a
reduzir a taxa de inflação para ape-
nas um dígito, afirmou o Banco Mun-
dial, para acrescentar que a infla-
ção continuará a baixar em resulta-
do do aumento da produção agrícola
bem como dos preços dos produtos
agrícolas nos mercados mundiais.
Apesar destes indicadores, o país
ainda perde muitas divisas com a
importação de bens de primeira
necessidade, o que encarece a vida
a muitas famílias.
A queda observada na receita petro-
lífera, associada a um aumento da
despesa pública, conduziu a um défi-
ce orçamental pela primeira vez
desde 2009, que deverá ascender a
4,9% do PIB caso a execução orça-
mental atinja 100% no final de 2014.
“Embora a previsão para 2014 seja
favorável atendendo ao aumento
esperado da produção de petróleo
não é de prever que o petróleo con-
tribua muito mais para o crescimen-
to económico, pelo que terá de ser
o sector não-petrolífero a expandir-
-se rapidamente para fazer com que
Angola atinja o forte desempenho
registado antes da crise de 2009”,
afirmou Elisa Gamberoni, economis-
ta do Banco Mundial e principal rela-
tora do documento agora divulgado.
22 a 11 Julho 2014
Consumo
ESTUDO REVELA
HÁBITOS DA POPULAÇÃO
DE LUANDA
A empresa Keyresearch
apresentou recentemente o
estudo que revela os
modelos dos agregados
familiares, habitação,
comportamentos,
alimentação, estilos de vida,
hábitos, necessidades e
expectativas, costumes e
consumos da população
residente em Luanda
A amostra de 4.200
consumidores inquiridos,
apresenta um nível de
confiança na ordem dos
95%, e um erro de amostra
associado de 1,51%, sendo
que os dados
representativos,
correspondem apenas à
população de Luanda com
15 anos ou mais de idade.
Todas as entrevistas foram
realizadas pelo método
“Face to Face”, suportadas
por um questionário em
papel devidamente
estruturado. Todos os
inquiridos foram
seleccionados
aleatoriamente pelo processo
de selecção “Random Walk
Method” e cumprindo-se as
quotas previamente
estabelecidas considerando
a idade, género e município
de residência.
A amostra global contou
com uma representatividade
de 49,8% de indivíduos do
sexo masculino e 50,2% de
indivíduos do sexo feminino.
Representam 24,5% com 15
a 19 anos, 18,0% com 20 a
24 anos; 14,5% com 25 a 29
anos; 11,1% com 30 a 34
anos; 8,8% com 35 a 39
anos; 7,4% com 40 a 44
anos e 15,8% com mais de
45 anos.
Ao nível do município
verificou-se que dos 4.200
inquiridos, 14,5% residentes
em Cacuaco; 17,6%
residentes na Cazenga;
4,1% residentes na
Ingombotas; 15,0%
residentes em Kilamba Kiaxi;
12,3% residentes na
Maianga; 3,3% residentes
no Rangel; 6,1% Residentes
na Samba; 11,9%
residentes no Sambizanga e
15,3% residentes em Viana.
Negócios. Kenya
Airways aumenta voos
A Kenya Airways, que opera no país
desde 2010, aumentará, este mês, a
frequência de voos da rota Luanda/Nai-
robi, passando de duas para três liga-
ções semanais entre as duas capitais,
permitindo, em média, o transporte
de 22 mil passageiros por ano. De acor-
do com o director de marketing, Ricar-
do Vieira Lopes, este aumento das fre-
quências está ligado a um crescente
número de passageiros.
Luanda é a cidade
mais cara do mundo
A capital lidera a lista das cidades
mais caras do mundo para cidadãos
estrangeiros, indica um estudo da
consultora Mercer divulgado esta
semana. Uma refeição de fast-food
pode custar quase 20 dólares, em
média, contra os 4,95 euros de Lis-
boa. Atrás de Luanda surgem N’Dja-
mena, no Chade, Hong Kong, Zuri-
que, Genebra, Tóquio, Berna, Mos-
covo e Xangai. O estudo levou em
linha de conta os preços do alojamen-
to, transporte, comida, vestuário, arti-
gos domésticos e entretenimento,
Lisboa surge na 94º posição.
Sector da indústria
continua adormecido
A falta de uma política definida para
o desenvolvimento industrial e a exis-
tência de uma espécie de subordi-
nação na execução das actividades
industriais, foram situações aborda-
das, em Luanda, pelo director do
Departamento de Apoio ao Sector
Privado da Câmara de Comércio e
Indústria, José Rodrigues Alentejo.
O responsável referiu que neste domí-
nio, existem iniciativas divididas por
vários ministérios, o que, na sua opi-
nião, não deveria acontecer.
Produção de concentrado de tomate
A não conclusão das obras da fábrica de concentrado de tomate
na Matala, província da Huíla preocupa os agricultores locais.
Constrangidos com a situação, exigem explicações sobre os
atrasos na conclusão da mesma.
Mecanagro reduz
força de trabalho
Cerca de 40% dos trabalhadores da
Mecanagro estão à beira do desem-
prego, em causa estão os sucessi-
vos atrasos no pagamento dos tra-
balhos de preparação de terras da
campanha agrícola transacta por
parte de algumas instituições públi-
cas e privadas.
“A Mecanagro, vai proceder à dimi-
nuição da sua força de trabalho na
ordem dos 40%, face à situação que
vive, uma medida que deverá entrar
em prática a partir de 2015”, disse
João Joaquim, director de marke-
ting da empresa
Indústria. Refriango
inaugura fábrica
no Huambo
De acordo com o director de even-
tos da Refriango, João dos Santos, o
projecto surgiu para desafogar a fábri-
ca de Luanda. “Está previsto inaugu-
rar em finais de 2015 uma nova fábri-
ca, com uma capacidade de produ-
zir 500 mil litros/ano, pelo facto de a
mesma estar localizada numa zona
estratégica do país, do ponto de vis-
ta geográfico possibilitando o escoa-
mento do produto nos corredores sul
e oeste do país”, disse
Angola e Holanda
analisaram cooperação
As delegações analisaram a possi-
bilidade de facilitar a concessão de
vistos para empresários dos dois
países, anunciou a secretária de
Estado para a Cooperação, Ângela
Bragança. No final do encontro foi
aceite pelas partes que a introdu-
ção de facilidades na concessão de
vistos para empresários vai impul-
sionar a cooperação económica e o
intercâmbio comercial.
DR
Agravadas
as taxas de
importação
de motas
A medida serve para
conter a sinistralidade
rodoviária e a
criminalidade
A informação foi avançada, recen-
temente, pelo director do Depar-
tamento de Tarifas da Direcção
Nacional das Alfândegas. O mes-
mo garantiu que a taxa de impor-
tação de motorizadas registou um
agravamento de 50% desde 2012,
uma medida fiscal destinada a con-
ter a entrada maciça daquele tipo
de veículos.
Falando à Angop, Garcia Afonso
disse, igualmente, que a medida
fiscal visou procurar travar a entra-
da de motorizadas, veículos que
são apontados como dos principais
causadores de acidentes e conse-
quentemente de perdas de vidas
humanas.
A medida abrange, em particular,
as motorizadas de maior cilindra-
da que, além de causarem os refe-
ridos acidentes, são, ao mesmo tem-
po, o principal meio usado pelos
marginais, sobretudo na capital do
país, para a prática de assaltos na
via pública, além de apresentarem
outros constrangimentos no âmbi-
to social.
O responsável, que falava em Nda-
latando, capital do Cuanza-Norte,
sobre a nova Pauta Aduaneira em
execução no país desde 2012, infor-
mou que a decisão de introduzir a
referida norma resultou da neces-
sidade de travar a importação de
alguns produtos e melhorar a regu-
lação das importações a nível do
território nacional.
Garcia Afonso salientou que a ideia
subjacente à nova Pauta Aduanei-
ra, nomeadamente através do agra-
vamento de algumas taxas alfande-
gárias, é dificultar a importação de
alguns produtos passíveis de serem
produzidos em Angola, de modo a
garantir que o país passe de poten-
cial importador para potencial pro-
dutor, passando a obter excedentes
para a exportação.
Angola e China.
Trocas comerciais
atingem 1,64 mil milhões
As trocas comerciais entre Angola e a China atingiram, em Maio
último, 1,64 mil milhões de kwanzas, mais 8,46 por cento em
relação a idêntico período de 2013, de acordo com dados oficiais
da China, divulgados pelo Fórum de Macau
A China vendeu a Angola bens no valor de
171 mil milhões de kwanzas (mais 10,39%).
A compra de mercadorias, grosso modo
petróleo, fixou-se em 1,478 triliões de kwan-
zas (mais 8,24 por cento).
Durante este período, o comércio entre a
China e os países de Língua Portuguesa atin-
giu 5,334 triliões de kwanzas, um acrésci-
mo de 9,28 por cento, relativamente ao perío-
do homólogo de 2013.
De acordo com as conclusões do Fórum de
Macau, os dados indicam que, nos primei-
ros cinco meses de 2014, a maior economia
da Ásia vendeu aos oito países de Língua Por-
tuguesa bens no valor de 1,699 triliões de
kwanzas, perfazendo 4,56%, tendo adquiri-
do mercadorias correspondentes a 3,634 tri-
liões de kwanzas, o equivalente a 11,%, com
um défice comercial de 1,935 triliões.
O comércio com o Brasil ocupa o primei-
ro lugar, com as trocas a atingirem 34.173
milhões de dólares, o equivalente a 8,58%.
Angola ocupa o segundo lugar nas transac-
ções, enquanto Portugal aparece em terceiro,
com números distantes. A China vendeu a Por-
tugal bens no valor de 1.232 milhões de dóla-
res, mais 28,76% que o período anterior e com-
prou o correspondente a 663 milhões de dóla-
res, que representa um acréscimo de 20,%.
Moçambique aparece em quarto lugar, ten-
do efectuado trocas comerciais com a Chi-
Chineses e angolanos trabalham juntos na reconstrução do país
na no montante de 717 milhões de dólares,
uma subida de mais 22,62 por cento, enquan-
to as vendas de bens se cifraram no valor
de 199 milhões de dólares mais 28,36 por
cento as compras correspondem a 517 milhões
de dólares, mais 20,54%.
Os restantes países lusófonos como Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Timor-Leste e São
Tomé e Príncipe efectuaram trocas comer-
ciais com a China nos primeiros cinco
meses do ano, na ordem dos 66 milhões
de dólares.
DADOS. Angola deve diversificar os parceiros
de cooperação, além da China, que não impõe
condições políticas nem toma medidas eco-
nómicas na cedência de empréstimos, defen-
deu em 2008, Dilma Esteves em Lisboa, no
lançamento do seu livro sobre a dissertação
do seu mestrado, ‘Relações de Cooperação
China-África: O Caso de Angola’.
A obra, da responsabilidade da Editora
Almedina e que será apresentada pelo gene-
ral Loureiro dos Santos, reproduz a disser-
tação de mestrado da autora angolana que
estudou no Instituto Superior de Ciências
Sociais e Políticas (ISCSP).
“O que me levou a publicar a dissertação
é a actualidade do tema e porque tinha ple-
na consciência da funcionalidade que ele
poderia vir a ter”, disse.
DR
11 Julho 2014 a 23
 // Entrevista
O
Zoom

Ainda não completou 40 anos, em contrapartida tem já publicados treze livros, uma safra marcada por contos, romances e
poesia. Ndalu de Almeida, mais conhecido por Ondjaki, arrebatou vários prémios literários a nível nacional e internacional,
sendo que o seu percurso iniciado em 2000, tem se pautado pela regularidade. Licenciou-se em Sociologia, em Portugal e fez
um doutoramento sobre ‘Estudos Africanos’ em Itália, em 2010. Por outro lado, o escritor entende que “a maior parte dos políti-
cos se esquece de dar prioridade às pessoas a quem servem”

24 a 11 Julho 2014
Ondjaki
“Há uma fraca tolerância
para a crítica que pode ser
aproveitada de maneira
construtiva”
RÚBIO PRAIA (Entrevista)
DUARTE VILLAS (Fotos)
Encontrámo-nos com o escritor angolano
Ondjaki, actualmente a residir no Brasil,
numa das actividades culturais que decor-
reu em Luanda, no início de Junho. O jovem,
que veio à capital do país para o lançamen-
to do seu livro de contos ‘Ombela - A Estó-
ria das Chuvas’, anuiu a uma entrevista ao
Agora num dos restaurantes luandenses.
A sua linguagem é clara, sem evasivas.
Prefere não deixar questões por responder,
sugere novos modelos de governação no
país e nutre grande admiração pelo traba-
lho que desenvolve José Mujica, presiden-
te do Uruguai. Este ‘papão’ de prémios lite-
rários completou 37 anos no dia 5 de Julho
do mês em curso.
Há vozes que alegam que o Ondjaki recla-
ma reconhecimento a nível nacional. Esta
informação é verdadeira?
Não tenho preocupações com o reconheci-
mento nem em Angola, nem noutro lugar.
Isso não é uma preocupação que me acom-
panha. Não escrevo em função do reconhe-
cimento. Particularmente, não sinto que
não sou reconhecido pelo país. Não estou
preocupado.
Preocupa-se com o quê?
Quando escrevo, prioritariamente quero
contar uma história. Escrevo em diversos
géneros, porque, às vezes, ela sai como um
poema, outras vezes como um livro infan-
til e algumas mais complexas acabam por
resultar em romances. Sobre a questão que
me colocou, digo-lhe: estou preocupado em
contar uma história.
Acha que tem sido lido a nível dos leitores
infantis, uma vez que arrebatou, em 2012, o
concurso Prémio Caxinde do Conto Infantil,
com a obra ‘Ombela - A Estória das Chuvas’?
Penso que sim. A grande diferença entre
ser lido aqui e ser lido lá fora é que o livro
e a leitura, mesmo para os jovens, não são
uma questão prioritária. Se perguntar a um
jovem se conhece mais cantores ou mais
escritores, ele alegará que conhece mais
cantores, mas a noção que tenho é que algu-
mas crianças e jovens me lêem. Quem o faz
são os mesmos que lêem Cremilda de Lima,
Escrevo em diversos géneros, porque, às
vezes, a história sai como um poema,
outras vezes como um livro infantil, e
algumas histórias mais complexas acabam
por resultar em romances
John Bella, Dário de Melo e outros autores
que escrevem para esta franja.
A obra ‘Ombela - A Estória das Chuvas’ foi
lançada em 2011, premiada em 2012. Depois,
publicou ‘Os Transparentes’, ‘Uma Escuri-
dão Bonita’ (2013) e ‘Sonhos Azuis sobre as
Esquinas’ (2014). Estes últimos títulos ain-
da não foram publicados em Angola. Por-
quê?
Estes livros não saíram em Angola por pro-
blemas contratuais. Estive e estou a resol-
ver problemas de contrato com a editora
Texto, e estas obras vão aparecer em bre-
ve.
Qual é o fio condutor de cada uma destas
histórias. – ‘Uma Escuridão Bonita’ e ‘Sonhos
Azuis pelas Esquinas’?
Gosto de pensar que o livro ‘Uma Escuri-
dão Bonita’ é para todas as idades e, pelo
formato, como tem ilustrações lá dentro,
que se pareça a um livro juvenil, mas, real-
mente, é um livro para todas as idades. É
uma conversa que se desenrola durante
uma falta de luz, entre um menino e uma
menina, na Praia do Bispo, em Luanda, den-
tro de uma casa.
‘Os Sonhos Azuis pelas Esquinas’ é uma obra
diferente. São 20 contos, 20 cidades. Não
há uma verdade absoluta entre o que está
escrito e as cidades. Tem Ougadougou, Zan-
zibar e Nairobi, as outras são cidades do
mundo. Penso que é uma obra sobre as pes-
soas, sobre os desencontros. Na verdade,
as cidades foram só fintas que dei.
A sua alocução na conferência TEDx Luan-
da, no dia 14 de
Junho, versou sobre
as estigas (troça entre
dois indivíduos)
sobre Angola. Em
que vertentes?
Foi sobre Angola,
não enquanto país.
O que quis dizer é
que, na nossa região,
as estigas, que são discursos orais infantis,
encerram uma descrição social, que per-
mite, por elas mesmas, analisar, às vezes,
alguns dos fenómenos dos processos e pro-
blemáticas sociais do nosso país. Julgo isso
incrível, que estas análises cheguem ao dis-
curso oral feito essencialmente por crian-
ças.
Pelas crianças e sobretudo pelo Zé Povi-
nho...
Na minha opinião, a estiga ultimamente
não atravessa muitas camadas sociais, não
estava presa às condicionantes económicas
das pessoas, porque, durante os anos 80, o
nível social da população era muito menos
desigual.
Disse, numa entrevista, que o papel do polí-
tico não é só mandar, mas é também o de
ajudar a resolver os problemas das pessoas
e melhorar a sociedade. Em Angola, isso
tem acontecido?
Acompanho a situação política e social de
Angola ao longe. É neste sentido que, nal-
guns momentos, sou mais cauteloso, por-
que é diferente de uma pessoa que vive aqui,
que acompanha as coisas estando presen-
te. Pessoalmente, tenho estado atento atra-
vés da imprensa. Considero que os nossos
Não tenho
preocupações com
o reconhecimento
nem em Angola,
nem em outro lugar.
Isso não é uma
preocupação
que me
acompanha
políticos, de facto, na maior parte do tem-
po se esquecem de dar prioridade às pes-
soas a quem servem. O político esquece que
ser ministro, ser director de uma institui-
ção é para servir este ministério ou insti-
tuição. De um modo geral, os políticos, se
é que alguma vez o fizeram, esquecem-se
da sua prioridade. Há pessoas com menos
brio profissional, e não vejo os políticos
preocupados com os problemas que deve-
riam resolver.
Esse é um problema geral, não é só daqui.
Uma postura de um homem que tenho admi-
rado e procuro acompanhar é do presiden-
te do Uruguai, José Mujica. Em todas as
entrevistas dele a que assisto, em todas as
suas manifestações públicas, nota-se que é
uma pessoa que ausculta a população, está
preocupado em entender os problemas prio-
ritários do povo que governa. Isso é interes-
sante. Ele é um exemplo para todos os outros
governantes no mundo, neste momento.
Voltando ao passado, em que termos o nível
social nos 80 era muito menos desigual?
É uma sensação que tenho. Em todos os
lugares, as desigualdades sociais podem-se
configurar de diferentes maneiras. Pode-
mos pensar nela meramente do ponto de
vista económico, quem tem mais dinheiro
ou quem tem mais acesso ao dinheiro; pode-
mos pensar do ponto de vista do acesso à
escolaridade, quem tem mais acesso e quem
tem menos. Até ao fim do regime monopar-
tidário, 1991, o acesso à escola e à saúde,
hospitais, não sofria uma desigualdade tão
acentuada.
Na mudança política que tivemos em 1992,
e com as mudanças económicas que esta
viragem trouxe por arrasto, a desigualda-
de social acentuou-se. Vou dizer de outra
maneira: no mundo, a tendência de um sis-
tema capitalista é de acentuar a desigual-
dade social, é o de acentuar as diferenças
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11 Julho 2014 a 25
 O Zoom // Entrevista
>> continuação da página 25
e as oportunidades. Posso dizer que nós,
em Angola, vivemos neste sistema.
Então, o problema reside no capitalismo?
O problema essencial não é a questão do
capitalismo. Há muitos tipos de capitalis-
mo. Gostaria muito, mas isso é um sonho
pessoal, que Angola, ou os governantes
angolanos, tivesse optado por um sistema
que permitisse que algumas áreas fossem
de inspiração socialista.
O que quer dizer com isso?
Quanto ao acesso gratuito à educação e à
saúde, podemos dizer que, no país, a pes-
soa pode ir ao hospital, mas a verdade é
que, em certa circunstância, apesar de terem
melhorado as unidades hospitalares, quem
tiver um bocadinho de dinheiro vai procu-
rar uma clínica, quem tem menos dinhei-
ro é forçado a ir a um hospital. Ora, se um
hospital fosse melhor que uma clínica, quem
tem dinheiro, primeiro iria rapidamente ao
hospital, o que não acontece em Angola.
Se ficasse doente procuraria assistência
médica num hospital público?
Nunca mais fiquei doente, nem já paludis-
mo apanho, mas, se tivesse um problema
grave e condições financeiras, penso que
procurava primeiro por uma clínica priva-
da, uma vez que, no meu imaginário, pode
ser que esteja enganado, a clínica privada
tem mais condições que um hospital públi-
co: depende de onde estiver, do hospital e
da província. Por uma coisa simples, a pes-
soa pode ir a uma unidade hospitalar.
Em lato senso, que problemas sobre Ango-
la o apoquentam?
Uma das preocupações que tenho, embora
reconheça que o Governo tem feito um esfor-
ço nos últimos anos numa série de áreas
da reconstrução do país, é que o lado mate-
rial é mais visível. É inegável dizer que fize-
ram estradas, pontes e hospitais. Então, o
cidadão olha e questiona: “se não tínhamos
uma escola, um hospital, e agora já temos,
qual será a nossa próxima preocupação”?
Obviamente, estarão preocupados com a
qualidade desta escola, deste hospital, pois
reconstruir ou fazer uma instituição de
ensino depende de dinheiro, vidros e tijo-
los. Se me pergunta o que me preocupa,
digo que me preocupa muito a qualidade
de ensino, desde o primário, o médio ao
universitário, e isso leva-nos a reflectir sobre
o que será a nova geração.
Quando lá fora algumas pessoas se aperce-
bem de que é angolano e escritor, o que per-
guntam?
Normalmente, fazem perguntas políticas.
Se são pessoas informadas, procuram saber
como estamos politicamente. Sabem que
aqui se vive um sistema que se chama demo-
cracia, mas também pretendem saber que
tipo de democracia é a nossa. Há dois tipos
de pessoas no mundo: as que abrem a cabe-
ça para conhecer os lugares e as que usam
um vasto número de preconceitos que já
têm sobre os mesmos.
Eu, por exemplo, não sei nada sobre o Cam-
bodja ou a Mongólia. Então, devo ter cui-
dado para não cair na visão exótica. É ver-
dade que lá fora as pessoas têm uma visão
26 a 11 Julho 2014
Se me pergunta o que
me preocupa, digo
que me preocupa muito
a qualidade de ensino,
desde o primário, o médio e
o universitário
exótica. Uma das coisas a que chamo visão
exótica é a confusão entre país e continen-
te. Sempre dizem: África, África, África. Mas
uma coisa é a Namíbia, outra coisa é Ango-
la; uma coisa é Madagáscar, outra é o Egip-
to. África o que é isso? É um continente. Às
vezes, querem saber do ponto de vista cul-
tural sobre a nossa música.
Qual é a sua definição de uma ‘coisa cha-
mada democracia’?
Em Angola e em todo o mundo, aquilo a
que hoje se chama democracia ainda neces-
sita de ser aperfeiçoado.
Em que termos?
A solução que foi encontrada até agora, aos
timings. Há democracias que apelam ao
voto de quatro em quatro anos, ou de cin-
co em cinco anos e faz-se uma espécie de
contrato. Você vota em mim, confia em mim,
eu ganho, vou governar, mas, durante os
quatro/cinco anos de governação, sinto que
não há muito contacto frequente entre o
eleitor e o eleito.
É como se eu lhe desse uma carta branca,
ou um cheque, e a pessoa dentro de quatro
anos fizesse o que bem lhe apetecer. Para
mim, não devia ser assim. Uma das coisas
que devem ser aperfeiçoadas na nossa e nas
outras democracias é a manutenção deste
poder, desta responsabilidade, durante o
período do mandato do governante ou do
partido, o que nos remete para outro tipo
de eleições, visto que uma coisa é eleger
um presidente ou um governo, outra seria
cada um poder eleger o seu administrador,
uma espécie de autárquias locais. Ou pode-
mos criar outro modelo.
Resumidamente, qual seria a melhor solução?
Cada vez mais, no mundo, faz-se sentir a
necessidade do poder local, em primeiro;
segundo, do diálogo local. A democracia
falha muitas vezes na criação de zonas de
diálogo. Eu só faço um diálogo e digo: venha
votar e diga-me em quem você vota. Depois,
digo: “voltamos a falar dentro de quatro
anos”. É esta a democracia que existe aqui
e na América. Digamos que está interessan-
te, mas tem de se melhorar. Tinha de haver
muitos mais mecanismos de controlo ao
longo da duração do mandato e a possibi-
lidade de questionar se a promessa que foi
feita e o programa que foi apresentado
durante o período eleitoral se estão a ser
cumpridos naqueles quatro anos. Isso seria
um festival.
Que autores lhe dão prazer ler e o influen-
ciam de algum modo?
Vario muito. É claro que continuo a ler os
nossos autores, como Luandino Vieira, Pepe-
tela, Boaventura Cardoso, Manuel Rui. A res-
posta a esta pergunta é que nem sempre o
que nos influencia é tão visível quanto às pes-
soas pensam. Posso dizer quais os autores
que me dão prazer de ler, mas também os
que não me dão, e, se calhar, podem influen-
ciar-me também. Estou a lembrar-me de Erri
De Luca, um italiano que publicou ‘Monte-
didio’, que estou a lê-lo, além dos angolanos,
moçambicanos, cabo-verdianos a que consi-
go ter acesso.
Fiquei emocionado com o livro de Afonso
Cruz, cujo título é ‘Para onde Vão os Guar-
da-Chuvas’, conhecia o trabalho dele mais
para crianças e não o trabalho de roman-
ces pesados. Mas, nalguns momentos, é
assim, estamos a ler uma coisa e aprende-
mos com a solução interna que os outros
arranjaram nas suas obras.
Cá por dentro, a literatura angolana está
em ascensão ou declínio?
É assim! Os que já escrevem, os que publi-
cam regularmente, escrevem muito bem,
não há dúvidas em relação a isso. Gostaria
de ver, nos próximos cinco, 10 anos, apare-
cer mais jovens, pois, quando abrimos o
jornal, aparecem a lançar novos livros o
Carlos Ferreira ‘Cassé’, José Luís Mendon-
ça, Carmo Neto, Pepetela, João Maiomona;
são sempre os mesmos. Mas onde andam
as novas escritas? Ainda há uma ascendên-
cia do ponto de vista dos conteúdos e da
criatividade. Estes autores a que me referi
não têm escrito da mesma maneira, não
tenho visto uma mesmice. Noto, pelo con-
trário, uma busca de melhoria de autoco-
nhecimento. A literatura de Manuel Rui
virou-se mais para o Sul, isso depois da paz,
mal a guerra acabou, e os livros dele come-
çam por abordar o Huambo. Os que escre-
vem continuam a fazer um trabalho de pes- vice-versa? Aqui, como diz o outro, criticar O que tem ouvido musicalmente ‘falando’? PRÉMIOS
quisa e automelhoramento. Tenho pena que é sempre ‘male’? Nunca criticar é visto como De Angola, tenho estado a ouvir o que me
não surjam muitos mais escritores jovens- o início de um debate. Sou de opinião que tem chegado: o último trabalho do Nástio, 1. “Actu Sanguíneu” (poesia)
Quando falo de novos, quero falar de ida- temos de mudar isso. da Aline Frazão. O álbum ‘O País que Nas- Menção Honrosa no prémio António
de, não de um novo escritor de 47 anos, Pensa que o Elinga é astético e irrelevante ceu meu Pai’, de Paulo Flores, gostei muito. Jacinto (Angola, 2000)
uma vez que há poucos de 17 a 25 anos a para Luanda? De resto, acompanho outras produções, como 2. “E se amanhã o medo” (contos),
aparecerem. Não é que não haja. Até há. A Do Elinga, só posso falar do ponto de vista de Yuri da Cunha. Como venho deste peque- Prémio Sagrada Esperança (Angola, 2004)
filha do Carmo Neto começou cedo, mas afectivo. Cresci aqui, a ir lá, a primeira vez no estudo que fiz sobre as estigas, interessa- 3. “E se amanhã o medo” (contos),
não estou a falar de uma pessoa. que vi teatro na minha vida foi numa das suas -me muito o rap underground, porque têm Prémio António Paulouro (Portugal, 2005)
O que nos falta como Nação? salas, em 89, 90 e 91. Portanto, as pessoas uma preocupação com a mensagem. O mes- 4. Finalista do prémio “Portugal TELECOM”
Primeira premissa: vai sempre faltar algu- que não querem que o espaço seja destruí- mo reflecte outro tipo de preocupações, das (Brasil, 2007), com “Bom dia Camaradas”.
ma coisa. Segunda coisa: noto que há aqui do amam-no. Antes de abatermos um edifí- condições de vida das pessoas. Em todo o 5. Grande Prémio APE, “Os da minha rua”
uma baixa tolerância para quando um cida- mundo há isso. O rap (contos), (Portugal, 2007)
dão qualquer, independentemente da cor mais comercial é o 6. Finalista do prémio “Portugal TELECOM”
política, critica o Executivo ou uma insti- Qual é papel dos artistas? Não é passar os que considero menos (Brasil, 2008), com “Os da minha rua”.
tuição. As pessoas dizem: “Esse só quer cri- dias a elogiar o Ministério da Cultura, mas sério. 7. Grinzane for Africa Prize - Young Writer
ticar”. Só quer criticar como? Somos cida- sim pensar, reflectir e criticar. Mas é criticar Já que domina as (Etiópia/Italia/2008)
dãos, sentimos falta de um serviço, não palavras, como defi- 8. Prémio FNLIJ 2010 “Literatura em
podemos pedir este serviço? Isso não é cri- na boa. Porém, quando uma pessoa critica ne rap? Língua Portuguesa”, com “Avó Dezanove
ticar, é acusar a ausência de um serviço. no seu próprio país, não será que, em vez O rap é uma arma, e o segredo do soviético” [Brasil]
Outra coisa: não há só críticas negativas,
existem também positivas. Posso chegar
de atacar, quer melhorar? Penso que há entre a denúncia e
a descrição social.
9. Prémio JABUTI, categoria ‘juvenil’,
com o livro “Avó Dezanove e o segredo
junto do Ministério da Cultura e dizer: “isto fraca tolerância para a crítica Não tenho a míni- do soviético” (2010)
e aquilo estão a funcionar bem, falta isto e ma dúvida de que 10. Finalista do Prémio Literário de São
aqueloutro, ou o Ministério da Cultura acha cio, se já não considerarmos as questões arqui- o trabalho que o MC K tem feito ao longo Paulo 2010, com “Avó Dezanove e o
que está perfeito”? Qual é o papel dos artis- tectonicamente históricas, temos de consi- destes anos é importantíssimo do ponto segredo do soviético” [Brasil]
tas? O papel dos artistas não é passar todos derar a relação que a população e os artistas de vista artístico. Não é só ele. Temos o 11. Finalista do prémio “Portugal TELECOM”
os dias a elogiar o Ministério da Cultura; é têm com determinados edifícios. Desconhe- revú, que é o Keita Mayanda, o Ikonoclas- (Brasil, 2010), com“Avó Dezanove...”
pensar, reflectir e criticar, mas é criticar na ço a justificação que o Governo tem para que- ta, o Phay Grande. São bons rappers em 12. Prémio Caxinde do Conto Infantil, com
boa. Mas, quando uma pessoa critica no seu rer demolir o edifício, mas penso que é mui- qualquer parte do mundo. Eles não são só “Ombela, a estória das chuvas” (Angola, 2011)
próprio país, não será que, em vez de ata- to triste que se ignore a relação de afecto que de Angola, são rappers que daqui há alguns 13. Prémio Bissaya Barreto 2012, com
car, quer melhorar? Penso que há aqui uma as pessoas têm com a infra-estrutura. É pre- anos vamos estudar na Sociologia e Antro- “A bicicleta que tinha bigodes” (Portugal,
fraca tolerância para uma crítica que pode ciso respeitar o valor patrimonial e históri- pologia, através das letras deles. Isso não 2012)
ser aproveitada de maneira construtiva. A co de alguns edifícios. Talvez, se assim fosse, é qualquer rapper que faz e não é por ser 14. Prémio FNLIJ 2013 “literatura em
maneira mais fácil é dizer: “esses que ata- não se teriam demolido o palácio Dona Ana nosso. O que eles fazem não é só de alta Língua Portuguesa”, com “A bicicleta que
cam e criticam não gostam não querem Joaquina, para depois reconstruir da mesma qualidade. É importante. Quando uma coi- tinha bigodes” [Brasil]
saber”. Um pai, quando critica um filho, maneira com cimento recente, depois do que sa é importante, ela resiste ao longo dos 15. Prémio José Saramago 2013 (pela
não quer saber dele, ou está a alertá-lo e lá estava - o original ou de raiz. tempos. obra “Os Transparentes”)

11 Julho 2014 a 27
 O Zoom // Internacional

Barack Obama vai receber cerca de 50 líderes africanos em Washington FOTOGRAFIAS DR

Cimeira. Presidente Com cerca de 50 líderes convidados para a

Casa Branca – numa lista que inclui o Presi-
dente de Angola, José Eduardo dos Santos –

dos EUA celebra , o encontro é inaugurado por aquilo que os

EUA denominam de “eventos de assinatura”.
Segundo adiantou a secretária de Estado

aniversário com África assistente para os Assuntos Africanos, o

dia da abertura estará focado em “áreas
onde, no passado, os EUA foram parceiros
de África”.
Neste âmbito, antecipa-se a abordagem de Linda Thomas-Greenfield (esq) anunciou
Inicialmente agendada para 5 e 6 de Agosto, a Cimeira EUA- assuntos relacionados com a saúde, a vida o programa da reunião
-África, que será realizada em Washington, vai incluir mais um dia selvagem e a energia.
de trabalho, anunciou, na quarta-feira, a secretária de Estado A estreia do encontro inclui também uma Linda, salientando, neste domínio, a proac-
assistente para os Assuntos Africanos série de pequenos jantares com os Chefes tividade de José Eduardo dos Santos para
de Estado, que terão como co-anfitriões fun- resolver o conflito dos Grandes Lagos. Final-
PAULA CARDOSO EUA completa 53 anos a 4 de Agosto, data do cionários do Departamento de Comércio. mente, o terceiro dossiê incide sobre a demo-
paula.cardoso@agora.co.ao início da reunião. cracia e a governação.
BARACK OBAMA INTERVÉM EM TRÊS DEBATES. “O Presidente manifestou o desejo de pro-
Numa conferência de imprensa realizada via JANTAR DE ESTADO EXTENSIVO ÀS PRIMEIRAS- Para o segundo dia da reunião está marcado mover uma discussão interactiva”, continuou
internet e reservada a jornalistas radicados -DAMAS. Embora ainda não haja qualquer um fórum empresarial, que promete aproxi- a responsável, durante a conferência de
no continente negro, Linda Thomas-Green- indicação sobre o planeamento da festa pri- mar os negócios de cerca de 200 empresas imprensa, acrescentando: “Não estamos a
field revelou que o programa do apelidado vada, a coincidência de calendário deixa adi- africanas e norte-americanas. pedir discursos longos aos Chefes de Estado,
‘Verão africano de Washington’ vai prolon- vinhar uma comemoração menos intimista Mas o ponto alto da programação chega no mas sim um compromisso”.
gar-se não por dois, mas por três dias. entre homólogos africanos. dia do encerramento, com a participação de A secretária de Estado assistente sublinhou
O acerto na ordem de trabalhos, anuncia- Porém, até ver, o único jantar de Estado Barack Obama em três debates. “O primeiro ainda que a Cimeira EUA-África é uma opor-
do na quarta-feira, tem a particularidade de confirmado – no qual as primeiras-damas tem como tema ‘Investindo na próxima gera- tunidade privilegiada para os Chefes de Esta-
cruzar o aniversário de Barack Obama com também poderão marcar presença – está pre- ção, Investindo no Futuro’, enquanto o segun- do partilharem visões. “ Queremos favorecer
a agenda do evento: o Chefe de Estado dos visto para o dia 5. do centra-se na paz e segurança”, avançou o diálogo”.

28 a 11 Julho 2014
 PUBLICIDADE

11 Julho 2014 a 29
 O Zoom // Internacional
A passagem pelo controlo nos aeroportos promete ser mais demorada
Terrorismo. Telemóveis sem
carga proibidos de voar
Sinalizados como potenciais engenhos explosivos à mercê de terroristas, os aparelhos electrónicos
passaram a estar sob vigilância máxima nos aeroportos com voos directos para o espaço americano
PAULA CARDOSO
paula.cardoso@agora.co.ao
Se planeia viajar de avião para os EUA, não
se esqueça de carregar o telemóvel. Esta é
mais mediática das recomendações que res-
salta das novas regras da Transportation
Security Administration (TSA), entidade nor-
te-americana que regula a segurança no sec-
tor dos transportes.
Através de um comunicado divulgado no
último fim-de-semana, a TSA anunciou o
reforço das medidas de controlo nos aero-
portos, antecipando-se uma autêntica caça
aos aparelhos electrónicos.
O cerco aos gadgets sustenta-se nas suspei-
tas de que a Al-Qaeda está a desenvolver bom-
bas de detecção cada vez mais difícil, nomea-
damente com recurso a telemóveis.
“O nosso dever é tentar antecipar o próxi-
mo ataque, em vez de nos limitarmos a rea-
gir ao último”, assinala Jeh Johnson, secre-
30 a 11 Julho 2014
tário do Departamento de Segurança Inter-
na dos EUA.
Numa entrevista ao canal televisivo NBC, o
responsável norte-americano lembrou que
“a ameaça terrorista contra os EUA perma-
nece activa”, exigindo respostas cada vez mais
contundentes.
TELEFONES LIGADOS PARA PROVAR QUE NÃO
SÃO BOMBAS. Além de obrigar os passagei-
ros a demonstrar que os telemóveis (ou qual-
quer outro gadget) que transportam não são
engenhos explosivos, a TSA promete intro-
duzir procedimentos de segurança adicio-
nais.
As normas “poderão passar por inspecções-
-extra ao calçado e pela instalação de mais
detectores de bombas”, enumera a agência
de notícias Reuters.
Mais complicado é ter acesso à lista de cer-
ca de 12 aeroportos que, em coordenação
com as autoridades norte-americanas e as
DR
companhias aéreas, integram o reforçado
cordão de segurança.
Segundo Jeh Johnson, a Administração de
Barack Obama está a “partilhar informação
relevante e recente” com os aliados estran-
geiros, e a consultar a indústria de aviação
para compor esse mapa.
Neste esforço de concertação, todas as
coordenadas aconselham atenção redobra-
da nos aeroportos da Europa, África e Médio
Oriente, conforme sublinha a cadeia britâ-
nica BBC.
A preocupação agrava-se com o número de
jihadistas ocidentais que se deslocaram para
os campos de batalha, de forma a combater
pela Frente al-Nusra, na Síria, e pelo Estado
Islâmico do Iraque e do Levante, no Iraque.
Portadores de passaportes ocidentais, estes
extremistas podem embarcar, com facilida-
de, em aviões rumo à Europa ou em direc-
ção aos EUA, situação que os torna cada vez
mais invisíveis.
Excesso
de trabalho
mata 1.600
chineses
por dia
A obsessão dos chineses pelo empre-
go está a atingir proporções dramá-
ticas, indicam a China Radio Inter-
national e a China Young Daily.
De acordo com a Radio Interna-
tional, órgão controlado pela Esta-
do, 1.600 trabalhadores morrem
no país todos os dias por falta de
descanso.
O número sobe ligeiramente segun-
do a Youth Daily, que fala em 600
mil mortos anuais, valor que repre-
senta um acréscimo diário de 50
óbitos em relação ao levantamen-
to da Radio.
O fenómeno é de tal forma expres-
sivo que já tem um ‘nome de códi-
go’: guolaosi.
MORTES VISTAS COMO UM BOM
EXEMPLO. As estatísticas, conforme
assinala a revista Bloomberg Busi-
nessweek, tornam-se ainda mais
preocupantes pela forma como têm
sido recebidas pelos responsáveis.
A história do regulador financei-
ro Lin Jianhua é disso um bom
exemplo: morreu, aos 48 anos,
depois de passar a noite em bran-
co a preparar um relatório. Em vez
de o caso activar alertas para os
excessos e pressões laborais, tem
sido apontado como um exemplo
de dedicação.
Segundo a entidade patronal de
Jianhua, todos deveriam “ser como
ele”, ou seja, “sempre firme nos seus
ideais e crenças, leal à causa do par-
tido e das pessoas e à contínua luta,
sacrificando tudo”.

Mugabe abre novo capítulo da reforma
agrária com ameaças a ministros
A deriva racial do Presidente do Zimbabué não conhece tréguas
Quase 15 anos depois de ter iniciado o pro-
cesso de reforma agrária, assente no pressu-
posto da expropriação dos agricultores bran-
cos e redistribuição das terras pelos negros,
o Presidente zimbabueano relançou a toada
nacionalista.
“Dizemos não aos brancos que insistem em
possuir a nossa terra. Aliás, vão-se embora...
podem ter empresas e apartamentos, mas
não o solo. Esta mensagem deve soar alto e
bom som no Reino Unido e nos EUA”.
DE 5.000 PARA 150 AGRICULTORES BRANCOS.
Com estas palavras, recém-proferidas num
discurso realizado perante agricultores da
cidade mineira de Mhangura – situada a cer-
ca de 200 quilómetros da capital, Harare –,
o Chefe de Estado anunciou a abertura de
Europa acusada de atentar
contra a vida de milhares de imigrantes
Num relatório de 44 páginas, apresentado
na quarta-feira, a ONG Amnistia Internacio-
nal (AI) acusa a União Europeia de “pôr em
perigo a vida e violar os direitos dos refugia-
dos e imigrantes”, que, desesperadamente,
procuram uma porta de acesso ao Velho Con-
tinente.
“Para superar os obstáculos criados, os imi-
grantes tentam rotas muito mais perigosas”,
assinala o documento, lamentando que o blo-
co europeu prefira gastar três vezes mais a blin-
dar as suas fronteiras, do que a criar políticas
de protecção e acolhimento para os refugiados.
POLÍTICOS PREFEREM EXCLUIR EM VEZ DE INTE-
GRAR. “O foco dos decisores da Europa per-
manece na exclusão: construir cercas mais
altas, instalar mais equipamentos de vigilân-
cia e aumentar o policiamento das frontei-
ras”, lê-se no relatório, reproduzido no site
da organização.
um novo capítulo no controverso programa
de reforma agrária do país.
Apesar de o sindicato do sector garantir que
o Zimbabué alberga no máximo 150 agricul-
tores brancos – contra os cerca de 5.000 que
existiam no início das expropriações – Mugabe
parece combater uma praga.
“Tenho uma lista de 35 ‘farmers’ (fazendei-
ros) brancos só nesta província de Mashona-
land West”, apontou o líder de Harare, pro-
metendo tolerância zero para os incumpri-
dores.
MINISTROS NA MIRA DE MUGABE POR JANTA-
REM COM EXPROPRIADOS. Além dos ataques
aos resistentes, o Presidente não poupou os
seus correligionários, ameaçando retirar as
terras a todos os ministros e líderes tradi-
A ONG refere ainda que, ao contrário da
ideia que se tenta veicular, a atracção pela
Europa não tem uma motivação marcada-
mente económica.
“Muitos dos que morreram estavam a ten-
tar escapar à violência e perseguição, como
quase 60% dos que cruzaram o centro do Medi-
Cerco aos imigrantes em Mellila, Espanha
DR
cionais que “andem em jantares com os
brancos”.
O aviso de Mugabe, que aos 90 anos cum-
pre o 5.º mandato presidencial, ouve-se numa
altura em que se avolumam os rumores sobre
a cedência da exploração de terras a bran-
cos, por parte dos políticos negros.
Segundo noticia o jornal Herald, o Presi-
dente do Zimbabué relembrou que a refor-
ma agrária foi lançada para reparar injus-
tiças sociais, devolvendo aos nacionais as
terras que nunca lhes deveriam ter sido
retiradas.
O há 34 anos líder de Harare aproveitou
ainda para atacar os britânicos, afirmando
que, apesar dos “truque sujos” para boico-
tar os planos zimbabueanos, a justiça foi
cumprida.
terrâneo irregularmente em 2013, provenien-
tes da Síria, Eritreia e Somália”, aponta a AI.
23 MIL VÍTIMAS MORTAIS DESDE 2000. O levan-
tamento da AI, apoiado em dados extraídos
do projecto jornalístico ‘The Migrants Files’,
recorda que, desde 2000, já morreram 23 mil
pessoas enquanto procuravam alcançar a
Europa.
A maioria das vítimas, segundo acrescenta
a ONG, desaparece nos mares Mediterrâneo
e Egeu. “Muitos imigrantes morrem afoga-
dos nestas viagens”, constata a AI, adiantan-
do que também há relatos de pessoas asfixia-
das em camiões, nomeadamente nas frontei-
ras turcas.
O caso mais alarmante observa-se na fron-
teira entre a Bulgária e a Turquia: 1.700 pes-
soas atravessaram estes limites de forma ile-
gal em 2012, número que disparou para 11.158
em 2013.
ONU reunida de
emergência por causa
de Israel e Palestina
Após mais uma noite de bombar-
deamentos aéreos na Faixa de Gaza,
o Conselho de Segurança das Nações
Unidas reuniu ontem de emergên-
cia, em busca de uma solução para
o mais recente ‘barril de pólvora’
do conflito israelo-palestiniano.
Conforme explicou o secretário-
-geral da ONU, Ban ki-moon, a convo-
catória impôs-se porque “Gaza está
no fio da navalha” e há risco de a
situação “ficar fora de controlo”.
Na noite de quarta-feira, Israel fez
ataques a 322 alvos em Gaza que,
segundo fonte médica, causaram a
morte de pelo menos 20 pessoas. O
Hamas respondeu na madrugada
de ontem, com o lançamento de
rockets contra Telavive.
Banco do Vaticano
reformado em três anos
Descredibilizado por uma série de
escândalos de corrupção e lavagem
de dinheiro, o Instituto das Obras
Religiosas – mais conhecido por
Banco do Vaticano – avança para
uma reforma profunda, que deve-
rá estar concluída em três anos.
Os pormenores do projecto foram
revelados na quarta-feira, numa con-
ferência de imprensa conduzida pelo
cardeal australiano George Pell, nomea-
do pelo Papa Francisco em Fevereiro,
para liderar a Secretaria da Economia.
De acordo com este responsável, o
Banco deverá desfazer-se da área de
investimentos, concentrando-se na
sua missão original: gestão de con-
tas de instituições religiosas e envio
de dinheiro da Santa Sé para as mis-
sões e dioceses de todo o mundo.
10 milhões de dólares
para combater o Ébola
O plano de acção para neutralizar
o vírus do Ébola exige um financia-
mento de 10 milhões de dólares, con-
cluíram os cerca de 550 especialis-
tas em Saúde, que, no final da sema-
na passada, aprovaram a estratégia
de combate à febre hemorrágica.
Após dois dias de discussão, em
Accra, capital do Gana, os represen-
tantes de 11 estados africanos – mobi-
lizados por serem os mais vulnerá-
veis à proliferação da epidemia –,
assumiram o compromisso de imple-
mentar um plano de 22 pontos.
A lista inclui, entre outras medi-
das, o lançamento de campanhas
de sensibilização junto da popula-
ção, e a melhoria das condições para
tratamento dos doentes.
11 Julho 2014 a 31
 // Desporto
R
Mais

Girabairro. A força MATEUS XAVIER

mateusxavier.golasso@gmail.com
TOM CARLOS(Fotos)
ocupar os tempos livres da juventude, sobre-
tudo na perspectiva de retirá-los das práti-
cas menos correctas, como é o consumo de

do futebol que vem

drogas e de bebidas alcoólicas e do crime”,
Dezassete anos depois, desde que no longín- acrescentou.
quo ano de 1997 passou a fazer parte do lazer

dos musseques
O papel fundamental que exerce a maior competição de futebol de
bairro no país está muito bem patente no actual número de
praticantes que arrasta a prova sob égide do Movimento Nacional
Espontâneo. A primeira edição foi realizada em 1997, na altura
com um número reduzido de equipas. Hoje, o Girabairro chega a
movimentar mais de 200 formações, nas 18 províncias
dos angolanos, o Girabairro jamais voltou a
ser o mesmo. A maior competição de futebol
de bairro cresce a olhos vistos e hoje repre-
senta a principal alternativa aos inúmeros
talentos que não encontram oportunidade
no Girabola, a principal liga de futebol do
nosso país, organizada pela FAF.
Jogado entre pelados e relvados dos ‘mus-
seques’, por todo o território nacional, o Gira-
bairro tem a particularidade de superar o
concorrente Girabola, pela grande extensão
territorial que ela alcança.
“O torneio cobre o vazio deixado pelo Gira-
bola naquelas províncias, onde não existe
representante no principal campeonato de
futebol do país”, esclarece Isaac dos Santos,
secretário para a informação e coordenador
provincial do Girabairro.
“A competição surgiu com o objectivo de
ORGANIZAÇÃO. Volvidos 17 anos de disputa da
prova, a organização sente-se extremamente
satisfeita pelo ‘papel social’ que também desem-
penha o projecto fundado pelo Movimento
Nacional Espontâneo (MNE), na vida de cen-
tenas de futebolistas envolvidos no torneio.
Os níveis de organização são manifestamen-
te superiores aos verificados no passado.
“As pessoas têm a prova como o principal
meio de sustento para as respectivas famí-
lias. Não se pagam contratos, mas existem
prémios de jogos, e a coordenação atribui
também prémios aos vencedores da prova,
goleadores e árbitros”, sublinha Isaac dos
Santos.
Ainda de acordo com o coordenador pro-
vincial da competição de futebol de bairro
mais mediática do país, “há pessoas que tive-
ram, no Girabairro, o primeiro emprego e

32 a 11 Julho 2014

conseguiram formas de financiamento dos
seus estudos.
“A competição não tem apenas o cunho des-
portivo, mas também social. Há jovens que
encontraram aqui o primeiro emprego e paga-
ram os estudos. Os próprios donos dos clu-
bes ajudam na concretização do sonho dos
miúdos, na perspectiva académica e profis-
sional, ao invés de pagarem contratos”.
Em contrapartida, a experiência não tem
beneficiado apenas os atletas. Segundo Isaac
dos Santos, há exemplos de dirigentes des-
portivos que ganharam projecção na carrei-
ra por esta competição, casos de Domingos
António e António Caleia.
CONTRIBUTO. A figura de ‘montra’ do futebol
angolano, que desempenha o Girabairro em
todo o país, tem beneficiado grandemente o
Girabola. A prova é também o principal for-
necedor de árbitros e talentos para o princi-
pal campeonato de Angola. O árbitro inter-
nacional Inácio Cândido, cotado como um
dos melhores, é um ‘produto’ das ‘escolas’ do
Girabairro, bem como o avançado e golea-
dor do Progresso do Sambizanga, Yano, des-
coberto também no referido torneio. “É uma
prova com muitas valências e que tem ser-
vido de rampa de lançamento para muitas
carreiras”.
REPRESENTATIVIDADE. A província do Uíge
conserva, igualmente, o maior recorde de
inscrição de equipas na prova. Mais de 150
equipas inscritas numa só edição foram os
“O campeonato tem uma
excelente movimentação de
massas, para a descoberta
de novos valores, a nível de
atletas e árbitros”
“O Inácio Cândido, que
esteve no Mundial de
Futebol de 2010, na África
do Sul, emergiu deste
torneio, o Girabairro”
O torneio de futebol de bairro organizado
em todo o país pelo Movimento Nacional
Espontâneo é a maior montra de desco-
berta de jogadores, técnicos, árbitros e
dirigentes desportivos
números conseguidos pela coordenação
provincial das ‘terras do bago vermelho’,
na primeira realização da fase nacional da
competição.
Os clubes inscrevem 30 jogadores por épo-
ca, nas mais diversas fases da competição,
nomeadamente a municipal, provincial e nacio-
nal. Fruto desta grande adesão que domina
o torneio de futebol de bairro, setenta por cen-
to das equipas que disputam o torneio de apu-
ramento ao Girabola, vulgarmente conheci-
do por ‘Liguilha’, são oriundas do Girabairro.
ABERTURA. A cerimónia de lançamento da
17.ª edição do Girabairro ficou marcada com
o pagamento dos prémios concernentes ao
vencedor, ao finalista vencido, ao melhor mar-
cador e ao guarda-redes menos batido da edi-
ção anterior (2013). Coube ao MNE, repre-
sentado pelo secretário-geral, Sousa Azeve-
do, encabeçar o evento que antecede a disputa
da presente temporada, cuja fase nacional
está agendada para a próxima semana.
O campeão em título, Sonils FC, recebeu de
prémio um milhão e duzentos mil kwanzas.
Época’2014
LUANDA INSCREVE
APENAS 48 EQUIPAS
A presente edição do
Girabairro/Taça do Presidente,
fase provincial de Luanda, está
a ser disputada por 48
equipas, um número
considerado razoável pelo
dirigente do Movimento
Nacional Espontâneo, pois, na
sua óptica, esta província
devia ter mais equipas a
participarem no torneio.
Isaac dos Santos considerou
os custos que esta
mobilização desportiva
acarreta uma das razões de
recuo de muitos dirigentes de
clubes, porque, a princípio,
tudo sai dos seus bolsos,
numa prova em que eles não
sabem se vão vencer ou não.
“No meu entender, não digo
que 48 equipas, que se
inscreveram para disputar a
presente edição, sejam
poucas, mas também não são
muitas, na medida em que
Luanda podia ter muito mais.
Mas, como tudo isso tem
custos e muitos dos ‘carolas’
que são donos ou dirigentes
das equipas nem sempre
conseguem suportar as
despesas, isso leva-os a
desistirem de participar”,
justificou.
O secretário para a informação
do Girabairro corrobora com o
secretário-geral do MNE,
Sousa Azevedo, pois acredita
que, independentemente de
se tratar de um torneio
amador, tem custos ligados à
compra de equipamentos,
transporte de atletas, saúde,
alimentação e outros factores
tidos como essenciais para
uma boa participação.
A 17.ª edição do Girabairro,
fase provincial de Luanda, teve
início com a disputa da partida
de abertura entre as equipas
da Sonils FC e o Arounds FC,
jogo que terminou empatado a
zero bola.
A realização do campeonato
tem sido pautado por uma
excelente movimentação de
massas, para a descoberta de
novos valores, quer a nível de
atletas, quer de árbitros em
todo o país.
Inácio Cândido, que esteve no
Mundial de 2010, na África do
Sul, é um dos juízes que
emergiram do maior torneio de
futebol de bairro.
11 Julho 2014 a 33
 R Mais // Desporto
RESULTADOS 17.ª JORNADA CLASSIFICAÇÃO DO GIRABOLA 2014
CARTÃO
AMARELO
Benfica da Lda 2 - 0 União do Uíge TOTAL CASA FORA
B. do Maquis 2-2 Kabuscorp
P J V E D G J V E D G J V E D G
Petro de Lda 2 - 0 Sport. de Cabinda
Interclube 0 - 2 ASA 1. Recreativo do Libolo 45 17 14 3 0 24-5 9 7 2 0 10-1 8 7 1 0 14-4 MATEUS
R. da Caála 0 - 0 1º de Agosto 2. Benfica de Luanda 36 17 10 6 1 18-7 8 6 1 1 10-3 9 4 5 0 8-4 XAVIER
Benfica do Lgo 1 - 3 R. do Libolo 3. Kabuscorp do Palanca 34 17 10 4 3 28-18 9 7 1 1 17-10 8 3 3 2 11-8
Progresso 0 - 0 Sagrada Esperança 4. 1º de Agosto 29 17 9 2 6 27-16 9 6 1 2 14-6 8 3 1 4 13-10
1º de Maio 1 - 1 Desportivo da Huíla 5.
6.
Bravos do Maquis
Sagrada Esperança
28 17
28 17
7
7
7
7
3
3
19-13
16-10
9
9
5
4
3
3
1
2
14-8
9-5
8
8
2
3
4
4
2
1
5-5
7-5 ‘Quo vadis’
18.ª JORNADA
Benfica de Lda - 1º de Maio 11/07, 17h00
7
8.
9.
Petro de Luanda
ASA
Progresso
27 17
22 17
21 17
7
7
5
6
1
6
4
9
6
26-17
19-18
17-19
8
9
8
4
6
3
4
0
3
0
3
2
15-5
14-7
9-7
9
8
9
3
1
2
2
1
3
4
6
4
11-12
5-11
8-12
Interclube
R. do Libolo - Petro de Lda 13/07, 15h00 10. Sporting de Cabinda 21 17 5 6 6 17-19 9 3 4 2 9-5 8 2 2 4 8-14
U. do Uíge - Interclube 12/07, 15h00 11. Recreativo da Caála 18 17 4 6 7 15-15 8 3 3 2 12-5 9 1 3 5 3-10
S. Esperança - R. da Caála 13/07, 15h00 12. Desportivo da Huíla 18 17 5 3 9 16-24 9 4 0 5 9-14 8 1 3 4 7-10
Sporting - Progresso 12/07, 15h00 13. Interclube 16 17 5 1 11 13-26 8 2 0 6 6-12 9 3 1 5 7-14
ASA - Benfica do Lgo 13/07, 15h00 14. 1º de Maio de Benguela 13 17 2 7 8 11-20 8 1 5 2 7-9 9 1 2 6 4-11
Kabuscorp - D. da Huíla 12/07, 16h00 15. Benfica do Lubango 9 17 2 3 12 10-32 8 1 3 4 8-15 9 1 0 8 2-17
1º de Agosto - B. do Maquis 13/07, 17h00 16. União Sport do Uíge 7 17 1 4 12 9-26 8 1 3 4 4-6 9 0 1 8 5-20

O Interclube protagoniza a pior épo-

MELHORES MARCADORES ca dos últimos quatro anos de pre-
Ary Papel (1º de Agosto) 10 Petro coloca à prova o Libolo sença na maior competição de fute-
Patrick II (Sagrada) 10 bol do país, o ‘nosso’ Girabola. A
Meyong (Kabuscorp) 9 equipa da Polícia Nacional revela
Bissio (ASA) 6 a impotência para poder reagir em
Dário (Recreativo do Libolo) 6 conformidade.
Rasca (Benfica de Lda) 5 A viver hoje, o ‘espectro negro’
Mano (Progresso) 5 da despromoção - que a aconte-
Luís (Sporting de Cabinda) 5 cer seria o descalabro total para
um clube que já ergueu o título
em duas ocasiões - a direcção
encabeçada por Fernando Alves
Campeão espera Simões pode estar a pagar o pre-
ço da teimosia. Avisado sobre os
provar favoritismo perigos de deixar sair do 22 de
Junho jogadores influentes na
KABUSCORP DO PALANCA ‘manobra da equipa’, o presiden-
DESPORTIVO DA HUÍLA te do Interclube terá feito ‘ouvi-
dos de mercador’ e a posição des-

Estádio: Coqueiros
O Kabuscorp é obrigado a justificar
amanhã o favoritismo que lhe é atri-
buído no jogo frente ao Desportivo
da Huíla. Os dois conjuntos empa-
taram na jornada anterior e vivem
a pressão dos adeptos que esperam
melhor atitude. Muito mais pres-
sionado, está o campeão em título,
que corre o risco de perder a con-
corrência. Um jogo em grande pers-
pectiva.
Militares querem
AMPE ROGÉRIO
prestigiante que ocupa no Gira-
bola é a consequência natural das
inúmeras fragilidades que espe-
lham a longo do campeonato.
O Libolo protagoniza amanhã, em Calulo, diante do Petro de Luanda, o jogo mais aguardado Como resultado disso, a equipa
da 18ª jornada do Girabola. É o primeiro grande teste de ‘fogo’ à capacidade competitiva e for- está de rastos, perdeu o ‘norte’,
como soe dizer-se, e nem a troca
ça colectiva dos actuais líderes do campeonato, nesta segunda volta. A turma orientada por sucessiva de treinadores pode aju-
Miller Gomes está muito motivada com a série ininterrupta de vitórias, ao passo que os petro- dar a salvar o ‘barco’ de um imi-
nente ‘naufrágio’.
líferos esperam confirmar o bom momento, quebrando a invencibilidade ao adversário.
O facto é que os sócios, que na
Aguarda-se por um jogo emotivo e bastante disputado, no estádio de Calulo. sua maioria são polícias, já estão
fartos de ver o seu dinheiro cair
para os cofres de um clube que,

manter regularidade Jogo entre aflitos desde 2010, não tem brindado os
seus adeptos de grandes emoções.
Se, por um lado, a entrada de Ilian
1º DE AGOSTO Iliev ao comando técnico nada
BRAVOS DO MAQUIS UNIÃO DO UÍGE trouxe de novo à equipa, por outro,
Estádio: 11 de Novembro INTERCLUBE a posição tremida na classifica-
Estádio: 4 de Janeiro ção pressiona a direcção a tomar
O embate entre o 1º de Agosto e o uma decisão, antes que seja dema-
Bravos do Maquis acontece domin- No jogo entre duas equipas ‘aflitas’, siado tarde.
go, no Estádio 11 de Novembro. O apenas sairá vencedora aquela que Como nota de rodapé, não podia
conjunto militar vai procurar apro- menos erros cometer. Nesta deslo- deixar de lamentar a crise que se
veitar ao máximo o ‘factor casa’ para cação ao terreno do União Sport do instalou no Benfica do Lubango.
conquistar os três pontos e distan- Uíje, o Interclube não deverá encon- Como acreditar que uma equipa
ciar-se do adversário. Aguardado trar facilidades, dado o período de que tenha ‘discutido’ tanto para
AMPE ROGÉRIO

com enorme expectativa, o jogo pressão que também vive o conjun- estar no Girabola, hoje ameaçar
envolve duas equipas do topo da to uigense, na última posição da desistir da competição, por incapa-
tabela de classificação do ‘Gira’. tabela de classificação. cidade financeira?!

34 a 11 Julho 2014
Basquetebol.
Aníbal rectifica
convocatória para
o Mundial da Turquia
Nacissela Maurício e Catarina Camufal foram
‘repescadas’ pelo seleccionador nacional que anunciou
a convocatória durante a conferência de imprensa
realizada ontem nas instalações da Federação
Angolana de Basquetebol (FAB). O Campeonato do
Mundo da Turquia decorre de 27 de Setembro a 5 de
Outubro deste ano
MÁRIO SILVA
mario.silva@agora.co.ao
O seleccionador de basquetebol feminino aca-
ba de rectificar a lista de convocados inicial-
mente anunciada, visando o Mundial deste
ano, na Turquia. As veteranas Nacissela Mau-
rício, do 1.º de Agosto, e Catarina Camufal,
do Interclube, que antes não faziam parte
dos planos de Aníbal Moreira, foram convo-
cadas e devem integrar o grupo de potenciais
candidatas a ajudar a selecção a conseguir
uma boa campanha.
Aníbal Moreira convocou as seguintes atle-
tas: Nacissela Maurício, Fineza Eusébio, Ana
Gonçalves, Helena Zuma, Sónia Guadalupe,
Roda Gala, Luísa Tomás e Letícia André (1.º
de Agosto); Rosimara Daniel, Clarisse Mpaka,
Mereciana Fernandes, Nadir Manuel, Cata-
rina Camufal, Ngiendula Filipe e Helena Vei-
gas ( Grupo Desportivo Interclube); Ártemis
Afonso e Mafalda Barcelos, ambas militam
no basquetebol português, e Whitney Miguel
que joga em França.
Nacissela Maurício, capitã da Selecção, faz parte da ‘operação’ Turquia
“Ártemis e Mafalda são duas basquetebo-
listas que, na verdade, temos conhecimentos
da evolução das mesmas, realizaram uma
boa época nos campeonatos que actuam, sen-
do assim merecem a nossa confiança”, justi-
ficou Aníbal Moreira.
“É preciso termos os pés bem acentos no
chão. Sabendo quais são as nossas capacida-
des, é evidente que teremos, no Campeonato
do Mundo, adversários com níveis competi-
tivos bastante elevados. Nessa nossa estreia,
vamos, acima de tudo, representar bem alto
o nome do basquetebol angolano e africano”,
disse. A equipa de todos os angolanos vai, este
ano, marcar presença pela primeira vez numa
fase final de um Campeonato do Mundo. Os
trabalhos de preparação devem começar a 4
de Agosto próximo, em Luanda, e, no dia 27,
a Selecção parte para Lisboa, onde vai ser rea-
lizada a segunda etapa do estágio. De acordo
com o plano de preparação, o cinco nacional
têm também agendado um estágio pré-com-
petitivo em Espanha, antes de rumar para o
palco do campeonato.
AMPE ROGÉRIO
TOM CARLOS
Paulo Alexandre, secretário-geral da
federação
Fequangola.
Angola ‘espreita’
admissão na
Federação Equestre
Internacional
A Federação Angolana de Desporto Eques-
tre (Fequangola) fica a saber, em Dezem-
bro, a aprovação ou não da sua candidatu-
ra para membro da Federação Equestre
Internacional (FEI), durante a Assembleia-
Geral do órgão-reitor mundial, a realizar
em Baku, Azerbaijão. A responsável do gru-
po IX da FEI, Mary Binks disse, em conferên-
cia de imprensa, realizada no passado fim-
de-semana, que os centros hípicos do país
detêm terrenos e cavalos apropriados para
um crescimento rápido deste desporto, per-
mitindo competir com outras similares.
A dirigente acrescentou que se trata de uma
disciplina que, independentemente de não
estar inserida nos Jogos Olímpicos, já tem o
seu campeonato do mundial e campeonatos
típicos a envolver jovens.
Durante a visita ao país, os representantes
do órgão-reitor mundial visitaram os centros
hípicos da Funda, Lubango e Namibe. Os
membros da Federação Equestre Internacio-
nal saíram satisfeitos com as condições encon-
tradas. Segundo Paulo Alexandre, secretário-
-geral da Fequangola, o órgão-reitor aposta
na formação de treinadores, juízes, ferrado-
res e na captação de talentos. O secretário-
geral da federação fez saber que o seu elen-
co vai apostar na preparação de atletas por-
tadores de deficiência.
Girabola.
Benfica do
Lubango à beira
da desistência
A equipa huilana, depois de aver-
bar uma derrota por falta de com-
parência na partida a contar para
16.ª jornada do Campeonato Nacio-
nal de Futebol, ante o Sporting de
Cabinda, vive momento de ‘agonia’
e, actualmente, a dívida para com
funcionários, jogadores e outras está
avaliada na ordem dos 33 milhões
de Kwanzas e que há apenas con-
dições para se fazerem os jogos em
casa até ao dia 15 de Julho. Termi-
nando este prazo, anunciar-se-á a
desistência, caso não haja altera-
ções do quadro.
As águias do Lubango podem falhar
a deslocação à província de Luan-
da, para defrontar o Atlético Sport
Aviação (ASA).
DR
Andebol.
Selecção vai
ao torneio
da Hungria
A Selecção Feminina de Andebol
disputa, de 7 a 11 de Agosto, na Hun-
gria, o Torneio das Quatro Nações,
no quadro da preparação para o tor-
neio pré-olímpico. Esta prova pode
marcar a estreia do seleccionador
nacional, João Florêncio, que, actual-
mente, comanda os destinos da Selec-
ção Portuguesa no Campeonato do
Mundo júnior feminino da Croácia.
O torneio pré-olímpico é qualifi-
cativo para os Jogos Olímpicos do
Rio de Janeiro, em 2016.
Fazem parte da pré-convocatória
do conselho técnico da federação
as atletas: Albertina Kassoma, Caro-
lina Morais, Isabel Guialo, Joelma
Viegas, Juliana Machado, Lurdes
Monteiro e Sílvia Mulabo (1º de Agos-
to), Azenaide Carlos, Iracelma Sil-
va, Luísa Kiala, Magda Cazanga,
Marta dos Santos, Natália Bernar-
do, Ríssia Oliveira, Teresa Almeida
e Patrícia Barros (Petro de Luanda),
Lisandra Salvador (Marinha de Guer-
ra) e Ivete Simão (Progresso).
11 Julho 2014 a 35
 R Mais // Mundial do Brasil 2014
‘Escrete’ tenta chegar
ao pódio na discussão
pelo terceiro lugar
Digerida que está a pesada e estrondosa derrota consentida no jogo frente à
Alemanha, nas meias-finais, o Brasil procura amanhã, diante da Holanda,
arrebatar a medalha de bronze e despedir-se do Mundial de ‘cabeça erguida’
MATEUS XAVIER
mateusxavier.golasso@gmail.com
Antes o terceiro lugar, do que abso-
lutamente nada. Este pode ser o
sentimento que carrega a selecção
do Brasil para o jogo de amanhã,
com a Holanda, na discussão pelo
terceiro lugar do Mundial. Recupe-
rados da inesperada humilhação
sofrida nas meias-finais, diante da
forte Alemanha, os pupilos de Feli-
pe Scolari tentam jogar pela ‘hon-
ra’ e ‘dignidade’ na prova que orga-
nizam. O ‘Escrete’ está disposto a
provar que a pesada derrota fren-
te aos alemãs foi um ‘acidente de
percurso’ e que alguém terá de pagar
por isso.
Novamente sem a sua principal
estrela em campo, Neymar, que des-
pediu-se mais cedo da prova, em
virtude de uma lesão na coluna, o
Brasil pode contar com o regresso
do capitão Thiago Silva, facto que
ajuda a renascer a esperança numa
prestação melhor, que ajude a apa-
gar da memória dos adeptos, ain-
da que por alguns instantes, a ima-
Sem Neymar o Brasil volta a jogar amanhã depois do fracasso na meia-final
36 a 11 Julho 2014
gem assombrada da paupérrima
exibição, que resultou na justa eli-
minação da final deste domingo,
dia 13.
Espera-se, no entanto, por uma
selecção brasileira que consiga ser
capaz de recuperar a sua identida-
de futebolística. As exibições ‘apa-
gadas’ têm sido motivo para mui-
tas críticas da imprensa local, e mui-
tas das quais já vaticinavam o
afastamento da selecção do jogo da
final. Amanhã tudo pode ser dife-
rente para o técnico Felipe Scolari
e jogadores. Pior do que a ausência
na final é o ‘regresso a casa’ ou adeus
Pior do que a
ausência na final de
domingo é o adeus
na competição de
‘mãos vazias’. O
bronze já serviria
para a consolação dos
adeptos e da selecção
da competição de ‘mãos vazias’.
Uma medalha de bronze já servi-
ria de consolação para os milhares
de adeptos ‘levarem para casa’ como
recordação de um Mundial, em que
o Brasil fracassou nos objectivos.
HISTÓRICO. Ainda que muito custe,
os jogadores do Brasil muito difi-
cilmente conseguirão tirar da memó-
ria a forma humilhante como foram
afastados da final do Mundial que
organizaram. Podem-se escolher
diferentes títulos para narrar a eli-
minação da selecção brasileira: ‘a
derrota mais avassaladora que já
sofreu’; a ‘meia-final da Copa mais
desigual de todos os tempos’; o ‘fim
do caminho para ser campeão pela
sexta vez’.
Foi tudo isso e mais alguma coi-
sa. E quase tudo, essencialmente,
nascido dos primeiros seis minu-
tos do jogo com a Alemanha. Os
minutos eleitos com sendo os mais
trágicos da história do Brasil. “Quan-
do levamos aqueles golos em sequên-
cia, eu soube que não tinha mais
jeito”, disse Scolari.
DR
FIFA SUSPENDE
FEDERAÇÃO DA
NIGÉRIA
O Comité de Emergência da
FIFA decidiu na última quarta-
feira suspender a Federação
Nigeriana de Futebol (NFF), com
efeitos imediatos, devido a
interferência governamental,
informou o organismo
internacional, em comunicado.
A 4 de julho de 2014, a FIFA
tinha enviado uma carta à NFF
a expressar “grande
preocupação” com a decisão de
um tribunal local que impediu o
presidente do organismo, o
comité executivo e a
assembleia-geral de gerirem o
futebol nigeriano.
Essa mesma decisão do tribunal
pedia ao ministro nigeriano dos
desportos para indicar uma
pessoa para gerir a NFF
enquanto o caso não fosse
julgado, sem indicar contudo
uma data para a audição.
A pessoa indicada pelo
governante decidiu convocar
uma AG extraordinária para 5
de Julho, o que, de acordo com
a FIFA, viola os estatutos da
NFF, sendo que havia eleições
inicialmente marcadas para 26
de Agosto próximo.
“Esta suspensão será levantada
mal as decisões do tribunal
sejam retiradas e que a
comissão executiva, a
assembleia-geral e a direcção,
legalmente eleitas, possam
trabalhar sem quaisquer
interferências”, lê-se no
comunicado da FIFA.
Esta decisão impede as
selecções e os clubes nigerianos
de participarem em qualquer
prova internacional, ficando a
equipa sub-20 impedida de
estar no Mundial sub-20
feminino, se a suspensão não
for levantada até 15 de Julho
(terça-feira).
UM MINUTO DE
SILÊNCIO POR
DI STÉFANO
A FIFA anunciou o
cumprimento de um minuto de
silêncio no jogo da segunda
meia-final, entre Argentina-
Holanda, em homenagem ao
antigo futebolista Alfredo Di
Stéfano, imediatamente antes da
segunda partida das meias-finais
do Mundial’2014.
A direcção do organismo
informou, em comunicado, que
a decisão é posterior aos
contactos realizados junto da
federação argentina e do Real
Madrid.
“Será cumprido o momento de
silêncio e uma fotografia sua
será mostrada nos ecrãs
gigantes do estádio”, refere a
nota, onde explicita que a
selecção argentina usará
fumos negros no equipamento.
Presidente honorário do Real
Madrid, Di Stéfano, morreu na
segunda-feira passada, dia 7, em
Madrid, com 88 anos, na
sequência de uma paragem
cardiorrespiratória.
Nascido na Argentina a 4 de
Julho de 1926, Di Stéfano jogou
no River Plate e no Huracán, no
Millonarios, da Colômbia, e
esteve 11 anos ao serviço do Real
Madrid, entre 1953 e 1964, antes
de terminar a carreira de
jogador no Espanyol de
Barcelona, em 1966.
JORNALISTA
ARGENTINO MORTO
EM SÃO PAULO
Um jornalista argentino, Jorge
Luis López, de 38 anos, que
estava no Brasil a fazer a
cobertura do Mundial, morreu
na madrugada de quarta-feira,
9, em São Paulo, na sequência
de um acidente de viação.
A sua esposa apenas teve
conhecimento da morte do
marido através do Twitter do
treinador do Atlético de Madrid,
Diego Simeone.
“Não se foi apenas um grande
jornalista. Foi-se também um
amigo. Muita dor. Minhas
condolências a Verónica Brunati
e família. Descanse em paz,
Jorge “Topo” López”, escreveu
Diego Simeone na sua conta na
rede social.
Cerca de uma hora depois,
Verónica, a esposa do jornalista,
respondeu: “Diego, não me
digas isso”. “Por favor, sou a
mulher de Topo. Alguém me
ligue, estou no hotel Quality
Jardim, em São Paulo”,
escreveu depois Verónica
Brunati, também jornalista, na
sua conta no Twitter,
acrescentando o seu número de
telefone e do quarto do hotel.
O argentino, que trabalhava para
a rádio “La Red”, estava a
regressar para o hotel quando o
táxi em que seguia foi atingido
por um carro roubado.

Klose é o melhor
marcador dos
mundiais
A história dos golos de Klose
em Mundiais começou a ser
escrita a 1 de Junho de 2002.
O veterano avançado alemão
isolou-se na liderança dos melho-
res marcadores da história dos
mundiais de futebol, ao apon-
tar o seu 16.º golo, deixando
para trás o brasileiro Ronaldo.
No Estádio Mineirão, em
Belo Horizonte, e no seu quin-
to jogo na prova, segundo
como titular, o avançado da
Lázio de Roma marcou o his-
tórico golo aos 23 minutos,
colocando a “Mannschaft” a
vencer os anfitriões por 2-0,
em embate das meias-finais.
Antes, Thomas Müller tinha
Scolari recusa falar
sobre demissão
O seleccionador do Brasil, Luiz
Felipe Scolari, continua a defen-
der-se como pode das muitas
críticas que está a receber. O
técnico recusou abordar a pos-
sibilidade de abandonar o car-
go de seleccionador, após o jogo
de amanhã, frente a Holanda,
para definir os terceiro e quar-
to lugares do Mundial’2014.
“Depois do Mundial vamos
apresentar um relatório à
direcção da Confederação
Brasileira de Futebol, com o
bom e o mau que fizemos.
Depois dependerá da direc-
ção», afirmou Scolari, salien-
tando que nesta altura não
está a pensar no seu futuro.
DR
apontado o seu 10.º golo em
Mundiais, ascendendo ao “top
10”. Já depois de Klose, o médio
Toni Kroos já “bisou”, aos 25 e
26 minutos, apontando o 4-0.
Klose, que cumpre o seu 23.º
encontro em Mundiais, havia
igualado o “Fenómeno” na segun-
da ronda da fase de grupos, par-
tindo do banco: entrou aos 69
minutos, para o lugar de Mario
Götze, e faturou aos 71, selan-
do o 2-2 final face ao Gana.
Antes do Mundial’2014, o
jogador alemão estava no segun-
do posto dos marcadores, com
14 golos, em igualdade com o
compatriota Gerd Müller, autor
de 10 tentos em 1970.
DR
O seleccionador brasileiro
assumiu novamente que a der-
rota frente à Alemanha foi a pior
de sempre, utilizou palavras
como ‘histórica’ e ‘vergonhosa’,
mas também salientou: “Não
podemos esquecer que esta foi
a primeira vez que a selecção
chegou às meias-finais do Mun-
dial depois de 2002. Agora é
importante pensar no que nos
resta, que é terminar em tercei-
ro. O trabalho não foi mau, mas
tivemos uma derrota ruim”. Sco-
lari ainda não conseguiu dige-
rir e muito menos perceber o
que aconteceu naqueles seis
minutos fatídicos, em que a Ale-
manha marcou quatro golos.
DR
A Final de 1990 foi disputada 8 de julho de 1990 no Estádio Olímpico, em Roma, neste jogo Alemanha
Ocidental venceu por 1-0, com uma cobrança de uma grande penalidade pelo falecido Andreas Brehme
Argentina e Alemanha
repetem final de 86 e 90
Depois das finais dos mundiais do México’86 e da Itália’90, alemães e argentinos
voltam a cruzar o mesmo caminho na decisão do título da maior competição do
futebol do calendário da FIFA, organizado no Brasil
MATEUS XAVIER no Brasil campanhas tão eficientes, tará a assistir um duelo entre ale-
mateusxavier.golasso@gmail.com à semelhança do Mundial de 1990, mães e argentinos, com desfecho
disputado na Itália, que não pode- absolutamente imprevisível. O encon-
Depois das finais de 1986 (que Jor- ria haver outro desfecho senão a tro de domingo, às 16 horas, no Mara-
ge Burruchaga resolveu, para a reedição da decisão da final reali- canã (20 horas de Angola), realiza-
Argentina, aos 83’, após a Alema- zada no México, em 1986. se depois do desafio entre o Brasil e
nha ter recuperado de dois golos Curioso é o facto de cada uma das a Holanda, válido para a definição
de desvantagem) e 1990 (um penal- selecções ter uma oportunidade de do terceiro classificado do Campeo-
ti de Andreas Brehme, aos 85’, deu erguer a máxima conquista do fute- nato do mundo. Recorde-se que a
o terceiro título à Alemanha), o der- bol mundial. Quase duas décadas e Argentina conseguiu a presença na
radeiro desafio do Mundial voltará meia depois, o mundo do futebol vol- final de forma sofrida, mas sem
a ter a marca ‘AA’, após aquela que nenhuma falta de mérito. Foi nos
foi a primeira meia-final da histó- pénaltis, diante de uma fortíssima
ria que terminou sem qualquer golo, Holanda, na Arena Corinthians, em
mesmo após prolongamento. Des- Alemãs e argentinos São Paulo, que o conjunto liderado
ta final espera-se tudo, desde o espec- discutem no Estádio em campo por Messi tirou a melhor
táculo do futebol decisivo de Mes- sorte. Já a Alemanha alcançou de
si, aos rasgos individuais e capaci-
Maracanã, domingo, forma brilhante e inequívoca a final
dade concretizadora de Klose. Mas, o título da Copa do após ‘esmagar’ o Brasil, por contun-
alemães e argentinos protagonizam Mundo de 2014 dentes 7-1.
11 Julho 2014 a 37
 R Mais // Cultura

Cazenga. Festival
de Teatro estimula
desenvolvimento
dos munícipes

Arranca hoje a 9.ª edição Festival Internacional de Teatro do

Cazenga (FESTECA) no Centro de Animação Artística ‘Anim’Art’.
Uma série de conferências, exibições de teatro de rua no Marco
Histórico do mesmo município, formação de actores e partilha de
conhecimentos estão entre as actividades programadas. Orlando
Domingos, responsável da associação Globo Dikulu, que organiza o
certame, aponta como ganhos a criação de fazedores e o contributo
para a redução da delinquência juvenil
RÚBIO PRAIA gueiro do IFA e, eventualmente no mercado
rubio.praia@agora.co.ao do Asa Branca, sempre às 16 horas, perfor- Grupos de Angola, Moçambique e Portugal vão apresentar-se no Cazenga
mances do grupo ‘Marado Teatro de Rua’,
Uma mão-cheia de actividades culturais mar- mas o alinhamento prevê também espectá- ro, para que possamos ter mais qualidade. O do mês em curso, ministrada por Carlos Chei-
ca a realização deste acto no município do culos de humor com a dupla Capuete & Kun- nível de exigência aumentou, fizemos inves- rinda, director da Companhia de Teatro Hopan-
Cazenga, um dos mais populosos de Luanda. da e o não menos conhecido Cabechipas. timentos no palco, entre outros”. galatana, Moçambique, que vai discorrer sobre
À semelhança dos anos anteriores, o FESTE- Os ganhos, no entender daquela figura, radi- ‘O Papel do Teatro Comunitário na Mobiliza-
CA, que arranca hoje no Centro de Anima- INOVAÇÕES, GANHOS E EXPECTATIVAS. Os cam “na formação de actores, no reconheci- ção dos Jovens para o Desenvolvimento’.
ção Artística do Cazenga – ‘Anim’art’, e ter- espectáculos infantis vão acontecer às 16 mento da comunidade e ainda contribuímos De Portugal, também na linha de transmissão
mina no dia 27 deste mês, distingue-se pela horas. “O primeiro a entrar em cena será o indirectamente para a redução da delinquên- de conhecimentos, vem João Garcia Miguel,
pluralidade de abordagens. ‘Arco-Íris’, grupo do Cazenga, com a peça ‘O cia juvenil”. artista plástico e director da companhia ‘JGM’,
O programa esboçado pela Associação Ovo’, no dia 14. O colectivo de teatro ‘Flores paralelamente responsável máximo do Teatro
Globo Dikulu, que está ‘à testa’ deste acto, a Brincar’ encena, no dia 15, a obra ‘Peque- JOÃO GARCIA MIGUEL CONVIDADO DE PESO. Municipal de Torres Vedras, Portugal, que vai
prevê 28 espectáculos, três conferências, nas Fábulas’ e a 17 do presente mês, o ‘For- O lema da 9.ª edição do FESTECA é ‘Pelo debruçar-se sobre ‘O Teatro e as Artes Perfor-
duas oficinas, cinco homenagens, quatro migas da ADPP’ apresenta ‘Sua Majestade’. Desenvolvimento da Comunidade Faze- mativas’.
intercâmbios, duas reuniões especializa- Ao contrário das edições anteriores, em que mos um Teatro para a Infância e a Juven-
das, quatro performances de teatro de rua havia duas sessões de teatro por dia, a orga- tude – Saudamos o 2.º FENACULT – Fes- OS CINCO HOMENAGEADOS. O primeiro gru-
e uma gala de premiação dos melhores nização do FESTECA optou, este ano, pela tival Nacional da Cultura’, atente que os po de teatro do Cazenga – Delírio Azul, fun-
actores. exibição de um espectáculo diariamente, que responsáveis da Globo Dikulu se congra- dado em 1989, por Gaspar Pitra Simão, é a
Esta informação foi prestada ao Agora por começa sempre às 19 horas, salvo nos dias tularam com o anúncio da realização entre instituição cultural homenageada na 9.ª edi-
Orlando Domingos, director do festival, que em que vão passar peças infantis. Agosto e Setembro em todo o país, sendo ção do FESTECA, com outros quatros nomes
congrega este ano mais de 200 actores ao Assim sendo, para esta noite, o grupo ‘Nji- que o lema é “A Cultura como Factor de que marcaram a cultura angolana pelo seu
contrário dos 173 em 2013. De salientar que la’, com a peça ‘Sonhos de Rua’, abre o FES- Paz e Desenvolvimento”. bem-fazer.
a previsão da assistência ronda as quatro mil TECA. Diversamente, Orlando Domingos falou do Neste sentido, o nome de Roldão Ferreira,
pessoas, um número superior às três mil Com os ingressos ao preço de 500 Kz, o res- leque de actividades programadas. “Temos promotor cultural e ex-secretário da APRO-
almas do ano findo. ponsável máximo da Globo Dikulu, Orlando duas oficinas de actuação. A primeira come- CAL – Associação Provincial do Carnaval de
“Haverá espectáculos paralelos no Marco Domingos, augura, “teremos espectáculos de ça no dia 14, a partir das 10 às 13 horas, aber- Luanda, surge na lista dos cinco homenagea-
Histórico do Cazenga, no término de candon- maior qualidade”, aliás, “reduziu-se o núme- ta a todos interessados, e prolonga-se até 17 dos, uma vez que foi membro do grupo de

38 a 11 Julho 2014

De Portugal, também na
linha de transmissão de
conhecimentos, vem João
Garcia Miguel, artista
plástico e director da
companhia ‘JGM’, que vai
debruçar-se sobre ‘O Teatro
e as Artes Performativas’
O primeiro grupo de teatro
do Cazenga - Delírio Azul,
fundado em 1989, é a
instituição cultural
homenageada na 9.ª edição
do FESTECA, com Roldão
Ferreira, Aureliano
Quaresma, Daniel Sebastião
e Ana Paula Correia Vítor
PALCO – A BELA E OS MONSTROS –
Huíla
Dia 15 de Julho de 2014
– Terça-feira
16h – Exibição Teatral: Grupo Infantil
FLORES A BRINCAR – PEQUENAS
FÁBULAS
– Cazenga
20h – Exibição Teatral: Grupo TIC – TAC –
A FORÇA DO LUKANO – Cazenga
Dia 16 de Julho de 2014 – Quarta-feira
16h – Exibição Teatral: Grupo 14 de
ABRIL – O CAIXÃO
– Cuanza Sul
20h – Exibição Teatral: Grupo WALPIPA –
A DESCONHECIDA – Kilamba Kiaxi
Dia 17 de Julho de 2014
– Quinta-feira
17h – Exibição Teatral: Grupo
FORMIGAS DA ADPP – SUA
MAJESTADE – Cazenga
20h – Exibição Teatral: Grupo FELOMA
MUSANZALA – KIESE – Cazenga
Dia 18 de Julho de 2014
– Sexta-feira
17h30 – Exibição Teatral: Grupo UNIDOS
EM CRISTO – A VOZ DO FETO – Uíge
16h – Teatro de Rua: Grupo MARADO
TEATRO DE RUA – PERFORMANCES
TEATRAIS – Ingombota
19h – Exibição Teatral: Projecto PALCO
ABERTO – TARDE DEMAIS – Cazenga
Dia 20 de Julho de 2014
– Domingo
15h – Teatro de Rua: Grupo MARADO
TEATRO DE RUA – PERFORMANCES
TEATRAIS – Ingombota
FOTOGRAFIAS DR
19h – Exibição Teatral: Companhia
GIRASSOL – OS APARECIDOS
– Moçambique
Dia 21 de Julho de 2014 – Segunda-feira
19h - Exibição Teatral: Grupo KUSASA -
MAVU – CONFLITOS DE GERAÇÕES –
teatro resistência - ‘Ngongo’ - ainda se vivia 9.ª Edição do FESTECA Cazenga
o período colonial em Angola. Dia 22 de Julho de 2014 – Terça-feira
Daniel Sebastião, por ter massificado o 19h30 - Exibição Teatral: Grupo KULONGA
teatro na Igreja Metodista Unida, um pro- Dia 11 de Julho de 2014 – FILHOS DA PÁTRIA 2 – Rangel
jecto que até aos dias de hoje prevalece, – Sexta-feira Dia 23 de Julho de 2014 – Quarta-feira
também mereceu a homenagem, tal-qual- 17h – Exibição Teatral: Grupo NJILA – 17h – Espectáculo de Humor: OS
mente Aureliano Quaresma, o actor conhe- SONHOS DE RUA CABECHIPAS
cido como ‘Velho Pena’ na tele-história de – Luanda 19h30 – Exibição Teatral: Grupo ENIGMA
produção nacional – ‘Caminhos da Vida’. Dia 12 de Julho de 2014 TEATRO – SUJEITO E AZARADA –
Ana Paula Correia Vítor, antiga directora
do Museu de História Natural, que fez o
– Sábado
19h – Exibição Teatral: Grupo ETU-LENE –
Maianga
Dia 24 de Julho de 2014 – Quinta-feira
primeiro curso de instrutores de teatro e KU – KIAZE 17h – Espectáculo de Humor: KAPUETE &
participou no primeiro espectáculo de – Luanda KUNDA
Angola independente, engrossa o leque Dia 13 de Julho de 2014 19h – Exibição Teatral: Grupo JULU –
de pessoas que o FESTECA elegeu para – Domingo MPAMBU YA NJILA – Luanda
homenagear. 19h – Exibição Teatral: Companhia Dia 25 de Julho de 2014 – Sexta Feira
Nesta 9.ª edição do Festival Internacional de HOPANGALATANA – 19h – Exibição Teatral: Grupo OMBAKA –
Teatro do Cazenga, participam grupos inter- O ROUBO E OS GÉNIOS A LEI – Benguela
nacionais como o Girassol e Hopangalatana, – Moçambique Dia 26 de Julho de 2014 – Sábado
de Moçambique e JGM, de Portugal. Além dos Dia 14 de Julho de 2014 19h – Exibição Teatral: Companhia JGM –
luandenses, vieram de outros pontos do país – Segunda-feira YERMA – Portugal
associações teatrais como ‘Luzes ao Palco’, ‘14
de Abril’, ‘Unidos em Cristo’ e ‘Ombaka Teatro’
16h – Exibição Teatral: Grupo infantil
ARCO ÍRIS –
Dia 27 de Julho de 2014 – Domingo
16h - Exibição Teatral: Grupo OASIS DA
das províncias da Huíla, Cuanza-Sul, Uíge e ‘O OVO’ – Cazenga BASE ÁEREA – Njinga Mbande
Benguela, respectivamente. 20h – Exibição Teatral: Grupo LUZES AO – Maianga
11 Julho 2014 a 39
 R Mais // Cultura
Muzongué. Kombaritokué
do ‘Trio da Saudade’ precisa-se!
Os ‘falecidos’ músicos Urbano de Castro, David Zé, Artur Nunes, o espiritual angolano, e Teta Landu
foram homenageados no passado domingo (6) pelo Centro Recreativo Kilamba, no âmbito do seu
programa “Muzongué (caldo) da tradição”
NORBERTO COSTA
A iniciativa não deixa de ser feliz e oportuna,
até para mantermos sempre acesa a música
que marcou uma fase decisiva da nossa histó-
ria. E como reza o adágio “antes tarde do que
nunca”. Contudo, há a assinalar que, se em
relação a Teta Landu consta a data e as cau-
sas da sua morte, por doença em Paris (Fran-
ça) em 2008, já em relação ao famoso “Trio
da saudade”, conforme passaram a ser conhe-
cidos David Zé, Artur Nunes e Urbano de Cas-
tro, a referência que se fez a propósito do espec-
táculo é que terão falecido em “finais de 1970”.
Na verdade, e por ironia da história, depois
de poupados pela PIDE/DGS, devido ao seu
engajamento nacionalista a favor da causa liber-
tária defendida pelo MPLA e pela qual se bate-
ram, Urbano de Castro, David Zé e Artur Nunes
foram mortos, sem que houvesse lugar qual-
quer culpa formada, nem julgamento - tal como
previra o outro no seu poema “O direito à defe-
sa”- pelos seus antigos camaradas e ‘compa-
nheiros de armas’, apanhados de chofre na
mais grave querela político-ideológica que sacu-
diu profundamente a direcção do movimento,
marcado por várias dissidências ao longo da
sua história. Casos da primeira crise aberta por
Viriato da Cruz, seguida anos depois pela Revol-
ta do Leste e Revolta Activa, ambas na primei-
ra metade da década de 70, atingindo o pico
no Congresso de Lusaka, em Agosto de 1974.
Político habilidoso, por excelência, Neto rom-
peu com o conclave e organizou a célebre
Conferência Inter-Regional de Militantes no
Interior, legitimando a sua liderança no cír-
culo restrito dos seus seguidores, por um lado,
e, por outro, vibrando uma vigorosa macha-
dada no dorso dos contestatários, dada a ausên-
cia dos oponentes das duas revoltas, mandan-
do, assim, a democraticidade interna da orga-
nização para as calendas gregas e dando largas
ao “Presidencialismo” de que vinha acusado
no manifesto da RA, numa conjuntura que
soprou a seu favor, precipitando-se os ventos
independentistas com a eclosão do 25 de Abril
Até à data, familiares e fãs
do ‘trio da saudade’ não
têm conhecimento oficial
do destino dado aos restos
mortais, se é indesmentível
que foram mortos
40 a 11 Julho 2014
de 1974, na sua longa epopeia pela conquista
definitiva do poder, neutralizando estrondo-
samente adversários internos e externos, açu-
lados até aos nervos pela derrota fatal.
Foi a vitória do poeta premonitório “por quem
esperava” a multidão no aeroporto de Belas,
estava na ponta da Kalashinikov! Tempos da
Dom Caetano e Augusto Chacaia em palco na hora da homenagem
idade de ouro da saga libertária… e o “coup
d’État” estava para vir, com fracturantes desin-
teligências à mistura, na questão da naciona-
lidade na organização do futuro Estado: a ‘maka
que se estava com ela’ entre os seus correli-
gionários (aparentes e reais): é se o branco que
nasceu em Angola seria o angolano?
TOM CARLOS
DR
O sim foi a corrente que vingou quando da
aprovação da Lei da Nacionalidade em finais
de 1975, em obediência à nossa geografia huma-
na. Mas, isso é outra estória da história. Houri
Boumediene, na Argélia, foi radical, resolveu-
a em sentido contrário, considerando os des-
cendentes franceses uma agressão cultural.
Voltando aos três músicos homenageados
no Kilamba, importa destacar que foram
assassinados por integrantes da tenebrosa
DISA, polícia secreta do então regime lidera-
do por Agostinho Neto, na ressaca do golpe
de Estado que abalou a nação, desencadea-
do por Nito Alves e José Van-Dúnem na madru-
gada do dia 27 de Maio; rebelião afogada em
banho de sangue pela pronta e miraculosa
intervenção das tropas cubanas.
Curiosa e desgraçadamente, quanto a David
Zé, consta que foi atirado de helicóptero no
mar, servindo de plâncton para os peixes, o que
traduz o grau de barbarismo vertical de que
se apossou dos ‘vencedores’ e o ‘terrorismo’ de
Estado que ermou por este país afora e pela
nossa sociedade adentro, ferindo-a profunda-
mente com o ferrete do holocausto. É doutri-
nário no Direito Constitucional Internacional:
os crimes de lesa-humanidade não prescre-
vem, sendo susceptíveis de julgamento a todo
o tempo, tanto por instâncias internas, como
por tribunal internacional. Mas, não se preten-
de - queremos crer - incendiar a pradaria, que
já vai exangue depois de tantos e tantos anos
infelizes de conflito interno...
Alguns destes músicos, tal como outros tan-
tos dos seus milhares e milhares de correli-
gionários assassinados, os pais minguaram
de trombose até à morte, enquanto outros
atingiram mesmo a loucura pelo trágico desen-
lace dos seus parentes desaparecidos, conhe-
cendo o mesmo fim na rua das amarguras
da ansiedade pelo reencontro do filho desa-
parecido. Esperança, aliás dessacralizada, já
que nunca se confirmou o abraço amigo, de
tanta... tanta... saudade!
Já as viúvas e os filhos dos três músicos, há
37 anos continuam à espera pelas certidões
de óbito dos defuntos, para serem dados como
judicialmente extintos.
Portanto, seria de bom que os organiza-
dores da homenagem, em particular, e o
Estado, em geral, não pecassem por siste-
mática omissão e rematada negligência na
assumpção da verdade histórica que dizi-
mou o ‘Trio da Saudade’ e os seus compa-
nheiros de infortúnio, organizando uma
verdadeira festa de kombaritokué, em memó-
ria dos cerca de 60 mil assassinados e desa-
parecidos (ao que se diz) e em respeito à
nossa tradição bantu, para que se exorci-
zem os fantasmas.
Tal procedimento costumeiro constituiria
uma verdadeira catarse, dado que as suas almas
não descansarão em paz, enquanto tal ritual
não se efectivar. Mais: sem prejuízo do facto
de tal démarche emocional constituir um bem
para a reconciliação entre os camaradas desen-
contrados nas querelas do passado e, quiçá, do
presente, bem como será um verdadeiro aci-
cate para a tão reclamada harmonia e concór-
dia nacional. Numa palavra: Reconciliação
Nacional, entre todos os filhos desta nossa rica
e querida mãe pátria-Angola.
FRENTE & VERSO
Imagética surreal da capital nos
últimos dias
RÚBIO
PRAIA
Calemba II. Catinton. Ossos. Kinaxixi. Mutam-
ba. Sapu. Alvalade. Ilha do Cabo. Mussulo. Farol
das Lagostas. Em cada zona há olhar que se
esboça, uma imagem que fica na retina, um
cheiro peculiar, pessoas trajadas de forma dife-
rente, hábitos e costumes distintos.
Vários assuntos dominam a ordem do dia,
mas três tópicos não saem da baila, como se
a Kianda (sereia) fosse uma espécie de reali-
zadora de TV das múltiplas vidas que peram-
bulam pelas ruas da capital do país.
CACUACO. O assunto número 1 ocorreu nes-
ta localidade de Luanda. Para quem esteve
a bordo do candongueiro vulgo táxi azul e
branco, no sentido Mutamba-Aeroporto, aper-
cebeu-se pela rádio do rapto de um bebé, por
uma rapariga de 16 anos, que não soube expli-
car à Polícia Nacional o móbil da sua acção,
quando até foi acolhida à noite pela dona de
casa para uma dormida e seguir o seu per-
curso no dia seguinte.
Este tema tem adoçado a boca de muito boa
gente. Num discurso entrecortado de conver-
sa fiada e pedidos desculpas, a jovem alega não
saber por que razão cometeu o referido crime.
É uma situação que compete ao Estado Ango-
lano, este, o da redução da maioridade penal
em Angola, convém, todavia, aguardar pelo
novo Código Penal, que é de 1886. A mãe da
criança deve estar arrependida pelo gesto de
humanismo na véspera, acolher alguém que,
às ocultas, nos rouba o filho é algo deplorável.
Deve ser por estas e outras razões que se
verifica um esfriamento na urbe luandense,
dizem os peritos na matéria, dadas as crises
sociais, enfim. Ambas se fitaram, entenda-se
a jornalista e a criminosa, esta última menos
à vontade, não fosse ela a criminosa, no entan-
to, esta situação tem outras questões que devem
ser analisadas como a educação, a acultura-
ção, a globalização, ou seja, muito mais que
aumentar ou diminuir mais ou menos idade
às pessoas para criminalizá-las ou o inverso.
KINAXIXI. Uma menina de 16 anos está em
casa. O pai trabalhador e responsável não fal-
ta com as suas obrigações. Colégio, mesada,
amor, carinho, diálogo, a lista de cumprimen-
tos é longa, e o progenitor pauta-se por enri-
quecê-la regularmente.
À noite, a mulher informou o marido de que
a filha, menor de idade, está concebida. Este,
com os olhos semicerrados, mira a parceira,
senta-se na cama, tem as duas mãos no rosto
como se fosse impedi-lo de cair, dados os vin-
cos pela insatisfação, devido à desfeita da filha.
O discurso do pai da rapariga é coerente,
calmo, moderado, educado, mas as falas acu-
satórias não faltam. Como é da praxe, culpou
a mãe, como se ela fosse o cupido da relação
entre adolescentes.
Olharam-se novamente, deixou-se cair de
costas na cama e entrou em introspecção.
Pensou nos arranjos supervenientes, no alam-
bamento, casamento, todavia estava algo tran-
quilo; era ele que devia receber o fato, mas,
no final de contas, estava tudo combinado
para que o menino viesse da Sapu com os
seus parentes para a apresentação e poste-
rior pedido de noivado.
Depois de alguns mesitos, a menina, com
dores de parto, é levada à maternidade, num
misto de alegria e mistério, porque a sua rela-
ção afectiva era algo conturbada. Quando vão
receber o bebé dos braços da mãe, é com espan-
to que verificam que os traços: olhos rasga-
dos, excessivamente claro e feições de um indi-
víduo asiático. Contas feitas, a rapariga namo-
rou com o empreiteiro chinês que trabalhava
lá em casa. Há alguma lei que regula isso?
ILHA DO CABO. Depois de ter carregado as imbu-
las (trouxas) no mercado de São Paulo, ali jun-
to à padaria Pameli, no Sambizanga, uma cida-
dã ruma para a Ilha de Luanda onde vai des-
carregar os seus haveres e preparar os quitutes
da terra: batata-doce, feijão de azeite de palma
e outras iguarias são depositadas no chão.
Acto contínuo, o cobrador da viatura de
uma marca nipónica atira: - “500 Kwanzas
pela corrida e pela quantidade de saco que
tens”! Não estando de acordo, a senhora ati-
rou-se contra o jovem, em manifestação do
seu descontentamento.
Contam os passageiros que chegaram antes
da mamã gorda, que ela estava a ingerir algu-
mas fresquinhas antes da hora de partida,
um hábito que tem feito lei, será do ‘calor’
em Julho?, não se sabe ao certo.
Seguramente que muitos transeuntes não
esperavam ver as pernas da senhora com as
devidas sardas, mas o menos importante não
era a pele sardenta, era a exposição das par-
tes íntimas. O mais recomendável seria, pos-
sivelmente, uma conversa, em que esta ten-
taria regatear o preço, porque o cobrador não
lhe respondeu na mesma moeda, senão seria
uma situação mais complicada.
Numa fotografia a cores e noutra a preto e
branco, vêem-se uma inversão de valores,
mulheres mal trajadas, homens que se lutam
por motivos menos dignos, incompreensão
no trânsito, pouco apoio às iniciativas com
substância. Enfim, a imagética está algo esbor-
ratada, mas nunca é tarde para inverter o
jogo a favor de Luanda.
Evento ‘Kanukus Fest’ é já
no dia 20 de Julho, na Baía de Luanda
Sob o lema ‘Pensar Verde’, a empre-
sa TiketZone, em parceria com a
Baía de Luanda e a Associação Nacio-
nal do Ensino Privado (ANEP), rea-
liza, no dia 20 de Julho, a partir das
10 horas, o ‘Kanukus Fest’.
A iniciativa, que versa sobre educa-
ção e entretenimento, tem por objec-
tivo consciencializar os mais peque-
nos para a importância da preserva-
ção do ambiente, com enfoque para
exposições de diversos temas, como
seja, sobre a Palanca Negra Gigante,
a reciclagem ou ainda a segurança
das crianças nas estradas.
Antologia ‘Oxalá
Cresçam Pitangas’ será
lançado na Alemanha
Textos de Agostinho Neto, Arnaldo
Santos, João Melo, Zetho Cunha Gon-
çalves, Tazuary Nkeita, Carmo Neto,
Roderick Nehone, Isabel Ferreira,
Sónia Gomes, Amélia Dalomba, Antó-
nio Gonçalves, José Luís Mendonça
e Décio Mateus foram compilados
numa edição bilingue português-ale-
mão, numa iniciativa encetada pela
União dos Escritores Angolanos (UEA)
e o Goethe- Institut Angola, que será
lançada em Setembro, na Feira do
Livro de Berlim.
A antologia, segundo noticiou o Jor-
nal de Angola, que chega às bancas
numa edição de Ineke Phaf-Rheinber-
ger, professora da Universidade de
Berlim, visa prover uma panorâmi-
ca referente à literatura angolana. A
pesquisadora sublinha, igualmente,
que cresceu o interesse dos alemães
sobre a Literatura Angolana.
Entretanto, regista-se um défice
de títulos angolanos, excepto os
livros dos escritores Agostinho Neto,
Pepetela, Manuel Rui Monteiro e
Luandino Vieira, editados no perío-
do pós-Independência.
Segundo a pesquisadora alemã,
“encontram-se disponíveis naquele
mercado europeu obras de José Eduar-
do Agualusa, Ondjaki, Pepetela e Ana
Maria Tavares, mas é possível con-
tar estes títulos pelos dedos das mãos”.
Aulas de dança para todas as ida-
des, acrobacias, actuações de músi-
cos infantis tornam o programa
muito rico.
Paralelamente, haverá a partici-
pação de cantores consagrados como
os rappers Kalibrados, o escultor
Jone Ferreira, a nível internacio-
nal, os artistas circenses da Com-
panhia Chapitô (Portugal) e o che-
fe Carlos Graça (Moçambique) com-
pletam o leque de artistas para
abrilhantar o evento cujo término
está aprazado para o mesmo dia,
às 17 horas.
DR
Música. Didi Murras
nas bancas
no final deste ano
Kuduro, house music e kizomba são
os estilos musicais que Didi Mur-
ras, irmão mais novo de Dog Mur-
ras, vai interpretar no seu maxi sin-
gle, que chega às bancas antes do
fim deste ano, revelou o artista à
Angop.
O referido trabalho musical, com
cinco faixas, tem por tema promo-
cional ‘Dá mo Ndengue’. Didi Mur-
ras afiançou que as suas músicas,
além de abordar questões relativas
ao amor ao próximo, consistem em
recrear a juventude angolana, com
ritmos musicais ‘quentes’.
Para a concretização deste projec-
to musical, o artista conta com o
apoio da produtora B.Max, de Dji
Tafinha, e dos DJ Romano e Devitor.
11 Julho 2014 a 41
 R Mais // Cultura
Poesia. Obra
de Neto
abordada por
estudantes
da periferia
O poeta e historiador António Pan-
guila proferiu, terça-feira última,
uma palestra sobre ‘A Dimensão
Pedagógica da Poesia de Agostinho
Neto’, no Complexo Escolar do Cazen-
ga, no âmbito do programa cultural
‘Sábado nos Musseques’, promovi-
do pela fundação com o nome do
então presidente.
Durante a palestra, o orador, que
deu um tom didáctico à sua expo-
sição, interagindo com os alunos a
quem coube a leitura dos poemas
que procurou interpretar, invocan-
do o aprendizado sociológico, antro-
pológico, económico e histórico dos
temas analisados, nomeadamente
‘Sábado nos Musseques’, que dá
nome à iniciativa, ‘Adeus à hora da
largada’, ‘Caminho do mato’, ‘Noi-
te na quitanda’, além do poema
magistral ‘Havemos de voltar’.
O palestrante destacou, igualmente,
o alcance filosófico, religioso e político
de Neto, bem como do carácter actual
da sua produção literária, que, nalguns
casos, ainda se adaptam ao contexto
actualmente vivido e sentido.
No final da palestra, António Pan-
guila apelou aos adolescentes e jovens
estudantes a aplicarem-se nos estu-
dos e na leitura de autores angola-
nos, para interiorizarem as referên-
cias da cultura angolana, tanto na lite-
ratura como na música angolanas.
O palestrante, António Francisco
Panguila, nasceu em Luanda, em
1963, é membro fundador da Bri-
gada Jovem de Literatura de Ango-
la desde os anos 80. Publicou, entre
outros títulos poéticos, ‘Vento do
Parto’ e ‘Amor mendigo’. É licen-
ciado em História pelo Instituto
Superior de Ciências da Educação
e já foi secretário para as activida-
des culturais da União dos Escrito-
res Angolanos.
DR
42 a 11 Julho 2014
Colóquio internacional
recorda Kimpa Vita
Académicos, investigadores e historiadores reflectiram, recentemente, no Uige, sobre o contributo de
Kimpa Vita na defesa da integridade cultural, social, política e religiosa, nos reinos do Congo,
Matamba e Ndongo
Estátua de homenagem a Kimpa Vita
MIGUEL DANIEL
O vice-reitor e coordenador do simpósio, Hei-
tor Manuel Timóteo, informou que o evento
teve por objectivo saudar mais um aniversá-
rio da figura que dá nome à Universidade
Kimpa Vita, que compreende a sétima região
académica, congregando as províncias do
Cuanza-Norte e Uíge.
Tratou-se do primeiro colóquio Internacio-
nal sobre os 300 anos da morte de Kimpa Vita,
permitindo a reflexão profunda e científica
dos seus feitos na defesa da integridade cul-
tural, social, religiosa e política de Angola.
O académico disse, ao mesmo tempo, que
o processo histórico de Kimpa Vita tem iní-
cio na guerra de Ambuíla, terminando com
a sua morte, em Julho de 1706, quando tinha
apenas 22 anos de idade.
“Como patrona da universidade, é óbvio que
devemos elevar e aprofundar melhor a sua per-
sonalidade como objecto de estudo e investiga-
ção, para se determinar se era uma revolucioná-
ria ou rainha, por isso é que fomos buscar pes-
soas que se ocupam de estudá-la, cujos documentos
se encontram em Roma”, sublinhou.
Heitor Manuel espera que o Ministério da
DR
Cultura faça um esforço em recolher todos
os dados e documentos, a fim de que possam
ser traduzidos e estudados nas instituições
de ensino, sendo esta uma figura controver-
sa pelo facto de o reino do Congo ser exten-
so.
“É na guerra de Ambuíla onde o rei do Con-
go é decapitado e a consequente destruição
daquele reino, daí o surgimento de Kimpa
É na guerra de Ambuíla
onde o rei do Congo é
decapitado e a consequente
destruição daquele reino, daí
o surgimento de Kimpa Vita
que tinha a intensão
introduzir os ideais no seio
da população para o resgate
do reinado, utilizando o seu
poder de mobilização
religiosa
Vita, que tinha a intensão de introduzir os
ideais no seio da população para o resgate
do reinado, utilizando o seu poder de mobi-
lização religiosa”, precisou.
Durante o colóquio, os participantes discu-
tiram temas como ‘A cooperação político-cul-
tural entre Portugal, Vaticano, São Tomé e
Príncipe e o Reino do Congo’, ‘A batalha de
Ambuíla e suas implicações sociopolíticas e
económicas no Congo, nos estados do Ndon-
go e da Matamba’, bem como ‘A dimensão
político-religiosa de Kimpa Vita’.
O encontro debateu ainda ‘A dimensão his-
tórico-patrimonial de Kimpa Vita’, ‘Os movi-
mentos messiânicos e seus efeitos para as inde-
pendências dos países africanos’ e ‘Kimpa Vita
fenómeno histórico e autêntica voz africana
de espiritualidade messiânico-cristã’.
O nosso interlocutor congratulou-se com o
apoio dos Governos do Uíge e do Cuanza-Nor-
te na materialização do colóquio e prometeu
a realização de mais encontros, com vista a tor-
nar a figura de Kimpa Vita mais conhecida.
ORIGENS. Nasceu por volta de 1684, numa épo-
ca conturbada da vida política do Reino do Con-
go, 19 anos depois do fim da batalha de Ambuí-
la, no Uíge, entre 1663 a 1665, tendo culmina-
do com a morte de ‘Ntotela Vita a Nkanga’ ou
Dom António I (Mwana Nlaza). A situação decli-
nou o Reino do Congo, chegando a atingir uma
crise política sem precedentes.
Reza a historia que os conflitos caracteriza-
ram a sucessão ao trono dos Ntotela, depois
da morte de Vita Nkanga (Dom. António I),
que terá reinado de 1666 a 1680, tendo disper-
sado a corte para várias aldeias, como o reino
de Mbula, que se instalou na aldeia com o mes-
mo nome, onde reinaram dois Ntotelas.
A corte de Kibangu é outro local que serviu de
refúgio e que, segundo a história, seis reis da famí-
lia Ntotela que governaram a localidade, enquan-
to em Mbanza Congo (São Salvador), a cidade
capital do reino, teve quatro Ntotelas no trono.
A rebelião era tão forte que obrigou o rei Nsaku
Mvemba (D. Pedro IV) a refugiar-se em Kiban-
gu em 1694, até à restruturação do poder em
Mbanza Congo, por volta de 1704, altura em que
surgiu Kimpa Vita, que foi queimada viva, aos
22 anos de idade.
 O homenageado cedo se mudou
com os pais para o então distrito do
Namibe, onde viveu até aos 12 anos,
altura em que veio para Luanda,
onde prosseguiu os estudos liceais.
Foi director Nacional do Patrimó-
nio Cultural do Ministério da Cultu-
ra nos anos 80 e esteve vinculado à
administração, ao ensino e à inves-
tigação sócio-cultural.
A propósito do seu ofício de mes-
tre dos futuros antropólogos volta-
dos para o desenvolvimento, Samuel
Aço dizia: “A Faculdade de Ciências
Sociais da UAN, vocacionada para
oferecer à sociedade quadros qua-
lificados para a intervenção direc-
ta nas diferentes áreas do processo
social, prepara, no Curso de Antro- Religião.
pologia, os actores para uma inter-
venção em zonas de sociedade mui-
Contributo
to sensíveis, pois vão ao cerne da
identidade das comunidades, enquan-
de Simão
Samuel Aço morreu, mas deixou viva obra e ‘riqueza’ de valor incalculável DR to desvendam a génese, o momen-
to e o devir das suas culturas”. Ele
Kimbango
Homenagem. Da UAN objectivava ainda que “a prática
antropológica que se pretende trans-
mitir e fazer conhecer neste curso

ao antropólogo do deserto é, pois, aquela que devolve às comu-

nidades o protagonismo do seu des-
envolvimento sustentável, após a “Kimbaguismo - Processo de desco-

e cercanias inóspitas análise feita pelo estudioso, das dife-

rentes faces do polígono, nas quais
assentam os conhecimentos, usos
lonização de África” é o título do livro
de Bitombokele Lei Gomes Lungua-
ni, lançado terça-feira última (8) no

do Sudoeste de Angola e costumes que as suas tradições

O antropólogo Samuel Aço foi homenageado, no início da semana, a título, com
diploma de mérito atribuído pela Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da
Universidade Agostinho Neto (UAN), instituição de que era professor, em
virtude dos relevantes serviços prestados à cátedra e à pesquisa antropológica. O
seu nome será outorgado a um laboratório
NORBERTO COSTA
Durante o acto, o decano da refe-
rida faculdade, Víctor Kajibanga, pro-
meteu que será criado um laborató-
rio de antropologia com o seu nome,
que se encarregará de fazer pesqui-
sas, recolha e tratamento de dados,
sem prejuízo da promoção e reali-
zação de visitas anuais de estudo de
campo às populações das áreas deser-
tas do Namibe, como forma de dar
continuidade ao seu projecto Cen-
tro de Estudos do Deserto.
Ao longo da homenagem, o deca-
no da FCS fez a entrega de um diplo-
ma de mérito do finado à viúva.
O antropólogo Virgílio Coelho, seu
colega de longa data, tanto no Minis-
tério da Cultura como na pesquisa
e docência, foi um dos poucos que
deveriam ser homenageados ainda
em vida”.
Outro seu colega de cátedra, João
Fernandes, referiu que Samuel Aço
foi mestre do Departamento de
Antropologia, destacando-se pela
sua activa qualidade na transmis-
são dos conhecimentos e redobra-
do interesse académico.
Por sua vez, os estudantes, que inter-
vieram em nome dos demais dos seus
formandos, afirmaram pelo mesmo
diapasão, enfatizando as suas qualida-
des pedagógicas e didácticas de docen-
te universitário e de investigador social.
Na ocasião, os presentes assisti-
ram a projecção de um documen-
tário filmado por Nguxi dos Santos
que traduziu as pesquisas desenca-
deadas por Samuel Aço nas regiões
do Curoca e no Tômbua, na provín-
cia do Namibe, onde desenvolvia,
preferencialmente, a observação
participante da sua investigação
antropológica.
O falecido antropólogo nasceu em
1945, em Caluquembe, província
da Huíla, por sinal uma das suas
zonas de interesse na pesquisa que
o trazia ocupado ao longo dos anos.
Prova disso é que tinha projectado,
além do Centro de Estudos do Deser-
to, também a criação de um Obser-
vatório que deveria ocupar-se do
estudo e pesquisa da prática sócio-
-cultural da transumância, bem
como das cíclicas crises de seca e
cheias no Sudoeste de Angola, com-
preendendo as províncias do Nami-
be, Huíla e Cunene, bem como do
seu impacto, em ordem à fixação
das populações locais que, muitas
vezes, têm de percorrer por longas
distâncias para conseguir água e as
pastagens para o gado.
Para o também
antropólogo Virgílio
Coelho, Samuel Aço
é “dos poucos que
deveria ser
homenageado ainda
em vida”
transportam do passado, submeti-
das à dinâmica que está impressa
na sua matriz cultural”.
Consta ainda no curriculum do
antropólogo Samuel Aço, além do
título de professor associado da FCS
da UAN, o exercício do cargo de che-
fe do Departamento de Antropolo-
gia (DA), onde leccionou as cadei-
ras de Etnologia de Angola, Cultu-
ra Material e Tecnologias Alternativas
e Desenvolvimento. Tinha um bacha-
relato em Administração pelo Ins-
tituto Superior das Ciências Sociais
(ISCSP), obteve, depois, o grau de
licenciado em Antropologia. Pos-
suiu um mestrado em Desenvolvi-
mento Económico e Social em Áfri-
ca pelo Instituto Superior das Ciên-
cias do Trabalho e da Empresa
(ISCTE), de Lisboa, Portugal, e uma
pós-graduação em recursos huma-
nos de chefe do Departamento.
Importa destacar que, até à altu-
ra da sua morte, a 4 de Junho últi-
mo, por doença, Samuel Aço foi pre-
sidente do Prémio Nacional de Cul-
tura e Artes, edição 2014, cuja
atribuição dos galardões deverá
acontecer em Outubro/Novembro
próximos, de quem a coordenação
do jurado foi indigitado no princí-
pio do ano. O MINCULT - espera-
se ansiosamente - deverá reunir-
se, brevemente, para indicar outro
substituto no cargo, à altura da
expectativa dos concorrentes e do
público, em geral.
Kilamba Kiaxi, em Luanda.
A obra traça ‘Reflexão sobre a pers-
pectiva do desenvolvimento espiri-
tual sócio-científico e tecnológico
em África’, com um enfoque parti-
cular na acção missionária de Simão
Kimbangu, considerado o pai espi-
ritual da Igreja Kimbamguista.
O autor é teólogo, licenciado pela
Universidade Simon Kimbangu, em
Kinshasa (RDC), e especializou-se em
hermenêutica africana ou teoria de
interpretação de textos em línguas
africanas, transcritas na escrita Man-
dombe. É, igualmente, detentor de
um título de invenção relacionado
com a nova tecnologia de construção
na lógica Mandombe (ntungulu).
O professor Sebastião António
Makadilu escreve numa nota inser-
ta na contracapa que, “historica-
mente, o Mandombe é uma revela-
ção divina de Papá Simon Kimban-
gu ao Prof. Doutor David Wabeladio
Payi, em 1978, enquanto não era ain-
da fiel kimbanguista e não tivera
ensino médio feito, com apenas 21
anos”, invocando que “o curioso des-
ta história é que o título de Doutor
Honorário lhe foi atribuído pela Uni-
versidade de Kinshasa, sustentado
por mais de sete universidades”.
Makadilu destaca que “é nesta
peregrinação investigativa que o
autor descobre o objectivo funda-
mental do Ministério de Simon Kim-
bangu, que consiste em erguer uma
nova civilização moderna africana
dita Civilização Kimbangu”. NC

11 Julho 2014 a 43
 A
Lazer
Produzida no Gana, a série ‘An African City’ (’Uma Cidade Africana’) é um sucesso além-fronteiras
A afirmação PAULA CARDOSO
paula.cardoso@agora.co.ao
televisiva
Equilibram um objecto pesado sobre a cabe-
ça, estão meio despidas, e exibem um visual
invariavelmente pontuado de missangas e
das africanas
cordas. Na apresentação de uma académica
norte-americana, da Universidade de Geor-
getown, nos EUA, a imagem feminina de Áfri-
ca – colada a um trabalho sobre comunica-
ção e desenvolvimento – caracteriza-se por
múltiplas carências.
“Isso afectou-me. Todas as mulheres estavam
retratadas da mesma forma”, recorda Nicole
Amarteifio, recuando a um episódio de 2010,
Através de uma produção centrada na história de cinco vivido em temporada de mestrado na diáspo-
profissionais bem-sucedidas, que regressaram à África de origem ra norte-americana. “Senti necessidade de dizer
após concluírem a formação no estrangeiro, a ganesa Nicole ao meu professor: esta não é a história da mulher
Amarteifio pretende quebrar a imagem de submissão globalmente de África. É apenas uma parte dela”, recorda
associada às mulheres da região Nicole ao jornal The Guardian.
44 a 11 Julho 2014
Firme em complementar a narrativa femi-
nina do continente negro, que é também a
sua própria narrativa, Nicole, natural do Gana,
encontrou no mundo televisivo um aliado.
COMBATER ESTEREÓTIPOS ATRAVÉS DA INTER-
NET. Autora da série ‘An African City’ (‘Uma Cida-
de Africana’), exibida online através do site You-
Tube, esta licenciada em Arte e Estudos Africa-
nos e mestre em Comunicação Corporativa e
Relações Públicas, entrelaça a história de cinco
mulheres para desatar velhos estereótipos.
“Porque é que a mulher africana tem sem-
pre de ser sinónimo de pobreza, de Sida, e de
deficiente saúde materna? Porque razão não
pode ser sinónimo de riqueza, de indepen-
dência e de glamour?”, questiona a ganesa,
em declarações ao jornal El País, assumindo
o combate a uma série de imagens negativas
e ideias feitas.

Nicole Amarteifio assina a produção
“A minha produção desafia, sem dúvida, os
limites, apresentando cinco mulheres bem-
-sucedidas que falam autenticamente sobre
o amor e a vida, incluindo a sensualidade”,
abrevia a autora, reconhecendo que qualquer
semelhança com a popular série norte-ame-
ricana ‘Sex and the City’ (‘O Sexo e a Cidade)
é pura realidade.
O líder
angolano
do bem-estar
Luís Filipe Baião,
especialista em Medicina
Tradicional Chinesa, foi
eleito a personalidade
médica do ano, num
encontro internacional
realizado em Itália
Programas clínicos pioneiros, hos-
pitais de excelência, SPA’s com tra-
tamentos inovadores e profissionais
de renome...a lista de distinções da
Cimeira de Líderes da Área da Saú-
de e Bem-estar juntou mais de 30
nacionalidades na cidade transal-
pina de Stresa.
Foi aqui, no Norte de Itália, que o
angolano Luís Filipe ganhou o títu-
lo de personalidade médica do ano,
integrando o chamado grupo de
‘Estrelas da Saúde, Bem-estar e Turis-
mo’.
Os eleitos, segundo destaca a orga-
nização – que se define como uma
plataforma interactiva para facili-
tar colaborações internacionais –
, dão cartas pela forma como des-
bravaram e continuam a desbra-
var novos caminhos.
MELHOR MESTRE DA TAILÂNDIA. No
caso de Luís Filipe, natural da Lun-
FOTOGRAFIAS DR
da-Norte, o percurso profissional
cruza experiências na China, no
Japão, Brasil, Portugal, Estados Uni-
dos da América e Tailândia, onde
abriu uma clínica em 2009 e tor-
nou-se um dos especialistas mais
“Essa foi a minha inspiração, pela facilida- populares. De tal forma que, além
de com que as protagonistas sempre conver- de integrar a lista de convidados
saram tão abertamente sobre o amor e a vida, das festividades do Rei da Tailân-
e de uma forma nunca antes vista. Creio que dia, o angolano foi distinguido como
as mulheres do nosso continente devem falar o melhor mestre em Medicina Tra-
mais honestamente”, defende a criadora de dicional Chinesa de 2013.
‘Uma Cidade Africana’.
Com a primeira temporada da série já encer-
rada – após a transmissão de 10 capítulos
com a duração de 14 minutos, cada –, o argu-
mento de Nicole tornou-se tão popular que
ganhou espectadores além do Gana, territó-
rio de acção e de gravação.
“Tenho recebido emails de todo o mundo: des-
de Joanesburgo a Nairobi, passando por Los Ange-
les e Toronto”, orgulha-se a autora, por enquan-
to resistente à associação a um canal televisivo.
“Quero que todas as africanas, estejam onde
estiverem, tenham acesso à série e que o mun-
do reveja a sua imagem sobre nós”. O vencedor foi anunciado em Itália
Festa. Noivado de Leila
Lopes em Luanda
O Club dos Caçadores de Luanda
vestiu-se de gala no passado sába-
do para celebrar o noivado da nos-
sa Miss Universo, Leila Lopes, com
o nigeriano Osi Umenyiora, joga-
dor de futebol americano. De casa-
mento marcado para o próximo
ano, o casal dividiu os holofotes
da fama com uma constelação de
convidados ilustres. A começar
pela primeira-dama, Ana Paula
dos Santos. A lista de presenças
estendeu-se também a estrelas da
música, como C4 Pedro e Big Nelo,
bem como à designer Nadir Tati,
que vestiu Leila Lopes, coroada
Miss Universo em 2011.
Estudo. Café revela
personalidades
Os que preferem café com leite
são mais caseiros, e quem não dis-
pensa a bebida com espuma tem
perfil de intelectual. Já os aman-
tes de café duplo são hiperactivos,
enquanto os adeptos de café com
nata revelam maior criatividade.
Estas são algumas conclusões do
‘Estudo de Hábitos de Consumo
de Bebidas’, realizado pela consul-
tora sul-americana Synapsis, e
segundo o qual a forma como cada
um bebe o café reflecte os seus tra-
ços de personalidade.
Condenação. Filho
de Pelé na cadeia
Fracassado o recurso judicial, Edson
Cholbi do Nascimento, filho do cra-
que brasileiro Pelé, foi detido na
terça-feira, no litoral de São Pau-
lo, para cumprir 33 anos de prisão.
A sentença, proferida há pouco
mais de um mês, condena ‘Edinho’,
ex-guarda-redes do Santos, por lava-
gem de dinheiro, proveniente do
tráfico de drogas.
11 Julho 2014 a 45
 A Lazer

CARTOON DO DALAS PARA RIR

PRIORIDADE
Duas senhoras chegam ao mesmo
tempo no caixa do banco, com mui-
ta pressa.
Uma dizia: primeiro eu, ainda tenho
que levar as crianças para a escola!
A outra retrucava: não,?primeiro
eu, que moro mais longe!
O caixa, atento ao que se estava a
passar, resolveu acabar com a bri-
ga:?primeiro atenderei a mais velha!
As duas se olharam e disseram: é a
sua vez! Pode ir!
Não! Primeiro você!

OVO GIGANTE
Uma galinha põe um ovo de meio
quilo e jornalistas de jornais, tele-
visão, revistas e rádios andam atrás
da galinha!
- Como conseguiu esta façanha, sra.
galinha?
- Segredo de família...
- E os planos para o futuro?
- Botar um ovo de um quilo!
As atenções se voltam para o galo...
- Como conseguiram tal façanha,
sr. galo?
- Segredo de família...
- E os planos para o futuro?
- Partir a cara do avestruz!!!!...

CLIC DO TOM CONTACTOS

Golf I HOSPITAIS
HOSPITAL
JOSINA MACHEL
222 336 346 / 222 336 349
S.O. PEDIATRIA
222 339 888
HOSPITAL
PEDIÁTRICO
222 391 442
HOSPITAL
AMÉRICO BOAVIDA
222 380 118 / 222 380 119
HOSPITAL
MILITAR
222 322 315 / 222 322 316
HOSPITAL
DO PRENDA
222 351 300 / 222 351 400
MATERNIDADE
CENTRAL
222 323 052

BOMBEIROS
POSTO
DE COMANDO
115
UNIDADE OPERATIVA CENTRAL
222 323 333
UNIDADE ESPECIAL DO PORTO
222 310 656
UNIDADE MUNICIPAL DE VIANA
222 290 540

POLÍCIA
POSTO DE COMANDO
113
222 332 301
222 330 895
TOM CARLOS

AMBULÂNCIAS
SERVIÇO NACIONAL
116

46 a 11 Julho 2014
 GASTRONOMIA
Macarrão carbonara
INGREDIENTES
200 gr de creme de leite; 200 gr de
bacon; 1 dente(s) de alho; 2 unida-
de(s) de gema de ovo; 3 colher(es)
(sopa) de parmesão ralado(s); quan-
to baste de sal; quanto baste de
pimenta-do-reino branca; quanto
baste de azeite de oliva; 250 gr de
lingüini
MODO DE PREPARO
1. Coloque bastante água em uma
panela funda e leve ao fogo. Quan-
do estiver quase a ferver comece a
preparar o molho para que coinci-
da com o final do cozimento do
macarrão.
2. Numa frigideira, coloque um pou-
Bolo de banana
INGREDIENTES
4 unidades de ovo; 2 chávenas (chá)
de açúcar; 3 colheres (sopa) de man-
teiga; 2 chávenas (chá) de farinha
de trigo; 1 chávena (chá) de amido
de milho; 1 colher (sopa) de fermen-
to químico em pó; 180 ml de leite;
1 cálice de conhaque; quanto baste
de sal; 5 bananas
COBERTURA
6 colheres (sopa) de açúcar; 8 colhe-
res (sopa) de farinha de trigo; 3
colheres (sopa) de manteiga; quan-
to baste de canela-da-china em pó
MODO DE PREPARO
1. Pré-aqueça o forno em tempera-
tura média (180 º C). Bata bem as
gemas com o açúcar. Junte a man-
COLABORAÇÃO DE YOLA PINTO PORTUGUÊS CORRECTO FARMÁCIAS
FARMÁCIA ALAMEDA
254 Al.M. Van-Dúnem
222 430 293/222 446 240/222 447 554
FARMÁCIA ALEX
R. Comdt Gika
222 327 960
FARMÁCIA MACULUSSO
72/b Av. Comdt Che Guevara
222 322 442
FARMÁCIA CENTRAL 1 24/24
16 Largo Amílcar Cabral
914 52 69 17
FARMÁCIA CENTRAL 2 24/24
Rua 21 de Janeiro Rotunda do Gamek
914 52 69 28
FARMÁCIA CENTRAL 3 24/24
586 R. Directa da Samba - Samba
914 52 69 28
FARMÁCIA GIRASSOL
165 R. Rei Caravela
DR
222 449 895
FARMÁCIA
DESTA VEZ, LDA.
R. Oliveira nº Nelito Soares
co de azeite e o bacon cortado em André Mateus 222 266 388
FARMÁCIA EDITAL
tiras. Quando estiverem douradas
Av. Comdt Valónia – Viana
tire o bacon e deixe escorrer num 222 291 074
pedaço de papel de cozinha absor- FARMÁCIA HIGIENE
206 R Comdt Cuinha
vente. Na gordura resultante, acres-
222 332 827
cente o alho picadinho. Dois jovens bonitinhos vinham da escola conversando um FARMÁCIA IDÁLIA
3. Com o fogo baixo, acrescente o pouco sobre as suas notas na disciplina de Língua Portu- Av. Ho Chi Min.
222 326 762
creme de leite já misturado com as guesa. Achei a conversa deles interessante e louvável, uma FARMÁCIA
gemas, misture bem e acrescente vez que muitos não querem, hoje, saber de Português. INGOMBOTAS
queijo ralado. Coloque o talharim Apesar de eles terem tido um tema coincidente, divergi- 38 R. Guilherme Inglês
222 333 278
já cozido neste creme e misture. ram-se numa pequena opinião que consistia no enqua- FARMÁCIA JANEIRO
4. Se achar que ficou muito seco, dramento de um par homófono – cem e sem - na seguin- 131 Av. 4 Fevereiro
222 332 260
que é a forma certa da receita, te frase: Os portugueses saíram de Angola ‘cem’ os recur-
FARMÁCIA JANICA
pode agregar 1/2 chávena da água sos minerais nem matérias-primas. 11, R. Guerra Junqueiro
do cozedura do macarrão que vai Ora bem, jovens, ‘cem’ é, morfologicamente, um nume- 222 446 567
FARMÁCIA KIANDA
dar uma óptima cremosidade ao ral cardinal, escrito por extensão, cuja forma em com- 71 Av. Murtala Mohamed
molho. Acrescente sal e pimenta preensão é 100. Este elemento serve para indicar quanti- 222 309 455
do reino a gosto. dade junto de um complemento. Ex.: Tenho ‘cem’ carros FARMÁCIA KINAXIXI
25 r/c Av. Comdt Valódia
novos. 222 449 443
Já ‘sem’ é uma preposição simples que indica ausência FARMÁCIA LANESA
343 r/c Av. Ho Chi Min
de alguma coisa. Ex.: A Ana está ‘sem’ o Luís. A forma mais
222 445 926
fácil de ver como a usar é substituí-la pela preposição ‘com’. FARMÁCIA LUANDA
Ex.: A Ana está ‘com’ o Luís. 35/37 R. Aníbal de Melo
222 445 490
FARMÁCIA LUVEFOR
Av. Hoji Ya Henda
222 430 087
FARMÁCIA MEDIANG
55/AR. Liga Nac Africana
222 440 517
FARMÁCIA MODELO
Al. Manuel Van-Dúnem
222 449 449
FARMÁCIA NOVASSOL
69A Av. Portugal
DR
222 391 502
FARMÁCIA PAGUE MENOS
Mirantes Talatona
222 460 502 / 222 460 416
FARMÁCIA PROVIFARMA
teiga e torne a bater. Adicione a fari- Aviário B.º Cazenga
912 412 959
nha de trigo, o amido de milho e o
FARMÁCIA
fermento, bata sempre e regue a RAINHA GINGA
massa com o leite e o conhaque. 179 R.R.ª Ginga
222 337 997
2. À parte, bata as claras em neve FARMÁCIA ROMED
junto com o sal. Acrescente-as à mas- 27 R. Rei Katyavala
sa, mexa delicadamente, sem bater. 222 447 175
FARMÁCIA SADIA
3. Despeje a massa numa assadeira 31 Av. Comandante Valódia
untada. Descasque as bananas e cor- 222430 284
FARMÁCIA
te-as ao meio, no sentido do compri-
SAGRADA SOS
mento. Arrume-as sobre a massa. 61 R. Joaquim Kapango - 222 395 468
FARMÁCIA SERRA
62/64 R. Amílcar Cabral - 222 395 047
COBERTURA FARMÁCIA TROPICAL
Misture bem todos os ingredientes 16 R. Pedro Félix Machado
da cobertura e espalhe sobre a bana- ‘Cem’ é, morfologicamente, 222 334 862
na. Leve a assadeira ao forno e asse um numeral cardinal, escrito FARMÁCIA UNIVERSAL
97 R. Cón. Manuel Neves - 222 442 052
por cerca de 30 minutos, ou até que
a massa esteja seca.
por extensão, cuja forma FARMÁCIA VALÓDIA
42 Av. Hoji Ya Henda - 923 324 291
Obs: Em vez de banana, também pode em compreensão é 100. FARMÁCIA YOHAN
1 Tv. 21 Janeiro B.ºMorro Bento
usar maçã, abacaxi, pêra ou pêssego 222 405 655
11 Julho 2014 a 47
 a
FICHA TÉCNICA: Chefe de Redacção: Paula Cardoso Sub-chefe de Redacção: Júlio Gomes Redacção: Ereneu Máquina,
Martins Chambassuco, Mário Paiva, Mário Silva, Rúbio Praia, Graça Paulo, Ana Margoso, Miguel Daniel, Francisco Bussulo,
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Lilas Orlov (Benguela) Fotografia: Tom Carlos, Duarte Villas Revisor: André Mateus Design Gráfico: Nuno Janela Secretária
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Telefones: +244 222 323831/222 322665 - Fax +244 222 323838

A FECHAR
EXCITAÇÕES
Reunião. Potencial
RADAR SANTA 11/07/2014 geológico-mineiro
JÚLIO GOMES IGNORÂNCIA nacional analisado
com embaixadores
“Njinga, Rainha SOBE E DESCE A secretária de Estado para a
de Angola - Cooperação, Ângela Bragança,

O peso do café Lesliana Pereira

interpreta papel de
reúne-se hoje, em Luanda, com
os embaixadores africanos acre-

na nossa economia mulher que

À nova geração não deve escapar
o feito do café no tecido econó-
mico do país. Aliás, foi, no ‘tem-
po dE outra senhora’, o principal
produto de exportação.
Nesta nossa era, em que se fala
da diversificação das fontes de
receitas, para contornar a cróni-
ca e ‘perigosa’ dependência dos
recursos petrolíferos, ouvir dizer
que haverá uma espécie de revo-
lução verde a Norte deixa-nos
com a sensação de que as auto-
ridades estão preocupadas com
o problema.
A boa nova veio do ministro da
Agricultura e do Desenvolvimen-
to Rural que, recentemente, este-
ve na província do Uíge. Afonso
Pedro Canga garantiu apoio aos
cafeicultores da região, incluin-
do a facilitação do crédito bancá-
rio, tudo isso numa perspectiva
de ver, num horizonte próximo,
a produção de café voltar nos
eixos e contribuir para o cresci-
mento do Produto Interno Bru-
to de Angola. Este nosso rico e
belo país tem a sorte de contar
com solos aráveis, ou seja, 35
milhões de hectares propícios
para a actividade agrícola.
Com as facilidades que a natu-
reza nos oferece, não temos como
“Os produtores de
café poderão
beneficiar de
sementes, plantas e
máquinas, além da
criação de
condições que lhes
facilitem o acesso
ao crédito”
não avançar, projectando não só
a produção do ‘bago vermelho’,
como também de cereais como
o milho, o trigo, o arroz, ou ain-
da, de legumes, tubérculos, fru-
tos e hortaliças.
Não devemos perder de vista
que as receitas do café contribuí-
ram para o surgimento de mui-
tas das nossas cidades. Se assim
é, então todo o movimento feito
no sentido de impulsionar esta
cultura deve ser encorajado.
Assim, tal como disse Pedro Can-
ga, “os produtores de café pode-
rão beneficiar de sementes, plan-
tas e máquinas, além da criação
de condições que lhes facilitem
o acesso ao crédito”. E, para come-
çar, a primeira acção vai consis-
tir na distribuição de plantas que
estão a ser multiplicadas nas esta-
ções do Instituto Nacional do Café
que, no entanto, não especificou.
Os incentivos não ficam por aí.
Segue-se, como referiu o titular
da Agricultura, a facilitação do
credito à comercialização para
permitir que os cafeicultores
suportem os custos da produção,
paguem aos trabalhadores e adqui-
ram materiais para a lavoura.
De resto, por causa dos preços
baixos, Pedro Canga lembrou que
se desenvolvem esforços e se coo-
pera com o mercado internacio-
nal para se encontrarem soluções
que permitam retomar um pre-
ço adequado que satisfaça quem
produz e quem se ocupa da comer-
cialização, pensando-se que o qui-
lograma de café deve ultrapassar
a fasquia actual de 50 Kz.
Contudo, a estas boas iniciati-
vas, deve-se associar a questão
dos acessos às zonas de produ-
ção que facilitem o escoamento
dos produtos. É preciso reparar
as vias secundárias e terciárias,
bem como pontes e pontecos.
liderou a luta pela
independência de
Angola” Pitra Neto
Legenda da RTP
FILME PRODUZIDO PELA SEMBA Para o Executivo, a segurança
COMUNICAÇÃO e saúde no trabalho são
binómios prioritários. Logo, a
HUÍLA diminuição da sinistralidade
nos locais de trabalho é um
“Há 20 anos, os objectivo em que instituições
cidadãos do públicas, privadas, sindicatos,
Lubango empregadores e pessoas
interessadas devem dar o
dificilmente máximo de si. Isto foi reiterado,
encontrariam pão nesta quarta-feira, em Luanda,
fresco. Agora, a pelo ministro da Administração
terceira maior Pública Trabalho e Segurança
Social. O mesmo disse,
cidade de Angola igualmente, que a produção, a
está a atrair produtividade e a
competitividade requerem
investidores que saúde, predisposição, atitude,
estão a apostar vontade, crescimento e
em produção de capacidade de toda a gente,
desde o investidor, gestor ao
energia, em minas trabalhador. Tem razão!
e até em... queijo
suíço”
Sobre investimento
SEMANÁRIO EXPANSÃO
DEMOLIÇÕES
“Podemos Ensino Superior
concluir que o
Governo Pelo menos, cinco
Angolano tem universidades privadas que
terão insistido no pagamento
desalojado da propina de Maio foram
famílias, sem criar instadas esta semana a
nalguns casos o responder na PGR pelo seu
procedimento, quando o
sistema de próprio Ministério do Ensino
assentamentos Superior havia emitido um
condigno, e a comunicado a contrariar o
desembolso pelos estudantes
justiça tarda a da propina referente ao mês
chegar para os em que decorria o Censo
cidadãos mais Geral da População e
Habitação e que, por isso, não
desfavorecidos”. beneficiaram de aulas nem de
Activista da SOS actividades extracurriculares. A
Habitat queixa foi levada à PGR pela
Associação Angolana de
NOVO JORNAL Defesa do Consumidor
(AADIC). Ver-se-á se a mesma
terá ‘pernas’ para andar.
ditados em Angola, para fazer o
ponto de situação sobre a imple-
mentação do Plano Nacional de
Geologia (PLANAGEO).
Este programa, aprovado no ano
passado, inclui vários subprogra-
mas que visam o conhecimento
efectivo do potencial geológico-
mineiro do nosso território.
Além da presença de represen-
tantes da República do Congo,
República Democrática do Con-
go, Zâmbia e Namíbia, o encon-
tro contará com a participação
de um elemento do Ministério
da Geologia e Minas.
Religião. Bispos
católicos da lusofonia
reunirão em Luanda
A Universidade Católica de Ango-
la acolherá, no dia 23 de Julho, no
seu Salão Nobre, uma conferência
dos bispos lusófonos, durante a
qual será debatido o tema ‘O Papel
Transformador do Evangelho na
Sociedade - à luz da Exortação Apos-
tólica Evangelii Gaudium’.
A organização é da CEAST - Con-
ferência Episcopal de Angola e São
Tomé, e a conferência acontece
no âmbito do Encontro dos Bis-
pos da Lusofonia, que decorrerá
em Luanda de 21 a 25 deste mês.
Georges Chikoti no
Congo pela
reconciliação na RCA
O ministro das Relações Exterio-
res, Georges Chikoti, desloca-se
hoje a Brazzaville, Congo, para
participar em consultas de pre-
paração da agenda sobre o Fórum
de Reconciliação Nacional entre
os centro-africanos, agendado
para os dias 21 a 23 deste mês.
A reunião surge como resultado
da 5.ª Reunião do Grupo Interna-
cional de Contacto sobre a Repú-
blica Centro Africana (RCA), rea-
lizada na Etiópia, no início da sema-
na. O fórum decorrerá sob a égide
do mediador da Comunidade Eco-
nómica dos Estados da África Cen-
tral (CEEAC) para a crise da RCA,
o presidente da República do Con-
go, Denis Sassou Nguesso.

48 a 11 Julho 2014