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ORIENTADOR DO ARTIGO
- Profª Ma. Rosane Ap. Ferreira Bacha
MATURIDADE DO SISTEMA DE GESTÃO DE EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO
CIVIL DE CAMPO GRANDE-MS1
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Trabalho de conclusão do curso de pós-graduação lato sensu em Gestão Empresa Avança – Pela Universidade
Católica Dom Bosco - UCDB, Campo Grande/MS, 2009.
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Licenciado em Física pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2006, email: valdineij@---.com
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Professora do curso de Pós- Graduação “Latu Sensu” em Gestão Empresarial Avançada da Universidade
Católica Dom Bosco. Graduada em Administração pelas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso -
FUCMT. Mestra em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco, e-mail:
rhobacha@------.com.br
INTRODUÇÃO
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1. Cenário do Século XXI
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A primeira iniciativa nesse sentido foi o Total Quality Management
(Gerenciamento da Qualidade Total), que ampliava o foco na qualidade como
aspecto estratégico do negócio.
Em busca de um posicionamento estratégico para enfrentar o crescimento
das indústrias japonesas o governo americano produziu um estudo em empresas de
classe mundial na década de 1980 para identificar fatores de diferenciação. Este
estudo, dentre outras, deu origem ao prêmio Malcomn Baldrige nos EUA e Prêmio
Nacional da Qualidade no Brasil.
1. Liderança
2. Estratégias e Planos
3. Clientes
4. Sociedade
5. Informações e Conhecimento
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6. Pessoas
7. Processos
8. Resultados
2.1. Liderança
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2.3. Clientes
2.4. Sociedade
2.6. Pessoas
2.7. Processos
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do negócio e os processos de apoio. Também examina como a organização
gerencia o relacionamento com os fornecedores e conduz a sua gestão financeira,
visando à sustentabilidade econômica do negócio.
2.8. Resultados
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É necessário também, que a organização apresente evidencias de que os
resultados apresentados são registrados e avaliados, permitindo assim que
melhorias sejam implementadas ou que correções sejam feitas ao longo do período,
ao mesmo tempo em que permita que inovações resultem em melhorias nos
processos.
A integração é o aspecto que garante a que a interdependência entre os
processos e áreas foram levadas em consideração na implementação das soluções
e metodologias, mais ainda, garante que os processos sejam coerentes com os
objetivos e estratégicos da organização.
Na dimensão Resultados Organizacionais são avaliados 3 fatores:
Relevância dos resultados, Tendência ao longo do tempo e Nível Atual de
desempenho, que são utilizados na avaliação do critério 8.
A relevância dos resultados permite estabelecer parâmetros que diferencie
os resultados alcançados. Por exemplo, se uma empresa estabelece entrega no
prazo como fator de importância para seus clientes, os dados referentes a este
quesito terão maior peso na analise dos resultados.
Tendência de longo prazo presume a existência de dados históricos a
respeito dos resultados alcançados em pelo menos 3 ciclos consecutivos de
aplicação das práticas, o que geralmente não ocorre em empresas em estágios
iniciais.
Por fim, o nível atual de desempenho avalia o atendimento aos principais
requisitos das partes interessadas (sócios, sociedades, meio ambiente). Para que se
possa avaliar o nível de desempenho é necessário compará-lo com alguma coisa.
Usualmente, esta comparação é feita com competidores, média de mercado ou
líderes do setor de atuação.
Para avaliar todos esses fatores e determinar o nível de maturidade de
uma empresa pode-se utilizar um software disponível no site da Fundação Nacional
da Qualidade, o software de diagnóstico do Sistema de Gestão do Modelo de
Excelência de Gestão é dividido em grupos de questões distribuídos pelos 8 critérios
de excelência.
Ao responder todo o questionário têm-se um relatório com a nível de
maturidade do sistema em cada um dos critérios, sendo possível então adotar ações
necessárias para a correção dos aspectos apontados como deficientes.
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Para facilitar os objetivos deste trabalho as questões do software foram
transcritas para um questionário impresso que foi entregue as empresas
participantes.
Tabela 1
Porte Quantidade Empregos
Micro (até 19 funcionários) 601 2.460
Pequenas (20 a 99) 79 3.466
Medias (100 a 499) 15 3.175
Grandes (mais de 500) 3 1.861
Tabela 1 – Situação da construção civil em Campo Grande-MS
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Estes fatores certamente demonstram a necessidade de modernização da
gestão no setor para o bem da própria sociedade. A ilegalidade sabota o vigor da
economia do país permitindo que empresas pouco competitivas se eternizem no
mercado - não por seus méritos, mas pela competitividade artificial obtida por meio
do desrespeito às suas obrigações. São negócios que têm de permanecer pequenos
para não atrair a atenção das autoridades. Ao mesmo tempo, a competição desleal
compromete o crescimento das companhias que cumprem a lei.
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Em contraste com as anteriores, a empresa C, tem 5 anos de existência e
apenas 19 funcionários. Sua estrutura organizacional também tem origem familiar e
seu faturamento anual é da ordem de seis milhões de reais.
Tabela 2
Critério Empresa A Empresa B Empresa C
Liderança 46,59% 29,55% 56,82%
Estratégias e Planos 45,83% 29,17% 58,33%
Clientes 7,03% 7,03% 43,75%
Sociedade 6,25% 18,75% 37,50%
Informações e conhecimento 25% 25% 50%
Pessoas 25% 25% 50%
Processos 13,97% 41,91% 43,38%
Percentual de conformidade 19,75% 27,88% 47,25%
Classificação Iniciante Intermediária Avançada
Tabela 2 – Resultados obtidos na aplicação do questionário do e-MEG
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clientes, divulgando sua marca e seus produtos e verificando os resultados e
satisfação de seu publico alvo.
Outro destaque negativo que observamos ao analisar a tabela 1 é o
critério Sociedade. Conforme sabemos, este critério analisa as ações da empresa
voltadas para o meio ambiente e sociedade no qual está inserida. A exceção da
empresa C, temos ações iniciais ou pouco significativas nas empresas analisadas, e
de um modo geral, na construção civil como um todo, principalmente em nosso
estado. Coletas de resíduos, tratamento de efluentes e ações de redução de impacto
da vizinhança, pouco se observam ao analisarmos o cenário da construção em
Campo Grande. Felizmente a empresa C é um bom exemplo neste aspecto,
apresentando ações neste sentido, ainda que em fase inicial.
Em termos de transformação da informação em conhecimento, gestão de
ativos intangíveis e informações comparativas, itens de que trata o critério
Informações e Conhecimento, temos mais uma vez uma igualdade entre as
empresas A e B e um destaque da empresa C.
O mesmo acontece com o critério Pessoas. O destaque obtido pela
empresa C neste caso se deve aos itens qualidade de vida e resultados relativos a
pessoas em que a empresa analisa os fatores que afetam a saúde, o bem estar, a
satisfação e a motivação dos funcionários atuando de forma a manter o clima
favorável ao excelente desempenho, já tendo melhorado este processo pelo menos
uma vez. As demais empresas, apesar de resultados inferiores também apresentam
ações neste critério, mas em estágios iniciais ou intermediários de implantação.
Por fim, o critério Processos, que examina como a organização identifica,
gerencia e analisa os principais processos de negócios e de apoio. Aqui temos três
estágios diferentes e consecutivos para as empresas A, B e C respectivamente. A
empresa A encontra-se em estágio inicial, apesar de ter seus processos
identificados, não há índices de monitoramento e conseqüentemente nem
comparação com indicadores externos. O mesmo acontece com o gerenciamento de
fornecedores, onde não há monitoramento da qualidade e acompanhamento de
índices que permita medir sua qualificação. Já as empresas B e C estão em estágios
superiores, com destaques para o monitoramento de indicadores na empresa B e
controle de fornecedores e processos financeiros na empresa C.
CONCLUSÃO
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Os resultados demonstram três níveis de maturidade distintos para as
empresas analisadas. As empresas A, B e C foram classificadas respectivamente
como iniciante, intermediária e avançada.
Averiguou-se que de uma maneira geral as empresas pesquisadas
possuem uma boa estrutura organizacional, demonstrada através de uma
governança estruturada, com conceitos estratégicos bem definidos e divulgados em
suas organizações.
Registrou-se que a empresa A, apesar de expressiva maturidade em
termos de Liderança e Estratégias e Planos é bastante deficiente nos critérios
Clientes, Sociedade e Processos.
Detectou-se que o gerenciamento de processos é o principal ponto forte
da Empresa B, tendo mapeado e definido indicadores para os principais processos,
além de ter implantado um eficiente controle e acompanhamento de qualidade de
fornecedores. Os critérios para os quais apresentou os menores índices de
conformidade foram Clientes e Sociedade.
Já a empresa C, apresenta bons resultados em todos os critérios
analisados, destacando-se nos critérios Liderança e Estratégias e Planos, já tendo
sistemas de controle e acompanhamento consolidados e refinados pelo menos uma
vez.
Outro fator que merece destaque nos resultados da análise é a dificuldade
das empresas em controlar e quantificar seus resultados e compará-los com
referenciais de mercado ou outras empresas do setor. Este fato necessita ser
investigado com cuidado para que possamos entender melhor suas causas, mas
podemos afirmar que o perfil dos empresários do setor aliado à estrutura das
organizações de classe (Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civil) e
a falta de iniciativas neste sentido, certamente contribuem para este resultado.
Vale ressaltar ainda o contraste entre as empresas no quesito Clientes. A
empresa A, apesar de prestar serviço apenas para empresas privadas tem
dificuldades em medir e controlar a expectativa e satisfação de seus clientes. Já as
empresas B e C, apesar de ambas atuarem no setor público, apenas a empresa C
tem desenvolvido ações para o entendimento e tratamento das necessidades
destes.
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Analisando contextualmente os resultados pode-se constatar que o porte
não necessariamente implica que empresas maiores possuam níveis de maturidade
de gestão mais elevados. Podemos constatar, aliás, que a maior e mais antiga
dentre as empresas apresenta os resultados mais deficientes, o que certamente
implica em riscos para a sua sobrevivência.
Importante ressaltar também as origens e características familiares das
empresas pesquisadas, perfil que coaduna com o perfil da maioria das empresas de
construção civil existentes na cidade e no estado. Esta importante característica
certamente reflete nas características das administrações destas empresas, que por
outro lado, tem procurado adequar este perfil para sobreviver no mercado.
O perfil familiar denota uma administração desestruturada ou ainda que
enfrenta problemas principalmente nos momentos de sucessão em que ocorre uma
ruptura nos processo gerencial, com o choque de culturas de duas gerações com
formações e visões empresariais diferentes.
O corpo diretor destas empresas é geralmente formado por profissionais
com perfil técnico e formação nas áreas de engenharia cujos cursos não privilegiam
aspectos relativos à gestão de negócios. Aspecto este, que na visão do autor deste
artigo, poderia ser revisto, não somente nos cursos de engenharia, mas em diversos
outros, tendo em vista que o mercado de trabalho em tempos de alta demanda
favorece o surgimento de empresas a partir de recém formados com perfil
empreendedor, que sem o devido preparo estão fadados ao fracasso empresarial.
Conforme já mencionamos, os resultados encontrados mostram avanços
neste sentido, uma vez que em todas as empresas já há iniciativas de
profissionalização principalmente em fundamentos importantes da gestão que
compõem os alicerces de uma empresa sólida, quais sejam, os fatores relacionados
ao planejamento e conceitos estratégicos.
Entretanto, nota-se ao analisar os resultados que a medida que cresce o
porte das empresas aumentam-se as dificuldades em se manter e implantar boas
práticas no processo de gestão.
Evidencia-se, portanto, a importância de iniciativas como o projeto nascer
bem, do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que
assessora empresários desde o planejamento e nascimento da empresa até os
primeiros anos de vida, fornecendo ao empreendedor visões prático teóricas de
aspectos gerenciais e estratégicos, que geralmente ficam relegados ao
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esquecimento frente à empolgação inicial nas fases que antecedem a abertura de
um novo empreendimento.
REFERÊNCIAS
Revista Exame, São Paulo, Editora Abril, Ed. 805, p. 33-34, set/2003;
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