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Elaboração de Laudos Psicológicos: um guia descomplicado

Pessoa, Rockson Costa. Elaboração de laudos psicológicos: um guia


descomplicado / Rockson costa Pessoa. 1. Ed. – São Paulo: vetor 2016.

Capítulo I: Laudo e interseções

O paciente pode ser tido como uma história ambulante no qual o


profissional, dotado do domínio da interpretação, enxerga além da queixa
durante o atendimento. O psicólogo, por ter domínio das teorias e técnicas
psicológicas, desvela os fenômenos comuns ao universo humano. Assim, a
dificuldade de elaborar um laudo relaciona-se à deficiência comportamental de
leitura e inabilidade de aplicar o conhecimento teórico de determinada
abordagem psicológica.

O laudo psicológico está relacionado à função diagnóstica de exame


psicológico, assim, seus limites e possibilidades são reflexo do domínio teórico
e operacional do profissional de psicologia. A elaboração de um laudo não é algo
improvisado ou imprevisto. O instrumento primordial para a realização de um
exame psicológico e de um laudo adequado não é nenhuma técnica psicológica,
mas sim o próprio psicólogo.

Alguns fenômenos são dispostos quando se busca problematizar sobre o


laudo psicológico. A necessidade de construí-lo, sua relevância e impacto de sua
entrega são pontos comumente discutidos no campo psicológico, por isso torna-
se importante problematiza-los antes de aprofundar a discussão sobre laudos

A importância do laudo psicológico

O laudo pode ser considerado como uma demonstração de competência


profissional. É importante fazer o resgate da etimologia da palavra laudo, que
vem do verbo latino laudo, laudare, significando elogiar, enaltecer, exaltar. De
laudare, aproxima-se de o termo louvar, expressando a destreza técnica de um
profissional especializado em aferir ou informar sobre um fenômeno. Em
psicologia, a investigação do fenômeno possibilita a elaboração dos laudos e
documentos psicológicos.

A relevância e eficácia do laudo são determinadas pela destreza técnica


de quem elabora tal documento e, também, pelos aspectos políticos e
ideológicos da própria psicologia. Além disso, ele legitima a prática eficaz do
profissional de psicologia. Uma possibilidade de resposta ao questionamento
relacionado à necessidade de se confeccionar um laudo é afirmar que são
elaborados de acordo com a atuação coerente do psicólogo, além disso, laudos
são produzidos pelo respeito à pessoa do cliente.

O respaldo técnico do laudo

Outro ponto observado é relacionado ao emprego de instrumentos


psicológicos. O laudo deve representar o consenso sobre determinado aspecto
do sujeito que solicita intervenção, esse consenso se expressaria pelo emprego
de testes projetivos ou psicométricos.

A resolução n. 007/2003, adverte, em seu terceiro parágrafo, que toda e


qualquer comunicação por escrito decorrente de avaliação psicológica deverá
seguir as diretrizes descritas neste manual, podendo indicar falta ético-disciplinar
caso não seja atendido.

Assim, na criação do laudo, o “olhômetro” não é parâmetro para a prática


psicológica, devendo, então, estar alinhado aos instrumentos psicológicos. Por
esse motivo, o uso de instrumentos e a apropriação de seus resultados para a
confecção de documentos psicológicos representam a maneira mais segura de
se caucionar o encaminhamento de um paciente para outros profissionais e de
assegurar um resultado adequado aos solicitantes.

A possibilidade do diagnóstico

Outro ponto importante é que o laudo é, muitas vezes, associado à visão


de que realizá-lo contribui para reduzir o indivíduo a uma dificuldade, patologia
ou transtorno. Essa crítica é consistente por muitos que consideram o laudo
como uma maneira de rotular as pessoas. Muitos profissionais, de maneira
inadvertida, concebem o diagnóstico como rótulo e isso é inaceitável.

O termo diagnóstico vem de diagnostikós, significando discernimento,


faculdade de conhecer, de ver através de, sendo, então, um estudo com a
finalidade de reconhecer determinado fenômeno com base no conjunto de
procedimentos teóricos, técnicos e metodológicos. Assim, não pode ser
encarado como uma verdade absoluta, mas sim uma hipótese estabelecida com
base na realidade objetiva e/ou subjetiva, avaliada à luz de um aporte teórico.
Ver o diagnóstico como rotulo vem da elaboração inadequada deste,
prejudicando o paciente.

Ao se atribuir ao sujeito uma condição inexistente, fica bem claro a


definição de rótulo. O diagnóstico é um parâmetro que estabelece fronteiras do
fenômeno para permitir um prognóstico e até mesmo estratégias interventivas.
Por mais que o laudo resulte em diagnóstico, a maioria dos diagnósticos está
relacionada à elaboração de um laudo psicológico, uma vez que uma de suas
finalidades é informa-lo.

Sempre haverá impacto com a repercussão de um laudo psicológico,


independentemente da necessidade de informar sobre um diagnóstico face à
apreciação do sujeito de maneira holística.

Os psicólogos devem ser preparados de modo adequado em relação à


metodologia para elaboração de um laudo, para que saibam analisar e interpretar
os dados obtidos na avaliação e posterior construção do relatório psicológico.

Capítulo II: Aspectos importantes relacionados ao laudo

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