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FAJE - Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia

O FETICHISMO NA OBRA MARXIANA: A CONTRADIÇÃO


DO TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA

Área de concentração: Ética

Guilherme Oliveira e Silva

2018/1º Semestre
O FETICHISMO NA OBRA MARXIANA: A CONTRADIÇÃO DO TRABALHO NA
SOCIEDADE MODERNA.

1. Objetivos:

1.1. Objetivo Primário:

O objetivo principal de nosso trabalho é a apresentação da categoria de fetiche na


obra de maturidade de Karl Marx.

1.2. Objetivos secundários:

 Reconstituir de modo sintético donde surgem os complexos (alienação e


dominação) do tema do fetichismo na obra do Marx lançando mão de um
conjunto selecionado de obras do período de juventude; [Cap.I]
 Apresentar os problemas do complexo do fetichismo como problemas da
sociedade moderna/burguesa a partir de um conjunto de textos que formam o
período de consolidação (1845-18581) do pensamento de Marx; [Cap.II]
 Apresentar de forma mais sistemática os complexos mais relevantes do complexo
do fetichismo (Alienação e dominação); [Cap. III]
 Discutir a relação entre crítica ontológica e crítica normativa visando desenvolver
em nosso trabalho a vinculação da obra marxiana à temática da ética. [Conclusão]

2. Justificativa:

Nosso tema de pesquisa se inscreve num espinhoso de debate que se segue desde
a publicação dos Manuscritos Econômico-filosóficos. Não intentamos em esgotar a discussão,
mas apenas contribuir no inventário dessa discussão decisiva para a marxologia. O tema aqui
em discussão foi tratado pela melhores cabeças do marxismo do século XX, como Kosik,
Fausto, Giannotti, Postone, Lukács, Marcuse, Adorno, etc. Soma-se a importância desse
trabalho que sua condição de possibilidade só foi posta em inicios do século XX, quando da
publicação de três textos aqui analisados. Os Manuscritos e a Ideologia alemã em 1932 e os
Grundrisse em 1939. Isto equivale a dizer que muitos dos clássicos do marxismo não
puderam se inserir nesse debate.

1
Essa periodização sobre a constituição do pensamento de Marx está fundamentada em Mandel (1968,
p.54-68).
O trabalho a que nos propomos tem o ponto positivo em tematizar a exposição
d’O capital sempre levando em conta a dinâmica do trabalho enquanto categoria ontológica
do ser social e sua distinção historicamente determinada, por isso o aspecto da dominação do
trabalho pelo capital nos é tão cara. De modo mais direto podemos dizer que os grandes temas
de nosso trabalho são o trabalho e a alienação (pois o fetichismo aqui está inscrito como
Entfremdung) na obra de Karl Marx. Especificamente há uma pergunta que nos propomos a
responder: é possível tematizar o fetichismo sem fazer a crítica do trabalho sob a forma
burguesa de produzir? Ou, dito de outra forma: é possível criticar a forma burguesa de
produzir de outro modo que não a partir da ontologia do ser social? Subjacente a essa
pergunta, também nos propomos a pensar se a crítica marxiana é de viés normativo ou
ontológico. Ou seja, se o aspecto crítico da obra marxiana parece ser um ponto pacífico entre
as diversas interpretações, seu estatuto não parece gozar de igual pacificidade. Embora pareça
não haver objeções à postura ética de Marx na dedicação de sua vida a seu projeto teórico, e
que nunca deixou de ser prático, procuraremos discutir se seu texto também pode ser
enquadrado como ético. Falemos agora uma explanação do tema e do nosso percurso proposto

2.1.

Simultaneamente ao desenvolvimento e a consolidação da sociedade moderna


também é visível a crítica que a acompanha. É sabido que um dos primeiros movimentos que
se colocaram a criticar essa nova configuração social, a partir de ideias retiradas do passado, é
o variegado Romantismo. Olhando para frente e, também, na superação das mazelas do novo
modo de viver que essa forma social impõe aos homens que nela estão inseridos, surge o
socialismo utópico, também cheio de matizes. Se se pode dizer que há alguma afinidade entre
essas críticas, essa pode ser dita como a denuncia de um modo de vida em que as pessoas não
são levadas em consideração pelo que são, mas pelo que possuem ou possam vir a possuir. E,
cada vez mais, um número maior de pessoas é obrigada a se submeter a esse modo de vida.

O traço distintivo desse novo modo de vida é que esse número cada vez maior de
pessoas só pode conquistar as condições mínimas de vida desde que se submetam ao novo
regime de trabalho, e tudo mais que ele implica (como as relações jurídicas e o sistema
político, por exemplo). O ineditismo desse modo de vida, notavelmente moderno, marca o
aparecimento dos homens despidos de qualquer outra característica social além da máscara de
compradores e vendedores, mas ambos possuidores; mesmo que a única posse de uma das
partes seja apenas a posse de si mesmo.
Todavia, só quando esse novo modo de vida se consolida é que a condição de
possibilidade de sua crítica científica é posta. Justamente nesse período (1841-1842) é que
Karl Marx faz suas primeiras incursões nos problemas dessa sociedade, que ali assumem um
caráter local e versam, sobretudo, sobre a polêmica da Dieta Renana sobre o roubo de lenha,
sobre a liberdade imprensa e sobre a miséria dos vinhateiros do Mosela2.

Embora sejam textos de muita riqueza e que suscitam muito debate, optamos por
seguir a periodização sugerida por Chasin (2009; p.63) e separar o período da produção
intelectual de Marx entre os textos redigidos antes da Crítica da filosofia do direito de Hegel
e os subsequentes. Isso porque, em linhas gerais, neste meio tempo, Marx rompe com sua
filiação a uma filosofia da autoconsciência com fortes marcas de um “idealismo ativo”
(CHASIN, 2009, p.45) para estabelecer um novo patamar de reflexão. Ao contrário da
posição do idealismo ativo, que propõe a reforma do mundo a partir da consciência supondo
uma identificação entre ambos, a nova posição de Marx parece mostrar-se muito mais
fecunda.

Essa reflexibilidade fundante do mundo sobre a ideação promove a crítica de


natureza ontológica, organiza a subjetividade teórica e assim, faculta operar
respaldado em critérios objetivos de verdade, uma vez que, sob tal influxo da
objetividade, o ser é chamado a parametrar o conhecer; ou dito a partir do
sujeito: sob a consistente modalidade do rigor ontológico, a consciência ativa
procura exercer os atos cognitivos na deliberada subsunção, criticamente
modulada, aos complexos efetivos, às coisas reais e ideias da mundaneidade.
(CHASIN, 2009, p.58)

Dessa postura investigativa que assume um caráter ontológico, porque se vale


também da virada ontológica feita por Feuerbach (LUKÁCS, 2012, p.282) quando da crítica
da filosofia hegeliana, só pode surgir a descoberta de uma “[...] racionalidade flexionante, que
pulsa e ondula, se expande ou se diferencia no esforço de reproduzir seus alvos, empenho que
ao mesmo tempo entifica e reentifica a ela própria, no contato dinâmico com as ‘coisas’ do
mundo”. Por isso, embora nosso tema de pesquisa, conforme afirma Mészáros (2016, p.67),
possa ser rastreado desde a tese de doutoramento, o que nos interessa é a formulação que o
tema passa a receber a partir do ano de 1843.

Essa dupla determinação (da periodização da obra e de sua natureza ontológica)


nos é útil sob dois aspectos: (1) porque começa por delimitar o conjunto de textos que

2
Cf. MARX, 1982, p.173-318
analisaremos e (2) define a abordagem da obra de Marx a que nos propomos. No
desenvolvimento do texto especificaremos melhor (1).

Como o título já anuncia, nosso tema é o Fetichismo na obra de Marx. Como o


tema não surge em sua obra como um raio em céu sereno, para abordá-lo com o devido rigor,
acreditamos, que se faz necessária uma investida em alguns textos do jovem Marx para assim
reconstituir o tema como, e aqui há um ponto importante, a tentativa de Marx de compreender
e dar expressão teórica a um problema que ele já identifica desde muito moço, mas que, em
tenra idade, ainda não possuía aportes teóricos para explica-los com o devido rigor.

De modo muito breve, podemos caracterizar o fetichismo como modo específico


que as relações sociais assumem sob o modo de produção capitalista. E a característica dessas
relações é que, de modo geral, as relações sociais tomam a forma de uma relação entre coisas.
Ou, como nos indica Rubin (1980, p.20), as relações sociais só podem expressar-se pelas
coisas. Isso aponta para a reificação das relações sociais, e consequentemente, dos homens.
Além disso, esse modo de produção assume a forma de uma potência dominante, autônoma,
e, mais do que isso, hostil aos agentes envolvidos. Com essa breve caracterização, ainda que
pouco precisa e esquemática, é possível rastrear no conjunto dos textos de Marx a gênese do
problema.

O itinerário de nosso trabalho começa com a Crítica da filosofia do direito de


Hegel, conforme já foi dito. Mas, além da razão já aludida acima, ou seja, o novo padrão
ontológico de investigação instaurado, cabe ressaltar outra razão igualmente importante. Na
Crítica Marx começa com um plano de crítica do método especulativo de Hegel que é, em
certo sentido, muito devedor da “viragem ontológica” de Feuerbach a qual já, também,
aludimos. Falemos um pouco sobre este ponto.

A Crítica começa por indagar a exposição e a significação que as categorias do


Estado recebem em Hegel (Cf. DEUS, 2014, p.9-18; ENDERLE, 2000, p.22-28; LUKÁCS,
2009, 146-157). Inspirado por Feuerbach3, Marx argumenta que Hegel inverte as relações
entre sujeito e predicado. Um exemplo. Na glosa ao §262 Marx argumenta que a relação entre
Estado, sociedade civil e família é de tal forma que “O Estado provém delas de um modo

3
Embora, conforme argumenta Lukács (Ibidem, p.144), a aplicação da virada materialista aos
problemas do Estado seja, em certo sentido, uma superação do materialismo de Feuerbach. Isto
porque, entre outros motivos, depois de sua experiência na Gazeta Renana, Marx pôde rechaçar “[...]
como ingênuo o único aforismo das Teses que tratava de questões políticas” (Idem).
inconsciente e arbitrário”. Em seguida explana: “Família e sociedade civil aparecem como o
escuro fundo natural donde se acende a luz do Estado. Sob a matéria do Estado estão as
funções do Estado, bem entendido, família e sociedade civil, na medida que elas formam
partes do Estado, em que participam do Estado como tal”.

Hegel entende essa relação de outra maneira. Para ele, “Família e sociedade civil
são apreendidas como esferas conceituais do Estado e, com efeito, como as esferas de sua
finitude, como sua finitude”. Assim, o Estado, a partir de si, se divide para mediar-se. Disso
Marx conclui fazendo uma síntese do procedimento de Hegel:

A assim denominada “Ideia real” (o Espírito como infinito, real) é, portanto,


apresentada como se ela agisse segundo um princípio determinado, mediante
um desígnio determinado. Ela se divide em esferas finitas e o faz “para a si
retornar, para ser para si”; ela o faz de um modo que é precisamente como é
na realidade.

Na sequencia desse trecho há uma assertiva que parece ser de grande importância
para o desenvolvimento de nosso tema: “Aqui aparece claramente o misticismo lógico,
panteísta” (MARX, 2013b, p.35). Portanto, se nos é permitida uma definição, é preciso
expressá-la como o misticismo/especulativo sendo o modo que expõe a realidade ao contrário,
o predicado tornado sujeito, a realidade tomando uma significação distinta, a aparência
tomada como essência.

Este procedimento característico da filosofia de Hegel, na Filosofia do direito,


percorre um tracejado que vai da expressão mística da esfera da família tomada como posta
pelo Conceito de Estado até a figura do monarca. Sobre este último ponto, Marx é categórico:
“Hegel transforma todos os atributos do monarca constitucional na Europa atual em
autodeterminações absolutas da vontade. Ele não diz: a vontade do monarca é a decisão
última, mas a decisão última da vontade é... o monarca. A primeira frase é empírica. A
segunda distorce o fato empírico em um axioma metafisico” (MARX, 2013b, p.51).

Não obstante, Marx reconhece o mérito de Hegel, pois “[...] ele percebe a
separação da sociedade civil e da sociedade política como uma contradição” (Ibid. p.99). Isso
se dá porque Hegel compreende que ao contrário da Idade média, onde sociedade civil e
Estado recebiam uma mesma significação (Ibid., p.95), a contradição dessas esferas é um
advento moderno (Ibid.,p.58). Daqui Marx mostra que Hegel toma a primazia do Estado sobre
a sociedade civil porque concebe de maneira acrítica a realidade seu tempo (Ibid., p.62).
Neste contexto surge nosso segundo tema. Ao constatar que o Estado moderno é o
reconhecimento da separação entre Estado sociedade civil, Marx alude a algumas
características da sociedade moderna e afirma que o Estado político é a realização da
alienação política (Ibid., p.57, 58, 123). Neste particular pouco importa que Marx coloque um
tipo de democracia como possibilidade de superação (Ibid., p.56). Há que se reter que, por
todo o texto, Hegel opera a separação da sociedade civil da esfera da política. Por isso é
preciso que se dê a mediação entre as esferas. Donde que “A abstração do Estado como tal
pertence somente aos tempos modernos porque a abstração da vida privada pertence somente
aos tempos modernos. A abstração do Estado político é um produto moderno” (Ibid.,p.58).

O que importa é que ele identifica as características da sociedade moderna como


obstáculos na vida da sociedade civil e que a alienação não lhe é superável dentro de seus
próprios limites. Então, Marx impõem duas tarefas: (1) principiar a investigação “[...] do
sujeito real e considerar sua objetivação” (Ibid., p.50) e (2) se propor uma crítica
verdadeiramente filosófica. Esta consiste em que ela mais do que reconheça as contradições,
mas que as esclareça em sua “gênese” e “necessidade”. “Ela as apreende em seu significado
específico. Mas esse compreender não consiste, como pesa Hegel, em reconhecer por toda
parte as determinações do Conceito lógico, mas em apreender a lógica específica do objeto
específico” (Ibid., p,114. Cf. p.40).

Portanto, a identificação da sociedade civil como o lugar do primado ontológico


do Estado parece ser a maior conquista desse período da produção intelectual de Marx. Nos
textos que se seguem a redação Crítica (Sobre a questão judaica, Crítica da filosofia do
direito de Hegel – Introdução e Glosas críticas ao aritgo “’O rei da Prússia e a reforma
social’: de um prussiano”) Marx aprofunda essa concepção na tentativa de apreender a
“anatomia” dessa sociedade. Em fins de 1843 ele começa a estudar Economia Política
(MANDEL, 1968, p.11-28) e o primeiro material que resultou de seus estudos e que chegou
até nós foram os Cadernos de Paris que são constituídos de uma série de anotações acerca
dos clássicos da Economia Política. Notadamente Ricardo, James Mill, Say e Smith. Junto
com a redação dos Cadernos, que por si mesmos constituem grande interesse na constituição
na obra marxiana, desse período nos interessam os Manuscritos Econômico-Filosóficos.

Os Manuscritos são de nosso maior interesse porque, como afirma Mészáros, “O


conceito chave desses Manuscritos é o da alienação” (2016,p.17). Como veremos, os
fenômenos que Marx apreende sobre a categoria de alienação parecem envolver os mesmos
fenômenos que são apreendidos sob a categoria de fetichismo, embora aqui num nível
superior de análise e sistematização4. Também há que se notar que o termo Entfremdung5, que
aqui entendemos por alienação, é presente no léxico marxiano do dito período de maturidade.

O Manuscritos se apresentam como um texto de vasta amplitude temática.


Todavia, para nós, é suficiente, nesse momento, aludir a alguns trechos que nos ajudam a
compreender sua importância na constituição de nosso tema. O objeto de Marx nos
Manuscritos não é explicar como se dão as relações econômicas no seio dessa sociedade. Isso
é tarefa do economista. O que Marx intenta é explicar porque elas são assim e não de outra
forma (MARX, 2015, p.302). No manuscrito Trabalho alienado e propriedade privada,
Marx, após constatar que a sociedade divide-se necessariamente entre trabalhadores e
proprietários (MARX, 2015, p.302) ele conclui que “O trabalhador torna-se tanto mais pobre
quanto mais riqueza produz. Quanto mais sua produção cresce em poder e volume. O
trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata quanto mais mercadoria cria” (Ibid.
p.304). Após verificar esse aspecto reificante das relações sociais, Marx assevera a hostilidade
do processo:

A realização do trabalho é a sua objetivação. Essa realização


(Verwirklichung) do trabalho aparece na situação nacional-econômica como
desrealização (Entwiklichung) do trabalhador, a objetivação como perda do
objeto e servidão ao objeto, a apropriação como alienação [Entfremdung],
como exteriorização [Entäusserung]” (Ibid. p.304-305)

Outro aspecto importante que se encontra nos Manuscritos é a categoria de ser


genérico (Gattungswessen). Esta categoria é importante porque é ela que nos permite
compreender a afirmação de Lukács na Ontologia de que os Manuscritos são a obra onde
“[...] pela primeira vez na história da filosofia, as categorias econômicas aparecem como
categorias da produção e da reprodução da vida humana, tornando assim possível uma
exposição ontológica do ser social sobre bases materialistas”. (LUKÁCS, 2013, p.284-285). A

4
Se em relação ao aspecto teórico podemos nos referir ao pouco conhecimento de Marx sobre
Economia Política (que à época ele chama ainda de Economia Nacional), no que diz respeito à
sistematicidade temos que levar em conta que os Manuscritos nunca foram mais que glosas para
autocompreensão do autor sobre a matéria. O desenvolvimento intelectual de Marx mostra que a
redação era parte do método de compreensão.
5
A discussão sobre as possibilidades de tradução de Entfremdung é viva e muito influente na
bibliografia atual. Não me proponho a discuti-la no trabalho, mas apenas indicar que me parece
razoável as justificativas contidas em LESSA, S. Alienação e estranhamento. IN: MARX, K.
Cadernos de Paris & Manuscritos econômico-filosóficos de 1844. São Paulo: Expressão popular,
2015.
categoria central da “exposição ontológica” é a de trabalho. O próprio Marx é taxativo neste
particular. Ele assim se expressa:

O gerar/ produzir [Erzeugen] prático de um mundo objetivo, a elaboração da


natureza inorgânica, é a prova do homem como um ser genérico consciente,
i.é, um ser que se relaciona com o gênero como sua própria essência ou para
consigo mesmo como ser genérico. (MARX, 2015, p.312)

Esse trecho que aqui reproduzimos é de todo interesse, pois nele há uma série de
formulações fecundas (LUKÁCS, 2009, p.181) que serão desenvolvidas posteriormente por
Marx. Fiquemos com uma delas para estabelecer um liame para o próximo ponto. Como já
dissemos, o que Marx pretendia explicar nos Manuscritos era o motivo das relações sociais se
darem de maneira alienada, por quais mediações elas passavam. Ao descobrir a categoria de
trabalho como traço específico do ser social6 ele pôde explicar o desenvolvimento do homem
como autodesenvolvimento e a característica que sua especificidade recebe na sociedade
moderna: a do trabalho alienado. Isso implica que percorrendo as formas de
autodesenvolvimento do homem se tem sua história sob bases materialistas e não mais sob o
desenvolvimento do espírito. Esse é o objeto d’A Ideologia alemã.

Lembremos que nosso objeto é a explicitação da crítica marxiana à sociedade


capitalista e como ela se desenvolve no tecido mesmo de seus escritos.

Recuperemos de maneira muito breve os temas que nos ocupamos até agora na
obra anteriormente citada. Ao criticar os filósofos alemães por reduzirem todos os problemas
reais à problemas da autoconsciência e colocarem nesta a possibilidade de sua superação,
Marx retoma a ideia de que a possibilidade de explicação e superação dos fenômenos reais só
podem se dar sob bases reais/materiais (MARX; ENGELS, 2007, p.29). Em seguida crítica
Feuerbach pelo seu materialismo contemplativo e de o abandoná-lo quando necessita recorrer
à história (Ibid., p.32). Então, após expor os pressupostos para qualquer reconstituição
materialista da história (reconstituição que, seguindo a ideia dos Manuscritos, visa a explicar
o estado das relações sociais) conclui que as relações se explicam pela forma que a divisão do
trabalho assume nessa sociedade e que está hipotecada à divisão entre trabalho matéria e
intelectual (Ibid., p35). Isto posto, Marx afirma:

6
Ao Marx falar de ser social, natureza orgânica e inorgânica não podemos deixar de notar que Lukács
parece ter acertado quando diz que os enunciados de Marx versam sempre sobre um certo tipo de ser,
o social (LUKÁCS, 2013, p.281).
[...] enquanto a atividade por consequência, está divida não de forma
voluntária, mas de forma natural, a própria ação do homem torna-se um
poder que lhe é estranho e que a ele é contraposto, um poder que subjuga o
homem em vez de por este ser dominado (Ibid., p.37)7.

Portanto, mesmo que Marx demonstre algum desprezo pelo termo alienação
quando diz que “Essa ‘alienação’ [Entfremdung] para usarmos um termo compreensível aos
filósofos, só pode ser superada, evidentemente, sob dois pressupostos práticos” (Ibid., p.38), o
complexo de problemas descrito por ele continua a ser o mesmo que quando ele lançava mão
do termo nos Manuscritos. Vejamos:
Esse fixar-se da atividade social, essa consolidação de nosso próprio produto
num poder objetivo situado acima de nós, que foge ao nosso controle, que
contraria nossas expectativas e aniquila nossas conjeturas, é um dos
principais momentos no desenvolvimento histórico até aqui realizado. O
poder social, isto é, a força de produção multiplicada que nasce da
cooperação dos diversos indivíduos condicionada pela divisão do trabalho,
aparece a esses indivíduos, porque a própria cooperação não é voluntária
mas natural, não como seu próprio poder unificado, mas sim como uma
potência estranha, situada fora deles, sobre a qual não sabem de onde veio
nem para onde vai, uma potência, portanto, que não podem mais controlar e
que, pelo contrário, percorre agora uma sequência particular de fases e
etapas de desenvolvimento, independente do querer e do agir dos homens e
que até mesmo dirige esse querer e esse agir (Idem).

Aqui parece que constatamos a primeira vez que Marx reconhece o caráter
historicamente determinado dos problemas que já lidara anteriormente e foi por nós
ressaltado.

Em Miséria da filosofia, Marx ressalta o aspecto da venalidade universal, tema


que também comparece nos Manuscritos. Marx começa por censurar a dificuldade de
Proudhon em conseguir descrever o desenvolvimento histórico. Em carta a Annenkov datada
de 28 de dezembro de 1846 (na carta de 1 de novembro de 184, Annenkov pede a opinião de
Marx sobre o livro Filosofia da miséria de Proudhon) ele replica ao amigo que Proudhon não
7
Aqui cabe um breve esclarecimento. Não pensamos ser licita a objeção de que essa descrição se
ajustaria a um período primitivo e não a sociedade moderna. O próprio Marx parece dizer argumentar
contra essa leitura. Quando falou sobre os pressupostos históricos ele faz a seguinte observação:
“Ademais, esses três aspectos da atividade social não devem ser considerados como três estágios
distintos, mas sim apenas como três aspectos ou, a fim de escrever de modo claro aos alemães, como
três ‘momentos’ que coexistiram desde os primórdios da história e desde os primeiros homens, e que
ainda hoje se fazem valer na história” (MARX; ENGELS, 2007,p.34). Se assim ele entende os
pressupostos, acreditamos que é razoável que esse raciocínio também sirva aos fenômenos que dele
decorrem, dado que eles servem para explicar o estado atual das relações. A discussão desse problema
nos levaria a discutir sobre o método/ontologia de Marx, algo que, embora permaneça como pano de
fundo de nosso trabalho, não será discutido dado o objeto e as proporções deste trabalho.
conseguia descrever o desenvolvimento histórico porque tinha uma má filosofia, mas, ao
contrário, tinha uma má filosofia “[...] porque não compreendeu o estado social
contemporâneo em sua engrenagem” (MARX, 2017b, p.187). É sempre importante lembrar
que a Miséria da filosofia se insere no primeiro conjunto de textos de Marx e Engels que
buscam uma análise estrutural do modo de produção capitalista, examinando sua gênese e
suas leis (MANDEL, 1968, p.54)8. Textualmente é possível compreender o quanto a avaliação
do livro de Proudhon se vale dos avanços na compreensão do capitalismo. Na citada carta,
Marx pergunta “O que é a sociedade, qualquer que seja sua forma?” e logo a seguir responde
no “espírito” d’A ideologia alemã: “O produto da ação recíproca dos homens”. Agora, coloca
mais uma pergunta decisiva: “Os homens podem escolher livremente esta ou aquela forma
social?”, a que responde negativamente. Disso se segue uma esclarecedora proposição, pois
aponta na direção da apreensão do objeto que Marx persegue:

Pegue determinado estágio de desenvolvimento das faculdades produtivas


dos homens e terá determinada forma de comércio e de consumo. Pegue
determinados graus de desenvolvimento da produção, do comércio e do
consumo e terá determinada forma de constituição social, determinada
organização da família, das ordens ou das classes; numa palavra,
determinada sociedade civil. Peque determinada sociedade civil e terá
determinado Estado político, que não é mais que a expressão oficial da
sociedade civil (MARX, 2017b, p.188)

Ou seja, é porque Proudhon não apreendeu a especificidade da sociedade é que ele


é incapaz de reproduzir idealmente seu movimento. E é porque tem uma explicação
voluntarista do desenvolvimento das categorias econômicas que ele não é capaz de explicar
como passou-se do comércio do excedente até a venalidade universal. Por força da análise
marxiana é que não se pode ignorar a caracterização que ele faz da sociedade moderna.

Veio um tempo, enfim, em que tudo aqui que os homens consideravam


inalienável se tornou objeto de troca, de tráfico, e podia alienar-se. Foi o
tempo em que as coisas até então eram transmitidas, mas jamais trocadas,
dadas, mas jamais vendidas, adquiridas, mas jamais compradas – virtude,
amor, opinião, ciência, consciência etc. -, o tempo em que tudo passava pelo
comércio. Esse tempo foi o da corrupção geral, da venalidade universal ou,
para falar em termos de economia política, o tempo em que todas as coisas,

8
“Trata-se de uma visão grandiosa, que examina as leis que fizeram nascer o capitalismo, que analisa
seus méritos históricos (principalmente aquele de ter tornado possível a supressão de todas as classes,
graças a um impulso prodigioso das forças produtivas) e que assenta o movimento operário e o
movimento comunista sobre a base de uma análise que se quer rigorosamente cientifica, à base do
materialismo histórico” (Idem).
morais ou físicas, tornando-se valores venais, são levadas ao mercado para
que sejam apreciadas em seu mais justo valor. (MARX, 2017b, p.47)

Dito isso, falemos au passant dos Grundrisse, onde o tema da alienação


reaparece. No capítulo Estranhamento, Marx ressalta a maneira como, com o
desenvolvimento das forças produtivas, o trabalho objetivo confronta o trabalho vivo de tal
forma que “As condições objetivas do trabalho assumem uma autonomia cada vez mais
colossal, que se apresenta por sua |própria extensão, em relação ao trabalho vivo, e de tal
maneira que a riqueza social se defronta com o trabalho como poder estranho e dominador em
proporções cada vez mais poderosas” (MARX, 2011,p.705). Em outro contexto, mas ainda
nos Grundrisse, ao falar da universalização da dependência recíproca e do papel fundamental
que o dinheiro exerce como figura do valor, ele alude ao caráter reificante dessa sociedade.
Ali é dito que, quanto aos indivíduos, “Seu poder social, assim como seu nexo com a
sociedade, [o individuo] traz consigo no bolso”. Disso, não pode seguir-se outra coisa a não
ser que “O caráter social da atividade, assim como a forma social do produto e a participação
do indivíduo na produção aparece aqui diante dos indivíduos como algo estranho, como
coisa”. Quanto ao aspecto da dominação que as condições objetivas do trabalho assumem,
Marx é igualmente enfático. O mesmo caráter social da atividade aparece “[...] não como sua
conduta recíproca, mas como sua subordinação a relações que existem independentes dele e
que nascem do entrechoque de indivíduos entre si” (Ibid. p.105).

Com esse sintético inventário dos complexos que envolvem a categoria de


fetichismo acreditamos poder, agora, abordá-lo. Deve-se reter que nosso percurso, após uma
breve caracterização do fetichismo, mostrar a razoabilidade da execução da pesquisa e da
relevância destes complexos para a obra marxiana. Apresentemos agora como o tema do
fetichismo aparece no livro I d’O capital.

Não cabe aqui uma reconstituição minuciosa do primeiro capítulo da obra magna
de Marx. Vamos apenas indicar a forma com que pretendemos sintetizar a parte principal de
nosso trabalho. Para isso seguimos, sobretudo, Geras (2005), Guedes (2014) e Rubin (1980).

Em Guedes encontra-se, além dos aspectos já mencionados (GUEDES, 2014,


p.121), a hipótese em que nos baseamos, a saber, a de que há uma relação de continuidade
entre os temas da alienação e do fetichismo (GUEDES, 2014, p.120 e também em LUKÁCS,
2003). Também a exposição sistemática da relação do fetichismo com a analítica marxiana do
desenvolvimento da forma valor (Ibid., p.121-127), da reificação (Ibid., p.127-131) até a
radicalização na figura do capital (Ibid., p.142-152) e do capital a juros (Ibid., p.152-154).

Em Geras nos valemos do esquema de exposição proposto. Neste texto, ele


propõe que o tema de fetichismo em Marx inclui duas dimensões fundamentais (GERAS,
2005, p.194): (1) o do misticismo, que diz respeito ao problema da aparência que a realidade
social toma no modo de produção capitalista e (2) o problema da dominação, que diz respeito
à alienação também nesse modo de produção. Ele ainda propõe uma subdivisão em (1) entre
(1.1) aparências que correspondem a realidades socialmente objetivas. O valor, por exemplo;
e (1.2) entre aquelas que não teriam correspondência, que seriam falsas (Ibid., p.199). A
forma salário, enquanto valor pago pelo trabalho, enquanto sabe-se que o valor pago é pela
força de trabalho (Ibid., p.211). Com isso, Geras pretende mostrar que o modo que Marx
descobriu para abordar o modo de produção capitalista é o adequado, pois nele é preciso
passar da aparência a essência. Por isso ele afirma que

No caso, Marx nos diz, como o fez antes, que a opacidade é uma qualidade
característica da própria sociedade capitalista, de modo que é da sociedade
que decorre a necessidade de uma metodologia capaz de desvendar a
aparência para revelar a realidade e, então, demonstrar, retroativamente, por
assim dizer, por que essa realidade deve revestir-se de uma aparência assim
(Ibid., p.215).

Então, seguindo as indicações dos autores, pode-se dizer que Marx, ao constatar a
mercadoria como um duplo de valor de uso e valor como polos complementares e antitéticos
(MARX, 2013, p.113-119) e da, também, duplicidade do trabalho representado nas
mercadorias (Ibid., p.119-124) percebe que é peculiar a essa forma social reconhecer a
igualdade dos trabalhos como igualdade objetiva do valor dos produtos do trabalho. Que a
medida do tempo de trabalho (Ibid., 124-146), que é comum a outras formas sociais, é
reconhecida unicamente como a “grandeza de valor dos produtos do trabalho (Ibid., p.147), E,
por último, que a relação entre os produtores de valor só possam entrar em contato
equiparando os valores de suas mercadorias. Com isso, tem-se que “[...]finalmente, as
relações entre os produtores, nas quais se efetivam aquelas determinações sociais de seu
trabalho, assumem a forma de uma relação social entre os produtos do trabalho” (Idem).

Portanto, pode-se responder a pergunta sobre de onde os produtos do trabalho


recebem o caráter fetichista somente dessa forma:
O caráter misterioso da forma-mercadoria consiste, portanto, simplesmente
no fato de que ela reflete aos homens os caracteres sociais de seu próprio
trabalho como caracteres objetivos dos próprios produtos do trabalho, como
propriedades sociais que são naturais a essas coisas e, por isso, reflete
também a relação social dos produtores com o trabalho total como uma
relação social entre os objetos, existente à margem dos produtores. É por
meio desse quiproquó que os produtos do trabalho se tornam mercadorias,
coisas sensíveis-suprassensíveis ou sociais (Idem).

Logo, o caráter fetichista da mercadoria deve ser buscado nos caracteres


específicos dessa forma social. E se essa realidade aparece com seus caracteres invertidos, é
preciso uma categoria para compreendê-la e um desenvolvimento que a desvele. Por isso
Marx afirma que “[...] todo o misticismo do mundo das mercadorias, toda a mágica e a
assombração que anuviam os produtos do trabalho na base da produção de mercadorias
desaparecem imediatamente, tão logo nos refugiemos em outras formas de produção” (Ibid.,
p.151). Os demais capítulos d’O capital são o esforço do autor em desvelar o modo como o
capital se produz e reproduz e, com isso, todo o modo de produção fetichizado.

Em resumo, nossa dissertação pretende expor a endógena contradição que o


trabalho sofre na sociedade moderna. Por um lado é reconhecido, mesmo que de maneira
invertida, como o centro da sociedade moderna, pois é somente nela que o homem,
literalmente, intervém no mundo de acordo com suas próprias finalidades e, por outro lado,
essa intervenção toma a forma de uma força cega que subjuga a todos e se torna uma força
destrutiva. Expor os complexos problemas envolvidos nessa contradição constitui o objeto
principal de nossa investigação.

3. Metodologia

A divisão e o material dos capítulos já foram antecipados nas seções anteriores.


Aqui há apenas duas observações:

(1) Nosso trabalho não consistirá em uma apresentação sistemática das obras
completas. Não há tempo, espaço nem é esse nosso objeto. Procuramos apresentar somente os
temas da alienação e do fetichismo (e os complexos mais importantes a eles relacionados).;

(2) No decorrer de nosso trabalho, não lançaremos mão de justificar uma ou outra
leitura da obra de Marx. Essa discussão será tocada brevemente na conclusão, quando
abordaremos o estatuto da obra marxiana.
4. Cronograma

 De Março a Junho de 2017: leitura da bibliografia primária.


 De Agosto a Novembro de 2017: leitura da bibliografia auxiliar e complementar.
 De Fevereiro a Março de 2018: elaboração do projeto definitivo.
 De Março a Julho de 2018: redação do primeiro e segundo capítulo.
 De Agosto a Novembro de 2018: redação do terceiro capítulo, introdução e
conclusão.
 De Dezembro a Janeiro de 2019: revisão e entrega da dissertação
 De Fevereiro a Março de 2019: defesa da dissertação

5. Bibliografia

5.1. Bibliografia primária

MARX, K. Cadernos de Paris & Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844. São Paulo:


Expressão Popular, 2015.

____. O capital: livro I: crítica da economia política: o processo de produção do capital. São
Paulo: Boitempo, 2013a.

____. O capital: livro II: crítica da economia política: o processo circulação do capital. São
Paulo: Boitempo, 2014.

____. O capital: livro III: crítica da economia política: o processo global da produção
capitalista. São Paulo: Boitempo, 2017a.

____. Capítulo VI (inédito). São Paulo: Livraria editora ciências humanas, 1978.

____. Crítica da filosofia do direito de Hegel.3.ed. São Paulo: Boitempo, 2013b.

____. Escritos de juventud. México: Fondo de cultura económica, 1982. (Obras


fundamentales de Marx y Engels)

____. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da economia


política. São Paulo: Boitempo, 2011.

____; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.


____. Miséria da filosofia: resposta à Filosofia da miséria, do sr. Proudhon. São Paulo:
Boitempo, 2017b.

____. Para a crítica da economia política: manuscrito de 1861-1863: terceiro capítulo – o


capital em geral. São Paulo: Autêntica, 2010.

____. O rendimento e suas fontes – a economia vulgar. IN: Os Pensadores v. XXXV. São
Paulo: Abril Cultural, 1974.

5.2. Bibliografia secundária

ALBINATI, A. As determinações da moralidade na obra de Marx. Belo Horizonte: UFMG,


2007. (Tese de doutorado)

CHASIN, José. Marx: estatuto ontológico e resolução metodológica. São Paulo: Boitempo,
2009.

DUSSEL, E. A produção teórica de Marx. São Paulo: Expressão popular, 2012

FREDERICO, C. O jovem Marx: 1843-1844: as origens da ontologia do ser social. São Paulo:
Expressão popular, 2009.

GERAS, N. Essência e aparência: a analise da mercadoria em Marx. IN: COHN, G.


Sociologia: para ler os clássicos. Rio de Janeiro: Azougue, 2005.

GUEDES, E. A economia como sistema de representação em Karl Marx. São Leopoldo:


Unisinos, 2014.

LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo, 2012.

____. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2013.

MANDEL, E. A formação do pensamento econômico de Marx: de 1843 até a redação de O


capital. Rio de Janeiro: Zahar, 1968.

MÉSZÁROS, I. A teoria da alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2016.

NAPOLEONI, Claudio; Liçoes sobre o capítulo VI (inédito) de Marx; São Paulo, Livraria
Editora Ciências Humanas, 1981
PAULANI, L. Do conceito de dinheiro e do dinheiro como conceito. São Paulo: USP, 1991.
(Tese de doutorado)

RODOLSKY, R. Gênese e estrutura de O capital de Karl Marx. Rio de Janeiro. 2001

RUBIN, I. A teoria marxista do valor. São Paulo: Brasiliense, 1980.

VIEIRA, Z. Atividade sensível e emancipação humana nos Grundrisse de Karl Marx. Belo
Horizonte: UFMG, 2004

5.3. Bibliografia auxiliar

ALVES, A. J. L. Marx e a analítica do capital. [S.l.]: Novas edições acadêmicas, 2013.

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaios sobre a afirmação e a negação do


trabalho. 2.ed. São Paulo: Boitempo, 2009.

ARTETA, Aurelio. Marx: valor, forma social y alienación. Madrid: Libertárias, 1993.

ASTRADA, Carlos. Trabalho e alienacao: na Fenomenologia e nos Manuscritos. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1968.

BEDESCHI, G. Alienacion y fetichismo en el pensamento de Marx. Madri: Aberto Corazon,


1972.

CALVEZ, J-Y. O pensamento de Karl Marx. Porto: Tavares Martins, 1959 (2 v.)

De DEUS, Leonardo. Jovem Marx, 50 anos: alienação e emancipação. Ouro Preto: Amazon,
2014.

____. Marx em tempos de MEGA: os planos e o plano de O Capital. Estud. Econ., São Paulo,
vol.45, n.4, p. 927-954, out.-dez. 2015.

____. Reconstrução categorial de O Capital à luz de seus esboços: a instauração da crítica da


economia política (1857, 1863). Tese de doutorado. Belo Horizonte: CEDEPLAR; FACE;
UFMG, 2010.

DÍAZ, Osvaldo Fernández. Del fetichismo de la mercancia al fetichismo del Capital.


Valpraiso: Planeta de Papel, 2014.
DUAYER, M. Marx e a crítica ontológica da sociedade capitalista: crítica do trabalho. EM
PAUTA, Rio de Janeiro _ 1o. Semestre de 2012 _ n. 29, v. 10, p. 35-47.

____. Mercadoria e trabalho estranhado: Marx e a crítica do trabalho no capitalismo. Margem


Esquerda – ensaios marxistas, São Paulo, Boitempo, n. 17, pp. 88-99, nov. 2011.

____. ESCURRA, M. F.; SIQUEIRA, A. V. A ontologia de Lukács e a restauração da crítica


ontológica em Marx. Revista Katálysis, Florianópolis, n. 1, v. 16, pp. 17-25, jan./jun. 2013.

DUSSEL, E. Hacia un Marx desconocido. Cidade do México: Siglo Veinteuno, 1988.

ENDERLE, Rubens M.; Ontologia e Política: a formação do pensamento marxiano de 1842 a


1846. ; Belo Horizonte: UFMG / FAFICH, 2000. (Dissertação de Mestrado).

ESCURRA, Maria Fernanda. O trabalho como categoria fundante do ser social e a crítica à
sua centralidade sob o capital. Verinotio - Revista on-line de Filosofia e Ciências Humanas .
ISSN 1981-061X . Ano XI . out./2016 . n. 22

FORTES, Ronaldo Vielmi. As novas vias da ontologia de György Lukács: as bases


ontológicas do conhecimento. [s. l.]: Novas edições acadêmicas, 2013

GRESPAN, J. A dinâmica da crise: um estudo sobre o conceito de crise na crítica da


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NETTO, José Paulo. Capitalismo e reificação. 2.ed. São Paulo: Instituto Caio Prado Jr, 2015.

____. Introdução ao estudo do método em Marx. São Paulo: Expressão popular, 2011.

POSTONE, M. Tempo, trabalho e dominação social: uma reinterpretação da teoria crítica de


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SCHAFF, Adam. O marxismo e o indivíduo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.

SÈVE, Lucien. Análises marxistas da alienação. São Paulo: Mandacaru, 1990.

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da práxis. Buenos Aires: CLACSO; São Paulo:
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