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Evolucionismo Sociocultural

Evolucionismo cultural é conhecido como o processo de evolução


da humanidade (grupos sociais) oriundo da produção de objetos e
costumes - que os ajudasse a conviver com os diferentes tipos de
ambientes. As distintas sociedades evoluiriam todas na mesma direção,
passando por etapas e fases de desenvolvimento e diferenciação
culturais inevitáveis e escalonadas, seguindo uma transformação que
levaria do simples ao complexo, do homogêneo ao heterogêneo, do
irracional ao racional. Para os antropólogos evolucionistas, todos os
grupos humanos teriam que atravessar necessariamente as mesmas
etapas de desenvolvimento, e as diferenças que podem ser observadas
entre as sociedades contemporâneas seriam apenas defasagens
temporais, consequência dos ritmos diversos de evolução. Morgan
separa essas etapas em três períodos Selvageria e Barbárie (que ele
subdivide em três períodos) e Civilização (que ele subdivide em dois).

Ao fazer essas subdivisões Morgan propõe explicar como as técnicas


de cada grupo evoluem de acordo com os ambientes e condições de
vida. Como podemos perceber no filme A Origem do Homem – A
Primeira Eva, onde é feita uma abordagem diferente, porém semelhante
às teorias de Morgan, vemos uma crescente mudança nos hábitos e
costumes dos povos antigos (primitivos) quando esses precisam sair da
sua terra de origem e explorar os cantos mais recônditos do globo.
Percebemos no filme assim como nas analises de Morgan as mudanças
nas três subdivisões dos estágios do estado de selvageria, que são eles:

1. Selvageria inferior: Infância do gênero humano. Os homens


permaneciam, ainda, nos bosques tropicais ou subtropicais e viviam,
pelo menos parcialmente, nas árvores; só isso explica que continuassem
a existir, em meio às grandes feras selvagens. Os frutos, as nozes e as
raízes serviam de alimento; o principal progresso desse período é a
formação da linguagem articulada. Nenhum dos povos conhecidos no
período histórico estava nessa fase primitiva de evolução. E, embora
esse período tenha durado, provavelmente, muitos milênios, não
podemos demonstrar sua existência baseando-nos em testemunhos
diretos; mas, se admitimos que o homem procede do reino animal,
devemos aceitar, necessariamente, esse estado transitório.

2. Selvageria Média: Começa com o emprego dos peixes (incluímos aqui


também os crustáceos, moluscos e outros animais aquáticos, conforme
mencionado no filme por um geólogo) na alimentação e com o uso do
fogo. Os dois fenômenos possuem uma interligação, porque o peixe só
pode ser plenamente empregado como alimento graças ao fogo. Com
esta nova alimentação, porém, os homens fizeram-se independentes do
clima e da localidade; seguindo o curso dos rios e as costas “amares”,
puderam - ainda no estado selvagem - espalhar-se sobre a maior parte
da superfície da Terra. Os instrumentos de pedra sem polimento da
primitiva - Idade da Pedra, conhecidos com o nome de paleolíticos
pertencem todos, ou a maioria deles, a esse período e se encontram
espalhados por todos os continentes (como nos mostra o documentário),
constituindo uma prova dessas migrações. O povoamento de novos
lugares e o incessante afã de novos descobrimentos, ligados à posse do
fogo, que se obtinha pelo atrito, levaram ao emprego de novos
alimentos, como as raízes e os tubérculos farináceos, cozidos em cinza
quente ou em buracos no chão, e também a caça, que, com a invenção
das primeiras armas - a clava e a lança - chegaram a ser um alimento
suplementar ocasional.

3. Selvageria Superior: Começa com a invenção do arco e da flecha,


graças aos quais os animais caçados vêm a ser um alimento regular e a
caça uma das ocupações normais e costumeiras. O arco, a corda e a
seta já constituíam um instrumento bastante complexo, cuja invenção
pressupõe larga experiência acumulada e faculdades mentais
desenvolvidas, bem como o conhecimento simultâneo de diversas outras
invenções. Se compararmos os povos que conhecem o arco e a flecha,
mas ignoram a arte da cerâmica (com a qual, segundo Morgan, começa
a passagem à barbárie), encontramos já alguns indícios de residência
fixa em aldeias e certa habilidade na produção de meios de
subsistência, vasos e utensílios de madeira, o tecido a mão (sem tear)
com fibras de cortiça, cestos de cortiça ou junco trançados,
instrumentos de pedra polida (neolíticos). Na maioria dos casos, o fogo e
o machado de pedra já permitiam a construção de pirogas feitas com
um só tronco de árvore e, em certas regiões, a feitura de pranchas e
vigas necessárias à edificação de casas. Todos esses progressos são
encontrados, por exemplo, entre os índios do noroeste da América, que
conheciam o arco e a flecha, mas não a cerâmica. O arco e a flecha
foram, para a época selvagem, o que a espada de ferro foi para a
barbárie e a arma de fogo para a civilização: a arma decisiva.

Com isso percebemos as evoluções dos modos como esses grupos


agiam e buscavam a sua existência e segurança. Um dos estágios
segundo Morgan que identifica o homem moderno (segundo a teoria
evolutiva dos crânios) é a Barbárie. É neste período que Morgan nos
chama a atenção para um salto no progresso e desenvolvimento desses
grupos. Nos três sub estágios da Barbárie veremos como esses grupos
desenvolveram uma cultura artesanal assim como uma cultura social,
levando-os assim a criar uma identidade.

O primeiro subperíodo da barbárie começou com a manufatura de


objetos de cerâmica, seja por invenção original ou por adoção. Para
determinar seu término e o começo do status intermediário,
encontramos a dificuldade de os dois hemisférios terem características
naturais distintas, o que começou a ter influência sobre os negócios
humanos depois de passado o período da selvageria. No entanto, pode-
se resolver isso com a adoção de equivalentes. A domesticação de
animais no hemisfério oriental e, no ocidental, o cultivo irrigado de
milho e plantas, junto com o uso de tijolos de adobe e pedras na
construção de casas, foram selecionados como evidência suficiente de
avanços para possibilitar a transição do status inferior para o status
intermediário da barbárie. No status inferior estão, por exemplo,
segundo Morgan as tribos indígenas a leste do rio Missouri, nos
Estados Unidos, e aquelas tribos da Europa e da Ásia que praticavam a
arte da cerâmica, mas não tinham animais domésticos.

1. Fase superior Barbárie: Inicia-se com a introdução da cerâmica. É


possível demonstrar que, em muitos casos, provavelmente em todos os
lugares, nasceu do costume de cobrir com argila os cestos ou vasos de
madeira, a fim de torná-los refratários ao fogo; logo se descobriu que a
argila moldada dava o mesmo resultado, sem necessidade do vaso
interior. O traço característico do período da barbárie é a domesticação
criação de animais e o cultivo de plantas. Em virtude dessas condições
naturais diferentes, a partir desse momento a população de cada
hemisfério se desenvolve de maneira particular, e os sinais nas linhas
de fronteira entre as várias fases são diferentes em cada um dos dois
casos, irrigação e com o emprego do tijolo cru (secado ao Sol) e da pedra
nas construções.

2. Fase Média da Barbárie: Começou com a domesticação de animais


no hemisfério oriental e, no ocidental, com a agricultura de irrigação e
com o uso de tijolos de adobe e pedras na arquitetura. Seu término
pode ser fixado pela invenção do processo de forjar o minério de ferro.
Isso situa no status intermediário, por exemplo, os índios pueblos do
Novo México, do México, da América Central e do Peru, e aquelas tribos
do hemisfério oriental que possuíam animais domésticos, mas não
tinham um conhecimento do ferro. Numa certa medida, os antigos
bretões, embora familiarizados com o uso do ferro, também pertencem a
essa subdivisão. A vizinhança com tribos continentais mais adiantadas
havia avançado as artes de subsistência entre eles muito além do que
correspondia ao estado de desenvolvimento de suas instituições
domésticas.

3. Fase Superior da Barbárie: Inicia-se com a fundição do minério de


ferro, e passa à fase da civilização com a invenção da escrita alfabética e
seu emprego para registros literários. Essa fase supera todas as
anteriores juntas, quanto aos progressos da produção. A ela pertencem
os gregos da época heroica (Homéricos), as tribos ítalas de pouco antes
da fundação de Roma, os germanos de Tácito, os normandos do tempo
dos vikings. Antes de mais nada, encontramos aqui, pela primeira vez, o
arado de ferro. puxado por animais, o que torna possível lavrar a terra
em grande escala - a agricultura - e produz dentro das condições então
existentes, um aumento praticamente quase ilimitado dos meios de
existência; em relação com isso, também observamos a derrubada dos
bosques e sua transformação em pastagens e terras cultiváveis, coisa
impossível em grande escala sem a pá e o machado de ferro. Tudo isso
acarretou um rápido aumento da população, que se instala,
densamente, em pequenas áreas. Antes do cultivo dos campos somente
circunstâncias excepcionais teriam podido reunir meio milhão de
homens sob uma direção central - e é de se crer que isso jamais tenha
acontecido. O quadro do desenvolvimento da humanidade através do
estado selvagem e da barbárie, até os começos da civilização já é
bastante rico em traços característicos novos e, sobretudo,
indiscutíveis, porquanto diretamente tirados da produção. Aqui começa
a civilização.

Generalizando a classificação de Morgan temos a seguinte forma:


Estado Selvagem. - Período em que predomina a apropriação de
produtos da natureza, prontos para ser utilizados; as produções
artificiais do homem são, sobretudo, destinadas a facilitar essa
apropriação. Barbárie. - Período em que aparecem a criação de gado e a
agricultura, e se aprende a incrementar a produção da natureza por
meio do trabalho humano. Civilização - Período em que o homem
continua aprendendo a elaborar os produtos naturais, período da
indústria propriamente dita e da arte.

Ao adentrarem na fase da civilização os homens começam a se


reunir não mais em grupos, tribos ou aldeias. Nesta fase sua
conjuntura se dá a partir de cidadelas e pequenos feudos – onde já
existia entre si uma hierarquia. Durante essa ultima passagem Morgan
salienta que a percepção humana já ultrapassava todas as anteriores.
Tendo ele pleno domínio da terra e dos meios de produção dos seus
frutos (produtos), o homem começa a se relacionar de forma politica
levando-o à sua “ultima transição evolutiva”. É importante destacar que
nesta fase a família e a propriedade privada possuem grande destaque,
tanto no que tange as relações sociais, como nas politicas.

A família é vista como o marco histórico da organização e ordenamento


social do homem civilizado. Aqui também teremos o advento da religião
– como ordenamento social - que faz com que as diferentes famílias nos
diferentes cantos do globo se organizem de forma a propagarem a sua
cultura.
CASTRO, C. Evolucionismo Cultural textos de Morgan, Tylor e Frazer. Rio
de Janeiro: ZAHAR, 2005.

Documentário:

A Origem do Homem e a Primeira EVA


http://www.youtube.com/watch?v=w8Pp6KmIMu0

Neanderthal: Discovery Channel 2001 (partes 1 e 2)


https://www.youtube.com/watch?v=nARq6P3sm0U

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