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VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE

COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DIDÁTICA

Rio de Janeiro / 2007

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO


UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

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quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo
Branco - UCB.

U n3p Universidade Castelo Branco.


Didática. –
Rio de Janeiro: UCB, 2007.
72 p.

ISBN 978-85-86912-36-8

1. Ensino a Distância. I. Título.


CDD – 371.39

Universidade Castelo Branco - UCB


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Rio de Janeiro - RJ
21710-250
Tel. (21) 2406-7700 Fax (21) 2401-9696
www.castelobranco.br
Responsáveis Pela Produção do Material Instrucional

Coordenadora de Educação a Distância


Prof.ª Ziléa Baptista Nespoli

Coordenadores dos Cursos de Graduação


Ana Cristina Noguerol - Pedagogia
Denilson P. Matos - Letras
Maurício Magalhães - Ciências Biológicas
Sonia Albuquerque - Matemática

Conteudista
Leila Mara Mello

Supervisor do Centro Editorial – CEDI


Joselmo Botelho
DIDÁTICA
Apresentação

Prezado(a) Aluno(a):

É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação,
na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciando
oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente
esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.

Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu
conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.

Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Orientações para o Auto-Estudo

O presente instrucional está dividido em sete unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e
conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam
atingidos com êxito.

Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades
complementares.

As Unidades 1, 2, 3 e 4 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1.

Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das sete unidades.

Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todos os
conteúdos das Unidades Programáticas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.

A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os
horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que você
administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.

Bons Estudos!
Dicas para o Auto-Estudo

1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja
disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.

2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite


interrupções.

3 - Não deixe para estudar na última hora.

4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor.

5 - Não pule etapas.

6 - Faça todas as tarefas propostas.

7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento
da disciplina.

8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a auto-avaliação.

9 - Não hesite em começar de novo.


DIDÁTICA
SUMÁRIO

Quadro-síntese do conteúdo programático............................................................................................................... 11


Contextualização da disciplina ................................................................................................................................... 12

UNIDADE I

PRINCÍPIOS DA DIDÁTICA
1.1. Princípios para compreensão da didática ................................................................................................... 13
1.2. Didática para o professor competente .......................................................................................................... 13
1.3. Aspectos que compõem a didática ................................................................................................................. 14
1.4. O que é aprendizagem? .................................................................................................................................... 14
1.5. Tipos de aprendizagem ...................................................................................................................................... 15

UNIDADE II

AS TEORIAS PEDAGÓGICAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES


2.1. Convergências e Divergências entre Piaget e Vygostsky ........................................................................ 16
2.2. O pensamento e a prática de Freinet .......................................................................................................... 20
2.3. O pensamento e a prática de Paulo Freire ................................................................................................... 22
2.4. A Aprendizagem cognitiva, segundo Wallon ............................................................................................. 23
2.5. Considerações gerais .................................................................................................................................... 26

UNIDADE III

AS BASES FILOSÓFICAS/IDEOLÓGICAS
3.1. Abordagem tradicional .................................................................................................................................. 28
3.2. Abordagem da escola nova .......................................................................................................................... 30
3.3. Abordagem da escola tecnicista .................................................................................................................. 32
3.4. Abordagem cognitivista ................................................................................................................................ 33
3.5. Abordagem sociointeracionista ................................................................................................................... 35

UNIDADE IV

PRÁTICA DO DOCENTE E SUAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS


4.1. Tendências pedagógicas ............................................................................................................................... 38

UNIDADE V

PLANEJAMENTO
5.1. Considerações gerais ......................................................................................................................................... 41
5.2. Conceitos básicos para a realização do planejamento ................................................................................ 43
UNIDADE VI

AVALIAÇÃO ESCOLAR
6.1. Tipos de avaliação ....................................................................................................................................... 56
6.2. Avaliação do processo ensino-aprendizagem .......................................................................................... 57
6.3. Diagnóstico das necessidades educacionais ........................................................................................... 57
6.4. Questões objetivas: normas técnicas ....................................................................................................... 57
6.5. Principais instrumentos de avaliação da aprendizagem .......................................................................... 58

UNIDADE VII

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
7.1. Conceito e objetivos ...................................................................................................................................... 61

Glossário.......................................................................................................................................................................... 65
Gabarito........................................................................................................................................................................... 66
Referências bibliográficas............................................................................................................................................ 69
Quadro-síntese do conteúdo 11
programático

UNIDADES DO PROGRAMA OBJETIVOS

1. PRINCÍPIOS DA DIDÁTICA • Compreender a importância da Didática no processo ensi-


1.1. Princípios para compreensão da didática no-aprendizagem;
1.2. Didática para o professor competente • Perceber que a prática educativa está nexada ao mundo;
1.3. Aspectos que compõem a didática • Entender que a educação exige a práxis educacional, ou
1.4. O que é aprendizagem? seja, a relação entre teoria e prática;
1.5. Tipos de aprendizagem • Perceber que ensinar, nos dias atuais, é transformar
informação em conhecimento;
• Diferenciar os tipos de aprendizagem;
• Compreender a educação com meio de transformação.

2. AS TEORIAS PEDAGÓGICAS E AS SUAS CONTRIBUIÇÕES • Conhecer as principais tendências pedagógicas, a fim de


2.1. Convergências e divergências entre Piaget e Vygotsky analisá-las e utilizá-las em suas práticas educativas;
2.2. O pensamento e a prática de Freneit • Diferenciar as diversas teorias;
2.3. O pensamento e a prática de Paulo Freire • Analisar as divergências e convergências entre Piaget e
2.4. A aprendizagem cognitiva, segundo Wallon Vygotsky;
2.5. Considerações gerais • Compreender a teoria de Piaget;
• Analisar a teoria de Vygotsky;
• Abarcar a teoria de Freneit;
• Avaliar a teoria de Paulo Freire;
• Analisar a teoria de Wallon;
• Entender a divergência entre Vygotsky e Piaget, em relação
ao desenvolvimento e a linguagem;
• Compreender o pensamento e a prática escolar sugerida
por Freneit;
• Analisar os princípios básicos da pedagogia de Freire;
• Analisar o pensamento de Paulo Freire em relação à prática;
• Compreender o pensamento e a prática de Wallon.

3. AS BASES FILOSÓFICAS / IDEOLÓGICAS • Compreender e analisar as abordagens de ensino desde a


3.1. Abordagem Tradicional tradicional até a sociointeracionista.
3.2. Abordagem da Escola Nova
3.3. Abordagem da Escola Tecnicista
3.4. Abordagem cognitivista
3.5. Abordagem sociointeracionista

4. PRÁTICA DO DOCENTE E SUAS TENDÊNCIAS • Compreender as práticas docentes desde a tendência


PEDAGÓGICAS tradicional liberal até a “Progressista Crítico-Social dos
4.1. Tendências pedagógicas Conteúdos”.

5. PLANEJAMENTO • Compreender a importância do planejamento na prática


5.1. Considerações gerais educativa;
5.2. Conceitos básicos para realização do planejamento • Conhecer os diversos tipos de planejamento;
• Entender as etapas básicas do planejamento;
• Analisar o planejamento e suas ações básicas;
• Perceber que a avaliação, nos dias atuais, é comprometida
não mais com o produto, mas com o processo;
• Estabelecer relação entre o planejamento e a prática
educacional;
• Conhecer como se dá a escolha dos recursos e a organização
dos conteúdos.

6. AVALIAÇÃO ESCOLAR • Conhecer vários tipos de avaliação;


6.1. Tipos de avaliação • Reconhecer a avaliação como diagnóstico do processo
6.2. Avaliação no processo ensino-aprendizagem ensino-aprendizagem, não com como produto.
6.3. Diagnóstico das necessidades educacionais
6.4. Questões objetivas: normas técnicas
6.5. Principais instrumentos de avaliação da aprendizagem

7. PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO • Diferenciar planejamento de projeto político-pedagógico;


7.1. Conceito e objetivos • Compreender como elaborar um projeto político-pedagógico.
12 Contextualização da Disciplina

A Didática ocupa um lugar de destaque no cenário educacional porque seu objeto de estudo é o ensino-
aprendizagem articulado consistentemente às dimensões: humana, técnica e político-social dos componentes
curriculares, a fim de orientar as práticas educativas que desenvolvem o conhecimento sistemático e formal do
“o que fazer” e “como fazer”, oferecendo subsídios na formação dos educadores e sugerir alguns caminhos
para a superação de alguns problemas apresentados no dia-a-dia, com vistas a tornar o ensino de fato eficiente,
para que todos os alunos permaneçam na escola.
UNIDADE I 13

PRINCÍPIOS DA DIDÁTICA

1.1. Princípios para Compreensão da Didática


Verificamos que a Didática alterou profundamen- Algumas definições para Didática:
te, no decorrer dos anos, o conceito do processo
educativo. Já não se parte do pressuposto de que a • Didática é a disciplina pedagógica de caráter prático
intenção de ensinar resulte em uma aprendizagem e normativo que tem como objetivo específico a técnica
real. Enfoca-se, hoje, o final do processo: o ato de de incentivar e orientar eficazmente os alunos na sua
aprender. aprendizagem;

Assim, é necessário considerar a Didática como • Em relação ao seu conteúdo, é o conjunto


binômio humano (aluno - professor) e o binômio sistemático de princípios e normas, recursos e
cultural (matéria e método), para que os objetivos sejam procedimentos específicos para orientar os alunos na
alcançados.
aprendizagem das matérias programadas, tendo em
vista seus objetivos educativos;
Também é necessário um estudo comparativo entre
a Didática Tradicional e a Didática Moderna, levando
em consideração suas respectivas posições em • É a reflexão sistemática sobre o processo de ensino-
relação aos cinco componentes: aprendizagem que acontece no sistema escolar, mais
diretamente em sala de aula, buscando alternativas
para os problemas da prática pedagógica;
DIDÁTICA DIDÁTICA COMPONENTES
TRADICIONAL MODERNA • A Didática, como reflexão sistemática, é o estudo
das teorias de ensino e aprendizagem aplicadas no
A quem ensina? Quem aprende? O aluno processo educativo, como aos resultados obtidos;
Quem ensina? Com quem se O professor
aprende? • Estão presentes, na disciplina Didática, várias áreas
do conhecimento que pesquisam o desenvolvimento
Para que se ensi- Para que se Os objetivos
na? aprende?
humano: Filosofia, Sociologia, Psicologia,
Antropologia, História Política e Teorias de
O que se ensina? O que se apren- Os conteúdos Comunicação;
de?

Como se ensina? Como se apren- Os métodos • Como a aprendizagem é um processo intencional,


de? isto é, orientado por objetivos a serem alcançados por
seus participantes; interessa, então, que esse processo
consiga levar o aluno a aprender pela organização de
Esquematizando a conjuntura didática, temos: condições apropriadas;

Alunos OBJETIVOS Matéria • A sua principal função é como fazer o educando


Mestres Métodos aprender.

1.2. Didática para o Professor Competente


• Como fazer para que os alunos se interessem pela • Como despertar e manter a atenção do aluno?
matéria? • Como avaliar os alunos?
• Como motivar os alunos para que eles estudem? • Como nos comunicar para que os alunos nos
• Como resolver os casos de alunos indisciplinados entendam?
ou descontentes? • Como preparar bem as aulas?
• Como precisa ser o relacionamento com os os nossos ancestrais históricos, a didática foi utilizada,
14 responsáveis dos alunos? especialmente, na transmissão, aqui entre nós, utilizamos
a didática para transmissão de conteúdos tanto morais
como cognitivos. Com um aparente acentuamento
Nessa linha de pensamento, citamos Luckesi (in: hipertrofiado para este último. A educação
CANDAU, 2005: 26) para reafirmar sobre a questão em institucionalizada que compõe a nossa circunstância
discussão: histórica está, aparentemente, destinada à transmissão,
quase que exclusiva, de conteúdos dos diversos âmbitos do
conhecimento científico. Todavia, sabemos todos nós,
O papel da didática destina-se a atingir um fim – a formação
do educador. [...] entendo eu que o que, de imediato, nos que nas atividades do magistério e outras afins existe uma
carga imensa de conteúdos moralizantes, ou, ao menos,
interessa, a mim e aos presentes, é o educador, na formação
subjacentemente ideolologizante. Comprovando isso,
do qual a didática pretende ter um papel a seguir. [...], cabe
destacar que a didática, desde os tempos imemoriais dos estão aí os livros didáticos que, sob uma capa de
“objetividade” científica, transmitem a pura ideologia
gregos, significa um modo de facilitar o ensino e a
aprendizagem, de modo, de condutas desejáveis. Lá entre dominante (LUCKESI, In: CANDAU, 2005: 26).

1.3. Aspectos que Compõem a Didática


Na caminhada da teoria até a prática, o professor Assim, através destes aspectos, a teoria estará ligada
precisa respeitar alguns aspectos para que o aluno à prática.
seja bem conduzido. A saber, segundo Vasconcelos
(2005: 45): A Didática precisa ser vivida com a prática educativa
• Sociológicos: voltado para os interesses da no dia-a-dia em sala de aula. Entretanto, ela precisa
sociedade quando se trata dos conteúdos. respeitar suas dimensões:
• Psicológicos: aspectos voltados para a estrutura – Humana: vontade de todos que estão envolvidos
mental do aluno, ou seja, o seu desenvolvimento no processo ensino-aprendizagem.
intelectual. – Técnica: a organização intencional, formal e
• Filosóficos: aspectos interligados com os valores sistêmica que mobilize o processo educativo.
e os objetivos da educação, principalmente, com cada – Político-Social: Discute o currículo tanto em relação à
conteúdo apresentado. população quanto à ligação da parte técnica com a humana.

1.4. O que é Aprendizagem?


O binômio educacional ensino-aprendizagem existe No decorrer da história humana, podemos perceber
desde o início da humanidade. as notáveis modificações que a sociedade sofreu,
marcadas, principalmente, pelos efeitos da Revolução
O Homem, entre os demais seres da natureza, Agrícola e da Revolução Industrial.
encontra-se em uma constante predição evolutiva, por
ser dotado de uma consciência intencional. Para Valente (s/d), a partir dessas revoluções, surge
a invenção de novas técnicas na agricultura, na
Isso implica dizer que a complexidade dos fatores eletricidade e nas máquinas, decorrentes da
que envolvem a vida humana é captada e apreendida necessidade de ampliação dos negócios e
pelo Homem e, em um determinado momento, surgem enriquecimento da burguesia, o que levou as pessoas
as necessidades de transformá-la de acordo com as a mudarem sua forma de pensar e agir.
próprias carências e valores.
Nesse processo histórico, é alterado o
Para Beresford (2000), essa transformação se dá pelo desenvolvimento econômico, político, social e cultural.
fato de o Homem não ser produzido apenas Conseqüentemente, o papel do educador precisa partir
biologicamente, vivendo no mundo da natureza, como do pressuposto de que a educação só pode ser
os outros animais, mas porque sua existência é compreendida em um determinado contexto histórico,
construída pelo mundo da cultura. por ser “um fenômeno social amplo, complexo, através
do qual a sociedade, ao mesmo tempo, se renova e
A partir da relação com o meio sociocultural, o Homem perpetua” (MARES GUIA, 1999 : 7).
em comunicação com outros homens estabelece
desafios a fim de construir recursos que o auxiliem a A aprendizagem é um processo de aquisição e
obter uma melhor qualidade de vida que, assimilação consciente de novos padrões e novas
conseqüentemente, beneficiará toda a sociedade. formas de perceber, ser, pensar e agir.
O indivíduo só demonstra que aprende quando que lhe foi apresentado, ou seja, capaz de conceituar
ele é capaz de reelaborar de maneira diferente o e abstrair. 15

1.5. Tipos de Aprendizagem

O ensino visa à aprendizagem. Entretanto, esta é • Perceber se ao aluno tem maturação suficiente para
um fenômeno complexo, logo precisa ser subsidiada alcançar os objetivos propostos;
pelas diversas teorias de aprendizagem estudadas • A aprendizagem precisa partir de uma situação
pela Psicologia Educacional. concreta;
• Incentivar o aluno a interagir durante as aulas;
Os tipos de aprendizagem são: • Cabe ao professor oferecer um ambiente adequado
• Motora ou Motriz: consiste na aprendizagem que para que ocorra o ensino-aprendizagem.
envolve as habilidades motoras como: aprender a
andar, dirigir, cortar etc.; Assim sendo, o professor precisa perceber que o
mundo atual exige, cada vez mais, que a sua prática
• Cognitiva: está ligada às habilidades mentais, docente transforme as informações em conhecimento.
intelectuais, a aquisição de informações, ou seja, tudo O processo histórico-cultural constrói meios de
aquilo que depende do uso da memória; interação humano-social, os quais necessitam que as
informações sejam transformadas em opiniões para que
• Afetiva ou Emocional: diz respeito aos sentimentos os professores possam melhor entender o mundo e,
e emoções, relacionadas aos valores. assim, compreender melhor seus alunos.

Dessa forma, é necessário que ocorram algumas Entretanto, cabe ao professor ter a capacidade de
premissas para que o processo ensino-aprendizagem entender que cada aluno é um ser único, com
seja alcançado por todos os alunos, das quais características próprias.
consideramos relevantes:
• O professor precisa motivar o aluno; A maneira mais adequada de partir para uma ação
• É necessário que haja uma relação intrínseca entre docente eficaz é se iniciar lentamente no mundo da
o ensino e a aprendizagem; ciência, devido à complexidade que o ato educativo
• Não há ensino quando não existe aprendizagem; exige. Isso implica dizer que o cotidiano das práticas
• Promover a participação de todos; utilizando docentes deve ser iluminado pelos diferentes campos
técnicas e recursos; de conhecimento.
• Analisar o desenvolvimento biopsicossocial de
cada aluno; Dessa forma, é fundamental que o educador torne sua
• Elogiar e valorizar as atitudes positivas, pois abordagem mais consistente, passando pelas teorias
motivação gera motivação; de Piaget, Vygotsky, Freneit, Wallon e Paulo Freire, por
• Reconhecer se o aluno tem conhecimento prévio, considerarmos os pressupostos teóricos desses
ou seja, se existe prontidão para o conhecimento que autores premissas fundamentais ao sucesso do processo
irá aprender; ensino-aprendizagem.
UNIDADE II
16

AS TEORIAS PEDAGÓGICAS E SUAS


CONTRIBUÇÕES

Há tempos longínquos, o papel do processo Importantes contribuições para o processo educativo


educativo estava voltado, pura e simplesmente, para emanaram de psicólogos e pedagogos que,
o fato de passar informações que deveriam ser empenhados em comprovar a maneira como se
memorizadas em seus mínimos detalhes, para que processa aprendizagem, defendiam suas idéias através
pudessem ser transmitidas às novas gerações. de suas teorias a fim de explicar determinadas situações
e os passos para alcançar o processo ensino-
Como o processo educativo sempre buscou atingir aprendizagem.
um objetivo, esse tipo de ensino foi mudando na
medida em que filósofos, educadores e demais Essas teorias surgiram de pesquisas voltadas para o
especialistas, envolvidos de alguma forma com a campo da educação através de muito especialistas.
educação, foram buscando melhores caminhos para
que ocorresse uma aprendizagem real e formativa. Iremos destacar, apenas alguns deles.

2.1. Convergências e Divergências entre Piaget


e Vygotsky

De dois pontos diferentes, com trajetórias diversas, Dentro dessa perspectiva, a intenção de abordarmos
Jean Piaget (1896 – 1980) e Vygotsky (1896- 1934) o cabedal teórico de Piaget, Vygotsky, Paulo Freire,
construíram paradigmas que promoveram marcas Wallon e Freneit é pela intenção de iluminar a prática
profundas no pensamento pedagógico pedagógica dos professores.
contemporâneo.
Nesse sentido, mais do que encontrar a interpretação
A partir da discussão da perspectiva interacionista correta das teorias, iremos indagar a respeito dos
de Piaget e da dialética de Vygotsky, várias propostas paradigmas que nortearam o pensamento e a
pedagógicas surgiram como verdadeira onda investigação de cada autor.
redentora para responder aos problemas educacionais
brasileiros. Convergências entre Piaget e Vygotsky
O imobilismo e a inutilidade da escola, diante da Nasceram no mesmo ano e em lugares diferentes.
sociedade dividida em classes, fizeram com que • Piaget – 9 de agosto de 1896, na Suíça.
muitos estudiosos acreditassem que o sucesso • Vygotsky – 17 de novembro de 1896, na Rússia.
escolar aconteceria com a compreensão da
psicogênese piagetina. Em contrapartida, outros
Tanto Piaget quanto Vygotsky percebiam, claramente,
confiavam que só as abordagens de Piaget não
a necessidade de superar certas correntes
conseguiriam suprir a força de reprodução. Era
epistemológicas radicais que repousavam sobre a
necessário avançar a partir do pensamento dialético
concepção mecanicista da aprendizagem. Ambos
vygotskyano, ou seja, “fazer” algo diferente no
sentido de levar em conta a criança como sujeito do partilhavam do mesmo interesse, ou seja, a gênese dos
processo do próprio desenvolvimento. processos psicológicos, adotando abordagens teóricas
centradas simultaneamente na história e nos
Nessa ótica, exatamente neste contexto de mecanismos da aquisição ao longo do desenvolvimento.
inquietações, vários estudiosos, como Paulo Freire Entretanto, as abordagens entre Piaget e Vygotsky
(1921-1997) e Freneit (1896 –1966), promoveram sobre o desenvolvimento e a aprendizagem dão-se de
trabalhos com propostas para que a educação “recolha formas convergentes em muitos pontos.
da prática concreta dos sujeitos educacionais o seu
fundamento” (S.M.E., 1996: 97), a fim de que todos os Piaget pôde aprofundar mais os seus estudos e
cidadãos sejam ancorados e tenham oportunidades debater a sua teoria até 1930, enquanto Vygotsky só o
de socializarem conhecimentos. fez até 1934.
Divergências entre Piaget e Vygotsky desenvolvimento e à concepção sistemática do
pensamento, em diferentes patamares estruturais ao 17
Piaget tinha formação em Biologia e defendia que a longo da infância e da adolescência.
construção da aprendizagem é eminentemente
epistemológica científica, livre das influências Para Piaget, o sujeito constrói conhecimento
filosóficas ou ideológicas. O objetivo central de sua interagindo com o meio, mas, paradoxalmente
teoria é elucidar a atividade científica a partir de uma (contrário ao senso comum), este “meio” não inclui a
psicologia da inteligência, embora a sua teoria propicie cultura nem a história social dos homens, apenas é
respostas para área pedagógica. assinalada pelas estruturas do organismo que se
acomodam às novas exigências do ambiente,
Piaget nunca se preocupa com o “como fazer”, mostrando, assim, um comportamento adaptado a cada
portanto não se pode falar em métodos ou técnicas nova situação. Portanto, Piaget acredita que é pelo
piagetianas. Dos 70 livros e 200 artigos publicados, interior mesmo do organismo que se dá a articulação
em apenas dois deles, Piaget refere-se explicitamente entre as estruturas do sujeito e as da realidade física.
à educação. Recebeu o título de psicólogo aos 80 anos
pela grande contribuição a esta ciência. Piaget se livra de discutir as determinações sociais
na construção de uma teoria psicológica do
Vygotsky, entre 1917 e 1923, atuou como professor e indivíduo, pois o autor vai pela linearidade mecânica
pesquisador no campo das Artes, Literatura e da evolução do conhecimento. Para Piaget, o ser
Psicologia. A partir de 1924 aprofundou sua humano constrói conhecimentos em interação com o
investigação no campo da Psicologia, dirigida também meio social e natural, ou seja, é pela interação sujeito/
para o da Educação de Deficientes. objeto do conhecimento, juntamente pela análise dos
tipos de estruturas necessárias, que o sujeito se
Vygotsky pesquisava processos de mudança na apodera destes objetos.
história do sujeito, buscando a psicologia de forma
historicamente fundamentada, enraizada no Dessa forma, Piaget se dedica mais ao polo do
materialismo histórico e dialético. Construtivismo, não se aprofundando na relação
sujeito/sujeito.
Entre 1925 e 1934, desenvolveu estudos nas áreas
de Psicologia e anormalidades físicas e mentais com Piaget busca compreender as estruturas do pensamento
outros cientistas. Concluiu a formação em Medicina, a partir dos mecanismos internos que as produzem.
sendo convidado para dirigir o Departamento de
Psicologia do Instituto Soviético de Medicina Teoria de Vygotsky
Experimental.
Vygotsky é contra as etapas do desenvolvimento
OBRAS individual apontada por Piaget. Daí a sua preocupação
de apontar a compreensão dos aspectos da dinâmica
Piaget – Suas obras são bem divulgadas da sociedade e da cultura, em que o histórico-social
mundialmente. Ele pode aprofundar e debater a sua interfere no curso do desenvolvimento do sujeito. Isso
teoria até os anos 1980, portanto conseguiu discutir porque, acreditava que o indivíduo transforma tanto a
as críticas à luz de seus trabalhos posteriores, pois sua relação com a realidade quanto a sua consciência
faleceu somente em 1986, aos 90 anos. sobre ela.

Vygotsky – Suas obras foram pouco traduzidas, Para Vygotsky (1993), a internalização de um sistema
embora sejam intensas. A sua pesquisa foi interrompida de signos produzidos culturalmente provoca
quando se encontrava em via de construção, pois transformações na consciência do homem individual
Vygotsky faleceu em 1934, aos 37 anos de idade. sobre a realidade, ou seja, o homem assimila os valores
culturais de seu ambiente, e, ao mesmo tempo,
Entretanto, a divulgação de sua obra se dá através desenvolve uma consciência crítica sobre os mesmos.
de seus colaboradores, dos quais os mais conhecidos Assim, o indivíduo se torna capaz de se transformar e
entre nós são: Luria e Leontiev.
atender as novas exigências de seu contexto social.

Teoria de Piaget Dessa forma, Vygotsky acredita que o reflexo do mundo


externo sobre o mundo interno é a constante variável,
A perspectiva cognitivista-interacionista é apontada imprescindível ao desenvolvimento do indivíduo. Sendo
por Piaget ancorada nos mecanismos de modelo assim, para o autor, a natureza sociocultural se torna
biológico, no que se refere à dinâmica do indispensável à natureza psicológica das pessoas.
Piaget – A Aprendizagem Depende do criança, nem são impostas de fora para dentro, por pressão
18 Desenvolvimento Atingido pelo Sujeito
do meio. São construídas por cada indivíduo ao longo do
processo de desenvolvimento, processos estes entendidos
como sucessão de estágios que se diferenciam uns dos outros
por mudanças qualitativas. Mudanças que permitem não só
Piaget prioriza o pensamento, secundarizando o papel
assimilação de objeto de conhecimento compatível com as
da linguagem no desenvolvimento do pensamento. O possibilidades já construídas através da acomodação, mas
autor aponta a superioridade das estruturas cognitivas também que sirvam de ponto de partida para novas
em relação à linguagem. construções (adaptação) (S.M.E., 1996: 41).

Piaget procurou abordar as mudanças qualitativas


Vygotsky - Aprendizagem Favorece o
pelas quais a criança passa desde o estágio inicial de
uma inteligência prática (sensório-motor) até o Desenvolvimento do Sujeito
pensamento formal, lógico-dedutivo, que se dá a partir
da adolescência. Vygotsky tem a preocupação de buscar a
compreensão do sujeito “interativo”, pois acredita que
Esses estágios, segundo Piaget (1976: 56) são: a constituição do indivíduo funda-se a partir das
• Sensório-motor (até 2 anos de idade) – anterior à relações intra e interpessoais.
linguagem;
• Pré-operatório (dos 2 aos 6 anos de idade) – O autor assinala que a partir da abordagem histórico-
pensamento indutivo, racionando a partir da intuição social é que o indivíduo se orienta e analisa a
e não de uma lógica semelhante à do adulto; construção do conhecimento ou do pensamento, ou
• Operatório-concreto (dos 7 aos 12 anos de idade) – seja, pela unidade dinâmica da relação pensamento/
a criança torna-se capaz de efetuar operações linguagem. Para o autor, não há lugar para dicotomia,
mentalmente, lembrando o todo, enquanto divide partes; tudo está em movimento, pois acredita que não há
• Operações formais (a partir de 12 anos de idade) – fenômeno isolado. A vida é formada por elementos
capacidade de pensar sobre idéias abstratas; contraditórios, coexistindo em uma totalidade rica, viva
• Maturidade intelectual (aproximadamente aos 15 e em constante mudança. Portanto, o indivíduo não
anos de idade). pode ser fragmentado ou imobilizado de forma artificial.

Para Piaget, a criança, em um primeiro momento, Linguagem / Pensamento


desconhece as regras (anomia), só depois que as recebe
de “fora para dentro” (heteronomia) é que ela consegue
Piaget – Opõe-se à idéia de que a linguagem, em geral,
caminhar para rejeitar, criticar, aceitar, refletir sobre
seja responsável pelo pensamento. Para o autor, a
valores e convenções sociais, culminando com a
imagem mental nada mais é do que a imitação
construção da autonomia.
interiorizada, portanto a ação engendra a representação.
Piaget investiga a compreensão das estruturas do
Segundo Piaget, a linguagem é indicadora do
pensamento a partir dos mecanismos internos que
pensamento de um sujeito cognitivo, ficando de fora a
as produzem. Para Piaget, todo indivíduo não
efetividade. Privilegia em sua análise interacionista
consegue conceber o que se passa à sua volta de
construtivista a superioridade das estruturas
forma imediata apenas com um simples contato com
os objetos. Para o autor, vão depender da maturação cognitivistas em relação à linguagem. Sendo assim, os
biológica experiências, trocas interpessoais e estágios do pensamento infantil são obstáculos
transmissões culturais. epistemológicos que dificultam o avanço da questão.

Segundo Piaget (1996: 39), “o conhecimento resulta Piaget secundariza a linguagem, pois para o autor o
de uma inter-relação entre o sujeito que conhece e o conhecimento se constitui a partir da atividade de um
objeto a ser conhecido”. sujeito primordialmente epistêmico e
secundariamente social.
Nesse sentido, citamos a Multieducação para
clarearmos a nossa afirmação: Segundo Piaget, em um primeiro momento a criança
apresenta uma linguagem egocêntrica, ou seja, fala de
Cabe à sociedade, através das instituições, como a família e si própria sem interesse por seu interlocutor. Isso
a escola, propiciar experiências, trocas interpessoais e porque ela não tenta se comunicar e nem espera
conteúdos culturais que, interagindo com o processo de resposta. Piaget acredita que essa fase começa a
maturação biológica, permitem à criança e ao adolescente
desaparecer aproximadamente na idade escolar.
atingir a capacidade, cada vez mais elaborada, de conhecer
e atuar no mundo físico e social.
[...] a lógica, a moral, a linguagem e a compreensão de Para Piaget, existe a dualidade entre pensamento e
regras sociais não são inatas, ou seja, pré-formadas na linguagem. O autor não aceita o caráter socializador
como base na formação do pensamento ou da variedade complexa de respostas que incluem: tentativas
consciência. Sendo assim, o pensamento é diretas de atingir o objetivo, o uso de instrumentos, fala 19
dirigida à pessoa que conduz o experimento ou fala que
considerado como estrutura lógica de raciocínio e o simplesmente acompanha a ação e apelos verbais diretos
conhecimento é o resultado da construção científica ao objeto de atenção.
feita pelo homem. Logo, a linguagem se torna apenas Quando analisado dinamicamente, esse amálgama de fala e
sintonia de nível intelectual subjacente da criança. ação tem uma função muito específica na história do
desenvolvimento da criança; demonstra também a lógica
da sua própria gênese. Desde os primeiros dias do
Vygotsky considera que é na relação dialógica entre desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um
sujeitos que o indivíduo descobre na palavra a significado próprio num sistema de comportamento social
possibilidade infinita de expandir a fala contextualizada e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratadas através
para além de seus limites. Portanto, o autor pondera do prisma do ambiente da criança. O caminho do objeto
que as interações sociais são espaços privilegiados até a criança e desta até o objeto passa através de outra
pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de
de construção de sentidos onde a linguagem é criação um processo de desenvolvimento profundamente enraizado
do sujeito. Nesse sentido, inclui a afetividade, sendo nas ligações entre história individual e história social
ela que permeia toda produção artística e cultural, (VYGOTSKY, 1993: 33).
ficando de fora outras formas de expressão do
conhecimento humano que extrapolam os limites de
uma compreensão lógica de realidade.
Ressonâncias na Educação: Piaget e
Vygotsky
Para Vygotsky, tudo está em movimento pela causa
dos elementos contraditórios, coexistindo em uma Após a análise entre Piaget e Vygotsky, concluímos
mesma totalidade rica, viva e em constante mudança. que Piaget vê o sujeito fundamentalmente epistêmico,
Não há lugar para dicotomia que isole o fenômeno, portanto cognitivo, enquanto Vygotsky vê o sujeito
fragmentando-o ou imobilizando-o de maneira artificial. fundamentalmente social, que se constitui na história e
Sendo assim, o autor afirma que não podemos separar na cultura; o desenvolvimento da criança é o processo
a relação pensamento/linguagem. pelo qual ela se apropria da experiência acumulada pelo
gênero humano no decurso da história social.
Nessa concepção, o autor ressalta a linguagem
constituidora da consciência, como espaço Percebemos que o ponto comum entre Piaget e
privilegiado da construção de sentidos e marcado Vygotsky é que ambos se opõem ao associacionismo
essencialmente pela dimensão humana. empirista e ao idealismo racionalista. Isso significa que
os dois autores contestam a exposição de conceitos
Vygotsky não prioriza o pensamento em detrimento à de forma objetiva, em que o professor se considera
linguagem, pois sua análise parte da inter-relação entre como o centro do processo, cuja função do aluno é de
ambos. Para o autor, a fala contém sempre um apenas assimilar, de forma eficiente, os conteúdos
pensamento oculto, um subtexto, pois todo o transmitidos.
pensamento encerra desejos, necessidades, emoções.
Logo, a compreensão do pensamento do outro depende Embora Piaget nunca tenha proposto um método
da interação do ouvinte com base afetivo-volitiva. de ensino, a teoria do conhecimento proposta pelo
Sendo assim, não basta ouvir para compreender. autor tem sido pouco a pouco utilizada por vários
professores e pedagogos que acreditam na
De acordo com Vygotsky, a linguagem egocêntrica necessidade de estabelecer a mediação entre o
direciona e transforma a atividade em nível de sujeito cognoscente e o objeto cognoscível, para
pensamento intencional. É um estágio transitório na que se encontre o êxito na aprendizagem. Desse
evolução da fala oral para a fala interior, portanto a modo, considerar as atividades espontâneas da
linguagem interior é adquirida pela criança através dos criança, como nos aponta Piaget, é permiti-la a
conhecimentos sociais e, ao mesmo tempo, é desenvolver a criatividade e a autonomia a fim de
responsável pela construção de sua subjetividade. que ela possa resolver situações problemas e
Assim sendo, a dialética entre pensamento e construir conceitos.
linguagem no decurso da história social é essencial.
Os conteúdos da experiência histórica do homem não Todavia, é necessária uma avaliação mais fecunda
estão consolidados somente nas coisas materiais, mas, entre as limitações dos pressupostos teóricos e de
sobretudo, encontram-se generalizados sobre esses suas conseqüências para intervenção educacional. A
conteúdos e se refletem nas formas verbais de ênfase que Piaget dá ao modelo biológico de adaptação
comunicação produzidas entre os homens. do organismo ao meio, submetendo os aspectos
socioculturais a um papel secundário na constituição
[...] quando as crianças se confrontam com um problema do sujeito e atribuindo um peso menor às relações
um pouco mais complicado para elas, apresentam uma sociais, afetivas e lingüísticas no desenvolvimento da
criança, é perceber que a sua teoria pode influenciar social, reconhecendo a interferência do sujeito e a
20 atitudes discriminatórias e a interpretação dos dimensão social.
estágios de desenvolvimento como “verdadeiros”
e inquestionáveis e como critério único para ação Sendo assim, podemos ressaltar que a obra de Piaget
do educador. e de Vygotsky são de extrema valia para que as práticas
pedagógicas tenham sucesso, logo é fundamental não
Devemos estar atentos ao questionamento de retardarmos mais ainda o aprofundamento dessas duas
Vygotsky quando ele salienta que o aprendizado teorias e nem seus confrontos.
começa muito antes da entrada da criança na escola,
cujo aprendizado escolar produz algo novo no Acreditamos que é no caráter dialógico desta
desenvolvimento infantil. comparação que se revela a possibilidade de uma
teoria do conhecimento renovadora e atual,
Vygotsky propõe o conceito de zona de auxiliando, assim, o avanço em respeito à qualidade
desenvolvimento proximal para explicar o processo de das práticas educativas.
aprendizagem considerando o nível de desenvolvimento
real (manifesto ação) e, simultaneamente, o nível de O verdadeiro papel do educador não é mais aquele
desenvolvimento potencial (determinado através da de perceber a criança como um sujeito em
solução de problemas sob orientação de um adulto ou crescimento, em processo, que irá se tornar alguém
em colaboração com demais parceiros). um dia. É imprescindível ao docente o reconhecimento
que a criança já é alguém hoje, em sua casa, na rua e
Para Vygotsky (1993), enquanto o nível de no trabalho, que nasce com uma história de vida
desenvolvimento real caracteriza-se pelo desenvolvimento única, que se faz na cultura e pertence a uma classe
mental retrospectivamente, o nível potencial caracteriza- social, portanto a criança é muito mais do que
se pelo desenvolvimento prospectivamente, onde a zona exemplos de fases de uma escala de desenvolvimento,
de desenvolvimento proximal é que define as funções em como afirma Vygotsky (1993).
processo de maturação.
Hoje, não há lugar mais para alunos e nem
Neste sentido, aquilo que é zona de desenvolvimento professores imóveis, olhares fixos no quadro-
proximal, hoje, será nível de desenvolvimento real negro, nem cabeças sobre o caderno. É
amanhã. Sendo assim, para Vygotsky (1993: 15) “o bom necessário propiciar a livre expressão através das
aprendizado é somente aquele que se adianta ao diferentes linguagens, com o colorido da
desenvolvimento”. imaginação e da fantasia de todos os alunos
presentes em sala de aula.
Consideramos que Vygotsky tenha ultrapassado Piaget
no modo de conceber o desenvolvimento humano, isso Cada um de nós, professores, junto aos nossos
porque para Piaget o desenvolvimento do pensamento é alunos, precisamos descobrir o melhor caminho e
a adaptação do indivíduo ao meio físico e social, enquanto analisar a afirmação de Faya Ostrower (2001):
para Vygotsky o desenvolvimento do pensamento é um Seu caminho cada um terá que descobri por si. Descobrirá
processo essencialmente dialético, em que o sujeito caminhando. Contudo, jamais seu caminho será aleatório.
transforma e é transformado pela realidade física, social e Cada um parte de dados reais, apenas o caminho há de lhe
cultural onde se encontra. ensinar como os poderá colocar e como com eles irão lidar.
Caminhando saberá. Andando o indivíduo configura o seu
caminho. Cria formas, dentro de si e ao redor de si. E assim
Para Piaget, o que está em jogo é a construção do como na arte o artista se procura nas formas de imagem
conhecimento científico, em que o indivíduo se criada, cada indivíduo se procura nas formas do seu fazer,
constrói na relação sujeito-objeto. Para Vygotsky, o nas formas do seu viver. Chegará ao seu destino. Encontrando,
que está em jogo é a construção do conhecimento saberá o que buscou (OSTROWER, 2001: 26).

2.2. O Pensamento e a Prática de Freneit

Segundo Maury (1996), a pedagogia de Freneit tem Nascido em 1896 na França e com formação em magistério,
uma proposta mais próxima da teoria de Piaget, por acreditar Freneit não se limitou a ser um mero professor, mas um
que o processo do conhecimento se dê no processo de estudioso e pesquisador cujo centro de sua pedagogia está
sucessivas construções. Entretanto, Freneit não mergulha na forma como a criança aprende. Questiona as normas
em pressupostos científicos e nem busca construir um rígidas de ensinar e seus métodos convencionais e procura
método, o seu sonho é criar um movimento pedagógico apontar procedimentos e princípios na possibilidade de
de renovação da escola. inovar e criar constantemente as práticas pedagógicas.
Com as idéias da Escola Nova, Freneit constrói com comunista ou uma pessoa que apenas oferece um
seus alunos um corpo pedagógico teórico aliado às receituário desprovido de conteúdo ideológico. 21
práticas pedagógicas vivas em sua classe.
Contra a escola que transmite um saber alienado e
Em 1927, as idéias e as práticas de Freneit extrapolam artificial sem dar sentido à realidade, Freneit ressalta o
os limites de sua escola e de sua aldeia, após a sua processo de construção e reconstrução cotidiana dos
participação no Congresso Internacional de Educação. saberes dentro de relações concretas e históricas. Freneit
O autor publica o primeiro número da Biblioteca de sugere que se abra a possibilidade para as crianças das
Trabalho, composto por brochuras escritas por seus classes populares trazerem suas experiências de vida e
alunos, conhecido como Fichário Escolar Cooperativo. de classe social para a sala de aula. Para isso, Freneit
considera fundamental a confiança e o respeito ao ser
Em 1932, o movimento educacional iniciado por humano, a escola aberta para a vida e para o futuro,
Freneit já se espalha pela Bélgica e Espanha e suas livre expressão, trabalho visto com agente formador do
idéias passam a incomodar os conservadores ser social, cooperativismo e senso de coletividade.
franceses, resultando o afastamento de Freneit da
escola Saint Paul. Desde 1966, Freneit já não está entre nós, contudo,
mesmo não sabendo o número de professores que
A partir de 1934, com ajuda de doações, Freneit constrói seguem a sua pedagogia, percebemos o quanto a sua
a célebre Escola de Vence e, em 1935, ele começa a proposta continua a ser seguida por vários educadores
matricular alunos. Entretanto, o Ministério de Educação que acreditam na defesa da fraternidade, do respeito,
se recusa a reconhecer a sua instituição e, em da dignidade, da alegria e da esperança otimista na vida.
conseqüência desse episódio, Freneit passa a trabalhar
arduamente para criar o Conselho Cooperativo (gestão Segundo a revista Nova Escola de 1994, os princípios
participativa), os jornais-murais, a empresa escolar, as frenetianos estão condensados no que ele chamou de
fichas auto-corretivas, a correspondência escolar, os invariantes pedagógicas, quase um auto-de-fé em 30
ateliês de arte, aulas-passeio e o Livro da Vida. itens, em que o professor deve rever a cada ano para
avaliar se está ou não evoluindo em sua prática.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Freneit é preso
e fica seriamente doente. Porém, durante o período As invariantes são:
de seu restabelecimento, Freneit escreve a maior parte • A criança e o adulto têm a mesma natureza;
de sua obra. • Ser maior não significa necessariamente estar acima
dos outros;
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (1996), • O comportamento escolar de uma criança depende
nos anos 50, sua pedagogia já se espalhara pelo de seu estado fisiológico e orgânico e de toda a sua
mundo com fortes raízes sociais e políticas. O autor constituição;
cria um movimento em prol da escola popular, • A criança e o adulto não gostam de imposições
distinguindo-se dos demais pensadores do movimento autoritárias;
da Escola Nova da Europa. • Ambos não gostam de disciplinas rígidas, ou seja,
obedecer passivamente a uma ordem externa;
Na verdade, Freneit foi um professor que quebrou as • Ninguém gosta de trabalhar por coerção; a coerção
regras do jogo educacional de sua época. Ele teve um é paralisante;
sonho que procurou realizar, ou seja, educar crianças • Todos gostam de escolher seu próprio trabalho,
de classes populares, construindo uma escola mesmo que a escolha não acabe sendo a mais
socialista, onde o sentimento “coletivo” imperava o vantajosa;
individualismo. • A motivação para o trabalho é fundamental;
• É preciso abolir a escolástica, porque ela não prepara
Freneit critica o trabalho alienado e defende uma educação para vida;
que permita às crianças e adolescentes realizarem uma • A experiência tateante é uma conduta natural e
reflexão crítica das formas de exploração de trabalho. Ao universal;
mesmo tempo, ele faz uma análise do trabalho pedagógico • A memória não é preciosa, a não ser quando
fragmentado e alienador. Para Freneit, o trabalho é uma integrada ao tateamento experimental;
necessidade para homens, não devendo fazer distinção • Estudar regras e leis é colocar o carro à frente dos bois;
entre trabalho intelectual e manual. • A inteligência não é uma faculdade isolada e
fechada;
No entanto, muitos julgam Freneit como um mero • A escola cultiva apenas a forma abstrata de
criador de recursos didáticos, um inventor de pacotes inteligência;
de atividades, possíveis de serem aplicados a qualquer • A criança não gosta de receber lições ex-cathedra
contexto. Outros consideram Freneit como doutrinador (impostas);
• A criança não se cansa do trabalho que seja • O respeito entre adultos e crianças é uma das
22 funcional; primeiras condições de renovação da escola;
• Ninguém gosta de ser controlado e castigado, • É normal que qualquer mudança na escola provoque
sobretudo em público; reações contrárias;
• Notas e classificação são erro; • É preciso ter esperança otimista na vida.
• O professor deve falar cada vez menos;
• A criança prefere trabalho em equipe cooperativa; Parafraseando a Multieducação, podemos sinalizar que
• A ordem e a disciplina são necessárias na sala de aula; a Pedagogia de Freneit não nasceu da prática mecânica,
• Castigos é sempre um erro; repetida e desprovida de sentido, mas da ousadia, da
• A vida escolar tem de ser cooperativa; insatisfação, do estudo, da reflexão, da experimentação
• A sobrecarga das classes é um erro; e do compromisso com uma escola democrática e
• A democracia de amanhã se prepara na democracia popular. Uma escola que desse aos filhos do povo os
da escola; instrumentos necessários à sua emancipação.

2.3. O Pensamento e a Prática de Paulo Freire

Para a Secretaria Municipal de Educação (1996), falar ambiente alfabetizador. A codificação e a decodificação
de educação sem apontar Paulo Freire é como falar de precisam ser na consciência do mundo vivido;
amor sem paixão, de esperança sem sonho. Este
pernambucano, nascido em 19 de setembro de 1921, c) Problematização: nesta etapa, Freire não buscava
ficou conhecido em todo o mundo pela sua apenas que os alunos falassem de política, mas
metodologia de alfabetização de adulto e foi fundamentalmente, compreendessem a importância de
reconhecido com o educador do século XX. sua interferência na vida política. Sendo assim, Freire
considerava que o educador é o contribuinte para a
Paulo Freire não gostava de ser apontado como “desocultação” das verdades postas pela ideologia
criador de um método. Ele sempre afirmava que a sua dominante. É a superação da visão mágica, evidencia-
maior preocupação, em relação à educação das classes se a necessidade de uma ação concreta, cultural, social
populares, era de levar à construção de uma verdadeira e política para a superação dos obstáculos do processo
concepção política do ato de educar. Para isso, ele homogeneização.
adotava como principais fundamentos para a prática
educativa: a valorização do cotidiano do aluno e a Para Freire (1999: 28), todo educador precisa ser
construção de uma práxis educativa que estimule à “substantivamente político e adjetivamente
leitura crítica do mundo. pedagógico”, pois a figura do professor é essencial
para construir nos alunos a consciência crítica,
Na visão de Paulo Freire (1999), a verdadeira educação possibilitando-lhes a serem sujeitos de sua própria
é aquela que não separa, em momento nenhum, o ensino história de vida.
dos conteúdos do desenvolvimento da realidade.
Freire sempre criticou as pessoas que acreditam na
Em seu trabalho de alfabetização de adultos, ele educação como capaz de, por si só, promover as
empreendeu uma perspectiva metodológica que transformações democráticas que a sociedade tanto
evidenciava as seguintes etapas: necessita. Com isso, ele recrimina a crença de que só
depois de as mudanças infra-estruturais acontecerem
a) Investigação do universo vocabular da comunidade é que podemos desenvolver uma educação com o
de alfabetizados: todos estão à volta de uma equipe de potencial transformador.
trabalho que não tem um professor ou um
alfabetizador, mas um coordenador, animador de Segundo ele, o indivíduo é um sujeito ativo na
debates que, como um companheiro alfabetizado, sociedade porque vive em permanente movimento
participa de uma atividade comum em que todos histórico, cujas transformações ocorrem pelas ações
ensinam e aprendem pelo diálogo. Portanto, as mútuas.
palavras geradoras para a alfabetização são aquelas
trazidas pelos alunos. Através delas é que se gera um O educador precisa ter uma formação sob uma
debate em torno de temas vinculados ao cotidiano perspectiva holística, em que articule a relação
dos alunos; dialética, prática x teoria x prática, comprometida com
os interesses amplos da maioria da população, com a
b) Tematização: representação do modo de vida dos democracia, com a justiça, com a liberdade e os direitos
alunos, propiciando, assim, o surgimento de um da cidadania, ou seja, que o educador assuma o papel
de mediador na construção da cidadania, na conjuntura • Veiculação de veículos positivos, encorajando os
histórica em que se insere. alunos a resgatar a própria identidade; 23
• União do grupo;
Sendo assim, Freire sinaliza que o papel do educador • Disposição de carteiras na sala de aula em forma de
hoje é de eterno pesquisador, pois só assim ele é capaz círculo;
de se tornar um eficaz e interessado divulgador de • Atividades baseadas simultaneamente em letras,
conhecimentos históricos e construídos crítica e palavras, frases, textos e números, sendo que cada um
coletivamente. Portanto, a compreensão de educar está envolve diversos aspectos;
na aplicação dos conhecimentos que venham • Ênfase em atividades que permitam a cada aluno
contribuir para o avanço das condições social, expor seu pensamento, seja oralmente ou através da
econômica e política. escrita, liberando-os para que escrevam como sabem,
animando, organizando, instruindo e, acima de tudo,
Neste entendimento, é de grande importância que acreditando na capacidade de aprender de cada um;
reflitamos a respeito das palavras dele: • Deslocar o eixo de indivíduo para sujeito;
• Olhar a escrita enquanto representação da
A responsabilidade ética, política e profissional do linguagem e não como simples transcrição gráfica de
ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se capacitar, um código estabelecido;
de se formar antes mesmo de iniciar sua atividade docente.
Esta atividade exige que sua preparação, sua capacitação e
• A mobilidade cognitiva, sem a rigidez. Para que haja
sua formação se tornem processos permanentes. Sua a mobilidade cognitiva é necessário que se tenha
experiência docente, se bem percebida e bem vivida, vai muitos elementos simultaneamente,enquanto a rigidez
deixando claro que requer uma formação permanente do funciona melhor com a unidade deles.
ensinante. Formação que se funda na análise crítica de sua
prática (FREIRE, 1999: 28).
Sobre o aprender, Freire (1999) destaca sete pontos
fundamentais:
Princípios da Pedagogia de Freire 1) Aprendemos ao longo de toda a vida;
2) Aprender não é acumular conhecimentos;
• Exclusão de qualquer método, cujos passos 3) É importante pensar coisas novas;
uniformizem as informações, como se uniformes fossem 4) É o sujeito ativo que aprende;
todos os alunos; 5) Aprende-se o que é significativo para si e para o
• Participação coletiva na discussão / sistematização planeta;
dos assuntos (atividades criadoras); 6) É preciso tempo para aprender;
• Integração de todas as disciplinas, cujo currículo se 7) É preciso ter um projeto de vida.
constrói a partir das necessidades históricas e naturais;
• Valorização do saber trazido pelos alunos; Atualmente, o método de Paulo Freire é considerado
• Inclusão do prazer e da dor; uma teoria do conhecimento porque se pauta em quatro
• Problematização constante de toda e qualquer pontos:
questão, pois o processo educacional passa ser 1) curiosidade estimulando a leitura de mundo;
essencialmente político, ou seja, tem de enxergar 2) diálogo com o outro permitindo verificar se esta
por baixo da superfície de fatos e implica uma práxis leitura é verdadeira, pois inclui o conflito de posições;
(crítica da realidade/pronunciamento do mundo); 3) educação é ato produtivo, pois constrói o mundo
• Não dar respostas às perguntas sem antes em conjunto com outros, onde se produz e reproduz o
questionar os alunos sobre o que pensam a respeito conhecimento, através do construtivismo crítico;
até que a resposta seja parcial ou totalmente 4) educação como ato de libertação e de esperança,
respondida por cada um que pergunta; capaz de despertar o sonho, de reencantar.

2.4. A Aprendizagem Cognitiva, Segundo Wallon

Na perspectiva genética de Henri Wallon, inteligência Henri Wallon reconstruiu o seu modelo de análise ao
e afetividade estão integradas: a evolução da afetividade pensar no desenvolvimento humano, estudando-o a
depende das construções realizadas no plano da partir do desenvolvimento psíquico da criança. Desta
inteligência, assim como a evolução da inteligência forma, o desenvolvimento da criança aparece de forma
depende das construções afetivas. No entanto, o autor descontínua, marcada por contradições e conflitos,
admite que, ao longo do desenvolvimento humano, resultado da maturação e das condições ambientais,
existem fases em que predominam o afetivo e fases em provocando alterações qualitativas no seu
que predominam a inteligência. comportamento em geral.
Esse pesquisador também utiliza o referencial do Segundo Almeida:
24 materialismo histórico quando apresenta a relação
Seu método consiste em estudar as condições materiais do
entre o homem e o meio, sendo determinado pelo
desenvolvimento da criança, condições tanto orgânicas
contexto histórico e pelas bases materiais entre quanto sociais, e em ver como se edifica, através destas
natureza e sociedade humana. condições, um novo plano de realidade, o psiquismo, a
personalidade (ALMEIDA, 2000: 15).
A passagem dos estágios de desenvolvimento não
se dá linearmente por ampliação, mas por reformulação, Wallon confere então um papel de destaque para a
instalando-se no momento da passagem de uma etapa função da escola, pois para ele, o meio escolar é
a outra, crises que afetam a conduta da criança. indispensável ao desenvolvimento da criança, pois
ela não deve receber exclusivamente a ação do meio
Conflitos se instalam nesse processo e são de origem familiar, porque apresenta a necessidade de freqüentar
exógena quando resultantes dos desencontros entre meios menos estruturados e menos carregados
as ações da criança e o ambiente exterior, estruturado efetivamente.
pelos adultos e pela cultura e são endógenos quando
gerados pelos efeitos da maturação nervosa. Esses Para ele, “[…] a escola é um meio mais rico, mais
conflitos são propulsores do desenvolvimento. diversificado e oferece à criança a oportunidade de
conviver com seus contemporâneos e com adultos
Para Wallon (1995), os cinco estágios de que não possuem o mesmo status que seus pais”
desenvolvimento do ser humano sucedem-se em fases, (WALLON apud WEREBE, 1995:78). Ou seja, a
com predominância afetiva e cognitiva: educação é um fato social e a escola possibilita à
criança viver novos relacionamentos (pais,
Impulsivo-emocional: ocorre no primeiro ano de vida. professores, colegas), o que promove a aprendizagem
A predominância da afetividade orienta as primeiras social e a tomada de consciência da sua própria
reações do bebê às pessoas, às quais intermedeiam personalidade.
sua relação com o mundo físico;
A gênese da inteligência é genética e organicamente
Sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos: social. Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento
aqui, a aquisição da marcha e da compreensão dá à cognitivo de Wallon é centrada na psicogênese da
criança maior autonomia na manipulação de objetos e pessoa completa.
na exploração dos espaços.
Wallon (1995) reconstruiu o seu modelo de análise
Também, nesse estágio, ocorre o desenvolvimento
ao pensar no desenvolvimento humano, estudando-o
da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo
a partir do desenvolvimento psíquico da criança.
refere-se ao fato de a ação do pensamento precisar
Assim, o desenvolvimento da criança aparece
dos gestos para se exteriorizar. O ato mental “projeta-
descontínuo, marcado por contradições e conflitos,
se” em atos motores.
resultado da maturação e das condições ambientais,
• Personalismo: ocorre dos três aos seis anos. Nesse provocando alterações qualitativas no seu
estágio desenvolve-se a construção da consciência comportamento em geral.
de si mediante as interações sociais, reorientando o
interesse das crianças pelas pessoas; Esse pesquisador realiza um estudo que é centrado
• Categorial: nesse estágio, os progressos na criança contextualizada, cujo ritmo no qual se
intelectuais dirigem o interesse da criança para as sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo,
coisas, para o conhecimento e conquista do mundo marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas,
exterior; provocando em cada etapa profundas mudanças nas
• Predominância funcional: aqui ocorre nova anteriores.
definição dos contornos da personalidade,
desestruturados devido às modificações corporais Ele atribui à emoção, como os sentimentos e desejos
resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, são manifestações da vida afetiva, um papel
morais e existenciais são trazidas à tona. fundamental no processo de desenvolvimento
humano. Entende-se por emoção formas corporais
Na sucessão de estágios há uma alternância entre as de expressar o estado de espírito da pessoa, ou seja,
formas de atividades e de interesses da criança, são manifestações físicas, alterações orgânicas, como
denominada de “alternância funcional”, onde cada fase frio na barriga, secura na boca, choro, dificuldades
predominante (de dominância, afetividade, cognição) na digestão, mudança no ritmo da respiração,
incorpora as conquistas realizadas pela outra fase, mudança no batimento cardíaco etc., enfim, reações
construindo-se reciprocamente, em um permanente intensas do organismo resultantes de um estado
processo de integração e diferenciação. afetivo penoso ou agradável.
A palavra emoção significa, originariamente, “E” (do passado, ou a programar seu futuro. Nesse momento,
latim ex) = para fora, “moção” = movimento. precisa se diferenciar do outro, daquele que, até então, 25
estava como que absorvido no seu meio social. Querendo
Quando nasce uma criança, todo contato ser diferente daqueles, não aceitando mais as imposições
estabelecido com pessoas que cuidam dela é feito via que são feitas pelos adultos (fase do negativismo),
emoção. A criança manifesta corporalmente o que está imitando-os e assim percebendo as diferenças entre si
sentindo; por exemplo, quando está com o desconforto mesma e o modelo imitado, a criança vai construindo sua
da fome ou frio, ela chora. psique, aqui volta o predomínio da função afetiva.

Wallon (1995) destaca o caráter social da criança Conforme a criança vai crescendo, as crises emotivas
neste sentido, pois se não houvesse a atenção do vão se reduzindo, os ataques de choro, birras, surtos
adulto, nessa fase inicial de sua vida, atendendo-a de alegria, cenas tão comuns na infância, vão sendo
naquilo que ela precisa, a qual é manifestada em forma melhores controlados pela razão, em um trabalho de
de emoção, a criança simplesmente morreria. desenvolvimento da pessoa, cujas emoções vão sendo
subordinadas ao controle das funções psíquicas
Além disso: superiores da razão.

chorar, gritar, estremecer são remédios para as inevitáveis A criança volta-se naturalmente ao mundo real em uma
tensões da vida. A existência de um bebê é repleta de tentativa de organizar seus conhecimentos adquiridos
frustrações, de questionamentos de medos, de manifestações
de raiva... Por mais bem cuidados que sejam, todos os bebês
até, então, sob o predomínio da função cognitiva.
têm necessidade de chorar. A emoção permite que eles
recuperem as energias, consigam reconstruir-se depois de Na adolescência, cai na malha da emoção novamente,
terem sofrido um desgosto (Ibidem: 15). cumprindo uma nova tarefa de reconstrução de si, desde
o eu corporal até o eu psíquico, percebendo-se em um
Ainda segundo Wallon (1995), quando, em alguma mundo por ele mesmo organizado diferentemente. Assim,
situação da nossa vida, há o predomínio da função por toda a vida, razão e emoção vão se alternando em
cognitiva, estamos voltados para a construção do real, uma relação de filiação e, ao mesmo tempo, de oposição.
como quando classificamos objetos, fazemos operações
matemáticas, definimos conceitos etc. Bem como há o Portanto, todo processo de educação significa também
predomínio da função afetiva. Neste momento, estamos a constituição de um sujeito. A criança, seja em casa, na
voltados para nós mesmos, fazendo uma elaboração do escola, em todo lugar, está se constituindo como ser
EU. Como exemplo, as experiências carregadas de humano, através de suas experiências com o outro, naquele
emoção: o nascimento de um filho, a perda de um ente lugar, naquele momento. A construção do real vai
querido ou algo assim. No impacto da emoção, nossa acontecendo através de informações e desafios sobre as
preocupação é a construção que fazemos de um novo coisas do mundo, mas o aspecto afetivo nessa construção
eu, a mulher que se transforma em mãe, o esposo que se continua, sempre, muito presente. Daí a necessidade de se
torna viúvo... São as Alternâncias Funcionais (Wallon, perceber a pessoa com um ser integral.
1995) que persistem durante toda nossa vida, não sendo
possível um equilíbrio harmônico entre estas funções Ao estudarmos o processo de aprendizagem sob essa
(cognitiva e afetiva), mas um conflito constante, e o ótica, encontramos em Alicia Fernández (1990), uma
domínio de uma sobre a outra. enorme contribuição, em que destaca que o processo
de aprender supõe a presença de quatro fatores:
Tudo começa com o choro inicial da criança, o ORGANISMO (individual herdado); CORPO
desconforto das cólicas, do frio ou calor demasiado, a (construído através das suas experiências);
exploração do próprio corpo, que representam o INTELIGÊNCIA (autoconstruída interacionalmente);
predomínio da emoção, da função afetiva, a construção e o DESEJO (energia, pulsão, inconsciente).
do eu que, nesse primeiro momento, é o eu corporal.
Mais para frente, graças à sua independência alcançada
pela capacidade de locomover-se sozinha, a criança
O Conhecimento / Representação
passa à exploração mais intensa dos objetos, e Imaginário
desenvolvendo sua tarefa de construir, de forma
sensório-motora, o real. Temos aqui, então, o O Construtivismo, seja na perspectiva Piagetiana
predomínio da função cognitiva. ou Vygotskiana, não se furta em reconhecer a idéia de
representação ou do caráter do signo como elementos
Com o surgimento da linguagem, a criança amplia sua centrais ao conhecimento.
área de conhecimento dos objetos do mundo real, e acaba
por compreender mais de si, pois já pode, graças à Piaget, partindo do caráter biológico do
linguagem, se desprender do aqui e agora, indo ao seu conhecimento, e assim o faz principiando pelo caráter
da ação-motriz como destaque de uma ação mediada fenômenos. A terceira fase é aquela em que surge a função
26 pelo corpóreo, parte para outra interface do semiótica do signo, em que, através deste, a realidade
conhecimento na ordem psíquica e semiótica, em que deverá se submeter. Aqui, há uma partilha ou submissão
observa a presença da imitação e sua projeção em uma do real ao campo do signo, da representação.
arquitetura em que se destacam os esquemas e
O espaço do desenho infantil, na sua sucessão de
estruturas. Salienta que a inteligência é da ordem bipolar
etapas, é bem a história da sucessão desses espaços.
biológica e psíquico-semiótica. É nessa instância Para Piaget, o espaço é, sobretudo, a ação do que
complexa que se instaura a representação e assim, a inicialmente é representação.
comunicação. A imitação, para ele, é forma prefigurada
da representação em que pontuam as condutas, A conquista de um espaço perspectivo é
mediadas por comportamento sensório-motor. conquista signicológica, que demanda dos
transversamentos da estruturas e esquemas que
Há uma concordância entre os co-construtivistas pervertem a materialidade concreta para adentrar em
no sentido de que a representação é elemento estratégias de signo nas suas nuances lógico-
construtivo do conhecimento (Piaget, Vygotsky e matemáticas e assim ascender a um espaço euclidiano.
Wallon). O espaço, entretanto, para Piaget, “é alvo de
considerações para a sua compreensão do que vem a A leitura das imagens em quaisquer dos seus suportes
ser a inteligência na sua diversidade complexa e bio- ajuda a criança a se inserir nesta fase do espaço medido,
psíquica”. (PIAGET apud FRANCASTEL, 1996: 128). projetivo. A imagem e a imaginação, respectivamente,
nas formas materiais – imagens figuradas e imateriais,
Para Piaget, o espaço para a criança é inicialmente isto é, imagens mentais e imaginação que permitem
“POSTURAL E ORGÂNICO”, ou seja, o corpo é o seu promover as estratégias geométricas que representam
movimento. Sucede-se a este o espaço projetivo em que a realidade – transformando o espaço tridimensional
se encontra os corpos, – outros –, predicados de qualidades em espaço bidimensional. Esta última etapa está na fase
e sintomas, o movimento, a constância, entre outros da inteligência abstrata ou formal.

2.5. Considerações Gerais


Após uma pequena análise sobre as linhas que os problemas e os obstáculos inerentes à
pedagógicas de Piaget, Vygotsky, Freneit e de Paulo aprendizagem serão mais facilmente resolvidos a partir
Freire, espera-se conscientizar os educadores sobre o desse conhecimento.
quanto é indispensável que a prática educativa seja
iluminada teoricamente com uma atuação não só do Sendo assim, é necessário que percebamos cada
físico, do biológico e do psicológico, mas também que criança como um ser único, com personalidade,
seja um desempenho de um profissional que aplique imbuído de história de vida única, não tendo
conhecimentos a fim de viabilizar instrumentos que apenas um corpo vidente, resultado de
venham facilitar as crianças a progredirem com combinação genética, de estruturas cognitivas e
criatividade, encantamento, justiça, liberdade, de esquemas corporais, mas um corpo
imaginação, espontaneidade na interação e na dialética. açambarcado de sensibilidade, de emoções, de
afetos, de desafetos, de sonhos, de desilusões e
Quando abordamos, pela necessidade das práticas que se encontra em permanente estado de
pedagógicas serem iluminadas, as teorias de Piaget, carência na busca incessante de suprir as próprias
Vygotsky, Freneit e Paulo Freire, é porque acreditamos necessidades à transcendência.

Exercícios

a) Procure assistir ao filme “Mentes Brilhantes”.


b) Tente resolver o seguinte problema após a leitura das contribuições à educação dos diversos autores
citados nesta unidade.
Bernardo está cursando a 5ª série do Ensino Fundamental, porém não consegue acompanhar a turma, pois o
seu desempenho em Matemática está muito aquém em relação à maioria da turma.
Não se esqueça de fundamentar seu comentário baseando-se nos teóricos para encontrar a solução.
c) Diferencie o desenvolvimento e a aprendizagem, em relação ao pensamento de Piaget e Vygotsky.
d) O que Vygotsky quis relatar sobre a “zona de desenvolvimento proximal”?
e) Como futuro educador, quais os conhecimentos que você considera como fundamental ao processo ensi-
no-aprendizagem à luz da teoria de Wallon? 27
f) Freire elucida que todo professor precisa ser substantivamente político e adjetivamente pedagógico. O que
você entende por isso?
g) Leia o texto abaixo e, em seguida, responda às questões solicitadas.
“Ninguém sabe para que servem as coisas que a escola ensina (...) Os exercícios escolares são, quase
sempre, feitos em torno de problemas que não existem na vida real (...). A escola não ajuda os alunos a
resolver problemas concretos, problemas que eles realmente entendam e para os quais estejam interessados
em procurar solução. O modo como a escola ensina não ajuda o aluno a aprender a aprender. Ela não ensina
o que fazer para conhecer a existência de um problema, como procurar as soluções possíveis, escolher e
testar a solução que parece melhor e verificar o resultado a que se chegou. E, no entanto, é procurando
resolver problemas concretos, é testando e verificando os resultados obtidos que as pessoas aprendem coisas
úteis e se convencem de que podem aprender mais.”
(CHECON, C. et al. A vida na escola e a escola da vida. Petrópolis. RJ: Vozes, 1993. pp. 666-667)

Partindo desse texto, explique como deve ser o processo ensino-aprendizagem e proponha duas atividades
que possam ser realizadas, de acordo com o seu curso, tirando como parâmetro o texto acima.
28
UNIDADE III

AS BASES FILOSÓFICAS/IDEOLÓGICAS

O processo ensino-aprendizagem é indissolúvel, tanto o discente quanto os docentes eternos


não como processo, mas nas repercussões que aprendizes.
incidem sobre o professor e o aluno. Ambos
aprendem, concomitantemente, se modificam e Dessa forma, iremos estudar as diferentes abordagens
transformam a realidade, logo o propósito vital que a educação sofreu durante o tempo, a fim de
da educação como prática social é considerar auxiliar os professores em suas práticas educativas.

3.1. Abordagem Tradicional

Características Gerais
• Não se baseia nos interesses da criança, procura combater seus impulsos naturais a fim de inculcar-lhe
virtudes morais;
• Privilegiam-se o especialista, os modelos e o professor, elemento imprescindível na transmissão dos
conteúdos;
• Tornam-se famosos os internatos religiosos.

Homem
• Receptor passivo;
• Tábula rasa, na qual são impressas imagens e informações fornecidas pelo ambiente.

Mundo
• É externo ao indivíduo, sendo apossado gradativamente na medida em que o indivíduo se confronta
com os modelos, ideais, aquisições científicas e tecnológicas.

Sociedade-Cultura
• Visa à perpetuação e a produção de pessoas eficientes para um maior domínio sobre a natureza, pela
ampliação e aprofundamento das áreas do conhecimento;
• Visão individualista, não possibilitando, em grande parte, trabalhos em cooperação.

Conhecimento
• Além de rígida formação moral, o regime de estudo é rigoroso e extenso;
• Valorizam-se os estudos humanísticos, privilegiando a cultura greco-latina;
• Evidencia-se o caráter cumulativo de conhecimento, adquirido pelo indivíduo por meio da transmissão,
de onde se supõe o papel importante da educação formal e da instituição escolar.

Educação
• Caracterizada pela concepção de educação como produto, já que os modelos a serem alcançados estão
pré-estabelecidos;
• A transmissão dos conteúdos é selecionada e organizada logicamente, visando à formação humanista
e propedêutica (isto é, voltada para Educação Superior).
Escola
29
• A escola se destina à nobreza;
• É o local que se restringe a um processo de transmissão de informações em sala de aula, funcionando
como uma agência sistematizadora de uma cultura complexa;
• Tenta neutralizar os fatos sociais;
• Ambiente físico austero para que o aluno não se distraia;
• O ato de aprender é identificado como uma cerimônia, portanto o professor deve se manter distante
dos alunos.

Ensino-Aprendizagem
• A relação professor/aluno é vertical, pois a autoridade intelectual e moral para o aluno é o professor;
• Aprende-se o saber constituído, transmitido pelo professor.

Professor/Aluno
• O mestre é quem detém o saber e a autoridade, se apresentando ainda como um modelo a ser seguido;
• A educação é centrada na figura do professor, é ele quem dirige o processo.

Metodologia
• Baseia-se nas aulas expositivas, para as aquisições de noções, dando ênfase ao esforço intelectual de
assimilação e dos conhecimentos acumulados;
• Método Maiêutico, ou seja, o professor dirige a classe a um resultado desejado através de uma série de
exercícios que representam, por sua vez, passos para chegar ao objetivo proposto;
• Deriva do caráter abstrato do saber e do verbalismo, decorrentes dos exercícios de fixação, como leitura
e cópias;
• Os currículos são rígidos e os alunos são considerados bloco único e indiferenciado.

Avaliação
• Valoriza os aspectos cognitivos, ou seja, a aquisição de conhecimentos transmitidos e privilegia a
memória e a capacidade de restituir o que foi assimilado;
• As provas assumem um papel central de modo a determinar o comportamento do aluno, sempre
preocupado em estudar o que será avaliado. E não em “estudar para saber”, simplesmente;
• A prova passa a ter um fim em si mesma e o ritual é mantido. As notas obtidas funcionam, na sociedade,
como níveis de aquisição de patrimônio cultural;
• A competição e o sistema de prêmio são valorizados.

Disciplina
• As normas disciplinares são rigidamente estipuladas, garantem a submissão e a obediência, consideradas
virtudes primeiras.

Bases Filosóficas/Ideológicas
• Tomismo;
• Empirismo;
• Positivismo.
3.2. Abordagem da Escola Nova
30
Características Gerais
• Baseia-se nos interesses da criança. Há uma grande preocupação com a sua natureza psicológica;
• A formação do caráter moral dá-se por meio do esclarecimento da vontade, que se alcança pela instrução;
• O professor é de enorme importância: educa os sentimentos e os desejos dos alunos por meio do
controle de suas idéias;
• Reconhecimento da necessidade do uso de um método para a educação da vontade;
• Educar para a liberdade;
• Bases filosóficas: Existencialismo e Fenomenologia.

Homem
• Considerado como uma pessoa situada no mundo em processo contínuo de descoberta de seu próprio
ser, ligando-se às outras pessoas e outros grupos;
• Considerado um ser de potencialidades que terão de ser desenvolvidas;
• É um ser único, seja em sua vida interior, em suas percepções e avaliações do mundo.

Mundo
• A ênfase está no sujeito, porém, considera-se o ambiente com condição necessária para seu
desenvolvimento individual;
• A visão de mundo e da realidade é desenvolvida a partir de conotações particulares, pois na medida em
que o homem experiencia o mundo, os elementos experenciados vão adquirindo significados para o
indivíduo.

Sociedade-Cultura
• A ênfase está no homem como um processo de tornar-se pessoa, na qual o indivíduo assume a
responsabilidade das decisões.

Conhecimento
• É atribuído ao sujeito o papel central na elaboração e na criação do conhecimento;
• A iniciativa e a espontaneidade são valorizadas, assim como o ritmo de cada um;
• A experiência constitui um conjunto de realidades vividas pelo homem. Sendo assim, essas realidades,
que possuem significados reais e concretos para ele, funcionam como ponto de partida para sua mudança
e seu crescimento, já que nada é acabado e o conhecimento possui uma característica dinâmica.

Educação
• Caracterizada pela concepção de educação como processo centrado no sujeito, pois leva à valorização
da busca progressiva da autonomia em oposição à anomia (ausência de regras) e à heteronomia (normas
estabelecidas pelo outro);
• A transmissão dos conteúdos privilegia a pedagogia da ação, portanto são construídos laboratórios,
oficinas, hortas e até mesmo a imprensa;
• Os jogos são considerados facilitadores da aprendizagem;
• O indivíduo tem uma visão integral; não só a razão é considerada, mas sentimentos, emoções e ação;
• As atividades de educação física e o desenvolvimento da motricidade são valorizados.

Escola
• A escola é local que respeita o ritmo da criança, as suas potencialidades.
• A escola oferece à criança condições para que ela possa desenvolver-se durante o processo a “vir-a-
ser”, portanto dar condições para que ela se torne autônoma;
• Tenta articular o fato social à escola.
Ensino-Aprendizagem
31
• A relação professor/aluno é horizontal;
• Aprender a aprender, ou seja, relacionar os conhecimentos adquiridos com a experiência do aluno;
• Utilizar o método não diretivo, ou seja, utilizar um conjunto de técnicas que implementem a atitude
básica de confiança e respeito pelo aluno.

Professor/Aluno
• O professor, como sujeito único, assume a função de facilitador da aprendizagem, aberto às experiências
e integrado com toda a turma;
• A educação é centrada na figura do aluno, portanto o aluno é compreendido como um ser que se auto
desenvolve;
• O processo de aprendizagem deve facilitar a compreensão.

Metodologia
• Não se enfatiza técnica ou método para facilitar a aprendizagem;
• Ênfase atribuída à relação pedagógica, com um clima favorável ao desenvolvimento das pessoas, para
que possibilite liberdade de aprender;
• O saber constituído transmitido pelo professor deve partir do interesse dos alunos. Segundo Herbart,
são necessários cinco passos formais, a fim de propiciar o desenvolvimento do aluno:
1 - Preparação - o mestre recorda o já sabido, a fim de que o aluno traga à consciência a massa de idéias
necessária para criar interesse pelos novos conteúdos;
2 - Apresentação - o conhecimento novo é apresentado ao aluno sem esquecer a clareza, ou seja, partir
do concreto;
3 - Assimilação (ou associação ou comparação) o aluno é capaz de comparar o novo com o velho,
percebendo semelhanças e diferenças;
4 - Generalização (ou sistematização) – além das experiências concretas, o aluno é capaz de abstrair,
chegando a concepções gerais. Esse passo é muito importante na adolescência.
5 - Aplicação – por meio de exercícios, o aluno mostra que já sabe e aplica o que aprendeu em exemplos novos;
só assim a massa de idéias adquire sentido vital, deixando de ser mera acumulação inútil de informação;
• A escolha dos conteúdos gira em torno dos interesses infantis;
• O professor deve se esforçar para despertar o interesse e provocar curiosidade, sem cercear a
espontaneidade.

Avaliação
• A avaliação é compreendida como um processo para o próprio aluno e não para o professor;
• Constitui apenas uma das etapas da aprendizagem e não o seu centro;
• Não visa apenas os aspectos intelectuais, mas também atitudes e aquisição de habilidades;
• A cooperação e a solidariedade são substituídas pelo sistema de prêmios e pela competição;
• A auto-avaliação é valorizada para que o aluno assuma responsabilidade pelas formas de sua
aprendizagem;
• Definir e aplicar os critérios para avaliar se os objetivos propostos foram alcançados.

Disciplina
• Afrouxamento das normas disciplinares rígidas para estimular a noção de responsabilidade, a capacidade
crítica e o estabelecimento de uma disciplina voluntária, ou seja, a compreensão do significado e da
necessidade das normas coletivas.

Bases Filosóficas/Ideológicas
• Pragmatismo;
• Neotomismo;
• Existencialismo;
• Fenomenologia.
3.3. Abordagem da Escola Tecnicista
32
Características Gerais
• Desenvolvimento da ciência e da técnica;
• Escola montada a partir do modelo empresarial;
• Inserir a escola no modelo de racionalização e de produtividade típicas de produção capitalista;
• Adequar a educação às exigências que a sociedade industrial e tecnológica estabelece;
• Especialização das funções, separação entre os setores de planejamento e execução do trabalho;
• A ciência deixa de estar comprometida apenas com o puro conhecimento, voltando-se para o desafio de
“dominar a natureza”.

Homem/Mundo
• Instrumentos de produção tão importantes quanto as máquinas.

Mundo
• A ênfase está na vida produtiva;
• Método científico de racionalização da produção que visa aumentar a produtividade, economizando
tempo, suprindo gestos desnecessários e comportamentos supérfluos no interior do processo produtivo,
conhecido como taylorismo.

Sociedade-Cultura
• A ênfase está na formação de técnicos especializados;
• Os intelectuais das classes dirigentes exercem papel fundamental ao elaborar e justificar as idéias da
classe dominante, sendo aceitas por todos com aparente espontaneidade.

Conhecimento
• Formação de técnicos especializados;
• Uma organização de trabalho voltada para o aumento da produtividade, eficiência e eficácia;
• Propostas de técnicas de racionalização.

Educação
• Adequação da educação às exigências empresariais;
• Caracterizada pela concepção de educação como aprender a fazer, cujo processo está centrado na vida produtiva;
• Essa tendência ignora o processo pedagógico, com uma forte influência da filosofia positivista e da
psicologia americana behaviorista;
• Ênfase na mão-de-obra qualificada para indústria.

Escola
• A escola é local de um modelo empresarial para se tornar mais eficaz;
• Escola no modelo de racionalização e produtividade típicas do sistema de produção capitalista.

Ensino-Aprendizagem
• O método utilizado para transmissão dos conhecimentos é taylorista, ou seja, supõe a divisão de
tarefas atribuídas a diversos técnicos de ensino incumbidos do planejamento racional, sendo o professor
o executor em sala de aula;
• O processo de aprendizagem deve facilitar a observação;
• Inclusão das disciplinas técnicas no currículo;
• Retirada de algumas disciplinas como a Filosofia e diminuição da carga horária de outras como
Geografia e História.
Professor/Aluno
33
• O professor é o executor das tarefas propostas por diversos especialistas;
• Os objetivos instrucionais e operacionais devem ser claramente esmiuçados pelo professor,
estabelecendo-se uma ordem seqüencial das metas a serem cumpridas;
• A relação entre professor e aluno não supõe encontro afetivo, nem discussões e debates;
• O professor é um técnico, portanto, intermediado por recursos técnicos, transmite um conhecimento
técnico e objetivo.

Metodologia
• Os meios didáticos valorizados são os da avançada tecnologia educacional, com a utilização de filmes,
slides, máquinas de ensinar, telensino (“ensino a distância”), módulos de ensino etc.;
• O conhecimento científico precisa estar sujeito à observação e à experimentação, analisando apenas os
fatos e suas leis;
• A fragmentação do saber origina o especialista;
• O poder pertence a quem possui o saber;
• Os ideais de racionalidade, organização, objetividade e eficiência têm a sua fundamentação teórica no
positivismo.

Avaliação
• A avaliação está na verificação se os objetivos propostos estão sendo ou não atingidos.

Disciplina
• Afrouxamento das normas disciplinares rígidas para estimular a noção de responsabilidade, a capacidade
crítica e o estabelecimento de uma disciplina voluntária, ou seja, a compreensão do significado e da
necessidade das normas coletivas.

Bases Filosóficas/Ideológicas
• Filosofia Analítica;
• Neopositivismo;
• Economismo;
• Tecnicismo;
• Sistemismo.

3.4. Abordagem Cognitivista

Características Gerais
• Concebe a criança como um ser ativo, em uma perspectiva cognitivista-interacionista;
• Ênfase aos processos centrais do indivíduo, dificilmente observáveis, tais como: organização do
conhecimento, processamento de informações, estilos de pensamento ou estilos cognitivos;
• Estudar cientificamente a aprendizagem como sendo mais que um produto do ambiente, das pessoas ou
dos fatores externos ao aluno;
• Ênfase dada à capacidade do aluno integrar informações e processá-las;
• É uma abordagem predominantemente interacionista, ancorada nos mecanismos de modelo biológico,
no que se refere à dinâmica do desenvolvimento e à concepção sistemática do pensamento.
• Discussões pedagógicas acentuando os aspectos antropológicos, epistemológicos e sociais,
nem sempre presentes nas primeiras abordagens. Entretanto, não inclui cultura nem a história
social dos homens.
Homem/Mundo
34
• O homem se faz pela interação social, pelas relações entre os homens e por sua ação sobre o mundo;
• O indivíduo é considerado como um sistema aberto em reestruturações sucessivas em busca de um
estágio final nunca alcançado por completo;
• O núcleo do processo de desenvolvimento é considerado como um processo progressivo de adaptação
( no sentido piagetiano de assimilação versus acomodação; de superação constante em direção a novas
e/ou mais complexas estruturas) entre o homem e o meio;
• Como o homem é um ser histórico-social, sempre que surgem fatores novos, as antigas estruturas
lógicas se desfazem, sendo necessárias outras formas para o equilíbrio.

Sociedade-Cultura
• Considera a tomada de consciência das relações de opressão justamente para se orientar em direção a
novas formas de ação pedagógica;
• Caminha o homem no sentido da democracia, o que implica lidar com as contradições sociais e
problematizar a realidade;
• A democracia deve ser praticada desde a infância, por ser uma conquista gradual, até a superação do
egocentrismo básico do indivíduo;
• Não há conhecimento pronto e acabado da realidade, da mesma forma que não existe moral estática, já
que o homem se encontra em processos contínuos e sucessivos de reequilibração;
• Superação do inatismo ou empirismo das teorias tradicionais;
• Ênfase às relações interpessoais, à interação entre o sujeito cognoscível e o objeto cognoscente,
homem e mundo.

Conhecimento
• A concepção de uma inteligência plástica, dinâmica, que não se separa da afetividade;
• Privilegia a maturação biológica;
• O conhecimento é considerado uma construção contínua, pois a passagem da etapa de um estágio de
desenvolvimento para a seguinte é sempre caracterizada por formação de novas estruturas que não
existiam anteriormente no indivíduo, portanto os fatores internos preponderam sobre os externos.

Educação
• Para Piaget, a educação é um todo indissociável, considerando dois elementos fundamentais: o intelectual
e a afetividade;
• O objetivo da educação consiste no que o aluno aprende na inter-relação entre sujeito e objeto,
visando a autonomia intelectual, ou seja, de acordo com o estágio de desenvolvimento;
• Prioriza o pensamento secundarizando o papel da linguagem.

Escola
• A escola é o local que possibilita ao aluno desenvolver as ações motora, cultural e mental, de forma a
intervir posteriormente no processo sociocultural;
• Deverá propiciar ao aluno liberdade de ação, propondo um trabalho com conceitos consoantes aos
estágios de desenvolvimento do aluno, em um processo de equilíbrio e desequilíbrio.

Ensino-Aprendizagem
• O método implica assimilar o objeto a esquemas mentais;
• O ensino, em uma concepção piagetiana, baseia-se no ensaio e no erro, na pesquisa, na investigação e
na solução de problemas por parte do aluno.

Professor/Aluno
• O professor supera a postura autoritária e passa a ouvir o aluno e a estar aberto ao diálogo;
• O professor deve simplesmente propor problemas aos alunos, sem ensinar-lhes a solução;
• Os objetivos instrucionais e operacionais devem ser claramente esmiuçados pelo professor,
estabelecendo-se uma ordem seqüencial das metas a serem cumpridas; 35
• A relação entre professor e aluno supõe encontro afetivo nas discussões, nos debates e no respeito, de
forma dialógica;
• O professor é um facilitador, portanto deve os desafios.

Metodologia
• Não existe um modelo piagetiano. O que existe é uma teoria de conhecimento e de desenvolvimento
humano que traz implicações para o ensino;
• Os meios didáticos valorizados são: programas e horários suficientemente flexíveis e adaptáveis às
condições dos alunos, em que sejam respeitados o ritmo individual de trabalho, de assimilação do
conhecimento e, ao mesmo tempo, os trabalhos em grupo, com tarefas e técnicas suficientemente
diversificadas;
• O trabalho deve propor relações entre os diferentes ramos de saber e não reduzir formalmente o
conhecimento às matérias de ensino;
• O trabalho deve apresentar situações que gerem investigação por parte do aluno;
• É um método adequado à forma de aquisição e de desenvolvimento dos conhecimentos, a partir de uma
perspectiva de construtivismo interacionista;
• Superação da dicotomia entre a teoria e a prática.

Avaliação
• A avaliação está na verificação dos objetivos propostos, sendo ou não atingidos.

Disciplina
• O desempenho do aluno é avaliado de acordo com a sua aproximação à norma qualitativa pretendida.
Avaliação deve acontecer durante o processo ensino-aprendizagem através de reproduções livres, com
expressões próprias, relacionando, reproduzindo sob diferentes formas e ângulos etc.

Bases Filosóficas/Ideológicas
• Pedagogia Construtivista

3.5. Abordagem Sociointeracionista

Características Gerais
• Defesa da escola pública;
• Luta contra os mecanismos de hegemonia;
• Mudança da estrutura social;
• Concebe a criança como ser ativo, fundamentalmente social, portanto se constitui na experiência
histórica e cultural no decurso da história social;
• Ênfase aos aspectos sociopolítico-culturais;
• Os fatos externos preponderam os internos. Dependendo do ambiente em que a criança se encontra, o
desenvolvimento variará.

Homem/Mundo
• O homem se faz pela interação social, já que a interação homem-mundo, sujeito-objeto é imprescindível
para o desenvolvimento do ser humano, tornando-se sujeito da própria práxis;
• Compreende o sujeito interativo porque ele se constitui a partir das relações intra e interpessoais.
Sociedade-Cultura
36
• Cultura constitui a aquisição sistemática da experiência humana, de forma crítica e criadora e não
simplesmente armazenamento de informações justapostas;
• A participação do homem como sujeito na sociedade, na cultura e na história se faz a partir de sua
própria conscientização, na qual implica a desmistificação, em um processo de conscientização crítica de
uma realidade que se desvela progressivamente.

Conhecimento
• O indivíduo é desafiado constantemente pela realidade e, a cada um desses desafios, ele deve responder
de uma maneira original;
• A elaboração e o desenvolvimento do conhecimento estão ligados ao processo de conscientização, o que implica
a possibilidade de transcender a esfera da simples apreensão da realidade para chegar a uma esfera crítica;
• A construção do conhecimento se dá através da interação sujeito/sujeito. Portanto, procede-se do
social para o individual.

Educação
• A forma de trabalho precisa ser dialógica. Cabe ao grupo autogerir a aprendizagem, definindo os conteúdos
e a dinâmica das atividades, permitindo o indivíduo chegar a ser sujeito do processo. Construir-se como
pessoa capaz de transformar o mundo e estabelecer relações de reciprocidade, fazer cultura e história;
• O papel do professor é de animador, ou seja, levar o aluno a caminhar “junto”, porém, quando necessário,
ele deve interferir e fornecer uma informação mais sistematizada.

Escola
• A educação escolar assume caráter amplo, nexada à vida;
• Ela deixa de ser simplesmente um processo de educação formal;
• É local para crescimento tanto do professor quanto do aluno;
• Difusão de conteúdos é a tarefa primordial, indissociável das realidades sociais;
• Garantir um bom ensino a todos, isto é, apropriação dos conteúdos escolares básicos que tenham
ressonância na vida dos alunos.

Ensino-Aprendizagem
• Consiste na codificação-decodificação, sem um programa previamente estruturado;
• A problematização ajudará a superação da relação opressor-oprimido;
• Educador e educando são sujeitos de um processo em que o crescimento é mútuo;
• Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação concreta do educando.

Professor/Aluno
• A relação entre professor e aluno é horizontal, não imposta, autoritária. O professor é o mediador,
excluindo, entretanto, a não-diretividade como forma de orientação para o trabalho escolar;
• Valoriza-se a experiência vivida com base na relação educativa e a idéia de autogestão pedagógica;
• Dar valor à linguagem e à cultura do aluno, criando condições para que o mesmo analise o próprio
contexto onde está inserido e produza cultura;
• Uma relação de autêntico diálogo;
• O professor é um orientador, um catalisador. Ele se mistura ao grupo para uma reflexão comum.

Metodologia
• Levantamento do universo vocabular dos grupos com quem trabalha; escolha das palavras geradoras;
criações de situações existenciais típicas do grupo que será alfabetizado; criação de fichas – roteiro e elaboração
de fichas com a decomposição das famílias fonéticas correspondentes aos vocábulos geradores, ficha de
descoberta, contendo as famílias fonéticas, que é utilizada para a descoberta de novas palavras;
• O objetivo é privilegiar a aquisição do saber, porém, de um saber vinculado com a realidade trazida de fora.
Avaliação
37
• Consiste na auto-avaliação e/ou avaliação mútua e permanente da prática, verificando se os objetivos
propostos estão sendo ou não atingidos.

Disciplina
• O desempenho do aluno é avaliado de acordo com a sua aproximação à norma qualitativa pretendida. A
avaliação deve acontecer durante o processo de ensino-aprendizagem através de reproduções livres,
com expressões próprias, relacionando, reproduzindo sob diferentes formas e ângulos etc.

Bases Filosóficas/Ideológicas
• Pedagogia Libertadora;
• Pedagogia Libertária;
• Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos.

Exercícios

1) De acordo com a teoria sociointeracionista, no processo ensino-aprendizagem é importante se estabelecer


a diferença entre o que o aluno é capaz de fazer e aprender sozinho e o que é capaz de fazer e aprender com a
participação de outras pessoas, observando-as, imitando-as, seguindo suas instruções e colaborando com
elas. A distância entre esses dois pontos delimita a margem da ação educativa e é denominada por Vygotsky
como:
a) Desenvolvimento efetivo.
b) Desenvolvimento proximal.
c) Desenvolvimento potencial.
d) Desenvolvimento operatório.
e) Aprendizagem significativa.

2) As ações e atitudes do professor, em sala de aula, podem criar com os alunos uma relação marcada pela
participação, maturidade e criatividade, que favorece a autonomia. Como exemplo dessas ações e atitudes,
pode-se destacar:
a) Manter a autoridade, não admitindo seus erros diante dos alunos.
b) Ocupar todo o tempo de aula com tarefas planejadas com antecedência.
c) Dar tratamento privilegiado aos alunos que exerçam uma liderança considerada positiva.
d) Não comentar com os alunos seus erros em sala de aula, para evitar constrangimento.
e) Compartilhar com os alunos a busca de soluções para problemas surgidos no contexto da sala de aula.

3) Que procedimento didático deve ser inicialmente adotado se o professor quer desenvolver uma prática
pedagógica que estimule, de forma adequada, a curiosidade e a investigação?
a) Levantamento de conhecimentos prévios dos alunos.
b) Exposição oral do tema principal pelo professor.
c) Leitura dos conceitos básicos no livro didático.
d) Coleta de informações pelos alunos em diferentes fontes.
e) Registro e catalogação de dados fundamentais sobre o tema.
UNIDADE IV
38

PRÁTICA DO DOCENTE E SUAS TENDÊNCIAS


PEDAGÓGICAS

4.1. Tendências Pedagógicas

Tendência Liberal Tradicional meio natural e social, o método de solução de problema;


adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu
Papel da escola desenvolvimento; importância do trabalho em grupo
Preparação intelectual e moral dos alunos com a não apenas como técnica.
cultura; direção do saber é a mesma para todos.
Relacionamento professor/aluno
Conteúdos de ensino Seu papel é auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo
Conhecimentos e valores sociais acumulados pelas e dar forma ao raciocínio do aluno; a disciplina surge de
gerações adultas; matérias determinadas pela uma tomada de consciência dos limites da vida grupal;
sociedade e ordenadas na legislação. relacionamento positivo; “vivência democrática”.

Métodos Pressupostos de aprendizagem


Exposição verbal da matéria e/ou demonstração feitas Motivação depende da força de estimulação do
pelo professor; ênfase nos exercícios, na repetição de problema; interesses do aluno; aprender se torna uma
conceitos; memorização visa disciplinar a mente e atividade de descoberta, alto aprendizagem; o
formar hábitos. ambiente é apenas o meio estimulador; avaliação fluida;
reconhecimento do professor.
Relacionamento professor/aluno
Autoridade do professor; atitude receptiva dos Manifestações na prática escolar
alunos impede qualquer comunicação entre eles no Falta de condições objetivas.
decorrer da aula.
Tendência Liberal Renovada Não-Diretiva
Pressupostos de aprendizagem
Ensino consiste em repassar os conhecimentos; Papel da escola
capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto; Formação de atitudes; mais preocupada com os
aprendizagem é receptiva e mecânica, recorre à coação; problemas psicológicos; adequação pessoal às
exercícios sistemáticos e recapitulação da matéria; avaliação solicitações do ambiente; clima de autodesenvolvimento
se dá por verificações de curto prazo e de prazo mais longo. e realização pessoal; estar bem consigo.

Manifestações na prática escolar Conteúdos de ensino


Viva e atuante em nossas escolas. Processos de desenvolvimento das relações e da
comunicação; secundária a transmissão de conteúdos.
Tendência Liberal Renovada Progressista
Métodos
Papel da escola Esforço do professor em desenvolver um estilo
Adequar as necessidades individuais ao meio social. próprio; professor “facilitador”: aceitação da pessoa
do aluno, convicção na capacidade de alto
Conteúdos de ensino desenvolvimento do estudante; técnicas de
Vivência frente a desafios cognitivos e situações sensibilização.
problemáticas; processos mentais e habilidades
cognitivas; “aprender a aprender”. Relacionamento professor/aluno
Centrada no aluno; forma sua personalidade;
Métodos vivência de experiências significativas; especialista em
“Aprender fazendo”; valorizam-se as tentativas relações humanas; toda intervenção é ameaçadora,
experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do inibidora da aprendizagem.
Pressupostos de aprendizagem social; questiona concretamente a realidade das
Desejo de adequação pessoal; busca de auto- relações do homem com a natureza e com os outros 39
realização; valorização do “eu”; aprender é modificar suas homens.
próprias percepções; a avaliação escolar perde
inteiramente o sentido, privilegiando-se a auto-avaliação. Conteúdos de ensino
“Temas geradores”; problematização da prática da
Manifestações na prática escolar vida dos educandos; importante não é a transmissão
Educadores; orientadores educacionais e de conteúdos específicos; nova forma da relação com
psicólogos escolares. a experiência vivida; “invasão cultural” ou “depósito
de informação”; Paulo Freire; caráter essencialmente
Tendência Liberal Tecnicista político de sua pedagogia.

Métodos
Papel da escola Relação de autêntico diálogo; “grupo de discussão”;
Moderadora do comportamento humano; organiza o definindo o conteúdo e a dinâmica das atividades;
processo de aquisição de habilidades, atitudes e professor é um animador; “descer” ao nível dos alunos;
conhecimentos específicos, úteis e necessários; indivíduos caminhar “ junto”, intervir o mínimo indispensável; os
se integram na máquina do sistema socioglobal; a escola passos da aprendizagem – codificação-decodificação,
atua, articulando-se diretamente com o sistema produtivo; e problematização da situação; troca de experiência em
produzir indivíduos “competentes” para o mercado de torno da prática social; dispensam-se um programa
trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, previamente estruturado, trabalhos escritos, aulas
objetivas e rápidas; objetividade da prática escolar. expositivas, assim como qualquer tipo de verificação
direta da aprendizagem, formas essas próprias da
Conteúdos de ensino “educação bancária”, portanto, domesticadoras;
Seqüência lógica e psicológica por especialista; avaliação da prática vivenciada entre educador-
ciência objetiva. educandos; auto-avaliação.
Métodos Relacionamento professor/aluno
Procedimentos e técnicas; assegura a transmissão/ No diálogo, relação horizontal; sujeitos do ato do
recepção de informações; na escola pública aparece conhecimento; identificação com o povo; se exprimir
na forma de: planejamento, operacionalização de sem se neutralizar.
objetivos, uso de procedimentos científicos.
Pressupostos de aprendizagem
Relacionamento professor/aluno
“Educação problematizadora”; a motivação se dá a
O professor administra as condições de transmissão da
partir da codificação de uma situação problema, da qual
matéria; aluno recebe, aprende e fixa as informações; ambos
se toma distância para analisá-la criticamente; aprender
são espectadores frente à verdade objetiva; comunicação
é um ato de conhecimento da realidade concreta; não
professor-aluno; técnico; transmissão do conhecimento.
decorre de uma imposição ou memorização; pelo
Pressupostos de aprendizagem processo de compreensão, reflexão e crítica.
Bom ensino depende de organizar eficientemente as
condições estimuladoras; o ensino é um processo de Manifestações na prática escolar
condicionamento através do uso de reforçamento das Inspirador e divulgador Paulo Freire; influência expressiva
respostas que se quer obter; enfoque diretivo do ensino. nos movimentos populares e sindicatos; “educação
popular”; embora as formulações teóricas de Paulo Freire
Manifestações na prática escolar se restrinjam à educação de adultos ou à educação popular,
Adequar o sistema educacional à orientação político- em geral, muitos professores vêm tentando colocá-las em
econômica do regime militar: inserir a escola nos modelos prática em todos os graus de ensino formal.
de racionalização do sistema de produção capitalista; a
aplicação da metodologia tecnicista (planejamento, livros Tendência Progressista Libertária
didáticos programados, procedimentos de avaliação etc.).
Papel da escola
Tendência Progressista Libertadora Transformação na personalidade dos alunos num
sentido libertário e autogestionário; introduzir
Papel da escola modificações institucionais; criar grupos de pessoas com
Atuação “não-formal”, professores e alunos, princípios educativos autogestionários; o indivíduo como
mediatizados pela realidade que apreendem e da qual produto do social e que o desenvolvimento individual
extraem o conteúdo de aprendizagem; transformação somente se realiza no coletivo.
Conteúdos de ensino conteúdos do saber não estabelecem oposição entre
40 As matérias são colocadas à disposição do aluno, cultura erudita e cultura popular; é necessária a
mas não são exigidas; o conhecimento resulta das ascensão a uma forma de elaboração superior,
experiências vividas pelo grupo. conseguida pelo próprio aluno; a postura da pedagogia
“dos conteúdos” admite um conhecimento
Métodos relativamente autônomo; proporciona elementos de
Vivência grupal, forma de autogestão; sem qualquer forma análise crítica que ajudem o aluno a ultrapassar a
de poder; os alunos têm liberdade de trabalhar ou não, experiência, os estereótipos, as pressões difusas da
ficando o interesse pedagógico na dependência de suas ideologia dominante; pode ir do saber ao engajamento
necessidades ou das do grupo; progresso da autonomia. político.

Relacionamento professor/aluno Métodos


O professor é um orientador e um catalisador, ele se É preciso que os métodos favoreçam a
mistura ao grupo para uma reflexão em comum; os correspondência dos conteúdos com os interesses
alunos são livres frente ao professor; ao professor dos alunos; o trabalho docente relaciona: vai-se da
cabe a função de “conselheiro”; pedagogia libertária ação à compreensão e da compreensão à ação, até a
recusa qualquer forma de poder ou autoridade. síntese, o que não é outra coisa senão a unidade entre
a teoria e a prática.
Pressupostos de aprendizagem
Ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a Relacionamento professor/aluno
negação de toda forma de repressão visa a favorecer o O professor é mediador. Professores e alunos
desenvolvimento de pessoas mais livres; vivência podem colaborar para fazer progredir; o papel do
grupal; satisfação de suas aspirações e necessidades; adulto é insubstituível; ele buscará despertar outras
não faz sentido qualquer tentativa de avaliação da necessidades, acelerará e disciplinará os métodos
aprendizagem; outras tendências pedagógicas de estudo, exige o esforço do aluno, propõe
correlatas – a pedagogia libertária abrange quase todas conteúdos e modelos compatíveis com suas
as tendências antiautoritárias em educação; Freneit. experiências vividas, para que o aluno se mobilize
para uma participação ativa.
Tendência Progressista “Crítico-Social
Pressupostos de aprendizagem
dos Conteúdos” Reconhece nos conteúdos e modelos sociais
apresentados pelo professor que o grau de
Papel da escola envolvimento na aprendizagem depende tanto da
A difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Sem prontidão e disposição do aluno, quanto do
conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, professor e do contexto da sala de aula; desenvolve
indissociáveis das realidades sociais. A valorização da a capacidade de processar informações e de lidar
escola como instrumento de apropriação do saber; garantir com os estímulos do ambiente, organizando os
a todos bom ensino, apropriação dos conteúdos escolares dados disponíveis da experiência.
básicos; a educação é “uma atividade mediadora no seio
da prática social global”; preparação do aluno para o mundo Manifestações na prática escolar
adulto e suas contradições; aquisição de conteúdos e da Interação entre conteúdos e realidades sociais;
socialização, para uma participação organizada e ativa na avança em termos de uma articulação do político e
democratização da sociedade. do pedagógico; educação “a serviço da
transformação das relações de produção”; “a
Conteúdos de ensino democratização da sociedade brasileira, o
Conteúdos culturais universais; conhecimentos atendimento aos interesses das camadas populares,
relativamente autônomos; que se liguem de forma a transformação estrutural da sociedade brasileira”;
indissociável à sua significação humana e social; Dermeval Saviani.

Exercícios

Como nos relata Paulo Freire (1999), a educação se transforma de tempo em tempo, devido às transformações
ocorridas na economia, na sociedade e na cultura de um país. Entretanto, somente a educação não é capaz de
transformar a realidade vigente, ela apenas auxilia.
Agora, tente responder:
a) Explique por que podemos dizer que a escola tradicional é filha do liberalismo?
b) Como podemos argumentar que não existe “aluno preguiçoso”?
c) Se organizem em grupos de trabalho e escolham um educador de cada Tendência Pedagógica, cujas
experiências e teorias deverão ser examinadas com mais detalhes.
UNIDADE V
41

PLANEJAMENTO

5.1. Considerações Gerais

Você sabia que a educação escolar nem sempre indivíduos livres. Segundo o filósofo Gramsci, o
existiu? Várias instituições sociais exerciam a função conhecimento sistemático é “o núcleo sadio do senso
de educar a criança, por exemplo, a família, a igreja, o comum” (In: ARANHA, 1996: 35).
trabalho etc.
Qualquer homem, se não foi ferido em sua liberdade
Com o passar do tempo, devido às necessidades, o e dignidade e teve ocasião de desenvolver a habilidade
sistema escolar teve que surgir. Assim sendo, o crítica, será capaz de desenvolver a autoconsciência,
aparecimento da escola se dá pelas necessidades de elaborar criticamente o próprio pensamento e de
socioeconômicas, de acordo com o tempo e as analisar adequadamente a situação em que vive. É
necessidades dos grupos sociais. nesse estágio que o conhecimento sistemático se
aproxima da filosofia da vida.
A educação dada anterior ao surgimento da escola,
Percebemos que não é automática a passagem do
mesmo sendo intencional, não tinha explícito um rígido
conhecimento assistemático ou informal ao
controle às regras.
conhecimento sistemático. Sendo esse um dos
obstáculos ao processo, é encontrado na difusão
Daí a necessidade da criação da escola para elaborar um
da ideologia.
projeto de ação planejada, intencional e formal mais efetiva,
cuja educação seria controlada por um grupo de Se fizermos uma análise de como se entrecruzam as
profissionais especializados, em substituição da educação necessidades socioeconômicas e o surgimento da
somente informal ou educação do senso comum. instituição escolar, verificamos que o surgimento se
dá pelas dificuldades das sociedades primitivas.
Senso comum é o conhecimento adquirido por tradição,
herdado pelos nossos antepassados e no qual Você deve estar se perguntando: “Por que e como
acrescentamos os resultados da experiência vivida na isso acontece?”
coletividade a que pertencemos. Trata-se de um conjunto
de idéias que nos permite interpretar a realidade, bem Nas sociedades primitivas, a educação era exercida
como de um corpo de valores que nos ajuda a avaliar, pelos membros que a constituiam. Nesse processo,
julgar e, portanto, agir. como nos ressalta Aranha (1996: 54): “quando a
produção dos bens ultrapassa o consumo imediato,
Dessa forma, o conhecimento a partir do senso fazendo surgir os excedentes, a estrutura da sociedade
comum não é refletido e se encontra misturado à crença também se altera, e as divisões de tarefas tendem a
e aos preconceitos, porque é um conhecimento acentuar as diferenças sócias.”
ingênuo (não-crítico), fragmentário (porque é
assistemático e muitas vezes sujeito às incoerências) “Como assim?” você deve estar indagando. Pois
e conservador (resiste às mudanças). bem, o saber, por exemplo, que na tribo é coletivo,
entretanto, torna-se privilégio do segmento mais rico
Isso significa que o primeiro estágio de conhecimento e com isso fortalece uma forma de poder.
precisa ser superado em direção à abordagem crítica e
coerente, características estas que não precisam ser Por isso, a necessidade do surgimento da escola
necessariamente atributos de forma mais requintada como transmissora do saber acumulado, embora restrito
de conhecer, tais como a ciência ou a filosofia. somente a alguns.

Em outras palavras, o senso comum precisa ser A partir daí, as formas de educar e os fins da
transformado em conhecimento sistemático, este educação vão mudando com o decorrer do tempo,
entendido como a elaboração coerente do saber e de acordo com as exigências da sociedade em que
como explicitação das intenções conscientes dos se vive.
Segundo Danilo Gandin (2003: 52): Dessa forma, a relação entre alunos e professores,
42 durante o decorrer do nosso curso a distância, será de
“Um agricultor que conhecesse tudo sobre a forma eficiente e prazerosa.
terra e sobre plantas, teria, mesmo assim, pouca
colheita se não dispusesse de nenhum Assim sendo, ao discorrermos sobre as práticas
instrumento de trabalho”. educativas, estas precisam ser instituídas e mantidas no
eixo de transformação, para que possamos conduzir os
educandos à aquisição de entendimentos e modos de
Sendo assim, é imprescindível à prática pedagógica a
entendimento da realidade educacional, a fim de enfocar a
descoberta, em caminhada conjunta, corpo docente e
atenção ao fenômeno educativo, ou seja, a prática docente.
discente, enfim, com toda comunidade escolar, para realizar
um reinventar pedagógico didático, com vistas a contribuir
Nesse contexto, acreditamos que, quando falamos
para a formação de indivíduos críticos, reflexivos,
em educação, é necessário sinalizar que ela é uma
conscientes e preparados para a realidade contemporânea.
atividade em que professores e alunos, mediatizados
pela realidade, aprendam e extraiam do conteúdo de
Neste contexto, a atualização e a informação são
aprendizagem um nível de consciência dessa mesma
instâncias necessárias para educação no mundo
realidade para nela atuarem, em um sentido de
atual, desde que não sejam alheias às relações de
transformação social.
saber e de poder.
Nesse bojo, é imprescindível que se busque uma nova
Assim, mais do que nunca, o educador deve
organização para a escola, partindo de uma ousadia
compreender que o conhecimento não se dá de forma
não somente a partir dos educadores, mas juntamente
isolada, mas no intercâmbio com mundo, através das
com os pais, alunos e funcionários, enfim com toda a
diferentes linguagens e fontes de informação,
comunidade escolar.
possibilitando à reflexão crítica em prol da
transformação do educador.
Assim, como exigência política e social do novo século, a
nova organização de trabalho pedagógico está no
Nesta perspectiva, corroboramos com Jerome Bruner,
planejamento a partir da Didática, que significa ensinar,
que nos ratifica:
instruir, fazer aprender, como ressalta Comênio (In:
ARANHA, 1996: 107): “arte de ensinar tudo a todos” ou
O primeiro objeto de qualquer ato de aprendizagem, acima e
além do prazer que nos possa dar, é o que deverá servir-nos no segundo Candau (2005) é a reflexão sistemática que busca
presente e valer-se no futuro. alternativas para resolver os problemas da prática
Aprender não deve apenas levar-nos até algum lugar, mas pedagógica. Isto é, sinalizar o verdadeiro papel da escola, a
também permitir-nos, ir além [...] (BRUNER, 1998: 96). fim de que possamos construir uma educação de fato para o
exercício pleno de cidadania.
Dessa forma, acreditamos que educar significa
transmitir cultura e preparar todo indivíduo para É a Didática que nos proporciona o estudo das
conviver na sociedade. Logo, educação é universal e teorias de ensino e de aprendizagem aplicadas ao
é litígio de toda as sociedades. Entretanto, devemos processo educativo realizado na escola bem como nos
compreender que a educação engloba funções de resultados obtidos durante o processo ensino-
manutenção, socialização, repressão e transformação aprendizagem a fim de transformar o espaço escolar
do mundo que, além de garantir a continuidade em um local onde se aprenda a aprender, a conviver e
histórica, está impregnada de ideologia. a ser, respeitando as diferenças e os novos paradigmas
de gestão e práticas pedagógicas.
Na medida em que a sociedade se faz mais complexa,
é necessário que a escola passe a preparar suas novas Sendo assim, os educadores precisam buscar com
gerações. A proposta de emergir a sua condição de seu trabalho resultados positivos de aprendizagem;
menoridade social e assumir um compromisso solidário transformações significativas baseadas em propostas
de pensar, organizar e conduzir as práticas educativas coerentes, consistentes e críticas.
como um compromisso de luta política e social é
fundamental. Por isso, a importância da análise crítica do
material que se pretende viabilizar na construção
Nesse entendimento, compreendermos que na de instrumentos que facilitem a prática de uma
base de qualquer ideal, ou projeto de escola, se educação escolar “portadora de um projeto
situa a vontade do desejo, não somente por político-pedagógico” claro, eficaz de se concretizar
aqueles que formalmente a instituem, mas, na sala de aula, porque sem a mudança no dia-a-
sobretudo, por aqueles que a fazem no dia-a-dia, dia de professores e de alunos não haverá
dando-lhe vida e efetividade. transformação educacional útil.
Alguns conceitos básicos sobre Didática são Conforme afirma Oliveira (1991: 3): “educar é um
importantes, tais como: desafio para própria realidade composta de situações- 43
• Ressaltar a unidade ensino-aprendizagem como problema, de inquietações, de angústias e de
indissolúvel e interdependente, não somente como aspirações do grupo. Isso constitui a matéria-prima
processo, mas também nas repercussões que incidem do processo educacional [...]”.
sobre o professor e aluno;
• Compreender que professor e aluno aprendem, Para esclarecer essa afirmação, usamos palavras de
modificam-se e modificam a realidade; Antunes (2001: 11): “para que possamos aprofundar
• Sinalizar o que é o propósito da educação como uma discussão sobre como se aprende, é essencial que
prática social. antes se conceitue aprendizagem, a qual pode ser
definida como uma mudança relativamente permanente
No conjunto ensino-aprendizagem, percebemos que no comportamento que resulta da experiência”.
os procedimentos adequados precisam ser bem
planejados, com vistas a facilitar a aprendizagem, Logo, não podemos deixar de considerar que a escola
constituindo-se em estímulos, a fim de favorecer a não precise ser a preparação para estudos longos, mas
construção da autonomia do aluno, que é o objetivo enxergá-la como uma preparação de todos os
primordial da educação. indivíduos para vida.

Como nos afirma Freire (1996: 13): “ninguém educa No processo ensino-aprendizagem, a educação é
ninguém, mas, ao mesmo tempo, ninguém se educa intencional, logo precisa ser orientada por
inteiramente sozinho”. Nesse entendimento, as objetivos a serem alcançados. Assim, é necessário
pessoas se educam mediadas por determinado objeto que se organizem condições apropriadas para que
de conhecimento que é a própria realidade, que está aí os alunos aprendam. Sendo assim, se faz
para ser desafiada, conhecida e transformada. necessário que o professor desempenhe bem o seu
trabalho. E assim indagamos, como? A resposta,
Diante dessa exposição, concluímos que a educação não pela Didática, tem como aspectos: o planejamento,
é uma dádiva, nem doação de uma pessoa que sabe diante que é composto por objetivos, seleção de
de outras que não sabem, mas algo que se apresenta como conteúdos, técnicas, recursos de ensino e a
desafio tanto para o educador quanto para o educando. organização do processo de avaliação.

5.2. Conceitos Básicos para a Realização


do Planejamento

Conceito em Relação ao Planejamento como: econômica, social, política, cultural e


educacional, permitindo o maior progresso possível,
dentro da margem de operação definida pelos
Estabelecimento racional de hierarquia, de prioridades
condicionantes do meio, ou seja, é agir de um
necessárias à realização de um propósito definido.
determinado modo para um determinado fim.
Processo que permite prever e avaliar os cursos de
ação alternativas e futuras, com vistas à tomada de
decisões mais adequadas e racionais. Objetivos do Planejamento

Formulação sistemática de um conjunto de Após o estudo, espera-se que você possa:


decisões devidamente integrado que expressa os • Caracterizar planejamento: desde o educacional até
propósitos de uma empresa e condiciona os meios o de ensino para capacitar-se mais quanto à
de alcançá-los. importância do seu uso de forma coesa, integrada, real
e flexível;
Segundo Vasconcellos (2005), planejamento é um • Comparar os tipos de planejamento de ensino para
instrumento teórico-metodológico que interfere a adquirir competência técnica ao optar por um e/ou
realidade como postura (algo interiorizado pelo outro na sua prática;
sujeito), como forma de organizar a reflexão e a ação, • Criticar planejamento de ensino, sua viabilidade e
como estratégia global de posicionamento diante coerência para que possa utilizá-lo de forma consciente
da realidade. em sua prática;
• Elaborar planos de curso, de unidade e de aula
Assim sendo, o planejamento é a base para a ação para compreender como se relacionam na sua prática
sistemática, sendo utilizado em diversas áreas, tais pedagógica.
Organização do Planejamento Planejamento Participativo
44
É necessário que o planejamento leve em Quando se fala em planejamento, duas questões surgem
consideração uma organização “em torno de quatro imediatamente: como fazer? com o que fazer?. Geralmente,
aprendizagens fundamentais, ao longo de toda a vida, o planejamento fica restrito a essas questões.
que serão de algum modo, para cada indivíduo, os
pilares do conhecimento: aprender a conhecer, [...] Muitas escolas consideradas progressistas chamam
aprender a fazer, [...] aprender a viver juntos e [...] esse questionamento de planejamento participativo.
aprender a ser [...]” (DELORS, 1998: 90). Raramente há o questionamento sobre “para que
fazer” e sobre o “para quem estamos fazendo”.
- Setorial: de acordo com as necessidades em
atender: agricultura, educação, economia etc; Sendo assim, surge aqui a idéia da distinção em que
- Social, econômico, administrativo - segundo o tipo o planejamento se produz. Neste enfoque, o
de variáveis que se manifestarão no processo; planejamento reduz-se a dois tipos: o nome mais
- Municipal, regional, estadual - segundo a área de adequado para um tipo seria “Planejamento (o político)
atuação ou competência; e para o outro seria Administração (o operacional).”
- Micro e Macro - segundo o nível de variáveis a
manipular, partindo da menor unidade existente (grupo) A correlação entre esses dois níveis é completa, de
até o nível máximo (nacional); modo que o político desencadeia coerentemente o
- Curto, médio, longo - períodos de decisão e execução; operacional e este realiza as propostas elaboradas
- Imperativo e indicativo - segundo o grau de urgência. no político.

Como? Com o quê? O quê? Para quê? Para quem?

As principais ênfases do planejamento participativo recaem no social e no cultural.


Segundo Danilo Gandin (2003), as principais diferenças entre os dois níveis de planejamento seriam:

ESTRATÉGICO (Política Social) OPERACIONAL


Responde ao “para quê” e “para quem” Responde ao “como” e “com o quê”
• Trata do médio e longo prazo; • Fixa-se no médio e curto prazo;
• Fundamentalmente define os fins; • Trata prioritariamente dos meios;
• Dá ênfase à criatividade; • Dá ênfase à técnica e aos instrumentos;
• Busca a eficácia; • Esforça-se pela eficiência;
• Serve à transformação; • Busca manter tudo funcionando;
• É tarefa de todo o povo; • É, sobretudo, tarefa dos administradores;
• Propõe, especialmente, o futuro; • Dá ênfase ao presente (execução);
• Trabalha centrando-se nas necessidades; • Preocupa-se com os problemas;
• Atento mais à elaboração e à avaliação. • Sua fase essencial é a execução.

Isso tudo nos leva à questão da PARTICIPAÇÃO. circunstâncias, o planejamento, neste setor, se impõe
Mas, afinal, qual o verdadeiro conceito de participação? como recurso de organização, por ser o fundamento de
Há três níveis em que a participação pode ser exercida, toda ação educacional. Dessa forma, ele é amplo, geral e
conforme Libâneo (1998): abrangente, porque prevê a estruturação da totalidade
1) A colaboração; do sistema educacional e determina as diretrizes da política
2) Nível de decisão; nacional educacional.
3) Construção em conjunto.
O terceiro nível, o de construção em conjunto, é o Nessa ampla perspectiva, o planejamento educacional
que se pretende hoje, porque se caracteriza em é um processo de abordagem racional e científica dos
envolver as pessoas igualmente, e que todos cresçam problemas da educação, incluindo definição de
juntos, transformem a realidade e criem o novo em prioridades e levando em conta a relação entre os
proveito de todos e com o trabalho coordenado. diversos níveis do contexto educacional.

Planejamento Educacional Planejamento Curricular

A educação é hoje concebida como fator de Neste nível de planejamento, relativo à escola, são
transformação, mudança, renovação e progresso. Por tais estabelecidas linhas-mestras que norteiam todo o trabalho
pedagógico. Constatamos que planejamento curricular O planejamento de ensino, alicerçado nas linhas
é a previsão de todas as atividades que o educando mestras de ação da escola, se constitui em uma 45
realizará sob a orientação da escola para atingir os especificação do Planejamento Curricular, por se tratar
fins da educação. de um meio utilizado pelo professor para adequar, à
realidade de sua turma, as diversas proposições
É a previsão global e sistemática de toda ação a ser contidas no plano curricular.
desencadeada pela escola, em consonância com os
objetos educacionais, tendo como foco o aluno. O planejamento de ensino não é apenas um
conhecimento teórico ou um esquema racional sobre
É a previsão de todas as atividades que o educando o que se deverá fazer em uma determinada situação. É
realiza sob a orientação da escola para atingir os fins fundamentalmente uma técnica operativa em que se
da educação. inter-relacionam os fundamentos teóricos com as
exigências de ordem prática e imediata.
Planejamento de Ensino
Um processo de tomada de decisões se concretiza
Inúmeras são as conceituações sobre planejamento em um plano definido de ação do professor e dos
de ensino em diferentes autores consultados. No alunos a fim de tornar o ensino mais produtivo.
entanto, consideramos as seguintes:
• Para Colls (1999:18) “é conjunto de atividades pelas Desta forma, o professor, que deseja obter um bom
quais o professor prevê, seleciona e organiza os desempenho de suas funções, precisa elaborar e
elementos de cada situação de aprendizagem com a organizar seu planejamento, consubstanciando-o em
finalidade de criar as melhores condições para o planos de diferentes níveis de complexidade, conforme
alcance dos objetivos”. a abrangência da ação a ser empreendida.
• Em uma visão tradicional, planejamento de ensino é
a previsão inteligente e bem calculada de todas as Assim, a grande importância do planejamento do
etapas do trabalho escolar, envolvendo as atividades professor reside em:
docentes e discentes, de modo a tornar o ensino • Evitar a rotina e a improvisação;
seguro, econômico e eficiente. • Contribuir para a realização dos objetivos visados;
• Prever e superar dificuldades;
Em nível de escola, a previsão global e sistemática • Promover a eficiência do ensino, porque é condição
de toda ação a ser desencadeada está presente no essencial para o êxito de todo e qualquer
Plano Escolar. Este está envolvido por proposições empreendimento;
amplas e gerais de aprendizagem, ou seja, o plano • Organizar, antecipadamente, o trabalho docente;
curricular e as que ultrapassam a situações • Garantir maior segurança na direção do ensino;
específicas do professor em sua classe, isto é, plano • Garantir economia de tempo e energia;
de ensino. • Tornar o ensino mais atraente e adequado à realidade.

Esquematização da Ação Didática do Professor

- O que pretendo alcançar? - Estabelecendo os objetivos a atingir em termos de


8
ações a serem executadas pelos alunos.
- Como distribuir bem o tempo? - Analisando: tempo disponíveis x atividades a
8 executar.
- Como apresentar o assunto? - Adequando métodos e técnicas à situação de
8 aprendizagem.

- Como poderei enriquecer a minha apresentação? - Selecionando meios auxiliares de acordo com a
8 situação de aprendizagem.

- Que atividades deverão ser desenvolvidas pelo - Selecionando atividades que levem a atingir os
professor? 8 objetivos estabelecidos.

- Como avaliar o trabalho desenvolvido? - Observando, medindo, formulando perguntas


8 constantemente.
Para que o professor possa planejar adequadamente sua CONTINUIDADE: envolve a previsão das etapas
46 tarefa e atender às necessidades do aluno, ele carece do trabalho para que haja integração entre elas e que
considerar o conhecimento da realidade. Esse conhecimento nada fique jogado ao acaso.
constitui o pré-requisito para o planejamento de ensino. O
levantamento de dados e fatos importantes de uma realidade, FLEXIBILIDADE: deve permitir possíveis
que possam ser interpretados, constitui a SONDAGEM.
reajustamentos do plano em marcha, com a
possibilidade de inserção ou supressão de alguns
Uma vez realizada a sondagem, o professor dá
prosseguimento ao estudo cuidadoso dos dados elementos de acordo com as necessidades e/ou
coletados, obtendo um resultado. Essa conclusão a interesses dos alunos.
que o professor chega, após a análise dos dados,
constitui o DIAGNÓSTICO. PRECISÃO E CLAREZA: os enunciados devem ser
claros e precisos, com indicações exatas e sugestões
Características do Planejamento de Ensino concretas para o trabalho a ser realizado.

UNIDADE: todas as atividades planejadas devem OBJETIVIDADE: o planejamento deve basear-se em


manter perfeita coesão entre si convergindo para os condições reais e imediatas de local, de tempo, de
objetivos propostos. recursos e de desenvolvimento dos alunos.

Componentes do Planejamento de Ensino: Etapas Básicas

PARA QUÊ? OBJETIVOS - tomada de posição do professor quanto:


à natureza dos estudos referentes à disciplina;
às exigências sociais;
à necessidade de auto-realização dos alunos.

PARAQUEM? POPULAÇÃO-ALVO - idade dos alunos;


- experiência anterior na sucessão do curso;
- motivação e interesse.

O QUE? SELEÇÃO DE CONTEÚDOS - aspectos significativos do programa;


- conteúdos que atendam aos interesses dos alunos.

COMO? MODOS OPERACIONAIS - métodos;


- técnicas;
- recursos didáticos.

O QUE? AVALIAÇÃO - conteúdo;


- hábitos;
- atitudes;
- habilidades;
- comportamentos.

ONDE? FONTES DE INFORMAÇÕES - livros;


- revistas;
- publicações em geral.

No que se refere ao planejamento de ensino, compete comunidade, o aluno e a matéria de ensino.


ao professor tomar decisões quanto aos aspectos Portanto, é necessário não perder de vista a
supracitados. realidade da turma em que se vai atuar, logo, é
necessário relacionar os objetivos com a
Uma etapa crucial básica é a formulação dos capacidade dos alunos.
objetivos. Cabe ao professor formular os objetivos A determinação de objetivos é importante tanto para
em função dos quais desenvolverá todo o trabalho o professor quanto para o aluno:
durante o período letivo. Esses objetivos devem a) Para o professor, na tarefa de direcionar as
ser definidos a partir do que for estabelecido no atividades docentes, de relacionar conteúdos,
planejamento curricular, levando em conta a estratégias e instrumentos de avaliação;
b) Para o aluno, na percepção do que foi definido O Planejamento e seus Elementos Básicos
como fundamental no curso, do que se espera dele e a 47
que ponto deverá chegar. ALUNO: Deve ser percebido como um sujeito
concreto no tempo e espaço, síntese de múltiplas
Freqüentemente, observamos professores que determinações: um sujeito real, com o qual a escola
justificam insucesso de seus alunos com a célebre necessita trabalhar da melhor maneira possível.
expressão: “falta de base”. Esquecem-se de que os
alunos, por mais que se empenhem, não têm condições PROFESSOR: Deve ser percebido, apesar de
de atingir determinados objetivos por estarem além de todas as dificuldades da situação atual do ensino,
sua capacidade. como profissional responsável pela educação
escolar; autoridade competente, profissional
Segundo Vasconcellos (2005), de umas décadas para responsável pelo ensino-aprendizagem através da
cá, grande ênfase vem sendo dada aos objetivos, pois mediação entre o educando e os conteúdos de
sem eles a ação da escola não passaria de um conjunto ensino, contextualizado politicamente com a
desordenado e desconexo de aulas. realidade.

Objetivos de ensino são afirmações que indicam uma OBJETIVOS: Os objetivos devem refletir os
desejada mudança de comportamento no aluno. pontos de chegada da educação escolar, sendo
definidos a partir das necessidades dos educandos
Ao responder à pergunta: “o que devo ensinar?”, o e dos compromissos políticos do grupo de
professor está tratando dos conteúdos programáticos, educadores. Essa definição deve resultar da reflexão
que servirão de instrumental para o alcance dos dos educadores em torno da realidade em que estão
objetivos. Eles constituem a essência do processo, inseridos, pois propiciam o surgimento dos reais
conceitos, princípios que ao receberem um tratamento objetivos com os quais o grupo de educadores
pedagógico transformam-se em conteúdo deseja se comprometer.
programático.
CONTEÚDOS: Conhecimentos produzidos e
Após elaborar os objetivos e determinar os acumulados historicamente pela humanidade, que
conteúdos programáticos, é necessário escolher a devem ser democratizados através da educação escolar,
estratégia de ensino, isto é, os meios que serão de forma organizada e coerente. São meios utilizados
utilizados para facilitar a aprendizagem dos alunos e pelos educadores para a instrumentalização do
conduzi-los em direção aos objetivos. cidadão-educando, para o enfrentamento do mundo,
através de:
Assim, as estratégias escolhidas precisam favorecer
o dinamismo das aulas para se constituírem como um Saber para si: apropriação dos saberes para
forte elemento de atuação sobre a motivação dos instrumentalizá-lo para uma prática social objetiva;
alunos.
Saber fazer: tradução do saber apreendido, pela
Há necessidade de se variar as estratégias de ensino, prática profissional crítica;
o que permite atender às diferenças individuais
existentes no grupo de alunos. Se o professor escolhe Saber para ser: articulação dinâmica daquilo que o
uma “única maneira de dar aula”, sempre os mesmos sujeito “sabe para si” e o “saber fazer” em posições
alunos serão beneficiados e os mesmos serão e atitudes diante das contradições do mundo –
prejudicados, uma vez que não estão sendo atendidos cidadania plena.
os diferentes estilos de aprendizagem.
METODOLOGIA: Processo pelo qual o educador
A avaliação deve ser encarada como um processo utiliza diferentes procedimentos, técnicas e recursos
contínuo, sistemático, integral e cumulativo, presente para a mediação entre o educando e os conteúdos
em todas as etapas do trabalho escolar, contribuindo de ensino.
para a sua constante melhoria. Sempre que houver
ensino e aprendizagem, haverá avaliação. AVALIAÇÃO: A avaliação é muito importante, à
medida que não se torne um fim em si mesma: trata-se
Avaliar envolve julgamento de valor e, portanto, é de um recurso que deve ser utilizado e colocado a
imprescindível à tomada de decisões e à renovação favor da aprendizagem do aluno, e não como
educacional. Ao realizar a avaliação, o professor pode instrumento de opressão e punição. É preciso que a
saber se a mudança aconteceu no sentido e no grau escola desenvolva uma atitude mais educativa em
esperados. relação à avaliação.
Um processo de ensino competente, – bem preparado considerada um elemento muito importante no
48 e desenvolvido –, reduz, sensivelmente, os tradicionais processo ensino-aprendizagem.
problemas de avaliação do aluno. É preciso, pois, que
se recuperem instrumentos e técnicas de avaliação Para Libâneo (1998), os elementos básicos do ensino,
mais desafiantes e eficientes, que funcionem como na forma didática como foram aqui expostos, podem
apoio para que a aprendizagem se efetive e passar a impressão de constituírem elementos isolados
instrumentalize o cidadão para a prática social. entre si, quando na realidade devem, isso sim, serem
precedidos e assumidos como uma totalidade
curricular, ou seja, uma percepção da globalidade do
RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: Relação
processo ensino-aprendizagem, como, principalmente,
profissional entre o educador e o educando, em que o
uma prática pedagógica que articule dinamicamente o
primeiro atua como mediador entre o aluno e os
pensar, o fazer e o sentir.
conteúdos do ensino. A relação humana deve ser
respeitosa, saudável, amigável, cordial e clara entre O planejamento, como modo de articulação entre o
ambos, desviando do autoritarismo, para assumir um fazer, o refletir e o sentir, deve constituir um forte aliado
caráter de autoridade competente. contra o ativismo que, muitas das vezes, caracteriza o
trabalho do educador, o qual assim se transforma em
O professor bom, amigo e companheiro dos alunos é máquina de dar aulas, ou executor de tarefas, sem a
aquele que leva à sério o seu trabalho, em relação àquilo consciência do seu significado. Daí a importância de se
que realiza no seu fazer pedagógico. Essa interação é construir um projeto político-pedagógico da escola.

Tipos e Características dos Planos de Ensino

PLANOS DE CARACTERÍSTICAS GERAIS

CURSOS 1. Amplo, genérico, sintético, de largo alcance; previsão global de todo o trabalho a
ser realizado durante um determinado período, servindo de linha-mestra para o trabalho
do professor e composto por blocos de conteúdos relacionados que se constituem
em unidades didáticas;
2. Apresentam objetivos formulados em termos gerais, descrevendo o que se espera
do aluno no final do curso;
3. Descreve todos os meios de ensino (conteúdos, estratégias) que serão
desenvolvidos em função dos objetivos propostos.

UNIDADE 1. Objetivos e meios são relacionados ao tema central da unidade (objetivos


específicos), sendo que a natureza do tema determina a duração da unidade;
2. Unidades muito longas devem ser evitadas para não levar ao desinteresse;
3. Unidades e subunidades devem ser coerentes com as exigências lógicas do
conteúdo e as exigências psicológicas do aluno.

AULA 1. Roteiro de atividades que se destina a indicar, de forma bem mais específica, os
elementos contidos nos planos anteriores;
2. Objetivos traçados em termos de comportamentos observáveis;
3. Estratégias de apresentação, desenvolvimento, integração e fixação da aula.

Características de um Planejamento de • Continuidade


Ensino e Princípios Envolve a previsão das etapas do trabalho para
que haja integração entre elas e que nada fique
jogado ao acaso.
• Unidade
Todas as atividades planejadas devem manter • Flexibilidade
perfeita coesão entre si, convergindo para os objetivos Devem permitir possíveis reajustamentos do plano
propostos. em marcha, com a possibilidade de inserção ou
supressão de alguns elementos de acordo com as planejamento, não necessariamente um que tenha
necessidades e/ou interesses dos alunos. muitos quadrinhos, mas de um planejamento que tenha 49
sido construído em conjunto e com a perspectiva de
• Precisão e Clareza transformar a realidade existente com base em um
Os enunciados devem ser claros e precisos, com diagnóstico que capacite os envolvidos a encurtar o
indicações exatas e sugestões concretas para o caminho para a realidade desejada.
trabalho a ser realizado.
Se o professor, não importa o nível ou grau em que
• Objetividade atue, considera o plano de aula como um instrumento
O planejamento deve basear-se em condições reais e de construção da realidade, ele deverá visualizar que
imediatas de local, de tempo, de recursos e de esse plano possui três elementos: a definição do que
desenvolvimento dos alunos. se quer alcançar (OBJETIVO), a indicação da
distância a que se está deste ideal e a proposta para
diminuir esta distância.
Sugestões de Esquema para Elaboração do
Planejamento de Ensino Sendo assim, lembremos que:
• Quando se assume o planejamento participativo
As características acima enunciadas devem estar em sala de aula, trabalha-se com objetivos e não com
sempre presentes no desenrolar de todo o processo conteúdos;
de planejamento como fundamento das fases a • Objetivos e estratégias são categorias diferentes
serem desenvolvidas em termos de reflexão, a fim na programação, diferença esta que nasce do fato de
de permitir, em qualquer etapa do trabalho, possível que cada uma delas é apta para satisfazer
replanejamento. necessidades distintas.

Os esquemas ora sugeridos originam-se de nossas


Objetivos Educacionais
experiências, não significando modelos rígidos a serem
seguidos. Representam pontos de partida, podendo e
devendo ser modificados de acordo com os diferentes O professor é o responsável pelos resultados de seu
momentos e situações. próprio ensino. Esses resultados, porém, advêm da
descrição específica do que ele espera que o estudante
Observa-se, além disso, que qualquer plano como possa alcançar depois de vivenciar o processo ensino-
um trabalho didático, pessoal e criativo, é aprendizagem. Dessa forma, ele precisa basear-se em
desenvolvido em função da realidade de um objetivos, porque:
determinado grupo.
Os objetivos educacionais têm, como proposta, formulações
explícitas das mudanças que, espera-se, ocorram nos alunos
Planejamento na Prática mediante ao processo educacional; isto é, o modo como os
alunos modificam seu pensamento, seus sentimentos e suas
ações (BLOOM, 1974:24).
“Os professores foram levados a preencher
quadrinhos e a chamar isso de planejamento. Como os
Dessa forma, ao traçar um objetivo, o professor
quadros não funcionam, o planejamento perdeu o
precisa ter clareza do que se pretende e saber e como
sentido na escola” (GANDIN, 2003: 25).
vai fazer para trabalhar em cada situação.
Refletindo a fala de Gandin, pergunta-se:
Existem diversas classificações de objetivos, que vão
1. Será que esses “modelos” ou “sugestões”
desde formulações mais amplas até desempenhos
permitem o planejamento?
específicos.
2. Os conteúdos são pré-estabelecidos, “copiados”
todo o ano ou são questionados? Assim, podemos classificar os objetivos como gerais
3. O “tal” plano passou a ser uma lista de e específicos.
possibilidades ou um PLANO?
4. Os planos são “flexíveis”, equivalendo a dizer que Objetivos Gerais:
não precisam ser seguidos? São os mais complexos, resultado da aprendizagem,
5. O “plano” eqüivale ao “programa”? alcançados em um período, mais amplo.

Nessa perspectiva, se pensarmos a educação escolar Objetivos Específicos:


como parte de um processo de transformação, de São mais simples e alcançáveis em menor tempo;
construção da pessoa e da própria sociedade, então, explicitam desempenho observável. Por exemplo:
precisaremos muito do planejamento. Não de qualquer objetivos da disciplina, de unidade e da aula.
Quanto ao domínio, os objetivos se classificam em: criar, criticar, deduzir, definir, desenvolver, identificar,
50 Objetivos Gognitivos: pesquisar, planejar, propiciar, reconhecer, selecionar,
Relacionados ao conhecimento e habilidades utilizar, entre outros.
intelectuais dos alunos.
Seleção e Organização dos Conteúdos
Objetivos Afetivos:
Relacionados aos interesses, atitudes e apreciação. O professor, quando precisa tomar certas decisões,
se reveste de características específicas. Uma delas
Objetivos Psicomotores: se refere diretamente a: “o que devo ensinar?”. Ao
Relacionados às habilidades motoras. responder tal indagação, o professor estará tratando
dos conteúdos que lhe servirão de instrumentos para
Formulação Operacional dos Objetivos: atingir os objetivos propostos.
Três critérios são necessários para elaborar objetivos
significativos. São eles: Dessa forma, a mais importante tarefa do professor,
Comportamento: Identificar o comportamento final, em relação aos conteúdos, é selecionar os bens culturais
ou seja, o comportamento que será aceito como prova formativos capazes de estimular o desenvolvimento do
de que o estudante alcançou o objetivo. aluno como também conhecer bem a disciplina com a
Condições: Descrever as condições importantes nas qual trabalha e se vê obrigado a atualizar seu cabedal
quais ocorrerá o comportamento desejado. de conhecimentos continuamente.
Critérios: Especificar o critério aceitável do
É imprescindível que a seleção dos conteúdos seja
desempenho do aluno.
realizada em função dos objetivos propostos, como
também, respeitar o nível evolutivo do aluno, os
Características dos Bons Objetivos Específicos e
interesses e as necessidades da comunidade. Isso é
Comportamentais:
possível através dos elementos apontados pelo
Os objetivos devem ser: diagnóstico realizado ao iniciar o trabalho, e implícitos
• Expressos em relação ao desempenho (observável na determinação dos objetivos. Ao mesmo tempo, o
e mensurável) esperado do aluno; professor precisa cuidar da organização seqüencial
• Explícitos quanto ao conteúdo ao qual o dos mesmos, a fim de possibilitar ao aluno passar de
desempenho se relacione; um estágio de conhecimentos concretos a outros cada
• Realistas quanto ao conteúdo ao qual o desempenho vez mais abstratos.
se relacione;
• Realistas e alcançáveis nos limites de um segmento Nessa ótica, é fundamental que o professor faça a
de tempo; previsão de conteúdos baseado em adequado
• Complementares, derivando-se dos gerais, diagnóstico da realidade, a fim de propiciar, entre
contribuindo para os objetivos do curso, com coerência outros aspectos, indicações preciosas quanto a
entre si; conteúdos dominados, conteúdos a recuperar e
• Claros (sem alternativas, sem palavras inúteis, conteúdos passíveis de enriquecimento.
inteligíveis para o aluno);
• Inspirados nas atividades diárias; Sendo assim, o professor, para fazer com que a
• Importantes e significativos para o aluno; situação ensino-aprendizagem seja um autêntico prazer
• Conhecidos pelo aluno; tanto para ele quanto para os alunos, precisa planejar
• Promotores de reações muito similares entre os metodicamente seu trabalho e com precisão, dominar
observadores. o teor da disciplina ministrada a fim de evitar a
improvisação tão prejudicial à atividade escolar.
“Um objetivo bem definido é aquele que comunica
claramente ao aluno a intenção educativa do O enfoque em relação aos conteúdos curriculares
professor” (LIBÂNEO, 1998:32). precisa ser visto como o meio para que os alunos
desenvolvam as capacidades que lhes permitam
Para formular os objetivos, os verbos devem ser produzir e usufruir bens culturais, sociais e
usados no infinitivo, porque indicam uma ação a ser econômicos, e não mais como fim em si mesmo.
executada.
Dessa forma, a abordagem de conteúdos precisa se
Sugestões de verbos a empregar na formulação de assentar ao binômio transmissão-incorporação. Isso
objetivos: porque a aprendizagem está na análise, no pensar e na
Analisar, aplicar, argumentar, articular, assinalar, produção de conhecimentos e não na reprodução
avaliar, caracterizar, comparar, compreender, construir, procedida de forma mecânica.
Assim, os conteúdos e o tratamento que devem ser Por exemplo: para realizar uma pesquisa, o aluno pode copiar
dados a eles assumem papel central, pois é a partir deles um trecho da enciclopédia, embora este não seja o 51
procedimento mais adequado. É preciso auxiliá-lo, ensinando
que os propósitos da escola são operacionalizados, ou os procedimentos apropriados, para que possa responder
seja, manifestados em ações pedagógicas. com êxito à tarefa que lhe foi proposta. É preciso que o
aluno aprenda a pesquisar em mais de uma fonte, registrar o
Qualquer que seja a linha pedagógica, professores e alunos que for relevante, relacionar as informações obtidas para
trabalham, necessariamente, com conteúdos. O que diferencia produzir um texto de pesquisa (FAUSTINE, 1998:92).
radicalmente as propostas é a função que se atribui aos conteúdos
no contexto escolar e, em decorrência disso, as diferentes
concepções quanto à maneira como devem ser selecionados e
• Conteúdos Atitudinais:
tratados (FAUSTINE, 1998:90).
A escola como contexto socializador é geradora de
atitudes relativas ao conhecimento, ao professor, aos
A escola precisa tomar como objeto de aprendizagem colegas, às disciplinas, às tarefas e à sociedade,
conteúdos de diferentes naturezas, por ser ela portanto, a compreensão de atitudes, valores e
responsável pela formação ampla do aluno. Nesse normas com conteúdos precisam permear todo o
entendimento, os conteúdos precisam ser abordados conhecimento escolar.
em três grandes categorias: conteúdos conceituais,
que envolvem a abordagem de conceitos, fatos e Assim, é necessário adotar uma posição crítica em
princípios; conteúdos procedimentais, referentes a relação aos valores que a escola transmite
procedimentos; e conteúdos atitudinais, que implicitamente através de atitudes cotidianas. Ensinar
envolvem a abordagem de valores, normas e atitudes. e aprender requer posicionamento claro e consciente
sobre o que e como se ensina na escola.
• Conteúdos Conceituais:
Refere-se à construção ativa das capacidades Este posicionamento só ocorre a partir das intenções
intelectuais para operar com símbolos, idéias, imagens estabelecidas do projeto educativo da escola, para que
e representações que permitem organizar a realidade se possa adequar e selecionar conteúdos básicos,
que ocorre, em um primeiro momento, de maneira necessários e recorrentes. Portanto, é fundamental
eminentemente mnemônica, em que a memorização não que a análise dos conteúdos, à luz dessa dimensão,
deva ser entendida como processo mecânico, mas seja consciente e eticamente comprometida,
como memória significativa. interferindo diretamente no esclarecimento do papel
da escola na formação do cidadão.
Sendo assim, se faz necessário que se considere
como uma etapa que torne o aluno capaz de representar O sistema escolar precisa considerar os conteúdos
informações de maneira genérica para poder relacioná- procedimentais e atitudinais como conteúdos do
las com outros conteúdos. Quando o aluno atribuir mesmo nível que os conteúdos conceituais. Isso não
significados aos conteúdos aprendidos e relacioná- implica aumento na quantidade de conteúdos a serem
los a outros, estamos permitindo que ele aprenda trabalhados, mas sim que estejam explicitados e
conceitos. A aprendizagem de conceitos se dá por tratados de maneira consciente, de maneira integrada
aproximações sucessivas. no processo de ensino e aprendizagem, não, através
da suposição de que exigem atividades específicas.
• Conteúdos Procedimentais:
Refere-se aos procedimentos de um saber fazer, que Seleção e Organização de Procedimentos
envolve tomar decisões e realizar uma série de ações, de Ensino
de forma ordenada e não aleatória, para alcançar uma
meta. Os conteúdos procedimentais estão sempre
presentes no projeto de ensino, pois uma pesquisa, Para obtermos uma aprendizagem eficaz, é imprescindível
um experimento, um resumo, uma maquete são levarmos em conta a capacidade dos alunos na seleção e
proposições de ações presentes nas salas de aula. Ao organização dos procedimentos de ensino.
ensinar procedimentos, também, se ensina certo modo
de pensar e produzir conhecimento. Os procedimentos de ensino são ações, processos
ou comportamentos planejados pelo professor para
Dessa forma, parafraseamos, mais uma vez, Faustine colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos
(1998) que assim nos afirma: ou fenômenos que lhe possibilitem modificar sua
conduta em função dos objetivos previstos.
É preciso analisar os conteúdos referentes a procedimentos
não do ponto de vista de uma aprendizagem mecânica, mas Podemos considerar os procedimentos e duas
a partir do propósito fundamental da educação, que é fazer dimensões:
com que os alunos construam instrumentos para analisar,
• Procedimentos que representam as ações do
por si mesmos, os resultados que obtêm e os processos que
colocam em ação para atingir as metas a que se propõem. professor, enquanto orienta e controla as situações
de ensino favoráveis à aprendizagem, por isso, conteúdos, bem como as características dos diferentes
52 classificam-se com procedimentos de ensino gerais; estágios de desenvolvimento dos alunos.

• Procedimentos que representam as ações do Seleção de Recursos


professor, enquanto organiza as situações de ensino
necessárias à realização de atividades ou experiências
de aprendizagem que facilitem o alcance dos objetivos Vários autores apontam a existência de variados
pelos alunos. Essas ações se referem às maneiras recursos que o professor pode utilizar como meio de
particulares de organização de ensino, que visam estímulo à aprendizagem.
fundamentalmente sobre a atividade do aluno ou
experiências de aprendizagem, por isso classificam-se Podemos citar a voz do professor, um sorriso ou
como procedimentos de ensino especiais. uma palmada no ombro, os livros, os mapas, os
objetos físicos, as fotografias, as fitas gravadas,
Por isso, ao selecionar e organizar procedimentos de slides, a televisão e os filmes sonoros. Casos tais
ensino, o professor deve prever experiências de como excursões ou exercícios de laboratório.
aprendizagem que estimulem o aluno à formulação de
conceitos, em vez de adquirir simplesmente conceitos; As condições internas da aprendizagem estão no
a buscar a solução de problemas em lugar de receber aluno e as condições externas são impostas pelo
soluções prontas. professor e por todos os meios estimulantes
empregados. Entretanto, ele destaca que o meio
Tanto um quanto o outro procedimento precisam escolhido pelo professor só será útil e eficaz se
selecionado com base na análise sistemática dos
conduzir o aluno à aprendizagem. Logo, cabe ao
objetivos educacionais.
professor planejar situações de aprendizagem que
estimulem o aluno a ler, escutar, escrever, observar,
Nesse sentido, todos os suportes da comunicação e
experimentar, solucionar problemas, enfim, participar
da informação, ou os veículos ou meios utilizados para
ativamente do processo que conduzirá, se bem
comunicar uma idéia, imagem, informação e conteúdo
organizado, orientado e controlado, às mudanças
são considerados recursos audiovisuais.
desejáveis no aluno.
Assim, a maneira como se combinam os fatores de
Como afirma Libâneo (1998), nenhuma atividade é produção da educação (construções, equipamento
capaz de assegurar, por si mesma, uma mudança escolar, corpo docente, meios de comunicação,
desejável no comportamento do aluno; nem possui, métodos de ensino etc.) para obtenção do produto
necessariamente, um valor como estímulo. Inclusive final, ou seja, como aluno atinge, total ou parcialmente,
pode não ser efetiva em nenhum sentido. O que confere das mudanças esperadas, medidas em função dos
valor a qualquer atividade é a consideração de como, objetivos específicos previamente estabelecidos, são
quando e onde é mais apropriada e eficaz. consideradas tecnologias educacionais.

As atividades ou experiências de aprendizagem Podemos dizer que a tecnologia educacional pode


podem ser realizadas pelo aluno, individualmente ou ou não implicar uso de recursos materiais. Seu campo
em grupo. é mais vasto, isso porque destina-se à organização e
aplicação de recursos humanos, materiais, idéias,
Dessa forma, o professor, ao organizar as condições procedimentos e ao desenvolvimento instrucional
externas favoráveis à aprendizagem, necessita utilizar que está sempre voltado para os problemas da
os meios ou modos organizados de ação, conhecidos educação.
como técnicas de ensino.

As técnicas de ensino representam, em realidade, Classificação dos Recursos


maneiras particulares de provocar as atividades dos
alunos no processo de aprendizagem. Recursos Humanos
• professor;
As técnicas de ensino estão vinculadas a duas • alunos;
modalidades: • comunidade escolar;
• Técnicas de ensino individualizado; • pessoal de apoio.
• Técnicas de ensino em grupo.
Recursos Materiais
Assim, todo professor competente deve seguir, ao • naturais;
selecionar e organizar os procedimentos de ensino, o • ambiente da escolar;
conhecimento da natureza da aprendizagem e dos • comunidade.
O processo de aprendizagem é mais eficaz quando • Os recursos devem dar uma informação tão exata
torna-se possível realizar uma experiência direta. quanto seja possível; 53
O emprego de recurso pode proporcionar aos • Examinar previamente o funcionamento de aparelhos;
alunos experiências para desenvolver a
• Apresentar no momento oportuno;
compreensão e a reflexão.
• Integrar com o conteúdo trabalhado;
O professor, ao utilizar os recursos, precisa tomar • Controlar o tempo disponível;
alguns cuidados como: • Preparar os alunos para o emprego;
• Os recursos devem estar disponíveis no momento • Estudar todas as fontes que expliquem maneira mais
de sua utilização; efetiva e eficiente de utilização.

Exercícios

1) Do planejamento didático faz parte a seleção dos conteúdos a serem trabalhados. Organiza-se o planejamento
em torno das atividades preferidas dos alunos e selecionam-se os conteúdos que tenham para os alunos:
a) Significação e utilidade.
b) Organização e flexibilidade.
c) Ordenação e validade.
d) Sistematização e gradualidade.
e) Coerência e integralidade.

2) Aprender e ensinar são processos intimamente relacionados, nos quais o planejamento tem um papel
fundamental, que é:
a) Direcionar o desenvolvimento cognitivo e afetivo do aluno.
b) Direcionar a seleção de conteúdos que garantam o alcance dos objetivos definidos pelo professor.
c) Traduzir na prática as diferentes correntes teóricas relativas ao processo ensino-aprendizagem.
d) Favorecer a qualidade do trabalho docente, a fim de que o aluno desenvolva sua capacidade intelectual.
e) Garantir a coerência e a unidade do trabalho docente através da interligação dos elementos do processo de ensino.

3) Ao planejar as atividades escolares, é preciso ter sempre em mente: que a aprendizagem só acontecerá quando:
a) A motivação estiver presente.
b) A afetividade for amadurecida.
c) a cognição puder estruturar-se.
d) a memória trabalhar os dados.
e) a socialização se complementar.

4) Vygotsky nos afirma que todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: tanto em
nível social quanto em nível individual, ou seja, entre pessoas (interpessoal) e no interior da criança
(intrapessoal). Sendo assim, o autor sugere que a escola deve organizar seu currículo tendo como princípio:
a) Competitividade entre alunos.
b) Homogeneidade das turmas.
c) Interação entre alunos.
d) Atividade individual.
e) Autoridade do professor.

5) Para garantir a toda criança uma efetiva igualdade de oportunidades para aprender, a escola deve atender à
diversificação de seus alunos. Para que seja possível um processo de aprendizagem realmente significativo, a
escola deve buscar em relação à realidade de seus alunos uma:
a) Análise sociológica.
b) Classificação da turma quanto ao desempenho do ano anterior.
c) Imposição da cultura escolar.
d) Adequação didático-pedagógica.
e) Uma análise antropológica.
6) O método que consiste em distribuir temas de estudo a grupos de alunos, com a finalidade principal de obter
54 a cooperação entre eles na realização de uma tarefa, é:
a) Expositivo.
b) Comparativo.
c) Trabalho em grupo.
d) Experimental.
e) Racional.

7) O planejamento de ensino realizado pelas ações docentes (professores) deve estar articulado entre si, através
das escolhas de atividades conscientes para a promoção humana e social. Tal atividade, fundamentada em opções
político-pedagógicas e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas, poderá desenvolver:
a) a pesquisa em sala de aula, despertando o interesse dos alunos em criar conhecimento.
b) a pesquisa de campo, que ajudará o ensino ficar mais dinâmico.
c) Uma prática pedagógica participativa que permitirá o desenvolvimento da consciência para o exercício da cidadania.
d) Aumentar o nível de escolaridade.
e) Uma prática pedagógica reprodutora.

8) Um currículo não é, mesmo que possa parecer, um somatório neutro de conteúdos. Logo, a escola que
elabora seu currículo aliada à cultura da comunidade dos alunos, favorece a construção de uma sociedade:
a) Transformadora.
b) Elitista.
c) Autoritária.
d) Conservadora.
e) Reprodutora.

9) Assinale o tipo de planejamento no qual o professor especifica e operacionaliza os procedimentos diários:


a) No planejamento curricular.
b) No planejamento de aula.
c) No projeto político-pedagógico.
d) No projeto sistêmico escolar.
e) No planejamento participativo.

10) Leia as afirmativas abaixo:


I
O professor é considerado competente quando consegue incentivar seus alunos e promover realmente a
aprendizagem. No entanto, é necessário que existam outras categorias para que esse professor seja considerado
competente para o exercício do magistério. São elas:
I- Considera o ensino como transmissão de conhecimento.
II- Pondera a prova como diagnóstico do processo ensino-aprendizagem.
III- Planeja com coerência os objetivos de sua prática pedagógica.
IV- Aprova os alunos que têm maior dificuldade de aprendizagem.
V- Tem conhecimento científico, ética profissional e afetividade.
Assinale a alternativa correta:
a - I, II, IV.
b - I, II e III.
c - II, III e V.
d - I, III e IV.
e - Todas estão corretas.

II
a) O trabalho docente, entendido como atividade pedagógica do professor, desenvolvido junto aos alunos,
busca assegurar o domínio mais seguro e duradouro possível dos conhecimentos científicos.
b) Os aspectos que compõe a Didática, durante a caminhada da teoria até a prática, são sociológicos, psicológicos
e filosóficos.
c) Os objetivos são classificados, quanto à especificação, em gerais e específicos.
d) Os fatores sociais, assim como os problemas familiares, não interferem na aprendizagem.
e) O planejamento de ensino deve prever os objetivos, conteúdos, procedimentos, recursos e avaliação.
Estão corretas as afirmações das letras:
1) a, b, c. 55
2) a, b, d.
3) a, b, e.
4) a, b, c, e .
5) a, b, c, d, e.

11) Elabore um planejamento de aula, cujo conteúdo seja coerente com seu curso.
UNIDADE VI
56

AVALIAÇÃO ESCOLAR

Atualmente, avaliar a aprendizagem se tornou um Dessa forma, não podemos pensar que avaliação da
tema angustiante para a maioria dos professores e aprendizagem não deva mais existir, mas levantar a
estressante para os alunos, pois a avaliação é sempre bandeira de que é preciso ser feita para atingir seu real
lembrada por um desânimo. Quando não, é utilizada objetivo: verificar se houve aprendizagem significativa
em frases como: “Esse é o maior problema!”. de conteúdos relevantes.

Moretto (2006:93) afirma que “essa angústia se dá Logo, a avaliação precisa ser coerente com a forma
porque a avaliação da aprendizagem ainda não foi de ensinar.
transformada, por muitos professores, em um
processo que não seja cobrança de conteúdos, Assim sendo, para que a avaliação escolar assuma o
aprendidos “de cor”, de forma mecânica e sem muito papel de instrumento de diagnóstico para o
significado para o aluno”. crescimento, ela terá que estar a serviço de uma
pedagogia preocupada com a transformação social.
Devemos estar cientes de que a avaliação precisa
ser analisada sob novos parâmetros, pois é a parte Portanto, a avaliação da aprendizagem passa a ser
integral do ensino e da aprendizagem. um momento privilegiado de estudo e não mais acertos
de contas.
No entanto, não carece mais perceber que ensinar é
transmitir conteúdos prontos e acabados, como já foi Nesse caso, devemos transformar mediação em
um dia, mas como a perspectiva de uma nova relação avaliação, porque:
entre professor, aluno e conhecimento. Isso porque o MEDIR é mensurar os aspectos quantitativos
conhecimento só se dá quando o professor percebe utilizando instrumentos padronizados (provas,
que o aluno é o construtor do próprio conhecimento, testes).
em que essa mediação deve ser feita pelo professor.
AVALIAR é levar em conta os aspectos
Assim “fica claro que a construção do conhecimento quantitativos e qualitativos, envolvendo julgamento
é um processo interior do sujeito da aprendizagem, de valor, ou seja, o parecer à variedade de
estimulado por condições exteriores criadas pelo instrumentos, um para cada situação, em respeito
professor” (MORETTO, op.cit.:95). às características do grupo.

CURRÍCULOS E PROGRAMAS PLANEJAMENTO E OBJETIVOS


Desempenho do aluno Desempenho do professor
½
½
½

Comunidade AVALIAÇÃO É O MEIO DE ½


½

½ Metodologia
INFORMAÇÃO.

Tomada de decisão

6.1. Tipos de Avaliação


A avaliação da aprendizagem, em relação à eficácia e racional, econômico e útil. Logo, para que avaliação
à eficiência, é quando o professor propõe um objetivo seja eficiente é necessário que ela seja eficaz.
e consegue alcançá-lo com êxito, em que o processo
desenvolvido para alcançar o objetivo proposto é • Diagnóstica - se dá no início do processo ensino-
relevante, enquanto o processo para alcançá-lo é aprendizagem, pois visa levantar os pré-requisitos
(conhecimentos, habilidades, interesses e atitudes) para o acompanhar o desempenho do aluno, durante o
início de determinado estudo. Comportamento de entrada. processo ensino-aprendizagem. Realizada através de 57
Leva em conta a situação socioeconômica do aluno, o testes e instrumentos rápidos, aplicados periodicamente,
contexto em que vive, a ocorrência de possíveis problemas e que visam verificar se a aprendizagem está realmente
de natureza física, moral, familiar ou psicológica. acontecendo.

Se para medir, recorre-se a técnicas e instrumentos • Somativa - caracteriza-se pela sua função
de caráter formal, os professores avaliam seus alunos classificadora, através da atribuição de nota ou
durante a aula de modo espontâneo. conceito ao final de um curso, concurso ou
determinado período.
• Formativa - acontece durante o processo ensino-
aprendizagem, ela é contínua, propõe informar como Não há posição entre avaliação formal e informal;
está ocorrendo a aprendizagem. É aplicada para uma completa a outra.

6.2. Avaliação no Processo Ensino-Aprendizagem

• Organização de meio: seleção de experiências e • Formulação de objetivos;


conteúdos da aprendizagem;
• Avaliação da aprendizagem;
• Seleção de meios: organização de conteúdos e de
experiências programáticos à aprendizagem; • Objetivo de ensino.

6.3. Diagnóstico das Necessidades Educacionais

Esse esquema enfatiza a dinâmica do conjunto e as No pensamento e conhecimento – domínio cognitivo;


interligações das partes, cujo processo em nível de
Nos sentimentos, atitudes e valores – domínio afetivo;
planejamento se inicia no diagnóstico das necessidades
educacionais (saber onde estamos) para determinar os Nas ações físicas e na motricidade – domínio
objetos (aonde queremos chegar) e selecionar os conteúdos psicomotor.
programáticos e experiências de aprendizagem (que
caminhos trilhamos para atingir os objetivos propostos). A separação é mais uma questão de ênfase no
conhecimento, nos valores, nos interesses e na ação.
Em relação à execução, a avaliação da aprendizagem Isso porque o ser humano necessita ser visto de forma
refaz o diagnóstico e incentiva o replanejamento. Há holística, ou seja, global, pois é um ser que pensa,
três campos ou domínios onde a aprendizagem se realiza. ama, age e interage.

6.4. Questões Objetivas: Normas Técnicas

Um teste se compõe geralmente de questões A finalidade da questão aberta situa-se na


objetivas e de questões abertas. possibilidade de solicitar, a produção, a organização e
o desenvolvimento de idéias; aspectos que as questões
As questões objetivas solicitam que o aluno objetivas não conseguem verificar.
selecione uma resposta entre as várias apresentadas
nas alternativas. Já a questão aberta exige do Os testes devem ser instrumentos que ensinem a ensinar
melhor, a estudar mais, a corrigir ou modificar
examinador que apresente a resposta por ele mesmo metodologias. Devem ser instrumentos de motivação para
elaborada, seguindo uma linha de abordagem os alunos, nunca instrumentos apenas de classificação
sugerida na pergunta. (LUCKESI, 1998:22).
6.5. Principais Instrumentos de Avaliação
58
da Aprendizagem

Moretto (2006:96) afirma que “em lugar de


apregoarmos os maléficos da prova, é preciso que a
Oral avaliação procure atingir seu real objetivo, que é de
È dissertativa verificar se houve aprendizagem significativa dos
PROVAS Escrita Ä objetiva conteúdos relevantes”.
Ê consulta Nessa linha de pensamento, Moretto propõe alguns
Prática È real princípios que sustentam a concepção de avaliação
Ê simulada de aprendizagem:

• Lacuna;
• Acasalamento (correspondência);
• Certo ou errado (falso ou verdadeiro);
Tipos de Questões • Ordenação;
• Múltipla escolha.
Quando realizamos uma avaliação, é necessário que
ela seja feita pelas diversas questões, pois avaliar tem Os instrumentos, acima apontados, podem ser
um sentido amplo, logo precisa ser feita de formas usados em quaisquer dos momentos de avaliação
diversas, com instrumentos variados, mesmo sendo o (diagnóstica, formativa e somativa), assumindo
mais comum, em nossa cultura, a prova escrita. características diferentes.

Exercícios

1) Em geral, a avaliação da aprendizagem tem sido uma prática ameaçadora, autoritária e seletiva. No entanto,
se assumida com um instrumento de compreensão do processo de aprendizagem dos alunos, cuja finalidade
maior seja a identificação de caminhos mais eficientes, a avaliação pode contribuir para o NÃO esforço:
a) Das aptidões.
b) Da autonomia.
c) Da socialização.
d) Das desigualdades sociais.
e) Da integração escola e comunidade.

2) A seguir, estão listados alguns procedimentos que o professor deve adotar para realizar uma avaliação:
I) Determinar com precisão a área de conhecimento a ser verificada, o aluno deve saber o que estudar.
II) Estimular o julgamento dos trabalhos pelo aluno ou pela classe, o aluno irá aprendendo a julgar e perceberá
que a nota não é uma arma que o professor usa contra ele.
III) Evitar o acidental e o fator sorte. O aluno deve saber o que vai ser exigido dele e a nota deve expressar
rigorosamente o aproveitamento.
IV) Aceitar o resultado como um diagnóstico da sua ação.
Assinale o item que indica os procedimentos corretos, dentre os citados:
a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV.
d) I, II e III.
e) I, II, III e IV.

3) A professora Rita redigiu, ao final do relatório de seus alunos, algumas características que considerava
essenciais em sua avaliação, como:
“Ana é viva demais”. “Luís é desorganizado”. “Paulo é desanimado”. “Joana é deficiente”, “Júlia é mal-
humorada”, “Vanessa é tímida demais”, ”Miguel é mal-educado.” “Só Rafael é normal”.
Esta professora entende avaliação como:
a) Utilização de critérios adequados para classificar os alunos. 59
b) Identificação de características individuais dentro de turmas heterogêneas.
c) Atribuição de rótulos que contribuem para exclusão dos alunos.
d) Constatação de diversidade para repudiar as atitudes de preconceito racial.
e) Reconhecimento das diferenças para valorizar as vivências dos alunos.

4) Apesar da avaliação da aprendizagem ser de responsabilidade do professor, não significa que seja dele a
função de avaliar. Delegá-la aos alunos, em determinados momentos, é uma condição didática necessária para
a construção de instrumentos de auto-regulação para diferentes aprendizagens. A avaliação da aprendizagem
que tem por objetivo levar o aluno a refletir sobre seus deveres e seu envolvimento com as tarefas escolares e
a tomar consciência de seu desempenho como estudantes denomina-se:
a) Auto-avaliação.
b) Avaliação externa.
c) Avaliação somativa.
d) Avaliação cooperativa.
e) Avaliação contínua.

5) Após concluído o estudo do tema selecionado, o professor avaliou que a aprendizagem tinha sido realizada
com sucesso, além de ter havido interesse e participação entusiasmada dos alunos, entre outras razões, pelo
fato de que esteve presente, na situação descrita, o aspecto:
a) Sociorganizacional, ou seja, a aprendizagem foi facilitada pelos critérios de organização das turmas, que
consideravam o desempenho escolar.
b) Sociocomunicacional, isto é, o entrosamento entre os alunos e funcionários favoreceu uma relação harmoniosa
em sala de aula.
c) Socioemocional, referente às relações interpessoais entre professor e alunos e às normas disciplinares
indispensáveis ao trabalho docente.
d) Sociocognitivo, relativo à boa forma de construção dos conhecimentos escolares por professor e alunos.
e) Sociopolítico, relativo ao grau de conscientização envolvido.

6) Estudando o folclore brasileiro, um professor estabeleceu os seguintes objetivos:


1. Identificar as origens do folclore brasileiro.
2. Participar voluntariamente de eventos para divulgação do folclore brasileiro.
3. Executar ritmos folclóricos usando seu próprio corpo.
Quanto ao domínio, a seqüência correta para a classificação dos objetivos apresentados é:
a) 1 - cognitivo; 2 - cognitivo; 3 - psicomotor
b) 1 - cognitivo; 2 - afetivo; 3 - psicomotor
c) 1 - cognitivo; 2 - psicomotor; 3 – afetivo
d) 1 - afetivo; 2 - afetivo; 3 - psicomotor
e) 1 - cognitivo; 2 - afetivo; 3 - afetivo

7) “Classe não é auditório para o aluno e tribuna para o professor: é oficina em que se pensa, debate, manipula,
pesquisa, constrói” (Lauro de Oliveira Lima). A estratégia para estudo de um assunto que está mais de acordo
com essa proposição é:
a) interpretação de textos sobre o assunto, sistematização feita pelo professor e exercícios escritos.
b)pesquisa do assunto em textos variados, organização de resumos e exercícios escritos.
c)pesquisa do assunto em fontes variadas, discussão em grupo e registro de conclusão.
d)síntese do assunto no quadro-de-giz, explicação oral e registro.
e)exposição oral do assunto, leitura de textos e questionário.

8) Um professor de 8ª série, aplicando uma avaliação diagnóstica no início do ano, verificou que a maioria dos
alunos não dominava totalmente os conteúdos da disciplina estudados na série anterior.
O procedimento que o professor utilizará para superar essa dificuldade é:
a) Recordar, com todos os alunos, o programa da 7ª série e só depois iniciar o estudo dos novos conteúdos.
b) Começar o estudo dos conteúdos de 8ª série, usando material de objetivação e tirando as dúvidas que
surgirem.
c) Ensinar novamente os conteúdos da série anterior, pois são pré-requisitos para a aprendizagem dos novos
conteúdos.
d) Desenvolver o programa de 8ª série normalmente, pois ele não é responsável pelo que ocorreu no ano anterior.
60 e) Trabalhar diversificadamente em grupos, atendendo às dificuldades evidenciadas e iniciar, depois, o programa
de 8ª série.

9) Durante os encontros para a preparação do ano letivo em uma escola, alguns tópicos foram considerados
como os mais importantes. Dentre estes, destaca-se o conhecimento da realidade dos estudantes e, por isso, no
planejamento das atividades, foi preciso levar em conta:
a) A realidade expressa nos programas escolares estabelecidos.
b) A vivência limitada das pessoas de grupos sociais minoritários.
c) O meio ambiente das classes mais favorecidas daquela região.
d) O contexto sociocultural específico da realidade dos alunos.
e) O modelo social idealizado pelos pais dos alunos da escola.

10) A prática escolar distingue-se de outras práticas educativas, como as que acontecem na família, no trabalho,
na mídia, no lazer e nas demais formas de convivência social, por construir uma ação:
a) planejada, intencional e ocasional.
b) espontânea, ocasional e assistemática.
c) sistemática, intencional e planejada.
d) sistemática, ocasional e intencional.
e) assistemática, planejada e espontânea.

11) No trabalho do professor, a avaliação constitui uma tarefa didática e permanente que deve acompanhar o
processo ensino-aprendizagem. Assim, uma das funções pedagógicas da avaliação é:
a) verificar as falhas existentes e definir providências a serem tomadas.
b) verificar o quanto cada aluno aprendeu através do uso do instrumento de medida.
c) organizar os alunos em grupos para lhes dar orientação mais adequada dentro da turma.
d) realizar um diagnóstico do processo educativo, buscando aprimorá-lo.
e) cumprir uma formalidade legal dando conceitos aos alunos, ao final de cada bimestre.

12) Analise as afirmativas abaixo e assinale com (V) nas corretas e com (F) nas falsas:
a) De umas décadas para cá, grande ênfase vem sendo dada aos objetivos, pois, sem eles, a ação da escola não
passaria de um conjunto desordenado e desconexo de aulas. ( )
b) Para que o professor possa planejar adequadamente sua tarefa e atender às necessidades do aluno, deve
levar em consideração dados e fatos importantes da realidade do aluno. Esse conhecimento constitui o pré-
requisito para o planejamento, sendo conhecido como sondagem. ( )
c) Os componentes do planejamento de ensino são: os objetivos, os conteúdos programáticos, as estratégias
de ensino e a avaliação. ( )
d) Quanto ao domínio os objetivos se classificam em cognitivos, afetivos e psicomotores. ( )
e) Um objetivo bem definido é aquele que comunica claramente ao aluno a intenção educativa do professor. ( )
UNIDADE VII
61

P R O J E T O P O L Í T I C O -PED A G Ó G I C O

Nesta unidade, trataremos da importância, elaboração do Projeto Político-Pedagógico. Assim


conceito, significado, bem como das dificuldades, como sua função e os principais norteadores para
obstáculos e elementos facilitadores para sua elaboração.

7.1. Conceito e Objetivos

Vasconcellos (2005) esclarece que todo projeto supõe 4) Controle, acompanhamento e avaliação do projeto:
rupturas com o presente e promessas para o futuro. a necessidade de o projeto ser constantemente
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável avaliado, a fim de perceber se seus objetivos estão
para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade sendo atingidos.
e buscar uma nova estabilidade. 5) Credibilidade: esse item significa que as idéias
podem ser boas, mas quem a defende se não têm
Nesse processo podem-se distinguir dois momentos: prestígio e comprovada competência, a legitimidade
a) O momento da concepção do projeto; do projeto pode ficar limitada.
b) O momento da institucionalização e implantação 6) Referencial teórico: é imprescindível para facilitar
do projeto. o reconhecimento dos principais conceitos e a
estrutura do projeto.
Logo, podemos afirmar que a noção de projeto implica
sobretudo tempo. A falta desses elementos poderá torna-se um
a) Tempo Político - define a oportunidade política de obstáculo na elaboração e na implantação do projeto
um determinado projeto. político-pedagógico para a escola.
b) Tempo Institucional – cada escola encontra-se
num determinado tempo de sua história. O projeto Logo, é fundamental que saibamos: a implantação
que pode ser inovador para uma escola pode não ser de um projeto político-pedagógico enfrenta sempre a
para outra. descrença dos que pensam que nada adianta projetar
c) Tempo Escolar – o calendário da escola, o período para se ter uma boa escola.
no qual o projeto é elaborado é também decisivo para
o seu sucesso. Nesse sentido, enquanto não existir pressão dos “de
d) Tempo para amadurecer as idéias – só os projetos baixo”, a vontade política e o pensamento da prática
burocráticos são impostos e, por isso, revelam-se dos “de cima” não se modificará.
ineficientes em médio prazo. Há um tempo para
sedimentar as idéias. Um projeto precisa ser discutido Segundo Moretto (2006), o projeto político-
e isso leva tempo. pedagógico são princípios e metas que a escola deve
constituir em um verdadeiro processo de
Assim sendo, os elementos facilitadores, segundo conscientização e de formação cívica, portanto necessita
Vasconcellos (2005), para o êxito de um projeto são, ser um processo de recuperação pela importância e
a saber: necessidade do planejamento da educação.
1) Comunicação eficiente: necessita ter um
enunciado facilmente compreendido. Tudo isso exige, segundo Freire (1999), certamente,
uma educação voltada para a cidadania e autonomia,
2) Adesão voluntária e consciente ao projeto: por serem hoje categorias estratégicas de construção
momento em que todos devem estar envolvidos, em de uma sociedade melhor em torno das quais há
que a co-responsabilidade é um fator decisivo no êxito freqüentemente o consenso.
de um projeto.
3) Suporte institucional e financeiro: significa O Projeto Político-Pedagógico precisa ser feito
vontade política, pleno conhecimento de todos, baseado numa ética, visto como instrumento de
principalmente dos dirigentes e dos recursos transformação, à medida que expressa o compromisso
financeiros claramente definidos. do grupo em uma caminhada.
Por isso, tanto o dirigente pode cobrar coerência do Não pode ser confundido com currículo: vai além,
62 dirigido como o dirigido pode cobrar do dirigente, pois é a própria concepção da escola.
como dos companheiros entre si, em que as críticas
carecem tornar parte do cotidiano para superar as Assim, um projeto político-pedagógico não é a mera
contradições. Somente, assim, temos como finalidades reorganização curricular, mas um reposicionamento
do Projeto Político-Pedagógico: institucional, diante da realidade e do desenvolvimento
• Aglutinar pessoas em torno de uma causa comum; da área de conhecimento do curso e face às condições
• Ser um canal de participação efetiva; institucionais.
• Dar um referencial de conjunto para a caminhada;
• Ajudar a conquistar e consolidar a autonomia da escola; Envolve, portanto, um processo de reflexão sobre a
• Ser um instrumento da realidade; escola e a criação ou proposição de condições efetivas
• Colaborar na formação dos participantes. de qualidade.

Qualidade de ensino pressupõe a consciência clara do Em termos gerais, o objetivo de um projeto político-
projeto educacional ou projeto global da instituição e do pedagógico é possibilitar a reflexão crítica sobre a
projeto político-pedagógico que a instituição oferece, e, prática educativa da instituição, no sentido de
por conseqüência, a relação harmoniosa entre os mesmos. reformular seus cursos para a melhoria do ensino.

Para Moretto (2006), quando uma instituição busca Vasconcellos (2005) ressalta que, em termos específicos,
definir e programar seu projeto pedagógico com uma um Projeto Político-Pedagógico tem como objetivo:
identidade e diferenciação em relação às demais a) analisar, criticamente, o modelo do curso existente;
instituições, passa a aglutinar o projeto pedagógico
b) estruturar ou reestruturar o currículo pleno do curso;
político da escola.
c) caracterizar o perfil do aluno que se deseja formar
Nestes termos, falar de projeto educacional é falar da e que seja capaz de atender às necessidades pessoais;
política institucional, do todo, da globalidade com a d) criar mecanismos de avaliação permanente, no
qual os projetos guardam profunda articulação. sentido da correção das distorções e da melhoria da
qualidade do ensino, afim de que não erremos na hora
O projeto político-pedagógico de uma escola é o de escolher a filosofia que irá nortear o processo
conjunto de diretrizes e estratégias que expressam e pedagógico em nossa prática pedagógica, faremos uma
orientam a prática pedagógica. explanação de cada uma delas.

Exercícios

1) A equipe de uma escola pública propôs-se a elaborar o projeto pedagógico da instituição com as
seguintes características:
I) A participação de todos os atores envolvidos na comunidade escolar;
II) Expressão da cultura local;
III) Manifestação de um conjunto de princípios e práticas visando a uma nova realidade;
IV) Determinação dos objetivos e formas de avaliação referentes ao PPP.

Quais as características acima um projeto pedagógico de gestão democrática e participativa deve,


necessariamente, apresentar?
a) I e II.
b) III e IV.
c) I, II e III.
d) I, III e IV.
e) I, II e IV.

2) Além de constituir uma exigência formal, contida inclusive na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o
projeto pedagógico revela-se uma necessidade cotidiana das instituições educativas e um instrumento eficaz para
implementação de suas ações. Nessa perspectiva, o projeto pedagógico caracteriza-se, essencialmente, como:
a) Um plano didático pedagógico, previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional como instrumento
regulador das atividades.
b) Um instrumento norteador das escolas públicas e das ações sistemáticas de todos os membros da
comunidade educativa.
c) Um recurso de gestão administrativa e financeira da escola deve ser conhecido por toda comunidade escolar.
d) Um referencial que exprime as exigências da sociedade, das autoridades governamentais e da comunidade 63
local, construído diretamente por esses agentes.
e) Um documento que se reflete no currículo da escola, construído e vivenciado por todos os envolvidos no
processo educativo que busca rumo, ação intencional e compromisso coletivo.

Conclusão

Diante dos argumentos descritos, o objetivo da A educação, como universal e transmissora de


Didática é auxiliar os professores em suas práticas conhecimento, precisa dar oportunidade aos alunos
educativas, para que todos os alunos tenham acesso para que se prepararem para a vida. Para que isso
ao objeto do conhecimento. ocorra, é necessário que o corpo docente esteja sempre
se atualizando, pois é impossível pensar no processo
As descobertas atuais evidenciam, de maneira educativo sem atrelar o ensino à aprendizagem, já que
contundente, que existem diferentes processos de ambos fazem parte da mesma unidade, formando um
aprendizagem. Entretanto, é imprescindível que o conjunto indivisível, cujo professor e alunos implicam
professor os conheça, a fim de inserir o aluno, desde e são implicados. A realidade social deve ser tão
cedo, no mundo do conhecimento. fundamental quanto a cognitiva, afetiva e biológica.
64

Se você:
1) concluiu o estudo deste guia;
2) participou dos encontros;
3) fez contato com seu tutor;
4) realizou as atividades previstas;
Então, você está preparado para as
avaliações.

Parabéns!
Glossário
65
Planejamento – é o “cumprimento de um papel ideológico, de ocultação das verdadeiras contradições da realidade,
uma vez que somente o enfrentamento dessas contradições, nas suas bases concretas, é que permitirá a efetiva
mudança da realidade, ainda que num nível e ritmo aquém do que desejamos. A idéia é fundamental no processo
de transformação, mas uma idéia articulada à realidade e por ela fertilizada [...]” (VASCONCELLOS, 2005: 32).
Gabarito
66
UNIDADE II

Exercícios

a) Sinopse do filme:

Durante o filme vocês terão a oportunidade de assistir a entrada de uma professora em uma escola da periferia.
Ela tinha pedido baixa da Marinha e solicitou ao um colega que arrumasse uma escola para lecionar Literatura.

Como a professora não estava acostumada a este tipo de clientela, no primeiro dia de aula saiu de turma.

Em seguida, ela aceita o desafio. Assim, o primeiro ponto de partida foi se atualizar para conseguir se aproximar
dos alunos, a fim de que todos tivessem sucesso no processo ensino-aprendizagem. Entretanto, sofreu várias
pressões em relação à Direção, porque a escola utilizava a filosofia de uma escola tradicional.

b) Como já citava Vygotsky (1993), todo ser humano tem um ritmo de desenvolvimento, logo toda turma é
composta de crianças, cujo ritmo de aprendizagem diferencia de criança para a criança. Assim, o professor
precisa saber de antemão que não vai encontrar uma turma homogênea, cujas crianças não aprenderão de forma
idêntica e ao mesmo tempo. Algumas aprenderão mais rápido enquanto outras demoram mais um pouco.
Entretanto, o autor não descarta que esse aluno não venha algum dia aprender. Vygotsky dá muita importância
na interação entre as crianças, porque acredita o que a criança não conseguiu assimilar com o educador poderá
fazê-lo com os colegas, o que ele chama de zona de desenvolvimento proximal.

Assim sendo, o caso do Bernardo, além do professor considerar seu contexto histórico sociocultural,
concomitantemente, ele precisa perceber a maturação biológica desta criança, como afirma Piaget (1986).

Entretanto, é de suma importância que o professor tenha um relacionamento afetivo com esta criança, pois
como sinaliza Wallon, a razão nasce com a emoção.

Nessa situação, o professor dever propor diferentes tipos de tarefas na linha de Freneit para estimulá-lo a
encontrar alguma que lhe interesse.

Ao mesmo tempo, levá-lo a perceber que tudo que ele aprende é para sua melhoria como pessoa e como
cidadão consciente e crítico, como afirma Freire (1999).

Acreditamos que, atualmente, o professor precisa estar sempre se atualizando para mudar este quadro tão
constrangedor, ou seja, a escola culpando o aluno pelo seu fracasso e ausentando sua culpa.

c) Para Vygotsky, aprendizagem e desenvolvimento são fenômenos distintos, não há dicotomia, logo,
interdependentes, cada um tornando possível o outro. Piaget considera que a aprendizagem depende do
desenvolvimento atingido pelo sujeito.

d) De acordo com a teoria sociointeracionista, no processo ensino-aprendizagem, é importante se estabelecer


a diferença entre o que o aluno é capaz de fazer e aprender sozinho e o que é capaz de fazer e aprender com a
participação de outras pessoas, observando-as, imitando-as, seguindo suas instruções e colaborando com
elas. A distância entre esses dois pontos delimita a margem da ação educativa e é denominada por Vygotsky de
nível da Zona de Desenvolvimento Social.

e) De acordo com Wallon, a aprendizagem de todo indivíduo precisa estar atrelada ao seu emocional.

Para o autor, a emoção, assim como os sentimentos e desejos, são manifestações da vida afetiva, logo papel
fundamental no processo de desenvolvimento humano. Wallon entende por emoção as formas corporais de
expressar o estado de espírito da pessoa, ou seja, são manifestações físicas, alterações orgânicas, como: frio na
barriga, secura na boca, choro, dificuldades na digestão, mudança no ritmo da respiração, mudança no batimento
cardíaco, etc., enfim, reações intensas do organismo, resultantes de um estado afetivo penoso ou agradável.
f) Paulo Freire considera que a educação tem que privilegiar o indivíduo como sujeito ativo na sociedade, isso
porque vive em permanente movimento histórico, cujas transformações ocorrem pelas ações recíprocas. 67

Logo, segundo o autor, todo educador precisa ter uma formação global, em que articule à dialética, prática x
teoria x prática, comprometida com os interesses amplos da maioria da população, cuja construção da cidadania
precisa estar ligada aos conteúdos, ou seja, que o educador assuma o papel de mediado pela cidadania, na
conjuntura histórica em que se insere, relacionados ao conteúdos programáticos.

g) O verdadeiro papel da escola é formar sujeitos críticos e reflexivos, ou seja, sujeitos ativos. Entretanto, a
escola ainda se prevalece de que os alunos vão para aprender aquilo que o professor tem que ensinar, de forma
repetidora e reprodutora.

Sendo assim, o autor chama atenção de que a verdadeira aprendizagem se dá quando o aluno interage com o
objeto de estudo, em forma de pesquisa, trabalhos em grupos e o que for solicitado esteja de acordo com o
contexto sociocultural do aluno. Assim, o verdadeiro educador é aquele capaz de transformar informação em
conhecimento.

Exemplos de Atividades

a) Entregar para cada aluno uma folha de A4 e indagar se eles sabem informar qual é o formato da folha
(retângulo), ou seja, se é um retângulo, quadrado, triângulo etc. Após, solicitar que cortem a parte que formou
um retângulo. Em seguida, mandar abrir a folha e interrogar que forma a folha lembra dentre os quadriláteros? (o
quadrado). Depois, solicitar com o pedaço da folha que sobrou que liguem uma ponta à outra, após, perguntar,
mais uma vez, que formato a folha se tornou (triângulo). Em seguida, pedir que abram a folha e se notaram algo
diferente: (losango). Após, solicitar que dobrem a folha segurando a ponta do lado esquerdo da mesma e faça
um finco e os interrogar o que formou? Eles perceberão que o losango se tornou dois triângulos.

A partir daí você inicia o conteúdo sobre Polígonos.

b) Procurar desenhar a escola onde as crianças estudam, pondo o nome da rua em que ela se situa, mais 3 ruas
transversais a ela e a rua, com o seu respectivo nome, que fica paralela a ela.

Perguntar às crianças o que existe em cada uma das esquinas das ruas transversais e vai pondo ao desenho.

A seguir desenhe um Mc Donald’s na rua paralela e os pergunte de que maneira eles poderiam chegar ao Mc
Donald’s ao saírem da escola.

Após, solicitar que eles digam o que existe em cada esquina das ruas transversais à rua da escola.

A partir daí, você poderá dar o conteúdo sobre Tipos de Reta.

UNIDADE III

Exercícios

1-a
2-e
3-d

UNIDADE IV

Exercícios

a) Porque ambas tem a intenção de protestar a liberdade individual, através de um conjunto de idéias e
doutrinas dentro da sociedade.
b) O aluno, ao ingressar na escola, vai com vontade de aprender a ler e a escrever, porém o sistema educacional
68 é perverso, pois ainda tem a ideologia da classe dominante, ou seja, a concepção de que todos os indivíduos são
iguais, logo, não diferencia o ensino de acordo com o ritmo do aluno. Com isso, o aluno perde o incentivo, já que
o mesmo não consegue assimilar, enquanto o professor, para dirimir sua culpa, prefere chamá-lo de preguiçoso.

c) Pessoal.

UNIDADE V

Exercícios

1-e
2-e
3-e
4-c
5-a
6-c
7-c
8-a
9-b
10-
I-b
II - 4
11- Entregue ao professor.

UNIDADE VI

Exercícios

1-d
2-e
3-c
4-a
5-c
6-b
7-c
8-e
9-d
10 - c
11 - d

13 -
a-V
b-V
c-F
d-V
e-V

UNIDADE VII

Exercícios

1-e
2-e
Referências Bibliográficas
69
ALMEIDA, J.C. 25 anos de televisão via satélite. São Paulo:Epidromo, 2000.
ANTUNES, C. Como desenvolver competências em sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2001.
ARANHA, M. I. A. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 1996.
BERESFORD, Heron. Coletâneas de textos: utilização na disciplina Estatuto Epistemológico da Motricidade
Humana, do curso de Mestrado da Universidade Castelo Branco. Rio de Janeiro, 2000, (mimeo).
BLOOM, B.S. et al. Handbook on formative and somative evolucion of student learning. New York: Mc Graw-
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DIDÁTICA
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