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Estética e História da Arte

UNIDADE 4
Estética e História da Arte

Unidade 4

Formação docente

Para início de conversa

Olá, querido(a) aluno(a)? Como você está?


Seja bem-vindo ao seu guia da quarta e última unidade.
Aqui trataremos da formação do docente em artes. Entretanto, antes de continuarmos, que tal uma
breve revisão do que foi feito no guia 3? Vamos lá!
Na unidade 3 você estudou o conceito de língua, linguagem, signo, significante, significado. Aprendeu
que a linguagem pode serve para que os humanos se comuniquem e que ela pode ser feita através de
palavras ou não. Você viu também as múltiplas linguagens da arte e até conheceu algumas, em especial
a da música, da dança, das artes visuais do teatro e a linguagem poética.
Além disso tudo, você conheceu o conceito de sensibilidade e fruição nas artes e viu como elas são
importantes para uma melhor apreciação artística. Por fim você viu a relação da filosofia e arte e que
essas duas disciplinas podem se complementar, uma vez que a arte foi uma das formas que o homem
encontrou para filosofar com seus sentimentos. Bastante coisas, não foi?
Agora que nós revisamos, chegou a hora de iniciarmos a unidade 4. Só mais um aviso antes: esse guia
não substitui seu livro texto e nem tampouco sua participação nos fóruns ou menos ainda seu tutor. Caso
tenha dúvidas fale com seu tutor e recorra a esses meios que acabei de citar e só depois disso retorne a
esse guia.
Prezado(a) aluno(a), como esse capítulo trata das tendências pedagógicas, vou começar definindo para
você o que seria isso. As tendências pedagógicas são formulações que têm por objetivo nortear o trabalho
do educador, ajudando-o a responder a questões sobre as quais deve se estruturar todo o processo de
ensino. De forma resumida, essas tendências ajudam o professor a responder questões do que ensinar,
para quem ensinar, como e por quê.
Elas não podem ser bem entendidas e praticadas na escola sem que se tenha alguma clareza do que
significam e como aplicá-las. Por isso que elas sempre buscam o sentido da prática docente. Pense bem!
Quando você era criança, talvez não gostasse muito de alguma matéria. Matemática, por exemplo!
Daí você deve ter se perguntado várias vezes porque estudar matemática. Se seu professor nunca
contextualizou os seus estudos matemáticos, a prática dele não alcançou os objetivos, porque você não
via sentido naquilo. Desse modo, meu caro(a), essas tendências pedagógicas, visando dar contexto ao que
é ensinado, foram formuladas ao longo dos tempos por diversos teóricos que estudavam e pesquisavam
sobre esse tema. Fazendo isso, eles chegavam a conclusões e técnicas que ajudavam os alunos a entender
o motivo dos estudos, uma vez que, norteando o trabalho docente, era possível modelar a prática e
metodologia do professor a partir das necessidades de ensino observadas no âmbito social em que viviam
seus alunos.
Sendo assim, o conhecimento dessas correntes pedagógicas por parte dos professores torna-se de
extrema relevância, visto que possibilitam ao educador um aprofundamento maior sobre os pressupostos e
variáveis do processo de ensino-aprendizagem, abrindo-lhe um leque de possibilidades de direcionamento
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do seu trabalho a partir de suas convicções pessoais, profissionais, políticas e sociais, contribuindo para a
produção de uma prática docente estruturada, significativa, esclarecedora e, principalmente, interessante
para os educandos.
As tendências pedagógicas são divididas em dois grandes grupos, que por sua vez, são divididos em
subgrupos. Os dois grandes grupos são as tendências liberais e as tendências progressistas. Vejamos,
caro(a) aluno(a), as definições presentes nesses dois grandes grupos para que depois você associe ao
ensino das artes.

TENDÊNCIAS LIBERAIS
Um senhor chamado Libâneo disse certa vez sobre essas tendências que elas propõem a ideia de que a
escola precisa preparar os seus alunos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com suas aptidões.
Isso quer dizer, que os estudantes precisam se adaptar aos valores e normas vigentes na sociedade de
classe, através do desenvolvimento da cultura individual. E há uma crítica sobre essas tendências, porque
mesmo com essa ênfase no aspecto cultural, as tendências liberais não consideram as diferenças entre
as classes sociais. Desse modo, a escola propaga a ideia de igualdade de   oportunidades, mas não leva
em conta a desigualdade de condições. Vejamos, então, as principais tendências liberais:
a) Tendência liberal tradicional – aqui, o professor é a figura central e o aluno é um mero receptor passivo
dos conhecimentos. Há repetição de exercícios com exigência de memorização. A avaliação do aluno é
baseada nas provas, exercícios e trabalhos.
b) Tendência Renovadora Progressiva – Essa tendência, tem o aluno como elemento central, uma vez que
o considera como ser ativo e curioso, pois ele, segundo essa tendência só irá aprender fazendo. Sendo
assim, São valorizados os processos mentais e habilidades cognitivas do aluno e busca-se aprender a
aprender, já que essa tendência valoriza as tentativas experimentais, pesquisa, descoberta. O professor
não é a figura central. Ele é um apenas facilitador.
c) Tendência Renovadora não diretiva – Temos aqui, um método centrado no aluno, pois a escola tem o
papel de formadora de atitudes e deve se preocupar mais com a parte psicológica do que com a social
ou pedagógica.  A escola renovada não-diretiva propõe a valorização da autoeducação, fazendo com que
o aluno seja o sujeito do conhecimento. A aprendizagem é vista como a modificação das percepções do
aluno sobre a realidade. Aqui não há avaliação, apenas autoavaliação.
d) Tendência tecnicista – também conhecida como behaviorista afirma que o aluno é visto como depositário
passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através de associações. Aqui, prezado(a)
estudante, o professor é quem deposita os conhecimentos para o aluno em uma relação estruturada,
objetiva e eficiente e este busca atingir um comportamento adequado pelo controle do ensino. 
Agora que você conheceu as tendências liberais, é momento de conhecer as progressistas. Saiba, que as
tendências progressistas Partem de uma análise crítica das realidades sociais e sustentam as finalidades
sociopolíticas da educação. Vejamos a primeira delas para que você possa entender melhor.
a) Tendência progressista libertadora – essa tendência, defende a autogestão pedagógica e o
antiautoritarismo. Saiba você que essa tendência também foi chamada de pedagogia de Paulo
Freire, porque vincula a educação à luta e organização de classe do oprimido. Esse senhor, dizia
ainda que no contexto da luta de classes, o saber mais importante para o oprimido é a descoberta
da sua situação de oprimido, pois, só assim ele conseguiria a condição necessária para se libertar
da exploração política e econômica, através da elaboração da consciência crítica passo a passo

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com sua organização de classe. Paulo Freire, que talvez você já conheça, foi um visionário da
pedagogia brasileira.

Leitura complementar
Veja esse link com uma pequena biografia para que você entenda a importância desse
senhor. Espero que goste.
b) Tendência libertária – aqui, meu caro(a) , se procura a transformação da personalidade num
sentido libertário e de autogestão. Desse modo, essa tendência afirma que somente o vivido pelo
educando é incorporado e utilizado em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá
relevância se for possível seu uso prático. Em outras palavras, para os saberes terem sentido,
devem ser contextualizados. Enfoca a livre expressão, o contexto cultural, a educação estética. 
c) Tendência Crítico-social dos conteúdos – essa tendência foca os conteúdos no seu confronto
com as realidades sociais, enfatizando o conhecimento histórico. Ela também prepara o aluno
para o mundo adulto, com participação organizada e ativa na democratização da sociedade; por
meio da aquisição de conteúdos e da socialização.

Veja o vídeo!
Para que você complemente seus estudos e sane suas dúvidas, prezado aluno, irei
deixar o link de um vídeo obrigatório de 16 minutos sobre essas tendências.

Agora que você aprendeu sobre as tendências pedagógicas de uma forma geral, é hora de focarmos essas
mesmas tendências no estudo da disciplina de artes. Então, prezado aluno, no tocante ao ensino de artes,
uma psicopedagoga chamada Danieli Wroblesvski (2009) disse algo importante sobre isso: ela falou que
ensino de artes, inclusive nas séries iniciais, deve ser tratado como uma disciplina tão importante quanto
às outras, pois, através desta, possibilita-se a interpretação das diversas linguagens ao nosso redor e a
manifestação dos sentimentos por meio de representações como: símbolos, gestos, desenhos, pinturas,
dança, música, teatro.
Você já deve ter percebido que na educação básica a arte é tratada com desdém, inclusive no que diz
respeito à reprovação. Entretanto, outro autor que também defende a perspectiva de artes na escola,
o nome dele é Martins (1998) disse que a arte desempenha um papel extremamente vital na educação
humana. Por isso que é tão importante começar cedo o ensino de artes. Veja você, que quando a criança
desenha, faz uma escultura ou dramatiza uma situação, transmite com isso uma parte de si mesma: nos
mostra como sente, como pensa e como vê. E tem coisa melhor do que se descobrir desse jeito?
Infelizmente, meu caro(a), o ensino de artes em nosso país ainda é encarado como uma disciplina sem
importância, como eu falei para você no início desse guia. Lamentavelmente a maioria das escolas
brasileiras, sobretudo as públicas, mantém ainda um ensino tradicional de educação artística que limita
e tolhe a criatividade do aluno. E aí, prezado(a) estudante, temos um problema ainda mais grave para ser
debatido: a falta de articulação do que se quer com o ensino de artes e a prática pedagógica. É preciso
saber o que se está ensinando e o que vale a pena ser ensinado.
Não dá apenas para ficarmos no básico e subestimar essa disciplina tão rica para o desenvolvimento
do espírito humano. Portanto, é preciso que o docente compreenda a situação atual do ensino da arte
no contexto escolar para que ele obtenha o conhecimento necessário das concepções pedagógicas que
ao longo do século norteiam a prática educacional do ensino de educação artística. O docente deve se

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apropriar urgentemente das novas tendências pedagógicas e romper o ensino de artes ligado à tendência
tradicional, a qual visa à reprodução dos modelos prontos por meio de meras imitações como meio de
aperfeiçoar a técnica, sobretudo com a priorização da estética, isto é, do padrão de beleza apreciado nas
produções artísticas. Sendo assim, o ensino de artes é basicamente constituído por meio de fixação e
memorização.
Portanto, diante da estagnação de um ensino tradicional e pragmático de artes, é preciso que o ensino
dessa disciplina seja realmente discutido e trabalhado em sala de aula, como parte integrante do
currículo escolar. O professor precisa ser claro quanto ao uso de instrumentos metodológicos adequados
no processo de ensino de artes, pois esse ensino ajuda na formação de cidadãos conhecedores da arte, o
que consequentemente melhora a qualidade da educação escolar artística e estética. Por isso é preciso
organizar as propostas de tal modo que a própria arte esteja presente nas aulas de arte e se mostre
significativa na vida das crianças e jovens. Desse modo, pode-se pensar em uma nova tendência para
o ensino de artes na qual os objetivos, os conteúdos e a metodologia do ensino, priorizasse um ensino
embasado na história da arte com a apreciação de obras como suporte para o fazer artístico. E desse
contato o aluno vai tomando gosto pela disciplina, ao mesmo tempo em que se enriquece culturalmente e
vai educando a sua sensibilidade, tornando-se um cidadão mais crítico e participativo.

Palavras do Professor

Bem, prezado(a) aluno(a), agora que você viu um pouco das tendências pedagógicas e das tendências
para o ensino de artes, chegou o momento de falarmos de interdisciplinaridade. Palavra extensa, não
é? Mas seu significado é bem simples. Interdisciplinaridade tem a ver com o que é comum a duas ou
mais disciplinas ou outros ramos do conhecimento. É quando, nós ligamos o assunto entre duas ou mais
disciplinas. É bem comum acontecer em artes e história, quando estudamos um período artístico, mas
queremos saber o contexto histórico. Fizemos coisa parecida na segunda unidade quando falamos das
obras egípcias e do motivo pelo qual as múmias eram embalsamadas. Você está lembrado? Aqui veremos
um pouco mais aprofundado esse assunto. Pois bem, caro(a) aluno(a), o Currículo de Arte, como você viu
na unidade 1 e 3, composto por diferentes meios de expressão, de comunicação e de criação artística.
Como eu disse para você mais acima, a arte caminha na interdisciplinaridade; pois faz uma ponte com
várias outras disciplinas. Assim sendo, quando do momento em que fazemos a interdisciplinaridade da
arte com outros campos de estudo, fazemos uma reflexão do mundo em que vivemos. A interação e
o envolvimento entre artes e as demais disciplinas tornam o ensino mais eficaz e qualitativo, pois há
contextualização, o que, consequentemente, vai dar sentido ao que o aluno aprende na escola.

???
Você sabia?
Veja você, então, por exemplo, como fica evidente que o aluno absorve melhor o
conhecimento quando o professor o ajuda no processo de interdisciplinaridade. O
exemplo aqui é de artes com ciências. Você sabe, que o ser humano foi adquirindo
conhecimento ao longo de sua evolução, sempre criando e experimentando, buscando
sempre o significado da vida. Desse modo, nesta relação com a vida, a ciência e a arte
estiveram intimamente ligadas, pois, como você viu anteriormente, elas são produtos
expressivos das representações humanas, que sempre se renovam, construindo a
trajetória dos seres humanos.

Portanto, não há ciência sem criação, nem tampouco arte sem conhecimento, e as duas juntas podem se
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completar, pois, juntas, são atividades de criação na construção da vida humana. Um senhor chamado
Leonardo Da Vinci pode esclarecer para você o que estou dizendo. Lembre-se de que ele foi um grande
cientista. E artista também. Boa parte de seus estudos científicos se tornaram para nós uma herança
artística.

Leitura complementar
Veja esse link e tire suas próprias conclusões.

Você talvez não esteja satisfeito com apenas um exemplo de interdisciplinaridade no que diz respeito
à disciplina de artes. Vou dar outro para que você entenda melhor. Você se lembra de quando vimos na
unidade 2 a trajetória da arte nas mais diferentes civilizações? Eu falei para você que o homem da pré-
história começou produzindo pinturas nas paredes e tetos das cavernas que transmitiam mensagens e
que aquilo foi considerado arte.
Essa passagem que acabei de falar para você mostra a relação da arte com a História. Falei para você,
que no Egito os homens fizeram sarcófagos que eram verdadeiras preciosidades artísticas. Os gregos
trabalharam tão bem a construção de templos, que sua arquitetura é uma obra de arte. Então, prezado(a),
esses exemplos também mostram a relação da arte com a História. Não há melhor modo de mostrar a
interdisciplinaridade. Sendo a arte um objeto de conhecimento dinâmico, de vida, de significados, de
criação e sensibilização, prezado aluno, trabalhar de forma interdisciplinar o currículo de arte se faz
necessário, pois não há um modo mais proveitoso para se ensinar arte se ela não proporcionar ao aluno a
reflexão, a experimentação e a criação. A partir do momento em que a relacionamos com outros campos
do conhecimento, como eu disse a você, é possível dar sentido e significado ao estudo, tornando o aluno
senhor de seu aprendizado.
Caro(a) aluno(a), infelizmente nossa discussão sobre a interdisciplinaridade no ensino de artes fica por
aqui. Todavia, entraremos em um assunto bastante interessante também, que versa sobre o ensino de
artes. Veja bem, para um efetivo ensino de artes, temos de ter em mente que é preciso ludicidade,
integração e flexibilidade. O conhecimento de artes deve ser um processo de construção no qual o saber
esteja em consonância com a realidade.
O que eu quero dizer para você é que é preciso contextualizar o ensino de artes, de modo que as reflexões
sobre as teorias estejam relacionadas às experiências do cotidiano dos educandos. Parece ser uma coisa
complexa, mas é muito simples! Basta que o currículo envolva significado e compreensão. E isso só
é conseguido, caro(a) estudante, quando conecta o interesse do estudante com suas experiências de
mundo e de vida. O ensino de artes não pode se orientar apenas por uma estrutura rígida, baseada
no enfoque cumulativo e sequenciado da matéria. O ensino de artes precisa ser sistêmico, não-linear,
de modo que considere também os contextos histórico-sociais e culturais dos alunos. Por isso, se faz
necessário também que o ensino de artes esteja acompanhado de projetos educativos, os quais façam
pontes interdisciplinares com outras linguagens, a fim de aprimorar o desenvolvimento cognitivo, afetivo
e sensível tão necessários à construção humana contínua. Um exemplo desse processo de ensino que
dá sentido e que traz interdisciplinaridade é quando o aluno trabalha a arte cênica e, ao realizar alguma
esquete, procura conhecer e estudar o contexto histórico daquilo que ele irá representar. Ao fazer isso,
o estudante dá corpo ao seu estudo, ao mesmo tempo em que dá sentido à sua prática. O professor
também pode reforçar o sentido de se aprender artes de modo interdisciplinar inserindo acontecimentos
culturais de sua cidade e que estão ao alcance dos alunos, trabalhando, desse modo, diversos aspectos e
ajudando, repito, o aluno a encontrar sentido e ressignificação em sua prática discente.

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Fica a Dica
A arte é, prezado(a) aluno(a), uma prática integradora, simbólica, que abre portas para
o autoconhecimento e para a interação com o outro. Como processo interdisciplinar,
o estudo de artes amplia as novas possibilidades de interação com matérias afins e
potencializa novos conhecimentos.

Guarde essa ideia!


No que diz respeito à prática do professor, chegou a hora de discutirmos o modo pelo
qual este professor de artes se torna mais reflexivo e crítico em sua formação. Entenda,
ela precisa fornecer subsídios para pesquisas e encaminhamentos de projetos, os
quais devem ser voltados à linguagem das artes e ao lúdico, entretanto, sem perder a
integração com várias áreas do conhecimento.

O professor de artes, também deve desenvolver em sua formação aspectos do conhecimento sensível. Em
outras palavras, para que esse profissional não fique preso aos conhecimentos formais de arte, é preciso
uma educação da sensibilidade, que abra novas possibilidades e novos saberes a este professor, fazendo
com que suas aulas não se tornem mera repetição de teoria ou imitação de coisas já realizadas.

???
Você sabia?
Você sabia que o professor crítico e reflexivo deve ter em mente, que a linguagem
artística baseado no processo de criação, amplia a percepção da realidade objetiva
e subjetiva bem como auxilia na projeção das necessidades, conflitos e aspirações
humanas. Pois é, não se pode relacionar, a arte apenas a objetos e esquecer-se de que
ela também se relaciona com indivíduos e com a vida.

O profissional de artes deve estar ciente de que a arte não é apenas algo especializado ou criado apenas
por quem é artista. É um trabalho contínuo, que se faz em um processo de ir e vir, de rascunhar, errar,
acertar, encontrar a si mesmo e aos outros. E o professor de artes, aquele que reflete criticamente sobre
seu trabalho, sabe que não pode entrar sozinho nessa jornada. Até porque, não há estética de si mesmo
na solidão. Inevitavelmente, o profissional de artes terá que compartilhar sua ação com seus pares, seu
grupo, esteja esse grupo dentro ou fora da escola, enfim. Ele sabe que precisa dos outros para que sua
prática esteja sempre evoluindo.
Portanto, a formação do docente crítico e reflexivo em artes perpassa que ele assuma que a cena docente
é feita de dificuldades, erros, acertos, frustrações, mudanças de rumo, incertezas, conquistas, sucessos.
Especialmente aqui no Brasil, lugar no qual a docência de artes se torna mais ingrata, pois o ensino
conservador na matéria de educação artística é bem forte. Desse modo, o profissional de artes tem de
se inventar, para que assim consiga vencer o desafio de estimular os seus discentes a pensarem “fora da
caixa”, com os olhos e os ouvidos, as mãos e os pés, o nariz e a boca.
É necessário, por fim, prezado(a) aluno(a), que o professor de artes crítico e reflexivo busque privilegiar a
construção dos sentidos a partir do sensível, fazendo com que seu aluno se torne também crítico, criativo
e tenha consciência das habilidades construídas, tudo isso visando que este aluno viva a arte nos seus
mais distintos campos: culturais, históricos, políticos, socioeconômicos.

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??? Palavras do Professor

Agora que você aprendeu um pouco de como se dá a formação crítica e reflexiva do professor de artes,
chegou o momento de falarmos sobre o texto e o contexto do professor que trabalha com artes. Veja bem,
você sabe que cada linguagem tece sua significação a partir de diferentes modos de ler seus textos. No
que diz respeito à matéria de artes, você aprendeu que o significado de texto não diz respeito apenas ao
que está escrito, mas também ao que não está escrito.

Sendo mais claro para você, textos de arte também pode ser a leitura de imagens. Você aprendeu isso
na unidade 3 quando nós estudamos a linguagem verbal e a não verbal. Você viu que a primeira trata da
palavra, seja ela falada ou escrita e a segunda não trabalha com a palavra. Esse é o ponto que eu quero
que você fique bastante atento. O texto não verbal na matéria de artes é relacionado à leitura de imagens.

Pois bem, a imagem é o texto visual das artes. É a partir dela que acontecem os percursos visuais sobre o
objeto da arte. Diferentemente de uma leitura verbal, na qual é preciso seguir uma linearidade, a leitura
da imagem acontece numa relação de redes de significação que são construídas por meio de patamares
de sentido, que, por sua vez, caro aluno, se estruturam para perceber o que está sendo dito por essa
imagem e como ela o diz. Você entende o que quero dizer? Se formos fazer uma comparação do texto
visual com o texto verbal, podemos dizer que a imagem – uso esse exemplo, mas pode ser qualquer texto
não verbal – é análoga à poesia, pois a interpretação não se dá pelo sentido real das palavras, o qual,
saiba você, chamamos de denotativo, mas sim pelo conjunto complexo que faz parte da poesia, entre eles
ritmo, sonoridade, modo como as palavras se relacionam entre si. É por isso que em dados momentos,
dizemos que uma obra de arte é uma verdadeira poesia.

Visite a Página
Veja essas figuras e perceba o quanto ela diz, sem necessariamente usar palavra
nenhuma. Veja como estão colocados os elementos da linguagem plástica, de modo
que a relação entre eles mais parece uma poesia sem palavras. Clique aqui.

O texto que o professor de artes deve trabalhar, tem como ponto de partida o que o leitor da imagem deve
buscar na obra do artista, o sentido que ele dá naquela obra e não essencialmente a intenção do autor. É
aí que entra também a questão do contexto. Já que o texto artístico é uma equação poética montada pelo
artista, saiba você, que o indivíduo que irá ler aquela obra, precisa resolver a partir de dados que nela
estão, bem como perceber as partes que a compõem e descrever essa obra. Depois disso, caro estudante,
de acordo com o contexto e com os conhecimentos trazidos por esse indivíduo, ela vai estabelecer relação
entre as partes e das partes com o todo, para só então, construir seus sentidos. Em linhas práticas, ele
vai analisá-la.
Por fim, para que se faça uma efetiva relação entre o texto e o contexto dos elementos do professor
que trabalha com artes, é preciso, correlacionar o que o aluno interpretou da obra com o que ele traz
de informações sincrônicas e diacrônicas, isto é, com arcabouço teórico que ele possui. Em hipótese
alguma isso pode ser descartado. E partindo desse pressuposto, analisaremos agora, você e eu, quais os
elementos básicos para trabalhar artes na escola.
Então, já falamos sobre imagens, mas esclarecemos que não é só isso. Na escola, caro aluno, o foco dos
estudos artísticos está centrado em algumas de suas linguagens: a música, o teatro, a dança e as artes
visuais. E esses elementos básicos, prezado aluno, são vistos como um tipo de conhecimento que envolve
tanto a experiência de apropriação de produtos artísticos quanto o desenvolvimento da competência
de configurar situações mediante a realização de formas artísticas. Isso quer dizer que aprender artes
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envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, mas também dar significado ao
que fazem.
Eles podem fazer isso desenvolvendo a percepção estética, alimentando o contato com os fenômenos
artísticos que são vistos como objetos de cultura. Para além dos elementos básicos que já conhecemos,
há outros que são imprescindíveis para o efetivo trabalho de artes na escola, quais sejam: o fazer artístico,
que é, o próprio ato de criar, construir, produzir. São nesses momentos em que o estudante desenha, pinta,
esculpe, modela, recorta, cola, canta, toca um instrumento, atua, dança, constrói personagens, entre
outras coisas. Sem esse fazer artístico, o estudante não consegue dar sentido aquilo que ele produz.

Veja o vídeo!
Veja esse vídeo complementar de nove minutos, o qual mostrar o fazer artístico de
uma criança – ela não está na escola, mas a relação é parecida – que a ajuda a pensar
e construir atos técnicos e inventivos de transformar, de produzir formas novas a partir
da matéria oferecida pelo mundo da natureza e da cultura onde ela vive.

Outro elemento básico efetivo para o se trabalhar artes na escola é a fruição. Essa apreciação estética,
caro(a) aluno(a), é o próprio ato de perceber, ler, analisar, interpretar, criticar sobre uma música, uma
arte plástica, um desenho, uma pintura, uma dança, uma representação, enfim, sobre alguma linguagem
artística.
Desse modo, o aluno é capaz de decodificar a linguagens da arte que se apresenta diante dele, através
do estudo de seus elementos, sua composição, técnica, organização formal, qualidades. Sendo mais claro
com você, podemos dizer que a fruição é uma conversa entre quem aprecia e a obra.
O professor, portanto, deverá proporcionar aos seus alunos a leitura das mais diversas obras de Arte
e produtos artísticos. Outro elemento importante que nos é apresentado como elemento básico para o
trabalho de artes na escola é a reflexão. Ela é de fundamental importância, pois insere a obra de arte em
um panorama que nos ajuda a pensar o porquê de aquilo ser produzido, como ela se insere no momento de
sua produção e como esse momento se reflete nela. Sendo assim, a reflexão nos faz pensar a arte como
objeto de conhecimento. Importantíssimo para a formação de pessoas críticas e reflexivas.
Sendo assim, prezado(a) aluno(a), esses elementos para se trabalhar arte na escola ajudam na formação
técnica, estética e humana do aluno, uma vez que além de trabalhar o currículo de arte em si, aborda
também outros campos do conhecimento e oferece maior significação para um efetivo aprendizado da
matéria, haja a vista que não foca apenas nas teorias sobre a arte e nem tampouco na mera repetição ou
reprodução do que foi visto. É por isso que é de suma importância trabalhar também a intertextualidade
em artes.Você deve conhecer esse conceito, mas não custa nada para mim definir de novo para você:
a intertextualidade é o diálogo entre textos distintos em que um texto retoma outro texto. Em linhas
gerais, é influência de um texto sobre outro que o toma como modelo ou ponto de partida, e que gera a
atualização do texto citado. E como isso acontece nas artes? Veja essa figura:

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https://pomboguerreiro.files.wordpress.com/2011/08/monalisa-tempos-modernos.png

Você deve conhecer essa famosa obra de Da Vinci. O que talvez você esteja estranhando é o modo como
ela está sendo representada nessa figura. É isso, prezado aluno, a que chamamos de intertextualidade.
Essa recriação de Monalisa feita pela visão de outro autor, mas que ao mesmo tempo conversa com a
obra original de Da Vinci. Vemos, portanto, uma adaptação ao contexto sociocultural da sociedade pós-
moderna, quando a Monalisa retratada aqui faz biquinho e sinal de paz e amor. E são esses elementos
que dão visibilidade à intertextualidade, uma vez que as características originais como cor e fundo foram
preservadas. Há outros tipos de intertextualidade nas artes. Há um famoso poema, que talvez você conheça
e se chama Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Esse poema data de 1847, mas foi parodiado por um
senhor chamado Oswald de Andrade, em meados da década de 1920. Veja como os dois se parecem:

http://image.slidesharecdn.com/romantismoerealismo-120305220045-phpapp01/95/romantismo-e-realismo-8-728.
jpg?cb=1330985171

http://image.slidesharecdn.com/teoriadaliteratura-100703164724-phpapp01/95/teoria-da-literatura-30-728.jpg?cb=1278176438
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Guarde essa ideia!
Você percebeu, como os textos parecem conversar entre si? A questão da intertextualidade
na disciplina de artes é muito importante, porque, por ser multidisciplinar, ela pode e
deve conversar ao mesmo tempo com diferentes campos do conhecimento, ajudando
na efetiva formação do aluno. Eu apresentei para você linguagens iguais ao mostrar
os casos de intertextualidade. Todavia, não é obrigado que seja sempre na mesma
linguagem. Há casos de intertextualidade em artes que os suportes são diferentes.
Um exemplo disso é o poema de Carlos Drummond de Andrade e a música até o fim
de Chico Buarque de Holanda. Observa-se claramente que Chico usou o texto de
Drummond para compor sua canção e, em algumas partes, prezado aluno, os textos
parecem até “conversar”.

Veja o vídeo!
Veja o quadro que está presente nesse link e compare os dois textos.

Portanto, meu caro(a), a relação de intertextualidade e artes é bem mais extensa e rica do que parece.
Pode se apresentar de diferentes formas: como “conversa”, inspiração, paródia, entre outros. Tudo vai
depender do tipo de diálogo que o autor que produzirá a intertextualidade deseja estabelecer com a obra
original.
Para encerrar esse nosso guia, falemos um pouco dos desafios do professor de artes na escola atual.
Creio, prezado aluno, que o primeiro deles nós já conversamos durante esse guia e ele se baseia em fazer
o que o aluno aprenda em artes transcenda os muros da escola e aporte em sua realidade cotidiana.
Não, não é nem um pouco fácil isso, já que em nossa vida agitada tudo tem que ter uma utilidade. E para
muitos a arte não tem. Outro grande desafio para o professor é contextualizar esse aprendizado a partir de
reflexões sobre as teorias do cotidiano, tornando a prática de aprender artes bastante significativa. Não
basta que o aluno aprenda. Ele precisa dar significação aquilo. Por fim, Caro(a) aluno(a), é necessário que
o professor mostre aos seus estudantes que a arte necessita dialogar mais intensamente com a cultura
contemporânea e o local onde se dá o ensino. Para tanto, esse profissional tem de conhecer teorias da
aprendizagem da arte, ter prática de criação dessa matéria e fazer ponte dos artistas com escola, além dar
destino à produção dos alunos. Sabemos que não é uma tarefa fácil, todavia, juntando forças com outras
áreas do conhecimento, é possível realizar isso e muito mais.

Palavras do Professor

Prezado(a) aluno(a), infelizmente chegamos ao fim de nosso guia. Foi um prazer imenso para mim, poder
acompanhá-lo nessa trajetória sobre as artes e poder ajudá-lo de alguma forma. Espero que você tenha
gostado tanto quanto eu.
Como último aviso, quero dizer que você precisa fazer os seus exercícios dos questionários, responder aos
fóruns e realizar tua atividade contextualizada. Se aparecer dúvidas enquanto você realiza seus estudos,
chame imediatamente o seu tutor.
Um forte abraço para você e espero reencontrá-lo em breve. Seja feliz!

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