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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS (PPGEC)


Teorias de Aprendizagem na Educação em Ciências – Profª Drª Denise Ferraz

Gisele Ferreira Machado - 2018100977

Principais conceitos da Teoria Sócio-histórica de Vygotsky

Vygotsky traz uma visão de que o desenvolvimento ocorre a partir das relações sociais e,
assim, a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento e ambas são indissociáveis. Quanto mais
aprendizagem, mais desenvolvimento. Para ele o conhecimento é socialmente construído e
culturalmente transmitido por meio da linguagem e, diferentemente de Peaget, o desenvolvimento
do sujeito se dá de fora para dentro, portanto, a aprendizagem aparece como algo extremamente
importante na definição dos rumos do desenvolvimento. Desta forma, mesmo que uma criança
tenha o potencial biológico para se desenvolver, se não interagir, não se desenvolverá como poderia,
isso ocorre porque o sujeito aprende que ele se desenvolve.
Para Vygotsky as funções psicológicas superiores como linguagem, memória e pensamento
são formas que diferenciam o homem de outros animais e a relação entre o sujeito e o meio é
sempre mediada por produtos culturais, ou seja, a relação com o mundo não é uma relação direta,
então, na abordagem histórico-cultural (o que o caracteriza como interacionista) o desenvolvimento
ocorre no primeiro momento no plano social, nas relações sociais e depois no plano individual, no
próprio sujeito. Desse modo é nas relações com o outro que a criança vai internalizando as formas
culturais de perceber a realidade por meio da linguagem e das significações, é nesse momento de
internalização que o aprendizado se completa. Vygotsky percebeu que para melhorar o nível da
aprendizagem mais do que o indivíduo agir sobre o meio, ele precisava interagir. Então, para
Vygotsky a aprendizagem provoca o desenvolvimento.
A interação do homem com o mundo, para Vygotsky, não é algo direto, mas mediada, seja
por instrumentos ou signos (representações). Grande parte da ação do homem é mediada pelas
experiências dos outros, nós não precisamos viver tudo de primeira mão e isso é essencial para os
processos de crescimento histórico, do contrário, cada ser humano começaria tudo do zero. A
linguagem é o principal instrumento simbólico que o homem dispõe. Primeiramente desenvolve a
língua para se comunicar, e posteriormente, o uso da linguagem implica numa compreensão
generalizada do mundo (pensamento e linguagem). Ao nomear algo, ou alguma coisa, o sujeito está
fazendo o ato de classificação. Só somos capazes de abstrair, generalizar, classificar porque
dispomos de uma língua comum, sendo o significado um fenômeno do pensamento.
É através de representações simbólicas e da língua que realiza a mediação entre a coisa e a
compreensão da coisa, como se fosse uma tradução, uma afirmação, uma certificação. O jogo
simbólico e o brinquedo é muito importante para Vygotsky porque é um lugar de desenvolvimento.
Os brinquedos é um bom exemplo de como as atividades realizadas do lado de fora, que constitui
aprendizagem, promove o desenvolvimento em um caminho tipicamente humano definido por um
percurso que está atrelado a cultura. A linguagem e o pensamento estão intimamente atrelados.
Para o autor interacionista, é importante avaliar a criança pelo o que ela está aprendendo e
não pelo que já aprendeu, de maneira prospectiva e não retrospectiva. Ele justifica esse aspecto
prospectivo dizendo que é assim que identificamos o que está em processo, o que está por acontecer
e é nesse o melhor momento para uma intervenção pedagógica, visto que o desenvolvimento está
efervescente em termos de um fenômeno a ser compreendido pela criança. Sua teoria procura
avaliar os processos mentais envolvidos na compreensão do mundo, e o modelo de aprendizagem
descrito pelas suas idéias representou um grande salto para a Pedagogia, principalmente quando
descreve a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Para ele é uma das etapas de aprendizagem
mais importante.
O autor define como ZDP aquelas funções que ainda não amadureceram mas que estão em
processo de maturação, funções de amadurecerão mas que estão presentemente em estado
embrionário. Para explicar essa zona ele trabalha com outros dois conceitos, níveis de
desenvolvimento real que é o nível de desenvolvimento até o qual a criança já chegou, o que ela já
tem em mãos; e o nível de desenvolvimento potencial que é aquilo que a criança ainda não tem mas
que a gente pode imaginar que está próximo de acontecer. O fato de que ela não faz sozinha mas faz
com ajuda identifica que aquilo pertence a um plano de desenvolvimento que está próximo de se
consolidar. E então, entre o que está pronto e o que está presente em semente é o que Vygotsky
chama de ZDP, sendo um espaço propício à intervenção e mediação para operar transformações. É
importante colocar que este conceito é imensurável, flexível e complexo não sendo visível na
prática mas nos ajuda a entender o desenvolvimento.
Interferir intencionalmente no desenvolvimento da criança é importantíssimo na definição
deste caminho. O sujeito depende da intervenção para se desenvolver adequadamente nos rumos
que a cultura supõe como os rumos adequados para o desenvolvimento. O professor, para Vygotsky,
é o mediador entre a criança e o mundo, um parceiro de estrada mais experiente, um descobridor da
ZDP do aluno que o ajuda a interagir com os outros e consigo mesmo e assim atingir o que lhe é de
direito, não o melhor além do outro, mas o melhor de si mesmo, isto é, o seu potencial. O autor
valoriza o professor e sua ação pedagógica.
Desenvolver-se numa sociedade que tem escola é diferente se não a tivesse. A escola nessa
sociedade é um locus cultural extremamente importante para definir os rumos de desenvolvimento,
e a intervenção pedagógica é essencial na definição do desenvolvimento do sujeito.

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