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LENDAS ORQUESTRAIS

A imaginação melódica de Saint-Saëns e o emprego de belos acordes e


harmonias fizeram que a sua música não passasse ao esquecimento. Era
também um homem com sentido de humor, como se pode depreender da
música de O Carnaval dos Animais.

Os brilhantes acordes de piano e os delineamentos ascendentes nas cordas


abrem a introdução e marcha real do leão (1), com a qual começa esta "grande
fantasia zoológica". À medida em que a música se vai animando, a excitação
aumenta até que, de repente, tudo se detém com os arabescos finais da
orquestra. Os pianos tocam uma fanfarrice rítmica, e uma melodia da corda
anuncia a chegada do leão. As galinhas cacarejam, felizes, em Galinhas e
galos (2); o seu bulício completa-se com o canto do galo, dado pelo piano e
pelo clarinete. As escalas rápidas do piano em Hemíonos (3) (burros
selvagens do Tibete) imitam os esforços nada musicais de pianistas amadores.
Em Tartarugas (4), os contrabaixos tocam uma versão lenta e pesada do
Cancan de Offenbach. São também os contrabaixos que apresentam O
elefante (5): o pobre animal esforça-se por dançar uma valsa muito animada.
A entrada dos Cangurus (6) é anunciada por alguns breves e enérgicos
ritmos. NoAquário (7), não há nem brincadeiras nem troça, mas sim
delineamentos nos pianos que são o suporte da melodia cantada pelo violino e
pela flauta. Os zurros estrondosos dos burros interrompem, logo a seguir, a
paz instalada, em Criaturas de grandes orelhas (8). Mas a tranquilidade
regressa, com o clarinete repetindo o sempre pacífico canto de O cuco nas
profundezas do bosque (9), em torno do qual giram algumas passagens do
piano em estilo de acordes. Os pássaros também fazem a sua aparição
em Aviário (10), com trémulos rápidos nas cordas e numa revoada melódica
da flauta. EmPianistas (11), animais imaginários praticam intermináveis e
enfadonhas escalas. Logo a seguir, o xilofone introduz-nos no mundo sem
vida de Fósseis (12), com canções de embalar e cantos folclóricos. A graciosa
elegância de O cisne (13) acompanha-nos até ao animado Final (14), no qual
estas personagens se apresentam para receber os derradeiros aplausos.

O cisne

Não é de admirar que esta peça se tenha tornado uma das obras preferidas de
todas quanto Saint-Saëns compôs, e que a lendária Ana Pavlova a tenha
dançado muitas e repetidas vezes. A sua melodia, graciosa e fluente, reflecte o
movimento elegante do cisne nas águas tranquilas. Como instrumento solista,
o compositor elegeu o violoncelo. É uma peça profundamente poética, uma
autêntica composição lírica, como a definiu Pablo Casals, que costumava
tocá-la nas suas audições. O acompanhamento ondulante do piano completa o
quadro lírico. Esta «ilustre ninharia», de acordo com a opinião do compositor,
conta, na versão original, com o acompanhamento de dois pianos.

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