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SOUZA, Francineide Pereira de Souza; OLIVEIRA, Lúcas Cézar de. A CLASSE DE PALAVRA ARTIGO EM UMA PERSPECTIVA
SINTÁTICA E SEMÂNTICA
RESUMO: Aprofundada na Grécia como a “arte de escrever”, a gramática vem sendo mais bem
observada desde o século V a.C., sob uma perspectiva estética e filosófica. Observamos, então, que
não é de hoje que há uma tentativa de explicação da linguagem. Os gregos, por exemplo, para
conceituarem as classes de palavras, utilizavam uma mistura de critérios - semânticos, sintáticos e
morfológicos -, que ainda são usados para a conceituação atual. Porém, apesar de esses mesmos
critérios estarem em vigor, alguns autores do ramo da linguagem ainda nos mostram conceitos
distintos, e muitas vezes incompletos, das classes de palavras. Assim, este trabalho tem por objetivo
analisar como se dão esses conceitos na gramática tradicional, em manuais linguísticos e em livros
didáticos, especificamente sobre a classe de palavra artigo. Como fundamentação teórica, utilizamos
alguns representantes da gramática normativa, como Azeredo (2004), Bechara (2005), Cunha e
Cintra (2008), e linguistas como Macambira (1982), Castilho (2010), Neves (2011), além de autores
de manuais didáticos. Portanto, iremos aprofundar a descrição do artigo, mostrando as diferentes
definições do mesmo, com o intuito de poder construir uma conceituação que abrange todos os três
critérios mencionados anteriormente, facilitando o entendimento, possibilitando, então, um ensino
didático e consistente.
INICIANDO AS REFLEXÕES
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Graduanda do 5º período em Letras – Língua Portuguesa, na UFCG/CFP, Campus Cajazeiras – PB.
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Graduando do 5º período em Letras – Língua Portuguesa, na UFCG/CFP, Campus Cajazeiras – PB.
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Orientador. Professor Doutor em Linguística pela UFPB/ PROLING (2011).
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filosófica e estética. Ela era abordada como a arte de ler e escrever; a Grammatike ultrapassou
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várias fases bem distintas, segundo a história das ideias na Europa e no mundo.
Segundo Lobato (1986), na Grécia Antiga, o estudo gramatical era caracterizado por
três períodos principais: o período dos filósofos pré-socráticos e primeiros retóricos, o período
dos estoicos e o período dos alexandrinos. No primeiro, a língua não era uma preocupação
independente, pois era esparsa nas obras de cada um dos pensadores, tratando-se de questões
linguísticas voltadas para origem da mesma. No segundo, ela passa como obra independente,
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já que os estudos linguísticos eram partes da filosofia; para eles, a língua seria a expressão do
pensamento, e teria como veículo a voz. Observavam a gramática sem o menor interesse nela
por si só e, a partir deles, a mesma foi vista pelos critérios semânticos, sintáticos e
morfológicos. No terceiro período, é vista de forma literária, diferentemente de filosófica ou
lógica, tendo em seus estudos partes do literário.
Para Dionísio de Trácia, no século I da era cristã, o que fazia parte da gramática era a
leitura, atualmente denominada de estilística, o estudo das fraseologias, a etimologia, a
investigação das regularidades morfológicas e sintáticas e a apreciação das composições
literárias. Nela, tratava a estabilização do grego de Homero e o pendor pedagógico e
normativo que estava em evidência. Aqui se dá predileção cada vez mais à escrita, à
Morfologia, à Morfossintaxe e à Sintaxe, sendo estas as partes centrais da gramática. As
gramáticas descritivas nos meados do séc. XX atribuem pouca atenção à Semântica; mais
tarde, revelam atenção ao Texto, ao Discurso e à Variação. Essas gramáticas são influenciadas
pelo avanço da Linguística e tornam-se mais descritivas e abrangentes.
Nos dias atuais, percebemos que estamos avançados em relação ao estudo da
gramática. Porém, esses mesmos avanços, às vezes, se mostram improdutivos pela falta de
utilidade e rejeição a eles. Vimos que no período dos estoicos, a língua já começou a ser vista
em seus aspectos semânticos, sintáticos e morfológicos. Entretanto, ainda existem manuais de
gramática que ignoram alguns desses critérios. Nas escolas, o estudo gramatical se encontra
bastante mecanizado, pois a prática normativa está superando o ensino de Língua Portuguesa
através da reflexão gramatical. Em outras palavras, os alunos estão sendo ensinados apenas a
seguirem determinadas regras, que não são abordadas de uma forma abrangente e explicativa,
o que os leva, muitas vezes, à confusão e a uma real falta de aprendizado.
Neste artigo, pretendemos mostrar como o ensino das classes de palavras pode ser
utilizado, contribuindo para uma abordagem mais reflexiva da gramática dentro da sala de
aula. Como fundamentação teórica, utilizamos três gramáticas normativas - Azeredo (2004),
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Bechara (2005) e Cunha e Cintra (2008) -, que são mais limitadas em termos de descrever e
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traçar normas, formalizando a língua4; três manuais linguísticos - Macambira (1982), Castilho
(2010) e Neves (2011) -, que geralmente procuram estudar a língua analisando os fatos em
sua situação de uso, tentando explicá-los; e, por fim, três manuais didáticos - Cereja e
Magalhães (2003), Campos, Cardoso e Andrade (2009) e Souza e Cavéquia (2010) -, tentando
identificar a abordagem teórica adotada pelos autores, o que se torna fundamental para
observar como se dá o ensino na escola.
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Essa limitação está relacionada ao fato das três obras serem normativas, prescrevendo o que seria “certo” ou
“errado” na língua portuguesa.
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Ao falar de artigo, Azeredo (2004) se limita em conceituar apenas os definidos,
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afirmando que é algo que faz parte de nosso conhecimento prévio. Segundo o autor, “o artigo
definido é variável em gênero e número (o/a/os/as) e representa qualquer unidade conceitual –
coisa, ideia, ser – como parte do conhecimento prévio do interlocutor.” (AZEREDO, 2004, p.
125).
Percebemos que o autor destaca o aspecto mórfico, pois ele nos apresenta as variações
em sua forma estrutural, de acordo com as flexões de gênero e número (o/a/os/as). Apesar de
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Azeredo afirmar que o artigo definido representa “coisa, ideia, ser” sobre o qual já temos
conhecimento, há pouca exploração de aspecto semântico, e não há nenhuma do aspecto
sintático.
Bechara (2005) já amplia a sua conceituação, pois o mesmo explora os três aspectos.
Vejamos a sua conceituação:
Observamos que Bechara (2005) explora o aspecto sintático, quando afirma que o
artigo se antepõe ao substantivo; ou seja, o relaciona a outras classes. Também há, de certa
forma, a presença do aspecto semântico nas entrelinhas, pois divide os artigos em definidos e
indefinidos, afirmando que possuem papéis semânticos diferentes. E o aspecto mórfico se
mostra presente quando o mesmo apresenta-nos as flexões de gênero e número.
De acordo com Cunha e Cintra (2008, p. 219):
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semântico, ele não se encontra de maneira explícita, mas sim na forma de exemplos para
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Nessa última definição, assim como na outra, a autora faz referência ao aspecto
sintático e semântico. Veremos, posteriormente, na análise, que ela se aprofunda em outras
definições, trazendo também o aspecto mórfico.
Cereja e Magalhães (2003, p.101) definem artigo como “[...] palavras que antecedem
os substantivos, definindo-os ou indefinindo-os, particularizando-os ou generalizando-os.” Os
autores classificam os artigos em definidos - o(s) e a(s) -, que definem o substantivo,
indicando que se trata de um ser particularizado, já conhecido ou mencionado anteriormente
no discurso; e indefinidos - um (uns) e uma (umas) -, que indefinem os substantivos,
indicando que se trata de um ser qualquer entre vários da mesma espécie. De certo modo, os
autores abordam limitadamente os três critérios; entretanto, na definição principal, somente o
sintático e o semântico são apreciados, pois não nos apresentou a forma.
Campos, Cardoso e Andrade definem artigo como:
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semântico, afirmando que o artigo definido indica um substantivo determinado e conhecido,
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Começamos descrevendo como cada um dos autores faz a sua definição de artigo,
averiguando se os mesmos utilizam os critérios e se trazem uma definição clara e objetiva.
Faremos, então, uma análise mais aprofundada sobre todas as exposições e, por fim,
concluiremos as nossas reflexões a partir dessas discussões.
Azeredo (2004) faz a sua conceituação de artigo definido afirmando que ele representa
qualquer unidade conceitual como parte de nosso conhecimento prévio, além de dizer que são
variáveis em gênero e número. O autor se restringe a falar do artigo em apenas um parágrafo
da página do livro, conceituando apenas os definidos, sem sequer citar os indefinidos. Como
mencionamos anteriormente, o mesmo explora o aspecto mórfico apenas dos definidos
quando nos mostra a variação (o/a/os/as). Não há uma exploração sintática, visto que não
percebemos a definição de uma relação com outras classes de palavras.
Quando Azeredo (2004) entra no campo semântico, há uma melhor exploração neste
aspecto, pois vai exemplificando o que diz, com frases. Relembrando o que o mesmo disse, o
artigo definido representa algo de que nós já temos conhecimento prévio. Ele frisa que esse
conhecimento pode ser compartilhado pelas pessoas no sentido mais amplo possível e
também pode ser restrito a uma situação particular.
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Azeredo (2004, p. 125) afirma que “a pertinência do artigo definido pode depender,
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Cunha e Cintra (2008) foram os autores gramáticos deste trabalho que mais dedicaram
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páginas do livro para abordar a classe de palavra analisada. No capítulo nove do livro, há
várias páginas que tratam da questão dos artigos definidos e indefinidos. Eles definem o artigo
como palavras que se antepõem aos substantivos para indicar que se trata de uma classe
gramatical que identifica um objeto já conhecido do leitor ou ouvinte, ou que se trata de um
representante de alguma espécie que não foi mencionado anteriormente. No primeiro caso,
Cunha e Cintra (2008) afirmam que o artigo é definido e, no segundo, indefinido. Há a
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presença do aspecto mórfico na definição, pois os autores nos mostram as variações das
palavras o e um. Além disso, também relacionam o artigo ao substantivo, remetendo assim, ao
aspecto sintático.
O diferencial dessa gramática está em detalhar e analisar melhor a classe de palavra.
Depois da definição principal, os autores explicam as formas do artigo: as formas simples, as
formas combinadas do artigo definido e as formas combinadas do artigo indefinido. Nas
simples, apresentam as variações que os outros autores mostraram: o, os, a, as e um, uns,
uma, umas. Nas formas combinadas do artigo definido, explicam que quando o substantivo se
constrói com uma das preposições a, de, em e por, o artigo definido que o acompanha se
combina com elas. Posteriormente, falam do emprego do artigo definido com os substantivos
comuns; com os nomes próprios; e em casos especiais, falam do emprego deste artigo e a sua
repetição e omissão em alguns casos. Em seguida, partem para o emprego dos indefinidos e,
da mesma forma, apresentam vários exemplos.
Após analisar e definir o artigo segundo os autores gramáticos, percebemos que em
algumas coisas eles se assemelham e em outras se diferem. Bechara (2005) faz a utilização
dos três aspectos, assim como Cunha e Cintra (2008). Porém, o segundo livro apresenta uma
clareza e amplitude maior na abordagem da classe. Azeredo (2004) se destaca no tocante ao
aspecto semântico, pois o mesmo só aponta esta característica e não traz muitas explicações
abrangentes em relação ao artigo.
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superlativos; frisa a semelhança que ele tem com o pronome. Assim, Macambira (1982)
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precedência é mediata quando figura, como no exemplo, o vocábulo “bom” e suas flexões: “o
bom doutor, a boa doutora, os bons doutores, as boas doutoras”.
Sobre o aspecto semântico, Macambira (1982) diz que é a palavra que particulariza ou
generaliza um substantivo, conforme se fale em artigo definido e indefinido. Mas o mesmo
contraria o que diz, pois afirma que essa definição não deve ser sustentada, devido a ter outras
palavras que particularizam ou generalizam também, mesmo sem serem artigos, como os
pronomes meu, qualquer e etc. Por isso, o autor acredita que o artigo deveria ser estudado na
classe do pronome.
Castilho (2010) diz que artigo é um marcador pré-nominal, associado ao substantivo.
O autor mostra muitas diferenças que existem entre o artigo definido e indefinido, afirmando
que o último é, na verdade, um pronome. Após a definição, ele parte para as propriedades
gramaticais desta classe, destacando a ausência e presença do artigo, e o mesmo como
marcador de número. Do ponto de vista da sintaxe, há uma indiferença na presença ou na
ausência da classe.
Ao partir para o critério semântico, Castilho (2010) salienta que o artigo apresenta
duas propriedades: assinala que o referente do substantivo é identificável e que o referente do
substantivo tem uma descrição definida. Finaliza abordando as propriedades discursivas do
artigo. No geral, o autor faz uma exploração dos três aspectos, porém de forma aglutinada,
dificultando um pouco o conhecimento. No aspecto mórfico, mostra as variações de gênero e
número; no sintático, ao relacioná-los com substantivos, fala da presença ou ausência do
artigo; no semântico, quando parte para a questão discursiva, aponta a determinação e
indeterminação. Entretanto, se for considerado apenas o conceito primeiro e principal do autor
sobre o artigo, há apenas o critério sintático.
No tocante à classe gramatical artigo, Neves (2011) divide-o em definido e indefinido.
Ao falar de artigo definido, em relação ao seu emprego, a autora afirma que ele precede o
substantivo e ocorre comumente em sintagmas nos quais estão inclusas informações que o
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falante e o ouvinte conhecem. O uso do mesmo é totalmente dependente do conjunto de
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circunstâncias, sejam elas linguísticas ou não, que envolvam a produção do enunciado. Diz
também que o artigo definido ocorre, de modo geral, em sintagmas referenciais e que sua
definição é obtida no contexto tanto linguístico, como extralinguístico. Logo em seguida,
discute sobre a função do artigo definido, passível de ser interpretada sob dois aspectos
diferentes: o da determinação, em que o artigo é tido como simples determinante do
substantivo; e o da substantivação, o artigo definido precedendo outros elementos que não são
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o substantivo.
Neves (2011, p. 513) ressalta que os artigos indefinidos “[...] são palavras não fóricas
[...] [usadas] antes de substantivos quando não se deseja apontar ou indicar a pessoa ou coisa a
que se faz referência, nem na situação nem no texto.” O sintagma nominal com artigo
indefinido apresenta uma pessoa ou coisa simplesmente por referência à classe particular a
qual ela pertence, ou seja, apresenta-a como elemento de uma classe.
No livro Gramática reflexiva, dos autores Cereja e Magalhães (2003), percebemos que
eles se utilizam de alguns gêneros textuais, a exemplo de poemas, para explorar a classe
gramatical artigo nos exercícios, e através deles, são exploradas a leitura e a interpretação.
Logo em seguida, os critérios mórfico, sintático e semântico ficam evidenciados nas questões
propostas.
Cereja e Magalhães (2003), ao definirem artigo, utilizam os três critérios. Utilizam o
aspecto mórfico quando apresentam as flexões de gênero e as flexões de número do artigo
definido (o/a/os/as) e dos indefinidos (um,/uma/uns/umas), apesar de não ser na definição
principal. Já em relação ao sintático, percebemos a utilização deste aspecto quando afirmam
que são palavras que antecedem os substantivos. Em relação ao aspecto semântico,
apresentam a classificação do artigo em definido, que define o substantivo, indicando que se
trata de um ser particularizado, conhecido ou mencionado anteriormente no discurso; e
indefinido, que indefine o substantivo, indicando que se trata de um ser qualquer entre vários
da mesma espécie.
Após o conceito, os autores propõem uma atividade com duas questões. Na primeira
questão, o artigo é trabalhado no aspecto semântico, já que pedem para classificar os que
forem encontrados em uma trova. Há também a presença do aspecto sintático na mesma
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questão, pois perguntam o porquê do artigo o ter sido empregado antes do substantivo. Já na
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segunda questão, solicitam que seja completada uma receita, empregando os artigos definidos
e indefinidos adequadamente. Nesta questão, vimos sendo tratado o critério semântico, já que
é preciso que o aluno diferencie o uso dos artigos - definido ou indefinido -, de acordo com o
contexto. Também trata do aspecto sintático, pois pedem ao aluno que faça a contração do
artigo com outra classe de palavra. Nesse livro é muito trabalhada a questão semântica e a
reflexão acerca do artigo, pois como o título do mesmo sugere, é uma gramática reflexiva.
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Por meio de uma abordagem diferente, Campos, Cardoso e Andrade (2009), no livro
Viva Português: Língua portuguesa, conceituam o artigo de forma limitada no que se refere
ao critério mórfico, já que apresentam a flexão de gênero e número sem mostrar as formas.
Usam o critério sintático ao definirem o artigo como sendo palavras colocadas antes do
substantivo. Utilizam também o critério semântico, ao afirmarem que o artigo definido indica
um substantivo determinado e conhecido; e o indefinido, um não determinado e
desconhecido.
Percebemos que as autoras relacionam as explicações e os exercícios propostos,
sempre com a classe gramatical substantivo. Vejamos esse trecho:
Vimos também que as autoras exploram os artigos de forma bem reduzida, trazendo
apenas um exercício para explorar o conteúdo. Na primeira questão, pedem que os alunos
encontrem os substantivos nas frases que foram adaptadas da reportagem sobre o carnaval e,
em seguida, copiem no caderno, reconhecendo-as, para depois sublinharem. Na segunda
questão, solicitam que os alunos circulem a palavra que está imediatamente antes dos
substantivos sublinhados. Na terceira, afirmam que as palavras que foram circuladas na
questão anterior são artigos e pedem que as copiem no caderno, organizando-as em dois
grupos, mas sem repeti-las. No item “a”, o grupo dos artigos que determinam os substantivos
de forma precisa (artigos definidos); e no item “b”, o grupo dos artigos que determinam os
substantivos de forma vaga. Fica nítido que as autoras utilizaram pouco os gêneros textuais
para introduzirem o conteúdo artigo, dedicando apenas um exercício de fixação que, apesar
disso, provoca uma reflexão.
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Para finalizarmos as análises dos manuais didáticos, buscamos as autoras Souza e
SOUZA, Francineide Pereira de Souza; OLIVEIRA, Lúcas Cézar de. A CLASSE DE PALAVRA ARTIGO EM UMA PERSPECTIVA
Cavéquia (2010) com o livro Linguagem: criação e interação que, de forma parecida com a
dos autores anteriores, definem o artigo, dizendo que são palavras que acompanham os
substantivos, com a intenção de defini-los ou indefini-los, generalizá-los ou particularizá-los.
Utilizam-se aqui do aspecto mórfico, já que mostra a forma; assim como o sintático, até de
uma forma mais aprofundada que os outros autores; além do aspecto semântico, ao dizerem
que particularizam ou generalizam o substantivo.
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Em uma das questões das atividades, Souza e Cavéquia (2010, p. 91) sugerem que os
alunos leiam as frases:
Mariana levou seu filho ao zoológico. Lá, o menino ficou com medo do leão;
Mariana levou seu filho ao zoológico. Lá, um menino ficou com medo do leão.
Em seguida, pedem para que expliquem a diferença de sentido causada pelo uso do
artigo. Notamos que as autoras utilizam o aspecto semântico nesta questão, por pedirem que
expliquem essa diferença atribuída a cada artigo (um definido e o outro indefinido).
FINALIZANDO OS PENSAMENTOS
O artigo é uma classe de palavra bastante simples. Não possui muitas formas, regras
complexas, nem muitas particularidades. Assim, podemos deduzir que explorar os três
aspectos em uma classe dessa forma não seria uma tarefa tão complicada. Apesar disso, ainda
há alguns manuais que apresentam uma limitação em relação a ela. Alguns, por não
considerarem o artigo como classe de palavra, deixam de explicá-los de uma forma clara, ou
completa. Uns, por o acharem simples demais, não se aprofundam. Já outros se aprofundam
demais, tentando provar para o leitor que o artigo não deveria ser estudado separadamente,
como uma classe independente. Enfim, podemos notar várias perspectivas que convergem.
Em relação aos manuais gramaticais, percebemos que os autores se assemelham na
maioria das definições. Bechara (2005) e Cunha Cintra (2008) fazem a utilização dos três
critérios em sua definição, apesar do segundo falar do aspecto semântico apenas com
exemplos. Cunha e Cintra (2008) fazem uma análise melhor e mais aprofundada do que os
outros autores em questão. Quem não se deteve em falar muito do artigo foi Azeredo (2004),
que explorou bem apenas o aspecto semântico, somente dos artigos definidos, não falando
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nada a respeito dos indefinidos. Este autor não aborda uma exploração sintática na definição,
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e só utiliza um pouco do aspecto mórfico, mas de forma incompleta, por não nos apresentar as
formas e variações dos artigos indefinidos.
Os linguistas sinalizados nesta pesquisa são unânimes em um ponto: o de acharem
inadequado haver uma classe de palavra para o artigo. Os três autores, em algum momento do
livro, atestam e confirmam que o artigo é, na verdade, uma subclasse dos pronomes.
Macambira (1982) explora muito bem os três aspectos e vai explicando os fatores que levam o
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artigo a ser estudado na classe dos pronomes. Castilho (2010) faz uma exploração dos três
aspectos no decorrer das explicações, porém de forma aglutinada, dificultando um pouco o
conhecimento, além disso, na definição principal, utiliza apenas o sintático. Neves (2011),
assim como os outros linguistas, aborda também os três aspectos. O problema que
encontramos a partir desta análise é o fato de os linguistas não colocarem todas as explicações
em uma definição só. Se for levada em consideração apenas a definição, muitos não irão
abarcar os três aspectos. Não há apenas um conceito, mas vários conceitos.
Os livros didáticos, em sua maioria, conseguem apresentar uma definição de artigo.
Percebemos a presença da reflexão da classe de palavras de uma forma geral. Os três livros
didáticos analisados abordam os três aspectos, entretanto, não tratam do mórfico na definição
principal. Porém, logram êxito ao tratar da questão semântica, principalmente em relação às
atividades propostas para os alunos compreenderem a utilização prática dos artigos definidos
e indefinidos. Em relação ao critério sintático, quem se sobrepõe são as autoras Souza e
Cavéquia (2010), por apresentarem, antes de definirem artigo, uma explicação sobre os
substantivos. No aspecto mórfico, Cereja e Magalhães (2003) fizeram bem ao explicar de
forma clara e consistente a flexão e classificação dos artigos logo após a definição.
Vimos que cada um tem uma forma de definir o artigo e que, na maioria dos manuais
analisados, felizmente, há a exploração dos três aspectos. Então, com base nas contribuições
teóricas dos autores estudados, podemos sugerir o seguinte conceito para esta classe
gramatical:
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– o e um – que sofrem flexão de gênero (masculino e feminino) e número (singular e
SOUZA, Francineide Pereira de Souza; OLIVEIRA, Lúcas Cézar de. A CLASSE DE PALAVRA ARTIGO EM UMA PERSPECTIVA
plural), nos definidos (o, a, os, as) e indefinidos (um, uma, uns, umas).
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Elizabeth Marques; CARDOSO, Paula Marques; ANDRADE, Silvia Letícia. Viva
Português: Língua Portuguesa: 6º ano. 2 ed. São Paulo: Ática, 2009.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto,
2010.
LOBATO, Lúcia Maria Pinheiro. Sintaxe gerativa do português. Belo Horizonte: Belo
Horizonte, 1986.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos de português. 2 ed. São Paulo: Editora
Unesp, 2011.
SOUZA, Cássia Leslie Garcia de; CAVÉQUIA, Márcia Paganini. Linguagem: criação e
interação: 6º ano. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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