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GIOVANNI PAPINI1

Rosa Maria Marangon


Membro do Núcleo de Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos da UFJF.
Formada em Letras pela UFJF.
Aluna do Curso de Especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea da UFJF.
rosa.marangon@gmail.com

O UNIVERSO CULTURAL DE GIOVANNI PAPINI

O escritor e ensaísta italiano Giovanni Papini (1881-1956), uma das grandes figuras do
universo cultural europeu no século XX.

1. INTRODUÇÃO:

Esta incursão à obra de Giovanni Papini busca evidenciar alguns aspectos de sua
vida, suas obras e sua formação cultural que se coloca entre a maceração do
Romantismo oitocentista e a fundação do Decadentismo do novecentos. Destacando
também as principais fontes de seu pensamento e aquilo que ele representa para a

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Trabalho apresentado, em Junho de 2008, como requisito para a disciplina Literatura Italiana III, da
Faculdade de Letras da UFJF.
literatura e a filosofia italiana como escritor, poeta, narrador e crítico. De temperamento
forte, intelectual e articulador cultural, muito cedo se apaixonou pela leitura e pela
escrita. Foi um dos principais ativistas da cultura italiana entre o Futurismo e o
Fascismo.

1. O INÍCIO DO SÉCULO XX:

Desde o fim do século XIX até o princípio do século XX, com os rumores da
primeira guerra mundial, Firenze foi centro vivo de movimentos literários, encontro e
ambiente de diversas experiências. Grupos de jovens se agitavam. Existiam muitos
problemas para serem resolvidos, não só problemas filosóficos, estéticos e morais, mas
era toda a vida italiana que devia ser revigorada e reconstruída quase sobre bases novas.
No início do século XX existiam ainda na Itália muitos movimentos culturais
que começaram no fim do século XIX. Um deles, o Crepuscularismo, carrega a idéia de
fim, término, crepúsculo, fim da jornada. Também o Decadentismo que foi uma reação
ao Romantismo. Surgiu na França e penetrou em muitos países. Também nele está
presente a idéia de fim; fim de qualquer coisa e início de outras coisas porque o homem
não sabe onde vai e, se vai, porque vai. Fala da decadência dos hábitos e dos valores.
Neste período surgem as revistas literárias e outros movimentos como o Futurismo e o
Hermetismo.

A cidade de Firenze, pátria


de Dante Alighieri, de
Maquiavel e de Giovanni
Papini.

2. A VIDA DE PAPINI:

Ele nasceu em Firenze no ano de 1881. Seu pai, Luigi Papini, era ex-garibaldino,
republicano convicto, impôs ao filho uma educação atéia e anticlerical, mas sua mãe,
Erminia Cardini, conseguiu batizá-lo escondido. Teve uma infância e uma
adolescência solitária consolado pela paixão que nutria pela literatura, cultivada a
princípio com a leitura dos livros da biblioteca do avô e mais tarde nas bibliotecas
públicas. Todo dinheiro que ganhava dos pais foi gasto para comprar livros, cadernos e
tinta. Ou mesmo o dinheiro do pão de cada dia, do qual se privavam ele e a mãe, já
escasso naquela família paupérrima.
Como não podia ir estudar no Liceu ou na Universidade, foi estudar na Escola
Normal de onde saiu, em 1889, com o diploma de Mestre Elementar, o que equivale a
uma formação de ensino médio. Freqüenta, como ouvinte, os cursos do Instituto de
Estudos Superiores e ensina língua italiana no Instituto Inglês de Firenze.
Em 1902 é nomeado bibliotecário do Museu de Antropologia de Firenze. Em
1907, casa-se com Giacinta Giovagnoli com quem teve duas filhas: Viola e Gioconda.
Durante a juventude representou as mais diversas experiências literárias, da crepuscular
à pragmatística, à vociana, à futurística.
Ele luta pela intervenção italiana na primeira guerra mundial e em 1915 se
apresenta como voluntário, mas não é aceito por causa de uma forte miopia.
Em 1917 Papini se transfere, com a mulher e as duas filhas, para Roma onde
trabalhou na redação de um jornal chamado “O Tempo”, mas voltou logo à Toscana. Se
retirava, de tempo em tempo, para uma casa rústica, pequena e isolada que tinha em
Bulciano, em Val Tiberina. Longe das disputas literárias e políticas, ali, saboreando o
gosto do ar puro, da água e do pão, recuperava sanidade e leveza; parecia a ele tornar-se
“criança, primitivo, selvagem, agreste”. Se divertia com a gente simples, com os
camponeses, dos quais admirava o esforço de “heróis obscuros” das escaladas apeninas;
se aproximava das humildes coisas e criaturas que os outros esqueceram. Era invadido
por uma primitiva embriaguez na primavera, pela límpida luz das manhãs e pela amiga
estrela vespertina.
Em 1921, com grande clamor, anuncia a sua conversão religiosa depois de seus
protestos anticristãos e do seu niilismo. Papini havia se tornado uma espécie de escritor
oficial do fascismo. No pós-guerra, à margem do clima cultural, mas apoiado pelos
católicos tradicionalistas, publica muitos livros e trabalha no jornal “Corriere della
Sera”.
De Papini, enfim, recorda-se a obra de fundador e diretor de revistas. Fundou e
dirigiu o Leonardo, que se propunha a “intensificar a existência”, de 1903 a 1908, nos
anos do vitalismo pragmático; foi um dos componentes da Voce (1908) e o fundador de
L’Anima (1911) e Lacerba (1913) e de três outras revistas florentinas, Il Frontespizio
(1929), La Rinascita (1938) e L’Ultima (1946). Adoentado e cego, nos últimos anos,
trabalha assistido pela neta. Morre em 1956 na alvorada do oito de julho na sua casa de
Firenze.

3. AS OBRAS:

A sua primeira publicação foi Il leone e il bimbo, em 1896, no jornal escolar


L’amico dello scolaro.
Papini foi um ativista cultural. Usa uma prosa veemente, incisiva, rica de
imagens, sarcástica e paradoxal. Desta forma busca revitalizar uma língua literária e um
mundo acadêmico que sente sem vida e ultrapassado. As suas primeiras obras são mais
empenhadas a destruir as velhas filosofias tradicionais e os velhos mitos românticos e
não a reconstruir. Ele exprime em suas obras um tempo de crise, que destruía o passado
sem saber criar um presente: uma crise alimentada ao fogo brando da pura inteligência.
Na sua obra, de 1906, Crepusculo dei filosofi, denunciou a falência de muitas
teorias e, em particular, o sonho de absoluto de Hegel e a apoteose de potência de
Nietzsche. Mas estava falido também o seu desejo ardente de “saber, saber, saber tudo”
e se mostrará vão o empenho em construir “a fisiologia e a psicologia do homem
potente”, dotado de vontade sublimada, declara morta toda a filosofia, em nome do
irracionalismo vitalístico. Assim, Un uomo finito, de 1912, contém também páginas
estanques e melancólicas, espelho de uma aflita sinceridade, no qual Papini confessa:
“Necessito de um pouco de certeza; necessito de algo verdadeiro... Não quero mais
viver entre a dúvida e a negação... Quero uma certeza, uma fé indestrutível... Sem ela
não consigo viver...”

Em 1916, saíram as Stroncature que já haviam sido anunciadas em Ventiquattro


cervelli, de 1912. Com a sua prosa robusta, freqüentemente sarcástica e provocadora,
ele destrói aqueles que acreditam em glórias falsas e usurpadas. Sobretudo em Un uomo
finito, entre tanta aspereza e crueza de juízos e de palavras, corre uma verdadeira
tristeza, e a consciência de tantas batalhas não apenas perdidas, mas a inutilidade de
haver destruído sem haver reconstruído.
No início do século XX, acontece na Itália um florescimento de revistas
literárias e de filosofia. Os jovens publicavam alguns jornais e revistas que davam a
idéia daquilo que era a vida intelectual de Firenze e de toda a Itália. Papini esteve
sempre presente nestes grupos.
Inicialmente, ele foi convidado por Enrico Corradini para redator de Il Regno,
jornal de tendências nacionalísticas. Em 1903, Papini, Giuseppe Prezzolini e outros
jovens literatos e artistas, fundaram em Firenze, Il Leonardo, com a intenção de
combater o academicismo e o imobilismo da cultura oficial. O jornal era bonito e o
cabeçalho rico de desenhos, sobre o qual, em letra grande, se destacava o nome
universal de Leonardo. E, no primeiro número, estava escrito: “Um grupo de jovens
desejosos de libertação, grande vontade de universalidade, ansiosos por uma vida
intelectual superior, estão reunidos em Firenze sob o simbólico nome profético de
Leonardo, para intensificar a própria existência, elevar a própria filosofia, exaltar a
própria arte.”
Os leonardianos se declaravam desejosos de universalidade, de libertação, por
isto queriam intensificar a própria existência, abrindo-se à criatividade; propunham-se a
retirar a cultura das inacessíveis reuniões acadêmicas restituindo-a ativa, com a intenção
de fazê-la incidir sobre a realidade viva, também sobre a realidade social, com
finalidade de exaltá-la. O Leonardo, polêmico, seja em relação ao positivismo ou em
relação ao idealismo, exaltou suas ações sobre a fumaça do pragmatismo e divulgou na
Itália teorias antinaturalistas. Este jornal acabou em 1907.
Em seguida, inicia a sua colaboração na Voce. Fundada por Prezzolini em 1908 e
onde ele esteve até 1912. Eles queriam que a sua batalha ali agisse sobre um plano de
especulação fria e objetiva. Concreteza, praticismo, simplicidade, estudo objetivo e
detalhado dos problemas eram os objetivos do grupo. Papini, naturalmente, entre os
mais agressivos, foi ele próprio a dar o tom denso à revista. Eles deram vida ao dialeto
toscano sem pose e sem esnobismo e isto permanece o mais verdadeiro título de louvor
de suas atividades de escritores.
Papini fundou com Giovanni Amendola, em 1911, a revista L’Anima, e com
Ardengo Sòffici, em 1913, Lacerba, revista de arte futurista. Também com Sòffici
funda, em 1919, a revista La Vraie Italie. Lacerba (1913 – 15) hospedou o “Manifesto
Futurista” de Palazzeschi e aquele do arquiteto Sant’Elia; se bateu contra o
burguesismo, o filisteismo, o academicismo, a cultura oficial, a organização escolástica
vigente; desenvolve uma forte campanha nacionalista e interventista às vésperas do
primeiro conflito mundial. Em 1946, participa da fundação da revista L’Ultima, na qual
colabora durante dois anos com vários pseudônimos. Em 1954, com a progressiva perda
da voz e da visão, continua a trabalhar, ditando para a neta Ana, pequenos textos, que
publica regularmente no Corriere della Sera.
Os seus primeiros livros de narrativas, parecem tentar um caminho poético para
as certezas da alma e do intelecto: apenas tentar. Cento pagine di poesia (1915), Opera
Prima (1917) e Giorni di Festa (1918) são algumas das obras deste período.
A produção de Papini torna-se riquíssima e na fase de seus protestos anticristãos
e do seu niilismo as publicações se multiplicaram. São obras desta fase La Vita de
Nessuno e Parole e Sangue. As Memórias de Deus, de 1912, foi o ápice de seus
protestos anticristãos. Nela se lê: “Homens, tornem-se todos ateus, façam-se ateus
logo! Deus, tanto faz, o vosso Deus, o Deus vosso filho, vos prega isso com toda a sua
alma!”. Papine acredita que Deus existe só porque os homens acreditam n’Ele e quando
for morto o último crente também Ele desaparecerá. A publicação do artigo Cristo
Peccatore, em 1914, na revista Lacerba lhe valeu um processo por ultaje à religião, do
qual foi absolvido.
Foi nos meses posteriores ao término da Grande Guerra que na alma de
Giovanni Papini iniciou uma angústia que o conduziria a uma repentina e profunda
conversão ao cristianismo. Talvez por causa dos horrores do conflito bélico, na sua
aparente insensibilidade irrompeu um impulso irresistível de renascer: iluminado pelo
Espírito, compreende a verdade antes enfrentada com violência.
Depois de anos de profundas mudanças espirituais, anuncia a sua conversão
religiosa publicando Storia di Cristo, em 1921, que foi um grande sucesso editorial. Foi
um sucesso de vendas, na Itália e no exterior, com várias traduções. A sua produção
literária nunca teve interrupção. Ele escreve: Dizionario dell’uomo salvatico (1923),
Pane e Vino (1926), Sant’Agostino (1929). I Testimoni della Passione (1936), Lettere
agli uomini di Celestino VI (1946), Vita di Michelangelo (1949), Il Libro Nero (1951),
Il Diavolo (1953), La Loggia dei Busti (1955), La Spia del Mondo (1955), Gli operai
della vigna, Gog, La scala di Giacobbe, Ritratti italiani, Dante Vivo, I Nipoti d’Iddio e
outras publicações póstumas como Schegge (1971), Giudizio Universale (1957), La
Felicità dell’Infelice (1956), La Seconda Nascita (1958), Diario (1962), Rapporto sugli
uomini (1977), etc.
Papini parece ter se arrependido de seu passado de feroz ateísmo. Ordenou à
filha Viola que recuperasse todas as cópias de seu sacrílego livro “Memorie d’Iddio” e
que as queimasse.

4. FRAGMENTOS DE TEXTOS:

Os fragmentos que destaco aqui são importantes dentro da obra de Papini, pois
representam uma forma de pensar muito particular e também nos remetem a um
momento histórico que influenciou de maneira extremamente marcante o pensamento
em todo o mundo.

1. O primeiro fragmento é parte de um artigo de Papini que apareceu na


revista Lacerba, em agosto de 1914, logo depois do início da Primeira Grande Guerra.
AMAMOS A GUERRA

... Somos demais. A guerra é uma operação malthusiana. Existe um demais


aqui e um demais ali que se apertam. A guerra recoloca nos pares as partes.
Faz o vazio para que se respire melhor. Deixa menos bocas em torno da
mesma mesa. E leva de voltra uma infinidade de homens que viviam porque
tinham nascido; que comiam para viver, que trabalhavam para comer e
maldiziam o trabalho sem a coragem de recusar a vida...
... Não se reprovem influenciados pelas lágrimas das mães. Para que
podem servir as mães, depois de uma certa idade, a não ser para chorar. E
quando engravidaram não pensaram: é necessário pagar também o prazer...
Deixemo-las chorar: depois de chorar se sentirão melhor.
Amamos a guerra e a saboreamos de bom gosto até quando dura. A guerra
é assustadora – e mesmo porque assustadora e horrorosa e terrível e
destruidora devemos amá-la com todo o nosso coração de machos.

Este foi um artigo que, sem dúvida, pesou negativamente sobre o juízo da
personalidade humana e literária de Papini. Mesmo assim merece hoje ser recordado
como testemunho entre os mais vivos do comportamento de grande parte da
intelectualidade ativa da época.

2. O segundo fragmento é parte do capítulo Mortura, de seu livro La Seconda


Nascita, obra póstuma, de 1958, onde ele escreve sobre as suas vivências pessoais e
conta como havia concluído o seu artigo no último número da revista Lacerba, em 22 de
maio de 1915.

MORTURA

... Sentia à distância um remorso que não sei nem mesmo descrever com
fidelidade: às vezes me envergonhava disso, às vezes o aceitava como um
princípio de redenção. Remorso de haver aconselhado a guerra... remorso da
minha inércia e remorso de haver feito, na minha pequenez, também muito,
remorso de haver preparado também eu com o cinismo misantrópico dos
últimos anos, aquele obscurecimento espiritual... remorso de sentir-me quase
cúmplice, ainda que indefeso, daquela insensata devastação... remorso pela
minha impotência em fazer com que o sanguinolento flagelo tivesse fim.
... E as mães que não viam mais os filhos, os filhos para sempre órfãos, as
esposas, as irmãs, as amantes, todas as ternuras e os tormentos dos restantes,
dos sobreviventes... (...) Aquele meu cinismo dos primeiros dias tinha
desaparecido, mudado em uma piedade que eu não conhecia, assim aguda. O
coração diante daquela inundação de males tinha vencido e derrotado os
enganos da razão... Se a razão cedia, não cedia a nova ternura fraterna que
nascia em mim, transformado pela imaginação naquela nunca vista tormenta
de horrores.
Por que se odiavam os homens? Por que se matavam sem parar nem
descansar? Por que a atroz guerra de infelizes contra infelizes?

Com o fim da guerra Papini é colocado à margem da cena cultural e desprezado


pelas suas escolhas, mas continuou, de qualquer forma, a escrever e suscitar muito
interesse.

3. Este último texto é uma fábula, ou melhor, o resumo de uma das fábulas do
livro Testimoni della Passione, de 1936. No livro existem sete fábulas que falam sobre

2
Desenho de Vauro Senesi – jornalista e desenhista italiano
passagens do Evangelho. Foi escrito depois de sua conversão. Papini faz uma análise
das atitudes de alguns personagens que estiveram com Jesus pouco antes de sua morte.
A fábula escolhida fala de Judas e de sua luta interna contra um suposto inimigo
de Jesus.

A TENTAÇÃO DE JUDAS

Judas tinha ceado na casa de seu pai Simão, o leproso. Ele estava cansado
por isto sentou sob uma árvore onde adormeceu. Quando acordou existia a seu
lado um homem muito estranho. Este homem começou a falar com ele e disse
que o conhecia e sabia tudo sobre a vida dele, que ele era discípulo de Jesus e
que cuidava do dinheiro.
Judas ficou muito surpreso e o homem fala então que Caifás queria prender
Jesus por causa de seus sermões subversivos. Aquele homem queria convencer
Judas a denunciar Jesus a Caifás. Fala que ele é o discípulo mais indicado para
fazer isto porque já tinha fama de ávido e Avaro, também que ele não era
galileu, era de Iscariote.
Aquele homem desconhecido se identifica como inimigo de Jesus e fala
que Judas deve reconhecer que odeia Jesus e que não quer traí-lo não é porque
o ama mas porque o odeia e não quer que Jesus seja vencedor. Que o odeia por
causa da atitude de Jesus com ele. Que Judas se sentia desprestigiado porque o
dinheiro era considerado uma coisa repugnante. Também diz que tudo que
Jesus pede aos homens é impossível, que tudo traz insatisfação e sofrimento.
Que Judas deve libertar a humanidade deste inimigo feroz. Que ele deve
vingar-se não só por si, mas por todos os homens que são enganados por Jesus.
O diabo beija a boca de Judas e se vai. Judas corre e pensa em encontrar os
outros discípulos em Betânia, mas sem saber como e porque, ele chega em
Jerusalém. Anda a esmo quando percebe estar em frente ao Palácio de Caifás –
e entra.

Mesmo depois de sua conversão podemos notar que Papini não abre mão do
espírito crítico e de sua grande preocupação em entender o ser humano, suas fraquezas e
sua relação com o mal. Ele quer entender o poder do mal. Busca razões para a atitude do
traidor. Acreditava que a ignorância era uma porta aberta para o mal, que fazia o
homem sofrer.

5. CONCLUSÃO:

Giovanni Papini foi um pensador que enfrentou muitas experiências e lutou em


muitos frontes. Ele se colocava inteiro naquilo que fazia no momento. Amava e odiava
com paixão, com cada fibra de seu corpo, o que confirma uma vitalidade e uma
densidade espiritual raros. Mircea Eliade comenta que, hoje, a maioria dos homens
pratica determinados atos por medo de se exporem e que o exemplo dado por Papini é
algo que deveria ser retomado por eles. Ele foi um homem que não se envergonhou de
seus erros. Um verdadeiro sinal do gênio. Só os incapazes e os medíocres se preocupam
com a perfeita coerência dos próprios pensamentos, e estão sempre possuídos pelo
medo de errar. Papini errou, se contradisse e se comprometeu. Porém, restou mais de
sua obra do que de muitas que foram perfeitamente delineadas do início ao fim.
Papini foi um escritor polêmico que soube passar da palavra crítica à poética, do
protesto anticristão a católico convicto. Passou por vários filões, seja aquele polêmico,
poético, aquele filosófico e aquele, depois da conversão, religioso.
Não é necessária uma grande imersão em sua obra para se observar o valor de
suas reflexões. Lendo os seus escritos, o leitor contemporâneo se sente golpeado pela
energia, pelo mirabolante uso das palavras e pela honestidade das tomadas de posição,
por uma alegre e generosa audácia retórica, pela clareza, pelo vasto conhecimento, pela
amplitude do olhar e pela profundidade de seu pensamento.

7. BIBLIOGRAFIA:

Donadoni, Eugenio. Breve storia della Letteratura Italiana. Edizione Signorelli.


Genarini, Edoardo. Lineamenti di Storia della Letteratura d’Italia. Torino: Paravia,
1954.
Papini, Giovanni. As Testemunhas da Paixão. Ediouro. Editora Tecnoprint S.A.
http://www.literary.it/dati/literary/orlandini/avventura_intellettuale_e.html. Acesso em
14/03/08.
http://it.wikipedia.org/wiki/Giovanni_Papini

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