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e das técnicas e avaliagdo com seres cde questées de Ps da graduagio, um iprendizado da teoria e da pratica dos dos parimetros logicas, das norm Capituto | Testes Psicoldgicos: Conceitos, Historia, Tipos e Usos por Luiz Pasquali itor da relacao e das diferencas stes psicol6gicos. Estes 0 psicol6gica, a 1a das manifestagoes de uma atividade huma- avaliago como um processo de atu A aualiagdo visa, através dos U 4 “Teco be Eras Paeotoeico — TEP Tess PcoLOUHEDS:CONLETOS STOR, TRO E UO 5 escrever e classificar 0 comportamento dos outros com o le enquadré-lo dentro de alguma tipologia, que permite a0 Lusdes sobre os outros e, assim, saber como ele mes. cunho cientifico, por estar baseada no método cientifico da ‘em que so mantidas certas caracteristicas de cientificidade. Ices confidveis e validas, bem como inferéncias obtidas a par- dlelas, seguindo os processos legitimos de teste de hipdteses ¢ de inferéncia (esta parte sera discutida melhor quand pardimetros psicométricas dos testes psicol © outra de caréte! ico, que os psicdlogos fazem ou * (digamos, profissional), que € o objeto de estudo da uma Teéenicus de Exame Psicologico - TER 1.1. Avaliagéo nao-profissional Este tipo de avaliagio, que todos nés fazemos, constitui uma habilidade necesséria para a prdpria sobrevivéncia; cla pode ser mais bem ida em diferentes indi Em que ela con- 108 €, assim realizar as adaptagées necesséri- portamento para se inserir na comunidade e poder nela sobreviver. Esta habilidade deriva da capacidade do indi- viduo de decodific portamento verbal e ndo-verbal dos outros € de relacionar tais comportamentos dentro de categorias diante das uais © sujeito jé aprendeu como deve ele mesmo se comportar. Por exemplo, se numa festa vocé vé alguém com um copo na mio, cara vermelha ¢ cambaleando, vocé de imediato o classifica na categoria dos beheries procura se esquivar dele; ou se um rapaz percebe que tuma moga sorti para ele, pode concluir que ela esté interessada numa aproximacio e se aptoxima dela. Certo? Obviamente, as vezes isso io d& certo, porque as interpretages que sio sistematicamente fei- tas do comportamento dos outros nem sempre sio adequadas. De ‘qualquer forma, essas interpretagdes tendem a criar no outro respos- tas de cariter afetivo a favor ou contra o sujeito que se comporta deste ou daquele modo, dependendo de como aquele que observa ir interpretar 0 comportamento do outro. c constitu também num organizador de expectativs de como nés mesmos e os outres devemos nos comportar em diferentes situagées, 0 que toma a vida em sociedade possivel e, assim, ‘nos comportarmos de uma forma eficiente e também evitar punicio. incia, a crianga € bombardeada pelos adultos e pelos cole- gas com indicagées de que tipo de comportamentos sio ou nao tolers- veis em dadas situagdes. Desenvolvemos, assim, um arsenal de regras segundo as quais (quase automaticamente) julgamos nassos compor- is € 08 dos outro comportamento de todo © mu dentro de um sistema de expectativas. 1.2. Avaliacao profissional Qua urgent 9 mais se modernizava a sociedade, mais variadas € vo se tomando as necessidades de se poder avaliar isa, porque io tomadas decisdes que afetam pro- mas pessoas. Desa forma, faz-se 4 educacional, ‘do de pessoal, etc. © comportamento das pessoas de uma forma mais px ‘com base em tais avalia respostas sensatas de avaliagio. Para atender a tais demandas € que existe a avaliag3o mais formal do que aquela néo-profissional discurida acima. Esta necessidade in- duzin a procedimentos formais de avaliagio hé cerca de 3.000 anos antes de Cristo (Dubois, 1970) entre os chineses, que a utilizavam para a selegao de funcionsrios pablicos civis. ‘Hoje em dia, a avaliagao afeta toda a atividade humana: na educa- Ao existe a preocupacdo em saber quem tem ou nao condigées de = “Teoacas be Esa Pacoiccicn — TEP. far 0 ensino, € para que tipo de especialidade est mais bem ipado; no campo do trabalho, precsa-se saber se 0 candidato pos. im certo perfil psicol5 -ompetitividade desenfreada, surge a ne- cessidade de parfimetros para a distri tigdo eficaz destes recursos. E a avaliagio que iré prod tecnicam Principio do século XX com Spearman (| 913) € & Simon, 1905), um desenvolvendo a teoria da Psicometria, © outro criando o primeiro teste de aptidao para criangas. A orien. tacdo, intencional rmubifacetado, fanto nos tipos de comportamentos que afere (aptidéo, personalidade, atin satide, trabalho, etc.), quanto nos instrumentais que deve fazer uso. A reducio da avaliacao psicoldgica aos testes paicolgicos ‘em sido um infortcnio para o psicélogo e, sobretudo, para a socie- uma onda gigantesca de erfticas con- !ag2o, contra todo tipo de avaliacdo. A utilidade ¢ a exigéncia da avaliagéo estao fundamentadas na necessidade de que a atividade do ser humano deve ser responsavel, isto é, ele deve dar conta do que faz, no sentido de poder afirmar que seus atos slo legftimos, benéficos e condizentes com o investimento dos ‘recursos da ireza e da sociedade que ele faz uso. E para tal afeticio lizadas as técnicas apropriadas de avaliagio que, ob- recisam ser variadas, considerando a gama enorme de tipos de atividades e de processos psicoldgicos envolvidos nelas. Por “Tess FC0LG%00S: CONCETOS, HITE, THOS E1505 sua vez, 0s testes psicoldgicos so apenas uma destas possiveis técni- cas de avaliagao, diteis e prioritérias em certas Areas ¢ objetivando ccertos fins, mas ineficazes e perigosas em outras freas (como vere- cesquema da tabela 1.1. (adaptada de Barclay bem desenvolvido ao falarmos do laudo psicolégi quatro etapas sucessivas: + identificar + integrar + inferir + intervie. Tabela 1.1. Etapas do processo de avaliacao psicolgica Tecnica Monitorar Todos os processos Observagio anteriores Entrevista ty “Tecacas be Ease Pacouscaco— TEP A $__ Towers on Ean Paconccnco— TEP 2. Conceituacdo de Testes Psicolégicos Definir o que € um teste psicolég uma tarefa muito facil. Contud ricos nesta area se icam quando querem caracterizar o que é um teste psico- - Oproblema nao é tantoem descrever 0 que ele é, mas -0_que representa. Descrever um teste niio parece complicado, e & possivel se che- sar facilmente a uma descrico consensual. Uma descrigao pode ser como a de Cronbach (1996: p. 51): “Um teste € um procedimento sistemtico para observar o comportainento e descrevé-To cot da de escalas numéricas ou categorias fixa: significa iste em inserir 0 sujeito numa situagao em que ele deve executar algumas tarefas, também previamente definidas e estabelecidas, sendo suas respostas (comportamentos) descritas pe ralmente por meio de nGmeros. Mais adiante, ao se falar sobre a normatizagao e padronizagio da testagem psicol6gica, sero caracte- rizadas uma situagio arranjada e tarefas arranjadas. Por ora, basta arece, A primeira -vis- saber que um teste psicolégico é um conjunto de tarefas predefinidas, ue o sujeito precisa executar numa situacio geralmente arifcializada ou sistematizadagem que o seu comportamento na situago vai ser observado, descrito ¢ julgado, e essa descticio € geralmente feita utilizando-se nimeros. Definir um teste psicol6gico, num sentido mais epistemoligic (isto & em termos de concepgdes de ciéncia), i € tarefa controv da, porque depende de posigdes e suposigées de cariterfilosdfico. Aqui a resposta depende diretamente de a pessoa ter uma visio monista (no caso, tipicamente materialista) ou dualista do ser hu- ‘mano. Todos concordam em definir o ser humano como um animal racional. Mas na hora de explicar o que isto significa, entio estas posigdes filoséficas preconcebidas ditam 0 que cada um vai enten- det. A posigao monista materialista entende, no fundo, o homem ‘como um puro animal ou macaco, um tanto sofisticado, e expressa esta sofisticagio no adjetivo “racional” da definigao de ser huma- no. Por outro lado, quem toma mais a sério este adjetivo, entende que © ser humano nao € apenas um animal, e sim um animal ‘mais ses P0108: CONCETOS HISTORIA, TRCE FOS uma mente, esta diltima sendo © que 0 adjetivo “racional” define. Assim, 0 psicdlogo de orientagio monista vai definir teste como tum conjunto de tarefas ou comportamentos para prever ou repre- sentar outro conjunto de comportamentos out comportamentos fu- turos do sujeito. O psicélogo de orientagio dualista, por sua ve2, ir definir 0 teste como um conjunto de tarefas ou comportamen- ‘0s, sim, mas estes como representacio fisica do objeto de interes- se do psicélogo, sendo esses os processos da mente (processos men- tais, processos latentes, tragos latentes). Como este problema de monismo vs. dualismo dé uma visio muito distinta na compreensio e interpretagao dos testes os, devemos dizer mais alguma coisa sobre ele. Em primei ser monista ou dualista nao se resolve com demonstragies ci ficas, pois trata-se de opgdes de cariter filoséfico e devem ser re- Assim, estas opgdes 50 pi as afetam decisivamente est por isso, parece importante que o cientista ¢ psicdlogo, no caso, esteja pelo menos consciente da opgio que fez, deliberada ou até itamente. Em segundo lugar, monismo vs. dualismo? No capitulo sobre os par psicométricos dos testes vamos dat uma resposta mais va sobre este problema; por ora, basta dizer que, para o dualista, o le comportamentos que querem expressar, » tragos latentes, isto €, processos mentais, ¢ no outros comportamentos. Naquele capftulo também iremos definir ‘no momento, € sufici- lade que constitui o que chamamos de mente, que de orientagao dualista é o objeto especitico da Psic ica De qualquer forma, os testes psicolégicos, como os conhecemos hoje em dia, so de data relativamente recente, do inicio do século XX.Hé uma dizia de cientistas relevantes na hist6ria dos testes, e cada um deles tem representado avaliago psicol6gica sucessivamente por cerca de uma década, de sorte que podemos falar da década de Binet, da década de Cattell e assim por diante. Vamos rapidamente ver alguns deles. ente entendé-los como a 20 Teoacas nt Beate Paicouscico —TEP Test ICOLOGIDS: CONCETOS MISTERLA THOS ES a toda a informagao do homem odo que quanto m¢ apito para percepc: de atitudes ~ escal te pelo seu famoso discipulo Karl Pearson. 2. A década de Cattell: 1890. Sob a influéneia da Galton, Cattell McKeen Cattell, taitose smencan, labo ald tese sobre diferencas ‘Wundr, seu orientador e estudioso do mesmo tema, nfo gostar amd anime Gos a vendo e sentindo a influéncia de Galton, que tam- bém trabalhava com a medida das diferengas individuais. Fa- moso é seu artigo de 1890, porque nele Cattell usa pela primej- -sucesso-internacional ¢ histérico, de test) para as provas célculo, duragio de meméria e complementacio de sentengas (Ebbinghaus, 1897), nao produziam resultados condizentes com 6 proprios testes de Cattell idos.congruentes entre si ‘A década de Binet: 1900. Nessa década, predominaram os interes- ses da avaliagao das apsidoes humanas visando a predigio na drea académica e na area da sate. Binet ¢ Henri (1896) comecaram com uma séria critica a todos os testes até entéo utilizados, afi- |) ou cram puramente medidas sensoriais que, embora permitindo maior preciso, ndo tinham relagio importan: como a meméria, imaginagio, atencio, compreensio, etc. De fato, Binet e Simon (1905) desenvolveram seu famoso teste de 30 itens “Tecycas pe Bxawe Pacotccano — TEP para cobrir uma gama variada de fungées (como julgamento, compreensio € raciocinio) com o objetivo de avaliar o nivel de inteligéncia de criangas ¢ adultos, por meio do qual estavam (nao especificas) fez grande sucesso nos anos subseqiientes, es- pecialmente nos EUA com a tradugio do seu teste por Terman (1916), inaugurando de ver a era dos testes, inclusive com a introdugio do QU. (idealizado por W. Stern ~ 1900), sendo: forma de Binet e Simon de expressar 0 ‘em termos de Idade Mental (Age ia aquela idade mental se respon- mndamentos da teoria da Psicometria clis- The proof and measurement of association between nenal intelligence’ objectively determined and A era dos testes de inteligéncia: 191 veu sob a influéncia de: (a) teste (1905), (b) artigo de Spearman sobre o fator G (1904b), (c) a tevisio do teste de Binet para os EUA (Terman, 1916) e (d) o . s| | “Tess HEOLOOIOS:CONCETION, HISTORIA, THES OS 3 impacto da Primeira Guerra Mundial com a imposigao da neces- sidade de seledo répida, eficiente © universal de recrutas para © ‘exército (os testes Army Alpha e Beta). Na verdade, temos uma sétie de psicélogos trabalhando nesta rea, especialmente nos Es- tados Unidos. Goddard avaliava os imigrantes que entravam no pais, vindos sobretudo do sul e do leste europeu. Cattell fundou tum laboratério de Psicologia na Universidade da Pensivinia, onde Hugo Masterherg elaborou ‘em seu laborat6rio em Harvard (1892. selegdo para soldados. Nos anas 20 surgiu uma avalanche de no- vos testes, ultrapassando as centenas deles, dos quais poucos re sistram até o presente, A década da andlise fatorial: 1930. }é por volea de 1920, 0 entu- siasmo com os testes de inteligéncia dit muito, sobretu- do quando se demostrou que cles eram bastante depencentes da cultura onde eram criados, 0 que contrariou a idéia de um aire pein ( (1927, 1928, Thurstone & Chave, 1929), “Teeweas pe Bae Pacoutcaco —TEP —__T#ovows pr Eau Pacotccaoo- TEP fundando, em 1936, a Sociedade Psicométrica Americana, jun- famente com a revista Psychometrika, ambas dedicadas a0 ¢s- tudo e ao avango da Psicomettia, ‘A era da sistematizagdo: 1940-1980, Esta época é marcada por autoconhecimento Ciéncia > medida Detrans © psicotéenico © us “Thoweas ne Exe Pouce - TEP 4.6. Casas Editoras de Testes no Brasil No Brasil existem algumas editoras legitimas de testes psicolé- sicos. Entre elas, destacam-se: |. Casa do Psicdlogo (Ingo Bemd Giintert) Rua Mourato Coelho, 1.059 ~ Pinheiros CEP 05417-011 ~ Sao Paulo/SP- Fone: (011) 3034-3600 ~ 3062-4633 Fax: (O11) 3064-5392 E-mail: casapsi@uol.com-br 2. Vetor Editora Psico-Pedagégica Ltda. (José Glauco Bardella) Alameda Jat, 404 CEP 01 — Sao Paulo/SP Fone: (011) 283-5225 / 283-0336 Fax: (O11) 283-0336 / 283-3073 (Trab.) (O11) 993-0861 / 273-1575 (Res.) E-mail: vetor@virtual-net.com.br hetp://wwu.vetor-editora.com.br 8 3. CEPA Centro de Psicologia Aplicada (Ant6nio Rodrigues ou Tereza) Rua Senador Dantas, 118 - Gr. 901 a 920 - Centro. CEP 20031-201 ~ Rio de Janeito/RJ Fone: (021) 220.6545 Fax: (021)2262-2717 4. Edites Empresa Distribuidora de Testes Ltda. Rua Prof Jilio Ascarellis, 259 — Pinheiros CEP 05449-020 — Sao Paulo/SP- Fone: (11) 3021-2897 5. CETEPP - Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia (Udo Gantert) Rua Comendador Norberto Jorge, 30 04602-020 — Brooklin — Sio Paulo, SP Fone/Fax: (O11) 543-4592 Estas editoras de testes possuem representagSes em muitas cidades brasileiras. Em Brasilia, elas so representadas pelo CENOR 716 sul. ess rico. ccacos: CONCEITOS,MISTORIA, THOS SOS 5. Aplicagao dos Testes Psicolégicos (Os testes so instrumentos técnicos e seu manejo geralmente necessita de pessoal treinado conhecedor do instrumento, como qualquer aparelho de tecnologia sofsticada. Assim, nem todo mun- do € capaz ou pode aplicar testes psicolégicos, mesmo porque so de uso exclusivo dos psicélogos. Sendo instrumentos sofisticados, os testes requerem uma série de regras para sua aplicacao, as quais sio expressas sob o que se chama de padronizacio da aplicagio destes. © que implica tal padronizagao? Ela implica varias coisas, particu- larmence: * procedimentos de aplicacao; * direito dos testandos; + controle dos vieses + normas na divulgacéi 5.1. Administragao dos testes € cientificamente valido ¢ pertinente a0 caso, pode produ- tados invélidos se for mal-aplicado. Mas 0 que tornaria uma io! Uma resposta genérica seria a sio vilidos (obviamente supondo que © préprio teste seja valido) se a sua aplicago seguiu & risca as instrugdes e recomendagées dadas pelo seu autor, isto é, se o aplicador exatamente 0 manual de aplicacio do teste. Normalmente, cexigir pelo menos duas condiges de aplicagéo dos sejam vilidos e conti saber: lade do ambiente fisico da aplicaga + aqualidade do ambiente psicol6gico, que tipicamente signif- ca uma atmosfera em que a ansiedade do testando seja reduzida ao minimo. Quanto ao ambiente faico, todas as condigBes do ambiente fisico evem colocar o testando em condigdes étimas de ago. Como se quer 0 “Teoweas be Bxaue Psconscico ~TEP saber, com o teste, 0 nfvel de aptidio ou as preferéncias do testando, este deve se sentir na sua melhor forma para poder agir exatamente de acordo com suas habilidades, interesses ¢ perdores, e nao influenciado or fatores estranhos oriunclos do meio . Assim, necessita-se que o meio ambiente evite produzir distratores fisiol6gicos e psicologi- |, ventilagio, + condigdes atmnostéricas: iluminagac higiene; + condigdes de siléncio: isolamento actistico, auséncia de in- terrupgées; + apresentagao do aplicador: roupas limpas e adequadas, voca bulirio apropriado, uso de perfumes; * evitar intertupc6es durante a testagem. ‘Tais requisitos podem influenciar onde e quando uma testagem ira ocorrer Quanto as condicoes psiclégicas, é preciso que ser lidas em voz alta; 0 aplicador deve cferentes a compreensio da t para as questdes do teste uldades (deficientes, surdos-mudos, etc,). aqui € preciso atender a duas coisas: devem ser dadas uma tnica vez isso exige que 0 aplicador seja profundamente fami do com o teste; iste 0.001008 CONERTOS, HISTOR, TOS EOS 4 +o nivel de ansiedade do testando seja reduzido: isto impli- ca 0 estabelecimento do rapport. Este & mais importante na motivador e encorajador, nao se irrite, nio ra feia, etc. ‘Agora, como proceder em sitapies adversas? Situagdes adversas gem slo, pot exemplo, aa aso da testagem de , especialmente em concursos piblicos, parece até haver uma tradicao entre a situagio ideal de aplicagao dos testes e a exigéncia tucional da isonomia, segundo a qual todo o mundo deve ser tra- identicamente. Quando voce tem milhares de candidatos concor- para um cargo, uma testagem individual normalmente € 1, ao dar a ele tratamento diferenciado; tomar o teste naquelas condigoes adversas pode produzir resultados invalids... Na prética, o que tem prevaleci- em tais situagdes sio os principios da isonomia. No presente, tais des de testagem sio uma dor de cabeca e angistia para 0 psicé- responsaivel e consciente de sua profissao. 5.2. Vieses do examinador Na situagao de testagem, em especial a testagem individual, o aplicador do teste € um elemento importante da situagio. O modo de 2 ‘Téoweas ve Exane Pacouoorco — TEP ser e de atuar do aplicador podem afetar bastante os resultados do teste. As pesquisas que existem sobre este assunto geralmente no permitem conclusdes decisivas sobre a grandeza de influéncia que estas varidveis do examinador tém sobre os resultados dos testes. De qualquer forma, seriam importantes as seguintes situagies? +O examinador deve ser familiar ao testando? + Encorajar freqiientemente o testando ajuda ou atrapalha? +O sexo do examinador é relevante? ‘+A idade do examinador € relevante? +O estado emocional do examinador € relevante? + As atitudes opinides pessoais do examinador sio rele- vantes? Enfim, so muitas perguntas para se poder dar uma resposta sensata. As pes nem sempre dio respostas una. nimes sobre tais quest6es, mas simplesmente ignorar essas ques (Ges seria supor que elas no tém relevaincia © a situagao de que um dos motives mais fortes que leva alguém se tomar psicé- logo, 6 porque ele ou ela quer resolver seus proprios problemas icos pessoais, e assim, ao exercer sua profissio, o psicélo- g0 tras consigo todos estes problemas, deixando escapar dicas mas eficazes, que influenciam negativamente 0 comporta- mento dos outros, dos testandos no caso. Por exemplo, se 0 exa- minador instintivamente gosta ou no gosta do testando, nao ir ele si Se o testando sai de Ii com a ipatico, rude, etc., entdo certamente influenciado pelo examinador. © psicdlogo ser humano como todos os outros, com seus problemas, mas & também um técnico ou perito que deve ter desenvolvido algu- mas habilidades préprias da profissao, das quais obviamente ele deve fazer uso em situagdes como a testagem psicol6gica. A pri- meira delas, quicé, seria a de um autoconhecimento mais elabo- ssrtcoudcices: coscas, HSTORIA TE wos “ que Ihe permita conhecer melhor seus fortes ¢ fracos, € as- sim poder lidar com eles na sua profissio. 5.3. O direito dos testandos Na sociedade democritica modema, este tema se torn cle importincia fundamental, isto é, os direitos das pessoas, garan dos até nas notmas da Constituigao dos paises e das NagGes Unidas. No Brasil, a atuagao do psicdlogo na testagem € considerada uma idade pericial, isto é, atividade de perito. Por lei, os peritos de- vem prestar servigos de qualidade a sociedade, e esta qualidade pode ser judicialmente procurada através das leis pertinentes, como as do PROCON, por exemplo. Isso significa que © psicélogo respon- de até criminalmente por sua conduta nesta area dos testes. A lei considera o psic6logo no mais como a babs da sociedade, mas como perito e, portanto, legalmente responsivel em sua atuagio de profissional. prof. Norberto Abreu ¢ Silva Neto (Santos & Abreu ¢ Silva Neto, 2000) dé as seguintes informagées sobre esta questao: Igo “O principio do consentimento livre e esclarecido Em 1947, apiso Tiibunal Internacional de Nuremberg ter definido mmericanoencarcega- cometidos pelos médicos inazstas acabou por estabelecer o Codigo de Nuremberg, tendo em sta garantc ue fossem respeitadoses dito ds pessoas hurmanas «que viescem aparticipar de experimentos médicos ou cientificos.O Principio essencialestabelecido poresse Cédigo € de que toda expe- Timentagio com seres humanos requero prévioconsentimento live «esclarecido do sujeito participant. Assim, com base nesse princt- pio so feitas recomendagGes prticas que o complementam e que servem como normas éticas para a realizagiode experiments cien- tices. ‘No ano seguinte, surge um documento fundamental ao movimen ético, Porconsiderar que as democracias anteriores a Segurd: ‘Guerra haviam sido complacentes com as dtaduras ¢ que estas, por seu lado, acabavam por colocar em perigo a paz internacior “Técycas oe Bowie Paceuocaco — TEP Comunidade Intemacional dos Juristas proclama a Declaracao | versal dos Direitos do Homem, destinada a promover sua protegao| tatoriais e que foi adorada pela Assembléia Ge- tal das Nagdes Unidas em 10 de dezembro de 1948. Outro documento important rfodo inicial do movimento ético €0 Manifesto Russell responsabildade coletiva pelo impacto social da ciéncia. Ao Manifesto segue-seo estabelecimento da Conferéncia Pugwe ‘Todavia, apesar desse esforgo ético,sabemos por expe que as ditaduras e as guerras nio deixaram de existi quarenta anos. De trou-se logo insuficiente para, : de ede 1983 (Veneza), e que con- 8 4 gular os médicos nas pesquisas biomédicas. bem-estar dos sujeitos da pesquisa como prioridade € os Comités de Etica inque reafitma o principio do c ee esclarecido e coloca o bem-estar do s Unidos (p.6). Assim, a partir dessa data, todos os projetos de pes- notes roc: CONCH STOR, THOS E1808 6 ‘quisa na area biomédica envolvendo seres humanos deverio ser it@s de Erica e de acordo com as normas ndaglo se estende 2 la inluéncia 0 talagio dos com dos Unidos, encarregados de fas de radiagées, as diversas formas de pol perspectiva de esgotamento dos recursos natura mnte de inquierag de avangos surgi comissdes nacionaisde rncias governamentais léculas de DNA da Conferéncia 20 perigo potencial di 9) denunciado no prop princfpios, os comités de ética em Psicologia, inclusive no Brasil, vem elaborando normas que devem ser seguidas na aplicagio de De um modo geral, estas normas podem ser resumidas segundo as Notmas para a Testagem Educacional e Psicol6- gica da American Psychological Association (APA, 1985, apud Cronbach, 1996, p. 97) nos seguintes pontos: 46 ‘Thonn be Exwue Pacniccico — TEP obtido o consentimento informado dos testandos ou presentantes legais ant As excegdes a esta regra sao: (pericia) ou governament: como parte de atividades s regulares € ( selegao, em que a participagéo implica consentimei 2. Em aplicagées escolares, clinicas ¢ de aconselhamento, os testandos tém direito a explicagées em linguagem que eles com- preendam sobre resultados que os testes iro produzir e das reco- ‘mendagées que deles dlecorram. seus representan conhecer seu escore e a sua interpret: 5.4. Sigilo e divulgacao dos resultados Com respeito 2 divulgagio do resultado dos testes, devem ser se- suidas as normas do sigilo profissional. Os seguintes pontos esclarecem, ‘alguns dos princfpios a serem seguidas pelo psicélogo profissional: 1. Quem tem dis candidato que qualquer informacao que desejar. Concomitante a este direito a todo 0 contetido dos testes, 0 bem o principio do conse qual Ihe dé o diteito a que 05 testes produzem. Também tem direito a\ rados 0 solicitante da testagem, como o dono da empresa no caso da selegio, ou o juiz no caso da pericia judicial. O direito destes, entretanto, nao é sobre todos 0s 1 mente necessérias & res- posta da solicitagao. Assim, se a solicitagao foi a de que o Tess rS0o4cc0s: CONCETOS, HISTOR, THES E05 a Psicotécnico indicasse se o candidato esté apto ou nao para o cargo em disputa, esta € a tinica informacao relevante ¢ neces- séria para o empregador; todo o resto de informagio que os testes produzem € privilégio individual do candidato, e somen- te ele tem direito a tais informagoes. 2. O sigilo e a seguranga dos resultados dos testes devem, em ge- ral, seguir as normas do sigilo entre profissio médico. Assim, que ninguém possa sem autorizagio especifica do profisional responsi tidades dos individuos devem ser codificadas, de somente o profissional responsivel seja capaz de (€) em processos judiciais, o juiz pode pedir abertura de sigilosos. Como proceder em tais casos? Este problema ainda sol isfatdria na prética e € causa de diatribes que do resolvidas em tribunal Normalmen- te, 0 juiz quer sempre mais do que o psicélogo esti disposto a oferecer, amparando-se este no siglo profissional.... De qualquer forma, 0 individuo no pode sair indevidamente prejudicado com a exposigao das informagoes sigilosas, 3. Quanto ao formato do laudo psicol6gico, daremos deta no capitulo sobre este assunto. s 4. O Cédigo de Etica do Psicslogo no Brasil (CFR, 1987) diz 0 seguinte sobre esta questo: Art. 02 ~ Ao Psicélogo é vedado: icamente, através dos meics de comunicacio, los de psicodiagnéstico de individuos ou grupos, bem como terpretar ou diagnosticar situagées problemiéticas, oferecendo so” ragoes falsase dar atestado sem a devida fundamentacio técnico-cientifica. “Thcsecas oe Exaue Ptcouooico TEP Art 03 Sao deveres do psicélogo nas suas relagdes com a pessoa atendida: omenteinformagies que srvam de vem apessoaatendida; ©) Em seus atendimentos, garantir condigées ambientais adequadas a seguranga da(s) pessoa(s) atendida(s), bem como & privacidade ‘que garantaosigiloprofissional. Parigrafo 2 — Na impossibilidade de faxé-o, © mat ser lacrado na presenga de um representante do mente vira ser utilzado pelo Psicélogosubsticuto, quando, ento, seré rompido olacre, também na presenca de um representante do CRE Parigrafo 3 —Emcaso de exting30 do servigo psicolégico, osarquivos sero incinerados pelo profisional responsivel, até aquela data, por stig] ~Nas pericias, o Psic6logo agit ido-se & exposigao do que tiver conhe- ho eno ultrapassando, nos laudos, 0 limite das informages necessérias& tomada de decisao. ene: Art. 21 —O sigilo protegers o atendido em tudo aquilo que o Psicé- logo ouve, vé ou de que tem conhecimento como decorténcia do cexercicioda atividade profisional ‘Art. 22 ~ Somente 0 examinado poder serinformado dos resulta- dos das exames, salvo nos casos previstos neste Cédigo. \ Tess rxcoCcncos: CONCHTOS, STOR, RES ws 9 Ant. 23 ~ Seo atendimento for realizado por Psicélogo ic6logo tomars todas as far 0 que seja devido SugestGes para Debate em Sala de Aula Diferenciac3o entre Avaliagao Psicologica e Testes Psicol6gicos. As etapas componentes do processo de Avaliagao Psicolégica. A concepgiio de ciéncia e de homem orientand. sio de Teste Psicolégico. Os primeires teéricos da testagem e suas influéncias na Avalia- Gio Paicoldgica atual compreen- + As limitagSes dos Testes Psicologicos. icométricos e Testes impressionistas: contribuighes es. © computador: um parceiro necessério para o psicélogo? Aplicacdo dos testes psicoligicos € as situagBes adversas: a éti- ca do psicdlogo. Contbuigio de Patricia Walts Schelmi e Niton César Barbosa i se “Teowcas ne Beane Pacsucenco ~TEP Respeito aos direitos dos testandos ¢ a influéncia do exa- minador. + A quem serve a Avaliagao Psicolégica? + Todos os psicélogos devem fazer uso de Test + Quais as criticas feitas aos Testes Psicolégic so pertinentes? + Qual a sua compreensio pessoal sobre os Testes Psicol6gicos? Pro- ‘cure discutir sua visio com seus colegas e seu professor, ressal- tando os aspectos positives e negativos da testagem psicol6gica. dos mais variados métodos descrever e classificar compor- légica deve estar baseada no méto- as inferéncias precisam seguir os zado como um conjunto de uma situago sistematizada. mentos sejam descritos de forma do uso de ntimeros. 3. Tipos de testes: os testes podem ser classficados em termos de afirmar que os testes psicométricos sio baseados na teoria da ‘TESTS SICOLBOICDS CONCITOS, HISTORIA, THUS USO si ‘medida, fazendo uso de néimeros para descrever os fendmenos Psicol6gicos; 6 os impressionistas esto fundamentados na des- crigao lingiistica. Assim, enquanto 0s testes psicométricos medem, os impressionistas caracterizam o individuo. Quanto res de capacidade avaliam a aptidio geral, is € a psicomotricidade; os de prefe- procuram caracterizar a personalidade, as atitudes e va- lores e os interesses. 4. Uso dos testes: a classificagao, a promogo do autodesenvolvimen- to, a intervengio, a avaliagao de programas e a pesquisa cientifica constituem as principais reas em que os testes so utilizados. 5. Aplicagio dos testes psicoldgicos: os testes psicolégicos devem ser aplicados por psicélogos, € na apresentacao dos instrumentos 6s seguintes cuidados devem. ser tomados: Os procedimentos de padronizagéo (i formas de apresentagao do material..), descr dos testes, precisam ser seguidos; o ambi confortével ao examina ir em condigdes normais de saiide; 0 rapport precisa ser lecido. Bibliografia AMBROSELLI, C. (Org. - 1987). Comités d'tthique a Travers Le Monde: ‘Obra coletiva publicada por LInserm. Paris: AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASS: recommendations for psychological ‘Washington: American Psychologic: Capituto 5 Laudo Psicoldgico: A Expressao da Competéncia Profissional or Raquel Souza Lobo Guzzo & Luiz Pasquali 1. Introdugao de Psicologia. Em todas as situagGes em que atua, 0 psicélogo se utiliza do laudo como uma conelusio cias podem estar contribuindo para o planejamento de uma int. vengao de qualidade ou, a0 contrario, sem resultados efe apenas constatando 0 que parecia ébvio. Por esta razio, o laudo psicolgico pode ser considerado uma ex- pressio da competéncia profissional. Espera-se que a partir dele medi ddas possam ser tomadas para intervengoes coletivas ou individuais. A importancia do laudo serve nao somente ao psicélogo, mas, p mente, aos outros profissionais cujo trabalho depende dos resultades de uma avaliagao psicolégica, como jules, professores ¢ médicos, durante muito tempo a elaborago de um laudo paico: logico foi pouco discutida e assistida, canto no Ambito da formagéo hisica quanto do exercicio da profssio em diferentes contextos. Era ‘Thowcas x Bean Pacousoaco — TEP téenica especitica de avaliagio psicol6gica, 0 laudo sobre este exame pudesse ser executado iengao especica a esta fase do processo avaliativo. No entanto, te, por terem se tornado ineficentes em relagio ‘405 seus propssitos de subsidiar agées decisdes para com suj ‘grupos, os lauds psicolégicas vém sendo objeto de estudo € tum espago importante na formagio € no exercicio profisional. ‘A pritica profissional tem mostrado que a elaboragao de lau- dos psicolégicos em diferentes contextos de atuagdo tem se mos- no Brasil, ¢ que uma aten- ivo deve subsidiar a forma- '4o para os psicdlogos brasileiros. 2. O que é 0 Laudo Psicoldgico? Para definir 0 laudo psicol6gico, € necessério consideré-lo como ‘0 resultado de um procedimento de avaliagio. Deve-se partir, portan- to, de consideragdes sobre o que seja a Avaliagao Psicolégica, Oentendimento sobre o que significa a avaliagdo psicol6gica passa pela compreensio do sentido da palavra avalia, ou seja,julgar, medis, determinar valia ou valor, apreciar, estimar,calcular, computar (Ferreira, 16). Todas estas ages ocorrem com bastante freqiigncia na vida ina, porém nem sempre de forma precisa ¢ objetiva. A preciso, ateza ¢ a objetividade em situagio de avaliagio profissional so importantes e necessérias, pois tornam o laudo psicolégico um docu- mento comprobatério de signficativas alteragoes na vida de indivi- duos ¢ grupos e justificam a intervengio realizada, Os resultados da avaliagdo devem ser precisos € objetivos, de tal forma que outras Lavoo pico. Cco: A RPRESSHO DA CONFETENCA MROFSIONAL 57 essoas possam compreender o processo de andlise realizado, bem como 0s critérios para as conclusdes ali chegadas. Existem diferentes formas da 1 a8 quais, em cada contex- to onde ocorrem, apresentam significades especificos e conseqiiéncias também especificas. Em uma avaliagdo profissional, no entanto, hi que se estabelecer a priori o procedimento de coleta das informagces, seus instrumentos e formas de medida para que se possa chegar & conclusio do processo. O laudo, portanto, como conclusio de um procedimento especifico, ¢ situado em um contexto hist6rico e soci to, uma andlise de perspectivas para 0 do que acontece, estas so as razies do ccompreensio sobre ele e romada de decis necesséiria ‘Como um processo de investigaglo, é preciso que se faca a distin- fo entre o resultado do laudo e os resultados de um teste ov outro instrumento medida ou coleta de dados sobre 0 sujeito, incluidos no odo. psicol6gica é um conjunto de procedim tomada de informagSes de que se nece como um momento tinico em que um instrumento poderia cente para responder as questides relacionadas ao problema que se pre tende investigar (Guzzo, 1995). Geralmente, inclui diferentes proce- dimentos de medida, identificagdo de dimensoes especficas sobre 0 sujeito ¢ seu ambiente. A cada procedimento de medida ou investiga- ‘<0 tem-se um resultado sfntese, o qual nao pode ser confundido com © resultado final do processo, a que se atribui o significado do laudo. Hoje, considerada como drea especifica de conhecimento dent. da Psicologia, a Avaliagdo Psicoligica inclui pesquisas, tanto so pprocesso avaliativo quanto suas técnicas. A Associagio Americana Psicologia ~ APA mantém uma segio dedicada & Avaliagao Psicol6y- ca, responsavel por publicaOes especificas, tais como Psychological quanto a uma intervengio 18 ‘Tecracas ce xan PsicoLoec TEP Assessment. Outros paises € associagées cientificas de Psicologia considerando a i 10s publicados nestas fontes torna evidente , conclusSes © debates acerca do processo s campos de atuacio. Psicodiagnéstico, tal como era designada tradicionalmente esta rea, est mais relacionado & avalia- bretudo em relacio a evolugo na construgio, adaptacao e validagio de instrumentos de medidas ou procedimentos outros de avaliagao do fendmeno psicol6gico. ‘Nii se pode elaborar laudos psicol6gicos sem um aprimoramento necessério na area da Avaliacio Psicokigica. Da mesma forma no se pode exercer a profissio de Psicologia sem a preocupagio epistemolbgica sobre a medida do fendmeno psicoldgico. A érea da Psicologia como profissio fica comprometida quando 2s formas e contextos de avaliagio sicoligica no tém representatividade e respeito dos proprios profissio- nais. Em sua tese de doutorado, Noronha (1999) pesquisou a relagio com a avaliagio psicoligica de 214 psicSlogos credenciados e em exer- cicio da profissio. Encontrou, em primeito lugar, um grande nimero de Profissionais desta amostra que no responderam as questies especifi- cas sobre instrumentos de avaliagio e também disseram no realizar Laub FSICOUSCID: A ENRESSHO DA COMPETENEA FROFISSENAL 19 avaliagio. Quem fazia avaliagdo em sua pritica indicow instrumentos de personaidade como os mais utilzados, depois de uma medida de de basi, Indcaram ainda, ‘como mais graves problemas nesta dos processos de avaliaco e instrumentos para a realidade br ‘Aponcaram também as difculdades em avalar criangas, sobretudo las com necessidades especiais, ¢ também formas especificas em dife- rentes contextos de atuagao. Este trabalho demonstra que discutir a avaliagdo psicol6gica no Brasil e decidir por formas mais adequadas de formagio profisional ainda continua sendo uma das grandes urgéncias profissdo. ‘Awaliagio Psicol6gica tem sido associada & conseqiiéncia, 0 laudo psicoligico ao do de um teste. Este equivoco acabou por contnibuir para grandes culdades, sobretudo no Brasil, em relacio ao planejamento de politicas para a formacio profissional nesta frea, em que o estudo das Técnicas do Exame Psicolégico se diferencia do estudo da Avaliagao Psicologica. Ensinam-se nos cursos de Psicologia diferentes técnicas sem uma preo- cupagao maior no processo de investigagao do qual uma avaliagio deve resultar. As conseqiéncias desta formagio acabam por limitar a acio profisional em sua fungo laudatéria, tomando os laudos instrumentos processo da avaliacio psicol6gica volves aplicagio de dife- rentes técnicas, mas deve Ser compreendido como um procedimento independente que se utiliza dos resultados de medidas especifica para Poca & Veiga, 1996). “Teocas be Exe Pact ccaco TEP 3. Para que Serve um Laudo Psicoldgico? Ancia da avaliagao psicol6gica e de sua conclusio esté, i ofissfio, na medida em que contribuem para a tomada de decisées sobre um individuo, para a resolug3o de um problema apresentado por um agente educador, pai ou outro adulto que interage com uma crianga ou a lescente. O laudo serve ainda para identificar caracteristicas de ind duos ou de grupos, de forma a compreender seu processo de desem vimento ou para o planejamento de intervengoes. Segundo Batsche e Knoff (1995), o resultado ou efeito de um Jaudo € avaliado pela apropriagio das suas conseqiiéncias, ou seja, nao existe possibilidade de se completar um laudo apenas pela apresenca- ‘o de suas conclusées. A finalidade de um laudo esté dicetamente relacionada A qualidade da intervengao que ele sugere, assim que este processo de decidir sobre 0 que se esta avaliando e avaliar 0 efeito desta decisao sobre o desenvolvimento do sujeito passa a ser a dinami- ca mais importante no processo de avaliagio psicol6gica De acordo com esta idéia de que um laudo psicoldgico esta es- treitamente ligado a intervengio que ele proprio sugere, pode-se com- preender por que a avaliagdo psicolégica no Brasil vem sofrendo um descrédito cada vez maior, mesmo dos profissionais de psicologia que no conseguem romper com a “burocracia” das avaliagGes em diferentes contextos de atuagao profissional. Faz-se avi so com a intervencao conseqiiente. De uma forma mui ‘em meio as atividades profissionais da psicologia (Brando, 1996; Ciasca, 1990; Noronha, 1995), as avaliagées realizadas na maio- tia das vezes res am em encaminhamentos a outros profissionais, 0 que significa dizer comegar novamente o processo de avaliagio, agora em um contexto diferente. Alguns autores como Mash e Terdal (1988) identific: quatro finalidades para a avaliagio psicologica que produzem diferentes tipos de laudos: (a) 0 diagnéstico, (b) 0 prognéstico, (c) 0 delinea- = mento da intervencao € (4) a avaliagio da eficacia da intervengio Proposta. A primeira finalidade do laudo parece ser a mais conhecida [Lao pcos A ExrRESSiO DA COMPETENEA FREMSSONAL tet ¢ disseminada entre os psicdlogos brasileiros. A ficar causas de queixas apresentadas. Jé 0 conceito de prognés parece receber pouca ou nenhuma ics ros. Para Batshe e Knoff (1995), esta finalidade do laudo parece estar relacionada a severidade do problema diagnosticado e nao & qualidade da intervengo proposta. Assim, quanto mais grave o pro- blema, pior 0 prognéstico, a0 passo que, quanto menos grave, as perspectivas de melhora podem ser mais evidentes. A relagio entre severidade e gravidade de um problema est, segundo ainda estes autores, relacionada a resisténcia apresentada A intervencio. Des- ta forma, a avaliagao da intervencio incluida no Iaudo pode contri- buir para sua finalidade progndstica. Para os mesmos autore cesso de avaliagao sua conelusio passa por etapas que incluem a identificagao do problema e procedimentos por meio de desenvolvi- mento de hipsteses, seguindo-se a avaliagao propriamente dita das hipoteses identificadas com a aplicagdo de provas, testes e coleta de informagio sobre 0 que se esté investigando, finalizando com 0 planejamento de intervengio associada A verificagio das hipsteses estabelecidas no inicio da avaliagio. Por esta razao, em suas diferentes finalidades, o laudo deve it ‘car, sobretudo, o tipo e as condigées de intervengao a que 0 st avaliado deve ser submetido, levando-se em conta todas as suas digdes e historia de vida, deixando claras as hipéteses pelas quais se esti planejando e desenvolvendo a intervencdo. O laudo passa a ser ‘um referencial para a verificaco e a comprovagao das decisces toma- ds sobre um sujeito ou um grupo. 4. Como Tém Sido Realizados os Laudos Psicolégicos? Ita de formacao adequada e especifica na elaboragio profissionais tém reproduzido nestes os resultado alguns testes, sem levar em conta informagées tomadas do i duo em seus contextos de desenvolvimento. Ha laudos que apre- {au rscoL Ic A EIMSSAO DA COMPETING PRORSSIONAL 163 sentam um conjunto de resultados de testes sem um sentido geral a dificuldade de c ‘mesmo tempo a inadequacdo tas de medida construidos utilizago apenas traduzi © desenvolvidos em outros pai \cio dos testes e instrumentos de medida psicol6gi- Desde o inicio da década de setenta, esta preocupacio jé fazia mndo hé tempos denunciada (Wechsler, 1998), parte dos pesquisadores mais diretamente envolvidos com a questio da formagao profissional e para a adequagio psicol6gica e seus elementos mais constitutivos, como 0s ins- endo desenvi ‘Outro grande problema tem sido a aplicagao de um conjunto de provas e medidas de diferentes dimensGes e com pressupostos teGricos incompativeis, o que torna dificil uma sintese do que foi efetivamente uma medida equivalente, sem as problemas que uma simples tradugdo investigado. Neste caso, alguns laudos, especialmente em alguns con- pode trazer, Mesmo com recomendag6es preséintes na literatura desde textos de atuacio, tém sido apresentados de forma padronizada, nao Brasil pesquisadores e psicblogos ainda insistem em tra contribuindo em nada para a tomada de deciso sobre os individuos € © planejamento de intervengbes adequadas. waliado € 0 respeito 3 profisso de Psicélogo. A principal iniciativa a ser tomada pelos psicélogos brasileiros de- 5. Orientagoes, Diretrizes e Precaugdes para o Uso de Testes e Elaboracao de Laudos Psicologicos O uso de testes em situagdo de avaliagao psicoldgica, assim como todo o processo desde a construgio de instrumentos de medida até sua adequagio psicométrica a realidade onde seri aplicado, tem sido preocupagio da Intemational Test Comission, uma associagio criada por pesquisadores da Avaliagio Psicolégica para orientar a busca de qualidade técnica minima dos instrumentos utilizados, 0 estimulo ao desenvolvimento de provas e testes para as diferentes realidades de peca de uma buroctacia que pouco resolve es problemas tanto do indi- viduo que procura a avaliacio quanto do profisional que a executa. ‘As mais recentes diretrizes para a elaboragao de um processo de avaliacao psicolégica apresentadas pela International Test Commission em Graz, na Austrilia, em 1999, sio justificadas, prin Imente, pelas diferencas existentes entre patses no grau de con: dades de acesso a materiais variados para a avaliagio que possam |, aplicados & realidade de instrumentos alternatives em caso de problemas na determinago de provas para o processo diagnéstico, administracao das dos estes aspectos detalhados no documento desta comissao intern: ional sio sugeridos como elementos fundamentais para a forma ia, Além destes itens, as diretrizes também nstrugio de testes, documentagao para 0 materiais de divulgacio, e padrdes para a ‘manutengao de um sistema de avaliago e controle de cada prova em termos de sua validade e precisio. ‘Seria importante que houvesse um comprometimento com uma proposta nacional de investimentos € conscientizagio sobre a im- portincia da av: ica entre profisionais e estudantes de psicologia. Com a profissao poderia dar um salto em seu reconhecimento soci 1uigéo ao bem-estar das pessoas e dos diversos grupos sociat Mesmo com melhoramentos nas condigdes de formago dos pro- fissionais e na oferta de instrumentos diversos para a avaliagéo psico- Logica, 0 laudo em si necessita de um padrao aceitavel de elaboragio, geralmente contendo elementos importantes do proceso de avaliag’o_ Lauoo PicoL0Gi0s A EAESSAO BA COMTETENGIA PROFESIONAL 165 realizado. Esta estrutura depende em grande parte do objetivo da , mas, de maneira geral, consta de trés grandes histéria do individuo com 0 motivo da avaliagio, as provas realiza- das e seus resultados gerais ¢ a conclusiio com os indicadores de intervengio. Uma sugestio de detalhamento para a elaboragio de idos psicolégicos depende do contexto em que est sendo aplica- da a avaliagao psi mas, de modo geral, estrutura-se desta forma, principalmente relacionando a conclusio do processo com as posibilidades de intervengao. Sem esta estrutura, 0 laudo continua um instrument ineficaz que apenas cumpre exigéncias burocriti- cas ¢ pouco ajuda no processo de decisio sobre individuos e grupos. 6. Como Elaborar um Laudo Psicolégico O laudo € uma peca escrita (deve-se evitar a devolugao oral, porque pode ser facilmente distorcida) na qual peritos expoem observagdes ¢ conclusGes a que chegaram num proceso de © qual visa subsidiar iiltima etapa ‘mais variados, assim o laudo deve ser congruente com estes obje~ 1s. Vejamos. 1. O Psicodiagnéstico |. Definigdo: “Psicodiagnéstico € um proceso cientific gue utiliza métodos e técnicas psicol6gica luz de principios cos, classificando 0 caso e prevendo seu curso possfvel, pa ‘comunicar resultados (output)” (Cunha, Freitas & Raymundo, 1986, p. 9). SOLO: A EXRESKO BA COMIFTENAPROMSONAL 167 2. Elementos: © psicodiagnéstico comporta geralmente uma série de elementos; muitos destes devem ser levantados em entrevis- tas e podem ser elencados como segue: + contrato de trabalho: contrato entre cliente ou responsivel e 0 Psic6logo, estabelecendo os abjetivos e 0 processo de psicodia- gndstico; + duragao: no contrato deve ser dada uma estimativa do tempo (aémero aproximado de sessGes) que a avaliagao vai exigir; instrumentos: testes que serio utilizados no processo de avalia- icGlogo deve chegar a es- tabelecer lipGteses explicativas sobre'o problema svaliado, de sorte que possa dar encaminhamento e sugestes de inter’ vvengo para 0 caso; + prognéstico: 0 psicdlogo deve dar uma previsio de possivel ‘curso que © caso vai tomar; + comunicacdo dos resultados: & o laudo (veja adiante). 3. Objetivos: Um psicodiagnéstico pode ter as mais variadas finali- dades, quais sejam: + classificagdo simples: consiste em dar sujeito que resulta da aplicagao. undo normas destes res ¢ fraquezas deste para na vida; 05 indicadores de um dis- ‘ou psicopatologia por meio de um processo mais 2 aprofundado. Esta avaliagio € tipicameente feita por psics- logos € psic € visa um possivel tratamento psicoters- tologia do desenvolvimento que crescimento do sujeito em inter + classificagdo nosoligica: consiste na avaliagao de problemas psicopatol6gicos, objetivando classificar o caso dentro da ta bela de clasiticagao psiquistrica Etapas: os ‘© motivo da consulta icar ¢ interpretar os testes ou responsvel (laudo) e (2) sugerir tipo de intervencao apropriada para o caso (terapia, encaminhamento). 6.2. O Laudo Definigao: trata-se da devol dos do psicodiagnéstico ao Solicitante: sujeito, médico, professor, DRH, juiz, dono da em- Presa, etc. ott comunicagao dos ou responsével. U Lupo maccudicn: A BURESSKO OA COMPETI PRORSIONAL ~ ae “Teccas o¢ Exar Paco.ocico TEP Objetivo ¢ Ervos a evitar: 0 laudo deve dar uma visio dinémica do individuo naquele momento (quando foi feits a avaliagio). Logo, nio se permitem inferéncias sobre 0 sujeito; todos 0s co- mentrias devem ser feitos com base nos dados obtidos. Evite as seguintes falhas: + excesso de termos técnicos + demonstragao de cie 0 + apresentagao de resultados sem uma visio integrada dos dados aptiddes do examinando es radas (ou exigidas par uma avaliagio do perfil do examinando? O perfil do exami- nando corresponde ao perfil esperado (ou necessétio para 0 uso de “chavbes” inferéncias de resultados em outro campo profissional. me ba das na entrevistas, etc, sécio-econémico, profissio; ibliogr: ‘motivo da consulta: deve-se atender as necessidades dos B 08 afia antes; Pe ear M AZEVEDO, M.M. ALMEIDA. S.,PASQUALL. 6 VEIGA, H.M. 5. (1996). coe ene ee ere oe Usilzacao dos testes psicoldgicos no Brasil: dados de estud prelim criangas, costuma-se pacfies cies cine nar em Brasilia. In L. S. Almeida (org) Avaliagéo Psicoldgica: formas e contexts. WIV. Braga, Portugal, p 213-219 DATSCHE,G. M.& KNOFE H.M. (1995). est practices in linking assessment to intervention. In A. Thomas & Jeff Grimes, Best Practices in School Psychology . Washington, DC: NASP. lai impressio geral obtida durante o rapport: informagées verbais, no-verbeis, problemas motores, concentrago do examinando; ansiedade, relacionamento estabelecido entre ele ¢ 0 exami- nador: BENZI,N. P. (1996). Psicologia escolar na rede particular de ensino de Cam. saridvis ambienais: como estava o local de aplicagio,ilumi- pias gio de Mestrado, Campinas, PLIC-Campinas. nacio, ventilacdo, ete.; E BRANDAO, S. C. (1995). Aspectos saciais e politicos na formagao em psico- logia escolar: opinido de supervisores. Dissertagao de Mestrado. Cam- instrumentos utilizados: qual 0 objetivo € 0 nome de cada pinas, PUC-Campinas. instrumento; 4 planejamento: das sess6es de aplicagao (quantos € quais testes BRISLIN, R. W. '0). Back-translation for cross-cultural research. Journal foram aplicados em cada sessio); of Cross-Cultural Psychology. resultados dos testes: especificar os resultados brutos e pa- CIASCA, S. M. (1990). Diagnédstico dos distirbios de aprendizagem em dronizados de cada teste, isto é: testes de criangas: andlise de uma prética interdiseiplinar. Dissertacio de tid6es, interesses, personalidade, etc.; F Mestrado. Sao Paulo, IP-USP.

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