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A resistência indígena no Brasil Colonial

Na chegada ao Brasil, os portugueses se depararam com os nativos indígenas. Estes, inicialmente, não se mostraram hostis,
estabelecendo, com os estrangeiros, atividades de escambo entre os produtos aqui existentes, como o pau-brasil, em troca de
presentes vindos de Portugal, constituídos por pequenos utensílios domésticos.

Devido à necessidade de mão de obra para a extração do pau-brasil e outros recursos naturais, o colonizador português começou,
aos poucos, a escravização indígena. Para a exploração da cana-de-açúcar, os senhores de engenho se utilizaram de mão-de-
obra indígena nas plantações e no beneficiamento do produto, desmembrando milhares de tribos existentes no território. Logo
surgiram inúmeros conflitos entre os indígenas e o povo colonizador, em defesa de suas terras e contra a escravidão.

De cultura desconhecida e completamente diferente dos europeus, os índios não obedeciam aos mandos dos senhores de
engenho. Eles tinham sua própria religião, caçavam para sobreviver, conheciam as matas e seus segredos e não se sujeitavam a
viver em cativeiro.

Os indígenas brasileiros do período colonial viviam duplamente acuados: os jesuítas almejavam convertê-los ao Catolicismo e aos
valores europeus, e os brancos visavam utilizá-los como mão-de-obra escrava.

Nas Missões Jesuítas, não existia propriedade privada, e a economia era basicamente agrícola. A fim de facilitar a catequização e
o controle, os padres atuaram na mudança de hábitos dos índios nômades, tornando-os sedentários: a facilidade da obtenção de
alimento, com o cultivo da terra, fez com que os índios conseguissem alimentar tribos inteiras, sem a necessidade da caça pelo
alimento. A Igreja Católica, representada pelos jesuítas, proibiu a escravidão indígena, já que seu interesse era catequizar os
índios, difundindo, além da religião católica, um novo modelo de organização social, econômica e política.

Entre 1530 a 1570, os maiores centros produtores de cana-de-açúcar, as capitanias de Pernambuco e da Bahia, necessitavam
cada vez mais de mão-de-obra nos canaviais. A Coroa Portuguesa, dividida entre a Igreja e a pressão dos senhores de engenho,
deixou lacunas na legislação que proibia a escravização dos índios, cerrando os olhos para as barbáries cometidas: crianças
tiradas à força das aldeias para receberem educação nos colégios jesuítas, índias estupradas pelos sedentos colonos e as
doenças, exclusivas dos brancos, que dizimaram milhares de índios.

Contudo, a população indígena não assitiu impassiva à ação colonial ou mesmo da Igreja. Entre 1554 e 1567, os índios
Tupinambá lideraram uma revolta, que ficou conhecida como a Confederação dos Tamoios. Esse grupo se rebelou contra os
colonizadores portugueses, envolvendo também os índios Guaianazes e Aimorés.

Enquanto o impasse gerado entre os colonos, o clero e a Coroa não se resolvia, os nativos tentavam resistir à dominação dos
brancos. A Santidade, um tipo de culto que adaptava os rituais católicos ensinados pelos jesuítas, iniciou-se em 1551 na capitania
de São Vicente, região de São Paulo, e ganhou forças em Ilhéus e no Recôncavo Baiano.

Para compensar as perdas com escravos indígenas e apaziguar a briga com a Igreja Católica, o tráfico negreiro foi intensificado
no Brasil colônia, principalmente no início do século 17. Atividade altamente rentável para a Coroa portuguesa, os escravos
vinham da África, principalmente de Angola, Moçambique e Congo.

No início, o Brasil possuía cerca de cinco milhões de índios. Hoje, essa população foi reduzida para aproximadamente 300.000.
Sua cultura foi manchada pela influência do homem branco. São raras as tribos que ainda preservam seus costumes. Atualmente,
a luta pela demarcação das reservas indígenas e os confrontos entre garimpeiros, produtores rurais e índios pelo uso da terra são
frequentes, principalmente na região Norte do país. O governo brasileiro pouco intervém nessas questões.

Os indígenas são o primeiro grupo populacional a ocupar o espaço hoje correspondente ao Brasil. O processo
colonizador exterminou e desarticulou a maior parte dos grupos indígenas, e, ainda hoje, esses povos lutam por
reconhecimento social.

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