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VOLUME 2 à cultura paulista por meio da valorização de seu passado e dos traços Nos três livros e nos demais produtos de Terra Paulista, o
Modos de vida dos paulistas: identidades, famílias e característicos de suas comunidades parece ter sido plenamente alcança- que se pretende é estimular um olhar crítico para a formação
espaços domésticos cultural do interior do Estado de São Paulo. Um olhar que parte
do pela qualidade dos estudos aqui apresentados. do presente para estabelecer uma série de diálogos de diferen-
A gente paulista e a vida caipira
Luís Roberto de Francisco Apaixonado pela iconografia da capital, frustrou-me sempre não poder tes matizes: presente/passado; rural/urbano; antigo/moderno;
campo/cidade; regional/nacional; nacional/estrangeiro e tantos
APOIO
histórias | arte | costumes
Governador Geraldo Alckmin
Secretário-Chefe da Casa Civil Arnaldo Madeira
A formação do
Estado de São Paulo,
seus habitantes
e os usos da terra
século XX.
des de suas gentes e terras. Mas valeu a espera, para ser atendi-
São Paulo, tão mais raras que as das grandes cidades do litoral
rões do interior.
que a capital paulista está mais voltada para fora do país do que
metrópole.
21 Introdução
97 Os frutos do caminhar
191 Bibliografia
A delimitação territorial
Com base nesses pressupostos, o critério para a delimitação
do nosso objeto de estudo foi o território no qual os diferentes
grupos sociais criaram seus modos de vida. Selecionamos três
regiões que foram importantes para a expansão das principais
atividades econômicas da formação do Estado de São Paulo, o
bandeirantismo e as culturas de víveres, o açúcar e o café. A
capital não foi escolhida como objeto de investigação, mas se faz
presente na medida em que interage com as regiões seleciona-
das como um universo de referência para sua formação.
As regiões selecionadas foram:
O vale do médio Tietê, região de partida de bandeiras e
monções para os sertões, de ligação com a região sul e, poste-
riormente, área de fazendeiros de açúcar e café;
O Vale do Paraíba, região de partida de bandeiras para a
região das Minas e, posteriormente, área de canaviais e da entra-
da da cultivo do café em São Paulo;
3 Machado semilunar em
gnaisse, encontrado em
Bragança Paulista, s.d.
Peças de função cerimonial, os
machados semilunares localizados
no interior paulista são um teste-
munho do alto grau técnico que
os índios detinham no polimento
de pedras como o gnaisse.
8 e 9 “João Ramalho” e
“Tibiriçá”, de José Wasth
Rodrigues, s.d.
Realizados sem nenhuma repre-
sentação visual do século XVI que
os embasasse, os retratos
idealizados de João Ramalho e
Tibiriçá fizeram parte de um
projeto oficial do Museu Paulista
que, nas primeiras décadas do
século XX, utilizou as artes plásti-
cas para a construção de símbolos
heróicos para os paulistas.
1 O pau-brasil era extraído no onde já era possível a navega- bandeirantes nas origens de São
litoral desde o atual Estado do ção. O uso intensivo do rio Paulo. São Paulo: Companhia
Rio Grande do Norte até o Rio como via de penetração no das Letras, 1994, p. 38.
de Janeiro. interior deverá esperar até o 15 No caso do rio Tietê, a navega-
2 Relatório de Américo Vespúcio primeiro quartel do século ção torna-se possível somente
ao rei D. Manuel, 1502. Apud XVIII, após a descoberta do até as proximidades onde foi
BUENO, Eduardo. Náufragos, ouro de Cuiabá. fundado o povoamento de
traficantes e degredados. Rio de 9 Santo André da Borda do Santana de Parnaíba. A partir
Janeiro: Objetiva, 1998, p. 65. Campo não corresponde à desse ponto até Salto, o Tietê
3 O número de índios, provavel- atual Santo André. Sua locali- é repleto de corredeiras que
mente, é exagerado. Roteiro zação ainda suscita muitos não permitem a navegação.
da viagem de Diogo García ao debates. Foi a terceira vila da 16 A agricultura da cana-de-açú-
Rio da Prata. Apud Revista do capitania, depois de São Vi- car terá mais êxito, a partir do
Instituto Histórico e Geográ- cente (1532) e Santos (1545). século XVII, nas regiões que
fico Brasileiro. Vol. 15. Rio de 10 GONZÁLEZ, Rafael Ruiz. A vila abrangem as atuais cidades de
Janeiro: Instituto Histórico, de São Paulo durante a união Sorocaba, Piracicaba, Itu e
Geográfico e Etnográfico do das coroas: estratégias políti- Porto Feliz.
Brasil, 1852, p. 9. cas e transformações jurídicas. 17 José de Anchieta ao Padre
4 Islário de Afonso de Santa Cruz, Tese de doutorado. São Paulo: Inácio de Loyola, set. de 1554.
1530. Apud LUIZ, Washington. USP/ FFLCH, 2002, p. 22. Apud GONZÁLEZ, Rafael Ruiz.
Na Capitania de São Vicente. 11 Carta de Tomé de Sousa, 1.º Op. cit., p. 30.
São Paulo: Livraria Martins, de junho de 1553. Apud GON- 18 Tibiriçá, após o batismo, rece-
1956, p. 48. ZÁLEZ. Op. cit., p. 22. beu o nome de Martim Afonso
5 KLOSTER, W e SOMMER, F. 12 Segundo Darcy Ribeiro, o Tibiriçá.
Ulrico Schmild no Brasil qui- cunhadismo foi uma institui- 19 José de Anchieta ao Padre
nhentista. São Paulo: Typ. Gu- ção social que contribuiu para Inácio de Loyola, out. de 1554.
tenberg, 1942; SOUSA, Gabriel a formação do povo brasileiro. Apud GONZÁLEZ, Rafael Ruiz.
Soares de. Tratado descritivo “Velho uso indígena de incor- Op. cit., p. 30.
do Brasil em 1587. 2.ª ed. São porar estranhos à sua comuni- 20 GONZÁLEZ, Rafael Ruiz. Op.
Paulo: Nacional, 1971; DIAS, dade. Consistia em lhes dar cit., p. 34.
Carlos Alberto Ungaretti. A es- uma moça índia como esposa. 21 Alguns autores atribuem esse
colha de Tibiriçá: a sujeição Assim que ele a assumisse, fato a uma segunda fundação
pela fé. Tese de doutorado. São estabelecia, automaticamente, da cidade, dado que em 1560
Paulo: USP/FFLCH, 2001, p. 84. mil laços que o aparentava São Paulo foi elevada à condi-
6 Apud GONÇALVES, Daniel com todos os membros do ção de vila.
Issa. O Peabiru: uma trilha grupo”. Para essa discussão, 22 Veja também: Jesuítas e colo-
indígena cruzando São Paulo. ver RIBEIRO, Darcy. O povo bra- nos na ocupação do Planalto.
Cadernos de Pesquisa do LAP, sileiro. São Paulo: Companhia In: MONTEIRO, John. Op. cit.,
n.º 24. São Paulo: Faculdade das Letras, 1999, p. 81 e ss. p. 36 e ss.
de Arquitetura e Urbanismo, 13 AB’ SABER, Azis et al. História 23 São Paulo enfrentou, em 1562,
mar./abr. de 1998, p. 6. geral da civilização brasileira: um cerco liderado por Piquero-
7 Apud GONÇALVES, Daniel Do descobrimento à expansão bi, irmão de Tibiriçá, e por seu
Issa. Op. cit., p. 6. territorial. Introdução de Sérgio sobrinho Jaguaranho.
8 No século XVI, a utilização do Buarque de Holanda. Vol. 1, to- 24 BOXER, Charles R. O. O Impé-
rio Tietê para atingir os sertões mo 1. 13.ª ed. Rio de Janeiro: rio marítimo português, 1415-
ocorrerá de forma esporádica Bertrand Brasil, 2003, p. 144. 1825. São Paulo: Companhia
e somente de algum ponto 14 Manuel da Nóbrega a D. João III, das Letras, 2002, p. 110.
abaixo do salto do Ytu (no out. de 1553. Apud MONTEIRO, 25 Manuel da Nóbrega. Carta
atual município de Salto), John. Negros da Terra: índios e escrita no planalto de Pirati-
2
buíram para incentivar o distanciar-se, o aprofundar-se em terras
desconhecidas, o agir com uma liberdade que o horizonte inex-
plorado parecia oferecer de modo irresistível.
Quanto aos fatores socioculturais, cabe ainda lembrar a
sociedade híbrida de branco e índio que se desenvolveu em São
Paulo. Esse fenômeno ocorreu em praticamente toda a colônia.
Mas não foi exatamente em toda a colônia que o português aco-
plou o viver e o saber indígena ao seu próprio viver de maneira
tão intensa e cotidiana como ocorreu em terras paulistas. Por
diversas vias, esse contato fez-se profundo desde a primeira
metade do século XVI. Basta lembrar a saga de João Ramalho e
o papel - prático e também emblemático - que ele e Bartira cum-
prem no processo de instalação dos brancos no planalto. A cap-
tura de nações inteiras, a utilização dos caminhos indígenas (os
peabirus), o largo emprego do gentio nas roças e nas próprias
expedições, a proliferação de aldeias jesuíticas ao lado das vilas
pioneiras, a inserção das índias na vida doméstica, inclusive como
concubinas, a adoção sistemática de mamelucos bastardos como
filhos legitimados, o amplo uso da “língua geral”, de origem
indígena. Todos esses são indicadores de que os hábitos culturais
dos povos nativos inseriram profundas marcas no viver paulista.
E próprio desse viver indígena era o seminomadismo, a vocação
para o movimento. Própria do índio era a facilidade para o des-
locamento, a migração, a troca de locais para o estabelecimento
de suas aldeias, a mobilidade que visava encontrar novos recur-
sos. Ou que, inclusive, atendia a desejos menos imediatos, como
os deslocamentos em busca da Yby Marã-e’y’ me, a Terra sem
Males, referidos por cronistas dos primeiros tempos. A Terra Sem
Males era, na crença dos grupos tupis, aquela onde viviam seus
antepassados, onde os frutos cresciam sem que fossem cultiva-
dos e onde nada se fazia, a não ser dançar alegremente. Por
vezes era localizada, miticamente, a leste, e por vezes a oeste.
Alguns estudiosos acreditam que a trama de caminhos conheci-
dos como peabirus visasse, além de prover o acesso à caça e a
outras aldeias, demandar à desejada Yby Marã-e‘y‘ me.6
O sertão foi, portanto, a resposta adequada a todos esses
fatores condicionantes do viver paulista. Substituto para o mar,
enquanto caminho, espaço de liberdade, promessa de sustento,
glória e recompensa. O sertão possibilitou a consagração da
expressão verbal mais paulista dentre todas, dos fins do século
XVI ao início do XVIII: “buscar remédio”. Os documentos colo-
niais, em vez de se referirem a prear índios, procurar ouro ou
pedras, valem-se com muito maior freqüência dessa expressão
para justificar a ausência de um homem de sua vila. Buscar socor-
ro para a pobreza, para a necessidade, eis o que está contido na
frase. Compensar, caçando índios, a impossibilidade de comprar
escravos africanos para as roças, numa capitania sabidamente
escassa de recursos. E, mais tarde, compensar, à custa de ricos
veios de ouro ou de pedraria, as limitações de uma lavoura que
não conseguia constituir em São Paulo fortunas que se aproxi-
massem daquelas dos ricos senhores dos engenhos de
Pernambuco e da Bahia. Essa motivação, eminentemente prática,
se estende a três distintos fenômenos dentro da história paulista:
o bandeirismo ou bandeirantismo, o movimento monçoeiro e o
tropeirismo. Todos os três, em épocas diferentes, surpreendem
pela mobilidade exigida, pela audácia cobrada, pela necessidade
de criar caminhos e pelo estabelecimento de novas fronteiras.
Mas todos os três vêm marcados pela premência de ir. Pela neces-
sidade de buscar remédio, dedicando-se a um fazer alternativo às
atividades sedentárias. Não se trata da aventura pela aventura,
mas sim de varar sertões para buscar índios, ouro, pedras, mulas,
ou para levar pólvora, ferramentas, panos, sal e homens, pela
mais estrita necessidade, pelo caráter mais pragmático possível,
aos olhos dos que perceberam que, se ficassem entregues à pla-
cidez de suas vilas pobres e de suas roças limitadas, estariam se
condenando à penúria e à escassez, pondo mesmo em risco sua
permanência no planalto.7 Ou, como bem observou o historiador
Sérgio Buarque de Holanda, “a maior mobilidade, o dinamismo
da gente paulista ocorre, nesse caso, em função do mesmo ideal
de permanência e estabilidade”, sendo que, curiosamente, os
3 “O Anhangüera”, de
Luigi Brizzolara, 1924.
“Acharei o que procuro ou mor-
rerei na empresa.” Os dizeres
grafados na base da monumental
estátua de Bartolomeu Bueno
da Silva, o Anhangüera, inaugura-
da na avenida Paulista em 1924,
comunicavam aos cidadãos de São
Paulo a necessidade de guiarem-
se pelo exemplo empreendedor
do bandeirante que conquistara
Goiás no século XVIII.
O descimento
Quanto às suas motivações, as bandeiras tiveram como pri-
meiro grande objetivo a caça ao índio, ou “descimento”, ou ainda
“redução do gentio”, na linguagem da época. Frei Vicente do Sal-
vador esclarece que, antes mesmo de se iniciar a colonização ofi-
cial do Brasil, os indígenas já tinham o hábito de vender aos bran-
cos do litoral os prisioneiros que faziam de outras tribos. Essa ocor-
rência incipiente toma vulto com a necessidade de braços para a
lavoura. Na região vicentina, os contatos iniciais ocorridos no pla-
nalto, entre brancos e índios, colocaram muitos destes últimos na
condição de parceiros relativamente espontâneos da obra de colo-
nização. Pouco adiante, porém, a prática dos assaltos violentos às
aldeias se impôs. A capitania, de recursos limitados, não tinha
como custear a vinda de grandes contingentes de “tapanhunos”,
como se chamavam em São Paulo os negros trazidos da África,
cujo preço era, em média, cinco vezes superior ao de um índio.
O gentio jamais foi um escravo formalmente declarado
como tal. A Coroa portuguesa, atendendo às pressões da Igreja
e, particularmente, da Companhia de Jesus, enquadrou-se ofi-
cialmente na visão do humanismo europeu da época. O índio
deveria poder dispor de sua pessoa livremente, não podendo
reduzir-se à escravidão. Esse entendimento - e sua transgressão,
em especial pelos paulistas - foi objeto de bulas papais, de car-
tas aos superiores das ordens religiosas, de sermões enfurecidos,
do envio de advertências régias aos colonos. Esforço vão, já que
para a escravização do índio foram desenvolvidos meios e fórmu-
las dissimulados. Em princípio, abriu-se apenas a possibilidade da
“guerra justa”, admitida pela Coroa, aquela procedida para
defesa contra tribos hostis. Disso resultou que inúmeras ações de
aprisionamento de índios passaram a ser classificadas como
“guerra justa”, indiscriminadamente, acusando-os de atacarem
os brancos, de comerem os que lhes caíam às mãos. Tornou-se
comum a prática de provocar o índio, invadindo seu território e
levando-o a reagir, com o que se configurava o “ataque” e, por-
tanto, a justificativa para a “guerra justa”. Além disso, o exame
de testamentos e inventários coloniais paulistas mostra o farto
emprego de expressões que visavam disfarçar uma realidade de
5 e 6 “O ciclo da caça ao
índio”, tela de H. Bernardelli,
1923 (à esquerda); “Fernão Dias
Paes Leme”, escultura em már-
more de Luigi Brizzolara, 1922
(à direita).
Em mármore ou em óleo sobre
tela, as obras de arte do Museu
Paulista procuraram fixar a
imagem do bandeirante impo-
nente, com roupas, chapéus e
botas que dificilmente poderiam
ser usadas ou mantidas intactas
nas longas travessias.
A revelação do ouro
Quanto à busca de metais e pedras, Martim Afonso de
Sousa foi o primeiro a despachar duas expedições oficiais para
o interior, uma delas foi dizimada por índios, sem obter nenhum
resultado. Em São Vicente repetiu-se o insucesso de outros
pontos da colônia. É certo que foi encontrado algum ouro, ainda
no século XVI, em Paranaguá, Curitiba, em Parnaíba (Santana de
Parnaíba), e nos arredores do Pico do Jaraguá paulistano. Isso
motivou inclusive a instalação de uma casa da moeda e a cunha-
gem de moedas de ouro paulistas, chamadas “São Vicente”.
Contudo, tratava-se de metal em tão escassa quantidade que
não representou nenhuma alteração dos padrões de vida modes-
tos que as vilas vicentinas conheciam. Existiam as lendas, as nar-
rativas fantásticas, o sonho com a serra dos Martírios, Manoa do
Eldorado, a Sabarabuçu15, a crença de que o sertão era caminho
curto e certo para as minas de Potosí, na Bolívia, e para o ouro
do Peru. Todas essas esperanças extraordinárias, contudo, logo
cederam espaço para o apresamento do índio, que representava
“remédio” mais imediato e seguro.
A busca sistemática de metais preciosos e pedras só tomou
vulto, portanto, numa outra conjuntura política e econômica, na
segunda metade do século XVII. Após a Restauração, libertando-
se da Espanha, o reino de Portugal deparou-se com uma situa-
ção econômica precária e perigosa. Os gastos com a guerra con-
tra os castelhanos haviam exaurido as finanças. Parte considerá-
vel das Índias havia sido perdida para os holandeses. O açúcar
brasileiro enfrentava a concorrência daquele das Antilhas.
Inglaterra, Holanda e mesmo França emergiam como potências
ameaçadoras, diante das quais os portugueses temiam pela
perda de suas possessões. Duas foram as estratégias concebidas
para enfrentar a crise. Uma delas, o arrocho do jugo colonial
sobre o Brasil, centralizando-se a administração e aumentando a
presença da Coroa, para garantir o máximo aproveitamento dos
recursos do território. A outra, o estabelecimento de uma parce-
8 “O convento franciscano
de Taubaté”, de Thomas Ender,
1817.
Fundado em 1673, o convento
franciscano de Santa Clara, ainda
existente em Taubaté, é um dos
últimos remanescentes
arquitetônicos erguidos durante o
período colonial naquela que foi
uma das mais importantes vilas
bandeiristas da capitania.
Um rosário de martírios
Com a abertura das minas em Cuiabá firmou-se a navega-
ção fluvial a partir de Araritaguaba e abriu-se o período das
grandes monções propriamente dito. Por cerca de um século, ou
seja, da década de 1720 à de 1820, zarparam do tosco atraca-
douro expedições que, entre si, podiam se diferenciar quanto ao
porte: de meia dúzia de embarcações temerariamente agrupadas
até as 100 canoas da comitiva do ouvidor-geral Dr. José Gon-
çalves Pereira, em 1735. Ou mais ainda, como as 308 canoas que
conduziram o capitão-general de São Paulo, Rodrigo César de
Menezes e mais 3 mil acompanhantes, em 1726. Expedições
que também se diferenciavam quanto ao objetivo principal que
as movia. Algumas eram oficiais, chamadas reiúnas, e se destina-
vam à condução de autoridades designadas pela Coroa ou ao
transporte de tropas de linha e apetrechos de guerra para a nova
província mineral, além do escoamento dos impostos reais.
11 Representação da foz do Outras, a maioria delas, estabeleciam simplesmente a ligação
Piracicaba junto ao Tietê, de entre dois pontos da colônia e se destinavam ao inevitável trân-
Hercules Florence, 1826
sito de pessoas - mineradores, artesãos, comerciantes, clérigos,
O encontro dos rios Tietê e
mulheres -, de manufaturados e gêneros que as minas não pro-
Piracicaba foi um dos pontos da
rota das monções cuja exuberân-
duziam. E outras, ainda, a partir da década de 1760, supriam de
cia natural foi retratada pelos homens e armas a colônia militar do Iguatemi, a malsucedida
artistas da expedição científica fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, estabelecida pelo
russa comandada pelo barão governador da Capitania de São Paulo, o Morgado de Mateus,
Langsdorff, entre 1825 e 1829. no sul do Mato Grosso.
Terra Paulista: histórias, arte, costumes 77
12
12 e 13 “Partida de uma
expedição mercantil em Porto
Feliz para Cuiabá”, 1830 (à
esquerda), e representação
de acampamento (à direita),
ambas de Hercules Florence, c.
1825-1829.
As imagens realizadas pelo artista
francês Hercules Florence são os
mais minuciosos documentos
visuais das monções que ligavam
Porto Feliz a Cuiabá, detalhando
as embarcações, as roupas e os
tipos humanos dos viajantes.
14
Caminhos do Sul
O primeiro caminho das tropas foi aberto em meio às antigas
disputas entre Portugal e Espanha pelo domínio das terras vizi-
nhas ao rio da Prata. Os portugueses fundaram, em 1675, a vi-
la litorânea de Laguna, em Santa Catarina, e, em 1680, a colônia
fortificada do Sacramento, nas margens do Prata, quase defronte
a Buenos Aires. A estratégia, depois, seria penetrar no território
interior, existente entre Laguna e Sacramento. Foram feitas pilha- 16
gens das manadas da Vacaria e instaladas estâncias particulares
próximas ao litoral do Rio Grande do Sul. Essa área receberia o
nome de Campos do Viamão, pela existência de um promontório,
próximo à atual cidade de Viamão, de onde se tinha a visão do
estuário do rio Guaíba. Em 1728 o governador da Capitania de
São Paulo, Caldeira Pimentel, determinou ao militar Francisco de
Souza Faria o estabelecimento de uma picada a partir do Viamão
(a Vacaria do Mar), subindo a serra Geral e chegando aos campos
da chamada Vacaria dos Pinhais. Dali, o caminho traçado seguia
até Curitiba, a vila mais meridional no interior, e se incorporava
ao trecho já existente, de Curitiba a Sorocaba. Nascia o Caminho
de São Paulo ao Viamão, ou simplesmente Caminho do Viamão.
Em 1732, esse caminho foi retificado, desviando-se um pouco
mais para oeste, e se consolidou, com a passagem de 3 mil cabe-
ças de mulas e burros, a primeira tropa a atingir São Paulo. Estava
inaugurado o Caminho do Sul, com quase 1.500 quilômetros, de
extraordinária importância na história brasileira.21
Mais tarde, para buscar novos estoques de gado a oeste, os
tropeiros passaram a dobrar à esquerda, na altura de Lages, em
Santa Catarina, até a região das Missões, passando por Vacaria,
Passo Fundo e Cruz Alta. A partir dali, outro caminho subia até 16 Representação de um
entroncar-se com o Caminho do Viamão, na altura de Ponta paulista, de Jean-Baptiste
Grossa, no Paraná. Essa nova rota, que não desativou a primei- Debret, 1825.
ra, tomou o nome de Estrada das Missões. O poncho e o chapéu de abas
As estradas seguidas pelos tropeiros, apesar de atravessarem largas eram as vestimentas que
campos naturais, de trânsito ameno, incluíam dificuldades terrí- mais caracterizavam os tropeiros
paulistas, motivo pelo qual apare-
veis, como trechos de mata fechada, atoleiros e despenhadeiros
cem freqüentemente nos
que provocavam ferimentos ou a morte dos animais, chuvas inten- numerosos retratos realizados
sas, ataques de saqueadores, índios (como os xocréns, os coroa- pelos pintores viajantes da
dos e os kaingangs) e animais ferozes. Os caminhos obrigavam primeira metade do século XIX.
17 “Tropeiros pobres de S.
Paulo”, de Jean-Baptiste Debret,
1823.
Os camaradas, vestidos de
maneira muito mais simples que
os senhores, cuidavam não apenas
dos animais, mas igualmente das
cargas, levadas em bruacas de
couro impermeável ou em jacás,
recipientes tecidos com fibras
vegetais.
A cultura tropeira
O negócio de comprar e vender muares, bem como o percor-
rer repetido dos caminhos, criou hábitos, técnicas e procedimentos
específicos para o ofício. Este, aliás, se subdividia, de acordo com
os diferentes personagens que abrigava. Por tropeiro deve-se
entender o patrão, o dono da tropa, aquele que assumia a inicia-
tiva do negócio, fosse de venda das bestas, fosse de transporte
de cargas. Elemento que cumpriu papel notável no interior do
Brasil, para além de sua função primeira, porque era também o
intermediário de outros negócios, o transmissor de notícias, o
responsável pelas novidades, avisos, recados, modas, até o con-
selheiro de muitos fazendeiros em vários empreendimentos. Era,
no dizer de Mafalda Zamella, um “verdadeiro traço de união
entre centros urbanos afastados”.23
O dono de tropa era personagem que, apesar de manter
muito de sua rusticidade inicial, estava na maioria das vezes
fadado à ascensão social e econômica. Os ganhos vindos dessa
atividade proporcionaram, a muitos deles, a compra de terras e
a aplicação de capitais em outras atividades econômicas. A
região da Lapa, no Paraná, forneceu os dois melhores exemplos
de fortunas e prestígio adquiridos graças ao tropeirismo.
Viveram ali - e foram sócios - o sargento-mor João da Silva
Machado, que comprava animais no Rio Grande do Sul e nos
Campos Gerais; e Antônio da Silva Prado, que os vendia na feira
de Sorocaba. Ambos ricos capitalistas, viriam a se engrandecer
na sociedade do Império, recebendo os títulos, respectivamente,
de barão de Antonina e barão de Iguape. Também ligados àque-
la atividade foram o barão dos Campos Gerais, o de Tibagi, o de
Guaraúna e o visconde de Guarapuava, todos no Paraná.
Realidade diferente viviam os outros personagens do tropei-
rismo: o capataz ou condutor, homem de confiança do tropeiro
19 “Arredores de Silveiras
entre Areias e Lorena”, de
Thomas Ender, 1817.
Importante centro de tradições
tropeiras, a atual cidade de
Silveiras mantém costumes herda-
dos das antigas rotas de muares,
que já atravessavam suas terras
desde o início do século XIX.
20 “Rancho em Mineiros a
duas milhas de Lorena...”, de
Thomas Ender, 1817.
Os pousos de tropeiros faziam
parte da paisagem do Vale do
Paraíba paulista tanto quanto dos
caminhos ao sul de Sorocaba.
23
25
Os frutos do caminhar
1 Segundo Pero de Magalhães sem o sertão”. Cf. Leite de 14 O relato descreve um combate
Gandavo, por volta de 1570 Barros. Op. cit., p. 30. de seis horas de duração, atri-
havia em São Vicente apenas 8 HOLANDA, Sérgio Buarque de. buindo à tropa de Tavares o
quatro engenhos de açúcar, Raízes do Brasil. São Paulo: incêndio da igreja da missão e
enquanto que eram 23 em Companhia das Letras, 1998, a morte violenta dos adultos e
Pernambuco, dezoito na Bahia p. 131. das crianças que buscavam
e oito em Ilhéus. Em 1583 o 9 ALCÂNTARA MACHADO. Vida fugir das chamas.
Padre Fernão Cardim registra a e morte do bandeirante. Belo 15 A serra dos Martírios era aquela
existência de 115 engenhos no Horizonte: Itatiaia; São Paulo: que, pela crença comum dos ser-
Brasil, não mencionando um Edusp, 1980. tanistas, apresentava ao longe as
único em São Vicente. 10 Segundo Jaime Cortesão, em formas da coroa de espinhos e
2 Maniçoba foi instalada em sua Introdução à história das dos cravos que martirizaram Je-
1553, em local não precisado, bandeiras, esses termos tam- sus de Nazaré, esculpidos em
na região ituana, e sobreviveu bém eram indistintamente apli- seus contornos de rocha, e se re-
por menos de um ano. Os cados para designar as expedi- velaria prodigiosa em metais pre-
superiores de Nóbrega e as ções saídas de outros pontos ciosos. O Sabarabuçu seria, na
autoridades de São Vicente da colônia, como aquelas que narrativa dos índios, outra serra
eram contrários a seus planos seguiram pela bacia Amazôni- de prata maciça, escondida em
de avançar a catequese em ca, por exemplo. Lisboa: Portu- algum ponto dos sertões. Duas
terras espanholas. gália Editora, 1964. entre tantas outras narrativas
3 LEITE DE BARROS, Gilberto. A 11 São palavras de Cassiano Ri- fantásticas que versavam sobre
cidade e o planalto. Tomo I. cardo, que em sua obra julga a terra desconhecida.
São Paulo: Martins, 1967, p. 7. oportuno comparar as bandei- 16 Conforme os cálculos do Dou-
4 A esse respeito, ver a tese de ras à organização aristocrática tor Francisco José de Lacerda e
livre docência de Nilo Garcia, dos engenhos de açúcar, Almeida, em diário de viagem
pela então Universidade do achando que aquelas se con- anotado no ano de 1788.
Distrito Federal, no Rio de Ja- trapunham a esses, pelo espíri- 17 A fonte básica para conheci-
neiro, datada de 1956: Acla- to democrático. mento do tema são os Relatos
mação de Amador Bueno: in- 12 “Sai, senhor, esta gente em Monçoeiros, de Afonso de Tau-
fluência espanhola em São tropas, umas de 100 portu- nay, que abordou o papel do
Paulo. gueses e quase 1.000 índios, Tietê na conquista territorial
5 Constante na correspondência outras de 60 portugueses e luso-brasileira em Na era das
do governador de Pernam- 900 índios, e outras com mais bandeiras. Depois, tratou as
buco, Melo e Castro, com a ou menos gente para capturar monções como prolongamento
administração de Lisboa, a índios...” (...) “quase todo o do bandeirismo, dedicando aos
respeito das pretensões do ano fora porque mal chegam tempos pioneiros de Mato
bandeirante Domingos Jorge de uma viagem, partem para Grosso o tomo décimo da sua
Velho, de permanecer com sua outra...”. Trechos da carta de História geral das bandeiras
gente nas terras tomadas Manuel João Branco, chamado paulistas, concluído em 1948.
dos negros do Quilombo de pelos jesuítas espanhóis de Já na segunda parte do tomo
Palmares. Manuel Juan de Moraes, o que XI, Taunay aborda as monções
6 LÉRY, Jean de. Viagem à Terra levou Jaime Cortesão a consi- cuiabanas do século XVIII. De-
do Brasil. Rio de Janeiro: Bi- derá-lo um provável agente pois de condensados os onze
blioteca do Exército, 1961. infiltrado pela Coroa espanho- volumes em três, em 1951, foi
7 Em documento datado de la entre os paulistas. dado ao terceiro volume o
1640, os vereadores da Câma- 13 Expressões encontradas em nome de Relatos monçoeiros.
ra de São Paulo de Piratininga inventários seiscentistas, exa- 18 Cf. o Novo dicionário da lín-
reconheciam textualmente “os minados por Alcântara Ma- gua portuguesa, de Aurélio
moradores não poderem viver chado. Op. cit. Buarque de Holanda Ferreira.
8 Aquecimento e evaporação
do caldo de cana, de Hercules
Florence, 1843.
A mão-de-obra negra era caracte-
rística das fazendas de cana do
interior paulista, como se pode
ver nesta representação das for-
nalhas para preparação do açúcar
num engenho paulista.
10
12
15 “Vila de
Pindamonhangaba”, de
Thomas Ender, 1817.
Uma das mais antigas vilas
vale-paraibanas,
Pindamonhangaba ficaria
famosa ao longo do século XIX
por suas ricas plantações
de café e pelos dez títulos
de barão e visconde concedi-
dos pelo Imperador a seus
fazendeiros.
O sonho acabou
A proximidade da região com a capital do Império favore-
ceu idéias separatistas entre os fazendeiros. Os núcleos produto-
res de café do trecho paulista também mantinham estreitos laços
econômicos e políticos com o Rio de Janeiro e com a porção flu-
minense do vale. Sérgio Buarque de Holanda aponta as observa-
ções de Zaluar a respeito dessas aspirações: “pelo desejo cons-
tante que manifestam seus habitantes, seja qual for a sua cor
política, de fazerem parte da província do Rio”. Aspirações que
foram acirradas à medida que o café ia se desenvolvendo no cha-
mado Oeste paulista, recebendo incentivos para imigração e
construções de ferrovias.30
A ferrovia chega tardiamente no Vale do Paraíba, já quando
o solo começa a demonstrar sinais de esgotamento. Bananal, a
cidade de maior produção cafeeira do trecho paulista, somente
chegou a ter estrada de ferro em 1889, depois de abolida a
escravidão. Os lucros obtidos com o café eram aplicados em
comércio com o Rio de Janeiro e a Europa e, principalmente, na
aquisição de escravos, e não com o transporte, feito por tropas
de mulas e facilitado com a proximidade de portos da costa de
Ubatuba, Paraty e Angra dos Reis. Nas décadas finais do Império, 16 Vista de plantação de café,
o próprio mercado financeiro passou a atrair investimentos de de José Maria Villaronga, c.
1858-1860.
grandes fazendeiros, fragilizando novamente a captação de
Esta pintura mural localizada
recursos para a ferrovia.
em Bananal, na sede da fazenda
O fator geográfico contribuiu decisivamente para a queda Resgate, pode ser considerada
de produção cafeeira a partir da década de 1860. Plantava-se o um irônico atestado de óbito da
café em fileiras verticais nos morros (topografia comum à cafeicultura vale-paraibana: ao
região), o que resultou em canaletas que erodiam rapidamente invés de preservarem o solo em
as camadas mais férteis do solo. Além disso, o espaço das fazen- terraços horizontais, os fazendei-
ros adotavam as longas fileiras
das era reduzido pela serra da Mantiqueira, terreno montanho-
verticais de cafeeiros, que arrui-
so, de fácil erosão. Assim, a expansão das lavouras fez-se neces- naram rapidamente a fertilidade
sária, para os solos férteis de terra rosada e roxa do Oeste do solo, levada na enxurrada que
Paulista. se seguia às chuvas.
17
18 “Fazenda do Pinhal”, de
Benedito Calixto, 1900.
Tombada como patrimônio
nacional e estadual, a fazenda do
Pinhal, em São Carlos, pertence à
família Arruda Botelho há oito
gerações e é um dos mais impor-
tantes exemplares de fazendas de
café oitocentistas ainda existentes
no Oeste Paulista, pois preserva a
sede, as senzalas, tulhas e ter-
reiros de café, além de pomares,
móveis e objetos decorativos.
22
22 Políticos da região de
Ribeirão Preto em torno de
Altino Arantes, c. 1916.
A vida política paulista durante a
República Velha tinha no interior
seu esteio fundamental, sendo
muitos de seus governantes nasci-
dos nas áreas do café, como
Altino Arantes, de Batatais, que
foi sucessivamente deputado
federal, secretário estadual e
finalmente presidente do Estado
São Paulo entre 1916 e 1920.
Escravos e cotidiano
Nas fazendas de café onde ocorreu o trabalho servil, 43 a rela-
ção senhor-escravo não foi diferente das experiências brasileiras
25
anteriores. O isolamento atribuía aos proprietários o poder sobre
a vida cotidiana, cultural, religiosa dos seus subordinados. Como
acontecia no período açucareiro, o cotidiano do trabalho escra-
vo era determinado pelas atividades de produção e pelo calendá-
rio religioso dos seus senhores. Emília Viotti44 observa que “nas
áreas de transição para o sistema assalariado, em que se acen-
tuara o caráter capitalista das relações de produção, aumentou a
distância entre a casa grande e a senzala. Entretanto, mesmo na
fase de maior intimidade, o preconceito racial separou sempre as
26 duas categorias”.
A vida era centrada no trabalho e regida pelo badalar do
sino. Ele tocava antes do fim da madrugada para que os escra-
vos acordassem e, depois de receber as tarefas diárias do funcio-
nário conhecido como feitor ou administrador, partissem para a
roça enfileirados. Dependendo da distância, dividiam-se em gru-
pos que iam a pé ou de carro de boi, levando apenas a enxada
ou outro instrumento para o trabalho, de uma carga horária de
dez horas. Faziam três refeições diárias nas roças e retornavam
24, 25 e 26 Os presidentes ao escurecer. Então devolviam os instrumentos de trabalho, sob
Prudente de Morais, Campos o olhar dominador do funcionário de confiança do fazendeiro.
Sales e Rodrigues Alves Na roça era comum o escravo cantar enquanto trabalhava
A força dos fazendeiros de café misturando palavras em dialetos africanos e em português, con-
republicanos de São Paulo acabou tando de suas aflições da vida cotidiana, do universo da fazenda.
evidenciando-se na seqüência dos Essas cantigas eram chamadas de Jongo. Ainda na esfera cultural,
três primeiros presidentes civis do
Emília Viotti da Costa45 aponta que vários senhores permitiam aos
Brasil, todos paulistas: Prudente
de Morais (de Itu), Campos Sales escravos, nos horários livres, os seus batuques e a capoeira.
(de Campinas) e Rodrigues Alves A segunda metade do século XIX será marcada pela tentati-
(de Guaratinguetá). va de substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalhador
28
27 e 28 “A colheita”, na fazen-
da Santa Gertrudes, de Antônio
Ferrigno, 1903 e Postal de pé de
café com homem negro, s/d.
A mão-de-obra constituída pelos
negros e posteriormente pelos
inúmeros imigrantes, europeus e
orientais, foi a mola mestra para
a expansão da cultura cafeeira no
Oeste Paulista.
29 “O terreiro”, de Antônio
Ferrigno, 1903.
O terreiro de café ocupava o cen-
tro do vasto complexo
arquitetônico da fazenda Santa
Gertrudes, localizada na região
de Rio Claro, uma das mais ricas
fazendas de café do Estado de
São Paulo.
Ensaios de colonização
Os fazendeiros de café do Oeste Paulista já experimen-
tavam o trabalho livre e imigrante desde 1848, quando o Se-
nador Vergueiro, dono da Fazenda Ibicaba, em Limeira, trouxe
grupos de portugueses, alemães e suíços para a propriedade.
Esses fazendeiros eram também capitalistas empreendedores
30 “O beneficiamento”, na e consideravam a escravidão uma herança onerosa e indeseja-
fazenda Santa Gertrudes, de da da estrutura colonial. Além disso, os projetos de imigração
Antônio Ferrigno, 1903. revestiram-se de um caráter ideológico para a população mes-
As máquinas de beneficiamento tiça que São Paulo então possuía: “A imigração era concebi-
de café permitiram que o da como processo de incorporação de elementos étnicos supe-
processamento dos grãos fosse
riores, de origem européia, que acelerariam, pela miscige-
realizado muito mais rapida-
mente, garantindo assim maior
nação, o processo de branqueamento”. 47 Experiências com gru-
qualidade no sabor do produto a pos de imigrantes subvencionados só ocorreriam no início do
ser exportado. século XX.
35 36
42
O interior e a capital
43
44
46
1 MOURA, Carlos Eugênio Mar- Velhas fazendas. São Paulo: Unesp, 1998, p. 294.
condes de. O visconde de Gua- Edusp, 1975, pp. 26-27. 22 PETRONE, Maria Thereza
ratinguetá. Um fazendeiro de 14 Ibidem. Schorer. Op. cit., pp. 124-125.
café no Vale do Paraíba. 2.ª 15 PETRONE, Maria Theresa 23 Idem, p. 121
ed. São Paulo: Studio Nobel, Schorer. Op. cit., p. 9. 24 CAMARGO, Maria D. B. de. A
2002, p. 47-61. 16 HOLANDA, Sérgio Buarque de. escravidão em Cabreúva no
2 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e fronteiras. 3.ª ed. século XIX (1836-1886). Itu,
In: HOLANDA, Sérgio Buarque São Paulo: Companhia das Le- SP: Ottoni, 2001.
de (org.). História geral da civi- tras, 1994. 25 PETRONE, Maria Thereza
lização brasileira: O Brasil mo- 17 LISANTI FILHO, Luís. Comércio Schorer. Op. cit., p. 164.
nárquico - dispersão e unida- e capitalismo. Tese de douto- 26 HOLANDA, Sérgio Buarque de.
de. Vol. 2, tomo 2. 2.ª ed. São rado. São Paulo: USP/FFLCH, MAIA, Tom. Vale do Paraíba -
Paulo: DIFEL, 1976, p. 432. 1962, pp. 120-122. Velhas fazendas. Op. cit., p.
3 Idem, p. 434. 18 PETRONE, Maria Thereza 31.
4 Idem, p. 223. Schorer. Op. cit., p. 113 27 Idem, p. 33.
5 SCOTT, Ana Silvia Volpi, Dinâ- 19 Estudos apontam que tanto no 28 In: MARCONDES, Renato Lei-
mica familiar da elite paulista Nordeste quanto em São Pau- te. Op. cit., p. 21.
(1765-1836). Dissertação de lo, as técnicas de trabalho e 29 ZALUAR. Augusto Emílio. Pere-
mestrado. São Paulo, USP/ estruturação do engenho eram grinação pela Província de São
FFLCH, 1987, pp. 234-235. semelhantes. Nesse sentido, Paulo. São Paulo: Livraria Mar-
6 SCOTT, Ana Silvia Volpi. Op. ver obras como Casa grande tins, 1954, p. 47.
cit., p. 238. & Senzala, de Gilberto Freyre 30 HOLANDA, Sérgio Buarque de.
7 PRADO JÚNIOR, Caio. Forma- (35.ª ed. 1999), Cultura e opu- MAIA, Tom. Op. cit., p. 38.
ção do Brasil contemporâneo. lência do Brazil, por suas dro- 31 Idem, p. 44.
10.ª ed. São Paulo: Brasiliense, gas e minas, de André João 32 DEAN, Warren. A ferro e fogo
1970, p. 132. Antonil (1982), Lavoura cana- - a história e a devastação da
8 TAMBELLINI, J. Machado. A vieira em São Paulo, de Maria mata atlântica brasileira. São
Freguezia dos Batataes. 2.ª ed. Thereza Schorer Petrone Paulo: Companhia das Letras,
São Paulo: Carthago Editorial, (1976), A escravidão negra em 1996, p. 205.
2002. São Paulo. Um estudo das ten- 33 HOLANDA, Sérgio Buarque de.
9 BACELLAR, Carlos Almeida sões provocadas pelo escravis- MAIA, Tom. Op. cit., p. 31.
Prado. Os senhores da terra - mo no século XIX, de Suely 34 BACELLAR, Carlos A. P. e
família e sistema sucessório Robles Reis de Queiroz (1977), BRIOSCHI, Lucila Reis (orgs.).
entre os senhores de engenho assim como as obras de Emília Na estrada do Anhanguera:
do Oeste Paulista, 1765-1855. Viotti da Costa, Da senzala à uma visão regional sobre a his-
Dissertação de mestrado, São colônia (1998) e Da Monar- tória paulista. São Paulo: Hu-
Paulo: USP/FFLCH, 1987. quia à República (1999). manitas, 1999.
10 PETRONE, Maria Thereza Scho- 20 PETRONE, Maria Thereza 35 MONBEIG, Pierre. Pioneiros e
rer. A lavoura da cana-de-açú- Schorer. Op. cit., p. 102 fazendeiros de São Paulo. São
car em São Paulo: expansão e 21 SLENES, Robert. Senhores e Paulo: Hucitec, 1997, pp. 133-
declínio. São Paulo: Difel, 1971. subalternos no Oeste Paulista. 135.
11 MOURA, Carlos Eugênio Mar- In: ALENCASTRO, Luiz Felipe 36 PRADO JÚNIOR, Caio. Forma-
condes de. Op. cit. de (org). História da vida priva- ção do Brasil Contemporâneo.
12 MARCONDES, Renato Leite. A da no Brasil - Império: a corte 10.ª ed. São Paulo: Brasiliense,
arte de acumular na economia e a modernidade nacional. Vol. 1970, p. 167.
cafeeira. Lorena, SP: Stiliano, II. São Paulo: Companhia das 37 Ibidem.
1998. Letras, 1997. COSTA, Emília 38 COSTA, Sérgio Correia da.
13 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Viotti da. Da senzala à colônia, Brasil: Segredo de Estado. Rio
MAIA, Tom. Vale do Paraíba - 4ª ed. São Paulo: Editora da de Janeiro: Record, 2001.
1 Pirâmide e paredão do
Piques, de Militão Augusto de
Azevedo, c.1862.
O obelisco de pedra erguido em
1814 é o único marco do largo da
Memória que ainda permanece
desde o tempo em que o
logradouro paulistano era fre-
qüentado pelas tropas de muares
que dali partiam ou chegavam da
estrada de Sorocaba e que se con-
centravam junto ao chafariz em
busca de água.
3 Postal da Faculdade de
Direito do largo de São
Francisco, São Paulo, já com a
fachada resultante da reforma
de 1884/1885, s/d.
A Faculdade de Direito, fundada
em 1827 e localizada no antigo
convento dos franciscanos, foi a
primeira grande instituição edu-
cacional de nível superior estabe-
lecida na cidade de São Paulo,
permanecendo desde então como
uma de suas maiores referências
políticas.
10
10 Postal da Usina de
Parnaíba, Santana de Parnaíba,
s/d.
A antiga Usina de Parnahyba,
hoje denominada Edgard de
Souza, foi inaugurada em 1901,
tornando-se então a primeira
hidrelétrica a gerar eletricidade
para a capital, embora já se
situasse às portas do interior do
Estado.
11, 12 e 13 Residências do
marquês de Três Rios (acima),
do segundo barão de Piracicaba
e de D. Veridiana Prado
(à direita), São Paulo.
Os grandes sobrados neoclássicos
localizados no bairro paulistano
da Luz são exemplos de residên-
cias sofisticadas que passaram a
ser ocupadas por fazendeiros de
café e capitalistas do interior que
12 mantinham moradias na cidade
de São Paulo; já o palacete de
D. Veridiana era, ao contrário dos
anteriores, exemplo das ricas
residências de paulistanos que
eram proprietários de grandes
fazendas no interior paulista.
16
15 e 16 Postais retratando o
Hotel d’Oeste e o Hotel
Esplanada, São Paulo, s/d.
Os postais do Hotel d’Oeste, céle-
bre pela freqüência de fazen-
deiros do Oeste Paulista, e do
suntuoso Hotel Esplanada, ergui-
do pelo mesmo arquiteto francês
que projetara o hotel Copacabana
Palace, evidenciavam a importân-
cia dos novos marcos urbanos
resultantes das demandas que a
cidade de São Paulo passava a
acolher desde sua conversão em
pólo financeiro e industrial.
20 Vendedor de vassouras,
São Paulo, de Vicenzo Pastore,
c. 1910.
Em meio à cidade já marcada pela
industrialização, pelas modas
francesas e pela arquitetura dos
italianos, sobrevivia, no peito do
ambulante mestiço o amuleto
caipira, feito com dente de ani-
mais selvagens.
1 MATOS, Odilon Nogueira de. 9 Cálculos feitos a partir dos 24 FERNANDES, Florestan. O fol-
Café e ferrovias. Campinas, SP: dados de MORSE, Richard. Op. clore de uma cidade em mu-
Pontes, 1990, pp. 39-40; PRA- cit., pp. 62, 96 e 97. dança. In: Folclore e mudança
DO JÚNIOR, Caio. A cidade de 10 SINGER, Paul. Op. cit., pp. 19 social na cidade de São Paulo.
São Paulo: geografia e história e 31. Ver também a nota 8. 2.ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
- o fator geográfico na for- 11 MORSE, Richard. Op. cit. 1979.
mação e no desenvolvimento 12 HOMEM, Maria Cecília Naclé- 25 SEVCENCO, Nicolau. Op. cit.,
da cidade de São Paulo. In: rio. O palacete paulistano e ou- p. 247 e ss; faz referência a
Evolução política do Brasil e tras formas urbanas de mo- um movimento literário com
outros estudos. 2.ª ed. São rar da elite cafeeira: 1867- forte acento de um regionalis-
Paulo: Brasiliense, 1957. 1918. São Paulo: Martins Fon- mo paulista.
2 SINGER, Paul. Desenvolvimen- tes, 1996, pp. 44-5. 26 GLEZER, Raquel. As transfor-
to econômico e evolução urba- 13 SINGER, Paul. Op. cit., pp. 29- mações da cidade de São
na. São Paulo: Companhia Edi- 30; MORSE, Richard. Op. cit., Paulo na virada do século XIX
tora Nacional 1974, pp. 19-80. p. 118. e XX. In: Museu Paulista da
3 JANCSÓ, István (coord.). Cro- 14 SINGER, Paul. Op. cit., p. 33. Universidade de São Paulo.
nologia de história do Brasil 15 SINGER, Paul. Op. cit. Cadernos de história de São
colonial (1500-1831). São Pau- 16 HOMEM, Maria Cecília Naclé- Paulo. Vols. 3 e 4. São Paulo:
lo: USP/FFLCH, 1994, p. 132. rio. Op. cit. USP, 1994-1995.
4 BRUNO, Ernani Silva. História e 17 MALUF, Marina e MOTT, Maria 27 Na entrega dos Prêmios Esta-
tradições da cidade de São Lúcia. Recônditos do mundo dinho, OESP, 4/2/1919, citado
Paulo. Vol. 2. Rio de Janeiro: feminino. In: História da vida em SEVCENCO, Nicolau. Op.
José Olympio. pp. 555-580. privada no Brasil. Vol. 3. São cit., pp. 68-9.
5 MORSE, Richard. De comuni- Paulo: Companhia das Letras, 28 SEVCENCO, Nicolau. Op. cit.,
dade a metrópole: biografia de 1998, p. 405. p. 141.
São Paulo. São Paulo: Comis- 18 PRADO Júnior, Caio. Contri- 29 SANTOS, Carlos José Ferreira
são do IV centenário da cidade buição para a geografia urba- dos, Op. cit.,
de São Paulo, 1954, p. 29. na da cidade de São Paulo. In:
6 MATOS, Odilon Nogueira de. Evolução política do Brasil e
São Paulo no século XIX. In: outros estudos. 2.ª ed. São
Azevedo, Aroldo (org.). A cida- Paulo: Brasiliense, 1957, pp.
de de São Paulo: estudos de 132-3.
geografia urbana. Vol. II. São 19 MATOS, Odilon Nogueira de.
Paulo: Companhia Editora Na- São Paulo no século XIX. In:
cional, 1958, p. 61. AZEVEDO, Aroldo. Op. cit.,
7 Emplasa, Memória urbana: a p. 87.
grande São Paulo até 1940. 3 20 SINGER, Paul. Op. cit., p. 58.
vols. São Paulo: Arquivo do 21 SANTOS, Carlos José Ferreira
Estado,Imprensa Oficial, 2001, dos, para uma boa análise es-
tabela 25, p. 37. tatística da exclusão dos “po-
8 As estimativas da população bres nacionais” do mercado de
paulistana em 1872 são va- trabalho comercial e industrial
riáveis: 26.020, 26.400 e na São Paulo desse período.
31.385 habitantes. Cf. SAN- 22 BRUNO, Ernani. Op. cit. Vol. 3,
TOS, Carlos José Ferreira dos. p. 911.
Nem tudo era italiano: São 23 SEVCENCO, Nicolau. Orfeu
Paulo e pobreza (1890-1895). extático na metrópole. São
2.ª ed. São Paulo, Fapesp e Paulo: Companhia das Letras,
Anablume, 2003, pp. 32 e 39. 1992.
Anicleide Zequini
Mestre em história, doutoranda em arqueologia e responsável pelo Arquivo
Histórico do Museu Republicano/MP/USP.
Valderez A. da Silva
Mestre em História, professor e coordenador de projetos educacionais.
Maurício Érnica
Antropólogo, professor universitário e colabora em diferentes projetos do
CENPEC.
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24 “Correa junto com as rédeas São Paulo moderno: açúcar e 07 “Vista do sitio de Antonio Ma-
etc. de um paulista”, de Tho- café, escravos e imigrantes noel Teixeira à 5 léguas de São
mas Ender, 1817, lápis aquare- Carlos (...) sobre o rio Jaguari”
lado, 20,3cm x 2,75cm. Acer- 01 “Calçada do Lorena - vista do (vista do Engenho de Salto Gran-
vo do Gabinete de Gravuras alto da Serra do Mar”, de Her- de, em Americana, próxima a
da Academia de Belas-Artes cules Florence, 1825, nanquim Campinas, então denominada
(Kupferstichkabinett der Aca- a pena e aguada, 43,6 x 55,6 São Carlos), de Hercules Floren-
demie der Bild Künste), Viena. cm. Coleção de Cyrillo Hercu- ce, c.1834, aquarela, 27cm x
les Florence de propriedade de 40cm. Coleção de Cyrillo Her-
25 “Jumento com sela”, de Tho- Leila e Silvia Florence, São Pau- cules Florence de propriedade de
mas Ender, 1817, lápis parcial- lo, fotografado por Rui Carlos Leila e Silvia Florence, São Pau-
mente aquarelado, 20,2cm x de Carvalho. lo, fotografado por J. Miranda.
2,74cm. Acervo do Gabinete
de Gravuras da Academia de 02 “Em Lorena”, de Thomas En- 08 “Sítio de D. Teresa, 26 Maio
Belas-Artes (Kupferstichkabi- der, 1817, lápis aquarelado, 1843” (fabricação de açúcar no
nett der Academie der Bild 20cm x 30,8cm. Acervo do Engenho de Salto Grande), de
Künste), Viena. Gabinete de Gravuras da Aca- Hercules Florence, 1843, aquare-
demia de Belas-Artes (Kupfer- la negra, 27cm x 32,4cm. Co-
26 Peitoral e canecos de tropas. stichkabinett der Academie leção de Cyrillo Hercules Flo-
Coleção de Tom e Thereza Re- der Bild Künste), Viena. rence de propriedade de Leila e
gina de Camargo Maia, Guara- Silvia Florence, São Paulo, foto-
tinguetá, fotografados por 03 “Vista da cidade de Itu”, de grafado por J. Miranda.
Carlos Kipnis e Ivan Sayeg. Edmund Pink, 1823, aquarela,
17cm x 49 cm (publicado em: 09 “Igreja de S. José a 19 milhas de
27 Placa de alpaca para “Santo An- São Paulo de Edmund Pink. São Paulo”, de Thomas Ender,
tônio”. Coleção de Tom e The- São Paulo: DBA; BOVESPA, 1817, lápis aquarelado, 19,2cm x
reza Regina de Camargo Maia, 2000, p. 71). Acervo Bovespa, 30,6cm. Acervo do Gabinete de
Guaratinguetá, fotografada por São Paulo, fotografada por Gravuras da Academia de Belas-
Carlos Kipnis e Ivan Sayeg. Rômulo Fialdini. Artes (Kupferstichkabinett der
Academie der Bild Künste), Viena.
28 Placa de alpaca para “Santo 04 “Vista da cidade de Mogi-Mirim,
Antônio”. Coleção de Tom e tomada à esquerda do caminho 10 “Igreja da cidade de Areias a 44
Thereza Regina de Camargo de Goiás”, de Edmund Pink, milhas do Rio de Janeiro”, de
Maia, Guaratinguetá, fotogra- 1823, aquarela, 17cm x 49 cm Thomas Ender, 1817, lápis aqua-
CDD 981.61