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CENTRO DE APOIO OPERACIONAL CRIMINAL

Rua Riachuelo, 115 - 7º andar - sala 730 - São Paulo - CEP 01007-000 – tel. 3119-9922
caocrim@mpsp.mp.gov.br

Assunto: Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do COAF e sua utilização


no processo penal.

1) SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:

Ementa: PENAL. AFASTAMENTO DOS SIGILOS FISCAL E


BANCÁRIO. REQUISITOS. IMPOSSIBILIDADE DE OBTENÇÃO DA
PROVA POR OUTROS MEIOS E LIMITAÇÃO TEMPORAL DA
QUEBRA. INDÍCIOS APRESENTADOS PELA AUTORIDADE POLICIAL
E PELO MINISTÉRIO PÚBLICO QUE DEMONSTRAM POSSÍVEL
PAGAMENTO DE VANTAGEM INDEVIDA A PARLAMENTAR.
LEGITIMIDADE DA DECRETAÇÃO. 1. Segundo a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, a autorização do afastamento dos sigilos
fiscal e bancário deverá indicar, mediante fundamentos idôneos, a
pertinência temática, a necessidade da medida, “que o resultado não
possa advir de nenhum outro meio ou fonte lícita de prova” e “existência
de limitação temporal do objeto da medida, enquanto predeterminação
formal do período” (MS 25812 MC, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO,
publicado em DJ 23-2-2006). 2. No caso, o pedido de afastamento
dos sigilos fiscal e bancário encontra-se embasado, em síntese, em
declarações feitas no âmbito de colaboração premiada, em
depoimento prestado por pessoa supostamente envolvida nos
fatos investigados e em relatório do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (COAF). Os elementos até então colhidos
indicavam possível pagamento de vantagem indevida a parlamentar em
troca de influência supostamente exercida no âmbito da Petrobras,
mostrando-se necessária e pertinente a decretação da medida postulada
para que fossem esclarecidos os fatos investigados. Solicitação que,
ademais, estava circunscrita a pessoas físicas em tese vinculadas aos
fatos investigados, com CPF definidos, e limitavam-se a lapso temporal
correspondente ao tempo em que teriam ocorridos os supostos
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repasses. 3. Agravos regimentais a que se nega provimento.


(AC 3872 AgR, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno,
julgado em 22/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-228 DIVULG 12-
11-2015 PUBLIC 13-11-2015)
Inteiro Teor:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=TP&docID=9783617

 EMENTA: [...]; A realização do crime de lavagem de dinheiro (art. 1º, V e


VI, da Lei 9.613/1998) ocorreu mediante três grandes etapas, integradas
por condutas reiteradas e, muitas vezes, concomitantes, as quais podem
ser agrupadas da seguinte forma: (1) fraude na contabilidade de
pessoas jurídicas ligadas ao réu MARCOS VALÉRIO, especialmente na
SMP&B Comunicação Ltda., na DNA Propaganda Ltda. e no próprio
Banco Rural S/A; (2) simulação de empréstimos bancários, formalmente
contraídos, sobretudo, no Banco Rural S/A e no Banco BMG, bem como
utilização de mecanismos fraudulentos para encobrir o caráter simulado
desses mútuos fictícios; e, principalmente, (3) repasses de vultosos
valores através do banco Rural, com dissimulação da natureza,
origem, localização, disposição e movimentação de tais valores,
bem como ocultação, especialmente do Banco Central e do Coaf,
dos verdadeiros (e conhecidos) proprietários e beneficiários dessas
quantias, que sabidamente eram provenientes, direta ou
indiretamente, de crimes contra a administração pública (itens III e
VI) e o sistema financeiro nacional (item V). Limitando-se ao que
consta da denúncia, foram identificadas e comprovadas quarenta e seis
operações de lavagem de dinheiro realizadas através de mecanismos
ilícitos disponibilizados pelo banco Rural. Os delitos foram cometidos por
réus integrantes do chamado “núcleo publicitário” e do “núcleo
financeiro”, com unidade de desígnios e divisão de tarefas, ficando cada
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agente incumbido de determinadas funções, de cujo desempenho


dependia o sucesso da associação criminosa. [...]; (AP 470, Relator(a):
Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2012,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-074 DIVULG 19-04-2013 PUBLIC 22-04-
2013 RTJ VOL-00225-01 PP-00011).
Inteiro teor:
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?
numero=470&classe=AP&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tip
oJulgamento=M

2) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES AO CONSELHO DE
ATIVIDADES FINANCEIRAS - COAF EFETUADA PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CRIMINAL.
DESNECESSIDADE DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
INEXISTÊNCIA A PRIORI DE VIOLAÇÃO À GARANTIA
CONSTITUCIONAL DO SIGILO BANCÁRIO E FISCAL DO
PARTICULAR.
1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso
Extraordinário n. 593.727/MG, assentou ser legítima a investigação
realizada pelo Ministério Público.
2. A provocação inicial do órgão acusatório "não desnatura a
comunicação do ilícito indiciariamente constatado pelo COAF, que
possui prerrogativa de encaminhar Relatório de Inteligência Financeira
comunicando a operação suspeita". (RHC 73.331/DF, Rel.Ministro Nefi
Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 25/10/2016, DJe 17/11/2016).
3. O mero fato de o Ministério Público ter efetuado solicitação de
manifestação do COAF sobre eventuais irregularidades nas
movimentações financeiras de pessoa (física ou jurídica) investigada,
por si só, não constitui, necessariamente, risco de obtenção de
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informações protegidas pelo sigilo fiscal e, portanto, independe de prévia


autorização judicial.
4. Se o art. 1º, § 3º, IV, da Lei 9.613/98 admite que o COAF comunique
"autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou
administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre
operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática
criminosa", não há motivo para que o Ministério Público deixe de dirigir
solicitação ao órgão no sentido de que investigue operações bancárias e
fiscais de pessoa (física ou jurídica) sobre as quais paire suspeita e
comunique, ao final, suas conclusões. Assim, o MPF "não possui acesso
aos bancos de dados sigilosos do COAF, existindo apenas um
intercâmbio de informações por sistema eletrônico, criado pelo próprio
órgão, objetivando atender ao preconizado no artigo 15 da Lei de
Lavagem de Dinheiro".
5. O que define a violação à garantia do sigilo fiscal e bancário é o
conteúdo das informações constantes no relatório apresentado pelo
COAF, conteúdo esse cuja utilização pode ser questionada mesmo que
a comunicação de eventual notitia criminis seja efetuada sponte propria
pelo COAF. Nesse sentido, tem-se orientado a jurisprudência desta
Corte quando salienta que "a comunicação feita à autoridade policial ou
ao Ministério Público não pode transbordar o limite da garantia
fundamental ao sigilo, o que significa dizer que a obtenção dos dados
que subsidiaram o relatório fornecido pelo COAF necessita de
autorização judicial." (HC 349.945/PE, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO,
Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 06/12/2016, DJe 02/02/2017). Precedente recente da Quinta
Turma: RHC 49.982/GO, por mim relatado, QUINTA TURMA, julgado em
09/03/2017, DJe 15/03/2017.
6. Situação em que o voto condutor do acórdão recorrido salientou que,
no caso concreto, o Relatório de Informações Financeiras (RIF), embora
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revelador de movimentações atípicas de parte da impetrante, não


forneceu dados sigilosos, para além do permissivo legal.
7. A mera solicitação de providência investigativa não demanda a
fundamentação própria de um ato decisório judicial, nem tampouco
precisa estar amparada nos mesmos requisitos necessários para a
solicitação da quebra de sigilo bancário, se as informações solicitadas
não são protegidas pelo sigilo.
8. Não é abusiva, nem despropositada a solicitação de informações a
respeito de eventuais irregularidades financeiras de investigado(s),
quando amparada em representação subscrita por vários conselheiros e
sócios de agremiação esportiva que descrevia transação suspeita de um
determinado atleta, além de recebimento de vantagens indevidas em
contratos de fornecimento de material esportivo, envolvendo o então
presidente do clube e a representante judicial da empresa investigada,
com quem o mencionado dirigente mantinha, à época, relação amorosa.
9. Não existe dispositivo legal que exija que o Ministério Público ouça
primeiramente o investigado antes de solicitar provas no procedimento
investigatório anterior à denúncia.
10. Recurso ordinário a que se nega provimento.
(RMS 52.677/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 27/04/2017, DJe 05/05/2017)
Inteiro teor:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ITA&sequencial=1596225&num_registro=201603215600&
data=20170505&formato=PDF

 PROCESSO PENAL. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. DILIGÊNCIAS


PRÉVIAS. REALIZAÇÃO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 2º, II, DA
LEI Nº 9.296/96. ÔNUS DA DEFESA. AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO.
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1. Demonstrada, no caso concreto, a ocorrência de medidas


investigatórias prévias à decretação da interceptação telefônica.
Relatório do COAF, bem como quebras de sigilos bancários e fiscal
corroboraram a existência de indícios de delitos noticiados por
autoridades alfandegárias estrangeiras. O primeiro período de
interceptação telefônica, por sua vez, reforçou as suspeitas e a extensão
da interceptação ao recorrente se mostrou adequada e respaldada por
elementos colhidos anteriormente.
2. A defesa alega violação ao disposto no artigo 2º, inciso II, da Lei
9.296/1996, mas não demonstra que existiam, de fato, meios
investigativos alternativos às autoridades para a elucidação dos fatos à
época na qual a medida invasiva foi requerida. Precedentes.
3. Recurso desprovido.
(RHC 65.550/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 23/02/2016, DJe 02/03/2016)
Inteiro Teor:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?
num_registro=201502880646&dt_publicacao=02/03/2016

 RECURSO EM HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA,


FORMAÇÃO DE QUADRILHA E LAVAGEM DE DINHEIRO. ALEGADAS
ATIPICIDADE DA CONDUTA, FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO
PENAL E INÉPCIA DA DENÚNCIA.
RECURSO NÃO PROVIDO.
1. Não é indispensável o inquérito policial para fundamentar uma peça
acusatória em processo penal, visto que o próprio Código de Processo
Penal dispõe que, reunindo o Ministério Público ou o acusador privado
elementos informativos suficientes para dar início à ação penal,
dispensa-se a investigação policial.
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2. Não há nulidade em denúncia oferecida pelo Ministério Público


cujo supedâneo foi relatório do COAF, que, minuciosamente,
identificou a ocorrência de crimes vários e a autoria de diversas
pessoas.
3. Embora seja possível reconhecer algumas impropriedades na peça
acusatória, a denúncia esclareceu os fatos imputados aos denunciados,
fazendo menção a apropriações de numerários em valores expressivos
na conta de uma das denunciadas - que, por sua vez, repassou essas
importâncias para outras pessoas, entre as quais, o recorrente -, valores
que, evidentemente, pela própria quantia, sugerem origem ou destinação
ilícitas. Coarctar a ação do Ministério Público sem lhe permitir provar o
que sustenta na peça acusatória seria inadequado neste momento.
4. Recurso não provido.
(RHC 45.207/PA, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/
Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 26/08/2014, DJe 03/02/2015).
Inteiro Teor:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?
num_registro=201400293190&dt_publicacao=03/02/2015

 [...] 1. Inquérito policial em trâmite na Justiça Federal, para fins de apurar


suposta movimentação financeira atípica de pessoas físicas e jurídicas,
devidamente identificadas, que não gozam de foro de prerrogativa de
função. Dos fatos narrados na investigação policial, não há nenhum
elemento probatório a apontar a participação de parlamentares, mas
simplesmente de terceiros, os quais carecem de prerrogativa de foro,
não bastando para deslocar a competência para o Supremo Tribunal
Federal. Correta, portanto, a competência do Juízo Federal para o
respectivo processamento. Precedentes.
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2. Quanto à instauração de inquérito policial resultante do Relatório


de Inteligência Financeira encaminhado pelo Conselho de Controle
de Atividades Financeiras (COAF), nada há que se questionar,
mostrando ele totalmente razoável, já que os elementos de
convicção existentes se prestaram para o fim colimado.
3. Representação da quebra de sigilo fiscal, por parte da autoridade
policial, com base unicamente no Relatório de Inteligência
Financeira encaminhado pelo Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (COAF). Representação policial que reconhece que a
simples atipicidade de movimentação financeira não caracteriza
crime. Não se admite a quebra do sigilo bancário, fiscal e de dados
telefônicos (medida excepcional) como regra, ou seja, como a
origem propriamente dita das investigações. Não precedeu a
investigação policial de nenhuma outra diligência, ou seja, não se
esgotou nenhum outro meio possível de prova, partiu-se,
exclusivamente, do Relatório de Inteligência Financeira
encaminhado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(COAF) para requerer o afastamento dos sigilos. Não foi delineado
pela autoridade policial nenhum motivo sequer, apto, portanto, a
demonstrar a impossibilidade de colheita de provas por outro meio
que não a quebra de sigilo fiscal. Não demonstrada a
impossibilidade de colheita das provas por outros meios menos
lesivos, converteu-se, ilegitimamente, tal prova em instrumento de
busca generalizada. Idêntico raciocínio há de se estender à
requisição do Ministério Público Federal para o afastamento do
sigilo bancário, porquanto referente à mesma questão e aos
mesmos investigados.
4. O outro motivo determinante da insubsistência/inconsistência da prova
ora obtida diz respeito à inidônea fundamentação, desprovida de
embasamento concreto e carente de fundadas razões a justificar ato tão
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invasivo e devassador na vida dos investigados. O ponto relativo às


dificuldades para a colheita de provas por meio de procedimentos menos
gravosos, dada a natureza das ditas infrações financeiras e tributárias,
poderia até ter sido aventado na motivação, mas não o foi; e, ainda que
assim o fosse, far-se-ia necessária a demonstração com base em
fatores concretos que expusessem o liame entre a atuação dos
investigados e a impossibilidade em questão. A mera constatação de
movimentação financeira atípica é pouco demais para amparar a quebra
de sigilo; fosse assim, toda e qualquer comunicação do COAF nesse
sentido implicaria, necessariamente, o afastamento do sigilo para ser
elucidada. Da mesma forma, a gravidade dos fatos e a necessidade de
se punir os responsáveis não se mostram como motivação idônea para
justificar a medida, a qual deve se ater, exclusiva e exaustivamente, aos
requisitos definidos no ordenamento jurídico pátrio, sobretudo porque a
regra consiste na inviolabilidade do sigilo, e a quebra, na sua exceção.
Qualquer inquérito policial visa apurar a responsabilidade dos envolvidos
a fim de puni-los, sendo certo que a gravidade das infrações, por si só,
não sustenta a devassa da intimidade (medida de exceção), até porque
qualquer crime, de elevada ou reduzida gravidade (desde que punido
com pena de reclusão), é suscetível de apuração mediante esse meio de
prova, donde se infere que esse fator é irrelevante para sua imposição.
O mesmo raciocínio pode ser empregado para a justificativa concernente
ao "perigo enorme e efetivo que a ação pode causar à ordem tributária,
à ordem econômica e "às relações de consumo", as quais se encontram
contidas na gravidade das infrações sob apuração. A complexidade dos
fatos sob investigação também não autoriza a quebra de sigilo,
considerando não ter havido a demonstração do nexo entre a referida
circunstância e a impossibilidade de colheita de provas mediante outro
meio menos invasivo. Provas testemunhais e periciais também se
prestam para elucidar causas complexas, bastando, para isso, a
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realização de diligências policiais em sintonia com o andamento das


ações tidas por criminosas. A mera menção aos dispositivos legais
aplicáveis à espécie, por si só, também não se afigura suficiente para
suportar tal medida, uma vez que se deve observar que tais dispositivos
"possibilitam" a quebra, mas não a "determinam", obrigando o
preenchimento dos demais requisitos legais. Máculas que contaminaram
toda a prova: falta de demonstração/comprovação inequívoca, por parte
da autoridade policial, da pertinência do gravoso meio de prova (isto é,
ausência da elucidação acerca da inviabilidade de apuração dos fatos
por meio menos invasivo e devassador); utilização da quebra de sigilo
fiscal como origem propriamente dita das investigações (instrumento de
busca generalizada); ausência de demonstração exaustiva e concreta da
real necessidade e imprescindibilidade do afastamento do sigilo; não
demonstração, pelo Juízo de primeiro grau, da pertinência da quebra
diante do contexto concreto dos fatos ora apresentados pela autoridade
policial para tal medida. O deferimento da medida excepcional por parte
do magistrado de primeiro grau não se revestiu de fundamentação
adequada nem de apoio concreto em suporte fático idôneo, excedendo o
princípio da proporcionalidade e da razoabilidade, maculando, assim, de
ilicitude referida prova.
5. Todas as demais provas que derivaram da documentação decorrente
das quebras consideradas ilícitas devem ser consideradas imprestáveis,
de acordo com a teoria dos frutos da árvore envenenada.
6. Ordem concedida para declarar nulas as quebras de sigilo bancário,
fiscal e de dados telefônicos, porquanto autorizadas em
desconformidade com os ditames legais e, por consequência, declarar
igualmente nulas as provas em razão delas produzidas, cabendo, ainda,
ao Juiz do caso a análise de tal extensão em relação a outras, já que
nesta sede, de via estreita, não se afigura possível averiguá-las; sem
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prejuízo, no entanto, da tramitação do inquérito policial, cuja conclusão


dependerá da produção de novas provas independentes.
(HC 191.378/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 15/09/2011, DJe 05/12/2011)
Inteiro Teor:
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num_registro=201002168871&dt_publicacao=05/12/2011

3) TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

 Mandado de Segurança – Alegada ofensa a direito líquido e certo da


impetrante – Requerimento endereçado pelo Ministério Público ao
COAF sem ordem judicial – Ilegalidade não verificada – Direito ao sigilo
bancário mitigado diante do interesse público – Relativização do sigilo –
Providência empreendida em meio à averiguação do desvio de lavagem
de dinheiro – Conexão do ato com o desvio que se pretende apurar –
Providência firmada em meio a procedimento investigatório preliminar –
Ato que não visa propriamente desnudar dados bancários – Base legal
confirmada – Segurança negada. (Relator(a): Marcelo Gordo; Comarca:
Comarca nâo informada; Órgão julgador: 13ª Câmara de Direito
Criminal; Data do julgamento: 15/09/2016; Data de registro: 19/09/2016).

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