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[...] muitas vezes as rotinas de trabalho dentro das empresas, estabelecidas em épocas
anteriores, dificultam em vez de facilitar o equilíbrio entre trabalho e família. Por isso, a
combinação de demandas pode resultar em níveis médios ou altos de estresse entre
funcionários, os quais podem reduzir o desempenho profissional e deteriorar
relacionamentos no trabalho e na família, além de contribuir para o desenvolvimento de
problemas de saúde (BARHAM; VANALLI, 2012, p. 48).
“[...] as famílias estão dando apoio e incentivo em proporções mais iguais às filhas e aos
filhos em relação à formação escolar, para eles estarem igualmente bem qualificados
para competir no mercado de trabalho (BARHAM; VANALLI, 2012, p. 49).
Quando o suporte social está bem desenvolvido na organização, ele tem um efeito
protetor que se manifesta em baixos níveis de estresse, ou seja, quanto maior o nível de
suporte social no ambiente organizacional, menor o nível de estresse no trabalho. Por
outro lado, quando o suporte social é inexistente ou deficitário na organização, este fator
transforma-se num estressor (PASCHOAL; TAMAYO, 2005, p. 174).
O desempenho no trabalho, em diversos estudos, é afetado pela interferência das
demandas familiares no contexto de trabalho, de modo que o diminui, enquanto que p
desgaste do trabalhador aumenta (PASCHOAL; TAMAYO, 2005).
OIT
A esposa trabalhava na mesma empresa, até o momento em que seu setor foi
extinto e todos foram demitidos. No momento, está desempregada, mas diz que quer
voltar a trabalhar, que sente muita falta, já que trabalhou a vida toda e também por ficar
muito sozinha em casa, sem ter com quem conversar.
Sobretudo no que diz respeito ao relacionamento entre par parental e filhos, observa-se
os atravessamentos da ordem da intensificação da jornada de trabalho, das jornadas
múltiplas de trabalho, do modo de organização do tempo de trabalho (turnos, por
exemplo), como fatores componentes dessa interação (ROCHA et al., 2011).
Uma das considerações derivadas da pesquisa realizada por Rocha e outros (2011) sobre
as influências recíprocas entre trabalho e vida em família, por mães e pais trabalhadores,
se trata da percepção de cansaço mental e físico relacionado ao trabalho “[...] na
causalidade de desânimo e irritabilidade nas atividades familiares” (p. 375).
MORÉ, Carmen Leontina O. O.; CREPALDI, Maria Aparecida. O mapa de rede social
significativa como instrumento de investigação no contexto da pesquisa qualitativa.
Nova Perspectiva Sistêmica, Rio de Janeiro, n. 43, p. 84-98, ago. 2012. Disponível em:
<http://www.revistanps.com.br/index.php/nps/article/viewFile/265/257>. Acesso em:
20 abr. 2018.
As redes sociais são para o sujeito tanto fonte de apoio, que recebe, quanto que percebe,
se constituindo em componente de qualidade de vida, de interação e desenvolvimento
humano. A diversificação e a estabilidade de tais redes sociais, portanto, se trata de um
fator protetivo à saúde humana (MORÉ; CREPALDI, 2012; JULIANO; YUNES,
2014).
Juliano e Yunes
(JULIANO; YUNES, 2014)
JULIANO, Maria Cristina C.; YUNES, Maria Angela M. Reflexões sobre rede de apoio
social como mecanismo de proteção e promoção de resiliência. Ambiente &
Sociedade, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 135-154, set. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
753X2014000300009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 abr. 2018.
Como seres sociais, as pessoas desenvolvem, ao longo de sua história e conforme cada
momento de seu ciclo vital, estratégias diversas para lidar com os recursos disponíveis
em seu contexto a partir dos vínculos que estabelece, de modo a construir maior
satisfação consigo mesmo em termos de qualidade de vida e de saúde (autoestima,
resiliência, autonomia) (JULIANO; YUNES, 2014).
A análise dos fatores de risco não deve ser realizada de forma estática, pois
os mesmos representam processos dinâmicos e subjetivos. Assim, o impacto
destes depende, por exemplo, do número total de fatores de risco a que uma
pessoa foi exposta. Importa ainda, o período de tempo, a fase de
desenvolvimento humano, o momento da exposição e o contexto e grau de
gravidade da exposição para a pessoa (ENGLE; CASTLE; MENON, 1996;
RUTTER, 1987; YUNES; SZYMANSKI, 2001). Vale salientar que, a
percepção e a interpretação individual de experiências negativas, o sentido
atribuído a um evento estressor e/ou um ambiente relacional percebido como
adverso é que o classificará ou não a condição de estresse (JULIANO;
YUNES, 2014, p. 138).
.
Em consideração à dimensão interpessoal inerente à constituição de redes sociais de
apoio mútuo, é preciso destacar o papel da comunidade local, do Estado, via município,
e da organização/empresa como pontos privilegiados, neste caso aqui estudado, para
conexão no sentido da promoção de solidariedade para com as famílias dos
trabalhadores.
Territórios
Os territórios constituem-se em espaços-vivências complexos, por abarcar tanto um
espaço físico e geográfico, quanto a experiência e a história pessoais e intersubjetivas de
cada pessoa, dos coletivos a que pertencem. Envolve, portanto, memória e identidade.
“[...] é importante ressaltarmos não apenas a existência de vínculos afetivos com o
ambiente, mas também a relevância desses vínculos para a qualificação da existência
humana. O lugar em que se vive vai além de um espaço físico, ele corresponde ao
território das relações que se estabelecem com a rede de afinidades e diferenças, que
servem como base para a construção da identidade sociocultural” (FERRAZ et al.,
2017, p. 1038).
Em estudo com famílias residentes em região de mineração de urânio (FERRAZ et al.,
2017), foi verificada realidade semelhante, no que diz respeito à abertura econômica
gerada pelo processo de instalação de grandes empresas, seguida de um vácuo político e
socioeconômico. Gera-se empregos temporariamente, terceirizados, normalmente;
busca-se mão de obra qualificada não local; expõe-se populações locais a condições de
vulnerabilidade, em razão da ausência, ou precariedade, de políticas públicas efetivas de
emprego, saúde, cidadania, segurança e meio ambiente.
FERRAZ, Carla Eloá de Oliveira et al. Partir e ficar de famílias em território marcado
pela mineração de urânio: estudo merleau-pontyano. Saúde em Debate, Rio de Janeiro,
v. 41, n. 115, p. 1033-1045, dez. 2017. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v41n115/0103-1104-sdeb-41-115-1033.pdf>. Acesso
em: 02 mai. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201711504
LIMA, Elizabeth Maria Freire de Araújo; YASUI, Silvio. Territórios e sentidos: espaço,
cultura, subjetividade e cuidado na atenção psicossocial. Saúde em Debate, Rio de
Janeiro, v. 38, n. 102, p. 593-606, set. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v38n102/0103-1104-sdeb-38-102-0593.pdf>. Acesso
em: 10 mai. 2017. http://dx.doi.org/10.5935/0103-1104.20140055