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Ato administrativo

A noção de ato administrativo nem sempre foi a mesma. Até à revisão do CPA
em 2015 parte da doutrina reconduzia ao artigo 120º CPA e consagrava uma noção
ampla pois dizia que os atos administrativos produzia efeitos externos e internos.
Atualmente a noção encontra-se no artigo 148º do CPA e só visa os efeitos externos,
ou seja, é mais restrita.
O artigo 120º do CPA consagrava uma noção ampla que era defendida pelo
professor Marcelo Caetano todavia nunca se considerou que a noção de ato
administrativo fosse essa visão ampla. O antigo artigo 120º do CPA introduziu no
conceito de ato administrativos o conteúdo decisório assumindo que atos
administrativos são decisões. O preceito remetia para uma distinção que separava
os atos de conteúdo decisório que eram verdadeiros atos administrativos de outros
como pareceres, propostas que não tinham conteúdo decisório não sendo
considerados atos administrativos.
Mas, o conceito do artigo 120º do CPA também não correspondia ao conceito
restrito de ato administrativo porque não limitava a figura aos atos com eficácia
externa admitindo a existência de atos administrativos sem eficácia externa, noção
já consagrada no anterior CPTA.
Hoje, a eficácia externa é inerente ao conceito de ato administrativo tal como
resulta do artigo 148º do CPA.
Com a revisão de 2015 o artigo 148º do CPA restringiu o âmbito da figura do ato
administrativo aos atos decisórios com eficácia externa. Note-se que não tem apenas
eficácia externa e conteúdo decisório os atos finais do procedimento. Os atos
praticados ao longo do procedimento que definam situações jurídicas dos
interessados, ainda que parcialmente, poderão ser decisões na medida em que não
possam ser objeto de reapreciação no momento ulterior do procedimento. (Por
exemplo, um ato que admite ou exclui um candidato de um concurso publico).
Resulta na nova definição do CPA que os atos administrativos são aqueles que
visão produzir somente efeitos jurídicos externos, ou seja, atos administrativos são
aqueles que são suscetíveis de afetar direitos ou interesses de entidades exteriores
à aquela que praticou o ato. Portanto, o intuito desta norma (artigo 148º do CPA) foi
excluir atos decisórios do conceito de ato administrativo que se produzam no âmbito
de relações interorgânicas.
O ato administrativo é o ato jurídico unilateral praticado no exercício de poderes
jurídico administrativos por um órgão da administração ou por outra entidade publica
ou privada para tal habilitada por lei e que traduz uma decisão tendente produzir
efeitos jurídicos externos individuais e concretos.

Atualmente, ato administrativo não é só aquele que é praticado pela entidade


púbica mas também por uma entidade privada. Quando é que a entidade privada
pode praticar atos administrativos? Quando os particulares atuam numa relação
jurídica no uso do ius imperium, ou seja, desde que os particulares estejam reunidos
do poder jurídico administrativo ou poderes de autoridade.

o O ato administrativo é um ato jurídico, ou seja, uma conduta voluntaria geradora


de direitos e efeitos. A exigência de essa conduta voluntaria permite excluir o conceito
de ato administrativo os factos jurídicos em sentido estrito. Os factos jurídicos podem
ser voluntários ou involuntários. As operações materiais da administração não são
atos administrativos porque são orientadas para a produção de efeitos, efeitos estes
que não se encontram pré-determinados. Exemplo: Um médico em um hospital
publico administra um coiso com um produto a que o doente é alérgico e o doente
acaba por morrer que vão produzir efeitos no plano da responsabilidade
administrativa mas é uma conduta não orientada para a produção de efeitos.

o O ato administrativo é um ato unilateral, ou seja, uma declaração de vontade para


cuja perfeição é desnecessária a concordância de qualquer outra vontade. E nisto se
distingue o ato unilateral de um negocio jurídico bilateral. No entanto, por vezes, a
eficácia do ato depende da aceitação de um interessado mas essa aceitação é uma
condição de eficácia, ou seja, não faz parte do conteúdo do ato nem é condição da
sua existência. Exemplo: Um ato administrativo de nomeação de funcionário publico
para determinado cargo. O ato administrativo é a nomeação mas a eficácia depende
do futuro funcionário publico. A unilateralidade é uma consequência natural da
autoridade da administração. O que permite excluir da categoria dos atos
administrativos os atos de direito privado. E ficam também excluídos do conceito de
ato administrativo os atos de execução uma vez que se limitam atirar consequências
de um ato administrativo anterior. Tendo em conta que o ato administrativo nasceu
no quadro do principio da separação de poderes, deveria ser sempre da autoria da
administração publica. No entanto percebeu se que os outros poderes do estado
também praticam atos que em nada se distinguem do ato administrativo. Por
exemplo: Uma sanção disciplinar apresentada pelo PR a um funcionário do
parlamento.

o E os atos praticados pela administração no âmbito da sua gestão privada são atos
administrativos? Não, pois são regulados pelo direito privado. Só são atos
administrativos os atos que a administração pratica no exercício da função
administrativa no uso dos poderes de autoridade.

o São atos administrativos do ponto de vista orgânico aqueles que são praticados por
órgãos administrativos mas também aqueles atos praticados por pessoas coletivas
que não integram a administração publica, ou seja, pessoas coletivas privadas de
utilidade publica e as sociedades de interesse coletivo que colaboram com a
administração publica na prossecução das suas atribuições. E, por isso, a lei atribui
a essas entidades competência para a pratica de atos administrativos.

o Por força da lei são atos administrativos atos que embora não provenham da
administração em sentido orgânico, são atos jurídicos praticados por órgãos do
estado não pertencentes ao poder executivo, ou seja, integrados no poder
legislativos ou judicial (artigo 24º ETAF e 2º CPA).

o O ato administrativo tem de ser decisório, isto é, trata-se de uma decisão


proveniente do órgão administrativo que é suscetível de produzir efeitos jurídicos na
esfera jurídica de outrem (artigo 148º CPA). O que se pretendeu foi recortar dos atos
da administração uma categoria de atos denominados de decisão, ou seja, só são
atos administrativos aqueles que criam uma determinada estatuição autoritária numa
situação individual e concreta. Por isso os atos instrumentais não são atos
administrativos.
Elementos do ato administrativo: (a falta de um destes elementos leva a que
hajam vícios e por sua vez, a nulidade ou anulabilidade)

1. Elementos subjetivos: o ato administrativo típico contrapõe dois sujeitos do


direito: a administração pública e particular. Em alguns casos podem estar duas pessoas
coletivas públicas ou até duas pessoas coletivas privadas.
Exemplo: um ato de rescisão por motivo de interesse publico de um contrato de cessão
de exploração de restaurante situado numa área de serviço de uma auto estrada por um
concessionário de obras publicas. Uma exceção a isto é a existência de atos
administrativos bipolares que são atos administrativos direcionados erga omnes, ou seja,
com eficácia relativamente a terceiros que são suscetíveis de afetar múltiplos particulares.
Isto é uma exceção por não existir dois polos e um ato administrativo multipolar pois os
seus efeitos são suscetíveis de afetar terceiros. Exemplo: uma decisão administração de
construção de uma central nuclear. Na maioria das situações, temos um autor do ato
administrativo de um lado, que normalmente é um órgão da administração publica, e do
outro lado temos o destinatário do ato administrativo que pode ser um particular ou outra
pessoa coletiva publica
2. Elementos formais: temos a forma e as formalidades do ato administrativo. A
forma é o modo como a administração exterioriza a sua vontade enquanto que a forma
escrita é a regra para os atos dos órgãos singulares enquanto os atos dos órgãos
colegiais, a regra é a oralidade. Quanto às formalidades, consistem em ritos destinados
a garantir a correta formação da vontade por parte da administração e o respeito pelos
interesses e direitos dos particulares.
3. Elementos objetivos: temos o conteúdo ou objeto imediato que é a substância
da conduta em que o ato subsiste. O conteúdo abrange 3 elementos: a decisão da
administração em praticar o ato (decisão de nomear, decisão de punir); Clausulas
acessórias (que podem ser o termo e a condição); Fundamentos da decisão. O objeto
consiste na realidade sobre a qual vai incidir o direito (exemplo: expropriação do terreno).
4. Elementos funcionais: temos a causa que é a função jurídico social do ato
administrativo. Temos os motivos que são os razões que levam o órgão administrativo à
pratica do ato. Temos o fim que é a finalidade e o objetivo que se pretende prosseguir
com a pratica daquele ato em concreto.

Funções do ato administrativo

1. Função tituladora: o ato administrativo constitui um vinculo ao qual se vai


destinar a produção de determinados efeitos. Sendo de destacar a força executiva ou
eficácia auto titulante pois há uma estatuição autoritária/ não necessita para a sua
execução de qualquer outra pronuncia judicial.
2. Função definitória: o ato administrativo define autoritariamente relações
jurídicas criando, modificando ou extinguindo relações jurídicas tuteladas pelo direito
administrativo.
3. Função procedimental: o ato administrativo surge no momento principal do
procedimento administrativo destinado à sua pratica.
4. Função estabilizadora: uma vez que a decisão mesmo que ilegal, não sendo
nula, consolida-se num prazo relativamente curto e ainda cumpre uma função processual
porque legitima a intervenção dos tribunais.
Classificação dos atos administrativos:
1. Atos primários: são aqueles que incidem pela primeira vez sobre dada situação
jurídica. Por exemplo: nomear um funcionário público, expropriação.
1.1. Declarativos: aqui temos os juízes que são atos pelos quais um órgão da
administração publica, segundo critérios de justiça, qualifica pessoas e coisas
submetidas à sua apreciação.

1.2. Constitutivos
1.2.1. Constitutivos de direitos, favoráveis ou permissivos: possibilitam a
alguém a adoção de uma conduta ou de um comportamento que de outro
modo lhe estariam vedados.

1.2.1.1. A admissão: é o ato pelo qual um órgão da administração investe


um particular numa determinada categoria jurídica e confere-lhe
direitos e deveres.
Exemplo: o ato de admissão de um aluno numa universidade publica.

1.2.1.2. A subvenção: é o ato pelo qual um órgão da administração atribui


a um particular um quantia em dinheiro destinada a cobrir custos
inerentes à prossecução de determinada interesse publico. Subsídios
para o interesse publico.
Exemplo: instituto português de cinema

1.2.1.3. A delegação de poderes: é o ato através de qual um órgão


normalmente competente em determinada matéria permite que outro
órgão pratique atos sobre essa matéria, trata-se de uma relação
interorgânica (prevista nos artigos 44 e ss. CPA).

1.2.1.4. As conceções: é o ato pelo qual um órgão administração


transfere para uma entidade privada o exercício de uma atividade
publica.
Exemplo: exploração de um serviço publico, exploração de um bem
do domínio publico que o concessionário desempenhara por sua conta
e risco.

1.2.1.5. A autorização: é o ato pelo qual o órgão da administração permite


a alguém o exercício de um direito ou de uma competência pré-
existente.
Exemplo: alguém é titular de um direito subjetivo mas o exercício
desse direito encontra se dependente de autorização a dar pela
autoridade administração competente.
1.2.1.6. A licença : é o ato administrativo pelo qual a administração atribui
a alguém o direito de exercer uma atividade privada que por lei é
relativamente proibida. Não há direito pré-existente.

A licença distingue se da autorização porque na autorização, o


particular já é titular do direito e apenas o exercício desse direito está
dependente da autorização adm. No caso da licença, o particular não
é titular de direito nenhum face à adm. A atividade que ele se propõe
a exercer é até , em principio, proibida por lei mas a própria lei permite
que a titulo excecional a administração possa permitir o exercício
dessa atividade.

1.2.1.7. Dispensa: é o ato administrativo que permite a alguém nos


termos da lei o não cumprimento de uma obrigação geral e legal. A
dispensa pode assumir 2 formas:
1.2.1.7.1. Isenção: conferida pela administração a particulares para
a prossecução de um interesse publico.
1.2.1.7.2. Escusa: concedida por um órgão da administração a outro
órgão para garantir a imparcialidade do órgão.

1.2.2. Constitutivos de deveres, desfavoráveis ou impositivos: estes atos


impõe uma conduta ou sujeitam o destinatário a determinados efeitos
jurídicos.

1.2.2.1. Atos punitivos: o acto punitivo são aqueles que impõe uma
sanção a alguém.
Exemplo: a aplicação de uma sanção disciplinar em virtude da pratica
de um comportamento que consubstancie a violação de deveres por
um funcionário publico.

1.2.2.2. Atos ablativos: são aqueles que impõe extinção ou a


modificação do conteúdo de um direito.
Exemplo: expropriação, nacionalizações por empresas publicas,
certidões impostas sobre prédios privados.

1.2.2.3. Atos de recusa ou indeferimento: aqueles que recusam


determinados requerimentos dirigidos à administração.

1.2.2.4. Atos que consubstanciam ordens ou imposições: atos que


substanciam ordens ou imposições.

2. Atos secundários: versam sobre um ato primário que tenha sido anteriormente
praticado ou sobre um situação que tenha sido já regulada.
Exemplo: a revogação de um ato administrativo vai incidir sobre um ato
administrativo anteriormente praticado visando a destruição dos seus efeitos.

2.1. Integrativos: são aqueles que visam completar os atos administrativos


anteriores.

2.1.1. Homulogação : é o ato administrativo que absorve os fundamentos e as


conclusões de um ato administrativo anterior ou de uma proposta de um
parecer apresentado por determinado órgão administrativo. Muitas vezes,
um órgão faz uma proposta ou uma recomendação e o segundo órgão
limita-se a dizer “homulogo”, ou seja, o ato administrativo de homulogação
vai assumir os fundamentos e as próprias conclusões do ato administrativo
homulogado. Este dever de fundamentação é por vezes obrigatório pois
sem a fundamentação existe um vício- anulabilidade (artigo 152º CPA).
No ato da homulogação não é necessário a fundamentação porque esta já
se encontra no próprio ato de homulogado.
2.1.2. Aprovação: é o ato pelo qual um órgão da administração exprime a sua
concordância com um ato anterior praticado por outro órgão administração.
É uma condição de eficácia para o ato anterior, para que ele produza
efeitos. Isto acontece nas relações intersubjetivas.

Qual é a diferença entre aprovação e homulgação? É que antes do ato de


homulgação não há um ato administrativo propriamente dito. Antes da
aprovação existe um ato administrativo. A aprovação é necessária para que
o ato comece a produzir efeitos. A autorização é uma condição de validade,
um ato de condição de eficácia.

2.1.3. Visto: é um ato através do qual um órgão declara ter tomado


conhecimento de outro ato sem se pronunciar sobre o seu conteúdo (visto
cognitivo) ou através do qual um órgão declara não ter objeções de
legalidade e mérito sobre o ato examinado e por isso lhe confere eficácia
(visto volitivo).

2.1.4. Ato confirmativo: é o ato pela qual o órgão da administração reitera e


mantem em vigor um ato administrativo. Muitas vezes acontece que, na
pratica, a administração recusa uma licença e decorrido um período de
tempo o particular vem insistir e formula o mesmo pedido. A administração
pode confirmar a recusa anteriormente dada e reiterar a posição tomada.

2.1.5. Ratificação confirmativa: é um ato administrativo através do qual um


órgão da administração competente para dispor em certa matéria exprime
a sua concordância relativamente a atos praticados em circunstâncias
extraordinárias por um órgão excecionalmente competente.
O órgão competente concorda e ratifica ou não concorda e não ratifica. Se
ratificar o ato ratificado que não era um ato definitivo torna-se definitivo. Se
recusar, então o ato caduca.

2.2. Saneadores: visam eliminar a invalidade de um ato administrativo


anteriormente praticados.

2.2.1. Ratificação sanação: é um ato administrativo que visa suprir a


ilegalidade resultante da incompetência relativa do autor ou a falta de uma
condição legalmente exigida para que o seu autor o pudesse praticar.
Exemplo: um ato praticado por um órgão a quem a lei de habilitação atribui
competência delegada sem que o delegante tenha autorizado o exercício
dessa competência.

2.2.2. Reforma: é um ato administrativo que vem tornar válido um ato


administrativo que tem uma parte válida e uma parte inválida, retirando-lhe
parte inválida e conversando a parte válida.

2.2.3. Conversão: é um ato convalidante através do qual se procede ao


aproveitamento dos elementos válidos de um ato anulável para com eles
se compor um ato válido.
Exemplo: uma professora ficou gravida e veio outro professor substitui-la
mas entretanto esse professor ficou efetivo- converte-se o despacho de
confirmação provisório para efetivo.

2.3. Modificativos: atos que visam uma modificação de um ato administrativo


anterior.

2.3.1. Suspensão: é um ato através do qual se paralisa temporariamente os


efeitos de um ato administrativo anterior.

2.3.2. Modificação propriamente dita: substitui total ou parcialmente um ato


administrativo anterior (artigo 173º CPA).

2.3.3. Retificação: visa corrigir erros manifestos, erros de calculo de um ato


administrativo anterior (artigo 174º CPA).

2.4. Desintegrativos de eficácia : atos que visam cessar/destruir os efeitos de um


ato administrativo anterior.

2.4.1. Anulação
2.4.2. Revogação

Quanto ao fundamento: a anulação tem fundamento na invalidade ou


ilegalidade do ato anteriormente praticado e a revogação tem fundamento
na inoportunidade ou inconveniência do ato anterior.
Quanto aos efeitos: a revogação tem efeitos para o futuro embora em certas
situações tenha efeitos retroativos (171º nº1 CPA). A anulação tem efeitos
retroativos.
Quanto ao conteúdo: a revogação tem conteúdo de extinção dos efeitos
jurídicos produzidos pelo ato anulado ou revogado. O objeto da revogação
e da anulação é o ato anulado ou revogado.
Iniciativa (169º CPA): a revogação pode ser espontânea (iniciativa oficiosa,
quando é praticada por um órgão administrativo independentemente de
solicitação de interessado nenhum- 169º nº2 CPA) ou provocada.
A revogação baseia-se na inoportunidade ao passo que a anulação
administrativo vai se basear na ilegalidade ou invalidade do ato.
Forma: 170 nº1 CPA
Limites à própria revogação e anulação: 167º nº1 CPA
Efeitos retroativos: 168º nº2 CPA
Efeitos da anulação: 171º nº3 CPA

Quando é que um ato é inoportuno? Quando há uma alteração do


interesse publico.
Vícios do ato administrativo
Os vícios consubstanciam uma ilegalidade do ato administrativo e de uma
construção genérica os vícios devem-se à falta dos elementos do ato a administrativo.
1. Vícios relativos ao sujeito ou vícios orgânicos

1.1 Falta de atribuições ou incompetência absoluta: ocorre quando um órgão de


uma pessoa coletiva pública atua no domínio da ação de um órgão de outra
pessoa coletiva pública diferente ou quando um órgão de um ministério atua no
âmbito das atribuições de outro ministério.
Consequência jurídica: artigo 161º nº2 b) CPA, a consequência jurídica prevista
para a falta de atribuições é a nulidade do ato subjacente. Note-se que a
consequência mais gravosa, a nulidade, é associada a este vício orgânico face
à gravidade do mesmo. Trata-se de um órgão que pratica um ato para prosseguir
um interesse publico estranho à pessoa coletiva pública a que pertence.
Ex: um ministério viola atribuição de outro ministério; a camara municipal do
Porto pratica um ato administrativo da competência da freguesia.

1.2 Vícios relativos à competência: consiste na violação das regras de repartição


de competências dentro da mesma pessoa coletiva publica, ou seja, traduz-se
na falta de poderes funcionais do órgão que praticou o ato, competência esta
que pertencia a outro órgão da mesma pessoa coletiva pública.
Ex: A Camara X pratica um ato da Assembleia Municipal.

1.3 Vícios relativos à legitimação: o que está em causa é a possibilidade ou


qualificação de um órgão para o exercício do poder no caso concreto. Os casos
mais graves de falta de legitimação originam nulidade: artigo 161º nº2 h) CPA. A
pratica de um ato sem autorização também vai culminar numa falta de
legitimação. O ato administrativo praticado sob vícios da vontade (artigo 161º
nº2 f) CPA), ou seja, a nulidade. Os restantes a consequência jurídica é a
anulabilidade (artigo 163º CPA).

1.4 Usurpação de poder: constitui uma falta de atribuições mais gravosa. Neste
caso o ato é praticado por um órgão administrativo, não tendo por entanto a
pessoa coletiva publica em que ele se insere nem qualquer outra pessoa coletiva
publica atribuições para o efeito. Isto significa que o ato não pertence à função
administrativa mas a outras funções do estado (exemplo: função legislativa,
função politica ).
Tal vicio consubstancia uma violação do principio da separação de poderes. A
lei consubstancia como consequência jurídica a nulidade, artigo 161º nº2 a) CPA.

2. Vícios relativos ao objeto


Acontecem normalmente quando inexiste o objeto ou quando há impossibilidade
física do mesmo (exemplo: expropriação de um edifício demolido; nomeação de um
morto; revogação de um ato que já foi extinto). A consequência jurídica é a nulidade,
artigo 161º nº2 c) CPA.
3. Vícios materiais ou substanciais
3.1 Relativos ao fim: só têm relevância quando se trate de um ato vinculado se
houver um vício do fim do domínio discricionário tal vício apenas se vai projetar
na escolha do conteúdo como vicio na relação fim-conteúdo, ou seja, se é
deixada a administração a determinação do conteúdo do ato, qualquer erro
relativo aos pressupostos vai implicar que a administração dê um conteúdo ao
ato que sem o erro não o daria.

3.2 Relativos ao conteúdo: estes consubstanciam-se na violação de princípios. A


consequência é a anulabilidade, artigo 163º e 161º à contrario CPA.

4. Vícios formais

4.1 Relativos ao procedimento: este tipo de vicio surge quando estamos perante
procedimentos vinculados, isto é, cuja tramitação se encontre totalmente
prevista na lei. Nos procedimentos discricionários, estes vícios puderam gerar
meras irregularidades. Regra geral, estes vícios geram anulabilidade do ato,
artigo 163º e 161º à contrario CPA).

4.2 Relativos à forma: vai implicar à anulabilidade do ato. Nesta situação subsume-
se a carência absoluta de forma legal (artigo 161º nº2 g) CPA).
Exemplo: um despacho que não tenha cabeçalho que não permite identificar o
autor do ato; uma deliberação aprovada por um órgão colegial fora de reunião.
A fundamentação do ato é muito importante relativamente à forma

Fundamentação do ato: Nos temos do artigo 152º CPA, todos os atos


administrativos têm de ser fundamentados. Esta norma contém uma enumeração
exemplificativa de atos que obrigatoriamente necessitam de fundamentação.
No caso dos atos de homologação a respetiva conclusão e fundamentação
encontra-se no ato homologado pelo que a fundamentação deixa de ser necessária
(152º nº2 alínea a) CPA).

Requisitos da fundamentação (artigo 153º CPA- a fundamentação consiste na


enumeração de facto e de direito)

A falta ou insuficiência de fundamentação vai culminar num vicio de forma, a


anulabilidade.
É a preterição de formalidades essenciais?
A resposta é não. Neste caso há um vicio relativo à forma e não quanto à
formalidade. Todavia há posições doutrinais que entendem que a falta de
fundamentação nos casos previstos nos artigos 32º nº10 CRP e 269º nº3 CRP geram,
tal como a audiência dos interessados, a nulidade do ato.
Validade e eficácia do ato

A validade diz respeito aos outros momentos intrínsecos do ato e a eficácia dos
momentos extrínsecos.
Os vícios da validade afetam a vida do ato administrativo e os elementos
relativos à eficácia afetam a sua operatividade.
A fase integrativa de eficácia é posterior à fase de constitutiva e o que se discute
é se determinado ato seja válido pode produzir efeitos e se o inválido também pode.
Há situações em que os atos são válidos mas não operativos, pois podem ter a
sua eficácia diferida, suspensa, condicionada. Trata-se dos casos previstos no artigo
157º CPA. Tais atos já se encontram totalmente válidos, no entanto a sua eficácia só
será desencadeada se ocorrer qualquer um dos eventos previstos no artigo 157.º.
Há outra situação quando os atos são inválidos mas são eficazes, isto sucede
nos atos anuláveis, porque este tipo de invalidade é determinada por vícios menos
graves do ato administrativo e, como tal consente-se que estes atos anuláveis produzem
efeitos até serem anulados pela administração pública ou pelo tribunal administrativo.
A administração pública anula o ato administrativo com fundamento em
ilegalidade (anulação administrativa).
Nos atos de eficácia instantânea os efeitos do ato produzem-se num
determinado momento. Estes atos podem criar situações duradouras que se
prolonguem por mais tempo, mas a sua operatividade esgota-se no momento em que
se torna eficaz (exemplo: ato de nomeação de um funcionário para um cargo
administrativo).
Atos de eficácia duradoura: esgotam a sua operatividade e não é apenas a
situação criada por eles que se prolonga no tempo (exemplo: contrato de concessão
tem de se manter eficaz durante toda a duração do contrato para poder produzir efeitos).
Contagem de eficácia de atos: calcula-se a questão só após a fase constitutiva
se os efeitos começam a contar a partir daí. Em regra, o ato integrativo de eficácia tem
natureza meramente declarativa. Visa remover um obstáculo á sua operatividade, nada
acrescentando á sua validade.
Assim, os efeitos produzem-se desde a data em que o evento constitutivo teve
lugar - exceção. Só nos casos em que o evento integrativo for uma circunstância
constitutiva do ato é que surge o ato que desencadeia a eficácia, uma vez que nesse
caso não se limita a remover um obstáculo à sua eficácia, sendo um elemento
constitutivo do próprio ato. REGRA: o ato administrativo vigora para o futuro – artigo
155.º e 156.º CPA.
A suspensão da eficácia de um ato administrativo dá-se quando um ato de
eficácia duradoura está a produzir os seus efeitos e que determinada situação faz com
que cesse temporariamente os seus efeitos. Volta a produzir efeitos com a renovação
da eficácia.
Cessação de eficácia: os atos de eficácia duradoura vêm os efeitos cessar pelo
desaparecimento do sujeito. Quando existe uma revogação ou anulação administrativa:
cláusulas acessórias nos atos administrativos tem efeitos retroativos que podem ser a
cláusula resolutiva pela qual a eficácia de um evento fica dependente da verificação de
um evento futuro mas incerto e através do termo final que determina que os efeitos do
ato cessem a partir de determinado momento.

Estrutura do ato administrativo

o Sujeito: pessoas coletivas públicas a quem a lei atribui a prossecução de


interesses públicos. As pessoas coletivas públicas atuam através de órgãos dotados
de poderes jurídicos administrativos para a prática de atos administrativos. E esses
órgãos são representados por pessoas físicas que são as titulares dos órgãos. Os atos
administrativos podem ser praticados poe entidades privadas desde que munidas de
poderes.
o Objeto: objeto mediato que se distingue do objeto imediato. O objeto imediato é
a entidade que sofre transformações jurídicas visadas pelo próprio ato e pode ser uma
coisa, uma pessoa ou até um ato administrativo (revogação ou anulação administrativa).
o Estatuição: é a declaração de qualquer ato jurídico.

Requisitos da validade do sujeito

Os sujeitos referem-se às pessoas coletivas públicas, ou seja, às entidades


dotadas de atribuição para levar a cabo a prossecução dos interesses que a lei adere a
seu cargo. As pessoas coletivas públicas atuam através de órgãos, ou seja, de
entidades datados de competência que são poderes ou faculdades de determinados
atos).
Há um desvio a esta regra no que toca aquele que é o órgão superior de
administração pública (artigo 182° CRP). No interior do governo existem ministérios que
apesar de serem órgãos são dotados de atribuições como resultado do artigo 161º
b) CPA.
Como requisição de validade relativa ao sujeito temos: a exigência que o órgão
administrativo que pratica o ato esteja inserido numa pessoa coletiva pública ou num
ministério dotado de atribuição para o efeito. Ainda de acordo as condições de validade
não é apenas necessário que órgão que pratique o ato seja competente. Exige-se que
ele esteja legitimado para o exercício da competência.

São requisitos de legitimação para a prática do ato:


o a investidura do titular do órgão;
o a autorização;
o ausência de impedimentos de titulares;
o o decurso de tempo dentro da qual o ato deve ser praticado ou decorrido o qual
o ato deixa de ser praticado;
o o quórum no caso dos órgãos colegiais

Requisitos da validade do objeto imediato:


o existência possibilidade física ou de do objeto, bem como a sua possibilidade
jurídica; determinação do objeto da forma que seja possível a sua identificação;
o idoneidade (relação do objeto e o conteúdo do ato);
o legitimação (traduz se na qualificação de determinado objeto para receber
efeitos de determinado ato administrativo).

Requisição da validade da estatuição: ato administrativo em sentido estrito


que se subdivide em:
o fim: prossecução de interesse público, previsto na lei.
o Procedimento
o Conteúdo: constituído pela camada ou disposição o ato administrativo pode ter
um conteúdo vinculado- fim e as competências- o conteúdo pode ser discriminatório,
mas não é absoluto porque está vinculado à lei aos princípios da atividade
administrativa. O ato administrativo pode ter cláusulas acessórias: condição, termo e
modo que vão constituir condições de eficácia. A condição fez se depender a eficácia
do ato de um acontecimento futuro e incerto. Apesar de haver uma probabilidade de
verificação não tem certeza absoluta que o evento venha a acontecer. A condição pode
ser suspensiva, assim o ato administrativo produz efeitos quando o evento ocorrer. Se
for uma condição resolutiva. A verificação de eventos determina a cessação dos efeitos
do ato. O termo é uma cláusula na qual a eficácia do ato ficará dependente de um evento
futuro, mas certo. Pode ser termo inicial determina o início de produção de efeitos do
ato. Se se tratar de um termo final determina a cessão de efeitos de ato. O modo é uma
cláusula que só pode ser incluída num ato administrativo que produz vantagens para o
destinatário, implicando um dever de fazer ou de suportar determinado encargo imposto
ao destinatário.

o Forma (artigo 150°): em regra geral o ato administrativo deve ser praticado por
forma escrita (forma supletiva). No entanto, nos órgãos colegiados- artigo 150 n°2-
podem ser praticados verbalmente desde que indicados em ata. Dentro das formas
temos as formalidades que são exigências que a lei estabelece para determinados
atos administrativos (fundamentação de ato- forma; audiência dos interessados-
formalidade).

Regulamento administrativo

São normas jurídicas gerais e abstratas emanadas no exercício de poder


administrativo por órgãos administrativo, entidades administrativas e outros sujeitos de
direito para tal habilitados por lei.

De ponto de vista material, consiste num conjunto de normas jurídicas gerais


e abstratas. Gerais porque tem como destinatários não determinados mas
determináveis, aplicam se a uma pluralidade de sujeitos. Abstratos porque se aplicam a
um número indefinido de situações.
Do ponto de vista orgânico, são ditados por órgãos da administração pública
e eventualmente por entidades privadas no exercício de poderes jurídico-administrativo.
Do ponto de vista funcional, o regulamento é emanado no exercício da função
administrativo, o que tem relevância nos casos em que o órgão em causa é um órgão
administrativo e simultaneamente um órgão legislativo.
O regulamento é emanado no exercício do poder administrativo. Esta questão é
relevante nos casos em que o órgão em causa seja um órgão simultaneamente
legislativo e administrativo. Neste caso, só podemos falar em regulamento
administrativo quando o órgão em questão atue no exercício do poder administrativo.

Atividade/ poder regulamentar

É uma atividade secundária dependente e subordinada à atividade legislativa.


Esta é uma atividade primária ou principal porque depende apenas da constituição.
Do ponto de vista formal, o regulamento pode assumir variadas formas.
Do ponto de vista formal o regulamento pode assumir varias formas:
o Quando se trata de um regulamento do Governo, assume a forma de um
decreto-regulamento.
o Quando se trata de um regulamento do Conselho de Ministro, designa-se de
resolução do conselho de ministros.
o Quando se trata de Ministérios é um despacho normativo.

Espécies de regulamentos

1º Critério: Relação do regulamento com a lei

o Regulamentos complementares ou de execução: são aqueles que


desenvolvem ou aprofundam a disciplina jurídica prevista na lei. Trata-se de
regulamentos necessários à boa execução das leis. São regulamentos que
visam proporcionar à lei as condições necessárias para que estas possam ser
aplicadas de acordo com a vontade legislativa. Estes regulamentos visam
impedir que, por força de uma imprecisão legislativa, se utilizem expressões
diferentes de serviço para serviço.
Estes podem surgir nos casos de:
 Interpretação de leis que por serem obscuras levantam problemas
de interpretação
 Pormenorização de regimes jurídicos consagrados na lei
 Integração de lacunas das leis que apresentem casos omissos
 Definição dos elementos de aplicabilidade da lei

Características:
 Não acrescentam nada de novo às leis não podendo por isso
incluir preceitos contra legen ou parter legen, apenas segundo legen (conceitos
de acordo com a lei)
 Podem versar sobre todas as matérias, incluindo as matérias de
reserva de lei e reserva legal uma vez que não acrescentam nada à lei
 Quando não indicam a autoridade que os deve emanar, em
princípio são emanados pelo governo através da pessoa do ministro
competente em razão da matéria
 Não podem pura e simplesmente ser revogados embora possam
ser substituídos por outros- principio da irrevogabilidade dos regulamentos de
execução
 Sob pena de inconstitucionalidade têm de indicar expressamente
a lei que visam regulamentar (artigo 112º nº7 CRP)

o Regulamentos independentes ou autónomos: caracterizam se pelo facto do


seu conteúdo não estar pré-determinado em lei anterior, ou seja, ao contrário
dos regulamentos de execução, estes regulamentos são inovadores. Para além
de isso, estes regulamentos tem uma dependência à lei muito mais ampla.
Estes regulamentos são uma expressão do auto governo da administração, não
visam executar qualquer lei mas antes introduzir uma disciplina inovadora.
Constituem uma normação primaria encontrando-se definidos no artigo 136 nº3
CPA e 112º nº7 CRP.
Os regulamentos têm de ter uma lei de habilitação. Esta prevê a competência
subjetiva (quais os órgãos de competência) e objetiva (materiais de objetivo de
regulamentação).
O que se discute é se, por exemplo, o governo como órgão administrativo pode
ou não aprovar a disciplina inicial de uma determinada relação jurídica. Para
uma fação da doutrina- Prof. Gomes e o Prof. Vital Moeira- entendem que o nº7
do artigo 112º deve ser entendido no sentido de a primeira parte se aplicar aos
regulamentos de execução e a segunda parte indicar a lei que define a
competência objetiva e subjetiva se aplicar aos regulamentos independentes.
Para outra fação da doutrina- Prof. Afonso Queirós e Prof. Vieira Andrade-
entendem que se é possível dar cumprimento à exigência constitucional que
fixa a competência objetiva e subjetiva no caso dos regulamentos das
autarquias locais e das regiões autónomas, o mesmo não se pode dizer
relativamente aos regulamentos do Governo. Não é possível identificar as leis
que fixam a competência objetiva no caso de estes regulamentos visto que esta
diz respeito à satisfação de qualquer necessidade coletiva, não fazendo sentido
que a lei descrimine as atribuições do Governo.
O fundamento legal de um regulamento independente no artigo 199º alínea g)
CRP.

2º Critério: Critério da projeção da eficácia dos regulamentos

Quanto à projeção da eficácia dos regulamentos estabelece-se que os


regulamentos podem ser internos ou externos,
Regulamentos internos: são aqueles que produzem os seus efeitos jurídicos
unicamente no interior da esfera jurídica da entidade de que são emanadas
Regulamentos externos: são os únicos que estão previstos no artigo 135do
CPA.
Estes regulamentos produzem efeitos em relação a outros sujeitos de direito
diferente daqueles que estão dentro da esfera jurídica da entidade pelo qual são
emanadas. Isto significa que os regulamentos externos produzem efeitos em relação a
outras pessoas coletivas publicas ou em relação a particulares (por exemplo: há
regulamentos da organização que são internos, por se aplicarem aos próprios órgãos
pelos quais foram emanados e regulamentos policiais são sempre externos, por se
aplicarem sempre, não aos órgãos que emanaram esses regulamentos mas a outras
p.c.p ou a particulares )
A respeito da classificação de regulamentos internos e regulamentos externos
surgem dois problemas, nomeadamente no que respeita dos regulamentos
institucionais e no que respeita aos regulamentos que a administração elabora
para disciplinar a atuação dos seus próprios funcionários públicos.
a) Regulamentos institucionais: Os regulamentos institucionais visam disciplinar
o comportamento dos utentes no serviço publico, isto significa que visam
regulamentar as relações entre o serviço publico e o particular, em que o serviço
público está munido duma relação especial de poder. (por exemplo o caso do
aluno numa escola ou de um doente num hospital)
Perante estes regulamentos, há quem entende que estas se classificam como
internas e quem entenda que se classificam como externas
1. Posição que defende que os regulamentos institucionais são internos:
estabelecem que os regulamentos institucionais não se dirigem a todos os
cidadãos em geral, mas apenas aqueles que ingressam no interior de um
círculo restrito de pessoas sujeitas à jurisprudência própria de certas
autoridades administrativas e submetidas a formas particulares de disciplina
2. Posição que defende que os regulamentos institucionais são externos:
está é a posição adotada na medida em que se entende que estes
regulamentos não projetam a sua eficácia apenas na esfera jurídica de uma
p.c.p ou através do dever de obediência hierárquica, nos funcionários
públicos ao seu serviço. Estes regulamentos produzem também efeitos a
autênticos cidadãos (ainda que estes também sofram esta ou aquela
limitação) e não apenas a meios súbitos ou administradas (os doentes e
alunos não são elementos da administração nem são meros súbitos e
administrados desta)
Assim sendo, estes regulamentos são externos e podem ser impugnados
contenciosamente
b) Regulamentos que a administração elabora para disciplinar a atuação dos
seus próprios funcionários públicos: Quando se tratam de regulamentos
aplicáveis aos funcionários na sua qualidade de funcionários estamos perante
regulamentos internos. Se por outro lado se tratarem de regulamentos que se
plicam a funcionários de administração não na qualidade destes, mas na
qualidade de cidadãos então estamos perante regulamentos externos.
A questão de qualificação do regulamento como interno ou externo tem ainda
outra projeção importante, no que diz respeito ao princípio da inderrogabilidade
singular dos regulamentos.

Princípio da inderrogabilidade singular


O princípio da inderrogabilidade vale para os regulamentos externos, mas não
vale para os regulamentos internos.
Este principio estabelece que os regulamentos externos obrigam não só os
particulares como as próprias entidades que os emitiram, de tal forma que não é
permitidos aos órgãos de competência regulamentar, no que respeita aos regulamentos
externos, derrogar esses regulamentos sem mais em casos isolados, mantendo-os em
vigor para todos os restantes casos.
Considera-se que um regulamento que derroga outro para um caso concreto e
individual, não é um regulamento, é um ato administrativo ilegal por violação do
regulamento (artigo 142º nº2 do CPA)
O princípio da inderrogabilidade justifica-se por força do princípio da legalidade
e por força do princípio da igualdade. Pois, o princípio da legalidade estabelece que a
administração não pode ir contra o regulamento que ela própria tenha elaborado quando
está perante casos singulares. Por outro lado, o princípio da igualdade estabelece que
não faz sentido aprovar o regulamento a todos os casos possíveis e não aplicar a um
ou dois casos, uma vez que isto pode gerar a desigualdade sem qualquer fundamento
material bastante
3º critério: Sentido estrito
o Regulamentos de organização: são aqueles que procedem à distribuição das
funções pelos vários departamentos de uma pessoa coletiva pública bem como
à repartição das funções pelos agentes que aí trabalham.

o Regulamentos funcionais: são aqueles que disciplinam a vida quotidiana dos


serviços. Por exemplo, regulamento que fixa as regras de funcionamento do
material.

o Regulamentos de polícia: visam obstar, impedir determinada conduta


perigosa por parte dos indivíduos impondo restrições À liberdade individual. Por
exemplo: os sinais de trânsito, postes de alta tensão.

4º critério
o Regulamentos locais: aplicam-se a uma determinada zona do território. Ex:
regulamentos autárquicos.
o Regulamentos regionais: aplicam-se a uma determinada região. Ex:
regulamentos de regiões autónomas.

o Regulamentos institucionais: os que emanam dos institutos públicos.

Limites do ato administrativo

São aqueles que decorrem do posicionamento dos regulamentos na hierarquia das


fontes de direito.
a) Os princípios gerais de direito e de acordo com Afonso Queirós “um
conjunto de diretrizes jurídicos autónomos em relação às decisões do
legislador constituinte e cuja validade e obrigatoriedade não depende do
facto de serem acolhidos na constituição escrita de um estado.
b) A constituição que contem varias regras sobre competência e forma dos
regulamentos administrativos, cuja interdependência gerará
inconstitucionalidade das mesmas.
c) Os princípios gerais de direito administrativo e novamente de acordo com
Afonso Queirós são princípios que derivam da situação cultural pela
conceção do Homem e do mundo (ex: principio da inderrogabilidade
singular dos regulamentos).
Estes princípios podem ser revogados por normas legais pois têm a mesma
posição hierárquica de os, mas não podem ser derrogados diretamente
pelos regulamentos. A não observância desta vinculação determina a
violação de lei e em consequência a anulabilidade ou não aplicação dos
regulamentos.
d) A lei (principio da legalidade) o regulamento não pode ser contraria a um
ato legislativo já que a lei tem prioridade sobre os regulamentos (artigo 112º
nº5 CRP). O principio da legalidade pode manifestar-se sobre a vertente do
principio da reserva da lei, ou seja, o poder regulamentar não pode
desenvolver-se nas áreas que constitucionalmente estejam reservadas à
lei. Os únicos regulamentos que se admitem aqui são os regulamentos de
execução. Isto significa que o principio de reserva de lei importa para o
exercício de qualquer atividade administrativa uma lei habilitante
(precedência de lei), artigo 112º nº7 CRP.
e) Também como limite ao poder regulamentar temos a disciplina jurídica
constante dos regulamentos editados por órgãos que se situem num plano
superior ao do órgão que edita o regulamento. Assim, os regulamentos do
Governo prevalecem sobre todos os outras normas administrativas, mesmo
posteriores, em caso de conflito, exceto nos casos previstos no artigo 227º
nº2 alínea d) e no artigo 232 nº1 da CRP. Quanto ao artigo 138º CPA
estabelece os critérios de providência dos regulamentos em caso de
conflito.
f) Constitui limite ao poder regulamentar a proibição de o regulamento impor
com efeitos retroativos (deveres, encargos, ónus, sujeição ou sanções que
causem prejuízos ou restrinjam direitos ou interesses ou afetem as
condições do seu exercício artigo 141º nº1 CPA). Deste modo, são
admissíveis regulamentos que consagram um regime mais favorável para
os seus destinatários.
g) Por ultimo, o poder regulamentar está sujeito à competência e forma.
Sofrerá inconstitucionalidade ou ilegalidade orgânica um regulamento
editado por 1 órgão que não disponha de poderes para tal.

Fundamentos do ato administrativo

Do ponto de vista prático, o poder regulamentar funda-se no distanciamento


que o legislador tem face aos casos concretos da vida real e na impossibilidade de
previsão absoluta de todas as possibilidades, o que torna necessário que a
administração muitas vezes intervenha num segundo momento para criar as condições
de aplicabilidade da lei aos casos da vida.
Do ponto de vista histórico, o poder regulamentar repousa na impossibilidade
de aplicação rigorosa do principio da separação de poderes. Se esse principio tiver sido
rigorosamente aplicado teria levado que a administração não pudesse editar normas
jurídicas porque esta cabia exclusivamente ao poder legislativo. No entanto,
reconheceu-se à administração a possibilidade de editar tais normas mas ao abrigo do
poder administrativo.
Do ponto de vista jurídico, em homenagem ao principio da legalidade, o poder
regulamentar fundamenta-se na constituição e numa habilitação legal prévia.

Regulamentos específicos: Relativamente aos regulamentos internos, muitos


autores defendem que estes derivam de um direito próprio, de um poder inerente à
própria soberania da administração e que não necessita de se basear na lei ou na
constituição. O Prof. Freitas de Amaral discorda porque diz que a soberania é própria
do poder politico e não do poder administrativo e que o próprio fundamento jurídico do
poder regulamentar nos regulamentos internos é o poder de direção do superior
hierárquico.
O caso dos regimentos dos órgãos colegiais é outro caso em que não tem de se
basear na lei ou na constituição porque se entende que os órgãos colegiais têm poder
independentemente de normal legal ou constitucional e isto baseia-se no poder de auto-
organização dos órgãos colegiais.

Garantias administrativas

São formas de reação dos particulares face a atos praticados pela administração,
mas não contenciosas, ou seja, ainda não chegaram ao tribunal.
O artigo 266º da CRP refere que a administração pública deve prosseguir o
interesse público com respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos. Nessa
sequencia foram criadas garantias para os administrados. Essas garantias encontram-
se previstas nos artigos 184 e ss. CPA.
Para além das garantias administrativas, existem as garantias jurisdicionais
ou contenciosas. Estas garantias constituem formas de a administração autocontrolar
a sua própria atividade podendo exercer uma fiscalização da legalidade da conveniência
e da oportunidade dos respetivos atos administrativos.
As utilizações das garantias administrativas pressupõem a pratica de um ato
administrativo prévio que se pretende revogar/anular ou modificar através da
impugnação do mesmo face à administração.
As principais vantagens destas garantias:
 Ao contrário dos tribunais a administração pode fiscalizar a
legalidade, mas também o mérito e a oportunidade das respetivas decisões.
 A administração, para além de anular ou declarar nulo um ato,
pode revoga-lo, modifica-lo e substitui-lo.
 A impugnação administrativa suspende o prazo de impugnação
judicial (artigo 59º nº4 CPTA). Para além disso, o interessado pode optar pela
impugnação judicial na pendencia da impugnação administrativa.
 O procedimento relativamente às garantias administrativas é
simples, informal e gratuito. Para além disso, é desnecessária a constituição
de advogado, está isento de custas judiciais, é mais acessível e mais rápido. É
obrigatório o património judiciário e não há custos, é mais acessível e mais
rápido.

As principais desvantagens destas garantias:


 Os órgãos da administração tendem a privilegiar os critérios de
eficiência na prossecução do interesse publico em detrimento do respeito dos
direitos dos particulares.
 Estas medidas como não têm caracter suspensivo não impedem
que a administração execute as respetivas decisões na pendencia de uma
impugnação administrativa sendo certo que o particular pode sempre socorrer
se de um procedimento cautelar para suspensão dos efeitos.
A principal diferença entre a reclamação e o recurso hierárquico reside no órgão
perante o qual é deduzida. A reclamação é dirigida ao autor do ato, o recurso hierárquico
é dirigido ao superior hierárquico. Os recursos administrativos especiais são dirigidos a
pessoa coletiva sem relação de hierarquia com poderes de superintendência ou tutela.
O CPA prevê desde 2015 a possibilidade de as impugnações administrativas
visarem reagir contra a omissão ilegal de ato administrativo. O prazo de reação é de um
ano (artigo 187º CPA) a contar do incumprimento do dever de decisão (artigo 188º nº3
CPA). As impugnações administrativas, regra geral, têm hoje caracter facultativo salvo
disposição na lei em contrario (artigo 185º nº2 CPA).
A legitimidade para reclamar ou recorrer consta do artigo 186º CPA. É importante
referir que não pode reclamar nem recorrer quem tenha aceitado o ato administrativo. A
reclamação e os recursos têm de ser deduzidos por requerimento e pode ter como
fundamento a ilegalidade e a inconveniência do ato (artigo 184º nº3 CPA e artigo 185º
nº3 CPA), o que não acontece no caso da impugnação judicial que, a qual só pode ter
como fundamento única e exclusivamente a ilegalidade do ato.

Garantias Impugnatórias

1. Reclamação
2. Recurso hierárquico
3. Recursos administrativos especiais

A diferença entre estas 3 garantias impugnatórias reside no órgão perante o qual


cada uma delas é deduzida. A reclamação é dirigida ao autor do ato. O recurso
hierárquico é dirigido ao superior hierárquico. Os recursos administrativos especiais são
dirigidos à pessoa coletiva sem relação de hierarquia com poderes de superintendência
ou tutela.

o Reclamação: consiste numa garantia mediante a qual se impugna uma


decisão face ao próprio autor do ato administrativo e pode consubstanciar se
numa reação a um ato administrativo praticado ou numa omissão ilegal do ato
administrativo (artigo 184º nº1 CPA).
Em princípio pode-se reclamar de todos os atos administrativos, salvo
disposição legal em contrario (artigo 191º nº1 CPA). Só não se pode reclamar
de atos que decidam de reclamações ou recursos.
A reclamação é em regra facultativa, ou seja, pode-se lançar mão da
impugnação contenciosa independentemente de se recorrer previamente à
impugnação administrativa.
Nos termos do artigo 184º nº1 CPA impugna-se um ato administrativo se esse
ato padecer de um vicio e pretende-se com isso que a administração modifique
ou substituía esse ato administrativo. As impugnações também podem surgir
quando a administração nada diz em relação ao requerimento que lhe foi
dirigido de modo que há uma preterição do prazo e é possível reagir contra
essa preterição através da impugnação ou pela via contenciosa.
Embora a reclamação seja um importante meio impugnatório, hoje em dia,
verifica-se que esta perdeu um pouco a sua razão de ser no que toca a um
ponto de vista administrativo face ao direito de audiência previa.
O prazo de reclamação está previsto no artigo 195º nº3 CPA e é, regra geral,
de 15 dias. Este prazo começa a decorrer a partir da notificação, nos termos
do artigo 180º CPA. Nos casos de omissão, o prazo da reclamação começa a
decorrer no prazo de 1 ano nos termos do artigo 187º CPA.
Os fundamentos da reclamação estão previstos no artigo 185º nº3 CPA: a
ilegalidade do ato praticado, inconveniência do ato praticado ou inoportunidade
do ato praticado.
Antes da decisão e depois de apresentada a reclamação, o órgão competente
para a decisão, que é em principio o autor do próprio ato, deve notificar os
contra interessados que são aqueles que podem ser prejudicadas com a
procedência da impugnação (artigo 192º CPA).
O prazo de decisão do órgão competente está previsto no artigo 192º nº2 CPA
e estabelece que o prazo é de 30 dias para apreciar e decidir a reclamação.
Se a administração nada disser, lance-se mão de via contenciosa, que se
designa de ação de contensão à pratica do ato devido (artigo 66º e ss. CPTA).
A reclamação não suspende a eficácia do ato exceto quando se trate de
reclamação necessária, ou seja, o ato administrativo apesar de ser reclamado,
quando se trata de uma reclamação facultativa, ele pode ser executado/
continua a produzir efeito (artigo 189º CPA).
A suspensão do prazo está prevista no artigo 190º CPA. Neste artigo não se
esta a falar de prazos de recuso contencioso.

o Recurso hierárquico: é uma faculdade conferida aos particulares de


impugnarem determinados atos administrativos ou a faculdade de reagirem
contra uma omissão ilegal junto do respetivo superior hierárquico que é o autor
do ato.
Geralmente, o recurso hierárquico é dirigido ao mais elevado superior
hierárquico todavia, se a competência do superior hierárquico estiver delegada,
o subalterno pratica determinado ato e estando a competência delegada faz o
recurso ao delegado. Ou seja, quando estamos perante uma delegação de
poderes o recurso hierárquico é dirigido ao delegado nos termos do artigo 194º
nº1 CPA.
O recurso hierárquico pode consistir num requerimento para suspender,
revogar, modificar ou substituir a decisão tomada com fundamento em
ilegalidade ou inconveniência do ato praticado.
Para além disso, o recurso hierárquico pode ser necessário ou facultativo, no
entanto regra geral será facultativo.
O prazo para interposição do recurso hierárquico é de 30 dias no caso de
recurso hierárquico necessário e 3 meses no caso de recurso hierárquico
facultativo (artigo 193º nº2 CPA).
Hoje em dia, o recurso hierárquico é dirigido ao autor do próprio ato, o qual por
sua vez remeterá o processo para o superior hierárquico ou para o órgão
competente para decidir. Deverá ainda notificar os contra interessados nos
termos do artigo 195º nº1 CPA.
O prazo para a decisão do recurso hierárquico esta previsto no artigo 198º nº1
CPA. Está estabelecido como 30 dias a contar da data da remessa do
processo. A decisão do superior hierárquico pode ser de confirmação, de
substituição, de modificação, de revogação ou de anulação.
Na falta de decisão do recurso hierárquico há a possibilidade de
impugnação contenciosa nos termos do artigo 198º nº4 CPA.
Nos termos do artigo 199º CPA estão previstas as relações de
superintendência, supervisão e a tutela. Neste artigo estão em causa recursos
de atos praticados pelo delegado ou pelo subdelegado para o delegante ou
para o delegado respetivamente.
Estes recursos podem ter como fundamento a ilegalidade e a inconveniência
do ato.

o Recursos administrativos especiais: a administração interna esta sujeita a


dois tipos de tutela: a tutela de mérito e a tutela de legalidade.
A tutela é uma forma de relação entre as pessoas coletivas públicas e o Estado
através do qual o estado controla a formação da entidade publica e fie os
objetivos dessas entidades publicas. A tutela de mérito é quando a entidade
publica Estado tutela a conveniência da entidade tutelada. A tutela de
legalidade é quando a entidade tutelar (Estado) tutela a legalidade da entidade
tutelada.

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