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GUIMARÃES, Ducilene Bastos. COMO A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR INFLUENCIA NO PROGRESSO DO ALUNO AO USAR A BRINCADEIRA COMO
APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃO
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Graduanda do 7° semestre do Curso de Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia - Departamento de
Ciências e Tecnologias - CAMPUS XVI - Irecê/BA.
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Orientadora. Pedagoga. Mestranda em Educação pela Universidade da Madeira - UMA – Portugal e Professora
de Pesquisa e Estágio III do 7° semestre do Curso de Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia -
Departamento de Ciências e Tecnologias - CAMPUS XVI - Irecê/BA.
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interação, é fazer a ponte, é andar junto, e de preferência tornar o caminho mais agradável,
atrativo e prazeroso.
Fazer com que a mediação aconteça nem sempre é tão simples, mas requer do
professor a busca pelo melhor na aprendizagem dos alunos, trabalhar com crianças é partir do
universo infantil a procura do que lhe desperte interesse, e usar a brincadeira em sala de aula
como ferramenta de aprendizagem; requer do professor mediação para que a mesma não seja
vista apenas como mera diversão, mas que promova aprendizagens de maneira atraente que
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certamente terá resultado positivo.
É indispensável entender a função educativa da brincadeira enquanto promotora de
aprendizagem no indivíduo que ampliará prazerosamente seu saber, seu conhecimento e sua
compreensão de mundo (ROJAS, 2002).
Diante das inúmeras questões que merecem atenção por parte tanto da família como
dos educadores é importante destacar a maneira com as quais crianças vêm sendo educadas, o
que lhes é passado e o que realmente é fundamental na aquisição da aprendizagem.
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No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento
habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no
brinquedo é como se ela fosse maior do que a realidade. [...] sendo, ele
mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. [...] o brinquedo
fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da
consciência. A ação na esfera imaginativa, a criação das intenções
voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações
volitivas – tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais
alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se,
essencialmente, através da atividade de brinquedo. (VIGOTSKY
1992, p. 134-135):
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Segundo Cardozzo e Vieira (2007), utilizar a brincadeira na aprendizagem como
recurso, é aproveitar a motivação interna que as crianças têm, tornando a aprendizagem
escolar mais atraente, e o jogo, possibilita uma maneira das crianças interagirem entre si, de
vivenciarem situações, formularem estratégias, entre outras. Ao verificarem seus erros e
acertos, podem reformular, sem punição, seus planejamentos e as novas ações a serem
tomadas, com auxilio do professor.
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A mediação lúdica na educação prevê a utilização de metodologias agradáveis e
adequadas às crianças, que façam com que o aprendizado aconteça dentro do seu mundo, e
que seja algo agradável sendo assim reforça aqui o valor de trazer a realidade da criança para
sala de aula usando-a como estratégia metodológica de aprendizagem.
Ao usar a brincadeira como recurso pedagógico, a criança apropria-se da realidade,
atribuindo-lhe significado. Assim, alunos com dificuldades de aprendizagem podem valer-se
da brincadeira como recurso para facilitar a compreensão dos conteúdos pedagógicos. Pois o
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brincar desenvolve na criança a autoconfiança e intimidade, por fazer parte da sua rotina
diária, sendo então a brincadeira um forte elemento no desenvolvimento cognitivo da criança
e não pode ser desconsiderado nem no meio familiar nem no escolar, mas procurar trabalhar
de maneira que facilite no aluno a compreensão em determinadas situações.
A escola deve incentivar a realização de atividades que favoreçam trocas grupais
proporcionando o desenvolvimento dos alunos. Conforme Kishimoto (2006) para Vygotsky
quando a criança brinca, cria situações imaginárias, encontra-se envolvida em uma atividade
Despertar no aluno o desejo em aprender é fazer com que ele sinta-se motivado e
realizado, e para que isso de fato venha a acontecer é mais que vital a intervenção do
professor, na busca e conquista do gosto das crianças em querer saber sempre mais, pois um
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professor que se assume mediador de sua prática, que tem consciência e procura sempre o
melhor para seus alunos, certamente conquistará o desejo dos mesmos em aprender.
Em seu artigo sobre psicomotricidade Oliveira (1997) chama atenção para muitas das
dificuldades apresentadas pelos alunos que podem ser facilmente sanadas na sala de aula,
bastando para isto, que o professor esteja mais atento e consciente de sua responsabilidade
como educador gastando mais esforço e energia para mediar o potencial motor, cognitivo e
afetivo dos alunos.
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Segundo Kishimoto (2006), definir jogo e brincadeira são tarefas difíceis, pois estes
conceitos variam de acordo com o contexto em que estão inseridos. Por exemplo, a boneca
representa um brinquedo quando uma criança brinca de mãe e filha, porém este mesmo objeto
torna-se um símbolo de divindade em certas tribos indígenas. Já o futebol enquanto há
competição formal é denominado jogo. Porém, numa maneira mais informal, denomina-se
uma brincadeira por não respeitar tanto as regras onde, a bola, objeto utilizado para
concretizar é chamada de brinquedo.
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pois, por meio de auxilio do mediador, ela conseguirá, a cada momento, fazer novas
descobertas que se tornarão significativas em sua vida.
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com um público de crianças de sete anos de idade, 2° ano do Ensino Fundamental, no Colégio
Municipal Luís Alves Barreto – CMLAB, Ibipeba-Ba, em uma sala composta por 21 alunos;
com o objetivo de compreender a importância da mediação do professor no desenvolvimento
das crianças, usando como ferramenta de estudo, no momento, a brincadeira.
Diante do diagnóstico na semana de observação no campo da pesquisa, pude perceber,
no decorrer das aulas e do recreio, o quanto a ludicidade contribuiria na aprendizagem da
turma em questão. A execução desta pesquisa me deu suporte à produção deste artigo, o qual
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conhecimentos na pesquisa e nesse olhar é importante desenvolver as considerações que se
apresentam na vida do sujeito, despontando assim, possibilidades de efetivação do
conhecimento esperado pelo pesquisador.
No segundo momento, já na prática em sala de aula a pesquisa passou à participante,
com suporte e conhecimento da turma já antecipado na observação. Fui à prática. Inserida no
campo da pesquisa, pude participar, interferir e colher as informações necessárias no
momento, para embasamento da minha pesquisa. Nessa caminhada o pesquisador coloca-se
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como sujeito, juntamente com o grupo interessado, e a serviço não do grupo, mas da prática
política daquele grupo, conforme (BRANDÃO, 1985). A pesquisa participante insere-se na
pesquisa prática. Há na pesquisa participante a possibilidade de discutir a importância do
processo de investigação tendo por perspectiva a intervenção na realidade social.
A análise da pesquisa se baseia na observação, reflexão e avaliação das práticas no
período regente do estágio, a partir de diálogos com a professora regente da turma, tendo
como objetivo obter informações que possam ser utilizadas exclusivamente para os fins da
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A observação participante aconteceu, no período do III estágio do curso de Pedagogia-
UNEB enquanto regente da turma, estágio esse que me favoreceu uma autoavaliação das
minhas práticas como educadora; a todo o momento, novas descobertas surgiam. No decorrer
do estágio o registro tornou-se elemento fundamental de acompanhamento tanto meu como
dos alunos, quando criei o caderno “Nossas Criações” com o objetivo de que todos pudessem
registrar as nossas novas experiências e aprendizagens para quando necessário recorrermos a
ele, o mesmo foi aceito por todos com bastante entusiasmo. Procurei registrar as minhas
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dúvidas, pareceres, descobertas, sucessos; enfim, tudo sobre as minhas práticas,
proporcionando-me refletir sobre cada decisão que foi tomada, permitindo aprimoramento ao
longo da minha vida.
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musicais, lancei, juntamente com a turma, a brincadeira de “show de calouros” e o diálogo a
respeito dos diversos gostos musicais.
Nessa aula pude perceber o quanto eles se encontravam apegados aos livros didáticos
e ao caderno, pois foram vários os momentos em que perguntaram que horas a gente iria
começar a aula, o meu papel nesse momento foi de conversar com a turma deixando claro que
os nossos diálogos faziam parte da aula, que assim também aprendemos, pois estávamos
expondo nossos conhecimentos, que no diálogo eu aprenderei com eles, que (A) aprenderá a
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partir da fala de (B) e assim todos aprenderão um pouco com o outro. Concordaram e isso me
ajudou bastante a mediar com a turma nossas aprendizagens por meio da dialogicidade. Neste
dia, percebi constante envolvimento e motivação da turma com a proposta da aula e
consequentemente, a aprendizagem aconteceu de maneira satisfatória, pois o objetivo
proposto foi atingido.
Nos diálogos, nas relações, nas brincadeiras em especial no jogo, foi fácil atuar na
ZDP de cada um, pois notei que ocorreu a troca de saberes entre crianças no desenvolvimento
real e outras no potencial; esse elo de aprendizagem contribui, em geral, pois aprendizados
diferentes se entrelaçaram e novas coisas foram descobertas a cada fala, gesto, brincadeira
etc.
Para criar estratégias de leitura por meio das músicas, ouvimos a canção “Os Nomes”
Bia Bedran, em seguida fizemos uma brincadeira de recriação de outra letra em cima da
música de Bia só que usando o nome de cada aluno da sala. Eu, estagiária nesse momento, fiz
papel de escriba no quadro, auxiliando em cada escolha, pois cada frase deveria ter rima; a
minha participação foi apenas de mediadora. Assim, posso afirmar que essa proposta
desenvolveu nas crianças, a reflexão baseada na criação, no prazer em participar e no
aprender significativo.
Na rodinha, pedi que cada um lesse uma estrofe da música em voz alta, assim
consegui a participação de todos tanto na criação da nova música quanto na leitura coletiva,
vale ressaltar que para os que ainda não conseguiam ler sozinhos, procurei em todas as aulas
juntar em duplas dos que já conseguiam ler com os que estavam no processo, orientei que
colocassem o dedo em cada palavra lida para que o outro acompanhasse com os olhos.
Dessa maneira foi possível desencadear entre eles a ZDP, pois juntei os que se
encontravam no desenvolvimento real com os que ainda estavam no potencial, e ao mediar a
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leitura com o outro acompanhando com o dedo, o que já conseguia ler aprimorou seu
aprendizado e o outro que foi auxiliado se desenvolveu um pouco mais e assim
sucessivamente, até que se alcançou ao desenvolvimento real, mediado pelos colegas e
professora. Consideravelmente, consegui a interação do aprendizado e sucesso no
desenvolvimento dos alunos.
Em relação à cooperação da turma com as aulas, não tive dificuldade. Foi possível e
prazeroso perceber uma aprendizagem significativa em cada um. As atividades propostas
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sempre foram aceitas com entusiasmo, pois busquei por em prática o meu papel de
mediadora, dando a todo o momento suporte, caminhos para que chegassem ao objetivo
proposto com base em Freire (1996) quando salienta ao educador que se convença que ensinar
não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção.
A partir da brincadeira a aprendizagem flui com grande êxito, em minha regência
trabalhei com as crianças a confecção de um jogo da memória da diversidade, com objetivo
de que cada um pudesse conhecer, respeitar e valorizar as individualidades do outro, baseado
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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reflexivos e do quanto a ludicidade interfere qualitativamente no desempenho dos mesmos,
possibilitando assim que o espaço escolar torne um ambiente gratificante e atraente, servindo
como estímulo para o progresso da criança e que a falta da ludicidade prejudica de forma
radical no desenvolvimento cognitivo, emocional, social e pessoal dos sujeitos.
Em suma, o professor que se assume mediador de sua prática, seguro do que faz, que
considera a aprendizagem constante e inacabada, certamente terá bons resultados em seu
trabalho. Assim sendo, na relação de ensino estabelecida na sala de aula, o professor precisa
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ter o entendimento de que ensinar não é depositar conhecimento, mas instigar no aluno a
descoberta, o prazer em aprender sempre mais. Dessa maneira, aliar mediação e ludicidade
nessa pesquisa foi atitude de sucesso, pois além de levar para sala de aula algo novo,
conquistei o prazer dos alunos em aprender.
Essa pesquisa serve de pilar na minha caminhada como educadora que se sustenta na
concepção mediadora para o bom desenvolvimento dos indivíduos, investigação essa que não
se esgota por aqui, mas que me dá suporte para novos encaminhamentos e consequentemente
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio eletrônico: século XXI. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira/Lexicon Informática, 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo, SP: UNESP, 2001.
GADOTTI, M. (org). Paulo Freire: uma bibliografia. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo
Freire; Brasília, DF: UNESCO, 1996.
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PIMENTA, S. G.; GONÇALVES, C. L. Revendo o Ensino de 2º Grau: Propondo a
Formação de Professores. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1992
GUIMARÃES, Ducilene Bastos. COMO A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR INFLUENCIA NO PROGRESSO DO ALUNO AO USAR A BRINCADEIRA COMO
______________. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. 3ª. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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