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Lemos nos evangelhos que Jesus enviou seus doze discípulos em grupos de dois: “E, convocando

os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, para curarem
enfermidades. E enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos” (Lc.9). Interessante
observar que entre os doze existia um que posteriormente seria chamado de “filho da perdição”,
que foi Judas. Ou seja, Judas também expulsou demônios e curou enfermos, pois os doze, que
incluia Judas, receberam poder para isso.

Lemos depois que Pedro, embora também expulsasse demônios e curasse enfermos, ainda não era
convertido. Isso fica claro na palavra que Jesus dirigiu a ele: “e tu, quando te converteres,
confirma teus irmãos” (Lc.22:32).

Lemos também que Tiago e João quiseram fazer descer fogo do céu e matar os samaritanos que
não receberam a Jesus (Lc.9:54). A palavra que o Senhor dirigiu a eles mostra que também ainda
não haviam se convertido: “Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que
espírito sois” (Lc.9:55).

Posteriormente vamos encontrar no livro de Atos os relatos dos milagres feitos ATRAVÉS dos
apóstolos, sendo que não encontramos nenhum deles advogando como prerrogativa sua tais feitos.
Encontramos Paulo e Barnabé recusando qualquer tipo de adoração e bajulação, impedindo até
mesmo que fossem feitos sacrifícios em oferta a eles (Atos 14).

Podemos observar nitidamente uma pequena diferença entre os apóstolos e irmãos bíblicos para
alguns de nossos contemporâneos, facilmente identificada no cristocentrismo e no egocentrismo.
Os irmãos narrados na Bíblia rejeitavam e recusavam qualquer glória ao ego, reconhecendo que o
poder estava no NOME de Jesus, e não neles mesmos. Por pensar assim o apóstolo Paulo orienta
aos irmãos a buscar os dons espirituais, não advogando que tais dons fossem somente para ele e
demais líderes da igreja: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons” (1Co.12:31).

Contudo temos visto hoje alguns que ainda afirmam que o poder está no nome de Jesus, mas
tomam a glória da ação deste poder como se somente através deles isso pudesse acontecer. Desta
forma vemos as propagandas do “venha aqui, pois aqui acontece”, como se em outros lugares e
ministérios o poder de Deus não pudesse se manifestar. Ao afirmarem que “aqui é diferente”,
separam-se do Corpo, pois o corpo sem a Cabeça nada pode de si mesmo. Desta forma, fazendo-se
cabeças de si mesmos, usurpando a glória que pertence a Cabeça, que é Cristo, já que o poder está
no NOME que está acima de todo nome, recebem a adoração que é devida a Deus, alimentando
egos que, cada vez mais inflados, tornam-se cada vez mais egocêntricos, desejosos de satisfazer
plenamente a carne.

Daí ver um líder dizendo que amaldiçoa a todos que se levantarem contra o seu ministério passa a
ser facilmente compreensível, pois temos o exemplo bíblico de Tiago e João que queriam matar os
samaritanos. E eles, embora expulsassem demônios e curassem enfermos, ainda não haviam se
convertido.

Daí ver líderes que se dizem cheios de coragem e que “pisam na cabeça do diabo” mas tremem de
medo sob a possibilidade de uma perseguição secular ditatorial passa a ser facilmente
compreensível, pois temos o exemplo bíblico de Pedro que ousou sair do barco e andar sobre o
mar (Mt.14), e ainda enfrentou a turba que saiu a prender a Jesus, cortando a orelha de Malco,
servo do sumo sacerdote (Jo.18), mas que depois negou ao Senhor por três vezes dizendo “não O
conheço”. Embora expulsasse demônios e curasse enfermos, Pedro ainda não havia se convertido.

Daí ver gente querendo comprar o poder de Deus através de contribuições financeiras, imaginando
que assim tornar-se-á mais espiritual e poderoso, fazendo-se a si mesmo senhor da relação Deus-
homem, propondo ofertas financeiras como penhor diante de Deus (e tudo isso estimulado pelos
líderes adorados), torna-se facilmente compreensível, porque temos o exemplo bíblico de Simão, o
mágico, que embora tenha crido achou que o poder poderia ser obtido através do dinheiro (Atos
8). Mas a resposta de Pedro é curta e grossa: “Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo
para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro”.

Daí ver gente oferecendo sacrifícios financeiros (os líderes não exigem outros tipos) imaginando
que assim obterão cobertura espiritual e desta forma nenhum mal poderá chegar a sua tenda,
independentemente de sua conduta, passa a ser compreensível, pois temos o exemplo bíblico do
povo de Israel que transformou o sacrifício vicário em mero ritual, numa ação cíclica, pecando e
sacrificando, pecando e sacrificando, pecando e novamente sacrificando, onde o arrependimento
não tinha mais lugar. Bastava o sacrifício e estava tudo resolvido. E assim também HOJE não se
fala e nem se ouve mais a palavra arrependimento em alguns lugares. Basta o sacrifício. Como
dizem, tem que ter um sacrifício no altar. Mas em qual altar, já que o altar do crente é a cruz onde
o Cordeiro morreu?

Amados, expulsar demônios e curar enfermos é obra de Deus, através do NOME de JESUS.
Embora ainda não convertidos, os setenta discípulos voltaram admirados porque os demônios se
sujeitavam a eles (Lc.10). Mas na própria palavra deles fica fácil compreender porque isso
acontecia: “E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se
nos sujeitam”. Ou seja, os demônios não se sujeitam a homens, mas ao NOME de JESUS, o Nome
que está cima de todo nome.

Interessante como Mateus 7:21-23 se torna tão cristalino: “Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome
não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”.

Atentem para o que o próprio Senhor Jesus está dizendo: Expulsar demônios, profetizar e fazer
maravilhas não é fruto digno de arrependimento. Frutos de arrependimento é conduta moral,
mediante aquilo que convencionamos chamar de ética cristã. Ou se tem, ou não se tem.

Portanto, amados, se Cristo é o centro de minha vida e de meu ministério, a Ele toda glória, honra
e louvor. Mas se eu sou o centro de meu ministério, a glória, a honra e o louvor já não são mais de
Cristo, mas de mim, que as recebo. E se as recebo, já não estou mais no Corpo, pois me fiz a mim
cabeça de mim mesmo. E se assim procedo, já sou ladrão, pois me aproprio do NOME de Cristo
para proveito próprio, usando e apresentando o poder de Deus como se meu fosse.

Contudo, graças a Deus estou livre disto. Porque tenho plena convicção que de mim mesmo nada
tenho e nada posso. E me esforço para manter-me sempre consciente disto. E se algum dia eu falar
diferente, ignorai-me. Estarei louco. E quem dá ouvidos a louco é mais louco que o louco.

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