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Licitações (Lei 8.

666/93)

1. Parte Geral:

1.1. Natureza jurídica: a lei de licitações dispõe de forma errada. Isso porque
licitação não é ato, nem complexo. Em verdade, trata-se de um procedimento
administrativo que tem etapas, atos e prazos determinados em lei (também
não é processo administrativo).

 A licitação SEMPRE é vinculada à lei. Se não estiver na lei não é


licitação, e nem pode estar vinculada.

1.2. Competência para legislar (art. 22, inciso XXVII da CF): compete à União,
privativamente, legislar sobre normas gerais.

*como se trata de competência privativa, na falta de norma geral federal,


ninguém edita norma geral supletiva, porquanto não se trata de competência
concorrente do art. 24 da CF.

**Estados e Municípios podem legislar sobre licitações? – isso poderá ocorrer


em duas situações: a) quando se tratar de competência suplementar, desde que
não invadam a competência federal (isso se dá quando os Estados e Municípios
legislam para suprir uma lacuna na lei federal, conforme prevista no art. 24, par. 2º
da CF); b) ou quando autorizada por lei complementar, conforme instituído pelo
art. 22, par. único da CF.

 Norma geral: é aquela que cria, altera ou extingue modalidades e tipos


licitatórios (é o procedimento, que é somente da União para as licitações).

1.3. Obrigados a licitar:

a) Todas as pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios) são


obrigadas a licitar para atender interesses de seus órgãos que integram os três
Poderes.

b) As pessoas jurídicas estatais, ou seja, as Autarquias de todos os tipos, as


Fundações Públicas, as Associações Públicas, as Empresas Públicas e Sociedades de
Economia Mista também deverão licitar, porém com as seguintes exceções:

I) Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): não precisa licitar por ter se
tornado ente sui generis, segundo o STF;

II) Empresas públicas e sociedades de economia mista: devem licitar


em suas atividades meio, mas não devem licitar na atividade fim.
*no entanto, vamos entender o que é cada um. Empresas públicas e
sociedades de economia mista não licitam nos atos de relação
comercial com o mercado (é a atividade fim), tal como BB e Caixa
Econômica Federal vendendo produtos e serviços bancários e
Petrobrás vendendo combustíveis e derivados (tá se relacionando
com o mercado – isso para não prejudicar tais entidades em face da
competição de mercado). Porém, devem licitar para atender
interesses materiais, operacionais e instrumentais necessários para o
dia-a-dia da estatal (atividade meio), por exemplo, CEF e BB
adquirindo computadores e móveis para as suas agências, Petrobrás
adquirindo veículos para a sua frota.

1.4. Interesses sujeitos à licitação: conforme art. 37, inciso XXI da CF, a licitação é
obrigatória para a realização de compras, alienações, contratações de obras e
serviços e recebimento de trabalhos.

*o patrocínio público é um interesse que NÃO se sujeita à licitação. Decisão do


STF, no caso do patrocínio à fórmula Indy de um ex-prefeito.

1.5. Objetivos – a lei geral de licitações (Lei 8.666/93) estabelece três objetivos:

a) Obter a melhor proposta para o interesse público;

b) Garantir a isonomia entre os participantes: a isonomia é também um


princípio licitatório, segundo o qual a Administração deverá tratar de forma igual
os iguais e de forma desigual os desiguais, para conferir a todos os interessados
as mesmas oportunidades e condições de disputa.

*tratamento desigual – exemplos: a) para grandes licitações, o edital poderá


exigir como condição de habilitação um determinado capital social. Nestas
hipóteses, em regra é permitida a formação de consórcio e a lei autoriza a soma do
capital social das empresas consorciadas para atingir o total exigido para
habilitação – porém, em valor superior àquele exigido da empresa que participa
individualmente; b) em uma licitação com a participação de empresas comuns e
micro e pequenas empresas, quando micro ou pequena empresa deixar de ser
vencedora por uma diferença de até 10% (5% no caso de pregão), depois de
encerrada a disputa, a micro ou pequena empresa terá o direito de fazer mais um
lance livre. E bastará à micro ou pequena empresa igualar a proposta do vencedor,
pois havendo empate, a micro ou pequena empresa terá a preferência na
contratação (Lei Complementar que determina isso).

c) Promover o desenvolvimento nacional: a licitação poderá ser usada como


ferramenta de política econômica para reduzir as desigualdades regionais – logo, é
possível que o edital restrinja a participação a apenas empresas sediadas na região
da execução.
*margem de preferência: quando o objeto de uma licitação envolver
tecnologia ou automação, a empresa brasileira que empregue tecnologia nacional
poderá ser declarada vencedora ainda que sua proposta seja até 25% mais cara
do que as propostas dos demais participantes. Este benefício da margem de
preferência pode ser estendido para empresas que integrem o MERCOSUL,
desde que empreguem tecnologia homologada nos órgãos brasileiros (art. 3º,
par. 5º, 8º e 10 da Lei).

2. Exceções legais: a Lei Geral de Licitações (Lei 8.666/93) regula hipóteses que
permitem a contratação direta:

a) Inexigibilidade: haverá inexigibilidade sempre que a disputa FOR


inviável. Para o STF, a inviabilidade deverá ser objetiva, ou seja, não pode ser
baseada em elementos subjetivos, tais como o melhor, o mais bonito. Não tem
disputa, ou não tem como comparar um com o outro, OBJETIVAMENTE (por
exemplo, como comparar o serviço de um advogado com o outro).

*a lei permite que o administrador decrete inexigibilidades POR SUA


CONTA E RISCO, desde que possa comprovar a inviabilidade objetiva. Assim, tem-
se que o rol da lei é meramente EXEMPLIFICATIVO, com três hipóteses. As demais
inexigibilidades não precisam ser análogas nem semelhantes aos três exemplos da
lei – exemplos da lei (art. 25 da Lei 8.666/93): I) em caso de produtor, empresa ou
representante comercial exclusivo (só ele tem aquele material, equipamento, etc.
para alienar); II) profissionais ou empresas com notória especialização (salvo para
serviços de publicidade e divulgação); III) profissional de setor artístico, desde que
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

b) Dispensa: em certas hipóteses a disputa é, em tese, viável, mas


disputar será prejudicial ao interesse público (o alto custo da licitação, sua
demora, a exposição de informações sigilosas, etc., poderão prejudicar o interesse
público). É possível que a disputa seja pior que a compra.

*a lei traz um rol de 30 hipóteses, mas se configura em um rol TAXATIVO.


Para o STF, tal rol não admite nem analogia, nem interpretação extensiva – para a
doutrina, haverá “tipicidade” nas dispensas (a hipótese deverá se justapor àquilo
que a lei prevê).

c) Dispensada – a doutrina diverge quanto à sua existência: I) parte da


doutrina não reconhece a “licitação dispensada”, sendo apenas uma hipótese de
“dispensa licitatória”; II) porém, para outra corrente, nas relações jurídicas entre
entes estatais, o interesse público estará, em tese, preservado, não sendo
necessária a licitação. São hipóteses de “transações imobiliárias” entre os entes
estatais, tal como compra e venda, permuta e comodato entre entes públicos, e
ainda quando um ente estatal puder atender interesses de outro ente estatal, desde
que sejam praticados preços de mercado – parte da doutrina entende que estas
contratações diretas na regra “dispensada” são permitidas entre entes estatais de
mesma esfera somente.

*para quem entende a respeito de sua existência, fala que estão dispostas no
art. 17 da Lei de Licitações. São elas sobre bens imóveis (inciso I): dação em
pagamento; doação (com as exceções do art. 17, I, f, h e i da Lei); permuta;
investidura; venda; alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens destinados ou utilizados
no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse
social, de bens imóveis de uso comercial com área de até 250 m², ou ainda de
terras rurais da União na Amazônia Legal; e procedimentos de legitimação de
posse – e sobre bens móveis (inciso II): doação; permuta; venda de ações; venda de
títulos; venda de bens produzidos ou comercializados pela Administração Pública;
e venda de materiais e equipamentos.

3. Inexigibilidades:

a) Quando houver “unicidade”: a Administração deverá PROVAR (não


basta apenas motivar), principalmente por meio de documentos e certidões, tal
como certidão das Confederações de Indústrias que para aquela atividade ou
objeto só existe um – quando em uma licitação apenas um comparece para
disputar, porém existe mais de um que preste aquela atividade, NÃO* é permitida a
declaração de inexigibilidade – ou a Administração prossegue com apenas um
participante ou revoga a licitação para repeti-la em data futura.

*comparecer apenas um é diferente de existir apenas um!

b) Para contratar serviço singular prestado por profissional com notória


especialização:

 Serviço singular: é aquele de natureza técnica especializada (tal como os


serviços do art. 13 da Lei 8.666/93), de maior complexidade.

*desta forma, para uma Autarquia contratar, por exemplo, serviços


advocatícios gerais, deverá licitar. Porém, para uma defesa técnica de alta
complexidade, poderá contratar por inexigibilidade, desde que o contratado
possua notória especialização.

 Notória especialização: é a exigida daquele que será contratado, e deverá


ser comprovada por meio de publicações, artigos, etc., ou amplo reconhecimento
de mercado em nome do contratado.

c) Para contratar artistas renomados: para a contratação de trabalhos e


serviços artísticos, a licitação, em regra, é exigida por meio da modalidade
concurso, sendo que o que torna esta hipótese inexigível é o renome/fama do
artista contratado. Na contratação, o administrador deverá demonstrar ou motivar
que o artista contratado goza de prestígio perante a população da entidade
contratante. Logo, um mesmo artista pode ser contratado por inexigibilidade em
um município, mas não em outro, conforme tenha ou não, prestígio local.

*nesta hipótese, é permitido contratar esportistas renomados, cientistas


renomados, intelectuais renomados, etc., pois o rol é exemplificativo. Renomado é
aquele que causa prestígio naquela sociedade, seja pessoa, seja animal, por
exemplo, o caso do “boi bandido”.

**para o TCU e demais Tribunais de Contas, o cachê do artista contratado


não precisa ser “o mais barato” e a lei não estabelece teto ou limite, mas deverá ser
razoável e proporcional com o porte da entidade contratante e com os valores
envolvidos no evento ou atividade. É o que aconteceu com Ivete Sangalo no
nordeste.

4. Dispensas licitatórias (art. 24 da Lei 8.666/93) – principais hipóteses:

a) Para contratações de ínfimo valor: para contratações no valor de até


10% dos limites para modalidade convite (esta que é a mais barata). Isso porque
a licitação é cara, portanto, vale a pena dispensar se a contratação é de valor
ínfimo.

*para empresas públicas, sociedades de economia mista e agências


executivas, haverá dispensa para o limite de até 20% dos limites para a
modalidade convite.

**Lei 11.107/05 (regula os consórcios públicos): cria as associações públicas,


que são compostas por entes políticos. Lembrando que conforme esta lei, a
associação pública formada por um consórcio de até 3 pessoas políticas dobra os
valores regulados na lei de licitações, e quando formados por mais de 3 pessoas
políticas, triplica estes valores regulados.

***quando o valor de uma contratação for de até 5% dos limites para


modalidade convite, a lei de licitações permite dispensar tanto a licitação
quanto o CONTRATO ESCRITO – neste limite, a administração pode fazer
contratação verbal e o contratado poderá ser pago em regime de antecipação
financeira através dos “suprimentos de fundos”, recebendo por meio de
pagamento direto pelo CARTÃO CORPORATIVO.

 Fracionamento do objeto ou contrato: a lei de licitações prevê e


recomenda que sempre que possível uma grande ou média licitação seja
fracionada em contratações menores para otimizar o tempo e eficiência. No
entanto, por mais frações que se faça, todas na modalidade mais complexa exigida
ao valor inteiro. Portanto, é expressamente proibido em lei, adotar para uma
fração, modalidade distinta e menos complexa do que aquela que seria
adotada caso não houvesse o fracionamento (e também é proibido dispensar na
contratação de uma fração).

 Modalidades de licitação (art. 22 da Lei 8.666/93):

I) Para licitações de grande valor, a Lei de Licitações prevê a


modalidade de concorrência;

II) Para de médio valor, a lei prevê a modalidade tomada de preços,


ou, facultativamente, a modalidade concorrência (quem pode o mais,
pode o menos);

III) Para de pequeno valor, a lei prevê a modalidade convite, ou,


facultativamente, a modalidade concorrência ou tomada de preços.

*seria muito comum o fracionamento para evitar a licitação, por isso


que a lei estabelece que são facultadas outras modalidades de
licitação mais complexas, obrigando a mais complexa exigida no caso
do fracionamento.

b) Licitação deserta: é quando o edital é publicado, porém ninguém


comparece para disputá-lo. Nesta circunstância, a lei prevê que o administrador
deverá revogar aquela licitação e demonstrando que repeti-la será prejudicial ao
interesse público, então, neste caso, será possível dispensar. Isso porque não há
interesse público em tentar fazer de novo. Trata-se de licitação negativa.

 Dispensando, o administrador contratará diretamente com qualquer


um, RIGOROSAMENTE, o mesmo contrato que havia sido publicado no edital.
Isso serve para se evitar fraudes (não pode alterar condições ou valores sob pena
de crime licitatório tipificado na Lei de Licitações).

*a doutrina prevê ainda uma segunda forma negativa, que é a licitação


fracassada, que é diferente da deserta, já que nesta ocorre disputa, porém todos
os participantes não conseguem ser habilitados e classificados – nestes casos,
NÃO É PERMITIDO DISPENSAR. Portanto, o administrador ou desiste de contratar
ou deverá repetir o procedimento, readequando o edital ou o contrato (às vezes o
contrato está muito exigente) – é o exemplo dos vários Barrichelos na fórmula 1
correndo sozinhos, todos fracassam.

c) Para adquirir produtos perecíveis: no dia da compra, precisa fazer uma


cotação de no mínimo 3 fornecedores. Como regra, a Administração não deverá
optar por produtos perecíveis ou deverá sempre que possível, optar por aqueles
com o maior prazo de validade. Optando pela compra de um produto perecível,
apesar de não haver licitação, o administrador deverá realizar, no dia da compra,
cotação de preços em no mínimo 3 fornecedores, demonstrando que optou pela
proposta mais vantajosa.
 Sistema de registro de preços (SRP): o registro de preços não é nem
modalidade nem tipo licitatório, mas apenas uma forma especial de contratação
continuada. O registro de preços poderá ser usado nas seguintes hipóteses: I)
quando não for possível determinar previamente a quantidade daquilo que será
necessário; II) para aquisição de coisas ou produtos de entregas periódicas, tal
como produtos perecíveis; III) para aquisições de coisas que poderão ser
compartilhadas por mais de um ente público.

*nestas hipóteses, o ente público realiza uma licitação ou pela modalidade


concorrência ou por pregão, e os participantes farão seu lance para registrar seu
preço válido pelo prazo de 01 (um) ano, prevendo ainda o critério ou índice de
correção. A Administração formará então uma tabela de fornecedores com preços
registrados e durante o ano de validade da tabela, poderá comprar livremente
daquele que registrou o menor preço (os demais participantes que declararem
expressamente que aceitam vender no preço do vencedor, também serão
contratados, impondo o partilhamento das compras ou aquisições entre todos que
assim declararam).

d) Diante de situações extremas, tal como guerra ou grave perturbação da


ordem, ou para atender emergências ou calamidades: para emergências e
calamidades, é necessário que haja prévio decreto do Chefe do Executivo impondo
estado de emergência ou estado de calamidade (art. 84, IX, X e XIX da CF). Durante
estas situações extremas, os prazos e limites da lei de responsabilidade fiscal
(Lei Complementar 101/00) ficam SUSPENSOS, e será permitida a contratação
direta por dispensa de forma simplificada. A lei de licitações permite a contratação
para atender emergências ou calamidades pelo prazo de até 180 dias (prazo
máximo), não permitindo nem prorrogação e nem renovação.

*para a Controladoria-Geral da União (CGU) e Tribunais de Contas, a


situação de emergência ou calamidade não pode decorrer de desídia ou omissão do
administrador – porém, para não prejudicar o interesse público e coletivo, mesmo
no caso de desídia ou omissão, será possível a contratação direta para evitar danos
ou sofrimento (perigo ou dano) à população, mas neste caso o administrador será
pessoalmente responsabilizado.

e) Remanescente de obra: o remanescente é o que não terminou de


construir. Para uma obra pública, o ente estatal realiza uma licitação, contrata o
primeiro colocado e este inicia a obra. Porém, caso este contratado cometa
infrações graves, implicando na rescisão antecipada do contrato, a parte
inacabada constituirá o remanescente da obra que ao invés de ser novamente
licitado, será oferecido para os demais participantes da licitação originária.

*a Administração está obrigada a respeitar a ordem de classificação


daquela licitação, ou seja, o primeiro deixou de concluir a obra, serviço ou
fornecimento, o segundo colocado na licitação realizada será preferido, sendo a si
oferecido o contrato com o vencedor. No entanto, os participantes poderão recusar
este contrato oferecido sem qualquer sanção (isso porque somente o primeiro
colocado, vencedor da licitação, que está obrigado a aceitar o contrato, sob pena de
severa punição). Caso um dos demais participantes aceite, o contrato estará
conforme a proposta do vencedor que motivou a rescisão antecipada (como
regra, as condições do contrato rescindido são mantidas no momento de contratar
o remanescente), aplicando-se tão somente a regra de proporcionalidade para
prazos, valores e quantidades.

**aquilo que é necessário para uma obra, mas que não foi previsto nem no
projeto nem no contrato tal como uma passarela de acesso ao prédio público, NÃO
constitui remanescente da obra – é um “complemento” da obra, que será objeto de
contratação própria (sendo de ínfimo valor, contrata por dispensa, e não sendo, o
“complemento” deverá ser licitado).

f) Forças armadas: para armamentos e produtos bélicos ou propriamente


militares não haverá licitação: I) por envolver segurança nacional; II) soberania –
porém, para serviços comuns, obras comuns e bens de uso material (consumo) ou
administrativos, a licitação é necessária.

g) Contratações entre entes administrativos: parte da doutrina entende que


esta hipótese configura “licitação dispensada”, pois o interesse público está, em
tese, preservado e garantido. No entanto, a corrente majoritária, mantém essas
hipóteses (conforme art. 17 da Lei de Licitações) como dispensáveis.

 Parte da doutrina entende que esta contratação direta só é permitida


entre entes administrativos da mesma esfera.

 Para os Tribunais de Contas, essa dispensa (entre entes estatais) só é


permitida quando os valores envolvidos nos preços forem compatíveis com o
mercado.

5. Procedimento Administrativo Preparatório (PAP) ou fase fechada da


licitação: todas as licitações (tanto de leis especiais quanto as da Lei 8.666/93) são
iniciadas por meio de um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PREPARATÓRIO
(PAP), também chamado de “fase fechada” da licitação (pois é uma fase interna
sem participação nem interferência de terceiros ou interessados).

 O ente estatal que possua uma necessidade licitável encaminha um


requerimento para um órgão gestor ou de controle ou ainda a um agente superior,
e este verificará se aquele requerimento está contemplado em lei orçamentária, se
existe dotação orçamentária disponível e a relevância ou necessidade daquilo que
está sendo requerido. Com o deferimento, tem-se a criação da comissão de
licitações.
 Comissão de licitações: é nomeada pelo superior (órgão gestor, de
controle ou agente superior). A comissão de licitações (que é administrativa) é
composta, em regra, por servidores efetivos da própria entidade. Nos grandes
licitantes, a comissão é permanente, mas nos pequenos licitantes (que licitam
pouco), a comissão é constituída ad hoc.

 A partir da nomeação ou constituição da comissão, já haverá licitação. A


primeira providência da comissão é verificar se é ou não uma hipótese de dispensa
ou inexigibilidade. Entendendo ser, a comissão encaminha as suas razões para o
Superior Hierárquico, e este, deferindo, remeterá os autos para a Procuradoria
respectiva. O Procurador é livre para concordar ou discordar, emitindo um
parecer administrativo normativo. Este parecer não vincula a Administração,
mas tem natureza de “pré-decisão” (MS 24.584 do STF).

*apesar de ser parecer administrativo, o Procurador designado terá


RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA no caso de dolo ou má-fé. Também no caso de
erro injustificável.

 Os autos são remetidos ao Chefe do Executivo ou dirigente da entidade


ou poder para homologação.

 Não sendo o caso nem de dispensa nem de inexigibilidade caberá à


comissão definir a modalidade que será aplicada ou tipo licitatório. Em seguida, a
comissão elabora o edital da licitação e, sendo necessário o contrato
administrativo (pois nem sempre o contrato é necessário), a comissão deverá
também elaborar um contrato em sua redação definitiva que deverá constar
obrigatoriamente do edital, sob pena de nulidade.

 Encerrado o edital e o contrato, estará concluída a fase fechada


(procedimento preparatório) e o Superior Hierárquico poderá ou não abrir a fase
aberta ou de disputas, mandando publicar o edital na imprensa.

6. Modalidades da Lei de Licitações: trata-se do rito procedimental determinado


por lei que estabelece as etapas, prazos e recursos para uma licitação. Não se
confunde com tipo licitatório, pois este é apenas o critério de julgamento das
propostas.

6.1. Modalidades “gerais” VS. “especiais”: as primeiras estão previstas na Lei de


Licitações, ao passo que as segundas estão previstas em leis especiais – quadro
comparativo:

Lei de Licitações Especiais


Concorrência. Pregão (Lei 10.520/02).
Tomada de Preços. RDC (Lei 12.462/11).
Convite. Cotação de preços.
Concurso. Concorrência especial.
Leilão. Procedimento simplificado (Petrobrás).

7. Modalidades especiais:

7.1. Regime Diferenciado de Contratação (Lei 12.462/11): é discricionário, e se


trata de uma modalidade própria para as contratações da Copa do Mundo, das
Olimpíadas e do PAC (Processo de Aceleração do Crescimento). Mas mesmo
nessas hipóteses, optar pelo RDC é uma decisão discricionária, podendo o
administrador optar alternativamente pela adoção de uma modalidade geral da
Lei 8.666/93.

 O RDC pode ser “aberto”, assim como o pregão (os lances dos
participantes são abertos, e todos têm acesso), ou pode ser fechado, tal como na
concorrência (os lances são sigilosos e divulgados a todos somente ao final).

 O administrador também escolhe discricionariamente se o RDC será


eletrônico com todas as etapas realizadas através da internet ou se será presencial
com etapas realizadas em audiência. E por fim, o administrador também define
discricionariamente se o RDC será “normal”, habilitando os participantes antes da
disputa ou se será “invertido”, habilitando os participantes somente após o
término da disputa.

 A lei de licitações exige que o edital sempre divulgue a dotação


orçamentária reservada para aquela contratação. Já no pregão e no RDC, o edital
poderá deixar de divulgar essa informação – este sigilo não se estende ao MP, a
Controladoria-Geral e nem ao Tribunal de Contas.

 Procedimentos auxiliares do RDC que objetivam ganho de eficiência e


rapidez: a) Sistema de Registro de Preços especial; b) cadastramento eletrônico (os
interessados podem, a qualquer tempo, aderir a um cadastro via internet que serve
como pré-habilitação do participante); c) padronização eletrônica (disponibilizado
na internet os padrões e critérios que serão adotados nas próximas licitações,
permitindo que todos os interessados conheçam previamente estes critérios para
melhor se prepararem).

7.2. Pregão (Lei 10.520/02): o pregão deve ser anotado para adquirir bens
comuns e contratar serviços comuns – para o TCU, é comum tudo aquilo que for
fungível ou facilmente substituível, e que possa ser escolhido exclusivamente pelo
critério do menor preço. O pregão é uma modalidade simplificada e mais célere,
pois atravessa apenas duas grandes etapas:

a) Classificatória: publicado o edital, os interessados apresentarão uma


única proposta por escrito (como regra, o pregão deve ser eletrônico, com todos
os atos e etapas realizados pela internet. Porém, sendo inviável a forma
eletrônica, o pregão poderá ser presencial, com atos e etapas realizados em
audiência). Aquele que apresentar menor proposta estará classificado em primeiro
lugar (por isso que é eliminatória e classificatória), e também estarão
classificados todos os demais que não excederem a proposta do primeiro colocado
em até 10%.

*caso não haja qualquer outro participante dentro desta faixa de 10%,
estarão classificadas as 3 menores propostas.

b) Disputas: aqueles que forem classificados serão convocados pelo


pregoeiro (quem preside o pregão) para a disputa que ocorrerá durante um
determinado tempo definido no edital. No pregão eletrônico, os classificados
participarão da disputa online em uma sala de conversação ou chat. No pregão
presencial, a disputa ocorrerá em audiência pública, com lances orais. Caso os
classificados não apresentem propostas durante a fase de disputas, o pregoeiro
poderá revogar o pregão para repeti-lo em data futura, ou poderá adotar como
resultado final a ordem de pré-classificação da etapa anterior, e o pregoeiro poderá
“negociar” a proposta do primeiro colocado. Ocorrendo disputa, ao final com o
encerramento do tempo, definido no edital, será divulgada a ordem de classificação
e o pregoeiro também poderá negociar com o primeiro colocado a sua proposta.

*no pregão, o pregoeiro tem participação ativa durante toda a licitação –


pode influenciar e estimular os participantes para que baixem seus preços durante
a disputa, e também poderá negociar o preço final do vencedor.

**o pregão é licitação invertida, pois depois de encerrada a disputa, o


vencedor é convocado para fazer a sua habilitação.

***no pregão, também é permitido deixar de divulgar os valores envolvidos,


assim como no RDC, porém, encerrada a disputa, estes valores da dotação
orçamentária deverão ser divulgados.

7.3. Concorrência especial (Lei 8.987/95): para a Administração oferecer


concessão de SERVIÇOS PÚBLICOS, realizará esta concorrência especial. Esta
modalidade segue as regras gerais da concorrência comum, da Lei de Licitações
(Lei 8.666/93), porém com algumas regras especiais, entre elas:

a) Nesta concorrência especial, as propostas poderão ser julgadas através


de tipos especiais, criados por esta Lei, sendo ainda expressamente permitido
conjugar estes tipos, ao contrário da Lei de Licitações, que institui apenas quatro
tipos, proibindo expressamente conjugá-los;

b) Esta concorrência especial, também é invertida (a habilitação ocorre


apenas ao final da disputa);

c) Os participantes destas concorrências especiais poderão oferecer como


garantia qualquer forma permitida por lei ou ainda através das diversas formas
reguladas nesta lei, entre elas a garantia prestada por empresa pública estatal
criada especificamente para prestar garantias a licitantes.

7.4. Modalidade simplificada: é uma modalidade privativa da Petrobrás, criada


mediante decreto. Esta modalidade de Petrobrás, por ser extremamente
simplificada, e se assemelha a uma mera cotação de preços.

*em controle de constitucionalidade próprio, o Tribunal de Contas da União


decretou a inconstitucionalidade desta modalidade, pois foi criada por decreto, e
modalidade licitatória está sob reserva constitucional de lei – mas o STF, de
maneira liminar, determinou a manutenção desta modalidade, e a validade de seus
contratos até que o mérito seja julgado.

8. Modalidades gerais (Lei 8.666/93) – estão relacionadas ao interesse a ser


atendido:

a) Interesse de contratar obras ou serviços ou para adquirir bens em geral:

I) Concorrência comum: adotada para licitações de alto valor e as


internacionais (de qualquer valor). É facultativa para as licitações de
médios e pequenos valores (faz-se um paralelo com o rito ordinário
do CPC).

*concessão de serviços públicos é a concorrência especial (Lei


8.987/95).

**como a concorrência envolve as grandes contratações, como regra,


qualquer interessado poderá participar e para conferir ampla
publicidade, o edital é publicado por até e três vezes tanto em
diário oficial, como também nos jornais de grande circulação.

II) Tomada de preços: é uma modalidade um pouco mais simplificada


e rápida em relação à concorrência, destinada às contratações de
médio valor. É facultada para as de pequeno valor (é o equivalente ao
rito sumário). Somente cadastrados na Administração poderão
participar, e o edital terá publicação restrita. Portanto, o cadastro
é prévio.

III) Convite (carta convite): dentre as três modalidades, é a mais


simplificada e célere, destinada exclusivamente a pequenos valores.
Dá-se somente aos previamente cadastrados, sendo que só estes
poderão participar, e a Administração está obrigada a convidar no
mínimo três. Para licitações sucessivas de objetos semelhantes, a
cada repetição, deverá acrescentar mais um convidado caso
queira repetir os mesmos convidados da licitação anterior.
*a lei exige três “convidados”, e não três participantes – portanto,
convidando três, e apenas um comparece para a disputa, ou a
Administração revoga para tentar licitar posteriormente OU
PROSSEGUE COM APENAS UM PARTICIPANTE DEMONSTRANDO
QUE NÃO HAVERÁ PREJUÍZO AO INTERESSE PÚBLICO. Como não se
trata de “unicidade”, pois existe mais de um que possa atender a este
interesse (apesar de apenas um ter comparecido para a disputa), não
é permitida nem a dispensa e nem a inexigibilidade. É necessário
para verificar sua condição de habilitação e para que a proposta de
contratação seja financeiramente adequada aos limites
orçamentários.

b) Para alienar:

I) Leilão: para a Administração alienar os imóveis públicos que ela


recebeu por dação em pagamento ou por ação judicial*. E também
para vender cotas e ações, ou até mesmo para privatizar a própria
estatal. Nestes casos de privatização de estatais, obtendo prévia
autorização legislativa, ao invés de realizar leilão, a venda poderá ser
na bolsa de valores.

*estes bens imóveis, em regra, não foram incluídos nem no acervo


público nem no ativo fixo do Estado, sendo que foram aceitos como
forma de pagamento, oferecidos pelos devedores do Estado.

II) Concorrência: é a modalidade para a venda de imóveis públicos


em geral que integram o acervo público ou o ativo fixo do Estado (é a
regra geral).

c) Para trabalho técnico, científico ou artístico: só por concurso – os atos e


etapas serão (...). O vencedor não recebe pagamento, mas apenas um prêmio em
troca dos direitos autorais, do trabalho que passa a ser de titularidade da
Administração. A Administração é livre para contratar mais participantes além do
vencedor.

9. Rito da concorrência: é o mais abrangente (“ordinário”), e os demais seguem


esse, com pequenas modificações:

a) Publicação do edital: na concorrência, o edital é publicado de forma


ampla e obrigatória por três vezes, tanto no Diário Oficial, como também em jornais
de grande circulação.

 Estabilização da licitação: o edital é a lei máxima de uma licitação,


vinculando-a de forma plena. Tudo aquilo previsto no edital deverá ser
obrigatoriamente cumprido e é totalmente vedado considerar qualquer elemento
estranho ao edital – trata-se do princípio da vinculação ao edital (é o princípio
mais importante) – o edital é documento único (uno), e eventual errata, adendo,
complemento ou republicação, implicará sempre em um novo edital (subprincípio
da unicidade ao edital).

 Prazos: publicando o edital, é iniciada a contagem de dois prazos


distintos*, que são:

I) Prazo para protocolo de envelopes: cada participante deverá


protocolar, ao mesmo tempo, dois envelopes distintos, um contendo
a proposta do participante, e o outro contendo a sua documentação
para a habilitação – o participante deverá então reunir plenas
condições para a habilitação, no momento de ingresso na disputa –
como regra, o prazo é de 30 dias, passando para 45 dias quando for
adotada empreitada integral, melhor técnica, ou técnica e preço;

II) Prazo para impugnação ao edital: qualquer um pode impugnar o


edital, e o fará no prazo de 5 dias, e os participantes poderão
impugnar até 3 dias antes da data para o protocolo de envelopes.
Caso o edital venha a ser republicado, ou seja, publicada errata ou
adendo, implicará em um novo edital, interrompendo a contagem
de ambos os prazos.

*os prazos, na Lei de Licitações, são contados na regra processual –


contagem linear e ininterrupta, excluindo o dia do começo e incluindo o dia do
final.

b) Fase de habilitação: em audiência pública, são abertos apenas os


envelopes de documentos, e todo participante pode consultar os documentos uns
dos outros, podendo ainda rubricá-los. Estes documentos deverão comprovar a
idoneidade do participante – toda licitação exige sempre idoneidade fiscal, ou
seja, regularidade tributária e previdenciária, trabalhista, ou seja, ausência de
pendências ou litígios, solidez econômica e financeira, através de seus livros
contábeis, e declaração que não contrata trabalho infantil (art. 7º, XXXIII da CF) –
além desses requisitos, cada licitação pode ainda exigir qualquer outro requisito,
desde que seja objetivo, justificável e que NÃO PREJUDIQUE O CARÁTER
COMPETITIVO (os requisitos não podem “direcionar a licitação” a um determinado
participante).

 A Comissão divulga ao mesmo tempo a lista dos habilitados e dos


inabilitados, abrindo prazo de 5 dias para recurso administrativo com efeito
suspensivo. O habilitado pode recorrer buscando excluir os outros habilitados da
disputa (habilitado recorre da habilitação do outro), e o inabilitado recorre
pretendendo retornar à disputa (é o lema “um contra todos e todos contra um”).
 Em seguida, também no prazo de 5 dias, poderão ser oferecidas as
impugnações aos recursos – o habilitado impugnará o recurso interposto contra si,
e todos os habilitados poderão impugnar o recurso do inabilitado.

 Julgamento dos recursos: também se dará no prazo de 5 dias, publicando


em definitivo os habilitados.

 O inabilitado deverá receber de volta seu envelope de proposta lacrado.

*inabilitado VS. inidôneo: I) a inabilitação é apenas uma falha objetiva


documental, que afasta o participante daquela licitação, sem prejudicá-lo em
outras eventuais licitações; II) não se confunde com a inidoneidade, que é uma
causa subjetiva, com natureza de sanção ou punição, aplicada por ministro ou
secretário sobre aquele que cometeu um grave ilícito licitatório ou contratual. Da
aplicação da pena, não cabe recurso administrativo, mas cabe pedido de
reconsideração, no prazo de 10 dias, sem efeito suspensivo. O inidôneo fica
impedido de participar de qualquer licitação perante as três esferas do Estado, até
que promova a sua reabilitação.

c) Julgamento e classificação: em audiência pública, serão abertos os


envelopes de propostas, e em primeiro, a Comissão realizará as desclassificações –
estarão desclassificados aqueles que fizeram proposta fora do edital, fizeram
proposta claramente inexequível, fizeram proposta de preço vil, e ainda aquele que
inclui em sua proposta de vantagem ou promessa de vantagem não prevista nem
exigida no edital, ainda que seja algo de relevante interesse público (por
exemplo, publicado um edital de licitação para construção de um edifício – apenas
a obra – e o participante oferece, gratuitamente, elevadores. Isso não pode, sob
pena de desclassificação).

 Encerradas as desclassificações e o julgamento de recursos dos


concorrentes desclassificados, a Comissão passa a julgar as propostas dos demais
participantes.

 Julgamentos: abertas as propostas, a Comissão passa a julgá-las


exclusivamente conforme o tipo licitatório fixado no edital, sendo
expressamente proibido considerar marca, renome do participante, ou
qualquer outro critério subjetivo (como o melhor, o mais bonito, ou mais gostoso
– é o princípio do julgamento objetivo) – tipos:

I) Menor preço: para compras de bens comuns e contratação de


serviços comuns.

II) Maior lance: para as alienações em geral.

III) Melhor técnica: para contratar serviços técnicos especializados. A


Comissão, primeiro aprecia a técnica e depois julga os preços de cada
um. Quando aquele de melhor técnica apresentar o melhor preço,
será o vencedor, mas quando não possuir o menor preço, terá a
prerrogativa de poder negociá-lo – portanto, julga-se tanto a técnica
quanto o preço, mas a técnica prepondera ao preço.

IV) Melhor técnica e preço: para a escolha de serviços técnicos


especializados, e também para as contratações de informática. Neste
tipo, um critério não prepondera sobre o outro, e o edital prevê uma
tabela de pontuação conforme o nível da técnica e a faixa de preço
propostas, vencendo aquele de maior pontuação.

 Publicado o resultado, é aberto o prazo de 5 dias para recursos com


efeito suspensivo obrigatório e com julgamento dos recursos é publicada a
classificação definitiva e é decretado o vencedor, encerrando, em regra, as
atribuições da Comissão. A Comissão relatará todo o procedimento realizado,
encaminhando os autos ao superior hierárquico, para que ele realize as duas
últimas etapas.

d) Homologação: caberá ao superior rever todos os atos e etapas realizados


desde o início da licitação, para certificar que a lei foi rigorosamente respeitada.
Ele poderá fazer pequenas emendas e correções, e, no caso de irregularidades
graves, deverá anular a licitação.

 Ocorrendo a homologação, a licitação é tornada definitiva, não sendo


mais permitido rever qualquer ato, etapa ou documento constante dos autos (nem
mesmo para desclassificar ou inabilitar o participante).

e) Adjudicação: a licitação é revogável a qualquer tempo, ainda que haja


vencedor adjudicado.

 Adjudicar não é sinônimo de contratar – é apenas o ato formal que


confere ao vencedor a condição de “senhor do direito ao contrato”.

 O vencedor não pode obrigar a Administração a decidir contratar, pois o


vencedor adquiriu mera expectativa de direitos ao contrato, e contratar ou não é
uma decisão discricionária da Administração – ela pode até mesmo deixar de
contratar e nada declarar.

 Quando a Administração decidir contratar, deverá ser obrigatoriamente


com o vencedor, que não pode ser preterido em hipótese alguma – é o princípio da
adjudicação compulsória.

 Quando a Administração convocar o vencedor, dentro do prazo de


validade da proposta, o vencedor estará obrigado a assinar o contrato – o prazo
é de 30 dias, prorrogável por mais 30 dias – caso recuse o contrato ou não
compareça para assiná-lo, será severamente punido, nas mesmas sanções daquele
que comete um ilícito licitatório.

10. Demais modalidades: as demais modalidades da lei de licitações seguirão os


atos, etapas e prazos da modalidade de concorrência, porém com algumas
diferenças e as mais importantes são:

a) Tomada de preços: a habilitação é feita, em regra, de forma preliminar (já


está cadastrado mesmo); o edital terá prazo de 15 dias, passando para 30 dias
quando adotar melhor técnica, ou técnica e preço, e; em regra, o edital terá uma
publicação reduzida ou restrita.

b) Convite (carta convite): a habilitação pode ser dispensada; o edital tem


prazo de 5 dias, adotando, como regra, apenas o tipo de menor preço; o edital não é
publicado na imprensa, e o princípio da publicidade será garantido fixando cópia
do edital no quadro de avisos do ente público licitante.

c) Leilão: não se realiza habilitação; na venda de imóveis, é possível exigir


um depósito como condição de participação; o edital é publicado e tem prazo de 15
dias.

d) Concurso: conforme o objeto do trabalho poderá ser exigido uma


habilitação técnica ou específica, não prevista em lei; o edital deve sempre definir
a forma para apresentação dos trabalhos, e; o prazo será sempre de 45 dias.

11. Crimes licitatórios (art. 89 a 99 da Lei 8.666/93): os crimes definidos na Lei


de Licitações, quando praticados por servidores públicos*, ainda que
simplesmente tentados, sujeitarão tais autores, além das sanções penais, à perda
do cargo, emprego, função ou mandato eletivo (art. 83 da Lei 8.666/93).

*servidores públicos: aqui, em verdade, deveria a lei ter se utilizado do termo


“agentes públicos”, porquanto a Lei de Licitações, em seu art. 84, abrange o
entendimento da expressão servidores públicos a todos os que exercerem, mesmo
que transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função ou emprego público, bem
como aqueles que os exercerem em entidades paraestatais, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista ou demais entidades sob controle direto
ou indireto do Poder Público (copia o art. 327 do CP).

 Atenção: todos os crimes previstos na Lei 8.666/93 são de ação pública


incondicionada, competindo, portanto, ao MP promovê-las (art. 100 da Lei).

11.1. Dispensa ou inexigibilidade fora do rol legal (art. 89 da Lei 8.666/93):


concorre à mesma pena aquele que se beneficiou da dispensa ou inexigibilidade
ilegal – pena de detenção de 3 a 5 anos, e multa.

11.2. Frustrar ou fraudar o caráter competitivo da licitação (art. 90 da Lei


8.666/93): exige como requisito a obtenção de vantagem decorrente da
adjudicação do objeto da licitação, seja para si ou para outrem – pena de detenção
de 2 a 4 anos, e multa.

11.3. Patrocínio perante a Administração (art. 91 da Lei 8.666/93): tem que dar
causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato. O patrocínio pode ser
direto ou indireto – pena de detenção de 6 meses a 2 anos, e multa.

11.4. Devassar o sigilo de proposta em procedimento licitatório (art. 94 da Lei


8666/93): também se dá ao proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo – pena
de detenção de 2 a 3 anos, e multa.

11.5. Violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem para


afastar ou procurar afastar licitante (art. 95 da Lei 8.666/93): a vantagem a ser
oferecido pode ser de qualquer tipo. De se observar que se trata de um crime que
não admite tentativa, pode basta a mera tentativa de afastamento (“procurar
afastar”). Outrossim, também responderá por este crime aquele que se abstém ou
desiste de licitação em razão da vantagem oferecida – pena de detenção de 2 a 4
anos, multa, além da pena correspondente à violência.

11.6. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para


aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente (art.
96 da Lei 8.666/93): I) elevando arbitrariamente os preços; II) vendendo, como
verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; III) entregando uma
mercadoria por outra; IV) alterando substância, qualidade ou quantidade da
mercadoria fornecida; V) tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
onerosa a proposta ou a execução do contrato – pena de detenção de 3 a 6 anos, e
multa.

11.7. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional


inidôneo (art. 97 da Lei 8.666/93): incidirá na mesma pena aquele que, declarado
inidôneo, contratar com a Administração – pena de detenção de 6 meses a 2 anos, e
multa.

*atenção: todos os crimes estabelecidos na Lei de Licitações possuem pena de


detenção, bem como pena de multa. No tocante à pena de multa, esta consiste no
pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais**,
cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou
potencialmente auferível pelo agente, sendo que seu produto reverterá à
respectiva Fazenda lesada ou fraudada (art. 99 da Lei 8.666/93).

**o percentual não poderá ser inferior a 2% nem superior a 5% do valor do


contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigilibilidade de licitação.

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