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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE

Liara Santos de Carvalho

Antropologia e Moralidade

Etnicidade e as possibilidades de uma Ética Planetária

Professor: Peter Schröder

Cadeira: Antropologia Jurídica

Turma: N5

Recife

2018
No texto antropologia e moralidade, Roberto Cardoso de Oliveira traz
uma visão interseccional entre filosofia e antropologia com o fito de discutir a
possibilidade de uma ética planetária em alguma de suas esferas. Para isso,
ele buscar mostrar a moralidade como instância suscetível de investigação
antropológica, elucidando seu conceito e demonstrando suas aplicabilidades
empíricas na antropologia. Nesse sentido, ele divide a construção do texto em
três pontos: a moralidade como um problema antropológico; etnicidade,
eticidade e moralidade; e finaliza com a pergunta: é possível uma ética
planetária?

Na primeira parte do texto, o autor faz um link entre moralidade e


antropologia a partir da análise do fato moral dotada de juízo de valor como
tema passível de reflexão antropológica. Em seguida, faz um apanhado de
antropólogos que teorizaram essa categoria, frisando Herskovits e sua teoria
do relativismo cultural. Tal pensamento versa sobre direitos humanos no
sentido de que estes são relativos às sociedades em que foram criados,
podendo adquirir roupagem anti-social em outra. Ele abre, todavia, um espaço
para um possível apoio em padrões de liberdade e justiça universais enquanto
tais, mas que poderiam variar em seu conteúdo. A última ideia central dessa
sessão do texto consiste no conceito de ética discursiva, diferenciando
costume de moralidade e estabelecendo a capacidade de comunicação
inerente ao gênero humano como pressuposto da possibilidade de mudanças
morais sem haver, necessariamente, etnocentrismo.

Na segunda parte do texto há uma preponderância de exemplos práticos


dessa possibilidade de diálogo, assim como ocasiões – a maioria – em que ele
não aconteceu. Concomitantemente, o autor desenvolve o conceito de
moralidade e eticidade como atreladas a etnicidade, na medida em que esta
consiste na forma de interação de grupos culturais que operam dentro de
contextos sociais comuns. O autor vincula o sentido de moralidade ao que,
dentro de um determinado povo, seria considerado bom para e por todos. Já a
eticidade consistiria em uma esfera mais íntima, atrelada ao auto-

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esclarecimento e o sentido dever como ser social que um indivíduo desenvolve
sobre si. O contato interétnico favorável seria possível a partir do respeito à
eticidade e moralidade local, o que não implica a impossibilidade do
desenvolvimento de juízos de valor sobre o povo, mas o uso da racionalidade
para imiti-los por meio da argumentação lógica.

Na terceira e última parte do texto o autor se debruça sobre a


possibilidade de uma ética planetária, tendo em vista tudo o que foi colocado.
Iniciando a construção do seu pensamento, ele frisa a importância de enxergar
moralidade não como um megaconceito, mas trazê-la para as manifestações
empíricas. Assim, quando feito o contato, é preciso privilegiar o discurso nativo,
procurando, no entanto, nele, “fragmentos de razão”. Isto seria fazer uso de
uma ética discursiva. Ademais, é feita a distinção de três esferas sociais em
que pode ser observada a atualização de valores morais: micro, meso e macro.
A micro diria respeito às instancias mais íntimas; a macro seriam os interesses
vitais do ser humano, os quais ganham uma dimensão universalistas. Aquela
encaixaria perfeitamente na teoria relativista, enquanto esta se encobre de
maior complexidade, sendo muitas vezes convencionadas em órgãos
internacionais. Por fim, a meso-esfera consistiria na política nacional,
encarregada de razões de Estado e idealmente, moralmente neutra.

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