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FACULDADE ANHANGUERA DE TAUBATÉ

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA

LUIS ANDRÉ RAMALHO ALVES

GERENCIAMENTO DE ESTOQUE:

Armazenagem com Rastreabilidade de Materiais,


uma Oportunidade de Melhoria

TAUBATÉ
2011
0
LUIS ANDRÉ RAMALHO ALVES

GERENCIAMENTO DE ESTOQUE:

Armazenagem com Rastreabilidade de Materiais,


uma Oportunidade de Melhoria

Monografia apresentada, como exigência


parcial para a obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia de Produção
Mecânica, na Faculdade Anhanguera de
Taubaté.

Orientador: Jorge Ubiratan Franco da


Silva

TAUBATÉ
2011
1
LUIS ANDRÉ RAMALHO ALVES

GERENCIAMENTO DE ESTOQUE:
Armazenagem com Rastreabilidade de Materiais,
uma Oportunidade de Melhoria

Aprovado em de de 2011

___________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

TAUBATÉ

2
2011

3
Gostaria de dedicar em primeiro lugar a Deus,
por ter me dado Força e Paciência, tendo
muitas dificuldades e sofrimentos, onde a
recompensa é e será muito maior. Por me
mostrar caminhos maravilhosos, estar sempre
ao meu lado em todos os momentos e por me
fazer uma pessoa mais feliz. Realizando atingir
mais um objetivo na minha vida.
Obrigado por fazer de mim um vencedor,
consolidando estudo e o trabalho.

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a todos os meus familiares,


principalmente aos meus pais, Antônio e
Tereza, onde os mesmo me apoiaram nesse
caminho tão longo, a minha irmã Lisandrea e
meu cunhado Luiz Roberto, pois me ajudaram
quando tive dificuldades em algumas matérias,
aos meus afilhados Lucas e Maria Eduarda, por
entender quando não tinha tempo para passear
com os mesmos, a minha namorada por ficar
ao meu lado desde o começo da faculdade e
não forçar a se casar antes de terminar a
faculdade. Agradeço aos meus amigos,
Anderson e Mauro, pois os mesmos são
Engenheiros, me incentivando a fazer a
faculdade de Engenharia de Produção e estou
concluindo a minha formação acadêmica
graças aos conselhos deles.

4
5
“O importante não é o que nos faz o destino, mas sim, o que
nós fazemos dele”

Anônimo

RESUMO

A sobrevivência de qualquer empresa depende dentre outras condições, do


gerenciamento correto do estoque, em virtude dos altos investimentos nele contidos,
que representa uma parcela significativa de seu capital. Com isto, este trabalho tem
o objetivo de mostrar práticas referentes à administração e controle do estoque, que
permita uma visão do processo de entrada, controle e saída dos materiais do
estoque e um domínio das informações gerais e distintas. Uma das principais
dificuldades do gerenciamento do estoque é manter a confiabilidade das
informações, garantindo a continuidade do processo produtivo e o atendimento ao
cliente. As variações encontradas no estoque, além de colocar sua confiabilidade em
risco geram custos desnecessários, recaindo sobre o produto final, desequilibrando
toda a cadeia produtiva interna gerando falta ou excesso de peças, que
consequentemente geram outros custos. Assim, este trabalho tem sua relevância
pela ligação que procura estabelecer entre a gestão de armazenagem e o sistema
de rastreabilidade de materiais, visando estudar os principais aspectos da gestão de
armazenagem e os efeitos que o sistema de rastreabilidade de materiais pode
exercer sobre suas principais atividades. Devido a globalização, as empresas
precisam de suas atividades desenvolvidas como diferencial competitivo, permitindo
assim o alcance dos objetivos logísticos. Verificada essa necessidade, e as
tendências de funcionamento da área produtiva, instalou-se o interesse em
6
compreender melhor o Sistema das Operações de Estoque e suas conseqüências,
dando origem ao desenvolvimento deste trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Sistema Informatizado de gerenciamento de estoque; Gestão


de estoque; Estoque de Matéria-prima; Tecnologia da Informação aplicada à
logística.

ABSTRACT

The survival of any company depends among other conditions, the correct
management of the stock, given the high investment therein, representing a
significant portion of its capital. With this, this paper aims to show practices regarding
the management and inventory control, which allows a view of the process input and
output control materials inventory and a field of general information and distinct. One
of the main difficulties of inventory management is to maintain the reliability of
information, ensuring continuity of production process and customer service. The
variations found in stock, but to put his reliability at risk and incur unnecessary costs,
falling on the final product, upsetting the entire production chain generating internal
lack or excess of parts, which in turn generate other costs. Thus, this work is its
relevance by seeking to establish connection between the storage and management
system of traceability of materials, to study the main aspects of store management
and the effects that the system of traceability of materials can have on their main
activities. Due to globalization, companies need their activities as a competitive, thus
achieving the objectives of logistics. Verified this need, and trends of functioning of
the productive area, settled the interest in better understanding the Operations
Inventory System and its consequences, giving rise to this work.

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Keywords: Computerized Inventory Management; Inventory Management; Inventory
of Raw Material; Information Technology applied to logistics.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estoque - área estratégica para o sucesso dos negócios............15


Figura 2 Levantamento de Dados Produtos Defeituosos - Fluxo Genérico. 34

8
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................ 6

ABSTRACT............................................................................................................................ 7

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 11

Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................14

2.1. Estoque.......................................................................................................................... 14
2.1.1. Conceito de Estoque...................................................................................................14
2.2. Tipos de Estoque........................................................................................................... 16
2.4. Custos dos Estoques.....................................................................................................18
2.5. O Estoque e sua Finalidade...........................................................................................18
2.6. O Desdobramento da Importância dos Estoques...........................................................19
2.7. Sistema de Informação de Estoque...............................................................................20
2.8. Níveis de Estoque.......................................................................................................... 21

Capítulo 3. GESTÃO DE ESTOQUES.................................................................................22

3.1. Alguns Modelos de Gestão de Estoques........................................................................23


3.2. O Modelo de Ponto de Reposição..................................................................................24
3.3. O Modelo de Revisão Periódica.....................................................................................24
3.4. Modelo de Gestão de Estoques de itens de demanda dependente...............................25
3.5. Armazenagem................................................................................................................ 25
3.5.1. A Funcionalidade da Armazenagem............................................................................26

9
3.5.1.1. Recebimento de Materiais........................................................................................26
3.5.1.2. Estocagem de Materiais...........................................................................................27
3.5.1.3. Separação de Pedido de Materiais..........................................................................28
3.6. Processamento Global das Atividades de Armazenagem..............................................29
3.7. Administração de Estoque..............................................................................................29
3.8. Distribuição de Materiais................................................................................................30
3.9. Distribuição Física dos Materiais....................................................................................31
3.10. A Função Qualidade na Armazenagem........................................................................32
3.11. Rastreabilidade do Produto..........................................................................................34
3.12. Lotes de Materiais........................................................................................................35

Capítulo 4. CONCLUSÃO....................................................................................................38

Capítulo 5. REFERÊNCIAS..................................................................................................39

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INTRODUÇÃO

Quando analisadas no contexto de operações e verificadas as atividades


isoladamente, visualiza-se que a aplicação do sistema de rastreabilidade de
materiais pode produzir efeitos sobre a produtividade e custos das atividades da
gestão de estoque, principalmente se não houver uma criteriosa análise e
planejamento antes de sua implantação.
Assim, este trabalho tem sua importância pela ligação que procura
estabelecer entre a Gestão de Estoque e o Sistema de Rastreabilidade de materiais,
visando estudar os principais aspectos da gestão de armazenagem e os efeitos que
o sistema de rastreabilidade de materiais pode exercer sobre suas principais
atividades.
Diante de sua abrangência, o assunto pesquisado se direcionou aos estudos
de conteúdos técnicos na área de Gerenciamento de Estoque, não derivando sobre
aspectos relacionados à apuração de custeio das atividades pesquisadas, apenas
procurando deixar evidente a existência de elementos que podem motivar um
trabalho mais aprofundado com este objetivo sem, contudo deixar de fornecer
subsídios para sua conclusão final.
O estudo tem sua relevância alicerçada na constante mudança competitiva
do mercado atual.
Devido a globalização, as empresas precisam de suas atividades
desenvolvidas como diferencial competitivo, permitindo assim o alcance dos
objetivos logísticos.
11
Verificada essa necessidade, e as tendências de funcionamento da área
produtiva, instalou-se o interesse em compreender melhor o Sistema das operações
de Estoque e suas conseqüências, dando origem ao desenvolvimento do trabalho.
A problemática deste trabalho é Conceituar o Sistema de Gerenciamento de
Estoque. Dentro deste contexto, pretende-se com este trabalho responder as
seguintes questões referentes ao tema:
 Quais as vantagens e desvantagens da utilização do Gerenciamento
de Estoques?
 Quais são os tipos de Sistemas de gerenciamento de estoque?
 Qual a importância da tecnologia da informação aplicada à logística?
 Qual a importância do gerenciamento de estoque para os Custos
Logísticos?

O objetivo deste trabalho é fornecer base técnica sobre o gerenciamento de


estoque, e explicar as características, princípios, fundamentos e, o funcionamento
da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain), bem como seus aspectos construtivos,
controle, vantagens e desvantagens.

Visando um melhor entendimento do tema, e dando embasamento ao


objetivo geral, pretende-se estudar também os objetivos específicos a seguir:
 Conceituar Gestão de Estoque;
 Demonstrar seu funcionamento;
 Os tipos de estoques e fluxos de materiais;
 Demonstrar as vantagens e desvantagens da gestão de estoque;
 Demonstrar a aplicabilidade recomendada e não recomendada;
 Descrever os objetivos da Administração de Estoques;
 Conceituar Logística;
 Demonstrar os Elementos básicos da Logística
A escolha do tema se justifica, pois, a gestão de estoque é uma atividade
complexa, pois a decisão de estocar produtos pode incidir em alto risco e alto custo
para a empresa, provocando baixa lucratividade, como também podem gerar perda
de venda, devido à falta do produto para entrega ao cliente.

12
A eficiência no processo de controle de estoque nas empresas tem
proporcionado a redução de custos para maior competitividade das mesmas no
mercado em que estão inseridas.
A pesquisa tem caráter descritivo quantitativo e qualitativo por expor os
conceitos e características apontados pelos autores, uma vez que se utiliza de
informações anteriores publicadas principalmente em artigos, revistas, sites
especializados sobre o tema proposto. É quantitativa (Soares, 2000), por descrever
conceitos de Gestão de Estoques e, torna-se descritiva (Malhotra, 2001), por
detalhar os tipos de Benefícios da gestão de estoque, sua aplicabilidade,
características, fundamentos e princípios.
Para a realização desse trabalho optou-se pelo método descritivo e a técnica
foi à pesquisa bibliográfica, realizada a partir de periódicos, revistas especializadas,
artigos científicos, livros e sites da internet e demais fontes de consulta. A natureza
da pesquisa foi a qualitativa, onde os dados mais relevantes foram selecionados. A
análise dos dados envolveu a interpretação dos dados e observação dos pontos de
convergência, divergência, as tendências e as regularidades. A forma de
apresentação dos dados é descritiva.

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Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A revisão de literatura em um trabalho de conclusão de curso é a parte


conceitual que identifica o conhecimento científico dos autores sobre o assunto,
delimita o tema em estudo, definindo a idéia central e posições perante aos
mesmos.

2.1. Estoque

Tido como ambivalente pelos administradores e gerentes de produção, os


estoques são ao mesmo tempo considerados custosos (porque mobilizam capital,
espaço físico, mão de obra) e arriscados (porque estão expostos à deterioração,
perda ou mesmo, evitando a interrupção das atividades caso ocorra uma
contingência).
Na maior parte das empresas, os estoques representam grandes
investimentos e, por isso mesmo, requerem do administrador uma atenção toda
especial.
Os principais objetivos a serem observados em uma política de estoque são:
 Manter os estoques nos níveis ideais planejados;

14
 Assegurar que os investimentos feitos em estoque alcancem níveis
ótimos de rendimento, conforme determinado na política
econômica/financeira da empresa (JACINTO, 2007).

2.1.1. Conceito de Estoque

Podendo ser encarado sob dois enfoques, custos e benefícios, o estoque é


definido por Slack (2006, p.381) como sendo “a acumulação armazenada de
recursos materiais em um sistema de transformação”.
Segundo Correa et all (2005, p. 45), “estoques são acúmulos de recursos
materiais entre fases específicas de processos de transformação”. Logicamente, que
a definição mais concreta está voltada muito mais para empresas industriais, onde
se concebe a transformação de uma matéria prima qualquer em um produto, porém,
existem também estoques de mercadorias para revenda, que também podem ter
tratamento diferenciado.
Pressupõe-se então, que os itens de estoques possam ser armazenados,
demandando, portanto controles e técnicas visando equilibrar a já citada
ambivalência.
Correa (2000, p. 34) cita que “hoje o conceito de estoques é mais bem
entendido do que em anos recentes”. Nesta citação, o autor refere-se à adoção de
forma equivocada de modelos de gestão de estoque japoneses por parte de
empresas brasileiras na década de 80, que objetivaram de imediato baixar seus
estoques a zero.
Sabe-se hoje, que o nível de estoque para permitir o equilíbrio entre os
custos e os benefícios, é aquele que contém exatamente a quantidade estratégica
necessária para andamento das operações.
Figura 1 Estoque - área estratégica para o sucesso dos negócios

15
Fonte: Google Imagem, 2011

2.2. Tipos de Estoque

Os estoques podem ser classificados em diversos tipos, conforme se


observa a seguir:
 Matéria-prima: esse tipo de estoque requer alguma forma de
processamento para ser transformada em produto acabado. A
utilização é diretamente proporcional ao volume de produção.
 Produto em processo: em um processo de produção, considera-se
produtos em processo os diversos materiais que estão em diferentes
fases do processo produtivo. Corresponde a todos os materiais que
sofreram algum tipo de transformação, porém não atingiram a forma
final do produto a ser comercializado;
 Materiais de embalagem: correspondem às caixas para embalar
produtos, recipientes, rótulos etc.
 Produto acabado: compreendem os produtos que sofreram um
processo de transformação e estão prontos para ser vendidos.
 Suprimentos: neste tipo de estoque, estão inseridos todos os itens
não regularmente consumidos pelo processo produtivo. São os

16
componentes utilizados para a manutenção de equipamentos,
instalação predial, dentre outros.

2.3. Como Surgem os Estoques

Há várias razões para o surgimento de estoques, dentre elas estão:


 Desequilíbrio entre a taxa de suprimento e o consumo de itens:
1. Exige a aquisição de itens pelo lote mínimo de fornecimento, sendo no caso, o
lote mínimo maior que a quantidade a ser consumida.
2. A existência de equipamentos no processo com capacidade desbalanceada, etc
 Incerteza quanto à previsões:
1. Incerteza quanto ao recebimento de determinado tipo de material
2. Perdas de itens além do previsto, provocada pela má qualidade
3. Quebra de máquinas, etc.

Há também casos especiais como cita Corrêa (2000, p. 50-51):

“Em muitas situações, a formação de estoques não se dá para minimizar


problemas como falta de coordenação ou incerteza, mas com a intenção de
criação de valor e correspondente realização de lucro”.

Isso pode ocorrer quando as empresas conseguem obter informações


antecipadas sobre a ocorrência de escassez de oferta de determinado item,
comprando-o em quantidades maiores que as necessidades ao seu consumo.
Quando a escassez acontece, a empresas não sofre seus efeitos, podendo
ainda, de acordo com a quantidade adquirida, negociar seus produtos com preços
vantajosos, realizando bons lucros.
Outro caso especial que deflagra o surgimento de estoques é a necessidade
de disponibilidade para abastecimento de canal de distribuição.
Trata-se de uma situação de estratégia logística que exige produtos
próximos aos mercados consumidores. Esta necessidade é percebida com mais
freqüência nos produtos de consumo como bebidas, fumo, alimentos, higiene
pessoal, etc.
Tendo em vista que nem sempre é viável ter fábricas próximas a todos os
centros de consumo, as empresas podem optar por depósitos, armazéns
17
distribuidores, ou ainda pela estocagem de produtos nas instalações de seus
clientes (hipermercados, grandes lojas, atacadistas, etc) que se encarregam de
estabelecer o fluxo de produtos até o consumidor final.
Slack (2006, p.338-384) menciona a existência de quatro tipos de estoques:
a. Estoque de Ciclo: que está relacionado ao amortecimento de
desequilíbrios, por exemplo, capacidades de máquinas
desbalanceadas;
b. Estoque Isolador: também pode ser chamado de estoque de
segurança, e é aquele usado para fazer frente às incertezas de
demandas internas e externas, como por exemplo, a incerteza de
recebimento de um item importante com longo prazo de entrega;
c. Estoque de antecipação: é considerada para fins estratégicos, entre
eles a especulação;
d. Estoque no canal: é aquele ligado à necessidade logística de
manterem-se estoques próximos aos mercados consumidores, como
por exemplo, a fabricação de cervejas e refrigerantes.

2.4. Custos dos Estoques

Obrigatoriamente a boa gestão de estoques passa pelo conhecimento de


todos os custos que envolvem o seu controle. Alguns custos que estão diretamente
ligados aos estoques podem ser classificados:
 Custo de pedir: este item compreende os custos fixos administrativos
relativos ao processo de aquisição da quantidade requerida para
reposição do estoque. Esses custos são medidos tem termos
monetários por pedido;
 Custos de manter estoque: corresponde a todos os custos
necessários para manter certa quantidade de mercadoria por
determinado período de tempo. São medidos monetariamente por
unidade e por período. Normalmente para manter estoques, estão
inclusos custos de armazenagem, seguro, deterioração e
obsolescência e o custo de oportunidade, que significa o custo de
investir em outro investimento que não a empresa.
18
 Custo Total: é a soma dos custos de pedir e o custo de manter
estoques. Todo controle de estoques passa invariavelmente pelo
estabelecimento do nível adequado e a localização dos estoques. O
ideal é balancear o custo de pedir com o custo de manter estoques.

2.5. O Estoque e sua Finalidade

O estoque representa uma armazenagem de mercadorias com previsão de


uso futuro. Tem como objetivo, atender a demanda, assegurando-lhe a
disponibilidade de produtos.

“Sua formação é onerosa, uma vez que representa de 25% a 40% dos
custos totais. Com o propósito de se evitar o descontrole financeiro, é
necessário que haja uma sincronização perfeita entre a demanda e a oferta
de mercadorias. Como isso é impossível, deve-se formar um estoque
essencialmente para atender a demanda, minimizando seus custos de
formação” (CORRÊA, 2000, p. 53).

Segundo Drucker (2000, p.24), “devemos sempre ter o produto que você necessita,
mas nunca devemos ser pegos com algum estoque”.
Os estoques servem para muitas finalidades. Entre elas, podem-se citar:
 Melhoram o nível de serviço;
 Incentivam economias na produção;
 Permitem economia de escala nas compras e no transporte;
 Agem como proteção contra aumentos de preço;
 Protegem a empresa contra incertezas de demanda e no tempo de
ressuprimento;
 Servem como segurança contra contingências.

2.6. O Desdobramento da Importância dos Estoques

Além do ponto de vista de armazenagem, que é tratado neste trabalho, a


importância dos estoques deve ser analisada também pelo seu contexto contábil.

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Sabe-se que cada item estocado possui um valor contábil atribuído, seja
pelo valor de aquisição (para itens comprados) ou valor de produção (para itens
produzidos).
Moura (2007, p.16) menciona que:

“As funções contábeis e administrativas incidem diretamente na vida dos


armazéns. A função contábil participa do controle dos estoques, recolhendo
dados fundamentais para a elaboração da contabilidade e dos balanços, e
para a sua interpretação, com a finalidade de controlar o desenvolvimento
da empresa”.

O agrupamento destes itens em armazéns específicos (fisicamente,


separados ou não) contribui proporcionando importantes informações sobre o valor
de estoques de matéria prima, produtos em processo (ou semi-acabado), produtos
acabados, e o material da empresa em poder de terceiros.
Todos os dados acima são utilizados sob determinadas técnicas contábeis,
como indicadores da situação da empresa.
Portanto, há de se entender a importância da geração das informações do
valor contábil de cada item, que como já foi mencionado, se dá pela aquisição ou
produção dos mesmos.
O acompanhamento analítico do processo de geração de informações deve
ser rigoroso, pois a inserção de dados equivocados, ou qualquer outra imperícia no
manuseio dos mesmos, poderá ter repercussões catastróficas com valores
incorretos, cuja pesquisa para localização pode ser morosa, com altos custos e em
alguns casos só ser detectadas através de inventários.

2.7. Sistema de Informação de Estoque

De maneira geral, não só as análises de estoque, mas toda a rotina de


processamento de informações na administração de estoques é controlada por
sistema informatizado.
Slack (2006, p. 404) destaca que:
“A maioria dos estoques, de qualquer tamanho significativo é gerenciada por
sistemas computadorizados. O grande número de cálculo relativamente
rotineiro envolvidos no controle de estoque presta-se bem a apoio
computadorizado. Isso é especialmente verdade desde que a coleta de
20
dados passou a ser feita de forma mais conveniente, através do uso de
leitoras códigos de barras e ponto de vendas com o registro das
transações”.

Existem vários sistemas comerciais de controle de estoque disponíveis no


mercado, e quase todos possuem certas funções comuns, que incluem:
 Atualização de registros de estoque através do processamento das
transações ocorridas, modificando o status, posição de estoque e
valor, etc.;
 Gerar pedidos através de cálculos e fórmulas matemáticas
parametrizadas pelos usuários;
 Gerar relatórios de estoques, apoiando a monitoração e tomada de
decisões dos gerentes;
 Prever a demanda futura através da análise dos dados e
parametrizações elaboradas pelos usuários.

2.8. Níveis de Estoque

Ao dimensionar os estoques, temos que observar dois níveis extremos:


 Estoque Excessivamente Alto: ocasionarão pesados encargos de
armazenagem e manutenção, grandes riscos de obsolescência e
deterioração, valores elevados de prêmios de seguros e pesados
encargos financeiros. Os estoques máximos deverão ser calculados,
com o fim de alcançar lotes econômicos de compra, de acordo com a
política de investimentos em estoque;
 Estoque Excessivamente Baixo: não satisfazendo às necessidades
imediatas da empresa, poderá causar prejuízos pelo não atendimento
eficiente da clientela ou por não conseguir suprir as necessidades da
linha de fabricação, causando assim paradas e interrupções que
resultarão em perdas diversas. O calculo mínimo deve ser feito, tendo
como objetivo manter ininterrupto o fluxo de consumo de materiais,
nos momentos em que ocorrerem situações anormais de suprimento,
ou mesmo situações anormais de consumo (JACINTO, 2007).

21
Capítulo 3. GESTÃO DE ESTOQUES

A gestão de estoques é uma função do sistema de Administração de


Materiais, a qual reflete quantitativamente nos resultados da empresa ao longo do
exercício financeiro, logo carece de aplicação de ferramentas gerenciais para manter
o nível de estoques satisfatório para atender aos pedidos dos clientes Chistopher
(2007) diz que:

“O Gerenciamento Logístico exige que todas as atividades que ligam o


mercado fornecedor ao mercado consumidor sejam vistas como um sistema
interligado, pois o impacto de uma decisão tomada em qualquer parte do
sistema afetará o sistema financeiro”.

Para Viana (2002, p.117) a gestão de estoque “é um conjunto de atividades


que visa por meio das respectivas políticas de estoque, o pleno atendimento das
necessidades da empresa, com a máxima eficiência e ao menor custo, através do
maior giro possível para o capital investido em produtos”.
A empresa deve estabelecer padrões a serem atingidos para medir o
desempenho da gestão de estoque. Conforme Fleury, Wanke e Figueiredo (2000,
p.177).
“A definição de uma política de estoques depende de definições claras para

22
quatro questões: quanto pedir, quando pedir, quanto manter em estoques de
segurança e onde localizar. A resposta para cada uma dessas questões
passa por diversas análises, relativas ao valor agregado do produto, a
previsibilidade de sua demanda e às exigências dos consumidores finais em
termos de prazos de entrega e disponibilidade de produto”.

Neste contexto, a eficácia da gestão de estoques consiste em manter nos


depósitos, mercadoria suficiente para o giro do negócio, sem problemas causados
por sobras ou falta de produtos.
Para Dias (2003, p. 23) as políticas de estoques, são diretrizes que de
maneira geral, são as seguintes:
 Metas quanto ao tempo de entrega dos produtos ao cliente
 Definição do número e da lista de materiais a serem estocados
 Nível do estoque para atender a demanda
 Definição da rotatividade dos estoques

A gestão de estoque da empresa tem como objetivo essencial à busca do


balanceamento entre estoque e demanda.
Para Viana (2002, p.120), os estoques são gerenciados por meio de dois
modelos fundamentais que são:
 Gerenciamento manual: utilizado em empresas que utilizam controle
manual por meio de prateleira e/ou de controle de estoques físico;
 Gerenciamento mecanizado: adotado em empresas que utilizam
controle por meio de informática
Para Arnold (2009, p. 265), “a administração de estoque é responsável pelo
planejamento e controle dos estoques, desde o estágio da matéria-prima até o
produto acabado”.
Neste contexto, um sistema de informação eficaz do estoque da empresa é
o elo entre o tempo de pedir o produto e atender as necessidades do cliente,
fazendo a sincronização entre a oferta e a demanda, que devem ser gerenciadas em
tempo real para não ocasionar prejuízos à empresa.

3.1. Alguns Modelos de Gestão de Estoques

23
Trabalhar com um número elevado de itens estocados, fornecidos por um
número também significativo de empresas, atendendo solicitações de clientes
internos e externos, é sem dúvida uma tarefa complexa e dinâmica.
Slack (2006, p. 401) sugere que:

“Os gerentes de produção discriminem os diferentes itens estocados,


aplicando um grau de controle em cada um e que também façam o
investimento em um sistema de processamento de informações que
viabilize o controle de estoques”.

Sua recomendação é muito importante, e em especial para as empresa com


grande quantidade de itens em estoque ou com grande movimentação dos mesmos,
permitindo que executem uma gestão com informações atualizadas, de bom nível de
acuracidade e com significativa redução da possibilidade de erro humano. Para isso
deve valer-se de um sistema informatizado, se possível bem integrado.
Esse grau de integração com usuários internos (outros setores da empresa)
e externos (outras empresas) é que poderá gerar informações em tempo real.
Conforme Slack (2006, p.385) “as definições mais importantes para a gestão
de estoques de qualquer item referem-se a quando e quanto ressuprir e como
controlar o sistema, atendendo a demanda de forma segura e ao menor custo
possível”.

3.2. O Modelo de Ponto de Reposição

Conforme Dias (2003, p. 115) neste modelo:

“Todas às vezes que certa quantidade de um item é retirada do estoque, o


saldo remanescente é analisado e se este saldo for menor que certa
quantidade pré-determinda, chamada ponto de reposição, é disparada a
aquisição ou fabricação de uma nova quantidade chamada lote de
ressuprimento”

Os pontos cruciais deste modelo são a determinação da quantidade mínima


para a estocagem de um item antes do “disparo” do lote de ressuprimento e também
o tamanho do próprio lote de ressuprimento que será disparado.

24
3.3. O Modelo de Revisão Periódica

Este modelo sugere a verificação periódica (fixa) do nível de estoque, e


baseado no nível encontrado e na política de estoques da empresa (previamente
determinada), determinam-se as quantidades a serem ressupridas.
Conforme Correa (2000, p. 69), a limitação do modelo está na possibilidade
de ocorrência de faltas dos itens controlados, caso haja uma variação sensível na
demanda em curto espaço de tempo. Mesmo que se admitam operações com nível
de estoque mais elevados (consequentemente mais dispendiosas).

3.4. Modelo de Gestão de Estoques de itens de demanda dependente

Para abordagem deste modelo é importante conhecer também o que são


itens de demanda independente. Itens de demanda independente são aqueles que
não dependem da demanda de nenhum outro item, como por exemplo, um produto
final que depende normalmente da situação do seu mercado apenas.
Já os itens de demanda dependente são aqueles que dependem da
demanda de outro item, como por exemplo, a demanda de pneus de automóvel
depende da venda de automóveis.
Correa (2000, p. 73) afirma que:

“A diferença básica entre os dois tipos de itens é que a demanda do primeiro


tem que ser prevista com base nas características do mercado consumidor
e a demanda do segundo, entretanto, não necessita ser prevista, pois,
sendo dependente de outra, pode ser calculada com base na demanda
desta”.

3.5. Armazenagem

Do Egito a Bíblia nos conta (Gênese, cap. 41) que José, foi aos trinta anos,
um dos primeiros homens a operar um processo de estocagem e distribuição.
Interpretando os sonhos do faraó do Egito como sendo sete anos de
abundância e sete anos de fome, e obtendo sua aprovação, José elaborou um
25
sofisticado sistema de coleta e estocagem de um quinto de todo alimento produzido
anualmente nos anos de abundância, o que permitiu aquele país transpor os sete
anos de fome seguinte.
Trazendo este exemplo para os dias atuais, podemos constatar que, a
armazenagem de materiais não agrega valor ao produto, pelo contrário até, eleva
seu custo.
Sendo, porém, utilizada de forma adequada, a armazenagem, como no caso
de José pode se constituir em uma importante vantagem competitiva.
Moura (2007, p. 03) define armazenagem como sendo:

“Denominação genérica e ampla, que inclui todas as atividades de um ponto


destinado à guarda temporária e a distribuição de materiais (depósitos,
almoxarifados, centros de distribuição, etc), e estocagem, uma das
atividades do fluxo de materiais no armazém e ponto destinado à locação
estática dos materiais. Dentro de um armazém, podem existir vários pontos
de estocagem”.

A definição de Moura possibilita o conhecimento mais claro dos termos


estocagem e armazenagem, que ás vezes, é confundido.
De acordo com ele, a estocagem é uma das atividades da armazenagem
que como veremos adiante, também possui outras atividades.

3.5.1. A Funcionalidade da Armazenagem

Na maioria das empresas as atividades de armazenagem são comuns,


independentemente da empresa onde o armazém ou almoxarifado está instalado, o
que o torna de certa forma autônomo, podendo operar dentro ou fora dos limites da
empresa, com funcionários próprios, ou com funcionários subcontratados, ou ainda
com total terceirização de funcionários, equipamentos, prédio, etc.
O fato é que, em qualquer opção adotada, algumas das atividades à seguir
deverão estar presentes:

3.5.1.1. Recebimento de Materiais

26
Todo material que chega à empresa deve ser recebido, conferido
qualitativamente e quantativamente, identificado e caso necessário deve ser
submetido a testes de recebimento. Moura (2007, p. 118) menciona que “o
recebimento inclui todas as atividades envolvidas no fato de aceitar materiais para
serem adotados”.
Esta atividade é fundamental, pois quase sempre é nela que se inicia o
processo de rastreabilidade do material através da identificação dos lotes de
fornecimento (quando aplicável), e a denominação do local onde o material iniciará
seu processo de movimentação dentro da empresa.
Em muitas empresas, a atividade de recebimento é realizada
simultaneamente com a atividade de registro fiscal, que processa os dados das
notas fiscais. Qualquer equívoco nesta etapa inicial ocasionará uma sucessão de
erros nas demais etapas e tornará sua identificação mais difícil na medida em que
os dados equivocados são utilizados no dia-a-dia.
Esta atividade também tem como característica, uma intensa movimentação
de materiais, por conta dos descarregamentos de veículos, cargas, palletes, e os
deslocamentos necessários entre as áreas da empresa.

3.5.1.2. Estocagem de Materiais

Após o recebimento do material, e sua aceitação pela empresa, ocorre a


atividade de estocagem, que conduz o material recebido, e até então alocado
provisoriamente na área de recebimento, ao seu local definitivo.
Neste local, enquanto durar o prazo de estocagem, ele será constantemente,
verificado quanto a seus aspectos de embalagem e identificação, e periodicamente,
quanto a seu prazo de validade (se aplicável) e quantidades através de inventários.
A atividade de estocagem proporciona a movimentação planejada dos
materiais pelas áreas dos armazéns, visando garantir à maximização dos espaços, a
facilidade de separação, a integridade física e a acuracidade dos dados de
quantidade e local.
Moura (2007, p. 140) menciona que “a idéia de que a estocagem planejada
é em geral desnecessária é um conceito obsoleto”.

27
Os erros mais comuns relacionados a esta atividade estão ligados à
localização do material, que ocorre quando um item é movimentado fisicamente,
mas sua nova posição não é atualizada nos controles, ocasionando perda de tempo
na tentativa de localizá-lo quando for necessário.
Esta atividade agrega ainda boa parte da responsabilidade da acuracidade
dos dados de estoque, sendo que o funcionário a ela ligado reúne boas aptidões
para condução dos inventários, já que são eles que passam mais tempo em contato
com o material, fazendo movimentações, arranjos de layout, verificações periódicas
do estado físico visuais, etc.

3.5.1.3. Separação de Pedido de Materiais

A separação de pedidos de materiais é a atividade que se apóia fortemente


nos dados das demais atividades do almoxarifado, e precisa ser realizada no menor
espaço de tempo possível.
Seja para a separação de componentes para abastecer uma ordem de
produção ou atender um pedido de venda de um cliente externo, a atividade de
separação de materiais necessita dos dados de quantidade e local corretos, para
não desperdiçar tempo, ou mesmo deixar de atender uma solicitação.
A atenção necessária para esta atividade deve ser muito grande, pois em
qualquer dos casos, o erro pode trazer graves conseqüências, como por exemplo, a
separação de um componente eletrônico errado para compor uma ordem de
produção, que acarreta o não funcionamento do produto final, provocando assim
perda de recursos.
Da mesma forma, a separação e um pedido de venda com o produto errado,
pode fazer com que o cliente ao recebê-lo não volte a efetuar novos pedidos.
Deve-se lembrar que além das conseqüências acima citadas, devido a tais
erros apontados acima, pode incorrer também na falta de acuracidade dos dados de
estoque até a detecção da falha. Por isso uma característica predominante aos
funcionários desta atividade é o conhecimento dos materiais á serem manuseados,
apoiando-se na experiência técnica e na vivência dentro da empresa, e também o
conhecimento dos locais de estocagem (almoxarifados, ruas, prateleiras, etc), o que
facilita e diminui o tempo de separação e evita a ocorrência de erros.

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Moura (2007, p.221) comenta que “por causa do número de empregados
envolvidos, a separação de pedidos é uma tarefa que apresenta a maior
possibilidade de erros”.
Há ainda a questão das embalagens (para os itens que a necessitam), em
especial aqueles que serão enviados a clientes externos e via de regra deverão
estar identificados e contidos em embalagens de forma compatível com o meio de
transporte a ser utilizado e o local de destino.

3.6. Processamento Global das Atividades de Armazenagem

De acordo com o volume de materiais e com o controle de rastreabilidade no


estoque, a quantidade de dados com três variáveis (código, local e lote do material)
pode ser muito grande, tornando quase impossível o controle através de um sistema
de controle de estoque que não seja informatizado.
Porém mesmo contando com as vantagens da informática, os efeitos do
grande volume de dados serão sentidos a cada consulta ou processamento de
dados, caso os equipamentos (hardware) não tenham a velocidade de
processamento compatível.
Além disso, em uma empresa onde há constantes movimentações junto aos
setores de produção e armazéns, gerando remessas, e posteriormente devoluções
sob forma de saldos não utilizados por qualquer razão, o volume de lotes em
movimentação será necessariamente muito alto, devendo ser muito bem
administrado para que os materiais não percam ou troquem as identificações de
lotes durante o manuseio, descaracterizando a rastreabilidade.
Desta forma, a movimentação do material rastreado acionará uma seqüência
de atividades equivalentes à quantidade de lotes necessários para compor a
quantidade de materiais solicitados no movimento.
Por exemplo, para atender uma requisição do material rastreado, pode ser
necessária a separação, contagem, embalagem, e digitação de dados de vários
lotes de materiais.

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3.7. Administração de Estoque

Esta atividade funciona como centro de processamento de informações das


demais atividades. Nela concentram-se as análises dos dados, sua planificação e a
definição de quais técnicas será utilizado para obter o melhor resultado, lembrando
sempre que a acuracidade dos dados é um dos pontos relevantes deste contexto,
que se considera como um pressuposto em todo processo analítico.
Por isso também a organização de inventário é uma das suas atribuições.
Dias (2003, p. 114) menciona que:

“Dimensionar e controlar estoques é um tema importante e preocupante.


Descobrir fórmulas para reduzir estoques sem afetar o processo produtivo e
sem o crescimento dos custos é um dos maiores desafios que os
empresários encontram em época de escassez de recursos”.

Entre as diversas análises possíveis de se realizar, destacam-se:


 Valor total do estoques por almoxarifados,
 Curva ABC,
 Giro de material em estoque,
 Entrada de materiais em estoque.
 Requisição de materiais.
 Itens “zerados” no estoque ou itens crítico;
 Kardex;
 Itens inventariados
Em algumas empresas, a responsabilidade pela apuração dos custos de
estocagem também é da administração de estoques, e por envolver metodologia
específica na sua obtenção, não será objeto de detalhamento neste trabalho, porém
é um dado relevante que necessita ser registrado.
A administração de estoques também atua em sua própria rotina
administrativa, processando documentos, atualizando posições, dando suporte às
decisões gerenciais através das análises realizadas, e em alguns casos, onde o
gerente faz parte desta atividade, também realiza os controles individuais do setor
(índice de absenteísmo, planejamento de férias de funcionários, controle de
equipamentos de proteção individual, etc).
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Pelo índice de manuseio de dados, e o poder analítico necessário, esta
atividade sugere o uso de mão de obra especializada, com bom grau de experiência.

3.8. Distribuição de Materiais

Moura (2007, p. 126) diz que “a última fase do ciclo de estocagem é o


embarque dos produtos para o consumidor, ou a entrega do produto ao ponto onde
será utilizado na fábrica”.
Responsável pelo envio dos materiais até o destino final, esta atividade
inicia-se com o recebimento dos materiais a serem expedidos, conferindo a
quantidade e o estado das embalagens, providenciando a pesagem e a
documentação para expedição (nota fiscal, conhecimentos de embarque, minutas,
etc) e encaminhando à transportadora responsável.
Caso a empresa possua frota própria, esta atividade também será
responsável pela roteirização das entregas, visando atender os prazos,
maximizando o uso dos veículos disponíveis.

3.9. Distribuição Física dos Materiais

De acordo com o que já foi visto, a função da estocagem é guardar, proteger


e preservar o material até o seu efetivo uso, a partir de então se pode dizer que o
planejamento do layout da área de estocagem é uma premissa importante para se
obter uma boa condição de estocagem.
Moura (2007, p. 205-206) cita a existência de dois fatores importantes a
serem considerados na estocagem:
 O primeiro em função das características do material, que explora
possibilidades de agrupamentos por tipo, tamanho, freqüência de
movimentação, ou mesmo até a estocagem por tipo de material que
seja usado em um departamento específico;
 E o segundo em função das características do espaço, e a forma
com que se pretende utilizar este espaço, considerando o tamanho,

31
características da construção (paredes, pisos, pátios, etc.),
localização em relação às demais áreas da empresa que se
relacionam critérios de disponibilidade (existência de filas para
atendimento), etc.

Para que o espaço do armazém seja bem utilizado e o material possa ser
localizado rapidamente, após a aprovação o material é movimentado para uma área
de estocagem com uma identificação denominada local físico.
O local físico é o endereço do material, e como tal, necessita atualização nos
controles inerentes, sempre que houver movimentação.
A atribuição de endereço nos locais de estoque incluiu a denominação do
almoxarifado, rua, e altura, posição na prateleira, etc.
Portanto, os endereços expressam também a forma de armazenamento, em
seus detalhes necessários à localização e preservação dos materiais.
Outro aspecto importante para o planejamento do layout do local de
armazenagem é o tipo de material a ser estocado e a forma de movimentação
destes. O uso de empilhadeiras e carrinhos porta-palletes exige espaços específicos
e preparação do piso em função do peso dos equipamentos. Já para a adoção de
sistemas automáticos como correias transportadoras e elevadores programáveis, é
necessário o investimento em sistemas informatizados específicos e a designação
de áreas específicas.

3.10. A Função Qualidade na Armazenagem

As atividades de gestão de armazenagem envolvem sempre o manuseio de


dados e informações importantes para a empresa e a ocorrência de falhas afeta seu
desempenho e consequentemente o seu resultado também.
Juran (2007, p. 103) menciona que “as necessidades dos clientes é um alvo
móvel, ou seja, está sempre mudando”. Portanto, as ações que visam preservar a
qualidade do produto e aumentar a satisfação do cliente devem interagir com toda a
empresa.

32
No caso das atividades ligadas a gestão de armazenagem, evidenciaremos
algumas:
 Rastreabilidade do material: os funcionários dos armazéns são
responsáveis pela preservação da identificação dos materiais em
estoque, garantindo a funcionalidade da cadeia de rastreabilidade.
Esta atividade pressupõe manter identificado todos os lotes de
materiais em todos os locais ocupados, e mais que verificar a
existência de etiquetas nos materiais é necessário também ter todas
as informações de lote e localização sob forma de controle;
 Validade do material: o uso do sistema PEPS garante que o material
em estoque sempre será aquele que chegou mais recente à empresa.
Há ainda os casos de materiais cujo prazo de validade deve ser
controlado e caso esteja vencido deve ser retirado do estoque para
não ser utilizado na montagem de produtos. Para a revalidação, em
alguns casos, o próprio fabricante do material estocado especifica o
método de avaliação do material;
 Aspecto de embalagem: as embalagens são desenvolvidas
conforme necessidades específicas e contribuem para preservação
dos materiais nelas contidos. Os funcionários do almoxarifado devem
obedecer aos limites e formas de armazenamento para não
provocarem danos nas embalagens e em seus produtos, efetuando
verificações periódicas quanto a este aspecto, corrigindo eventuais
problemas;
 Materiais especiais: materiais inflamáveis, explosivos, e químicos
em geral necessitam de cuidados e acompanhamento específico,
normalmente descrito em procedimentos elaborados pelos
fabricantes. Em função de suas características esses materiais
podem ser estocados em almoxarifados específicos, separados
fisicamente dos demais, e as verificações pelos funcionários do
almoxarifado, quase sempre tem que ser feitas com o uso de
equipamentos de proteção individuais.

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Uma atividade importante que geralmente inicia-se dentro dos limites da
gestão de estoque é a atribuição dos lotes dos produtos recebidos. Ele estabelece
um forte elo entre o fornecedor e a empresa, quando permite rastrear os materiais
adquiridos.
Juran (2002, p. 301) comenta que: “um projeto (planejamento da proteção e
rastreabilidade do material) deve garantir a rastreabilidade do produto, isto é, a
capacidade de preservar a identidade deste produto e suas origens”.
A manutenção das informações dos lotes de materiais fisicamente e no
sistema de controle, quase sempre são atividades difíceis e de alto custo devido ao
volume de dados manipulados e a mão de obra necessária para tal. Porém para o
funcionamento da cadeia de rastreabilidade de materiais tornam-se imprescindíveis.

3.11. Rastreabilidade do Produto

Juran (2002, p.301) conceitua a rastreabilidade como sendo a “capacidade


de preservar a identidade do produto e suas origens”.
A partir deste conceito pode-se dizer que a coletânea de informações
relevantes sobre um determinado produto, partindo de seus componentes básicos
até sua forma final, pode ser considerada a cadeia de rastreabilidade do produto.
Sua idealização demanda um planejamento bem sincronizado entre vários
departamentos. Entre eles, assistência técnica e atendimento ao cliente, engenharia
de produto e processos, e garantia da qualidade que deverão prover meios de
coletar, ordenar e armazenar as informações necessárias.
Um uso para a rastreabilidade diz respeito ao controle de estoques, que com
base nas informações contidas nos lotes pode organizar o uso dos materiais de tal
forma que o primeiro que entre seja o primeiro que sai (PEPS) reduzindo o risco de
deterioração da qualidade no caso de materiais perecíveis.
Abaixo segue quadro demonstrativo sobre o fluxo genérico de um
levantamento de dados de produtos defeituosos.

Figura 2 Levantamento de Dados Produtos Defeituosos - Fluxo Genérico

Extensão do
IDENTIFICA
CONSULTA Analisa
PROBLEMA 34
Rastreabilidade Problema 2
1

DEFINE
2 Executa ações Gera Novos RASTREABILIDADE 3
ACIONA
AÇÕES
Dados
MEIOS

DADOS ENGENHARIA ESTUDO


3 FIM
DE PRODUTOS APERFEIÇOAR
TÉCNICOS
PROBLEMA PRODUTO

Fonte: adaptado pelo autor

3.12. Lotes de Materiais

Conforme citado anteriormente, manter o controle de rastreabilidade pode ser uma


tarefa complexa e dispendiosa. Oliveira (2005, p.37) comenta que a empresa
deve estabelecer um sistema que, quando necessário, possa obter informações
sobre a procedência do material utilizado em determinado produto.
Este processo é de alto custo, exigindo uma série de controles e deve,
portanto ser reservado á itens críticos.
Habitualmente, as empresas costumam usar a atribuição de números de
lotes para efetuar tal controle, que pode ser feita de várias maneiras, como segue
abaixo:
 Por seqüência numérica e ano indicando o número de seqüencial de
entrada no setor de recebimento e o ano em que o fato ocorreu.
Exemplo: (000045/11);
 Por seqüência alfa numérica e ano indicando o setor responsável pela
compra, o número seqüencial de entrada no setor de recebimento e o
ano em que o fato ocorreu. Exemplo: (AA1234/00)
 Por seqüência numérica divisional onde os seis primeiros números
indicam a seqüência de entrada do material no recebimento ou

35
estoque, o sétimo e oitavo número refere-se ao mês e o nono e o
décimo ao ano em que o fato ocorreu etc. Exemplo: (0003451202)

A forma da denominação do lote não segue uma regra básica, apenas se faz
necessária a adoção da forma que melhor se ajuste ao sistema de rastreabilidade
proposta.
Juran (2002, p. 303) menciona que no controle do lote é designado um
número e criado um conjunto de documentos, portanto aquele número, e a
genealogia dos materiais são registrados nestes documentos.
Para produtos complexos ou críticos, os documentos podem formar uma
coleção enorme.
Portanto a complexidade pode definir o quanto de controle será necessário
para garantir rastreabilidade do produto. É importante lembrar que controles geram
custos, que por sua vez afetam a composição do preço de venda do produto.
Ou seja, pode não ser viável ao fabricante manter um sistema de
rastreabilidade que tenha forte impacto sobre o preço de venda do produto ou em
situação inversa, também pode não ser viável manter um sistema com custo de
operação baixo, mas que não atenda aos propósitos de sua criação.
Há ainda a questão da dificuldade na identificação de materiais nos
processos produtivos.
Nos sistemas de produção por encomenda, o fabricante tem a possibilidade
de definir com exatidão quais os dados irão compor o sistema de rastreabilidade,
porque ao iniciar o processo de produção os materiais com os respectivos lotes de
produção estarão disponíveis para anotação no sistema de rastreabilidade bem
como as ocorrências relevantes durante a produção também poderão ser
identificadas, como por exemplo, a fabricação de um motor para embarcação de
grande porte.
Já nos sistemas de produção contínua, com inserção de materiais de várias
origens em intervalos regulares no processo, a exatidão dos dados dependerá de
uma nova designação relativa, como por exemplo, a ocorrência de algum evento
importante no processo produtivo, como embalagem ou teste final em um dado
intervalo arbitrário de tempo (semana, mês, etc). O lote será então algo como

36
“corrida do mês 07/01, ou o lote da semana 55/02”. Situação apresentada na
fabricação de alguns metais.
Nestes casos onde o ponto de corte para inserção de novos materiais, ou
alterações do processo não é claramente definida admite-se a possibilidade de
rastreabilidade incompleta, que deve ser compensada com a inclusão dos lotes mais
próximos na realização da pesquisa de rastreabilidade.
Quanto à quais materiais devemos rastrear Juran (2007, p. 303), sugere que
em produtos comerciais, a rastreabilidade pode limitar-se a qualidade orientada para
a segurança e os materiais decisivos na qualidade da montagem do produto.
Portanto, a elaboração do sistema de rastreabilidade pressupõe
conhecimentos técnicos dos materiais, como características físicas, interferência na
montagem, aplicabilidade do conjunto, etc.
Esses dados, normalmente são obtidos junto ao departamento de
engenharia da empresa.
Freqüentemente, os dados de rastreabilidade são associados ás ordens de
fabricação, aproveitando a abrangência do sistema de planejamento, programação e
controle de produção, que pela sua própria atribuição técnica favorece tal atividade
ao utilizar os dados da estrutura de produtos.
Através das ordens de fabricação então é possível armazenar os dados
necessários obtidos em cada fase do processo até o produto final, estabelecendo
uma associação entre elas e os lotes dos materiais, de tal forma que, identificando o
lote de produção, seja possível obter o número da ordem de fabricação ou de outra
forma, obtendo o número da ordem de fabricação possa ser possível conhecer quais
lotes estão nela contido.
Os sistemas informatizados de controle de produção conseguem armazenar
uma grande quantidade de dados, que em intervalos regulares são retirados do
sistema e adequadamente preservado para futuras consultas.

37
Capítulo 4. CONCLUSÃO

O gerenciamento de estoques reflexiona quantitativamente os resultados


obtidos pela empresa ao longo do exercício financeiro, o que, por isso mesmo, tende
a ter sua ação limitada na aplicação de instrumento gerenciais baseados em
técnicas que permitam a avaliação ordenada dos processos utilizados para alcançar
as metas desejadas.
Os estoques compõem ligação entre as etapas do processo de compra e
venda, no processo de comercialização em empresas comerciais e entre as etapas
de compra, transformação e venda no processo de produção em empresa industrial.
Em qualquer ponto do processo formado por essas etapas, os estoques
desempenham papel importante na flexibilidade operacional da empresa. Funcionam
como amortecedores das entradas e saídas entre as duas etapas dos processos de
comercialização e de produção, pois minimizam os efeitos de erros de planejamento
e as oscilações inesperadas de oferta e procura ao mesmo tempo em que isolam ou
diminuem as interdependências das diversas partes da organização empresarial.
A gestão de estoque é, basicamente, o ato de gerir recursos ociosos
possuidores de valor econômico e destinado ao suprimento das necessidades
futuras de material, em organizações. Os investimentos não são dirigidos por uma
organização somente para aplicações diretas que produzam lucros, tais como os
investimentos em máquinas e em equipamentos destinados ao aumento da
produção e, conseqüentemente, das vendas.
Outros tipos de investimentos, aparentemente, não produzem lucros. Entre
estes estão as inversões de capital destinadas a cobrir fatores de risco em
circunstâncias imprevisíveis e de solução imediata.

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Dentro deste contexto, a empresa que não adotar política de gestão,
principalmente, o gerenciamento dos estoques, terá sérios problemas nas tomadas
de decisão mais importantes, o controle de estoques nas empresas, tem a finalidade
de cada vez mais diminuir os estoques/produção nas empresas, sendo assim
obtendo maiores lucros.

Capítulo 5. Referências

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CORREA, H. L. Planejamento Programação e Controle da Produção – MRP II /


ERP, Conceitos, uso e implantação, São Paulo: Atlas, 2000.

DRUCKER, Peter F. Administrando em tempos de grandes mudanças. São


Paulo: Pioneira, 2000.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa,


2ª ed. Rio de Janeiro: ed. Nova Fronteira. 1986.

FILHO, Armando Oscar Cavanha. Logística - novos modelos. RJ. Ed. Qualitymark:
2001.

FLEURY, Paulo Fernando, WANKE, Peter, FIGUEIREDO, Kleber Fossati


(organizadores). Logística Empresarial: Ed. Atlas São Paulo, 2000. São Paulo:
Pioneira, 2001.

JACINTO, R.; JACINTO, E. Administração de Empresas: gerenciando o estoque.


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JURAN, J.M. e GRYNA, F.M. Controle da Qualidade – ciclo dos produtos: do


projeto à produção. 4 ed. São Paulo: Makron Books do Brasil Editora Ltda, 2002,
v.3
39
MENDES, M. L. Vanguarda Logística, Revista Exame.

MOURA, R.A. Manual de logística: armazenagem e distribuição física. São


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OLIVEIRA, M.A.; SHIBUYA, M,K. ISO 9000: guia de implementação – guia de


auditoria da qualidade. São Paulo: Atlas, 2005

REVISTA TECNOLOGÍSTICA. O Boticário mapeia seus custos logísticos com o


ABC: ago., 2002.
SLACK, N. et al., Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2006

TORRES, L. MILLER, J. Alinhamento estratégico com o cliente, HSM


Management, nº21, ano 4, jul/ago de 2000.

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